Revista março2017 (7)

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Mar / Mai 2017 Ano VI • n°21 R$ 10

RONCO

Os riscos do sono ruim

TRABALHO

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Com que roupa eu vou?

TERRA DE GIGANTES Os vestígios dos dinossauros no Brasil

Beleza facial Os avanços da Odontologia em tratamentos estéticos que estão atraindo homens e mulheres às clínicas especializadas

Onde estão e quais são as maiores estátuas do Brasil M a r / Me a i do 2017 mundo


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CARTA AO LEITOR

Feliz Luiz Ninguém

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O capitalismo é a administração da escassez e do excesso. Buscar o equilíbrio entre demanda e oferta é o dilema da máquina capitalista. A equalização inibe o lucro. Uma sociedade menos consumista – e ideal – implodiria o sistema. Neste sentido, minha geração perdeu a batalha do comportamento. Pode parecer um mea-culpa boboca, mas o mundo era pra ser mais eficiente se “nós” tivéssemos mesmo tomado o poder como em algum momento “nós” imaginamos que seria inevitável. A revolução planetária: Paz e Amor no Poder. Mas, “nós” era só uma minoria de sonhadores, e a reação foi implacável. Os apóstolos genuínos começaram a ser dizimados, o amor livre deu lugar à Aids e aos ícones sexuais, disseminou-se a cocaína e a anfetamina, o capital expandiu-se para financiar o consumo. Bye bye socialismo utópico que misturava John Lennon com Che Guevara (como se isso fosse possível, imagine!). E se no amor não fomos bem, na paz, então, pior ainda. Basta surfar pela internet. Armas e drogas são os maiores negócios do mundo. Isso sem falar na pornografia. Um dos países mais avançados do globo, a Alemanha, se vangloria dos grandes bordéis freqüentados diariamente por um milhão de insaciáveis homens bem-sucedidos... e desgraçadamente infelizes. A gente imaginava um futuro de portas abertas, muita música e tempo para sonhar, sem ânsias de consumo, sem ter o que roubar e muito a dividir. Deu no que deu. Está tudo “virado”. Falta calor humano. As pedras já não gemem quando eu piso nas calçadas, nem o vento me vem sussurrar delírios. Mas, enfim, creio ser ainda, ao menos, um resistente. Que não pirou, não morreu, não se matou ou não matou. Não ser ninguém e não ter nada além de minhas convicções, atitudes e família são meus sólidos patrimônios. O que não existe, não pode ser destruído, afinal de contas.

DIRETOR E EDITOR-CHEFE Luiz Carlos Kadyll Registro Profissional - JP 00141/MG (31) 98586-7815 / 3824-4620 REPORTAGENS Luiz Carlos Kadyll kadyll.revistaatitude@gmail.com FOTOGRAFIAS Luiz Carlos Kadyll Moisés P. Sena Levi Bianco Cristina Horta FOTO DE CAPA Lua Mídia MAQUIAGEM Gustavo Samora DIAGRAMAÇÃO E ARTE FINAL Fábio Heringer ASSISTENTE DE ARTE Ellen Villefer de Carvalho Almeida ellen.revistaatitude@gmail.com DIRETORA COMERCIAL Edileide Ferreira de Carvalho Almeida edileide.revistaatitude@gmail.com (31) 98732-8287 COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Welisson Souza Dr. Mário Márcio da Paz Monteiro Júnior Júnia Kobeisse ENDEREÇO POSTAL R. Bororós, 125 - Jardim Panorama Ipatinga - Minas Gerais CEP: 35.162-034 PARA ANUNCIAR: (31) 98732.8287 - 3824.4620

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LUIZ CARLOS KADYLL Editor-chefe

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SUMÁRIO

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PARQUE DOS DINOSSAUROS Nossos repórteres percorrem, no Ceará, um dos mais importantes sítios paleontológicos do mundo, onde os fósseis brotam literalmente do solo.

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MÚSICA SOCIALIZANTE O encantador projeto que eleva a auto-estima e amplia os horizontes de centenas de adolescentes matriculados em escolas públicas.

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ESTÉTICA OROFACIAL As aplicações e cirurgias que estão atraindo muitos homens e mulheres às clínicas de Odontologia com profissionais capacitados.

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CULTO AOS ÍDOLOS As maiores estátuas do Brasil e do mundo e quais são as figuras que elas reverenciam.

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A MENSAGEM DA EMBALAGEM Pare pra pensar: a roupa que está usando pode ser capaz de sugerir o que você é realmente por dentro?

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Conquistamos a certificação máxima da ANS para você! A número 1 em qualidade certificada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar.

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COM 80% DO solo tomado por calcário, Santana do Cariri é visitada por cientistas de todo o mundo

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GIGANTES DO PASSADO

Parque dos dinossauros No extremo sul do Ceará, um impressionante sítio paleontológico classificado entre os mais importantes do mundo comprova a existência de grandes animais pré-históricos

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Você também é daqueles que não acreditam em dinossauros? Pois sua opinião a respeito do assunto, com certeza, mudará radicalmente ao pisar em uma cidade no extremo sul do Ceará - aliás, mais conhecida no exterior que no próprio Brasil. Em Santana do Cariri, divisa com as pernambucanas Bodocó e Exu, fósseis de vegetais, assim como de insetos, peixes e outros seres vivos pré-históricos brotam literalmente do solo. Estruturas ósseas de grandes répteis que dominaram a Terra na Era Mesozóica – de 250 a 65 milhões de anos atrás – também são ocorrências paleontológicas registradas no município, e as provas sólidas à disposição do público fascinam a todos, desde experimentados cientistas aos mais céticos visitantes. Se a música de Sá e Guarabyra apregoa que “o sertão vai virar mar” (numa alusão à construção, na década de 70, da hidrelétrica que produziu com ajuda do São Francisco o maior lago artificial do mundo, removendo de suas áreas originais as populações baianas de Remanso, Casa Nova, Sento Sé, Pilão Arcado e Sobradinho), o entendimento dos estudiosos é que, numa época distante, o mar virou sertão em boa parte do território cearense. Em Santana do Cariri, como em Nova Olinda, a 22 km, uma pedra bastante rara que ocorre exclusivamente na região é extraída de rochedos para uso em pisos e revestimentos de parede. A economia local subsiste basicamente dessa indústria, já que o material é inclusive exportado. Mas diante da desinformação (e também necessidade financeira) de muitos nativos, junto com as lajes foram vendidos inadvertidamente inúmeros achados preciosos, hoje espalhados por museus da Europa, Canadá e Estados Unidos. 13

CÉLIO DA SILVA desenterrou uma crista de dinossauro medindo cerca de 2,20 metros

OS LAJEDOS de onde são retirados os blocos de pedra para pavimentação

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PEIXES FOSSILIZADOS são encontrados em abundância, especialmente no chamado Lajão da Piaba. O museu local está cheio deles.

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CRISTA DE DINOSSAURO Célio da Silva, 34 anos, atualmente mototaxista em Nova Olinda, trabalhou na extração de blocos de laje em Santana por vários anos. Ele conta que, inicialmente sem perceber do que se tratava, encontrou uma crista de dinossauro medindo cerca de 2,20 m, que acabou vendendo por R$ 1 mil para ajudar a sustentar a família. “Era um bocado de ossos com couro, tipo escama, um couro escamoso. Mais de dois metros para um lado e dois para outro, em forma de ‘V’, compondo uma crista. Estava dentro do calcário. Quando me disseram o que era, fiquei muito feliz e impressionado, porque eu mesmo não acreditava em dinossauros. Agora estou certo de que eles sempre existiram”, relata. Ainda conforme Célio, os achados de maior dimensão são mais raros. “Mas em praticamente toda calçada onde a pedra é usada pode-se observar peixes e insetos fossilizados. Quase todo o pessoal que trabalha em mina tem

uma história de achados. Coisas de valor ou sem valor algum. Tem um lugar aqui que é chamado de Lajão da Piaba”, explica, para acrescentar em seguida que também há relatos de pessoas que encontraram estruturas de tartarugas, crocodilos e tubarões. Os fósseis são encontrados em várias camadas da pedra, cujos blocos, diferentemente do granito, são serrados no sentido vertical. Na base da talhadeira e do martelo, um bloco pode ser aberto em até seis camadas com espessura de 2,5 a 1,5 cm. Diante da possibilidade concreta de se deparar com fósseis valiosos, muitas pessoas se deslocam para Santana do Cariri exclusivamente para explorar as jazidas, inclusive escolas. Quando os achados paleontológicos são identificados, os locais são reservados para estudos. Atualmente, a venda também é proibida e fiscalizada pela Polícia Federal. Um museu foi inaugurado no município para frear a evasão dos fósseis para o exterior.

A CHAPADA DO ARARIPE e seu impressionante paredão que teria sido esculpido pelas águas


GIGANTES DO PASSADO MONTEIRO JÚNIOR; “Aqui você praticamente tropeça em fósseis. Em todo lugar que você escavar vai encontrar um”

Extinção dos grandes predadores Chamado a opinar sobre a importância das descobertas nas fartas rochas da região, e de que maneira isso pode representar uma contribuição à investigação da ancestralidade das espécies, o programador, web designer e artista plástico Monteiro Júnior, 36 anos, estudante de Sistemas de Informação no Instituto Federal do Ceará, em Crato, diz: “Toda essa região um dia foi mar. Isso fica ainda mais evidente na observação da Chapada do Araripe, uma parte mais elevada que compõe um imenso paredão com erosões entalhadas pela força da água. Aqui temos também a chamada Ponte de Pedra, uma formação rochosa impressionante, teoricamente vazada pela impetuosidade das águas. Há muitas estruturas que sinalizam para este fenômeno. O entendimento é que o local seria um grande mar e, à medida que as águas foram baixando, a salinidade formou ali o calcário, onde se depositaram os organismos hoje encontrados”. Boa parte dos fósseis catalogados em Santana e Nova Olinda, observa Monteiro, são do período Cretáceo, compreendido entre 145 milhões e 100,5 milhões de anos, que

sucede o período Jurássico. Durante o Cretáceo, os dinossauros alcançam seu ápice na escala evolutiva (mais da metade das espécies conhecidas viveram nesta época), mas ao fim do período ocorreu a extinção em massa desses grandes répteis e de diversas espécies de animais da Terra (cerca de 60% deles foram extintos). A teoria mais aceita é a de que a queda de um meteoro de grandes proporções (maior que o Monte Everest do Nepal, a montanha mais alta da Terra, com 8.848 metros) na Península de Yucatán, no México, gerou destruição em massa. Em função do impacto, a atmosfera entrou em combustão até algumas centenas de quilômetros do locwal (a explosão foi equivalente à de milhares de bombas atômicas), formaram-se maremotos e tsunamis na região diametralmente oposta. Das ondas de choque resultantes irrompeu um longo período de grande atividade vulcânica, que culminou no escurecimento da atmosfera e inviabilização da fotossíntese. Isso levou ao desaparecimento dos grandes herbívoros e, por consequência, dos grandes predadores. A PONTE DE pedra: na placa, a recomendação preservacionista para que no máximo duas pessoas a atravessem ao mesmo tempo

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Dinossauro de 6 metros de comprimento

