XVII Edição | Revista Diagnóstico

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Revista MedUBI

Edição XVII novembro 2022
Natural Investigadora do CICS-UBI no projeto “Yscript” Tratamento da Doença de Parkinson Tratamento da Ansiedade Cultural Música: cultura, terapia ou ambas? Transgéneros no Desporto APPACDM Cultura na Covilhã Entrevista Ansiedade I Dra. Ana Paula Vaz O que nos define? I Eduardo Ribeiro Lecturio I Dr. Ricardo Pfizer I Dra. Susana Castro Marques
Científico Cesariana

Coordenadora Geral

Marta Soares

Coordenadora Científica

Daniela Nóbrega Co-coordenadora Científica Inês Silva

Coordenadora Cultural Catarina Gomes Gonçalves Co-coordenadora Cultural Catarina Barros

Coordenadora de Parcerias e Patrocínios Isabel Praça

Coordenador de Imagem e Comunicação Hugo Gouveia Co-coordenador de Imagem e Comunicação Rafael Pereira

Colaboradores

Alice Pereira Amélia Ponciano Catarina Naia Gabriela Nunes Gabriela Quaresma

Projeto Morada

Avenida Infante D. Henrique 6200-506 Covilhã, Portugal

Telefone (+351) 275 329 098

Email geral@medubi.pt

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Música: cultura, terapia ou ambas?

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O que nos define? Entrevista - Eduardo Ribeiro

Ansiedade Entrevista - Dra. Ana Paula Vaz

Cesariana Natural

Investigadora do CICSUBI no projeto “Yscript”

Transgéneros no Desporto

APPACDM Cultura na Covilhã

Tratamento da Doença de Parkinson

Tratamento da Ansiedade

Lecturio

Entrevista - Dr. Ricardo

Pfizer Entrevista - Dra. Susana

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Música: cultura, terapia ou ambas?

Desde o início do tempo, a música tem sido um componente da sociedade. É um elemento comum de todas as nossas vidas. Mas a questão é: qual o seu verdadeiro impacto? Já sabemos que o nosso coração acelera quando ouvimos o refrão da nossa música favorita, e que aparece uma lágrima no canto do olho ao som do tema do Titanic. Mas para além disso, pode a música ter benefícios para a saúde e ser utilizada como uma terapia?

A Musicoterapia é uma profissão em saúde, em que um terapeuta utiliza as diversas dimensões da música para melhorar ou manter o estado de saúde dos pacientes. A terapia pode ser direcionada para uma parte física, através da prática de instrumentos musicais, no contexto da consulta. No entanto, diversas ou tras dimensões podem ser trabalhadas, tais como o impacto emocional, mental, estético ou mesmo as repercus sões sociais e espirituais.

Com o desenvolvimento humano, a música surgiu essencialmen te enquanto forma de comunicar. No entanto, existem também referências aos seus

efeitos calmantes, em papiros egípcios e na Bíblia. Deste modo, a Musicoterapia emergiu no início do século XX, nos Esta dos Unidos, não como um “método novo, mas sim uma redescoberta das utilizações terapêuticas da música” (Mourão, 1996).

Em Portugal, esta terapêutica surge nos anos 70, com a criação de um grupo de in vestigação para a Musicoterapia enquan to ciência. Em 1989, realizou-se o primeiro curso de formação de musicoterapeutas, que teve lugar no Funchal. Desde então, têm surgido diversos outros cursos, bem como clínicas e associações, existindo atualmente um mestrado em Musicotera pia na Universidade Lusíada de Lisboa.

Mas afinal como é aplicada esta forma de terapia? Pode ser com o paciente passivo, a ouvir o musicoterapeuta; ativo, a tocar instrumentos, cantar ou dançar, individu almente ou em grupo. A música ativa de terminadas zonas do cérebro responsáveis pela memória, associadas a processos de comunicação e aprendizagem, movimen to e emoções. O terapeuta procura enten der a forma como o paciente processa a música e as ondas sonoras e a partir daí criar planos terapêuticos orientados para o objetivo do tratamento.

Esta forma de terapia atua nas mais di versas condições de saúde e os seus be nefícios continuam a ser descobertos. Os principais até agora descritos são alívio da dor crónica, reabilitação física, melhoria da coordenação motora, alívio do stress, ansiedade e irritabilidade, melhoria de distúrbios do sono, auxílio na recuperação

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pós AVC, controlo da pressão arterial e os benefícios em certas demências como o Al zheimer, em que melhoram alterações cog nitivas, psicológicas e comportamentais. Doentes que após um AVC ficaram com a linguagem verbal comprometida e apre sentam melhorias ao cantar as músicas que reconhecem pela melodia, ou doentes com demência que reconhecem músicas asso ciadas a certos familiares, permitindo-lhes manter uma ligação, demonstram como a musicoterapia consegue impactar de forma positiva a qualidade de vida dos doentes.

