Revista Budo 2

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São Paulo, para Brasília e outros grandes centros. Eu mesmo sofri muito com isso, e cito como exemplo os treinamentos de Nage no Kata. Era uma enorme dificuldade, e, quando o sensei Shiozawa veio para cá, passamos a ter uma referência. Ele sempre nos ensinou tudo que sabia e passava todo o seu conhecimento. Não segurava nada e buscou sempre fazer a transmissão de seu vasto conhecimento técnico. Ele mudou totalmente o cenário técnico em Goiás. Houve uma geração na década de 80 que bombou devido à força do trabalho dele na Faculdade de Educação Física ESEFEGO e no Jóquei Clube, para onde ele veio dar aulas, inicialmente. Mais tarde, deu aulas na Uni-Evangélica de Anápolis, onde também fez vários discípulos. Por onde ele passou, o judô prosperou e desenvolveu-se. Ele nasceu numa colônia de japoneses em São Paulo, em julho de 1941, aprendeu judô com os ases do judô brasileiro, depois migrou para Salvador (BA), onde fez escola e, graças a Deus, germinou uma nova geração de judocas em Goiás. Sua morte foi uma perda irreparável para o esporte goiano e, sem dúvida, para o cenário nacional e mundial. Sendo ele referência no judô e membro ativo da oposição à CBJ, você acha certo apoiar a entidade? Nesta última eleição da CBJ, nosso voto não foi individual e não representou simplesmente a vontade do presidente, mas, sim, da maioria dos representantes dos clubes filiados à Federação Goiana de Judô. Fizemos uma assembleia, para dar oportunidade a todos de expressarem seus anseios e ideias, com participação, inclusive, de árbitros e professores. Fomos efetivamente democráticos. A escolha foi do Estado de Goiás, posição que assumimos e temos orgulho em dizer “decisão tomada pela FEGOJU, e não apenas pelo presidente ou vice-presidente”. Goiás recebe um tratamento especial por parte da CBJ? Somos tratados como federação e cumprimos nosso trabalho institucional. Apesar dos momentos críticos na última eleição, todos os pedidos que fizemos profissionalmente e institucionalmente para a CBJ foram atendidos pelo presidente Paulo Wanderley. O presidente da CBJ tem feito seu trabalho, e não queremos intrometer-nos no cenário nacional, que tem trazido muita visibilidade à modalidade no país, além de um grande momento internacional que o judô experimenta. Neste instante, temos de focar a melhoria de estratégias para a Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro.

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Goiás está satisfeito com a ajuda que recebe? Penso que, se o Brasil quiser mesmo tornar-se uma potência olímpica e mostrar seus valores, devem ser criadas políticas que fomentem o desenvolvimento do esporte na base. Não posso dizer que nada está sendo feito, pois seria utopia e política oposicionista; precisamos juntar esforços, democratizando o esporte, e trabalharmos para isto. Goiás não está satisfeito, mas porque sabemos que precisamos melhorar e aprimorar, reciclar. Precisamos profissionalizar-nos; o mundo anseia por bons gestores. No momento ímpar que vivemos, com perspectiva de uma Copa do Mundo de Futebol e uma Olimpíada no Rio de Janeiro, devemos aproveitar os investimentos que virão. Dependemos somente de nós mesmos, cada qual deve fazer sua parte. Vocês fazem uso das leis de incentivo fiscal? Iniciamos com a AGEL – Agência Goiana de Esporte e Laser o incentivo do Pró-Esporte, que dará parte da logística do Campeonato Brasileiro Sub-15 em Anápolis, abrindo perspectivas para projetos maiores em parceria com o governo do estado e municípios goianos. Buscar o incentivo do poder público é dever, mas também queremos buscá-lo na área privada, por meio de empresas que se identificam com o judô. A FEGOJU tem algum projeto de incentivo fiscal em andamento? Temos um projeto no Pró-Esporte, junto à Agência Goiana de Esporte e Lazer (AGEL). O projeto foi aprovado, mas ainda estamos na fase de captação. Desenvolvemos um convênio junto à prefeitura de Anápolis, no qual o prefeito Antônio Roberto Gomide e o secretário de esportes Ademir Marinho nos dão apoio e são favoráveis a desenvolvermos um trabalho que leve o judô para toda a população. Temos certeza de, que com a realização dessas ações, a FEGOJU crescerá e terá maior autonomia, principalmente na cidade em que tem sede. Quais entidades apoiam a FEGOJU? Temos a Agência Goiana de Esportes e Lazer (AGEL), que nos ajuda com passagens aéreas para nossos atletas participarem das competições nacionais e internacionais. Este ano estamos viabilizando o Campeonato Brasileiro Sub-15, em Anápolis, como já foi enfatizado. O SESC e a UniEvangélica também são nossos parceiros, e agora estamos implementando a parceria com as prefeituras de Anápolis e de Goiânia, através das secretarias de Esporte.

A CBJ cogita assumir o controle das carteiras dos faixas pretas do Brasil, como vê isso? Essa situação nos foi colocada na última assembleia, e acho certo que a CBJ tenha um cadastro e algum tipo de controle dos faixas pretas de todo o país. Acho até que isso deveria ter sido feito antes. Precisamos saber quem é kodansha e quem são os praticantes graduados do Brasil, e por aí vai. Mas, ao mesmo tempo, temos de tomar muito cuidado com essa questão que não pode ter um contexto comercial. A CBJ não pode visar ao lucro com isso. Acho que a CBJ deve ter a preocupação, o cuidado e o devido respeito para com as entidades estaduais. A CBJ não pode pretender lucro,pois emitir as carteiras dos judocas é uma prerrogativa das federações. Não podemos perder este direito, pois além da questão da receita em si, esta é uma prerrogativa nossa. Sem contar que nós não temos nenhum tipo de incentivo e não podemos perder até esta arrecadação. Felizmente a CBJ tem recursos de sobra e acho que não precisa de mais. Com exceção da Federação Paulista, que tem recursos próprios, as federações em geral precisam dos recursos provenientes dessa receita. Somos entidades pobres e isso fará muita falta. Não podemos perder esse direito nem tampouco onerar ainda mais nossos filiados com taxas maiores. Acho que a CBJ não está preocupada com a receita e sim com o controle, caso isso aconteça será exploração comercial. No campo social, a Federação Goiana desenvolve alguma ação? Não somos uma entidade com finalidade filantrópica, a FEGOJU é entidade de organização da prática desportiva estadual, principalmente na área de rendimento, mas desenvolvemos parcerias importantes com algumas entidades, entre as quais destacamos a ONG Atitude da cidade de Inhumas, que é presidida pelo vice-presidente Júnior. Essa entidade desenvolve um trabalho filantrópico excelente e, entre outras iniciativas, leva o judô para quase uma centena de crianças extremamente pobres e carentes, proporcionando a convivência destas crianças com a filosofia criada por Jigoro Kano. Desenvolvemos outras ações com entidades de Goiânia e de Anápolis. Acreditamos que, por meio da parceria com a prefeitura de Anápolis, poderemos implementar vários projetos com estes objetivos. Na medida do possível, faremos tudo que estiver ao nosso alcance para promover a inclusão social através do esporte, no Estado de Goiás.


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