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Entre os maiores tesouros paleontológicos de Santana do Cariri, cidade de 131 anos e atualmente com 17.181 habitantes, está o material fossilizado do Angaturama Limai, um dinossauro de porte médio, com 3 a 4 metros de altura e 6 a 7 metros de comprimento, pesando mais de meia tonelada. Angaturama é “espírito protetor” em tupi (língua falada pelos índios Kariris ou Tapuias, que habitaram a região) e Limai uma homenagem ao falecido pesquisador Murilo Rodolfo de Lima. Foram encontradas partes do crânio e do fêmur do animal, hoje expostas à visitação pública em museus do Rio de Janeiro, Inglaterra e Alemanha. Ele caracteriza-se pelo focinho longo, patas posteriores impressionantemente bem desenvolvidas - que são comuns na família - e por ter as narinas bem à frente dos olhos e uma protuberância, crista, na frente da cabeça, assim como nas aves. Provavelmente se alimentava de peixes. Seus fósseis escassos impossibilitam uma medição exata de seu tamanho e peso. Mas a maior descoberta local, de 1996, é o esqueleto completo de um Santanaraptor Placidus, ainda com tecidos moles, coloração do osso e vasos sanguíneos preservados. A designação da espécie foi uma homenagem ao filósofo, professor e fundador do Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, reitor da Universidade Regional do Cariri, Plácido Cidade Nuvens. O espécime, juvenil, media 1,6 m. Foram encontradas três vértebras caudais, ísquio, tíbia, fêmur, fí-

O ESPÉCIME JUVENIL do Santanaraptor media 1,6 m, sendo considerado um dos mais importantes achados paleontológicos em todo o mundo por causa do estado de preservação

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bula e até fibras musculares, conservando sua estrutura tridimensional. Calcula-se que o Santanaraptor adulto pudesse alcançar 2,5 metros. O museu de Santana do Cariri – onde o calcário predomina em praticamente 80% do solo – é o terceiro maior do mundo em seu gênero, competindo com outros nos EUA e Canadá. Até que ele fosse fundado, muita gente comercializou fósseis a preço de banana, por inocência. Pessoas mais esclarecidas enricaram e alguns venderam seus achados simplesmente porque não tinham outra alternativa para sustentar a família. A pedra Cariri, também chamada de calcário laminado e retirada dos lajedos e talhados, é amplamente usada em pavimentações. Somente em Minas Gerais existe uma variação dela, um pouco mais escura. A acumulação de água e suas partículas de Oxigênio ajudam a preservar os fósseis, localizados em todas as camadas quando é feita a divisão em lâminas. Conforme a Ciência, no Período Jurássico (de 205 a 142 milhões de anos atrás e que antecedeu o Cretáceo, em que ocorreu a extinção dos dinossauros), o nível do mar se eleva invadindo os continentes. Devido a esse fenômeno é que são formados os mares intracontinentais. A “Era dos Dinossauros” é marcada pela predominância destes répteis tanto na água quanto no ar e na terra.


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CONSTRUÇÃO NO SANGUE

O império Odebrecht Família originária da Prússia fincou raízes no Brasil no século XIX, no auge da imigração germânica Com 73 anos de existência completados em 2017 e presente em 24 países distribuídos por todo o continente americano, África, Europa e Oriente Médio, a Organização Odebrecht, atualmente no olho do furacão da Operação Lava-Jato, reuniu em seu auge nada menos que 128 mil funcionários (61% brasileiros e 39% de outras 69 nacionalidades). Numa comparação mais grosseira, é como se a população inteira de Cubatão-SP ou de São Mateus-ES estivesse empregada no grupo. O número é também maior que o recorde de público do grandioso estádio Santiago Bernabéu, na Espanha, que ultrapassou os 120 mil torcedores numa partida entre Real Madrid e Fiorentina, em 1957, apesar da capacidade ser de pouco mais de 85 mil pessoas. A Organização Odebrecht foi fundada pelo engenheiro recifense-pernambucano Norberto Odebrecht no ano de 1944, em Salvador-BA. Contudo, a tradição do sobrenome em obras de vulto é muitíssimo mais antiga. O primeiro Odebrecht a chegar ao Brasil foi Emil Odebrecht, cujos ancestrais eram influentes pastores, médicos e juristas. Engenheiro nascido em Jacobshagen (hoje Dobrzany – Polônia) e formado pela Universidade de Greifswald, na Pomerânia, Mar / Mai 2017

Prússia (o reino que deu origem ao império alemão), ele veio para o Vale do Itajaí, em Santa Catarina, em 1856, no auge da imigração germânica. Ali se tornou uma das mais importantes figuras da história regional, ao lado do Dr. Blumenau – que, aliás, incentivou-o a retornar ao país de origem para completar os estudos, por certo período, de forma a aproveitá-lo numa série de empreendimentos. Logo após, Emil participou ativamente da demarcação de terras, de levantamentos topográficos e da construção de estradas no sul do País. O chefe do clã Odebrecht no país, que se naturalizou em 1859, teve 15 filhos com a também alemã Bertha Bichels, mas dois deles morreram ainda bebês. Emílio Odebrecht (1894-1962), o mais velho dos 77 netos de Emil e pai de Norberto, foi pioneiro no uso do concreto armado no Brasil. Porém, retirou-se dos negócios desgostoso, por ocasião do início da Segunda Guerra Mundial, quando os materiais de construção, vindos da Europa, tornaram-se caros e escassos, deflagrando uma crise no setor. Norberto, que morreu aos 93 anos, em 2014, é que deu sequência às atividades e instalou o império hoje conhecido.


Contando bisnetos, tri, tetra e pentanetos, que viveram ou vivem atualmente no Brasil, Alemanha, Estados Unidos, Suíça, França, Áustria, Dinamarca, Suécia, Canadá, Portugal, Itália, Chile, Irlanda, Espanha e Nova Zelândia, o primeiro casal de Odebrecht que aportou no país soma 1.350 descendentes. Entre muitos outros investimentos, em 1986 a Odebrecht incorporou a Tenenge, empresa especializada em montagem industrial com participação em mais de um terço do parque hidrelétrico do Brasil. No ano de 1991, tornou-se a primeira empresa brasileira a realizar uma obra pública nos Estados Unidos e, na Inglaterra, adquiriu uma companhia especializada na construção de plataformas de petróleo. Foi também nesta ocasião que Norberto Odebrecht transferiu a presidência a seu filho, outro Emílio Odebrecht, pai de Marcelo, presidente desde 2009 e preso em 2016 pela Lava-jato. De acordo com a principal revista de engenharia do mundo, a norte-americana ENR (Engineering News Records), desde 1991 a Odebrecht é a maior empresa na construção de usinas hidrelétricas e aquedutos, a maior construtora da América Latina e uma das 30 maiores exportadoras de serviços do planeta. ACORDO DE US$ 2,5 BI Emílio Odebrecht, 72 anos, patriarca da empreiteira que leva seu sobrenome, irá cumprir quatro anos de prisão domiciliar, decorrente de acordo de delação premiada assinado no âmbito da Operação Lava Jato. Contudo, a pena não é imediata. Começa a vigorar só depois de um ano, tempo em que funciona como uma espécie de “fiador” dos acordos celebrados. Serão os dois primeiros anos em prisão domiciliar no regime semiaberto, quando poderá trabalhar durante o dia e deverá permanecer em casa durante a noite. Os dois anos restantes da pena serão cumpridos em regime aberto, quando ele deverá estar em casa nos finais de semana. Emílio usará tornozeleira eletrônica nesse período. Quanto a Marcelo Odebrecht, continua preso em Curitiba e só sairá da cadeia no final de 2017. Após isso cumprirá cinco anos de prisão domiciliar usando tornozeleira eletrônica – metade será em regime fechado, sem direito a sair de casa e a outra parte em regime semiaberto, onde é permitido que ele saia para trabalhar durante o dia e volte para casa à noite. A Odebrecht assinou o maior acordo de leniência já feito no mundo, em que propôs pagar uma multa de 2,5 bilhões de dólares – cerca de 8,4 bilhões de reais –, dividida em 23 parcelas.

SÃO MATEUS, no Espírito Santo: o número de funcionários da Odebrecht é superior à população da cidade

19 EMIL ODEBRECHT veio em 1856 para o Vale do Itajaí

MARCELO e o pai Emílio: a Organização Odebrecht foi eleita em 2010 a Melhor Empresa Familiar do Mundo pelo International Institute for Management Development (IMD), da Suíça

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E.M. CANTAR

Um som de muitos sonhos Mar / Mai 2017


Projeto musical em escolas da rede pública eleva padrões de sociabilidade e amplia horizontes profissionais para adolescentes O ditado “quem canta, seus males espanta” é antiqüíssimo. Há quem diga que sua origem possa estar associada à tradição judaica que faz menção ao socorro providencial do jovem Davi ao rei que o precedeu, Saul, em cerca de 1.000 anos antes de Cristo. Segundo a história, que ficou registrada nas páginas do Antigo Testamento bíblico, cada vez que um espírito maligno se apossava do primeiro monarca de Israel, o ainda adolescente filho de Jessé, da cidade de Belém - que mais tarde faria cair por terra o gigante filisteu Golias -, afugentava-o com seus formidáveis dotes musicais, entoando canções em sua harpa. Bem, mas a verdade é que, mais de 3.000 anos depois, esta máxima difundida geração após geração continua irrevogável, especialmente quando se fala de música de boa qualidade. Essa mesma proposta libertária é a que fundamenta um projeto executado nos últimos cinco anos em Ipatinga e que recebeu o nome de E.M. Cantar. Por meio dele, centenas de adolescentes em situação de fragilidade econômica e social, alunos de escolas municipais da cidade, têm-se tornado reconhecidos músicos, alguns deles inclusive sobrevivendo da arte no desabrochar da juventude. Apresentações em casamentos, cantatas, monitorias em igrejas, participação em orquestras - as oportunidades se ampliam quanto mais virtuosos os estudantes se mostram.

A ORQUESTRA de adolescentes faz jus ao nome, encantando os ouvintes com suas apresentações


DE ALUNOS A PROFESSORES Um dos melhores exemplos da fertilidade do projeto é Wanderson Franco de Sá, maestro e atual coordenador de música de toda a rede municipal de ensino. Ex-aluno da escola Tenente Oswaldo Machado (TOM), embrionária do E.M. Cantar, hoje sua atuação didática abrange alunos desde a infância, passando pelo Ensino Fundamental até a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Outro caso digno de registro, entre tantos, é o da própria coordenadora do E.M. Cantar e também professora de musicalização infantil e piano, Júnia Kobeisse. Especialista em educação pela FaE/UFMG e professora de Ciências da rede municipal desde 1995, ela começou a estudar piano em 2003, quando conheceu o violinista Vanderlei Júnior. Ali os dois se apaixonaram não apenas pela arte e acabaram se casando. Aprovado em concurso, ele integra há nove anos a Orquestra Sinfônica da Polícia Militar, em Belo Horizonte. “O E.M. Cantar vai além do simples ensino da música. Aqui os alunos aprendem sobre convivência, amor ao próximo e que um futuro melhor é alcançado com esforço e dedicação”, diz Thaís Oliveira Constâncio, professora de violino no projeto desde 2014. Neste mesmo ano, após conquistarem o 1º Festival de Música e Dança de Ipatinga, os alunos da Escola Mu-

nicipal Márcio Andrade Guerra, no bairro Veneza ((que já eram orientados em um grupo de percussão liderado pelo monitor Ivair Siqueira da Silva e um grupo de flauta doce sob a direção do professor Rafael Nogueira de Almeida) passaram a conviver com um mundo que para a maioria deles sempre pareceu inatingível. De repente, estavam viajando de avião e hospedando-se em hotel 5 estrelas na capital federal. Isso, durante uma semana inteira. Três vezes ao dia, deveriam se apresentar no Encontro Nacional de Prefeitos. A notícia da honra e do conforto alastrou como rastilho de pólvora, capitalizando muitos novos adeptos para a preparação musical. MAIS DE MIL VAGAS Contudo, surpreendentemente, a oferta do E.M. Cantar ainda é muito superior à procura. O projeto atende com 80 vagas cada uma das 18 escolas pertencentes a cinco regionais, o que significa um total de 1.200 vagas disponíveis para estudantes com idades entre nove e 14 anos. E o número de praticantes, atualmente, não passa de 700. Persistência, fé, certo nível de autoconfiança, estas parecem ser virtudes que não se encaixam exatamente em todos os perfis. Daí a ociosidade verificada em alguns dos turnos do ensino.