A Musicoterapia que une música e Medicina continua em evolução e os seus benefícios são promissores para condições clínicas, mas também para a qualidade de vida e para a sua dignificação, expondo a comple xidade da expressão das emoções humanas e forma como estas estão associadas ao fí sico e ao bem-estar geral.

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Catarina Barros e Catarina Naia

Ansiedade

Procurar

Dra. Ana Paula Vaz é psicóloga clínica e da saúde, sendo membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses há 27 anos e pos suindo diversas especialidades reconhecidas pela mesma como a Neuropsicologia, Psicologia Comunitária e Psicogerontologia. A sua intervenção clínica é transversal ao longo de todo o ciclo de vida, desde crianças, adultos e idosos, promovendo a estimulação cognitiva para treino cognitivo e reabilitativo.

O que é a ansiedade? Quais os sintomas que a caracterizam?

A questão pandémica veio trazer à dis cussão a importância da saúde mental em que a ansiedade foi e continua a ser um quadro clínico com uma expressão muito grande, tanto em jovens como em adul tos.

A ansiedade é naturalmente algo bom, é uma emoção que, na sua condição natu ral, tem por objetivo dar alento à vida. O problema surge quando esta se instala de forma intensa e recorrente na vida do indivíduo e este deixa de ter capacidade para lidar com aquilo que a ansiedade lhe causa. Entramos numa condição em que a ansiedade é um problema e se torna num quadro clínico que necessita de uma in

tervenção específica.

Enquanto resposta humana a dificulda des e problemas, a ansiedade tem mani festações diferentes. De modo geral, está carregada de sintomas físicos e emocio nais, associada com comportamentos mal adaptativos e um quadro cognitivo que perpetua o próprio ciclo da ansiedade.

Sintomas físicos incluem taquicardia, su ores, tremores, tonturas, náuseas e/ou dores musculares que são despistados clinicamente porque podem decorrer de alguma patologia física.

Os sintomas emocionais estão relaciona dos com a manifestação emocional mais negativa, ou seja, percebemos que o medo está maioritariamente associado à ansiedade, aquele que se está a viver, o

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ajuda é o início da solução!

medo pelo que se desconhece ou por vol tar a viver aquilo que já se viveu. Muitas vezes associados à ansiedade, temos tam bém os estados depressivos – a tristeza instala-se pela dificuldade percebida em lidar com este círculo vicioso de sintomas e comportamentos negativos.

Podemos dizer que é fundamental procurar ajuda quando a pessoa sente que não é capaz de se adaptar ao novo quadro clínico de an siedade?

É sempre desejável que nós sejamos capa zes de lidar – e lidar nem sempre significa adaptar. Não é desejável que aceitemos como natural um conjunto de sintomas persistentes e recorrentes. É desejável, sim, que nos adaptemos a situações que, pela sua especificidade inerente, nos cau sa um pico de ansiedade, mas que depois saibamos retomar um estado anterior fa vorável.

Se percebermos que já não estamos a conseguir lidar, isto é, aquilo que esta mos a viver é extremamente invalidante, ou seja, começa a interferir com o nosso bem-estar emocional, é fundamental pro curar ajuda. Procurar ajuda é o início da solução! Não há mudança se nós não as sumirmos que precisamos.

Existem certos tipos de personal idade que são predispostos para desenvolver ansiedade. Quais são?

Existem efetivamente alguns critérios que podem conduzir a que a pessoa experien cie mais ansiedade perante certos acon tecimentos de vida. Pessoas com senti mento elevado e crença de necessidade

de controlo das coisas. No entanto, não é completamento válido assumir que está apenas associado a isso ou que há maior predisposição em relação a questões de personalidade.

Todo um sistema de atribuição e valoriza ção daquilo que nos acontece é condição para nos tornar mais vulneráveis à ansie dade nociva.

Dicas práticas para lidar com a ansiedade do dia-a-dia?

A prática de atividade física estabelece um conjunto de ações importantes, não só para o corpo, como também permite a manifestação de prazer e bem-estar, res taurando a capacidade de nos ligarmos com o que está fora do nosso alcance e restabelecendo uma boa circulação san guínea e a manutenção de um ritmo car díaco mais tranquilo. No fundo, permite transmitir um sentimento de poder e de autocontrolo, a quem, em estados de an siedade, está frequentemente a sentir que não tem esse mesmo poder.

