Revista Budo 2

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Sabemos que todos os dirigentes que se opõem às determinações do presidente da CBJ são perseguidos. Minas Gerais não sofre este tipo de problema? Sempre fui um lutador e assumi a FMJ para defender os interesses e direitos do judô mineiro. Na medida em que acharmos que está havendo algo errado, buscaremos nossos direitos. Hoje as modalidades olímpicas recebem grande apoio financeiro oficial. A CBJ vive hoje uma realidade totalmente distinta das federações estaduais. Em sua análise ela democratiza aos estados o apoio que recebe? Não, de forma alguma. Aliás, essa é uma situação que questiono sempre. A CBJ deveria repassar algum tipo de ajuda sistemática para as federações, e explico porque penso assim. Primeiro, porque as federações são muito carentes. Algumas têm hoje uma realidade diferente, mas a maioria delas é extremamente pobre. Segundo, porque são estas entidades que impulsionam e fomentam o judô verdadeiramente. A CBJ apenas tem o trabalho de coordenar eventos, que são totalmente subsidiados por seus patrocinadores e pelos municípios que sediam as competições nacionais. Os eventos estaduais não possuem e mesma força e o glamour dos eventos nacionais e internacionais, e tudo se torna extremamente difícil para as entidades estaduais. Além das federações serem pobres, não terem recursos próprios e não receberem nenhum tipo de repasse da CBJ, ainda somos obrigados a pagar para a Confederação Brasileira uma taxa mensal para podermos existir como entidade, o que eu acho descabido e sem propósito. Não sei sobre as demais entidades estaduais, mas Minas paga mensalmente. Já entrei em contato com a CBJ, e me foi dito que a Federação Mineira deveria pagar e nós estamos pagando mensalmente. Já pedi isenção dessa taxa e me falaram que este é um acordo feito com os presidentes das federações e que a CBJ nos restituiria essas taxas, o que para nós ainda não aconteceu.

se destacam no Minas Tênis Clube. Mas, no íntimo, sabemos que a CBJ pouco tem feito pelo judô mineiro – e efetivamente poderia estar fazendo muito mais. Se a confederação estivesse verdadeiramente comprometida com o judô de base, nós, dirigentes, poderíamos estar fazendo muito mais pelo interior, e isso certamente alavancaria ainda mais a modalidade. Nosso estado é enorme e possui 853 municípios. Se tivéssemos apoio da CBJ, poderíamos desenvolver ações mais efetivas e contemplar o interior do estado. Dessa forma faríamos o judô crescer muito mais em todo o país. Está satisfeito com a ajuda que recebe da CBJ? Certamente não, porque ela é insignificante. Acho que devemos pensar o judô como um todo. Não assumi a presidência por vaidade ou pelo poder. Assumi esse

cada quatro anos reelegê-lo? É esse o papel de um dirigente estadual? Recentemente alguém do grupo que dá sustentação à CBJ enviou uma carta mostrando decepção pelo tratamento dado aos presidentes estaduais que apoiam a CBJ. O que tem a dizer sobre isso? Estive recentemente no Rio de Janeiro para ver o Grand Slam, e numa conversa com o Marcelo França, nosso vice-presidente, e um grupo de presidentes que estavam presentes, coloquei a seguinte situação: nosso presidente está muito sobrecarregado pela proporção e pela grandiosidade que o judô brasileiro tomou, e sugeri que o Marcelo França, que é uma pessoa extremamente capaz, assumisse as questões nacionais, enquanto o Paulo Wanderlei cuidaria das questões internacionais. Vejo que ele está muito fortalecido na área internacional. Penso que deveria haver alguém na CBJ para cuidar exclusivamente do judô brasileiro. Alguém que cuidasse efetivamente das questões nacionais e soubesse verdadeiramente a situação de cada estado. Alguém que leia e assimile os anseios e necessidades de cada federação estadual.

“A CBJ não comunica suas ações para as federações locais, seus representantes simplesmente vêm ao nosso estado, nos atropelam e ainda ficam com as datas dos nossos eventos sem dar a menor satisfação”

Que de concreto a CBJ oferece ao judô mineiro? Apenas o apoio que dá aos atletas que

desafio para fazer novas amizades e ajudar as pessoas que gostam de praticar judô a encontrarem um bom ambiente de treinamento. Administro a modalidade da forma que gostaria que a CBJ fizesse no Brasil. Penso que deveríamos agregar pessoas sérias e de bem em torno da proposta de promover nosso esporte da melhor forma possível. Acho que é assim que o judô deveria ser pensado. Nos chateia muito quando a CBJ vem ao nosso estado desenvolver suas ações, e passa por aqui sem deixar absolutamente nada. Não usa nosso pessoal e com isso não qualifica nossa gente. Não faz nenhum bem estrutural para a FMJ ou para o judô mineiro. Aliás, nem somos notificados sobre nada. Temos apenas obrigações para com a CBJ, porém não participamos de nada e não temos direito a nada. Acho tudo isso muito errado e gostaria de entender por que temos de pagar mensalidade para a CBJ e, na hora de participar das ações locais, nem sermos lembrados? Não há comprometimento e somos relegados a nada dentro do nosso próprio estado. Gostaria de saber qual é a autonomia que as federações possuem. Temos o direito de existir apenas para servir aos interesses do nosso presidente e a

E qual foi a resposta que ouviu? Que este era um assunto muito delicado, que deveria ser tratado em outra oportunidade. Hoje a iniciativa privada foca muito o social. Sob esse prisma, como a FMJ tem participado dessa iniciativa? Enquanto entidade, nós apoiamos vários projetos sociais com a isenção de taxas nos eventos que a FMJ promove, e isso passa também pela taxa de registro na entidade. Ajudamos a criar novos projetos sociais, fornecendo modelos de estatutos prontos. A FMJ os ajuda na questão da documentação necessária para a criação dessas instituições. Apoiamos dando cartas de recomendação que explicam qual é a finalidade daquele projeto social. Vejo no judô enorme potencial na educação continuada. O que seria essa educação continuada? Nossa lei prevê que todas as crianças têm direito ao ensino gratuito e, além deste ensino gratuito, elas teriam direito ao esporte, que lhes ofereceria princípios e valores de vida, como a persistência e a socialização, por meio de uma disciplina rígida fundamentada nos

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