22 O MAESTRO Wanderson Franco de Sá, coordenador de música da rede municipal de ensino, e a professora Júnia Kobeisse

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E.M. CANTAR

ALICE Mendes e Júlia Rosa, de 13 anos, recebendo aulas de violino. A primeira ainda aprende saxofone e a segunda, clarinete

JARDEL Felipe, de 15 anos, e Israel Aguiar e Wanessa Silva, ambos de 14, exercitando-se com violas de arco e violoncello. A garota ainda aprende clarinete e os rapazes trombone e sax tenor, respectivamente

Regidos na “orquestra da vida” No primeiro ano, os alunos do E.M. Cantar começam a se exercitar nas próprias escolas. A flauta doce é o instrumento pedagógico. As orientações partem da teoria musical, seguindo-se o solfejo (cantar a partitura) e o ditado (ouvir a música e ser capaz de escrever a partitura). No segundo ano os candidatos a músicos já estão se preparando para entrar na orquestra de cordas, integrada por 20 pessoas, ou na banda de sopro formada por 30 alunos mais desenvolvidos do projeto, um privilégio reservado apenas aos que estão no 3º e no 4º ano. O aprendizado de instrumentos é vasto: Cordas - violão, violino, viola de arco, violoncello e piano; Metais/Madeira - flauta, clarinete, requinta, sax alto, sax tenor, trompete, trombone, bombardino e tuba; mais a percussão em geral.

TORNANDO-SE CAPAZES Esposa de um motorista de caminhão e mãe de uma das alunas do E.M. Cantar, a funcionária pública Adriana Oliveira de Souza Neves traduz de forma poética e emocionante o que o projeto tem representado para as famílias: “Nossa renda é baixa, temos três filhas, moramos de aluguel. Ou seja, jamais teríamos condições de financiar, ao menos para uma delas, tudo que o projeto oferece gratuitamente. É lindo ver essas moças e rapazes sendo encorajados a acreditar mais em si mesmos, ir além das limitações próprias da vida difícil que muitas vezes levam. O que lhes está sendo ensinado é muito mais que notas musicais. O projeto segue preparando e regendo os nossos filhos na orquestra da vida”, conclui.

A FUNCIONÁRIA pública Adriana Oliveira de Souza Neves e a filha Gabriella: além das limitações

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Sonhos que se materializam “Muitas vezes pensei em desistir, pois tinha muita dificuldade. Mas hoje já faço parte da banda da escola e isso me deixa muito realizada. Estudo violoncello e clarinete, já pude me apresentar em público e adorei a experiência”. Wanessa da Silva Morais (14 anos)

“O projeto me deu a oportunidade de desenvolver meus dons e já contribuo como monitor de violão, além de tocar violino e trompete. Criamos um grupo de amigos, ensaiamos, viajamos e fazemos apresentações juntos”. Arthur Fernandes (15 anos)

“Quando anunciaram que iria começar um projeto de música na minha escola eu não me interessei. Mas ao ver meus amigos aprendendo e tocando instrumentos, quis participar também. Hoje, minha visão mudou. Já sonho em entrar para a Banda da Polícia Militar”. Rhantony Farley (14 anos)

“Aprendi a ter fé para realizar meus sonhos, valorizar meus pais, a escola, ter responsabilidade, ser educada com as pessoas, fazer amigos. Nunca imaginei que um dia poderia estar aprendendo a tocar flauta doce, violão, clarinete e sax alto, muito menos conhecer lugares em que já pude estar”. Gabriella Oliveira Neves (13 anos)

“Na verdade, entrei no projeto porque não tinha nada para fazer. Mas em pouco tempo descobri coisas muito interessantes. Hoje, além das aulas de teoria aprendo violino e trompete. Estou vendo a vida de outra maneira”. Bárbara Maya (14 anos) 24

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OS JOVENS se inscrevem para o aprendizado musical em quase duas dezenas de escolas municipais


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SAÚDE INTEGRAL DRA. SANDRA, diretora da clínica Reabilitar Odontologia e Terapia do Sono: “O nosso trabalho está sempre ligado à qualidade de vida. Quem dorme mal, consequentemente vive mal

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Boca para sorrir... e também dormir Se vivesse no século 21, o grande filósofo Voltaire (1694-1778) certamente seria obrigado a reformular a frase: “O homem morre como nasce: sem cabelo, sem dentes e sem ilusões”. Graças ao enorme desenvolvimento da ciência e da tecnologia, que possibilitou conquistas valiosas em técnicas e equipamentos, nos últimos tempos o conhecimento humano tem passado por profundas transformações, a ponto até mesmo de viabilizar a reconstituição da arcada dentária. Contudo, embora tenha gerado incontáveis benefícios no diagnóstico e tratamento de diversas doenças, esse turbilhão de avanços também trouxe a reboque um viés preocupante: a dificuldade, muitas vezes, de compreender, acolher e cuidar do ser humano como um todo. É nesse contexto que se sobressai, no Vale do Aço, a abrangente conduta terapêutica da clínica odontológica Reabilitar, que oferece tratamento na área de distúrbios do sono, com respostas para problemas graves como a apneia obstrutiva, o ronco e o bruxismo. Sob a direção da Drª Sandra Lúcia Rodrigues e dotada ainda de uma eclética equipe de cirurgiões-dentistas especializada em múltiplos segmentos, a sensibilidade da Reabilitar para lidar com os pacientes é algo que a distingue de forma notável. “Nossa proposta – revela a Drª Sandra – é proporcionar ao paciente não apenas a saúde bucal, mas o bem-estar na sua integralidade”. Nesse sentido, a abordagem da dentição é trabalhada de modo interdisciplinar, não se limitando a eliminar os sintomas locais. “Se um dente quebra de forma recorrente e isto obriga você a voltar ao consultório, mesmo assistido por um profissional de excelência, geralmente significa que estamos enxugando gelo, combatendo consequências, e as causas continuam camufladas. Então, por uma questão prática e também econômica, é preciso pesquisar e identificar as razões que levam à repetição dos procedimentos”, explica. Mar / Mai 2017

Clínica Reabilitar revoluciona atendimento odontológico, agregando avaliações e respostas para distúrbios do sono aos procedimentos estéticos e curativos


29 A CIRURGIÃ-DENTISTA revela que a odontologia alcançou um estágio tão avançado, hoje, que o paciente já pode ter através de software uma projeção de como seu rosto ficará após as intervenções

APNEIA, RONCO E BRUXISMO Assim é que entram em questão, também, os distúrbios do sono, que não apenas afetam grandemente a estrutura dos dentes. A apneia obstrutiva do sono diminui a qualidade de vida e sua consequência mais grave pode ser Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Alguns estudos apontam para o risco aumentado destas doenças em portadores de SAHO (Síndrome da Apnéia/Hipopnéia Obstrutiva do Sono). “Às vezes se diz com simplicidade que ‘a pessoa morreu dormindo, tranquila’, quando na verdade ela teve uma apneia grave”, afirma a diretora da Reabilitar, que há dez anos atua como parceira de médicos nessa área e se diz fascinada com os resultados. “O nosso trabalho está sempre ligado à qualidade de vida. Quem dorme mal, consequentemente vive mal, porque o organismo não repousou e vai funcionar mal durante o dia”, adverte, lembrando que o diagnóstico é feito nos exames de polissonografia. Em clínicas do sono ou no próprio domicílio, o paciente dorme uma noite e é monitorado em vários aspectos. “Nesse espaço de tempo, é possível saber em que estágio do sono a pessoa dormiu mal, quantas apneias ela teve durante a noite, o quanto ela roncou e a presença de bruxismo, o quanto isto interferiu na oxigena-

ção que ela recebe, a ponto até mesmo de colocá-la em risco de vida. Diz-se que o ronco é comum, e isso é fato. Mas, normal, não é. Quando você ronca significa que você teve uma interrupção do fluxo respiratório”, detalha a Drª Sandra. Conforme o distúrbio verificado na polissonografia, o paciente é direcionado ao tratamento individualizado, que pode ser o uso de Cepap, cirurgias e aparelho intraoral indicados pelo médico. Nesse caso, a Reabilitar oferece acompanhamento e conta com parceria de uma equipe multidisciplinar. Na Reabilitar, o dentista é parceiro do médico do sono. Aos pacientes que vão diretamente à clínica odontológica é solicitado o exame de polissonografia. Depois são direcionados ao médico do sono. Outros chegam até ela encaminhados pelo médico, com indicação para uso de aparelho intraoral de avanço mandibular. O Cepap ou outra terapêutica que pode ser inclusive cirúrgica visam à desobstrução das vias aéreas. “Lembrando que o Cepap é o padrão ouro para tratamento de apneia grave, e hoje é extremamente moderno, muito desenvolvido. Com ele, nós temos um paciente que dorme de uma forma muito confortável e acorda bem, embora as pesquisas mostrem que o aparelho intraoral de avanço mandibular apresenta uma melhor adesão”, garante Sandra.

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OUTROS TRATAMENTOS Ainda dentro da visão de tratar o paciente em sua integralidade, atacando causas e não apenas consequências, a Reabilitar Odontologia e Terapia do Sono privilegia os exames complementares como radiografias e tomografias computadorizadas, “que são fundamentais quando estamos tratando de implantes, por exemplo”, destaca a diretora. A Drª Sandra Lúcia Rodrigues observa que “com tantos recursos à disposição, as intervenções para retardar o envelhecimento, assegurar longevidade, trabalhar a estética e a harmonia do rosto são absolutamente legítimas e os resultados muito interessantes”. No entanto, seja o clareamento, a reabilitação com porcelana, a aplicação de lentes de contato

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SERVIÇO:

REABILITAR ODONTOLOGIA E TERAPIA DO SONO Drª Sandra Lúcia Rodrigues Atendimento de 8 às 12h e 14h às 19h, sob agendamento NOVO ESPAÇO / NOVO ENDEREÇO Rua Vinhático, 15 - Horto Office Horto – Ipatinga (31) 98770-0832 (31) 99398-0676 (31) 3824-8946

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nos dentes, prótese sobre implante, tudo precisa ser avaliado convenientemente pelo profissional habilitado, dentro de um conceito de valorização da harmonia e, sobretudo, da devolução de ampla dignidade ao paciente. “Alcançamos um estágio tão avançado da odontologia, hoje, que já dispomos de um programa que proporciona ao paciente um verdadeiro test drive, de modo que possa se ver numa projeção como ele estará, como será o seu sorriso, após uma reabilitação oral. Assim, no momento da execução, temos como eleger os melhores recursos para o êxito do tratamento, tendo como ponto de partida a queixa principal do paciente, avaliada por uma anamnese detalhada e exames complementares”, conclui.