Fundamental também, é respeitar os nos sos ciclos naturais, como o próprio sono. Aí, penso que as pessoas em geral, no mundo atual, têm falhado continuamente, porque acabam por se deitar mais tarde, sempre de volta de monitores, redes so ciais, muitos estímulos para um cérebro que precisa da oportunidade de funcionar como é esperado e naturalmente, de uma forma cíclica. Nos casos de ansiedade, isso acontece muito. Efetivamente, há uma al teração significativa desse ritmo biológico do sono, as pessoas têm mais dificuldade em adormecer, experienciam a interrup ção do sono ou este não é reparador.

Depois, existem ainda algumas práticas de

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autocuidado relacionadas com atividades gratificantes, ou seja, o que é que cada um de nós gosta de fazer no seu dia-a-dia, ou gostaria de fazer no seu dia-a-dia, e que não costuma ter muito tempo, ou então tem tempo, mas as opções vão recair so bre coisas que nos fazem perder tempo. Então, as atividades gratificantes são múl tiplas e diferentes de pessoa para pessoa – para algumas pessoas pode ser ouvir música, para outras ler, cozinhar, relaxar, praticar meditação, passear na natureza, nadar – ou seja, um conjunto de ativida des gratificantes que permitem à pessoa dedicar-se a si própria, de forma a sentir que tem um controlo da sua vida, e que tem momentos que são apenas seus, em que podem estar, sentir e experienciar coisas boas a partir daquilo que identifi cam como algo positivo.

E aí também surge a importância da boa gestão do tempo porque, por vezes, as pessoas perdem im enso tempo em algo que não é tão útil e não têm tempo para fazer aquilo que realmente gostam.

Sim, a boa gestão do tempo é também uma prática importante, e está associada à organização e à autodisciplina, e com fre quência as pessoas tendem a desperdiçar tempo. Qualquer um de nós tem a cons ciência de que em pouco tempo, conse guiríamos fazer muito mais do que aquilo que muitas vezes fazemos, porque faze mos sempre o mesmo, sempre da mesma forma. Efetivamente, é importante que as pessoas procurem ser mais autodiscipli nadas, o que não significa que exista um rigor onde não haja espaço para fazerem algo que lhes seja agradável. Muitas vezes, quando eu falo em autodis ciplina, quase que é motivo para as pes

soas pensarem logo em regra ou rotina. Esta autodisciplina é definida pela própria pessoa, no sentido de “como é que eu vou gerir o meu tempo, entre obrigações, res ponsabilidades, e aquilo que sobra e que eu poderia tentar aproveitar em benefício próprio”.

Como podemos ajudar alguém que esteja a ter uma crise de ansiedade?

Bem, vou aproveitar esta questão ain da para adicionar outra dica prática, que tem a ver precisamente com a existência de alguém que nos transmite segurança, um amigo ou um familiar, alguém próxi mo, com quem temos confiança para fa zer alguma partilha. Efetivamente, é uma boa prática também para aliviar estados de ansiedade.

Neste sentido, quando alguém está a vi ver uma ansiedade intensa, é importante tentar passar a mensagem de que está tudo bem, de que aquela visão catastró fica do momento é irracional, e não terá aquele impacto tão negativo como a pessoa está a viver, que estamos ali para apoiar e para escutar, se a pessoa preci sar. Contudo, também são fundamentais a consciência e a clareza para quem escuta, de que por vezes não está ao seu alcance poder dar o contributo necessário. Então, depois de escutarmos a pessoa, e de ter mos essa atitude compassiva relativamen te a ela, é muito importante ainda, alertar a pessoa para a importância de procurar ajuda, e tentar, na dificuldade e na recor rência da situação, tentar efetivamente uma ajuda profissional orientada para os seus sintomas, para a procura dos motivos e das causas pelos quais a pessoa está a experienciar esse estado de ansiedade, e

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desenvolver um trabalho que integre um conjunto de técnicas cientificamente es tabelecidas e suportadas também na evi dência cientifica.

Numa crise de ansiedade, a visão da pes soa é sempre importante, sendo necessá rio compreender que imagem é que está a ter, daquilo que está a acontecer, em relação a acontecimentos da vida própria. Ou seja, que compreensão e interpretação está a fazer. A maioria das vezes, e mesmo sem ter uma interpretação específica, al guém de fora consegue compreender que a visão é exagerada em relação àquilo que está a suceder, e é esse exagero que pre cisa de ser reposto, favorecendo o equilí brio, e a forma como depois se lida com a mesma situação.

