Brasil Literando - Junho de 2013

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Ano I - Edição 02 - Junho de 2013

A VOLTA DO ERÓTICO AO MERCADO LITERÁRIO O erótico está invadindo o mercado editorial, formando novos pensamentos e influenciando no comportamento de pessoas

Dicas sobre o que você precisa para começar a escrever

Adote um Autor: Voluntários que recebem autores em suas casas

Entrevista com a escritora Lycia Barros


EDITORIAL

Edição 02

Essa brasil literando está pegando fogo

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Agenda

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Mais Vendidos

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Eventos

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Capas pelo mundo

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Entrevista - Lycia Barros

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Quero ser escritor

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Crônicas

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Os títulos eróticos dominaram o mundo nos últimos meses por conta da série “50 Tons” e não foi por acaso que vários livros explorando o imaginário feminino - público-alvo nessa questão - surgiram de todos os lugares. Tato, olfato, visão, paladar e até mesmo a dor, são artifícios que servem de caminho ao prazer e agora as páginas dos livros fazem com que milhares de pessoas se rendam à essa maravilhosa tentação.

Notícias

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Especial

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Lançamentos

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Indicação

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Como não podia deixar de ser, esse boom de erotismo fez suas vítimas, arrebatando o coração e os sentidos de leitoras brasileiras e claro, das escritoras. A Brasil Literando desse mês, trata sobre o mercado do erotismo sob uma ótima bem mais nacional e histórica, chegando aos dias de hoje e ao o que podemos esperar de lançamentos nacionais no gênero.

Semana do Livro Nacional

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Projeto “Novos Escritores”

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Cá entre nós

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ecentemente uma bomba de luxúria e prazer explodiu. Essa explosão trouxe à superfície uma gama infinita de novas sensações e sensações há muito negligênciadas pelos nossos sentidos.

Vamos apresentar também projetos bem legais que visam difundir a literatura contemporânea brasileira e outas matérias que merecem um pouquinho da sua atenção. Apague a luz, ligue o abajur e venha se esbaldar com o que preparamos pra você.

A Redação

Ano: 01 Edição: 02 Mês: Abril Editoras: Josy Tortaro e Lívia Lorena Conselho Editorial: Josy Tortaro, Lívia Lorena, Danilo Barbosa Thalles Marques, Lucas Borges, Elton Moraes, Janaína Rico, Nika Sanc, Roxane Norris, Vitor Emmanuell, Gisele Galindo, Nanuka Andrade, Cacá Adriane, Renato Klisman, Danilo Barbosa, Elaine Velasco, Jéssica Anitelli, Elton Moraes, Flavio Galindo, Rodolfo Pomini Arte: Lívia Lorena Revisores: Thalles Marques, Elaine Velasco Contato revistabrasilliterando@gmail.com


Uma Semana para os Nacionais Diante da constatação de que poucas editoras – dá para contar em uma mão – investem no lançamento de autores e obras de anônimos, uma ação impactante se faz necessária. Mas, por que elas não investem? Lançar um novo autor exige um pesado investimento e o risco é muito alto em comparação com os livros de fora que já são um grande sucesso. Falou-se muito sobre motivos. Que livros nacionais não vendem, que há pouca publicidade, que leitores tem preconceito de nacionais e não compram. Tudo bem. Mas, diante de tudo isso, o que pode ser feito? Um grupo de autores, juntamente com blogueiros, editoras e livrarias, está organizando uma semana a fim de promover somente obras nacionais. Dessa forma, os leitores terão maior informação, acesso e conhecimento sobre as obras modernas que são lançadas em vários cantos do nosso Brasil. A primeira edição da Semana do Livro Nacional ocorrerá entre 20 e 28 de julho deste ano e contará com eventos, publicidade, palestras, bate-papo com autor e muito mais. Os idealizadores pretendem realizá-la anualmente, cada vez com mais apoiadores. Seja um leitor que tem o privilégio de se encontrar pessoalmente com autores e ter um livro autografado. Para tornar-se um apoiador acesse a página do projeto e se inscreva.

Site: http://semanadolivronacional.blogspot.com.br FanPage: www.facebook.com/SemanaDoLivroNacional Twitter: @SemanaDoLivroBr E-mail: semanadolivronacional@gmail.com


Agenda

Fique antenado ao que vai acontecer no mês de Junho Por Pamela morena e lívia lorena

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é com muita honra que estreio a coluna acerca dos eventos literários do mês de Junho. São lançamentos de séries, livros “picantes”, livros de suspense... Tem pra todos os gostos e lugares distintos. A BL torce para que logo tenhamos umas três folhas de agenda, com eventos por todos os cantos do país.

08 – A profissionalização do autor brasileiro - para se entrar no mercado editorial é preciso seguir as regras do mercado editorial Local: Livraria Martins Fontes Endereço: Av. Paulista, 509., 01311-910 São Paulo Horário: das 10:00 até 13:00 08 – Lançamento do livro Azar o seu, de Carol Sabar em São Paulo Local Livraria Papelaria Saraiva S/A Shopping Ibirapuera Endereço: Av Ibirapuera, 3103, São Paulo, SP Horário: das 14:30 até 18:00 08 – LANÇAMENTO DO LIVRO LEMBRANÇAS DE UM DIÁRIO NO 15° SALÃO FNLIJ DO LIVRO - Biblioteca FNLIJ para Jovens Local: Centro de Convenções Sul América Endereço: Av. Paulo de Frontin, 1 - Cidade Nova Centro - Rio de Janeiro Horário: às 15h 08 – Lançamento de Batom Vermelho Local: Livraria Saraiva - Center Norte Endereço: Travessa Casalbuono, 120 - Vila Guilherme Horário: às 16:00 08 – Lançamento do livro INVERNO DE CINZAS Local: Livraria Cultura / Cine Vitória Endereço: Rua Senador Dantas, 45 Centro - Rio de Janeiro/RJ Horário: às 16h 22 - 1º Evento Identidade Literária com vários lançamentos incríveis Local: Livraria Martins Fontes Endereço: Av. Paulista, 509., 01311-910 São Paulo Horário: das 10:00 às 18:00 22 - LANÇAMENTO “ LAS VEGAS- O ESCONDERIJO DO ONIPOTENTE” Local: Shopping ABC - LIVRARIA NOBEL Endereço: Av Pereira Barreto, 42 - lj 304 - Santo André Horário: às 16h 29 - Mentes Literárias - Em Curitiba Local: Shopping Curitiba Endereço: Rua Brigadeiro Franco, 2300, 80250-030 Curitiba Horário: das 16:00 às 18:00 Quanta coisa boa, não é mesmo? E você, vai ficar de fora? 4 - Junho 2013


Lista de mais vendidos

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o mestre voltou! O novo romance de Dan Brown chegou com tudo e pousando direto na primeira posição, seguido de perto pelo livro Kairós do Padre Marcelo. Contamos ainda com John Green, Rick Riordan e pela primeira vez em meses a Trilogia “50 Tons” não apareceu.

5º O silêncio das montanhas Khaled Hosseini Globo Livros

A marca de Atena Rick Riordan Intrínseca

Sonho grande Cristiane Correa Primeira Pessoa

A culpa é das estrelas John Green Intrínseca

Diário de uma banana 7 Segurando vela Jeff Kinney Vergara & Riba

Kairós Padre Marcelo Principium

Inferno Dan Brown Arqueiro

Eu não consigo emagrecer Pierre Dukan BestSeller

O lado bom da vida Matthew Quick Intrínseca Fonte publishnews.com.br

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eventos

o que rolou? Por Larissa sposito

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arço foi um mês relativamente tranquilo em eventos, porém contou com eventos marcantes e muito muito divertidos.

É claro que não poderia de deixar de contar sobre cada evento que pude estar presente nesse mês...

Também no dia houve o evento de lançamento do livro “Quotidiano” no Espaço Terracota na Av. Lins de Vasconcelos. O evento contou com a apresentação da banda do autor Felipe Castilho e com vários autores e blogueiros queridos, além disso houve a exposição de alguns quadros feito por autores, o que foi muito bonito. No dia 10 de Março ocorreu o primeiro evento do Clube de Literatura Solidária, o livro escolhido foi “Extraordinário” da autora R.J.Palacio. Realizado na Martins Fontes da Paulista o projeto ocorrerá todos os meses no segundo domingo do mês e tem como foco uma literatura solidária, onde cada participante do evento pode doar livros que serão entregues em bibliotecas para incentivar a leitura dos jovens, o segundo clube do livro irá ocorrer no dia 14.04 e tem como livro escolhido “A Culpa é das Estrelas” de John Green.

No dia dois de março tivemos o lançamento de “9 Minutos com Blanda” da autora Fernanda França na livraria Martins Fontes na Paulista. O evento foi muito muito divertido e contou com a presença da autora Drica Pinotti e da equipe da Raí Editora. O livro ganhou uma linda capa em sua segunda edição e o orgulho da autora de ver esse trabalho com um rostinho diferente foi maravilhoso de se ver. A Fernanda também fez questão de usar o mesmo vestido que usou no lançamento da primeira edição, superstição ou não, a autora estava linda e super sorridente com seu filhote, o Quindim, ao lado.

No dia 17 houve a palestra sobre estruturação do autor Felipe Colbert, na Martins Fontes da Paulista. Onde ele deu várias dicas sobre o mercado editorial atual, além de falar do que usar e o que não usar na hora de escrever um livro. O autor também anunciou que seu curso de estruturação se realizará no dia 27 de Abril no Espaço Terracota. Para mais informações basta acessar o site do autor: No dia 23 de Março houve o evento tradicional do “Dia do Fã” na Faculdade Sumaré, onde vários fãs de todos os gêneros se reuniram, maioria vestida a carácter , e puderam acompanhar várias palestras super bacanas e 6 - Junho 2013


participar de sorteios durante todo o evento. Vários autores e blogueiros marcaram presença no evento tornando tudo ainda mais divertido. No mesmo dia ocorreu o Porre Literário Chick Lit na Fnac, o Porre ocorre normalmente no último final de semana de todo mês com um tema diferente a cada mês, mediado pela jornalista da Mix Karina Andrade, são marcados por convidados especiais, no caso Leila Rego e Drica Pinotti e muitos brindes, além de várias garotas um tanto quanto animadas. Logo depois do Porre Literário houve o lançamento do livro Antídoto da Drica Pinotti, a seção de autógrafos foi maravilhosa e lotada, contando até com um carpete pink onde várias fotos foram tiradas e muitas risadas foram dadas. No dia 30 ocorreu o VAP especial comemoração de um aninho. O livro escolhido para essa festa foi o clássico “Alice no país das maravilhas”, a festa, quer dizer, evento contou com uma brincadeira muito divertida que lembrava golfe onde depois de ser sorteado você tinha que acertar o prêmio desejado. Nesse um aninho de Virando a Página as meninas anunciaram a saída de uma integrante e até cantaram parabéns para o clube do livro que agora se realizará na Martins Fontes da Paulista.

Depois do evento ficamos livres para degustar da deliciosa mesa repleta de doces e refrigerantes. E esses foram os eventos de Março que a colaboradora Lari esteve. Esperamos que tenham gostado. Abril

sem dúvidas promete ser bem animado! Gostou dos eventos? Tem eventos assim na sua cidade? Mande pra gente e compartilhe o que os leitores e blogueiros têm feito para propagar esse hábito tão prazeroso que é ler.