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HARMONIA PARA O ROSTO

DRA. LUIZA AQUINO, cirurgiãdentista adepta das técnicas de Harmonização Orofacial

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A nova face da Odontologia Modernos recursos estéticos oferecidos por cirurgiões-dentistas capacitados dão aos pacientes mais motivos para sorrir

Fator determinante para a melhoria da auto-estima, confiança e bem-estar das pessoas – na medida em que suaviza os semblantes, mesmo em tempos difíceis, elimina complexos e as liberta para sorrirem com despreocupação, sempre que tiverem vontade –, a Odontologia tem evoluído muito nos últimos anos, no que diz respeito à estética. Os progressos mais notáveis se dão na área da Harmonização e Estética Orofacial, que hoje cuida das correções estéticas de todo o rosto, ampliando o leque dos tratamentos antes restritos aos campos de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Próteses Bucomaxilofaciais, Ortodontia e Ortopedia Facial. A melhoria do visual é quase uma imposição da sociedade de consumo, onde os diferenciais de apresentação contam pontos em meio a tantas similaridades e lugares comuns. Não por acaso, o segmento de beleza vem crescendo incessantemente no Brasil. Para que se tenha uma idéia, o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos no País é o terceiro maior mercado consumidor do mundo, atrás apenas do Japão e dos EUA. Não basta apenas ter conteúdo, mas também cuidar com carinho da “embalagem”, de modo a chamar positivamente a atenção no competitivo mercado de trabalho. Em tempos de exposição contínua, selfies e redes sociais, a procura por tratamentos odontológicos que vão além da saúde bucal é crescente. M a r / M a i 2017

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O MIAMI Anatomical Research Center (M.A.R.C.), na Flórida, maior instituição de estudo anatômico dos Estados Unidos, onde Luiza amplia sua especialização

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Não faltam pesquisas que comprovam que o sorriso é o aspecto físico que mais atrai a atenção das pessoas. Portanto, para mantê-lo ou até mesmo recriá-lo as clínicas investem pesado em profissionais talentosos, extremamente capacitados e com muita formação técnica. Assim é que os dentistas modernos deixaram de curar apenas as dores físicas para tratar também dores mentais e atender aos anseios de uma população cada vez mais exigente, bem informada e principalmente preocupada com a aparência. Para uma análise mais aprofundada a respeito do assunto, ATITUDE foi buscar subsídios junto a uma especialista. Cirurgiã-dentista formada pela Univale – Universidade Vale do Rio Doce, em Governador Valadares, a Drª Luiza Aquino, com clínica no bairro Horto, em Ipatinga, já participou de cursos de aperfeiçoamento em técnicas cirúrgicas e de Estética Orofacial nas melhores instituições do país e exterior. Ainda neste momento, no estado da Flórida, ela freqüenta a maior instituição de estudo anatômico dos Estados Unidos, M.A.R.C. – Miami Anatomical Research Center, e especializa-se em Harmonização Orofacial pelo instituto Ibop em São Paulo. Graças ao seu nível de conhecimento e prática, a cirurgiã-dentista ainda leciona como professora em cursos de aperfeiçoamento em Bichectomia (um procedimento cirúrgico que, numa explicação mais direta, elimina gorduras nas bochechas e deixa o rosto com um aspecto mais fino e elegante). Mar / Mai 2017

“A ODONTOLOGIA expandiu seus horizontes, trazendo uma visão completa e mais artística de toda a face”, diz Luiza Aquino


HARMONIA PARA O ROSTO NOVOS HORIZONTES “As dores mentais – detalha Luiza – são aquelas que afetam diretamente a qualidade de vida do paciente, como a baixa auto-estima. De que adianta um sorriso perfeito se o rosto está cheio de rugas, se o lábio está fino e caído ou se um grande volume de bochecha, por exemplo, incomoda desde a infância e mexe diretamente com o emocional do paciente?”, ela reflete. Para a cirurgiã-dentista, o que aconteceu nessa nova era da Odontologia é algo esperado há anos pela maioria dos profissionais que buscam valorização profissional e maior reconhecimento para a própria formação acadêmica. “Ela expandiu seus horizontes, trazendo uma visão completa e mais artística de toda a face”, resume. Luiza continua: “Hoje a profissão não está mais restrita aos dentes e ao sorriso, e se engana quem acha que o dentista é apto apenas a tais procedimentos dentários. O cirurgião-dentista tem em sua formação curricular conhecimento e estudo da anatomia, patologia e fisiologia de cabeça e pescoço, sendo capaz de executar técnicas e trabalhar com embasamento na face e estruturas relacionadas, além de toda a farmacologia, que assegura ao profissional aptidão para prescrever e aplicar especialidades farmacêuticas de uso interno e externo, indicadas em Odontologia”. De fato, a área de atuação do profissional de odontologia engloba desde a região superior ao osso hióide (que fica na

parte anterior do pescoço) até o limite do ponto násio (ossos próprios de nariz), e anteriormente ao tragus (pequena cartilagem que fica junto ao canal auditivo), abrangendo estruturas anexas e afins. Para os casos de procedimentos não-cirúrgicos, de finalidade estética, envolvendo a harmonização facial em sua amplitude, inclui-se também o terço superior da face, ou seja: cabeça e pescoço. Para reforçar os argumentos quanto à amplitude dos cuidados com a face inerentes à Odontologia, Luiza acrescenta: “O cirurgião-dentista é o único profissional que estuda proporção e harmonia facial na própria faculdade”. PROCEDIMENTOS CORRETIVOS E PREVENTIVOS Dentre os procedimentos estéticos oferecidos pela Harmonização Orofacial estão a aplicação de toxina botulínica (Botox ®); o uso de preenchedores faciais (como o ácido hialurônico); fios de dermosustentação; a bichectomia ou lipidectomia de bochechas e a lipólise de papada (com emprego do ácido deoxicólico). – VEJA O BOX. Conforme a Drª Luiza, além desses procedimentos, é possível também conseguir uma melhoria de qualidade da pele com o uso de fibrina leucocitária autóloga, através do próprio sangue do paciente. “É a ciência a favor da estética orofacial nas mãos de cirurgiões-dentistas habilitados nessa área, com total respaldo e autorização do Conselho Federal de Odontologia (CFO)”, reforça.

OS EFEITOS da aplicação de Botox começam a ser percebidos no prazo de uma semana, com duração de três a seis meses

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O que você precisa saber sobre cada uma das intervenções faciais A Toxina Botulínica tipo A, conhecida popularmente como Botox (nome comercial de uma marca internacionalmente famosa) é uma substância purificada, derivada de uma bactéria. A injeção dessa substância bloqueia os sinais nervosos musculares, enfraquecendo o músculo de modo que não se contraia, diminuindo as rugas faciais indesejadas, além de tratar também dores e problemas funcionais causados por contração muscular excessiva como espasmos, dor orofacial, bruxismo, apertamento dentário, entre outros. Seus efeitos começam a ser percebidos de 4 a 7 dias após a aplicação, com duração de 3 a 6 meses. O procedimento é seguro e não há nenhum comprometimento motor da boca. A toxina botulínica é muito útil ainda na preparação dos músculos da boca do paciente que vai fazer implante dentário. A substância ajuda no relaxamento da musculatura da mastigação, o que favorece a adaptação ao uso de próteses dentárias. 36

ÁCIDO HIALURÔNICO O ácido hialurônico é uma substância naturalmente presente no organismo humano, sendo indicado principalmente para hidratar e melhorar o viço da pele. Quando utilizado de forma injetável, ele pode agir como um preenchedor de espaços que estão vazios por perda de estrutura, suavizando rugas, sulcos e outras marcas da idade. Sua duração no organismo é de um ano, em média, e ele pode ser usado no contorno de face, lábios (contorno e volume), sulcos nasolabiais, sulco nasojugal (olheiras), rugas faciais, para moldar e melhorar imperfeições nasais e para repor volume em toda a face. Os procedimentos podem ser feitos sob anestesia local ou tópica. BICHECTOMIA Bichectomia é um procedimento cirúrgico definitivo, por meio do qual há a remoção do corpo adiposo bucal também chamado de Bola de Bichat - estruturas gordurosas encapsuladas que se encontram entre a maxila e a mandíbula. É uma cirurgia relativamente simples feita em consultório odontológico, com anestesia local e que dura em média 40 minutos. Quando realizada em pacientes que têm a indicação correta para se submeter a tal procedimento, a remoção dessa bola de gordura deixa o rosto mais fino e harmonioso, dando um aspecto de boa forma e elegância, além de eliminar ou amenizar os traumas e desconfortos por mordida na mucosa jugal. Não traz nenhum dano ao paciente no futuro. Os resultados podem demorar até 3 meses para aparecer e são sutis, sem exageros, na maioria das vezes um emagrecimento da face como um todo. Mar / Mai 2017

Apesar de ser uma gordura, a Bola de Bichat não sofre as consequências do emagrecimento e da dieta. Nesses casos, é uma das últimas gorduras do corpo a ser reduzida, e muitas vezes nem reduz. Daí a recomendação do procedimento cirúrgico. O pós-operatório é de repouso absoluto nas primeiras 24 horas. LIPÓLISE DE PAPADA A lipólise de papada ou tratamento enzimático da papada é feita com aplicação do Ácido Deoxicólico, que é uma enzima lipolítica que já é produzida pelo nosso organismo, cuja função é a absorção de gorduras no intestino, o que o torna o procedimento seguro e livre de reações alérgicas quando aplicado em outros locais do corpo. A aplicação desse ácido na gordura submentoniana (papada) é feita sob anestesia tópica e dura em média 15 minutos. Esse ácido causa ruptura da membrana celular, levando à apoptose celular, ou seja, degrada as células de gordura, o que torna muito difícil o retorno dessa gordura ao local. O tratamento consiste em aplicações do ácido na gordura submentoniana (papada) com um intervalo mínimo entre as sessões que deve ser rigorosamente respeitado. O resultado e o número de sessões depende do tamanho da papada (quantidade de gordura e flacidez) de cada paciente. Alguns pacientes já vêem um resultado fantástico na primeira sessão.


HARMONIA PARA O ROSTO

Uma moda entre as celebridades A cirurgia para diminuir o tamanho das bochechas por meio da retirada das “bolas de Bichat”, agora também adotada por muitos “anônimos” ou cidadãos de menor notoriedade, há algum tempo é uma prática largamente utilizada no meio artístico. A lista de pessoas que já passaram pelo procedimento inclui celebridades como Angelina Jolie, Kim Kardashian, Megan Fox, a ex-Spice Girls Victoria Beckham, Jennifer Aniston e mais recentemente o cantor brasileiro Buchecha e o humorista Rodrigo Sant’anna. A lista também inclui nomes menos cotados como Cristina Mortágua e Moranguinho. O interesse aumentou devido às mudanças dos padrões de beleza que elegeram os rostos finos como símbolos de charme e sedução. Porém, a Drª Luíza Aquino enfatiza que o paciente precisa ter um perfil específico. “Há algumas características próprias para a indicação da cirurgia. O rosto precisa ser avaliado. Uma das exigências básicas é que a pessoa precisa estar com a saúde oral em dia, sem nenhuma infecção”, explica. A bola ou gordura de Bichat tem esse nome porque foi descoberta em 1802, pelo anatomista francês Marie François Xavier Bichat. O curioso é que, nos dias atuais, a procura nos consultórios não se restringe ao público feminino. Conforme a cirurgiã-dentista, 40% dos pacientes de sua clínica são homens.