Portanto, deve-se tentar dialogar, conhe cer a sua interpretação das situações, ten tar conhecer como a pessoa se visualiza na sua capacidade de lidar ou não com as situações, se é algo que está a acontecer há muito tempo, se é uma situação mais recente. E à luz disto, os sintomas muitas vezes abrandam, os emocionais e físicos, porque a pessoa tem oportunidade de partilhar, tem oportunidade de falar so bre aquilo que está a comprometer o seu bem-estar, o que pode ser uma boa aju da, permitir que a pessoa se liberte do que está a ser intenso e que a está a angustiar naquele momento.

Atualmente, existe ainda preconceito por parte da sociedade em relação às doenças mentais, o que leva muitas vezes a adiar a procu ra de ajuda. Como podemos con tribuir para um melhor acesso a cuidados de saúde mental?

Efetivamente, a par daquilo que é a visão da própria pessoa em relação à procura de ajuda, há um peso significativo sobre o que é que a família pensa sobre isso. Te nho essa experiência, por vezes, de pes soas que logo de início tendem a ques tionar se há mais pessoas com problemas semelhantes, ou se “há mais pessoas com o mesmo problema que eu” – esta é uma pergunta muito frequente – e, para além desta questão, a afirmação de “Eu já de via ter vindo há mais tempo, mas a minha mãe ou o meu pai, ou o meu marido ou a minha esposa…”. Ou seja, alguém que achava que poderia tentar lidar de outra forma. É também verdade que muitas ve zes se recorre logo à vertente clínica, e a uma intervenção medicamentosa. No en tanto, se a intervenção começasse mais precocemente, as pessoas poderiam tam bém aprender a gerir e a lidar com a sua ansiedade, sem necessidade de recurso à medicação. A psicoterapia pode intervir isoladamente, mas também pode ser um bom suporte quando há uma intervenção medicamentosa.

O acesso aos cuidados de saúde mental, numa 1ª linha, passa, na maioria das ve zes, pela ida ao médico de família, pela sintomatologia física, procurando perce ber se há ou não organicidade. O médico de família também tem o papel de sinalizar para consulta de psicologia na própria unidade de saúde, se existente, ou então de fazer o encaminhamento para o hospital, para que a pessoa tenha acesso a consulta de especialidade e o acompanha mento psicológico. Infelizmente, sabemos que esta opção é demasiado morosa. Quero ainda ressalvar esta questão: é im portante procurar ajuda. As pessoas ten dem a adiar, contudo a resposta física e emocional passa depois a ser complexa do ponto de vista cognitivo, afetando a

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forma como toda a informação é proces sada, interpretada e vivida dentro de cada um de nós.

Procurar ajuda é o início da solução!

Contacta o Gabinete de Apoio Psicológico da UBI - E-mail: gap@ubi.pt

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Caso Clínico Anos Científicos

Doente do sexo feminino de 17 anos, vem ao SU por fraqueza muscular e parestesias dos membros inferiores com 1 semana de evolução. Ao exame físico, apresenta cansaço, taquicardia (110 bpm), glossite atrófica, queilite angular.

As análises clínicas revelam:

• Hemoglobina: 10g/dL

• VCM: 110 fL/célula

• Vitamina B12: 150pg/mL

1. Consoante os valores analíticos, qual a melhor hipótese diagnóstica?

A. Anemia microcítica por défice de vitamina B12

B. Anemia macrocítica por défice de vitamina B12

C. Anemia ferropénica

2. Qual a forma de tratamento mais adequada para a patologia apresentada?

A. Cianocobalamina

B. Transfusão de concentrado de eritrócitos

C. Ferro com vitamina C

3. Em que local do organismo é absorvida a vitamina B12?

A. Duodeno

B. Estômago

C. Íleo

D. Cólon

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Cesariana Natural

Uma nova abordagem à cirurgia mais frequentemente realizada no mundo

Nestes últimos anos temos vindo a assistir a uma maior personalização dos cuidados de saúde. O momento do parto não é exceção. Existem cada vez mais for mas alternativas que visam tornar o parto vaginal mais personalizado. Contudo, re lativamente à cesariana, esta não tem sido sujeita ao mesmo progresso. Desta forma surgiu o conceito de cesariana natural que corresponde a um conjunto de medidas que pretendem mimetizar a situação de parto vaginal durante a cesariana.[1] Esta técnica pode ser aplicada em cesarianas eletivas em mulheres saudáveis num par to a termo.

De acordo com os autores, o processo de cesariana natural contém adaptações ao método convencional, compreendendo as 3 fases principais do processo:

Preparação: nesta fase devem ser mos trados aos pais, vídeos exemplificativos de como vai decorrer o processo. No blo co operatório, com o intuito de manter os membros superiores e peito da mulher li vres, o oxímetro deverá ser colocado no pé, os elétrodos do ECG não devem ser colocados no peito da mulher e o aces so intravenoso deve ser colocado na mão não dominante.