Larissa Sposito é estudante e blogueira administradora do Abra a porta da imaginação, além de entusiasta fervorosa do mercado nacional de livros.

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Capas pelo mundo

a série percy jackson Por livia lorena

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uitas vezes nos deixamos levar por essas coisas lindas que quase sempre são verdadeiras obras de arte. Uma boa capa tem que conter elementos do livro, ser instigante, misteriosa, atraente e convidativa, já que é a primeira coisa que vemos numa livraria ou numa estante digital. Temos no mercado grandes capistas que trabalham com afinco e dedicação na intenção de surpreender o autor dono da obra e os leitores. Capas com brilho, com pelúcia. Vale tudo para chamar atenção, quando se tem uma bancada de livros. Sabendo que elas são na grande maioria

das vezes, as que nos fazem decidir pela compra ou não de um exemplar, hoje a BL trouxe um mural de capas. Aqui teremos um título e suas diversas representações e versões pelo mundo. E aproveitamos para levantar mais uma questão: Quando vamos ter nacionais com capas dos mais diversos cantos do mundo nessa seção? Começamos hoje com a série “Percy Jackson” que combina mitologia grega com os tempos modernos, criada pelo Rick Riordan, os livros foram traduzidos em inúmeras línguas. Como resultado, vocês verão capas até da China.

Alemanha

Rússia

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china japรฃo

itรกlia

EUA

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Entrevista

Lycia barros A autora conversou com a BL e contou sobre seus sonhos, projetos e claro, livros! Por lÍVIA LORENA

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cá estamos nós na segunda edição da BL com uma convidada mais que especial para conversar com a gente. A dona da vez é a diva Lycia Barros, escritora de livros de sucesso, como A BANDEJA seu livro de estreia e UMA HERANÇA DE AMOR, mãe e entusiasta da literatura nacional, uma mulher versátil que topou contar um pouco sobre sua história, seus projetos e seus livros. Brasil Literando - Como você percebeu que seu destino era ser escritora? Conte um pouco de sua história para nossos leitores. Lycia Barros - Só percebi que meu destino era ser escritora no dia do lançamento de meu primeiro livro, afinal, até aquele momento eu não estava acreditando que ia realmente acontecer. Escrevi o livro A BANDEJA por diversão, uma brincadeira entre eu e minha irmã. Mas quando terminei, vários amigos e familiares que gostaram muito do livro me incentivaram a buscar uma editora. Não levei muita fé no início, mas depois resolvi procurar. As notícias era as piores possíveis na internet: editoras não investem em autor nacional, demoram muito a responder (quando respondem), etc e tals... Mas não me desistimulei. Mandei originais para quinze editoras e, para minha surpresa, em menos de um mês uma delas se interessou e fechamos contrato. BL - Li que você se apaixonou pelas palavras depois que cursou letras na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Naquela época a faculdade já foi escolhida pensando nesse sonho ou foi o curso que “abriu” sua mente para essa paixão? LB - Não. Eu queria ser professora. Adoro ensinar. Exatamente por isso criei o meu curso de escrita, para poder desenvolver também esse lado.

pessoas que conheço. Sou uma boa observadora do ser humano. BL – Há algum escritor em quem você tenha se inspirado ou que até hoje tem influência em sua escrita? LB - Francine Rivers. Ela é uma autora maravilhosa que, além de escrever super bem, escreve pelo mesmo propósito que eu: deixar uma boa mensagem aos seus leitores.

BL - Seus personagens são inspirados em pessoas BL – Certamente você ama todos os seus livros, mas reais ou em fatos que ocorreram em sua vida? LB - Uma mistura dos dois. Costumo dizer que o pri- tem algum que desperte mais carinho em você? Por quê? LB - Sempre prefiro o livro que eu estou escrevendo meiro livro é sempre meio autobiográfico, pois é onde o naquele momento. E nesse momento, estou imersa no úlautor coloca um pouco mais das suas experiências de vida. Mas todos os meus livros têm um pouco de mim e das timo livro da trilogia UMA HERANÇA DE AMOR. Para mim, 10 - Junho 2013


você consegue administrá-lo, sendo que ainda ministra cursos, palestras, dentre outros? LB - Só Deus sabe (risos). Na verdade, confesso que sou meio relapsa com o canal. Os vídeos são bem caseiros e despretenciosos. E eu não posto vídeos com a regularidade que meus seguidores gostariam. Mas procuro sempre colocar um conteúdo bacana, por isso não foco na quantidade, e sim na qualidade dos vídeos.

esse livro vai ser o melhor. Estou mais madura e a trama está bem amarrada. Vai fechar a trilogia com chave de ouro. Mas eu sempre digo isso de todos. (risos) BL – Conte-nos um pouco sobre sua aventura no Youtube, como autora, e o que levou você a compartilhar suas ideias na web? LB - Bem, isso se deu depois de um aperto grande que passei. Quando fechei contrato com minha primeira editora, eles me encomendaram logo em seguida outros livros para aquela coleção. E, sim, caros amigos, existe mesmo a maldição do segundo livro. Quando eu lancei o primeiro, não haviam tantas expectativas sobre mim. Então, escrevi na boa, intuitivamente. Entretanto, o segundo livro todo mundo já esperava com ansiedade, e isso me criou um bloqueio. Resultado: travei durante o processo de escrita. Por conta disso, (após muitas lágrimas de desespero) fui obrigada a correr atrás e a estudar. Embora eu tenha cursado Letras, nenhum curso no Brasil nos preparar para ser escritor. Será que é por que a profissão é tão desvalorizada? Bem, já estou divagando... Enfim, comecei a buscar informação freneticamente, e com isso aprendi algumas bases importantíssimas que hoje levo aos meus alunos. Como tive muita dificuldade de reunir todas aquelas informações, tive a ideia de criar um canal no youtube com aquelas pequenas dicas, que poderiam ter salvado a minha pele logo no início da minha crise. Felizmente, o canal fez muito sucesso e eu percebi o quanto os autores estavam sozinhos. Daí veio também a ideia de criar o meu curso para concentrar todas essas informações. Fora o que aprendi na própria pele durante o caminho sobre o mercado. BL – O Papo Literário hoje é referência entre autores, blogueiros e leitores. Como

BL – Há um projeto chamado Fábrica de Autores. Você pode nos contar sobre ele e como funciona? LB - A FÁBRICA DE AUTORES trata-se de um projeto meu que beneficia e auxilia os novos autores que, no começo de suas carreiras, possuem muitas dúvidas. Na Fábrica o autor pode obter a assessoria necessária para construção de seu livro, etapa por etapa, através de nossas oficinas e cursos, bem como conhecer todas as formas de colocá-lo com eficiência no mercado editorial. O autor ainda pode contar com nossos diversos serviços, tais como revisão, leitura crítica, diagramação etc; que visam ajudar na produção de obras independentes ou simplesmente assessorar escritores iniciantes no processo de preparo do seu original. Também criei, em 2012, o selo ASES DA LITERATURA, para publicar obras independentes de meus alunos. No ano passado, lançamos a antologia O ÚLTIMO DIA ANTES DO FIM DO MUNDO, em parceria com a editora Novo Século. Foram 20 contos selecionados por mim. Já estamos na terceira edição. Esse ano, lançaremos outra antologia ainda nesse primeiro semestre, estou em fase final na seleção dos contistas. BL - Observando o mercado, percebemos que falta qualificação especializada aos interessados em embarcar no universo literário e que falta investimento das lideranças. Você acredita que, com o crescimento visível no número de autores e leitores, isso possa mudar daqui um tempo? LB - Certamente. Costumo pensar nessa nova geração de escritores como precursores de um novo movimento literário no Brasil, mais popularizado. Graças a internet, hoje temos as ferramentas para divulgar o trabalho sem dependermos das outras mídias ou editoras. Com isso, a demanda aumentará, bem como a concorrência. E os autores serão obrigados e se profissionalizarem. Aumentando a demanda, aumentará também o serviço para esses autores. Mas isso ainda deve levar algum tempo até que se torne uma mudança significativa para o país.

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BL - Quais os planos para o futuro? Novos livros, novos projetos, dentre eles, por exemplo, os sociais? LB - Escrever até a morte é meu primeiro objetivo. Escrevo por puro prazer, portanto, não há por que parar. Mais tenho alguns outros desafios nessa linha, como escrever uma peça de teatro. Também quero investir no crescimento do meu curso de escrita, principalmente na internet. Tenho um projeto para o PAPO LITERÁRIO que ainda não posso divulgar, mas que será de grande valia para os novos autores. O começo de uma revolução. BL – Você pode nos dar alguma dica que você costuma utilizar na hora que vai escrever? Há algo que nós, mais novos no mercado, esquecemos e precisamos nos atentar? LB - As palavras são mágicas. Por isso, precisamos transformar essa pedra bruta (o texto) em um diamante. Muitos autores novatos, na agonia de publicar logo o seu livro, não dão atenção a lapidação de texto como deveria. Lapidar é transformar o texto em poesia em alguns momentos, dar musicalidade, salpicar as palavras certas... Vejo muita gente contando excelentes histórias, só que com uma narrativa empobrecida. Precisamos prezar pela excelência. Escrever é uma arte e, como tal, deve ser praticada trabalhosamente para impressionar, no momento certo, o coração de cada leitor. BL – Depois de conhecermos um pouco mais sobre você e seus projetos, faça um convite para que mais e mais pessoas sintam interesse por esse mercado tão cheio de possibilidades que é o mercado literário. LB - Sempre digo nas minhas palestras que ler é ser diretor do seu próprio longa. Quando você lê, diferente de um filme, você tem a possibilidade de criar os cenários em sua mente conforme desejar. Quantas vezes já li livros em que o mocinho era narrado como moreno e eu o 12 - Junho 2013

imaginava como loiro? Quantas vezes não imaginei fazendas inteiras quando o autor só tinha me narrado o estábulo? O prazer é sensacional. Infelizmente, atiram Luiz de Camões na cabeça de nossas crianças prematuramente na escola, e isso acarreta um grande desafio para os novos autores. A criança/adolescente cria ogeriza a leitura. E depois, somos nós, meros mortais, que somos desafiados a romper essa barreira. Mas ainda há aqueles que se salvam e desenvolvem o gosto pela leitura. Entretanto, essas raridades são sugadas pelas estantes das livrarias a somente conhecerem escritores internacionais. Num país que não valoriza seus próprios artistas, não poderia ser diferente. Eu mesma me surpreendi absurdamente quando comecei a ler mais livros de brasileiros. Não estou falando de nossos ícones do passado, mas dessa nova geração. Hoje, por exemplo, minhas duas autoras brasileiras favoritas são autoras independentes. Uma sequer publicou ainda, mas eu tive o grande prazer de ler seu original. Portanto, caros leitores, procurem conhecer esse pessoal. Entre nos sites das editoras e conheça os autores nacionais, leiam a resenha de seus livros. Precisamos de vocês para mudar esse quadro. Visite Também o site Amazon, onde há vários e-books maravilhosos de autores independentes, e quem sabe um deles pode acabar se tornando um de seus favoritos? E se isso acontecer, por favor, me dê a dica.


