Pará+ 68

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Camillo Vianna

SEMANA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - JUNHO /1986

Toque de Funeral para a Amazônia Brasileira quase impenetrável barreira de silêncio que sempre separou a Amazônia brasileira do restante do território nacional, não vem permitindo que o povo do nosso país, a não ser ocasionalmente, tome conhecimento da criminosa agressão a que o meio ambiente amazônico vem sendo submetido. Em pouco mais de duas décadas, o sonho longamente acalentado da integração da região, vem se transformando em verdadeiro pesadelo. Tudo o que se fez em nosso país, em termos de agressão à fauna e flora, desde o Descobrimento, parecerá brincadeira de criança, quando a violentação ambiental e humana, apenas iniciada, alcançar seu apogeu. É quase inconcebível que se tenha que esperar mais cinco séculos para integrar, a ferro e fogo, aquilo que seria o Futuro Celeiro do Mundo. É inacreditável, que um dos maiores rios do mundo, que é o Trombetas, seja poluído por lama de lavagem de bauxita, que está escapando do Lago do Batata, um dos mais pródigos da região, já desativado. A colonização se transformou em um verdadeiro pandemônio, e a destruição da natureza vem sendo processada a qualquer nível, social, econômico e cultural. Não se conhece nenhuma providência concreta para impedir a destruição do meio ambiente amazônico. Basta lembrar que em 1984, foram exportados pelo porto

A

de Belém, o equivalente a 83 milhões de dólares americanos em madeira e nenhuma árvore sequer foi replantada. A destruição de milhares de castanheiras, árvore protegida por lei, é uma constante nas áreas de ocorrência dessa excelente fonte de produção de alimentos e dólares como é o caso do pródigo Polígono dos Castanhais em Marabá, que começou a ser devastado. Milhões de hectares de mata vem sendo destruídos para a instalação de pastagens e a carne bovina é exportada, ficando cada vez mais distante da mesa do amazônida e do brasileiro. Não são conhecidos projetos que visem à preservação da fauna e da flora, ao mesmo tempo em que o desperdício representa nível de alta corrupção, nunca acontecidos por estas paragens. Somente na região do Projeto Grande Carajás estão sendo aprovados nove pólos siderúrgicos, que utilizarão 1,1 milhão de toneladas/ano de carvão vegetal, o que dará ao nosso país, o 1º lugar em devastação da natureza em todo planeta. Deus salve a Amazônia! Ainda haverá tempo! Camillo Martins Vianna Presidente da SOPREN * A partir do encarte no Boletim da SOPREN distribuído para toda a Amazônia Clássica.

EDIÇÃO 68 [SETEMBRO 07]

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