Parto: após efetuar a incisão cirúrgica, a cama é elevada para que a mulher te nha visão total da área da incisão. À me

dida que a cabeça do feto entra na área da incisão abdominal, o campo operató rio é limpo e o acompanhante da mulher é convidado a assistir. O feto fica com a boca e nariz fora da cavidade abdominal de forma a conseguir respirar enquanto o seu corpo ainda se encontra no abdómen da mãe. Este passo permite que a pressão exercida pelo útero e tecidos moles da mãe facilitem a expulsão do líquido pul monar, similar ao que ocorre num parto vaginal. Uma vez a chorar, é auxiliado o movimen to dos membros superiores do feto para fora da cavidade abdominal. Desta forma, o torso do feto efetua um tamponamento na incisão uterina, minimizando a hemor ragia.[1] O resto do parto ocorre através de uma combinação de expulsões passivas do útero e de assistência ativa por parte do obstetra, enquanto suporta a cabeça e torso do feto.

Pós-parto imediato: O objetivo é iniciar o contacto pele-pele imediatamente após saída total do feto da cavidade abdominal da mãe. O bebé é colocado no peito da mãe, limpo e com uma toalha aquecida para manter a temperatura. Os cuidados prestados à mãe são efetuados enquanto esta está a segurar o feto. Se for da von tade do acompanhante da mulher, poderá efetuar o corte do cordão umbilical.

Defensores deste novo método indicam que, em termos qualitativos, em 100 ce sarianas naturais, nenhuma foi alvo de

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comentários negativos por parte dos in tervenientes e intervencionados.[1] Dado o efeito negativo que o método tradicional da cesariana pode ter na satisfação ma terna, ligação mãe-feto e amamentação, muitos consideram este novo método de extrema utilidade e importância de ser aplicado rotineiramente.[1] Esta opinião não é, contudo, consensual, sendo que le vanta inúmeras questões éticas e preocu pações relativas ao conceito de “cesariana natural” e que repercussões este pode vir a ter no aumento do número de cesaria

nas.[2]

Apesar de não ser um conceito associa do a uma opinião consensual, os princí pios associados ao mesmo são. Há uma crescente necessidade de adoção de es tratégias de melhoria de qualidade per sonalizadas, de forma a promover o parto vaginal natural e a reduzir as intervenções cirúrgicas.[2]

Referências Bibliográficas:

1. Smith J, Plaat F, Fisk N. The natural caesarean: a woman-centred technique. BJOG: An International Jour nal of Obstetrics & Gynaecology [Internet]. 2008 Jul [cited 2019 Dec 17];115(8):1037–42. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2613254/

2. Newman L, Hancock H. How natural can major surgery really be? A critique of “the natural caesarean” technique. Birth (Berkeley, Calif) [Internet]. 2009 Jun 1 [cited 2022 Jun 16];36(2):168–70. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19489812/

Daniela Nóbrega
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O que nos define?

Eduardo Ribeiro tem 21 anos de idade. É es tudante do primeiro ano do Mestrado de Mar keting na Covilhã e hoje vem partilhar connosco o seu testemunho enquanto membro integrante da comunidade LGBT e aluno da UBI.

Fala-nos um pouco do teu percur so até aqui, quer a nível académico, quer a nível pessoal.

Iniciei a minha formação em Ciências e Tecnologias, estive cerca de 2 meses e meio / 3 meses e decidi mudar para Hu manidades porque Ciências não era aqui lo que queria. Embora depois o que eu tenha escolhido para a universidade tam bém não tenha nada a ver com o que eu escolhi no secundário e então acabei por vir para Marketing a achar que era publici dade, porque queria aquela vertente mais criativa, mais ligada às artes, que a minha escola não tinha e acabei por ir por aque la vertente com que me identificava mais. Acabei por vir para marketing a achar que ia dar asas à criatividade e à imaginação, não foi bem assim, mas não me arrepen do. Estou agora no Mestrado de Marke ting.

Lembras-te de alguma situação ou

momento em particular em que tenham agido mal contigo/de alguma forma discriminatória? Alguma vez te sentiste injustiçado?

Só percebi que gostava de pessoas do mesmo sexo no 12º ano, foi na altura em que me comecei a assumir aos meus ami gos mais próximos e depois à minha mãe, duas semanas antes de vir para a univer sidade.

Ela não queria que me assumisse logo, mas eu assumi, não segui conselhos de ninguém e fui muito bem recebido. No básico, havia pessoas que mandavam bo cas porque andava mais com raparigas, mas como ainda não sentia a atração por rapazes era indiferente o que estavam a dizer.

Tens alguma rede de suporte mais próxima?