quero ser escritor

Ilusão X Publicação Por Hermes Lourenço e Elaine Velasco

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uando digitamos o ponto final em nosso livro é que o verdadeiro trabalho começa. Inicia-se uma verdadeira via sacra à procura de editoras, onde encontramos editoras comerciais e não comercias. Porém a verdade não está bem aí. Basta seguirmos o puro raciocínio lógico: Sabemos que existe um ciclo: editora – distribuidora – livraria – leitor. Como podem perceber, não coloquei, propositalmente, a palavra autor no texto, pois como sempre ele está de fora aguardando sua pequena porcentagem de lucro – que na maioria das vezes não consegue sequer cobrir os gastos quando trabalham em regime de “parcerias” com as editoras. O publico alvo é o leitor. Isso é óbvio. Agora, por que é tão difícil publicar no Brasil? Vamos lá... Primeiramente o espaço de uma livraria é pequeno. Você já parou para pensar se todos os livros de autores nacionais fossem enfiados dentro de uma livraria? Não teríamos espaço sequer para entrarmos na loja. Em segundo lugar, sabemos que grande parte do espaço é usado pelos autores internacionais, ou seja, pelos best-sellers – e é nesses autores internacionais que as grandes editoras estão de olho, pois diferentemente do leitor e do autor a editora vê da seguinte “fórmula”: livro=$$$. Então porque investir em um autor nacional e desconhecido? Isso custa muito caro e dá muito trabalho, pois sabemos que temos muitos autores no país e poucas obras de qualidade – Isso se deve ao imenso descaso com a educação de nossos governantes. Digo isso por experiência própria, pois eu vejo a mesma cena na saúde – que se reflete na hora de escrever associado ao pouco ou quase inexistente material de apoio de escrita literária. Então temos: editora visa lucro = venda de livros. Quanto mais vende, maior o lucro. Isso explica a necessidade de se investir nos Best-sellers e o parco número de editoras que investem em autores nacionais. Depois, vem a distribuidora, que morde uma fatia gigantesca do preço do livro, para poder colocá-lo na livraria. Então, surge outro problema que irá forçar a editora continuar comprando direitos autorais de publicações estrangeiras: medo de prejuízo. Se a distribuidora devora mais de 50% do valor do livro – preço de capa -, então a editora torna-se obrigada a colocar livros que vendam

nas livrarias e isso explica mais uma vez o desinteresse em colocar um livro nacional – que muitas vezes é melhor do que os que vêm de fora - porém raros pela questão da educação e material de apoio -, e isso cria o círculo vicioso em apostar nos autores estrangeiros. Para muitos leitores, livro nacional é igual a Machado de Assis. Concordo que é um clássico, mas o Brasil é mais que isso. Existem na atualidade, ótimos autores que esperam pela chance de terem um livro publicado ou pelo reconhecimento do grande público. Algumas editoras que atuam no esquema de “parceria” ou “sob demana” precisam sobreviver, então publicam amenizando o “prejuízo” com o autor. Cobram uma fortuna – muitas vezes o valor pago pelo autor custeará toda a publicação-, porém acabam pequenas diante da distribuição e divulgação. De certa forma o autor se sentirá iludido, pois terá um livro publicado, mas muitas vezes mal distribuído e raramente o encontrará fisicamente em uma livraria, muito menos em destaque. Escrever um livro exige técnica e sem elas não teremos um livro de qualidade, apenas uma boa ideia escrita é difícil de ser digerida pelos leitores em meio a cenas mal construídas ou ilógicas. Muitos livros são publicados por editoras que não visam a qualidade - Ou você se esqueceu que mora no Brasil? -, e acabam publicando “qualquer” (esse qualquer está entre aspas em apologia ao desconhecimento do processo de escrita) livro visando o ganho capital. Isso destrói a imagem do autor, e fará com que o leitor abandone a leitura e jamais queira ler outro livro do mesmo autor e irá gerar uma crítica negativa. Não quero jogar um balde de água fria naqueles que desejam publicar seu primeiro livro, porém, fica aqui a mensagem. Procurem uma boa editora – de preferência que não cobrem pela publicação -, que tenha uma rede de distribuição nacional e invista em publicidade do autor. Só que para isso, você terá que aprender a dominar e conquistar dois itens imprescindíveis: paciência e conhecimento na hora de se escrever. Hermes Lourenço é médico e autor de “Faces de um anjo”, “O enigma do fogo sagrado” e “A conspiração vermelha”. Elaine Velasco é professora de matemática e física e autora da série “Limiar”.

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crônica

O Vento POR Vitor Emmanuell

Minha garganta doía, eu gritava por dentro pelo simples fato de existir, pelo simples fato de ser uma pessoa normal, por sofrer como todos ao meu redor. Eu gritava por dentro por querer morrer, por querer desaparecer do mundo. Eu queria lutar contra mim mesmo e matar cada sentimento ruim que me tornou uma pessoa fria. Minha mente sofria, cada vez mais lutando por algo que nunca existiu, eu sentia fome, mas não comia, eu sentia sede, mas não bebia. O único estímulo que eu tinha, era o tempo. O tempo cura tudo, ou pelo menos esquecemos as lembranças. Meu corpo reagia, a cada dor, cada novo corte. Toda a dor se tornava um novo começo. O medo se instalou em minha vida, e nunca encontrei a opção para excluí-lo da mesma. Meus olhos choravam, derramavam lágrimas por um alguém que nunca esteve ao meu lado. Meu travesseiro era encharcado de ódio, de rancor, de falta de agradecimento, de saudade. E minha vida? Minha vida continuava, assim como o vento, sempre numa direção, onde não se sabe para onde ir, apenas vai.

Vitor Emmanuell é escritor, autor do romance O Segundo das Rosas. Blog: http://vitoremmanuell.blogspot.com.br/

14 - Junho 2013


crônica

A PRIMEIRA VEZ POR Lucas Borges Eu estava no auge da minha adolescência. Há praticamente uma semana havia completado dezessete anos, e ainda era uma luta tremenda para eu sair sozinha de casa. Minha mãe sempre dizia que o Rio de Janeiro é muito perigoso e que poderiam fazer alguma maldade para mim. Será que alguém a avisa que, hoje em dia, qualquer lugar do mundo é perigoso? Mas enfim... Uma semana após meu aniversário, eu e o Patrick completaríamos dez meses de namoro. Para mim um casamento, né, visto que meus relacionamentos não duravam nem mesmo duas semanas; enjoo muito fácil das coisas. Um dia antes dos dez meses se concretizarem, fui ao shopping da Barra com a Ritinha para escolhermos um presente bem maneiro para o Patrick. Reviramos quase que o shopping inteiro até acharmos algo que combinava inteiramente com ele: Uma prancha de surf. Comprei. O Patrick adora surfar e sua prancha já estava velha o bastante, nem cor ela tinha mais. Meu celular tocou no momento em que pegamos um táxi para voltarmos para casa; era ele, meu príncipe do Egito (por sinal, no Egito tem príncipe? Enfim!). – Oi, Trick – disse manhosa. E veja só: Trick é apelido que se dá para um garoto de dezenove anos? Sim, o Patrick tem dezenove anos. – Amor! – exclamou do outro lado todo carinho. Derreti. Raramente ele me chamava de amor. – Na madrugada de hoje, quando seus pais estiverem dormindo, vou à sua casa. Espere-me na janela! Eu concordei, é óbvio. Desliguei o telefone mais feliz que criança quando ganha doce. A Ritinha não achou isso nada bom, é claro, mas eu a disse que não aconteceria nada e só ficaríamos um pouco juntinhos no nosso aniversário de namoro. Quando todos já estavam dormindo o Trick asso-

biou e, com um sorriso de ponta a orelha, ordenei para que subisse. Ele escalou até que, finalmente, conseguiu chegar ao meu quarto. O entreguei a prancha e nos beijamos. Ele dizia coisas bonitas e foi me derretendo aos poucos. Caímos na cama nos beijando com mais ferocidade. Estava dominada. Nós nos embolamos no calor da paixão. Sob aquele luar eu me entreguei ao Patrick. Foi perfeito! Não havia feito nada tão bom na minha vida. Foi apaixonado. Acordei nas nuvens e me sentindo mais radiante do que nunca. Desci e tomei café da manhã dando um mega bom dia para todos de casa. Saí ligeira e cheguei à escola em tempo recorde. Fiquei assustada, todos da escola estavam me olhando e cochichando, e rindo, e batendo no meu ombro como se eu tivesse feito algo muito grandioso. Só foi o tempo de eu pisar na sala de aula para a Ritinha me puxar para o canto e me contar tudo: O Patrick havia espalhado para a escola inteira que havia tirado minha virgindade. O ódio me subiu inteiramente e puxei o garoto pelo colarinho da camisa para conversarmos. – Por que você fez isso? – perguntei, assustada. – Oras, Debby, não poderia terminar com você sem conseguir o que mais queria, né? – Ele mandou, bem assim, sem dó nem piedade. – COMO QUE É? – berrei. – NÃO ESTAMOS MAIS NAMORANDO? VOCÊ SÓ ME USOU? – retornei a berrar, agora com os olhos marejados. – Não te usei, apenas brincamos! – ele disse, rindo. – Nunca tivemos nada, você é uma chata, Debby! Desde então, tomei um ódio mortal dos meninos. Raça ruim de ser humano. Prometi para mim mesma que jamais me deixaria levar por outro homem.

Lucas Borges, escritor de 18 anos de idade e estudante de Jornalismo que reside em Macaé-RJ.

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Notícias

Projeto Adote um Autor Por Evandro Raiz Ribeiro

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o mês de setembro de 2012, fui convidado repentinamente à participar em Londres de um evento do Fócus Brasil Reino Unido. O Fócus Brasil é um evento idealizado por empresários e dirigentes da comunidade brasileira internacional, com o apoio do Ministério das Relações Exteriores. Sua primeira versão aconteceu nos Estados Unidos e atualmente acontece todos os anos também em Londres e Japão, e o objetivo é o de prestigiar personalidades brasileiras ou mesmo estrangeiras que se destacaram divulgando a cultura brasileira pelo mundo.