SERVIÇO:

MEGAN FOX, 31, atriz e modelo desde os 13 anos de idade

DRA. LUIZA AQUINO Telefone: (31)3824-5293 Instagram: @aquinoluiza facebook.com/aquinoluiza

FERNANDO Sant’anna e Buchecha: cada vez mais, também os homens aderem à cirurgia


CORRIDAS E MOUNTAIN BIKE

Terra de atletas Patrocinado pela FIEMG-SESI, maior festival de esportes off-road do planeta sacode o Vale do Aço com provas de superação e explosões de adrenalina

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A programação comemorativa dos 53 anos de emancipação do município de Ipatinga, neste mês de abril, ganhou um tempero especial com a realização do XTERRA Vale do Aço, megaevento patrocinado pela FIEMG-SESI (Federação das Indústrias de Minas Gerais – Serviço Social da Indústria). As provas de mountain bike e corrida, disputadas nos dias 8 e 9, pela manhã, à tarde e à noite, atraíram competidores amadores e profissionais de todo o país, nas mais diversas faixas etárias. Foram cinco modalidades, além do XTERRA Kids, para crianças de 1 a 13 anos, cujos circuitos se concentraram no Parque Ipanema, onde também foi montada uma vila esportiva e aconteceu a solenidade de premiação. A etapa Vale do Aço foi a segunda entre 13 programadas para o XTERRA Brazil Tour 2017, o maior festival de esportes off-road do planeta. Além de aquecer o turismo e o comércio local, a competição cumpriu com louvor o seu objetivo principal: fomentar a prática esportiva como instrumento de saúde e bem-estar. A etapa seguinte é o XTerra Camp, em Barra Grande (BA), em 29 e 30 de abril. Na sequência, nos dias 13 e 14 de maio, acontece o principal desafio da temporada, em Ilhabela (SP), etapa que vale classificação para o Campeonato Mundial XTerra no Havaí (EUA).

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OS PRINCIPAIS VENCEDORES Pela segunda vez no ano, os triatletas mineiros Marcelo Sebastião (tempo de 01:09:13), 38 anos, e Isabella Ribeiro (01:25:15), 37 anos, venceram a desafiadora prova Duathlon elite, o carro-chefe da competição. Foram 2,4 km de corrida + 15 km bike (3 voltas de 5 km cada) + 6,4 km corrida. Nas provas noturnas de trail run, outro ingrediente de charme foram as lanternas, criando um bonito espetáculo visual que mexeu ainda mais com a emoção do público. Antônio Gonçalves (00:58:45), 27 anos, e Geisla dos Santos (01:13:57), 31 anos, levaram a melhor no XTERRA Half Night Run, corrida de 19 km. Marcos Lima (00:19:12), 21 anos, e Ivanilda Calixto (00:26:28), 32 anos, sagraram-se campeões do XTERRA Short Night Run, com percurso de 6 km. No fechamento do XTERRA, em um domingo de muito sol, duas provas foram disputadas em ritmo frenético, e o público conheceu dois inéditos campeões. Leonardo Botelho (01:53:36), 30 anos, levou a melhor no XTERRA MTB Cup Pro masculino, e no feminino a vitória ficou com Sofia Franco (02:20:32), 24 anos. A prova feminina do XTERRA MTB

Cup Sport foi vencida por Glaucia Vasconcelos (03:31:51), 35 anos, e, no masculino, cruzou em primeiro a linha de chegada o atleta local, Pedro Henrique Fonseca (01:51:55), 35 anos. A vibração foi intensa, também, durante a corrida do XTERRA Kids, com percursos personalizados para crianças entre 1 e 13 anos. TEMPO DE QUALIDADE Ao fazer um balanço do evento, o presidente da FIEMG Regional Vale do Aço, Luciano Araújo, avaliou que “o SESI, em parceria com o Instituto XTERRA, brindou a todos com um verdadeiro show de organização”. Lembrando o importante papel desempenhado pelos industriários da região, que tiveram inclusive uma categoria especial no XTERRA Short Night Run, ele classificou o final de semana das disputas como um tempo de qualidade não apenas para os competidores, mas também inúmeras famílias, em termos de promoção da saúde, entretenimento e lazer. “Contamos com a participação de cerca de 2.000 atletas que deixaram o Parque Ipanema mais bonito, alegre e colorido”, comemorou.

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CRIADO originalmente nos EUA, o XTERRA já acumula mais de dez anos de história no Brasil, somando mais de 440 largadas nas diversas modalidades, 86 etapas em 11 estados, mais de 155 mil participantes e espectadores

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FÁBULAS E LITERATURA CLÁSSICA

Aflorando a oralidade Artista promove educação patrimonial e aguça o imaginário de crianças e adultos de Belo Oriente com a arte da contação de histórias em espaços abertos

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Fortalecer as relações de cidadania e aguçar o imaginário cultural do povo de Belo Oriente com histórias universais e populares. Assim o Projeto Parque de Histórias, patrocinado pela empresa fabricante de celulose Cenibra, quer despertar a atenção das pessoas para o uso e preservação do patrimônio público. Criado pela artista e contadora de histórias Raquel Vieira - a Flora Manga - e financiado com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura, o projeto visa ainda o reconhecimento dos espaços públicos como locais de pertencimento e formação dos laços socioculturais. Com essa função de educação patrimonial, algumas das sessões de contação de histórias ocorrem no Parque Multifuncional construído e mantido pela Cenibra em parceria com a Prefeitura, no distrito de Cachoeira Escura. O local é um complexo de lazer e de cultura aberto ao público. O projeto chama a atenção para esse privilegiado espaço, atraindo mais e mais pessoas para usá-lo de forma mais sistemática e frequente.


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FLORA MANGA é uma boneca de pano que sai literalmente de dentro de uma mala apertada para contar suas histórias, utilizando técnicas de clown, contorcionismo, circo e música

Ulisses, Issum Boshi e Malasartes Além das histórias transmitidas por Raquel Vieira em espaços públicos e territórios educativos, com requintes teatrais, o projeto ‘Parque de Histórias’ oferece ainda oficinas de contação e educação patrimonial para educadores. Também, a publicação de um livro infantil com distribuição gratuita entre as escolas da cidade e região. Nesse primeiro momento estão disponíveis três histórias: ‘A Odisseia’, um clássico da literatura universal, escrito pelo grego Homero, que narra as fantásticas aventuras de Odis-

seus - ou Ulisses - retornando para casa após a guerra de Tróia; ‘Issum Boshi’, também conhecido como o pequeno polegar japonês, que fala de um menino que nasce do tamanho de um dedo polegar e tem o sonho de tornar-se um grande herói; e ‘Pedro Malasartes e o Rapto da Princesa Isabel’, que faz uma releitura de um dos mais famosos personagens folclóricos do Brasil, um homem que usava toda sua esperteza para resolver problemas aparentemente insolúveis à época do Brasil Império. M a r / M a i 2017


UM DOS PALCOS principais das histórias é o Parque Multifuncional construído e mantido pela Cenibra em parceria com a Prefeitura em Cachoeira Escura

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Como agendar os espetáculos Flora Manga’ é o nome artístico da contadora de histórias Raquel Vieira, licenciada em Educação Física pela UFMG, com ênfase em educação infantil, contorcionista, capoeirista e atriz. Ela utiliza a técnica da história aberta, com objetos do cotidiano que ganham novos significados no transcurso da narrativa, estimulando a imaginação e garantindo interação constante com o público. Desde 2012, Raquel idealiza e executa projetos de educação patrimonial por meio da contação de histórias em espaços públicos na região do Vale do Aço. Os espetáculos e oficinas são gratuitos. Contudo, precisam de agendamento e inscrições prévias. Inscrições, agendamentos de escolas, instituições ou entidades podem ser feitos pelo site http://www.parquedehistorias.com.br/ e pelo telefone/ whatsapp (31) 98711-0706. Mar / Mai 2017

CONTORCIONISTA, capoeirista e atriz, Raquel Vieira é licenciada em Educação Física pela UFMG, com ênfase em educação infantil


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LIÇÕES DO INFORTÚNIO

A vida é bela Modelo que perdeu perna em acidente diante de casa se diz privilegiada por poder seguir em frente e expressa no corpo sua gratidão. Jovem atropeladora havia bebido além da conta em casa noturna.

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FAMOSA DESDE os 15 anos, Paola completa 23 anos em 19 de maio

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A rima é boa e a concordância gramatical sofrível, mas parece preciso o dito popular: “A vida é bela. Nós é que estragamos ela”. Apenas no ano de 2014, nada menos que 150 pessoas perderam a vida, em Belo Horizonte, vítimas de acidentes de trânsito. No Brasil inteiro, foram mais de 40 mil mortos. Para que se tenha uma idéia do que isso significa, é como se todos os habitantes de cidades como Nanuque ou Almenara fossem dizimados, como se quase duas lotações inteiras do estádio Ipatingão descessem à sepultura. As estatísticas davam conta de que uma pessoa era morta, no país, a cada 12 minutos, pela mesma causa. Então, apesar do inusitado atropelamento em que se viu envolvida e da grave seqüela que a acometeu às vésperas de 2015, a modelo e blogueira Paola Antonini Franca Costa tem boas razões para celebrar a vida. Em três tatuagens nos braços, ela transmite expressões de otimismo: “Live like you’re never living twice” (Viva como se você nunca vivesse duas vezes), “fé” e “gratidão”. Recém-aprovada no vestibular de comunicação social na PUC Minas, Paola e o namorado se preparavam para curtir o réveillon em Búzios-RJ, na madrugada de 27 de dezembro de 2014. Eram 5h, diante do prédio dos pais dela, no bairro Luxemburgo. Colocavam bagagens no porta-malas com a ajuda do porteiro. De repente, um Fiat 500 desgovernado, supostamente em alta velocidade (para um local de limite de 60 Km/h), deslizou em direção ao veículo estacionado, um Bravo. Os dois homens escaparam ilesos. Contudo, a moça de 20 anos foi condenada à amputação de uma das pernas. Primeiro do joelho para baixo e, depois, acima da coxa. Os médicos fizeram de tudo para salvar o membro dilacerado, sem sucesso. Abriram de cima embaixo a perna sã, para retirada da safena, mas não adiantou. Conforme boletim de ocorrência da PM, a motorista Diandra Lamounier Morais de Melo, de 24 anos, que atingiu o carro parado, acusou 0,53 miligramas de álcool por litro de ar expelido no teste do bafômetro (o limite da legislação é de 0,34mg/l). Além disso, não portava Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Vinha da casa noturna chamada ‘Alambique’, onde alegou ter tomado duas cervejas. Indiciada por lesão corporal culposa (não intencional), que ocorre em acidentes ocasionados por imprudência, imperícia ou omissão, a atropeladora passou apenas três horas detida. Mesmo com o agravante de ter dito que só perdeu o controle do carro porque o celular tocou, caiu no piso e ela tentava pegá-lo para atender. Para sair, pagou uma fiança de R$ 1.500.


ESTUDOS REVELAM que do total de acidentes de trânsito no país, trinta por cento dos casos envolvem o uso de bebidas alcoólicas

LEI SECA Conforme o Código Brasileiro de Trânsito, a multa por embriaguez ao volante é de R$ 1.915,40. O valor foi instituído no final de 2012, quando se decidiu tornar mais severa a chamada Lei Seca. Mas, ainda que processados, são remotas as chances de serem condenados à prisão em regime fechado os infratores sem antecedentes. Pelo Código, a punição varia de 2 a 4 anos. Detalhe: quem é condenado a até 4 anos de prisão pode ter a pena convertida em prestação de serviços à comunidade. A primeira Lei Seca nasceu em 2008. Em março de 2012, porém, a legislação foi esvaziada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que colocou o bafômetro ou o exame de sangue como obrigatórios para produzir a prova da embriaguez. O cenário voltou a mudar em dezembro, quando uma nova lei dobrou a multa para o motorista alcoolizado (de R$ 957,70 para R$ 1.915,40) e permitiu que vídeos e relatos sejam usados como provas. Caso ele volte a ser flagrado dirigindo alcoolizado dentro de um ano, a multa ficará ainda mais salgada: R$ 3.830.