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Os meus amigos, principalmente as mi nhas amigas, são quem me compreende melhor, quem percebe, não é o meu mun do porque acaba por ser o mundo de to dos. Como estão presentes no meu quoti diano percebem o meu estilo de vida. Uma orientação sexual acaba por ser diferente no método de interagir com outras pes soas ou na interação que outras pessoas têm comigo. Como presenciam tudo isto, acabam por se saber colocar no meu lado.

Consideras que podiam ser fei tos mais esforços na sociedade para combater estas situações de desigualdade?

Acho que sim, mas também penso como seria possível, porque acaba por ser uma coisa que está na mente das pessoas, uma mentalidade que tem de ser mudada, deve ser combatida.

A disciplina de educação para a cidadania não ensina só pontos de educação sexu al e identidade de género, ensina muitas mais coisas. Com pessoas muito conser vadoras ainda há muito o preconceito de estar a explicar estes temas. Dizem que devem ser debatidos em casa, o que eu não concordo, porque muitas vezes nem os pais se sentem à vontade para falar disso com os seus filhos, pelo menos os meus pais nunca falaram comigo sobre isso. Foi algo que tive de aprender por fora e é algo que deve ser debatido nas escolas para as pessoas, pelo menos jo vens e crianças. Principalmente os que se identificam com a comunidade LGBTQIA+ e não veem tanta representatividade no meio em que estão poderem ter uma boa base de informação, para não pensarem em coisas negativas contra a sua pessoa e

para não tentarem fazer nada de mal con tra si próprios. Perceberem que são nor mais e não merecem discriminação.

Daqui a 10 anos achas que as coisas vão estar iguais ou já vai haver muitas mudanças?

Gostava de acreditar que sim, mas ain da há muitas famílias que perpetuam o pensamento discriminatório, a homo fobia para os seus filhos. Se não houver uma evolução nas escolas para explicar às crianças que é normal uma pessoa amar outra do mesmo sexo, amar os dois sexos ou identificar-se com outro género que não o que teve à nascença, enquanto as crianças não perceberem isso acho que não vai haver evolução.

Neste momento sentes-te realizado ou há algo que esteja em falta na tua vida?

Num modo profissional ainda não me sinto realizado, mas a nível pessoal sinto. Ainda por cima este fim de semana tive a minha primeira marcha que foi a primeira marcha na Covilhã.

Estou nesta cidade há 4 anos e foi a cidade que me permitiu ser eu, viver livremente sem ter de me esconder de nada. Ter este movimento, ter esta primeira marcha na Covilhã foi incrível, não há palavras para descrever. Enquanto pessoa acho que tive um desenvolvimento muito grande.

Como a maior parte das pessoas com que me relaciono são pessoas heterossexuais, nunca há muito bem aquela compreensão e às vezes acaba-se por levar com alguns comentários que eu percebo que sejam em modo elogio, mas acabam por ma goar. Por exemplo quando dizem “ah és

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o único gay com quem me consigo rela cionar ou que tenho amizade” e eu peno “isso é porque não conheces mais ou não dás oportunidade a mais”. Enquanto pessoa sinto-me bem, quando encontro situações de desigualdade tento lutar e defender as pessoas da minha comunida de. Não gosto muito de dizer que é uma comunidade, porque somos todos da mesma comunidade, mas como acabam por, na generalidade, nos colocar de certa maneira à parte ou não nos respeitarem tanto, acabamos por nos descrever como uma própria comunidade, dentro da co munidade que já há.

alguma coisa no passado. Todo o percur so que tive até agora foi o que me levou até onde estou hoje e foi o que me peri mitiu conhecer as pessoas que conheço, ter as amizades que eu tenho, ter estado envolvido nos projetos que estive. Se há coisas que aconteceram no passado que eu mudava? Talvez... Mas não me arrepen do. A vida corre sempre, uma pessoa evo lui e aprende com os erros.

Se todos os que tivessem agido de forma errada contigo, estivessem connosco aqui hoje o que gostavas de lhes dizer pessoalmente?

Sinceramente, não sei se gostava de lhes dizer alguma coisa. Já passou algum tem po desde que houve pessoas que me fize ram algo ou que tiveram algum comentá rio que na altura até me tivesse magoado ou que não tivesse a capacidade de igno rar.

Mas acho que se fosse hoje, pessoas com quem eu realmente me importasse ou que tivesse algum tipo de relação, ainda era possível haver algum tipo de conversação para nos entendermos, para se manter uma relação de amizade ou quanto mais não fosse de tolerância. Considero que não é necessário, se as pessoas estiveram mal comigo, elas é que devem pedir des culpa. As atitudes ficam com quem as faz.