Em Londres, fui convidado a participar junto com outros 20 autores de diversas localidades, de um painel cujo tema foi: “Um novo fenômeno: Uma Literatura de Brasileiros no Exterior”. Este painel foi organizado pela professora Catedrática de Estudos Brasileiros no Queen Mary University fo London: Else R. P. Vieira e também 16 - Junho 2013

pela escritora Adriana Brazil. Entre os escritores que participaram do evento, fiz contato com a escritora brasileira radicada na Alemanha, Alexandra Magalhães Zeiner. Ela estava com o projeto “Adote um Autor” em mente e retornando a Alemanha, apresentou este projeto para a Associação Teuto-Brasileira de Munique, que o aprovou. Alexandra então convidou a mim e a mais duas autoras que conheceu no encontro de Londres a participar do grupo de trabalho que daria corpo ao projeto. E eu fiquei responsável pela confecção da home page do projeto. O projeto tem como objetivo, dar apoio aos escritores que bancam todos os custos quando participam de algum evento, diminuindo pelo menos as despesas de hospedagem e alimentação. Os autores participantes se cadastrariam no projeto e os membros da Associação Teuto-Brasileira interessados em participar, hospedariam o autor “adotado” em sua residência. O projeto será posto em prática pela primeira vez no “Primeiro


Encontro de Escritores Brasileiros na Baviera” e o objetivo é que Abaixo, os termos gerais do projeto: este projeto-piloto sirva para expandir esta experiência em outras Projeto Adote um(a) Autor(a) oportunidades e países. Este projeto será apresentado oficialmente durante o Pela complexidade inicial de “I Encontro de escritores na Baviera”. Uma experiência como fazer o projeto funcionar literária que permitirá o contato entre a comunidade alemã e sem nenhum problema, não houve artistas brasileiros, troca de informações de escritores, resioportunidade veicular a informadentes e nativos. ção para um número maior de auCom a intenção de proporcionar um envolvimento maior tores e desta experiência inicial entre as comunidades brasileiras no exterior, o projeto será vão participar apenas 15 autores, um plano piloto internacional, no qual a DBKV e. V. convidará já devidamente adotados, e que seus associados e amigos a participarem ativamente, proem sua grande maioria participapondo que “adotem” um(a) autor(a). ram do encontro de Londres. Mas Por ser esse o primeiro projeto, apenas os participantes ascom o projeto em andamento sociados terão a possiblidade de se hospedarem em casa de o objetivo é que nas próximas famílias nativas o que auxiliará o orçamento dos convidados. edições possa ser divulgado para Este projeto tem como um dos objetivos minimizar gastos um número maior de autores. durante eventos literários, onde autores farão exposições de O Primeiro Encontro de Escriseus trabalhos. A divulgação do projeto será realizada junto tores na Baviera em que será exà(s) associação(ções), na qual cada autor trabalha em conperimentado o Projeto Adote um junto, permitindo assim um trabalho duradouro de incentivo Autor, acontecerá nos dias 3 e 4 de mútuo em sua região e país. Maio na Baviera, Alemanha. Eu já fui adotado e já estou com minha passagem reservada. Fiquem atentos que todas as novidades sobre o projeto e o encontro serão postados no blog de nossa homepage e também em nossa página do facebook. Abaixo os links, para quem quiser prestigiar e curtir nossa página, sejam bem-vindos.

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Evandro Raiz Ribeiro é autor do livro publicado pela Editora Dracaena, Não deixe o Sol Brilhar em Mim. Vive no Japão com sua família.

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Especial

O RETORN


NO DO ERÓTICO À LITERATURA

O ERÓTICO SE TORNOU UMA GRANDE FEBRE MUNDIAL, COMEÇANDO PELA LITERATURA SEU DOMÍNIO TOMOU PROPORÇÕES TALVEZ ATÉ MESMO INESPERADAS INICIALMENTE.


C

om um assunto tão em alta, a BL desse mês traz um pouco sobre o erotismo na literatura. Fomos buscar os primórdios desse gênero que tem despertado tanto interesse entre leitores e autores e chegaremos até os dias atuais com os principais lançamentos nacionais. Deite-se e fique à vontade! No tempo de Dom Dom E tudo começou muito tempo antes do que podemos imaginar. O sexo e o erotismo estão nas entranhas da humanidade desde a Grécia antiga, Egito, da Índia à velha China. Parece que o sexo para o ser humano é quase tão vital quanto qualquer outra necessidade fisiológica e isso só ficou mais explícito de uns tempos pra cá. Antigamente, muito antes de qualquer conto erótico surgir, os povos cultuavam o sexo e o erotismo com práticas que iam da veneração às deusas do amor, orgias, promiscuidade e uma infinidade de insanas formas de colocar pra fora todos os desejos carnais de homens e mulheres. Talvez por estar tão intrínseco ao ser humano, o tema seja de interesse para ambos os sexos, e hoje em dia com menos pudor, para elas. Mas o que é o erotismo afinal e qual a diferença entre o pornô e o obsceno? Buscamos apresentar explicações bem consensuais entre os três termos “obsceno” (contrário à decência moral ou ao pudor), “erotismo” (relativo

ao amor, que desperta desejo físico) e “pornografia” (escritos que dizem respeito à prostituição ou representação de práticas sexuais produzidas industrialmente). Em primeiro lugar, em sua forma moderna como fenômeno de massa, o erotismo relaciona-se com o surgimento da imprensa, onde o sexo possuía toques platônicos. Existem vários livros que aprofundam seus aspectos artísticos e culturais. O que colocaremos em questão é que o erotismo normalmente representa o limite socialmente permitido para expor as representações sexuais ou exposições do corpo. Na figura da mulher o erotismo comumente expõem as genitais. Na figura masculina a proibição erótica é maior. No erotismo, como imagem, os corpos masculinos, em especial, e femininos menos, tendem normalmente a serem apresentados como fragmentos de objetos. A “bunda dele”, o “tórax dele”, elas em “posições sensuais” e etc. O mais importante é que existe uma busca em reproduzir nas imagens “eróticas” os padrões de beleza vigentes, como, por exemplo, a Vênus adormecida (1510) de Giorgione. Na época da pintura exemplificada, os padrões de beleza estética feminina definiam como belas as “gordurinhas localizadas” (trecho extraído do site nucleogenerosb.blogspot.com.br). Ambos os gêneros estão nas mais diversas formas de arte e como não poderia deixar de ser, na literatura o erotismo se faz mais presente e a mais tempo do que podemos imaginar.

A imagem da beleza antiga

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obsceno - contrário à decência moral ou ao pudor erotismo - relativo ao amor, que desperta desejo físico pornografia - escritos que dizem respeito à prostituição ou representação de práticas sexuais produzidas industrialmente.

O erotismo em forma escrita desperta ou instrui o leitor sobre as práticas sexuais, com base em um ideal de amor ou de vida social, onde a paixão e o símbolo de pessoa amada estão presentes, não só seu apelo carnal. Na literatura vemos o erotismo como um romance apimentado, com doses cavalares de contato físico e exposição de partes do corpo que despertem a libido do leitor e o cativem. Sua história no mundo O erotismo e o sexo estão associados à sociedade e a cultura humana desde o início dos tempos, e a literatura não foi uma exceção, embora tenha sido muitas vezes submetido à censura por ser considerado um tema reprovável e pecaminoso. São frequentes as referências ao sexo ou passagens eróticas em várias obras, não como o tema principal, mas como capítulos isolados que contribuem para a evolução da história ou o desenvolvimento de uma personagem. Por exemplo, é possível encontrar fragmentos claramente eróticos em Dom Quixote, de Cervantes ou em Ulisses, de James Joyce. Império Romano Entre os clássicos eróticos do período romano encontra-se a obra Satíricon de Petronius Arbiter (mais tarde transformada em um filme por Federico Fellini).

ca e do Reino Unido. Decamerão inspirou muitas outras obras de ficção erótica, tais como o Heptameron de Margarida de Angoulême, publicado pela primeira vez em 1558. Século XVIII A ascensão e popularidade dos romances na Inglaterra do século XVIII providenciou um novo meio para a literatura erótica. Um dos livros mais famosos neste novo gênero foi Fanny Hill, de John Cleland. Este livro estabeleceu um novo padrão quando se fala sobre promiscuidade literária e foi muitas vezes adaptado para o cinema no século XX. Escritores franceses da época também escreveram sobre o erotismo. Um exemplo é The Lifted Curtain or Laura’s Education, sobre a iniciação sexual de uma jovem com seu pai, escrita pelo conde de Mirabeau. No final do século XVIII o tema do sadomasoquismo foi explorado pelo marquês de Sade em diversas obras como, por exemplo, em Justine. O trabalho do Marquês de Sade foi muito influente no erotismo e os atos sexuais que ele descreve em sua ficção foram posteriormente associados ao seu nome.

Idade Média Do período medieval, podemos citar a obra Decamerão, escrita em 1353 por Giovanni Boccaccio (transformada em filme por Pier Paolo Pasolini) que apresenta histórias de luxúria e sedução praticadas por monges e monjas nos conventos. Este livro foi proibido em muitos países. Mesmo cinco séculos após sua publicação, cópias foram apreendidas e destruídas pelas autoridades dos Estados Unidos da AmériBrasil Literando - 21


Era Vitoriana No período vitoriano, a qualidade da ficção erótica estava muito abaixo da obtida no século anterior. No entanto, alguns romances contêm modelos extraídos de obras de mestres literários, tais como Dickens. Tais romances incluíam também uma curiosa forma de estratificação social. Mesmo em vias de orgasmo, as distinções sociais entre mestre e servo (incluindo as formas de abordagem), são escrupulosamente respeitadas. Elementos significativos de sadomasoquismo estão presentes em alguns exemplos. Essas obras foram muitas vezes escritas de forma anônima, e em grande parte não foram datadas.

cremes, os perfumes, as sedas... têm um significado erótico, antes mesmo de ser social. Francis Galton demonstrou que as mulheres têm uma sensibilidade muito maior do que os homens. Havelock Ellis dizia que as mulheres têm um extraordinário erotismo cutâneo. Beatriz Faust sustenta que os perfumes, a roupa íntima delicada, os sutiãs, os saltos altos, constituem, em seu conjunto, um complexo de estímulos de carga erótica. Os moralistas, que são homens, sempre se ocuparam das zonas erógenas percebidas pelo olho masculino: o seio, as nádegas. Mas nunca se ocuparam da pele porque nunca se deram conta que é exatamente a pele a zona erógena feminina por excelência. A indústria cosmética, com suas loções, suas massagens, seus perfumes, seus bálsamos, seus banhos se dirige a este erotismo, fornecendo-lhe os produtos. Parece que as mulheres também são muito mais sensíveis ao ritmo, à música, aos sons. No complexo, o erotismo masculino é mais visível, mais genital; o feminino é mais tátil, muscular, auditivo, mais ligado aos odores, à pele, ao contato. Hoje, muitas vezes, estas diferenças são minimiA diferença zadas dizendo que são consequências da milenária O erotismo se apresenta sob o signo da diferen- divisão dos papéis entre os sexos, especialmente ça. Uma diferença dramática, violenta, exagerada e do domínio masculino. A diversidade entre os dois misteriosa. Esta ideia emerge quando observamos sexos expressam as mutilações que cada um deles com atenção uma banca de revistas. Num canto um sofreu por causa deste domínio. O homem, empenpouco escondido encontramos a pornografia de to- hado no trabalho, na vida social, é ativo, olha os dos os níveis e variedades, inclusive aquelas lidas so- resultados e se imagina independente, liberto dos mente pelas mulheres. O setor do erotismo feminino sentimentos, dotado de uma infinita e insatisfeita se estende também às revistas que contêm a decla- potência sexual. A mulher, fechada na casa, se imaração do coração, as histórias amorosas dos ídolos, gina frágil, fraca, necessitada de sustento emotivo por os serviços sobre a moda, sobre ginástica, a casa, as parte do homem. Por isso se ocupa de seu corpo, de festas mundanas. O interesse das mulheres pelos sua pele, de sua beleza. Mas seriam resíduos do passado, destinados a desaparecer. Quase todos os autores propõem receitas soAbaixo a lista com algumas obras do bre como superar este estado provisório período Vitoriano de coisas, sobre como eliminar as diferenças que sobrevivem. Sem estudálos em profundidade, esforçam-se em The Way of a Man with a Maid - obra anônima; demonstrar a absurdidade. Na verdade The Autobiography of a Flea (1887) - obra anônima; só nos últimos decênios as relaBeatrice - obra anônima; ções entre os sexos estão The Lustful Turk (1828) - obra anônima; The Romance of Lust (1873) - obra anônima; The Pearl uma coleção de contos eróticos, rimas, músicas e paródias, em forma revista publicada em Londres entre 1879 a 1880.

Em 1870 a novela erótica Vênus Castigadora do escritor austríaco Leopold von Sacher-Masoch, trouxe repercussão mundial para o fenômeno do masoquismo, que foi denominado em referência ao autor.