Entretanto, com níveis de fiscalização pífios em relação à combinação álcool/volante e sem que as infrações se traduzam efetivamente em cadeia para aqueles que desrespeitam a lei, o país se mantém muito distante da média mundial de 8,3 mortes por grupo de 100 mil habitantes. Atualmente, o Brasil atingiu a taxa de 19,9 mortos por grupo de 100 mil habitantes, bastante aquém da meta do Plano Nacional de Redução de Acidentes, de 2011, de reduzir em pelo menos 50% o número de mortes no trânsito até 2020. Estudos da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego revelam que do total de acidentes de trânsito no país, trinta por cento dos casos envolvem o uso de bebidas alcoólicas. Se considerarmos os casos de acidente de trânsito que redundaram em morte, os números são ainda mais alarmantes. O Ministério da Saúde relata que 50% das mortes ocorridas por consequência de acidentes de trânsito estariam relacionadas à ingestão de bebidas alcoólicas por condutores de veículos automotores.

O LOCAL onde a modelo e o namorado arrumavam a bagagem, em 27 de dezembro de 2014, preparando-se para curtir o réveillon no litoral

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PAOLA: “Acho bonito assumirmos as nossas cicatrizes e marcas”

Como funciona nos Estados Unidos Nos Estados Unidos, não existe um Código de Trânsito. Então, o infrator é punido pelo Código Penal. Isso evita manobras judiciais e, assim, o processo anda bem mais rápido do que no Brasil. Na média, a pena para quem mata alguém ao dirigir embriagado vai de 5 a 15 anos de prisão. O acusado tem de 24 a 48 horas para se apresentar. E o veredicto costuma sair em seis meses. No máximo, um ano. Ocorre que existem adendos estaduais à lei. Em alguns estados a pena por morte no trânsito causada por embriaguez pode passar de 20 anos e existem casos de 30 anos de cadeia. Mesmo com esse rigor, o número de

vítimas de acidentes provocados por motoristas bêbados ainda é alto nos Estados Unidos. Há uma morte a cada 52 minutos, por esse motivo. E a cada dois minutos, uma pessoa fica ferida por um motorista que bebeu. Acidentes de trânsito são uma das principais causas de morte no mundo, vitimando 1,25 milhão de pessoas por ano, acumulando óbitos principalmente em países pobres. Segundo a OMS, os países de baixa ou média renda acumulam 90% das mortes no trânsito, enquanto somam 54% dos veículos no mundo. A Europa tem as menores taxas per capita, e a África, as maiores.

Agradecida por estar viva Paola Antonini, que completa 23 anos em 19 de maio próximo, é muito conhecida nas redes sociais desde os 15 anos. Em 2009, ela integrou a Galera Capricho, grupo de adolescentes que produz conteúdo para a revista homônima. Refletindo sobre o acidente, ela diz: “Não vale a pena perder tempo sofrendo e se perguntando ‘por que isso aconteceu comigo’. Mesmo eu tendo perdido uma perna, que foi um dano muito grave, eu tenho orgulho das minhas cicatrizes porque elas contam a minha história, exatamente por aquilo que passei. Acho bonito assumirmos as nossas cicaMar / Mai 2017

trizes e marcas. Elas são nosso diferencial e não tem por que querer seguir padrões de perfeição”. Segundo a mãe, a garota nunca reclamou ou pareceu com raiva do mundo por causa do acontecido, o que faz dela um exemplo inspirador. “Paola simplesmente é agradecida por estar viva, e por poder ainda perseguir todos os sonhos que tem”. Poucos dias depois da amputação, ela já queria retomar a vida, a fisioterapia pra poder começar a usar sua prótese e sair fazendo tudo da forma mais independente possível.


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FORMAÇÃO ACADÊMICA

Aprovada com distinção Faculdade de Odontologia da FADIPA inicia sua trajetória de ensino com elevadas pontuações do MEC

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DR. HUGO, coordenador da Faculdade de Odontologia da FADIPA: “Temos uma política de diálogo e acolhimento que nos credencia como um dos melhores ambientes universitários do Estado”

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Para a Organização das Nações Unidas (ONU), o dentista brasileiro está entre os três melhores do mundo, junto com os suecos e norte-americanos. Em função deste status, também é alto o nível de exigência para implantação de faculdades do setor. O processo de instalação de cursos é sempre filtrado por rigorosas auditorias do MEC. Assim é que ainda é comemorada efusivamente a nova escola de graduação na área, conquistada pela Faculdade de Direito de Ipatinga (FADIPA) no início deste ano. De 15 pontos possíveis na checagem de padrões de excelência feita pelo Ministério da Educação e Cultura, a Faculdade de Odontologia da FADIPA, autorizada a receber sua primeira turma de alunos no mês de fevereiro, alcançou 13: nota máxima (5) na inspeção da área física, 4 na avaliação do corpo docente e mais 4 pelo reconhecimento da qualidade e abrangência do projeto pedagógico. O coordenador do curso, Dr. Hugo Geraldo Perdigão e Vieira, mestre em Odontologia, titular da Academia Mineira de Odontologia e também especialista em Saúde Pública, Odontologia do Trabalho, Ortodontia e Ortopedia Facial, ressalta: “O corpo docente da Faculdade de Odontologia da FADIPA é composto exclusivamente por mestres e doutores, o que proporciona aos estudantes toda a segurança de que terão seus registros e estarão inteiramente aptos ao exercício da profissão ao concluírem a graduação”. A PRIMEIRA TURMA Desde 2009 a FADIPA realizava gestões para materialização da Faculdade de Odontologia, um sonho há muito acalentado pela comunidade. Inúmeros jovens do Vale do Aço tiveram que se deslocar para outros centros por quase duas décadas, impondo sacrifícios aos pais e a si mesmos, enquanto a região não dispunha de uma escola para formar profissionais numa área tão reclamada pelo mercado. A autorização para funcionamento do curso, lembra o Dr. Hugo, veio apenas em agosto de 2016, “graças também à sólida tradição, o respeito e o conceito alcançados pela FADIPA em mais de 24 anos de história”. Em 6 de fevereiro deste ano, foram iniciadas as aulas da primeira turma, com um total de 60 alunos matriculados. Outra turma será aberta no segundo semestre.


COMO ENTRAR A admissão dos estudantes na Faculdade de Odontologia da FADIPA é feita por meio dos vestibulares convencional e agendado, além de notas do ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio. Outros fatores que contam muito para a credibilidade do curso são uma biblioteca rica em atualidades, que reúne as mais modernas obras nas áreas da odontologia e da medicina, e três laboratórios de ponta colocados à disposição dos alunos, abrangendo didáticas de Anatomia, Morfofisiologia e Habilidades Odontológicas. “As instalações estão sempre abertas à visitação de pais, professores e alunos. Temos uma política de diálogo e acolhimento que nos credencia como um dos melhores ambientes universitários do Estado, e assim é que rapidamente já nos tornamos uma referência regional, atraindo o interesse de moradores de diversas cidades vizinhas. Se já existe a cultura de que oferecemos o melhor curso de Direito, é certo que também podemos dizer o mesmo com relação à Odontologia”, comemora o Dr. Hugo, para quem o polo acadêmico local tem muito a oferecer para que o país se destaque ainda mais em nível mundial como uma autoridade em qualidade nos procedimentos bucais, sendo que já se tornou exportador de técnicas e de evoluções em procedimentos clínicos.

A ESCOLA conta com três laboratórios de ponta que abrangem as áreas de Anatomia, Morfofisiologia e Habilidades Odontológicas

FORMADA por 60 alunos, a primeira turma da Faculdade estará graduada após dez semestres

DO PRIMITIVISMO À MODERNIDADE Curiosamente, a odontologia começou a evoluir bem tardiamente no Brasil, também em função de seu desbravamento recente, quando já estavam regulamentadas inúmeras faculdades da Europa. De acordo com historiadores, durante longa trajetória do império o ofício cabia a “barbeiros” e “sangradores”, que trabalhavam sem licença. Os barbeiros, além de cortar e pentear os cabelos e barbear, faziam curativos em vários tipos de machucados e, ainda, operações cirúrgicas menos importantes. Por terem adquirido grande habilidade manual, passaram a atuar na boca, fazendo também extrações dentárias, porque muitos cirurgiões, por receio e desconhecimento não interviam. Os “sangradores”, como o próprio nome diz, realizavam sangrias (retiravam o sangue), prática muito comum através de sanguessugas e ventosas. O barbeiro e o sangrador deviam ser fortes, impiedosos, impassíveis e rápidos e aprendiam as atividades com alguém mais “experiente”. Os médicos (físicos) e cirurgiões evitavam extrações dentárias, realizadas com técnicas rudimentares, sem instrumentos adequados e sem higiene, alegando riscos ao paciente com possibilidade de morte, devido às freqüentes hemorragias e inevitáveis infecções. Foi neste cenário que surgiu como herói, agitando o cenário político nacional, o mineiro Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), conhecido como Tiradentes, por exercer entre os seus múltiplos ofícios, o de dentista.

SERVIÇO:

Faculdade de Odontologia da FADIPA www.fadipa.br Rua João Patrício de Araújo, 195 – Veneza - Ipatinga Tel. 3822-8808 M a r / M a i 2017

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O MONUMENTO a Fátima, inaugurado em 2014, custou mais de 900 mil reais. Mas as obras para fazerem frente ao turismo em torno do Padre Cícero prosseguem três anos depois, com novos recursos públicos: são quase R$ 2 milhões para terraplenagem, pavimentação, infra-estrutura e urbanização do entorno da estátua

CÍCERO X FÁTIMA

Batalha monumental Cidade ergue monumento de adoração a santa para concorrer com turismo religioso do milagreiro padre que deixou seus termos para se consagrar no município vizinho

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Venerado por um sem número de religiosos como santo, há quase um século, o padre Cícero de Castro ou o “Padim Ciço Romão Batista” (1844-1934), tido e havido como milagreiro e benfeitor dos pobres, acabou criando involuntariamente um ranço histórico com sua terra natal, que se perpetua ainda mais após a sua morte, aos 90 anos de idade. Do alto de seus 253 anos de história, a pacata cidade do Crato-CE, onde o sacerdote nasceu, apesar de ser conhecida como “Oásis do Sertão do Cariri” (graças às suas fartas fontes de águas), se desdobra numa luta inglória para fazer frente à fama alcançada pelo vizinho famoso, Juazeiro do Norte, cada vez mais progressista e desenvolvido. Dizendo ter sido orientado por uma visão de Deus, Padre Cícero se mudou com a família para Juazeiro quando o lugar ainda era um arraial de Crato. Filho de um pequeno comer-


azeiro, distante apenas 13 quilômetros, Crato contra-atacou. Em 21 de junho de 2014, por ocasião das comemorações dos 250 anos de emancipação, inaugurou em seus termos, com dinheiro liberado pelo governo estadual, uma estátua em fibra de vidro de Nossa Senhora de Fátima. Até o governador Cid Gomes se fez presente. Considerado um dos maiores do País, o monumento mede 45 metros de altura, 18 a mais que o de Padre Cícero, e custou R$ 946.856,25, dinheiro oriundo do Tesouro Público. São 7 metros de base, mais 38 m, contada uma coroa de alumínio com 7,30 m e 200 quilos de peso, que foi colocada de helicóptero após várias simulações. Situado num platô do bairro Barro Branco, região bastante pobre, o local ainda está em obras. O Departamento de Arquitetura e Engenharia do Ceará (DAE) anunciou que a área em que o monumento foi erguido ainda receberá uma réplica da igreja de Fátima, em Portugal, e também uma grande praça com infra-estrutura de apoio. Uma placa no local informa que a obra custa ao Estado quase dois milhões de reais. São precisamente R$ 1.913,644,55 e o prazo de execução é de seis meses. Mas tudo caminha bem devagar. Somente dois ou três homens trabalham ali, debaixo de sol escaldante, além de um preguiçoso caminhão que sobe e desce esporadicamente a ladeira levando materiais. ciante, prosperou e se tornou proprietário de terras, gado e diversos imóveis, tendo então intensa atuação pública. Assim, acabou contribuindo para a emancipação do lugarejo, além de se eleger como primeiro prefeito, em 1911. Em meio a um episódio de muitas contradições que, afinal, resultou na sua excomunhão pela Igreja Católica (uma beata supostamente tuberculosa, como aferiram investigadores, manchava de sangue a hóstia, ao receber a comunhão, e isto foi disseminado como fenômeno divino), Padre Cícero se transformou num mito. A região do Horto – onde se refugiava para orar – virou um ponto de súplicas, promessas e orações, com a construção em 1969 de uma estátua de 27 metros de altura. Originalmente, o monumento deveria ter apenas 7 metros. Contudo, as dimensões foram praticamente quadruplicadas. Desse modo é que Juazeiro recebe, anualmente, cerca de 2,5 milhões de devotos por ano, a maioria deles em 1º de novembro (dia de inauguração da estátua) e nas datas de nascimento e de morte do religioso, além de setembro, na festa de Nossa Senhora das Dores. Enquanto a população de Crato estacionou na casa dos 130 mil habitantes, o crescimento de Juazeiro se mantém em níveis meteóricos, e a cidade soma hoje quase 250 mil moradores.