Alguma vez sentiste que tinhas culpa quando eras alvo de discrim inação?

Não considero que acho que deva mudar

Como não fui propriamente alvo de dis criminação, senti mais culpa quando des cobri que gostava de rapazes, tinha 17 anos, no meu 12º ano. Como sou de um meio familiar muito religioso, sempre esti ve muito ligado à igreja, sempre disseram

Se pudesses mudar alguma coisa no passado qual seria?
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que a homossexualidade era um pecado, então no inicio foi complicado para mim aceitar-me. A partir do momento em que me consegui aceitar e falar disso com a mi nha melhor amiga, consegui apagar essa parte, mas na altura, antes de ter falado com alguém, senti-me muito mal, que eu é que estava errado. Quando na verdade a minha orientação sexual não é nada, eu não escolhi, não é uma opção e também não é isso que vai definir o meu carácter enquanto pessoa nem o meu profissiona lismo, não vai definir nada, simplesmente é uma caraterística que eu tenho.

O que gostarias de dizer a pessoas que estão a sentir dificuldade em aceitar-se, não sabem bem qual o

rumo que devem seguir?

Não sei muito bem que conselho dar. Pas sei por uma fase complicada, de auto-a ceitação, não havia grande representativi dade nos media, na televisão, não havia muitas pessoas do meio LGBTQIA+, pes soas que conhecesse e tivesse à vontade, o que acabou por me fazer sentir mais re traído. O conselho que dou é serem vocês próprios. Depois também vai depender do contexto familiar que as pessoas têm. Mesmo com o grupo de amigos, se acha rem que têm alguém capaz de entender acho que devem falar, é libertador!

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Catarina Gomes Gonçalves
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Investigadora do CICS-UBI, participa no projeto Europeu “Yscript”

A universidade da Beira Interior integra um consórcio internacional criado para permitir a utilização de mRNA no tratamento de várias doenças. O projeto Yscript envolve a UBI, através do CICS, Centro de Investigação em Ciências da Saúde, nomeadamente pela cooperação de Fani Sousa com instituições de outros países.

Fani Pereira de Sousa, atual investiga dora do CICS-UBI e docente da FCS-UBI, completou os seus estudos em bioquí mica, em 2008. A nível científico, o foco das suas pesquisas é a Biotecnologia da Saúde, incluindo o desenvolvimento de novas plataformas biotecnológicas para produção, purificação e estabilização de produtos biológicos para aplicações tera pêuticas. É, precisamente, neste contexto que se insere o “Yscript”.[1]

O “Yscript - Yeast cell factory for mRNA bioproduction” é um projeto do Horizon te Europa, que almeja o desenvolvimento de novos processos de produção de RNA e aplicação na terapêutica. Mais concre tamente, os seus dois principais objetivos são o desenvolvimento de um bioproces so de levedura, método mais robusto, sus tentável e economicamente viável, para

a produção de diferentes comprimentos de mRNA e o design de processos de extração e purificação inovadores e eco nómicos para mRNA bioproduzido. Nes se sentido, “a plataforma a desenhar será ajustável à produção de qualquer mRNA de interesse, independentemente da apli cação terapêutica”, explica a responsável pela investigação na UBI.[2,3]

Ainda, a necessidade de criação de novos métodos surge, também, do facto de atu almente, a transcrição in vitro (IVT) ser a única tecnologia disponível para produ ção de mRNA e esta depender de uma cadeia de suprimentos complexa e um processo de purificação caro. Este é um grande problema que dificulta a produção de IVT em larga escala e os custos eleva dos são uma limitação para os países de baixo rendimento.[2] Portanto, o consórcio, constituído por oito

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parceiros de cinco países diferentes, no meadamente CNRS (França), INRAE (Fran ça), UAVR (Portugal), UBI (Portugal), TRON gGmbH (Alemanha), EURICE (Alema nha),IBCH PAS (Polónia), BIASEP (Eslové nia), trabalhará, durante os próximos três anos, até março de 2025, no desenvolvi mento de uma plataforma de fabrico de mRNA baseada em leveduras, no sentido de ser aplicada, em larga escala, terapeu ticamente.

Para Fani Sousa, “A interação e colabo ração próxima com outras instituições internacionais traz novas oportunidades de ampliação de conhecimentos, troca de experiências, intercâmbio e desenvolvi mento de projetos futuros”. É, desta for ma, notável e relevante a participação da UBI, elevando a qualidade da investiga ção, além do financiamento e da integra ção de novos investigadores na equipa do CICS-UBI [3], cujo grupo de investigação de Biofármacos e Biomateriais, tem desen volvido investigação na área da produção e purificação de biofármacos, nomeada mente DNA e RNA.