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mudando. Estudando o erotismo não descrevemos um estado, mas um processo. Pela primeira vez na história da humanidade, as mulheres e os homens se observam a fundo para entender-se. Para entender precisam identificar-se, assumir o papel do outro. Isso se vê bem na forma de se vestir, onde apareceu o unissex, onde as mulheres assumiram modelos masculinos (blusas e calças) e os homens os femininos (chambre, cosméticos). A possibilidade do erotismo é o produto desta descoberta, do jogo da troca de papéis, através dos quais cada um penetra nas fantasias eróticas do outro e lhe cede as próprias. Mas por isso é importante fixar-se um pouco nas diferenças. Nada desaparece sem deixar rastros. A vida sexual, emotiva, amorosa e erótica das mulheres e dos homens dos próximos anos será diferente, mas não totalmente diferente da de hoje. O futuro é sempre uma síntese entre o antigo e o novo. Hoje, as mulheres e os homens procuram o que lhes é comum, superando as diferenças. Mas têm diversas sensibilidades, diferentes desejos, diferentes fantasias. Ambos, muitas vezes, imaginam o outro como na realidade não é e pretendendo coisas que ele não pode dar. O erotismo se apresenta sob o signo do equívoco e da contradição. A pornografia é uma figura do imaginário masculino. É a satisfação alucinatória de desejos, necessidades, aspirações, medos próprios deste sexo. Exigências e medos históricos, antigos, mas que existem ainda hoje e que ainda são ativos. As mulheres não estão muito interessadas em olhar a fotografia de um homem nu. Muitas vezes não ficam excitadas.

Os homens ficam excitados pela nudez da mulher e fantasiam ter uma relação sexual com ela. Mesmo as estátuas, ou a reprodução de estátuas nuas da antiguidade, sempre serviram aos rapazes como material pornográfico para masturbar-se. A excitação também pode ser provocada por narrações ou pelo cinema. A pornografia é uma contínua sucessão de atos sexuais, sem que haja uma história. Os protagonistas masculinos não devem fazer nada. Passeiam pela rua e uma mulher os leva à cama. No escritório, a secretária tira a roupa e, sem uma palavra, começa uma felação. A pornografia ostenta um universo fabuloso ‘no qual não se tem mais necessidade de seduzir para obter, no qual a concupiscência não é nunca reprimida nem rejeitada, onde o momento do desejo coincide com a satisfação. Os heróis pornográficos estão isentos de ter que conquistar e de ter prelúdios amorosos: basta uma olhada, e as mulheres estão nuas e disponíveis; nenhuma necessidade de fazer as apresentações, trocar saudações. Na pornografia masculina, as mulheres são imaginadas como seres obsessionadas de sexo, arrastadas por um impulso irresistível para lançar-se no pênis masculino. A pornografia imagina as mulheres como dotadas pelos mesmos impulsos dos homens, atribui a elas os mesmos desejos e as mesmas fantasias. Imagina que os dois desejos se encontram sempre. Há uma conexão entre estas fantasias e a prostituição. A prostituta é, com seu corpo real, a encarnação da mulher famosa de sexo representada pela pornografia. A prostituta é ‘isca’ para o cliente. Não espera que ele vá a ela, convide-a ou seduza-a. É ela que toma a iniciativa. Dá um piscar de olhos, um sorriso alusivo, um aceno com a cabeça. Passando perto lhe chama de “belo”, “bem masculino”, convida-o a segui-la. Faz o que, na realidade nenhuma mulher faz. A mulher espera a iniciativa masculina. Mesmo que sua intenção seja seduzir, não convida abertamente; espera que o outro decifre o gesto do convite. A prostituta seduz o homem como o homem quer seduzir a mulher, prometendo-lhe prazer extraordinário. A prostituta age como a protagonista dos romances pornográficos masculinos. A relação com a prostituta é uma viagem ao imaginário, pois ela não experimenta o interesse erótico que exibe. Finge. Finge para ganhar. É uma atriz e quer ser paga por aquilo que faz. Adapta-se às fantasias sexuais masculinas, aceita os ritmos, os desejos eróticos do homem, mesmo que lhe sejam estranhos. Pornografia e prostituição nos mostram que há uma região do erotismo masculino que é totalmente estranho à mulher e não lhe interessa, e que acei-

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ta mediante pagamento, ou seja, como atividade explicitamente não erótica, profissional. Os romances amorosos são uma manifestação típica do erotismo feminino, assim como a pornografia era típica do erotismo masculino. Sua estrutura foi muito estudada. A história principal pode ser esquematizada assim: Há uma heroína que é semelhante a uma mulher comum. Nunca é belíssima. Ou se é bela, tem um pequeno defei- t o :

A mulher forte que fala de sexo

boca um pouco grande, olhos demasiado distantes... É inteligente, ativa, honesta. Ou é virgem ou não teve outras experiências amorosas. Se as teve, foram infelizes, águas passadas. Nos últimos romances é divorciada. Em geral não é rica. Está inserida em seu ambiente, não sofre de solidão. Desvaloriza-se. Hoje em dia Mommy porn, cuja definição é “literatura erótica para mulheres comuns, gente como a gente” termo consagrado pelo livro Cinquenta Tons de Cinza, a trilogia escrita pela inglesa E.L. James, que bateu recordes assombrosos de venda ao misturar narrativas de cenas sexo recheadas de sadomasoquismo com uma história de amor. Foram 40 milhões de cópias vendidas desde o lançamento nos Estados Unidos, em março, metade delas em formato digital. As brasileiras também ficaram alvoroçadas com a novidade. “Sabíamos que o livro seria bem aceito. Ainda que a história seja picante e o sexo esteja presente o tempo todo, trata-se de um grande romance”, defende Bruno Porto, editor de aquisições da Intrínseca, que publicou a obra por aqui e planeja vender 1 milhão de cópias no país. Tamanho sucesso levou outras editoras do mundo todo a lançar os próprios romances do gênero na tentativa de


aproveitar o frisson. Dezenas de títulos surgem a cada semana. No Brasil, quase todas as editoras têm seu erótico ou planejam lançar alguma coisa que aproveite essa onda. Antes os vampiros, zumbis, romances adolescentes, agora o que vende são os contos eróticos.

Não pense que as coisas começaram a esquentar com eles.

Engraçado pensar que esse tipo de literatura sempre fez parte do mundo dos livros com os famosos livros de banca, com suas histórias “hot”, onde a mocinha encontrava um homem viril – cowboy, fazendeiro bronco, médico ou algo assim – e se apaixonava perdidamente por ele, logo sonhando com uma tórrida noite de amor e paixão. Os estudiosos do comportamento feminino argumentam, que a demanda feminina por produtos pornôs estava represada e já dava há tempos sinais de que iria explodir. A literatura erótica seria, portanto, uma espécie de reação natural de consumidoras já emancipadas depois de uma série de mudanças comportamentais. As mulheres vivem um momento histórico singular, que deve ser comemorado: se libertaram de muitos tabus, assumindo que gostam de sexo e buscando, em massa, caminhos individuais para o prazer. O erotismo em forma escrita, desperta ou instrui o leitor sobre as práticas sexuais com base em um ideal de amor ou de vida social, onde a paixão e o símbolo de pessoa amada estão presentes, não só seu apelo carnal. No Brasil Segundo a historiadora Mary Del Priore, durante toda a história da humanidade, a beleza corporal feminina não estava na nudez das mulheres. Mas sim no esconder o corpo, quanto mais escondido, mais o interesse masculino era despertado. A mudança somente ocorreu com a invenção dos lingeries, especialmente após a década de 1920.

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“Quando o Brasil era a Terra de Santa Cruz, as mulheres tinham de se enfear e os homens precisavam dormir de lado, nunca de costas, porque a concentração de calor na região lombar excitava os órgãos sexuais. E nos momentos a sós - geralmente no meio do mato, e não em casa, porque chave era artigo de luxo e não era possível fechar as portas aos olhares e ouvidos curiosos -, as mulheres levantavam as saias e os homens abaixavam as calças e ceroulas. Tirar a roupa era proibido. E beijar na boca? Bem... sem pasta e escova de dentes, era difícil. Mas como o proibido aguça mais a vontade, a instituição que mais repreendia os afoitos, ironicamente, acabou se tornando o templo da perdição. Onde as pessoas poderiam se encontrar, trocar risos e galanteios e até ter relações sexuais, sem despertar suspeitas, se não no escurinho... das igrejas? Quando os portugueses chegaram aqui o erotismo era tratado como sujo e profano, pense que não havia a menor possibilidade de mulheres expressarem seus desejos, quase sempre tomadas à força por homens que viam em seus corpos um centro de diversões, sem priorizar o desejo da parceira. Entre os séculos XVI e XVIII a sexualidade e a noção de intimidade no mundo dos homens beiravam ao ridículo. Éramos atrasados, e sem muita surpresa, manipulados pela igreja católica. Como diz a própria autora no capitulo “O sexo proibido”: “As regras da igreja católica pareciam esconder-se sob a cama dos casados, controlando tudo.” Pois é, tudo que era considerado “contra a natureza” era proibido. Sabe-

mos que até nos dias de hoje muitas religiões admitem o sexo exclusivamente procriação, mas antigamente os tabus eram exacerbados... Para exemplificar, podem acreditar que naquela época era proibido até a mulher colocar-se por cima do homem, pois isso contrariava a lei da natureza segundo a igreja e deixava claro que só os homens comandavam. Bom, estando os homens então sempre no comando, imaginem que negar a ele sua obrigação matrimonial também era visto como pecado, ou seja, não adiantava a mulher dar como desculpa uma dor de cabeça! Estarrecedora a mentalidade desta época, não? E isso é só uma pequena amostra do quanto a nossa sociedade, principalmente as mulheres, sofriam e o quanto a concepção do sexo implicava na proibição de tudo o que desse prazer. Mas como chegamos ao erotismo descarado que temos hoje aqui? Bem, em nossas pesquisas vimos que, apesar de sujo aos olhos de muitos, nosso povo pobre usava o erotismo e o sexo como uma forma de ganhar o seu sustento, ao ponto de mães prostituirem suas filhas para que estas trouxessem algum dinheiro para casa. E esse negócio lucrativo evoluiu com a massificação das mídias e as possibilidades de ganhos para todas as partes. O erotismo é o primeiro, o estopim que desperta o desejo, que dá inicio às vontades de se ter ou possuir outro corpo. E então veio A Carne O livro A Carne, de Júlio Ribeiro, lançado pela editora Teixeira & Irmão em 1888, ultrapassou todas as barreiras do seu tempo, expondo um romance feminino, tratando de temas avançados para a época, como a sexualidade feminina e o divórcio. Ele conta a história de Lenita, uma jovem inexperiente, que tem um romance com um homem separado da esposa, Manuel Barbosa. Surpreendendo pelo teor, A Carne expõe os a nseios sexuais de Lenita, como uma voz aos anseios das próprias mulheres naquela época, silenciadas por uma igreja maculada e por homens machistas que as usavam a bel prazer. Lenita, a per-