PROMESSAS Cruzada a fronteira do Crato, Juazeiro também vive de promessas não cumpridas. Com construção iniciada em 1982, bancada com dinheiro federal, ainda está em andamento um propalado “Centro de Apoio aos Romeiros”, a caminho da estátua de Padre Cícero e diante de outro grande santuário dedicado a Nossa Senhora das Dores. Trata-se de uma edificação gigantesca, que em alguns aspectos imita elementos das áreas de peregrinação de Aparecida do Norte-SP. O estacionamento e boxes comerciais foram entregues em 2011, por ocasião do centenário da cidade. Quanto a um grande anfiteatro e um imponente prédio ao lado, previstos no projeto, nem a intercessão de todos os santos dá jeito. Quase tudo está por fazer, mais de 30 anos depois.

O BUDA DA Primavera, na China, maior estátua do mundo: altura comparada à de um edifício de 40 andares

CONTRA-ATAQUE Se as estátuas não se movem e parecem incapazes de defender a si mesmas, os homens procuram dar, como se diz, “uma mãozinha”. Inconformada com o papel de coadjuvante entre os principais centros de romarias religiosas do país, além de ter o seu filho mais ilustre cooptado pelo vizinho Ju-

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Sete das dez maiores estátuas do mundo homenageiam Buda*

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Inaugurada em 2011, em Barra Velha (SC), pela loja de departamentos Havan, uma réplica da estátua da Liberdade, medindo 57 metros de altura, é hoje o mais alto monumento edificado no Brasil. Curiosamente, a original, de Nova Iorque, mede 93 metros com o pedestal. A partir dos pés, são apenas 46 metros. A estátua de Santa Catarina é um metro maior que a imagem de Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, antiga dona do título. O mundialmente famoso Cristo Redentor, no Rio, tem 38 metros, e suas réplicas, no Balneário Camboriú-SC e em Colatina-ES, têm 33 metros. MAIORES DO MUNDO As dez maiores estátuas do mundo são orientais e sete delas dedicadas a Buda como figura protetora. Os chineses e japoneses possuem seis esculturas entre as 10+. No meio delas, David ou Davi, uma das esculturas mais famosas do artista renascentista Michelangelo, parece humilhada em matéria de tamanho. Exposta em Florença, na Itália, a obra que retrata o herói bíblico com realismo anatômico impressionante, preparando-se para enfrentar Golias, mede apenas 4,10 metros. Começou a ser executada pelo gênio das artes um ano depois do descobrimento do Brasil (1501), sendo entregue três anos depois. O bloco de carrara usado no monumento havia ficado exposto ao tempo por 25 anos porque outros escultores, por razões diversas, o recusaram. Mar / Mai 2017

Templo do Buda da Primavera* 153 metros- Henan/China

Ushiku Daibutsu* 120 metros - Ushiku/Japão

Laykyun Setkya* 116 metros - Monywa/Myanmar

Guan Yin of the South Sea of Sanya* 108 metros - Sanya/China

Imperadores Yan e Huang 106 metros - Zhengzou/China

The Motherland (A mãe pátria) 102 metros - Kiev/Ucrânia

Sendai Daikannon* 100 metros - Sendai/Japão

Pedro, o grande 96 metros - Moscou/Rússia

Grande Buda da Tailândia* 92 metros - Ang Thong/Tailândia

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Dai Kannon of Kita* 88 metros - Ashibetsu/Japão


CRIME HEDIONDO

O trauma de inocentes Levantamento mostra que abusadores engravidaram quase duas dezenas de crianças entre 8 e 10 anos em Ipatinga De 2.000 famílias pesquisadas de forma aleatória em Ipatinga, nos últimos meses, foram identificados nada menos que 162 casos de gravidez envolvendo crianças e adolescentes. Deste total, há uma estatística que choca ainda mais: 16 referem-se a crianças com idades entre 8 e 10 anos. Outros 22 casos são de pré-adolescentes entre 11 e 12 anos de idade, 20 são de meninas grávidas entre 13 e 14 anos, 75 casos com idades entre 15 e 16 anos e 58 casos com adolescentes de 17 anos. O levantamento foi apresentado na Câmara de Ipatinga, durante audiência pública com a presença de membros do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Na ocasião, a coordenadora da Eptom – Escola Profissionalizante Tenente Oswaldo Machado, Cleoneide Oliveira, antecipou alguns dados do Diagnóstico que vem sendo elaborado sobre a situação da criança e do adolescente no município. Neste mesmo Diagnóstico, 70 das famílias entrevistadas responderam positivamente à pergunta se alguma criança da casa já havia sofrido algum tipo de violência sexual.

CRIANÇAS grávidas geralmente são vítimas de estupro e abusos sexuais. A mulher pode engravidar a partir do momento em que começa a ovular. Uma das mais jovens mães do mundo, que supostamente engravidou quando tinha apenas sete anos de idade, teve seu bebê em 2000. Foi muito difícil fazer com que ela sobrevivesse ao parto. De acordo com os relatos, a gravidez é fruto de um estupro de um vizinho

NÚMEROS ASSUSTADORES Para Leonardo Oliveira, presidente do CMDCA, os números são bastante assustadores. Em 2006, quando o Diagnóstico anterior foi realizado, eram 13 os casos de gravidez entre meninas com idade entre 8 e 10 anos. Houve então um aumento de três casos, apenas nesta faixa etária. “O mais grave é que, para cada caso notificado, percebemos que há outros sete que não chegam ao conhecimento da polícia”, acrescenta.

PESSOAS CONHECIDAS No Estado de Minas Gerais, os dados mostram que apenas 15% dos abusadores de crianças e adolescentes são desconhecidos da vítima. E ainda que, em 43% dos casos, a violência ocorre dentro da casa da vítima. A maioria dos abusos sexuais são cometidos contra meninas com idades entre 12 e 14 anos.

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DITO E FEITO

Homens e Mulheres de “O dinheiro não compra ética”. EIKE BATISTA (60 anos, nascido em Governador Valadares), então o homem mais rico do Brasil e um dos mais ricos do mundo, ao ser entrevistado na TV, em 2011, pelo atual prefeito de São Paulo, João Dória, e ser perguntado sobre “o que o dinheiro não compra”. Eike é um dos sete filhos da alemã Jutta Fuhrken e de Eliezer Batista da Silva, novaerense ex-presidente da Companhia Vale do Rio Doce (de 1961 a 1964 e de 1979 a 1986) e ex-ministro de Minas e Energia.

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“O mundo precisa de atitudes, não de opiniões. Opinião nenhuma mata fome ou cura doença”. ANGELINA JOLIE PITT VOIGHT, 41 anos, atriz e filha de atores, dubladora, diretora, produtora, roteirista e ativista humanitária americana. Vencedora de um Oscar, dois Prêmios Screen Actors Guild e três Prêmios Globo de Ouro. Trabalha com assuntos humanitários desde 2000. Na idade de 14 anos, chegou a sonhar em se tornar uma agente funerária. Durante este período, usava roupas pretas, tingiu o cabelo de preto, numa fase de completa rebeldia.

“O ser humano é cego para os próprios defeitos. Os defeitos existem dentro de nós, ativos e militantes, mas inconfessos. Nunca vi um sujeito vir à boca de cena e anunciar, de testa erguida: - Senhoras e senhores, eu sou um canalha”. NELSON RODRIGUES (1912-1980), jornalista e escritor pernambucano, tido como o mais influente dramaturgo do Brasil. Mudou-se para o Rio de Janeiro e trabalhou no jornal A Manhã, de propriedade de seu pai, Mário Rodrigues. Foi repórter policial durante longos anos, de onde acumulou vasta experiência para escrever suas peças a respeito da sociedade. Politicamente, foi um conservador, apoiou a ditadura militar e combateu a oposição ao regime. Mar / Mai 2017

“Quando você é mãe, você nunca está realmente sozinha em seus pensamentos. Uma mãe sempre tem que pensar duas vezes, uma por ela e outra por seu filho”. SOPHIA LOREN, nome artístico da atriz italiana Sofia Villani Scicolone, 83 anos. Viveu até a adolescência em uma situação econômica muito difícil. Encorajada a tomar aulas de atuação após participar de um concurso de beleza, começou sua carreira no cinema em 1950. Aos 15 anos, apareceu em vários papéis menores até ser contratada para cinco filmes. .


CONSULTÓRIO

MÁRIO MÁRCIO DA PAZ mariom.paz@providabrasil.com.br

Menopausa! Vale a pena tomar hormônios? A terapia hormonal é uma forma eficiente de se aliviar as ondas de calor, as flutuações do humor e o desconforto nas relações sexuais

A MENOPAUSA é um momento na vida da mulher que pode ter as suas consequências minimizadas por uma série de medidas

Por mais de três décadas, até o início dos anos 2000, as mulheres que entravam na menopausa usavam livremente a terapia de reposição com hormônios femininos para aliviarem seus sintomas do climatério e prevenir algumas condições degenerativas relacionadas com o envelhecimento. Estes hormônios eram usados largamente e sem medos de quaisquer espécies, mesmo com a orientação de muitos especialistas que já chamavam a atenção para o fato de que seus benefícios se restringiam a grupos específicos de mulheres. Em meados de 2002 foram publicados os resultados preliminares de um estudo chamado WHI, da sigla em inglês Women’s Health Initiative, que associou o uso de um tipo de terapia hormonal, que utilizava a combinação de um hormônio chamado estrogênio conjugado a outro chamado de medroxiprogesterona, ao aumento do risco de câncer de mama e também de acidentes vasculares como infartos e derrames. Apesar deste estudo ter inúmeros vieses estatísticos que comprometiam seus resultados, sua divulgação causou um grande impacto e, de um momento para outro, uma terapia que trouxe benefícios e bem-estar para toda uma geração se transformou em perigosa e de alto risco. Grande parte dos ginecologistas deixou de prescrever hormônios para alívio dos sintomas da menopausa por medo de processos decorrentes de possíveis futuras doenças em suas pacientes. Mesmo com o forte declínio do uso dos hormônios na menopausa, as estatísticas sobre o câncer de mama e demais doenças não diminuíram, enquanto houve um agravamento de problemas associados com a sua carência (como a os-