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Lenita fica grávida. O romance cede lugar para a tragédia amorosa. Abaixo você poderá conferir um trecho inicial do tal livro polêmico e conferir que há apenas uma sensualidade suave, que para nós hoje chega a ser pueril, mas que dada àquela época era uma afronta à moral da mulher reservada, sem prioridade no prazer. “Depôs a espingarda e junto dela o chaCapa do Romance a carne e péu de palha, de abas o "retrato" de Seu Júlio largas, que a protegia nesses passeios, começou a despir-se. Tirou o paletozinho, o corpete espartilhado, depois a saia preta, as anáguas. Em camisa, baixou a cabeça, levou as mãos à nuca para prender as tranças e, enquanto o fazia, remirava sonagem central, vê-se órfã e solteira - num tempo complacente, no cabeção alvo, os seios erguidos, duonde as mulheres ocupavam um papel de extrema ros, cetinados, betados aqui e ali de uma veiazinha dependência ao elemento masculino. Bem instruída azul. e já com 22 anos, não sabe, entretanto, lidar com os E aspirava com delícias, por entre os perfumes fatos da vida. da mata, o odor de si própria o cheiro bom de mulVai, então, morar com um velho fazendeiro que her moça que se exalava do busto. criara o seu pai e, ali, conhece o filho deste, Manuel. Sentou-se, cruzou as pernas, desatou os cordões O autor relata as descobertas paulatinas da jovem: dos borzeguins Clark, tirou as meias, afagou corprimeiro, o próprio corpo, num banho de rio. A sen- rente, demoradamente, os pezinhos os breves em sualidade crua do campo, entre os animais, narrada que se estampara tecido fino do fio de Escócia. Ersem meias palavras, choca e desperta. gueu-se, saltou das anáguas, retorceu-se um pouco, E tendo no filho de seu hospedeiro o alvo dos deixou cair a camisa. A cambraia achatou-se em dodesejos, logo a história narra os encontros eróticos, bras moles, envolvendo-lhe os pés. que evoluem, em seguida, para um tórrido romance. Era uma formosa mulher. Entretanto, não existindo meios para contracepção, Moreno-clara, alta, muito bem lançada, tinha braços e pernas roliças, musculosas, punhos e tornozelos finos, mãos e pés aristocraticamente perfeitos, terminados por unhas róseas, muito polidas. Por sob os seios rijos, protraídos, afinava-se o corpo na cintura para alargar-se em uns quadris amplos, para arredondarse de leve em um ventre firme,

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ensombrado inferiormente por velo escuro abundantíssimo. Os cabelos pretos com reflexões azulados caíam em franjinhas curtas sobre a testa indo frisar-se lascivamente na nuca. O pescoço era proporcionado, forte, a cabeça pequena, os olhos negros vivos, o nariz direito, os lábios rubros, os dentes alvíssimos, na face esquerda tinha um sinalzinho de nascença, uma pintinha muito escura, muito redonda. Lenita contemplava-se com amorpróprio satisfeito, embevecida, louca de sua carne. Olhou-se, olhou para o lago, olhou para a selva, como reunindo tudo para formar um quadro, uma síntese. Acocorou-se faceiramente, assentou a nádega direita sobre o joelho esquerdo erguido, lembrando, reproduzindo a posição conhecida da estátua de Salon, da Venus Accroupie. Esteve, esteve assim muito tempo: de repente deu um salto, atufou-se na água, surgiu, começou a nadar. O lago era profundo, mas estreito. Lenita ia e vinha, de uma margem para a outra, do paredão ao açude, do açude ao paredão. Passava por sob o jorro e dava gritos de prazer e de susto ao choque duro da massa líquida sobre o seu dorso acetinado. Virava de costas e deixava-se boiar, com as pernas estendidas, com o ventre para o céu, com os braços alargados, movendo as mãos abertas, vagarosamente, por baixo da água. Voltava-se e recomeçava a nadar, rápida como uma flecha. Um calafrio avisou-a de que era tempo de sair da água. Saiu com o corpo arrepiado, gélido, a tiritar. Quedou-se ao sol, em uma aberta, esperando a reação do calor, soltando, torcendo, sacudindo os cabelos. De seu corpo de-

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sprendia-se um vaporzinho sutil, uma aura tênue, que a envolvia toda.” Como podem ver, neste trecho temos uma mulher que acima de tudo se descobre, sente-se apaixonada por si própria, pelo seu corpo e o tem como um achado de sensualidade e prazer. Por tratar de algo tão novo para época, o romance foi rechaçado pelos críticos fervorosos, quando pela sociedade, mesmo que com cautela, era lido e tinha suas ideias avançadas disseminadas. Tudo muito ligado à moral e aos entraves do século XIX, o livro tornou-se interessante e lido, pelo fogo e discussões geradas por ele. E agora eu pergunto: isso lembra alguma coisa para você, caro leitor? O que temos com os contos eróticos nos dias de hoje foi mais ou menos o que ocorreu com A Carne séculos atrás. Achamos-nos muito diferentes daquela sociedade quadrada, mas o despertar do interesse elevado no erotismo, principalmente se falarmos do erotismo para as mulheres, percebemos que as coisas não mudaram tanto assim. Ainda hoje, a mulher se sente acuada quando o assunto é sexo, sentindo-se acuada nos próprios anseios e desejos, quando o homem fala explicitamente quantas parcerias teve ou deixou de ter. O romance de Júlio Ribeiro desprende-se da moral e da religiosidade


dominante e punitiva amparada pela ideia de culpa, onde as experiências sexuais, mesmo aquelas que não saem de nossa mente, são tratadas como pecado digno de condenação. Pensando assim, talvez por ser proibido e condenado se torne ainda mais prazeroso pensar e fazer algo visto com maus olhos pela sociedade puritana. Aqui o sexo desprende-se do quarto burguês e intimista para tornar-se algo além do ato reprodutivo ao qual a igreja se baseava. Com o tempo se percebeu que as palavras contidas em A Carne, perderiam sua força, deixando de ruborizar seus leitores, já tão “acostumados” a um mundo onde o sexo e o prazer estão presentes nas mais diversas formas e meios de comunicação. O ato sexual deixou de ser algo sujo e com único propósito de reprodução, para se tornar até mesmo uma válvula de escape. Muito mais tarde, outros autores enveredaram pelo caminho da pele e do prazer, pincelando suas obras com um erotismo pautado naquilo que a sociedade ainda quer esconder. Um bom exemplo é Jorge Amado com sua Tieta e uma das grandes damas sensuais da literatura brasileira, Gabriela Cravo e Canela publicado em 1958. Romance de Banca Saltando do século passado para o atual, temos no mercado um tipo de romance popular que começou a ser produzido pela Companhia Editora Nacional e formou a conhecida coleção Biblioteca das moças. Essa coleção deu origem ao gênero que conhecemos atualmente como romance de banca. O romance de banca foi introduzido no Brasil na década de 70 pela pioneira Editora Nova Cultural que, atualmente, vende 2 milhões de cópias. No Brasil, há duas grandes editoras que atuam no segmento, a citada Editora Nova Cultural que é a maior e importa seus livros da norte-americana Kensington e a Harlequim Books Brasil, uma filial de uma editora canadense. Seguindo um padrão reconhecível de longe os livros de banca são baratos e vendidos principalmente

em bancas de jornal, daí vem o apelido, possuem títulos sugestivos e capas mais sugestivas ainda. As histórias também seguem um modelo: finais sempre felizes e protagonistas que devem passar pelo maior número de obstáculos para ficarem juntos. As mais famosas séries de banca são as séries Sabrina, Bianca e Jéssica, sendo cada série voltada para uma temática: Sabrina são histórias atuais e tem protagonistas independentes; Bianca possui protagonistas sonhadoras e tem histórias situadas no passado; já Jéssica são as histórias mais picantes. Ainda há a série de Grandes clássicos e Clássicos históricos. Devido a esse padrão sistemático de produção e escrita, atribui-se a leitura de romances de banca às pessoas com baixo nível de escolaridade. Entretanto, estudos mostram que essa conclusão é totalmente errada: as leitoras são mulheres de classe média, entre 20 e 40 anos e 80% trabalham. Engraçado pensar que sempre tivemos os livros de banca ali em nossas mãos, cheios de sensualidade para dar, vendendo justamente o que sempre foi procurado quando o assunto é erotismo. A mulher tem sido o grande alvo dessa revolução com livros que exaltam seus anseios sexuais, na busca por um macho viril e ao mesmo tempo sensível, que saiba fazer um serviço bem feito e que antes de se preocupar com o próprio prazer, vê no orgasmo da parceira sua grande conquista. Muitos livros que abordam o assunto, histórias de paixões tórridas e outros tantos que tentam entender como uma onda tão avassaladora conseguiu ficar tanto tempo quieta, estão no mercado e outros mais estão por vir. Aqui na Brasil Literando, você vai conhecer a lista de alguns lançamentos nacionais apimentados e ainda separamos uma lista com livros eróticos que você não pode deixar de ler. Fontes: mulher.terra.com.br; colunas.revistamarieclaire.globo.com; meteacolher.com.br; www.nossosromances.com.br; super.abril.com.br; www.academia.edu; pt.wikipedia.org/wiki/Erotismo; pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_er%C3%B3tica;

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lançamentos de eróticos nacionais

Insensatez - josy tortaro e giseli galindo Insensatez é um romance erótico escrito a quatro mãos e narrado pelo casal protagonista: Marco e Isadora. O livro tem previsão de lançamento ainda este ano, com definição para muito em breve. Trata-se da história de amor mal resolvido entre o modelo e a fotógrafa. Depois de um passado obscuro, o casal se reencontra por acaso dentro de uma agência de modelos. Ele, um modelo fracassado, que teve que voltar para São Paulo atrás de uma agência que o quisesse e na bagagem trouxe uma lista de casos que não decolaram sua carreira como pretendia. Mas sua esperança está na nova chefe. Ela, uma fotógrafa bem-sucedida, reconhecida no mundo todo, está em São Paulo para ajudar a família e apoiar o irmão caçula viciado em drogas. Na cidade, é uma profissional requisitada e super valorizada, apesar da pouca vaidade. Nesse reencontro, dois desejos opostos nascem: Marco, nostálgico, quer tê-la novamente em sua cama. Isadora, infeliz, quer distância dele e suas recordações nada agradáveis. Prefere fingir que não se lembra. Porém, o jogo da conquista vai além do desejo, do prazer, da atração. A razão é insensata, os motivos são impulsivos, as ações são reações. Se perder pode ser a solução. Um romance quente, insensato, intenso, completamente diferente de tudo que você já leu.

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Batom Vermelho - A marca de um beijo proibido - Vanessa de Cássia Mel Folk, a encantadora e fogosa mulher dos olhos verdes de serpente, um ar ingênuo e ao mesmo tempo sedutor. Aquela que traz o brilho e a inocência, mas que no fundo, é um furacão de mulher. Mel não tem vergonha de seduzir, não tem medo de ser o centro das atenções. Não é a “inocente”, ela é a mais perigosa e tentadora das mulheres. Traz em seu olhar o poder de sedução e, em seus lábios, a magia do que conhece. Ela não conhece o amor, conhece apenas o prazer... Uma história onde o prazer não tem limites, o amor é um jogo cruel e a sedução, uma arma indispensável... Conheça o jeito de uma mulher fatal. A obsessão na arte de seduzir e os lábios ardentes envolvidos em “Batom Vermelho”! Descubra quão poderosa pode ser essa arma!