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teoporose e sintomas sexuais). Foi preciso mais de uma década para que a razão prevalecesse e mulheres voltassem a se beneficiar da terapia hormonal de forma segura e baseada em evidências científicas. A terapia hormonal é uma forma eficiente de se aliviar as ondas de calor, as flutuações do humor e o desconforto nas relações sexuais, tão frequentes nesta fase da vida feminina. Os problemas associados à osteoporose podem ser minimizados eficazmente, principalmente nas mulheres mais magras. A proteção cardiovascular pode ser obtida se a terapia for iniciada no momento ideal, tão logo a menopausa se instale. Uma dúvida muito comum é se os hormônios empregados nas terapias são sintéticos ou naturais. Em tratamentos na menopausa os hormônios utilizados são chamados de bioidênticos, isto é, têm sua fórmula química idêntica ao hormônio produzido pelos ovários e estão disponíveis nas farmácias em diversas apresentações comerciais, como comprimidos, gel, implantes e adesivos, que são escolhidas de acordo com as necessidades específicas de cada mulher. A menopausa não é uma doença que precise ser tratada. É um momento na vida da mulher que pode ter as suas consequências minimizadas por uma série de medidas que envolvem o controle do peso, o abandono de hábitos nocivos como o de fumar, e com exercícios físicos constantes. A terapia hormonal é apenas parte do processo de melhoria da qualidade de vida feminina. Somente aquelas que entendem esta dimensão, e assumem para si o compromisso de cuidar de sua saúde como um todo, vão poder se beneficiar desta que é uma conquista da ciência para a mulher moderna. M a r / M a i 2017


EXTRA! EXTRA! Corta pra ela

Para favorecer um melhor posicionamento de câmera, algumas vezes os profissionais televisivos têm que improvisar. Assim é que a timotense Akemi Duarte, repórter da Record Minas e uma das pontas-de-lança do ‘Cidade Alerta’ de Marcelo Rezende, não pensou duas vezes. Diante de um entrevistado muito alto, apelou para um jeitinho tipicamente brasileiro que, afinal, funcionou muitíssimo bem.

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Jogada bilionária

Com capacidade para 49.205 torcedores, a Arena Corínthians (Itaquerão), inaugurada em maio de 2014, foi mais um portentoso feito de engenharia executado pela Odebrecht. Só um detalhe: custou a bagatela de R$ 1 bilhão. Para que se tenha uma ideia da grandiosidade do número, o valor é superior em 33% ao orçamento previsto para custear a máquina pública e atender com obras e serviços, durante um ano, os 250 mil moradores do município de Ipatinga. A construção de arenas multiuso foi incorporada ao portfólio da Odebrecht a partir de 2013, quando o grupo entregou as arenas Fonte Nova, na Bahia, e Pernambuco, reformando também o Maracanã para a Copa do Mundo que aconteceria um ano depois.


Vitrines vivas

Jeep: sabe o que significa?

Hoje pertencente ao grupo Fiat (depois que a Chrysler entrou em concordata), a marca Jeep é carregada de nostalgia não só no Brasil, mas em todo o mundo. Faz parte da história de um sem número de pessoas desde o início do século XX, quando muitas estradas ainda eram extremamente precárias e, para vencê-las em épocas de chuvas, só mesmo um veículo com tração nas quatro rodas. Mas o que pouca gente sabe é que a palavra original deriva-se da pronúncia em inglês da sigla GP, que significa “general purpose” ou “uso geral”. Sinônimo de automóveis destinados ao uso fora de estrada, o veículo surgiu durante o esforço de guerra americano, no final dos anos 1930 e início dos 40, em que era necessário um carro leve, com capacidade de superar terrenos difíceis e com obstáculos, levando homens e armamentos. Ao final da segunda guerra, quem primeiro requisitou o registro do nome foi a Willys, de Indiana, que só fabricava jipes até 1951. Nas décadas de 50/60, a empresa também teve grande participação na emergente indústria automobilística nacional com a fabricação da Aero Willys (no alto) e a Rural, mas acabou extinta em 1975.

Com laboratório próprio para a confecção de lentes, o que faz toda a diferença em favor do cliente, significando contato direto com o fabricante, mais agilidade na entrega e precisão na execução das prescrições médicas, as Óticas Visão reúnem ainda uma série de outros predicados importantes. Todavia, um dos mais singulares é o conhecimento técnico e estético dos profissionais de atendimento, que transmitem ao público toda a segurança necessária quanto às melhores escolhas. Super atualizadas em relação às tendências do universo fashion, consultoras como Zezé, Márcia e Patrícia são a expressão genuína do bom gosto. E estampam em si mesmas a classe e a elegância dos produtos. 59

Mais natural

A fábrica dos produtos Boachá no povoado com o mesmo nome, no município de Ipaba, vai se tornando cada vez mais a expressão literal do slogan que traduz a essência dos sorvetes, sucos e polpas fabricados pela empresa e distribuídos por todo o Estado e outras regiões do Brasil: Natural por Natureza. Povoada por fartos cardumes, uma lagoa recém-formada junto ao estacionamento e um galpão de compostagem contribui para a preservação de uma nascente local, e já foi visitada por animais silvestres em busca de alimentos, como lontras e um jacaré. A lontra é capaz de ficar submersa durante 6 minutos e ao nadar pode alcançar a velocidade de 12 km/h, o que facilita a caça aos peixes. M a r / M a i 2017


O PODER DA EMBALAGEM

Negócios, negócios, fachadas à parte Você também é daqueles que decidem pela aparência? Então você é normal. Mas é bom prestar mais atenção no conteúdo.

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Todos os dias de manhã cedinho um certo executivo e sua mulher acordam e se preparam para mais um dia de trabalho. Ele sempre se veste da mesma forma: calça social preta, camisa social branca ou, no máximo, azul clara e sapatos de couro. A mulher admite que já até sente certa inveja da facilidade que ele tem para escolher a roupa de manhã. Na verdade, ele nem precisa escolher! Ela sabe que o bom trabalho que ele faz seria igualmente bem feito se ele vestisse um jeans com aquela camiseta do Foo Fighters que ele adora. Nos dias mais quentes, uma bermuda talvez aliviasse o calor e lhe deixasse mais confortável na hora de sair na rua para o almoço. Porém, essas peças, assim como o carro deles, só saem de casa no final de semana. O citado marido, talvez como você que lê este texto, trabalha em um escritório formal e segue o tal “dress code” da roupa social que pasteuriza a aparência das pessoas e faz todo mundo parecer igual andando por uma rua percorrida por executivos ao meio-dia. Ela, por sua vez, trabalha em uma fintech, ou seja, uma startup que usa a tecnologia para oferecer serviços financeiros mais práticos, eficientes e baratos que o sistema tradicional dos bancos. Pode escolher a roupa que quiser para trabalhar. Ninguém lhe dita regras, os limites são impostos pelo seu bom senso. Um dia tem vestido de poá, no outro, casaco de coraçõezinhos, tem a camiseta bem informal, tem All-Star, tem saltinho, tem roupa de yoga… Veste o que lhe deixa mais confortável a cada dia! Falando assim, parece até que ela é super bem-resolvida com isso e o problema é de quem tem que usar roupa social todo dia, né? Só que não. Mar / Mai 2017


Esse problema é dela também. A empresa em que trabalha é da era digital. Com muito amor e carinho virtual, ajuda milhares de pessoas a se libertarem das armadilhas de certos bancos e investirem melhor o dinheiro que elas decidiram poupar para o futuro. Ninguém usa terno e gravata lá. Camisa social, só o CEO, e olhe lá! Geralmente ele combina a camisa com um tênis esportivo. Aí vem a pergunta: será que se os clientes vissem o jeito despojado como as pessoas se vestem nesta empresa todos os dias eles se tornariam clientes da mesma maneira? Todos nós talvez desejássemos muito que a resposta para essa pergunta fosse “Óbvio, ué, qual a diferença? Estou escolhendo um serviço e não aparências”. Mas não, a coisa não é tão racional assim. A real é que você - e toda a torcida do Flamengo - usa gatilhos mentais que facilitam a vida e tornam a tomada de decisão mais rápida em ‘n’ situações no dia a dia. Em geral, esses “atalhos” são realmente úteis. No supermercado, não escolhemos um peixe com mau aspecto vai que ele está estragado? Tendemos a achar que um rapaz com barba por fazer é desleixado e que uma moça bem penteada é super competente, não é verdade? O mesmo tipo de julgamento fazemos com a aparência das pessoas e das instalações físicas das empresas. Fenômenos assim são chamados de vieses e heurísticas e são bastante estudados no campo da economia comportamental. Um exemplo é o efeito halo, que leva você a generalizar suas conclusões sobre uma pessoa a partir da observação de um aspecto específico. Mas, agora pense aí: quantas vezes você já se surpreendeu ao constatar que sua primeira impressão sobre uma pessoa se revelou totalmente errada?

É preciso discernir em quais situações você pode confiar nesse primeiro julgamento do seu cérebro e em quais é melhor pensar um pouco mais para não julgar pela aparência. Às vezes, confiar na sua primeira impressão pode levar a prejuízos, literalmente! No livro “Economia Nua e Crua”, Charles Wheelan propõe a seguinte reflexão. Suponha que você esteja escolhendo uma empresa de investimentos após ter ganhado uma bolada na loteria (sonhar não custa nada). A primeira empresa que você visita tem um belo revestimento de madeira, um saguão todo em mármore, pinturas impressionistas penduradas pelas paredes e executivos que vestem ternos italianos feitos à mão. Imaginou a chiqueza? Nessa situação, você pensa: 1) “É o meu dinheiro que vai pagar todo esse glamour que exploração!”; ou 2) “Nossa, essa empresa deve ser muito bem-sucedida, espero que me aceitem como cliente”? CÍRCULO VICIOSO De acordo com Wheelan, a maioria das pessoas vai pensar algo mais próximo da opção 2. Esse é um efeito que as empresas usam para sinalizar sua própria qualidade no mercado. Os chamarizes que indicam sucesso, como a mármore e o terno italiano, não têm nenhuma relação inerente com a conduta profissional da empresa. São apenas sinais que nos fazem imaginar que o serviço da empresa é de qualidade. E em resumo é por isso que o marido da mulher citada não pode ir trabalhar com a camiseta do Foo Fighters. Isso acaba gerando um círculo vicioso: as empresas sabem que você pensa que chiqueza é qualidade, então investem nisso. Aí você, como cliente, vê com maus olhos as empresas que não seguem essa lógica. Elas acabam sendo forçadas a seguir a mesma fórmula. Claro, elas vão precisar cobrar de alguma forma para cobrir tanto gasto com aparência. Na prática, esse tipo de simplificação mental acontece porque não dispomos de todas as informações necessárias para tomar decisões. Esse insight rendeu ao economista da Universidade de Stanford, Michael Spence, o prêmio Nobel em 2001 (Aliás, você deve ter acreditado muito mais no que leu depois que mencionamos que Spence é de Stanford - e ainda por cima tem um Nobel, uau! Mas esse é um viés para abordar em outro artigo.) Na hora de escolher onde investir, lembre-se de uma coisa: todas as instituições financeiras lucram cobrando taxas sobre o seu dinheiro. Quanto mais vai pra elas, menos sobra para você. Não se deixe impressionar por prédios luxuosos ou assessores com ternos bem alinhados. Tudo isso é bancado por você direta ou indiretamente. A melhor dica que podemos dar é: procure sempre ter ciência do quanto você está pagando para investir e da estratégia adotada para cuidar do seu dinheiro. Quanto mais informação, menos armadilhas. M a r / M a i 2017

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