Volúpia - Jéssica Anitelli Apaixonar-me? Isso nunca havia passado pela minha mente até conhecer Clara. Antes as relações em que eu me enfiava eram apenas para suprir uma necessidade física, no entanto, com Clara foi diferente. Ela me pegou de jeito. Rio de mim mesmo ao pensar em como me tornei um bobão apaixonado. Só que ela fez coisas comigo que nenhuma outra tinha feito... Me deixou louco. Essa mulher tem uma imaginação... Sem ela ao meu lado, eu teria acabado com a minha vida. Foi ela que me trouxe de volta para a luz. E agora quem não quer ficar sem ela sou eu. A única coisa que não entendo é o porquê dela ficar tão triste às vezes. Quero tanto ajudar, mas não posso, não me é permitido. Porém, só sei que eu a amo como nunca pensei ser capaz de amar. Até aprendi aquela dancinha do Dirty Dancing só para agradá-la. Isso que dá namorar com dançarina... Volúpia será publicado pelo Editora Literata no segundo semestre de 2013.

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Eróticos que você deve ler Toda Sua - Autora: Sylvia Day - Editora: Paralela Este é o primeiro volume da série Crossfire. O romance conta a história de Eva Tramell, moça de 24 anos que acaba de conseguir um emprego em uma das maiores agências de publicidade dos Estados Unidos. Ao visitar a sede de seu novo escritório, ela cruza com o milionário Gideon Cross, o homem mais sexy que ela já viu. A atração entre os dois é imediata. Poderoso, controlador e autoritário, o jovem empresário não desiste até leva-la para cama. Apesar de se sentir ofendida em se tornar mais uma aquisição de Cross, Eva não consegue resistir por muito tempo. A relação é inicialmente baseada em um sexo intenso e explosivo, capaz de levá-los a extremos que jamais haviam experimentado. Porém, o casal acaba se apaixonando e, com a proximidade, deverão lidar com cicatrizes e demônios do passado.

TodAutora: Eve Berlim - Editora: Lua de Papel Quando Dylan Ivory, escritora de romances eróticos, recebe o contato de Alec Walker, nem imagina o quanto esse homem pode mexer com seus pensamentos. Conhecido por ser um famoso dominador em relações sadistas e sadomasoquistas, Alec tenta convencer Dylan de que a melhor forma de se aprofundar é viver uma experiência como submissa e sentir na pele a sensação desse tipo de relação. A escritora não resiste e passa a se envolver cada vez mais embalada em um misto de prazer e apreensão. A história da paixão que nasce entre o casal segue por mais dois livros, ainda inéditos no Brasil.

100 Escovadas Antes de Ir para a Cama Autora: Melissa Panarello - Editora: Objetiva O livro é uma espécie de diário que relata, sem pudores e meias palavras, as precoces e variadas experiências sexuais vividas por uma colegial que perde a virgindade aos 15 anos. A partir daí, Melissa passa a experimentar diferentes práticas sexuais em uma tentativa de transcender o corpo. Sexo grupal, orgias regadas a drogas, sadomasoquismo, homossexualismo, a protagonista vai testando seus limites e seu prazer sem fugir de sentimentos como insegurança, repulsa e até humilhação.

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Falsa Submissão - Autora: Laura Reese - Editora: Record Chicotes, roupas justas de vinil, correntes, a jornalista Nora Tibbs não via sentido em nada disso até o brutal assassinato de seu irmã. Obcecada em encontrar o criminoso, Nora se deixa conduzir pelo misterioso M., ex-amante de sua irmã, por um mundo de jogos eróticos perversos, sem regras ou limites, descobrindo os desejos mais primitivos e sensações antes inimagináveis.

Bocas de Mel e Fel - Autora: Nilza Rezende Editora: Record Com uma narrativa fortemente estética em um tom confessional, Irene, uma bem-sucedida advogada, revela sua paixão avassaladora por Antonio, um primo do interior, considerado inadequado para uma mulher de seu nível. Paralelamente ela também vive um relacionamento com o argentino Pablo, um professor universitário sedutor e sem amarras. Enquanto Antonio, que jamais saiu da cidade pequena onde nasceu, lhe oferece um amor incondicional e uma fidelidade quase canina, Pablo, um intelectual homem do mundo, apresenta certezas ondulantes e uma violência latente.

A Casa dos Budas Ditosos - Autor: João Ubaldo Ribeiro - Editora: Objetiva O livro narra a história de uma devassa senhora em um relato pouco comum ora chocante, ora irônico e instigante. CLB, uma mulher de 68 anos, nunca se furtou de viver com todo prazer e sem respingos de culpa as infinitas possibilidades do sexo. E relata suas histórias carregadas de luxúria em um humor corrosivo.

Teresa Filósofa - Autor: Anônimo - Editora: L&PM Editores O livro, um dos maiores best-sellers da Europa do século 18 é o romance de formação de uma jovem tão inocente quanto disposta a fazer render todas as lições de luxúria libertinagem de seus preceptores. A autoria da obra, secreta, é atualmente atribuída ao marquês d´Argens.

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Espaço especial

Semana do Livro Nacion Por Josy Stoque

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ocê que já conheceu a mega-ação que une a cada dia mais pessoas do meio literário, hoje vai saber em que pé o megaevento anda. Os organizadores da Semana do Livro Nacional perceberam que promover a literatura isoladamente, aqui e ali, jamais faria com que alguma campanha tivesse força suficiente para fazer a diferença. Por isso, abraçou autores, blogueiros, editoras e livrarias, agregando portais, campanhas e manifestos em um mesmo propósito e em um mesmo pensamento.

A semana, que terá a primeira edição de 20 a 28 de julho deste ano, nada mais é do que um motivo para estarmos juntos, para falarmos de literatura, para instruir e aprender, e com isso, alcançar a grande massa que precisa conhecer nossos novos autores: a mídia e os leitores. Pensando nisso, cada qual estará em uma cidade em busca leitores e imprensa local, unindo-se a outros do meio, dispostos a falar sobre um trabalho que nos é caro e árduo, porém imensamente prazeroso. O resultado? Mais leitores. Afinal, autores desejam

ser lidos; editoras e livrarias, vender livros; blogueiros, serem lidos e terem credibilidade em uma era na qual, para se criar um blog, basta um clique. O mercado nacional cresceu, mas também precisa inovar. É isso que pretendemos fazer. Juntos. Cada cidade possuirá sua programação (que estará disponível no site da Semana), algumas já estão confirmadas, outras ainda precisam concluir negociação de local e participantes. No entanto, podemos adiantar as cidades que receberão autores nacionais para bate-papo com leitores: São Paulo, Guarulhos, Rio de Janeiro, Niterói, Brasília, Ribeirão Preto, Santos, Belo Horizonte, Campinas, Caxias, Campo Grande, Recife e Fortaleza. Essa lista pode mudar a qualquer momento. Blogueiros participarão como mediadores das mesas, que no geral terão os autores divididos por temas. Mais cidades e participantes estão convidados. Ninguém precisa ficar de fora. Vamos juntos levar a literatura moderna de ficção para mais leitores. O povo brasileiro tem sede de cultura e nem sabe disso. Vamos mostrarlhe o caminho para o entretenimento com valor. O caminho mais árduo, mas mais consciente. Só com


nal: União gera ideias conhecimento é possível mudar o país.

Livros e mais livros

Essa união de cabeças pensantes não podia dar em outra coisa que não fosse muitas ideias. Primeiro nasceu a campanha “Eu Leio Brasil”, encabeçada pela autora Janaina Rico. Com a força desta união, levamos a hastag aos Trends Tops Brasil duas vezes. Através da página, alcançamos leitores com sorteios de livros nacionais, posts sobre autores e seus livros. Uma maneira de serem reconhecidos por seu trabalho. Também gerou o manifesto para angariar 10.000 assinaturas que serão enviadas aos órgãos competentes como apoio à igualdade no tratamento de obras clássicas e modernas, de autores reconhecidos e não conhecidos. Abrindo, assim, novas oportunidades para darem visibilidade às suas obras. Também surgiu a Biblioteca Volante, do grupo curitibano organizado por Tâni Falabello. A biblioteca recebe este nome devido a possibilidade de levar os livros de todos os autores participantes para uma cidade que esteja recebendo a semana. Na edição deste ano, os mais de 200 autores apoiadores do projeto entregarão seus livros para a biblioteca volante, que serão doados para uma biblioteca de Curitiba durante a semana. Uma ação louvável. Por fim, e não menos importante, temos a Liga dos Autores Nacionais, criada por três blogueiras com a intenção de divulgar os novos talentos da literatura brasileira. São eles Gilciany Viana do blog Ler e Pensar, Kézia Raiol do blog Paixão Literária e Ane V. do blog Estou Lendo. Outro que se juntou ao projeto é o portal Novos Escritores que, por ter a mesma ideologia, entrou para o time de apoiadores. O site interativo, além de abrir espaço para que os autores divulguem seus trabalhos e mantenham contato direto com leitores, também possui uma loja virtual que disponibiliza os livros para compra online. O blog Moleco também entrou para a ação. A marca se propôs a associar-se a Semana do Livro Nacional e está ajudando na divulgação da nossa cultura. Gostaria de aproveitar o espaço para agradecer a todos pelas ideias, pela paciência, pelas palavras de incentivo, pela fé e pela esperança. E quero deixar aberto o espaço para quem quiser entrar. Não há restrição alguma, basta preencher o cadastro online e você se tornará alguém que faz, não apenas sonha. Venha com a gente! Site: http://semanadolivronacional.blogspot.com.br FanPage: www.facebook.com/SemanaDoLivroNacional Twitter: @SemanaDoLivroBr

Josy Stoque, mais conhecida como Josy Tortaro, é publicitária por profissão e escritora por vocação, autora da saga Os Qu4tro Elementos publicada pela editora Literata e também organizadora da Semana do Livro Nacional.

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projeto

novos escritores Por juliana e djan

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ssa poderia ser só mais uma história de como os livros podem mudar a vida de algumas pessoas, só que nesse caso, o amor pelos livros não parou por aí. A rede social Novos Escritores nasceu do amor pelos livros e a vontade de ser lida.

Tudo começou quando Juliana Skwara, namorada de Djan Skwara comentou que queria ser escritora e que no Brasil era muito difícil publicar um livro. A partir daí, Djan começou a se interessar mais sobre o universo dos livros e descobrir suas dificuldades. Algum tempo depois, ele comentou com a Juliana que poderiam montar um projeto Literário que pudesse melhorar o quadro literário nacional. A ideia surgiu em 2011 e se confirmou após uma visita a Bienal de 2011. A primeira estrutura nasceu em dezembro de 2011. Djan montou um site em Firewarks, em pouco tempo perceberam a limitação do site e começaram a pesquisar uma nova estrutura. Em janeiro de 2012 o site foi finalmente liberado e a estrutura ainda tinha falhas. Em Fevereiro de 2012, o casal optou por um novo modelo de site e começaram a

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trabalhar na substituição da antiga plataforma e iniciar os testes. Mais uma vez, não chegaram a uma estrutura adequada e novamente, se iniciou um novo ciclo de pesquisa. No final de maio de 2012 conseguiram a atual plataforma. O projeto Novos Escritores foi criado e divulgado nas redes sociais no dia 02 de Janeiro de 2012 com a finalidade de divulgar e incentivar a literatura no Brasil. Partindo da ideia da ausência de divulgação dos livros nacionais atuais e de que seu espaço é particularmente pequeno em um vasto mercado editorial, a rede social foi criada com a intenção de quebrar barreiras e facilitar a interação do público com a cultura. O site possui perfis para cadastro de escritores. Lá, eles poderão postar informações pessoais e textos de sua autoria, funcionando como uma “vitrine” para esses artistas apresentarem seu trabalho ao público. Na aba “biblioteca” que contém resenhas e lançamentos literários, serão divulgadas resenhas de livros nacionais de forma que os leitores possam vir a conhecer os nossos títulos nacionais, inclusive os recentes lançamentos. O espaço denominado “notícias” irá ser notificado os


A rede social também realizou dois eventos, o primeiro contou com mais de sessenta pessoas. Novos Escritores também participou de eventos com o canal literário online onde o usuário podia participar do evento assistindo através do site e também entrevistou diversos escritores como Janaína Rico, Tammy Luciano, Raphael Draccon, Carolina Munhoz e Roxane Norris. Devido ao grande sucesso, no dia 24 de Fevereiro de 2013, o Projeto Novos Escritores abriu espaço para literatura internacional, tal atitude foi tomada para tornar o portal mais democrático e alcançar o maior número de usuários e atualmente a equipe está em busca de uma melhor forma de interação. A equipe é formada por: Djan Skwara, Juliana Skwara e Thayane Gaspar. A Equipe Juliana Skwara é estudante de Letras (Português/ literaturas) da UFRJ. Professora, apaixonada por livros e no momento se dedica a escrever seu primeiro romance. Ao lado de Djan Skwara, teve a idéia de criar o projeto Novos Escritores se tornando uma das fundadoras e administradoras do site. Djan Skwara – Técnico em eletrônica e Designer Carioca de 24 anos e técnico em eletrônica como profissão. Foi influenciado pela namorada e se apaixonou pela literatura. Juntos, iniciaram o projeto Novos Escritores. Hoje dividem o tempo com trabalho e Novos Escritores.

acontecimentos literários como feiras literárias, tarde de autógrafos, lançamentos de livros e palestras. Também serão postadas fotos do evento. Mas engana-se quem pensa que o espaço é somente voltado para escritores. Como dito, a rede social é aberta ao grande público, de forma que leitores, blogueiros e qualquer pessoa que tenha interesse na literatura nacional vai ser bem vinda. O importante para o portal Novos Escritores é divulgar a literatura nacional, mas acima de tudo, estreitar laços entre o público e os autores.

A autora Thayane Gaspar, nascida em Outubro de 1992, publicou seu primeiro romance, Princesa de Gelo aos 19 anos. Desde muito nova escrevia contos e poesias, cedendo a sua vocação para escrita hoje ela se dedica a literatura nacional. Atualmente reside no Rio de Janeiro, onde cursa as faculdades de Jornalismo e Letras.” Para saber mais acesse a rede social: http://novosescritores.com/ http://www.facebook.com/novosescritores

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Cá entre nós

Publicação Independente Por Lycia Barros

F

oi no século XIX que a publicação de livros conseguiu reduzir drasticamente os custos de produção e abrir as portas para a cultura de massas.O controle da cultura deixou as mãos do clero e de patronos aristocratas para pequenos editores ou grandes associações que impulsionaram a publicação de livros rumo ao mercado de consumo. Então, a figura do autor publicado por uma editora — como Victor Hugo — dividiu espaço, pela primeira vez, com o autor independente, ou seja, aquele que custeia do próprio bolso a publicação de seu livro — como quase todas as obras de Friedrich Nietzsche —, e com o autor-editor, aquele escritor que assume também o papel de editor de seus próprios livros e periódicos — como Balzac, Dickens e Edgar Allan Poe. Entretanto, assim como predominou no século XX, a publicação independente é tida, ainda hoje, na maioria das vezes, somente como a via de acesso a uma editora comercial, ou apenas como publicação por vaidade. No primeiro caso, o autor custeia a primeira tiragem de seu livro na expectativa de chegar a alguns leitores, mas, principalmente, de atrair a atenção de editores. E vale ressaltar qye este foi o recurso utilizado por quase todos os grandes autores contemporâneos, os quais

“Todo mundo que começa a escrever um livro tem em mente o esquema clássico de publicação: autor => editora => livraria => leitor” 38 - Junho 2013

através de pequenas tiragens iniciais provaram a qualidade e a viabilidade comercial de suas obras. No segundo caso, temos o escritor amador, que encontra na publicação independente a possibilidade de suprir o desejo de ver seu livro impresso e vendido (ou distribuído gratuitamente) para amigos e parentes. Não há grandes pretensões comerciais ou literárias, apenas a necessidade de ter em mãos o resultado de semanas, meses ou anos de trabalho. Todavia, ainda há um terceiro caso e que resgata uma das propostas do século XIX, do autor-editor, que encontra na publicação independente uma via alternativa para consolidar sua carreira. Ele não não tem a intenção de publicar por uma editora comercial. E esta, pode ser uma ótima solução. Ou, pelo menos, a mais lucrativa. Todo mundo que começa a escrever um livro tem em mente o esquema clássico de publicação: autor => editora => livraria => leitor. Quase nin-


“De fato, o principal fator na hora da decisão pela publicação independente é o quanto você está disposto a esperar para ser publicado sem gastos.”

guém questiona este modelo ao tentar ingressar na carreira literária e, para muitos, um autor que não seja publicado por uma editora comercial — ou uma “editora de verdade” — não merece ser lido. O processo de concluir um original, enviá-lo para ser avaliado por uma editora, ser aceito, assinar o contrato e chegar às livrarias é o “grande prêmio” entre os escritores. Entre os pretendentes a escritores e os poucos que fazem parte do catálogo de uma editora, há um cruel processo de triagem que nem de longe contempla o valor artístico ou o mérito literário de um trabalho. Às vezes, a editora simplesmente já está com o projeto de lançamentos daquele ano fechado. Ou já vai publicar uma obra muito parecida. Não teve tempo de ler tudo que lhe enviaram. As razões são infinitas.Os autores não podem esquecer que as editoras e livrarias são empresas como outras quaisquer e o objetivo principal do mercado editorial é vender livros, gerar lucro. Por isso, pouco importa o valor literário de uma obra, se ela não apresentar perspectivas de lucro. Sendo assim, se você consegue um contrato de publicação é porque alguém dentro de uma editora considerou seu livro vendável, nada mais do que isso. Também é muito improvável que publicações de renome, como jornais ou revistas, dediquem alguma atenção a autores não publicados. E não podemos nos esquecer dos grandes prêmios literários, que geralmente são concedidos aos melhores livros do ano, ou a autores com algum tempo de estrada e que já possuem vasto currículo literário. Isso nos leva a concluir que apenas após passar no quesito vendável um livro pode ser considerado literário. De fato, o principal fator na hora da decisão pela publicação independente é o quanto você está disposto a esperar para ser publicado sem gastos. Publicar de forma independente pode ser um caminho para ser visto e, assim, despertar o interesse de alguma editora. Caso opte por isso, através da impressão digital e de um bom planejamento, é quase

impossível que o autor tenha prejuízo. No entanto, o autor precisará utilizar todos os meios possíveis para conseguir leitores e poder garantir uma tiragem maior. Isso pode ser conquistado de diversas maneiras. O autor pode vender seu livro em eventos, de porta em porta, utilizar a internet; expor seus textos em muitos sites, criar o seu próprio blog, tudo para entrar em contato com novos possíveis leitores. Muitos que começaram por conta própria já passaram pelas listas do mais vendidos de seus países. Na produção independente é preciso brigar por espaço na mídia, nos blogs e, principalmente, nas livrarias. É quase impossível para um autor independente ter uma distribuição que seja de fato eficaz. Caberá ao autor fazer contato com as livrarias, com feiras que ofereçam espaço para autores independentes, palestras que divulguem seu trabalho, contatos com escritores, participação em eventos, etc. Por certo, a publicação independente é uma excelente maneira de se chamar a atenção do mercado editorial. Se um autor consegue destaque, vendendo mil, dois mil exemplares de um livro de maneira autônoma (lamentavelmente, no Brasil isso já seria um feito extraordinário) ele certamente será percebido de maneira diferente pelos editores. Isso porque, mesmo para as grandes casas editoriais, não é tão simples assim vender essa quantidade de livros com tão pouco investimento. Logo, tal feito também demonstrará às editoras que aquele autor ou aquele livro tem uma boa aceitação do público, isto é, causa a propaganda boca a boca, algo essencial em termos editoriais.Mas isso tudo só se consegue depois de um árduo trabalho de divulgação. Portanto, se você é um autor muito tímido, ou não tem garra, esse processo pode ser um pouco mais complicado para você.

Hermes Lourenço é médico e autor de “Faces de um anjo”, “O enigma do fogo sagrado” e “A conspiração vermelha”. Elaine Velasco é professora de matemática e física e autora da série “Limiar”.

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Conheça aqui quem ajudou a fazer a sua revista esse mês. Quer escrever para a BL? Mande um e-mail para: revistabrasilliterando@gmail.com

Colaboradores Allan Cutrim Se dedica atualmente a escrever seus livros da trilogia “Jornada Mortal”. Leitor compulsivo. Perfil

Ana lyoko A. C. Lyoko é atualmente estudante de letras na UNIFESP. Escreve, desenha, lê e gosta um pouco de (quase) tudo. Perfil

Elaine Velasco Escritora e professora de matemática e química. Lançou seu primeiro livro Limiar - Entre o Céu e o Inferno, pela editora Dracaena. Lançará em 2013 o segundo livro da série pela editora Literata. Perfil / Blog

Jéssica Anitelli Jéssica Anitelli é autora da série sobre vampiros O Punhal. No final do ano terá seu primeiro romance erótico, Volúpia, publicado pela editora Literata. Perfil Blog

Josy Tortaro

Autora da Saga Os Quatro Elementos, teve seus livros Marcada a fogo e Filho da Terra lançados pela Editora Literata. Perfil / Blog

Larissa Sposito Estudante e blogueira administradora do Abra a porta da imaginação, além de entusiasta fervorosa do mercado nacional de livros. Perfil / Blog

Elton Moraes É administrador do canal Ow TaLigado no YouTube, e autor da série “Crônicas de Onyx” (ainda não publicada)”. Perfil / Blog

Hermes Hermes Lourenço é médico e autor de “Faces de um anjo”, “O enigma do fogo sagrado” e “A conspiração vermelha”. Perfil / Site

Lívia Lorena Autora do Livro Redenção. Formada em propaganda e marketing. Está concluindo a série e pensando em outros romances. Perfil / Blog

LYCIA BARROS Escritora desde que lançou seu primeiro romance em 2010, paixão essa herdada desde que a cursou Letras na UFRJ. Administradora do canal do Youtube PAPO LITERÁRIO. Autora de 6 romances de sucesso, entre eles :UMA HERANÇA DE AMOR Perfil / Blog

Lucas Borges É escritor, estudante de Jornalismo, reside emMacaé-RJ, e tem 18 anos. Autor do livro Primeiro, Único & Eterno Perfil / Blog

Pamela moreno

Blogueira, professora e estusiasta da literatura nacional. Dona do blog O Diário do leitor. Perfil / Blog

Thalles Marques

Blogueiro/escritor/estudante de jornalismo, ainda sem nenhum livro publicado. Administra e faz resenhas para o blog Our Cup of Tea. Perfil / Blog

Vitor Emmanuell Vitor Emmanuell é escritor, autor do romance O Segundo das Rosas. Perfil / Blog



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