As perspetivas para o futuro são que o Ys

cript nos fornecerá uma tecnologia mais económica para a obtenção de mRNA com potencial aplicação em futuros surtos de infeção, mas também para expandir a tecnologia para o tratamento de doen ças crónicas, que têm vindo a aumentar devido ao envelhecimento da população. “Assim, o projeto terá um impacto positi vo não só na saúde, mas também na eco nomia e na sociedade”, acrescenta Fani Sousa.[2,3]

Inês Silva

Referências Bibliográficas:

1. Fani Pereira de Sousa (991D-2E13-A840) | CIÊN CIAVITAE [Internet]. [cited 2022 Jun 20]. Available from: https://cienciavitae.pt/991D-2E13-A840

2. Vision & Mission | Yscript [Internet]. [cited 2022 Jun 20]. Available from: https://www.yscript.eu/ about/vision-mission

3. CICS @ UBI [Internet]. [cited 2022 Jun 20]. Available from: https://www.ubi.pt/Sites/cics/en/ Noticia/985

4. https://www.ciceco.ua.pt/files/bioproduction_ process.png

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Será justa a competição desportiva entre atletas trans e cis?

Num mundo que tende a ser cada vez mais inclusivo com a comunidade LGBTQIA +, em diversas áreas da socieda de, nomeadamente em desportos de alta competição, vemo-nos confrontados com diferentes opiniões e informações contra ditórias sobre qual deveria ser a política desportiva para atletas transgénero. As sim, este artigo propõe-se a reunir pon tos de vista fulcrais a este tópico e, dada à volatilidade destes, permitir que o leitor forme uma opinião informada.

Em primeiro lugar, de referir que apesar de existirem inúmeros desportos, com regras díspares, os princípios pelas quais tais regras se regem são comuns a todos os desportos, na medida em que incluem o respeito pelos outros, também chama do de fair play e a justiça da competição

implícita na igualdade de oportunidades. [1]

Perante estes princípios desportivos ine rentes à nossa sociedade, surgem notícias como a de ação para vetar a participação de jovens transgénero em desportos de competição nos Estados Unidos da Amé rica, levada a cabo por atletas cisgêne ro. Estas argumentam que ao permitir a competição de atletas transgénero estão a privá-las de títulos e oportunidades de bolsas de estudo. Uma destas jovens, Alanna Smith, ao The Guardian, reflete que “Mental e fisicamente, sabemos o re sultado antes mesmo da corrida começar” e diz, ainda, que “Essa injustiça biológica não desaparece por causa da identidade de género. Todas as meninas merecem a oportunidade de competir em igualdade de condições.”

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crescimento muscular, alterações obser váveis através de uma estimulação direta da síntese proteica a nível muscular. De tal forma que, Sinha-Hikim et al., demons traram, no seu estudo, uma relação entre ganhos musculares através da suplemen tação com testosterona e o consequente aumento significativo, dose-dependente, da área de fibras musculares de tipo I e II.

Em contraposição, a atleta transgénero em questão, Andraya Yearwood, reporta que “enfrentei discriminação em todos os aspetos da minha vida. E não quero mais ficar em silêncio”. “Eu sou uma garota e uma corredora. Participo do atletismo, as sim como os meus colegas, para me des tacar, encontrar amigos e dar um signifi cado à minha vida. É injusto e doloroso que as minhas vitórias tenham que ser atacadas e o meu trabalho duro ignora do.”[2]

Independentemente da posição inicial do leitor, são notórios os sentimentos de in justiça, frustração e impasse para ambas as perpetivas, oriundos da preocupação original: será que atletas trans dispõem de vantagens em relação aos cis? Em relação a este tópico de discussão, não existem muitos artigos científicos e estudos que detenham uma resposta clara e coerente sobre este recente dilema social. Um dos intervenientes moleculares mais comen tados é a hormona testosterona. O que se sabe é que esta desempenha, de fac to, um papel fulcral no desenvolvimento, durante a puberdade, na medida em que induz o aumento da massa muscular e o

Além disto, a testosterona atua como um agente anti-inflamatório, suprimindo res postas inflamatórias mediadas por linfó citos, macrófagos e, endotélio vascular e a secreção de diversas citocinas. Esta hor mona acaba por ter um papel modelador na recuperação do exercício, uma vez que ao intervir na síntese proteica, contraba lança o cortisol de forma a melhorar a ve locidade da recuperação muscular. Tam bém promove um incremento no número de recetores de acetilcolina na fenda si náptica, permitindo uma melhor rapidez na coordenação neuromuscular. Assim, a partir destes dados, podemos inferir que tais mudanças na fisiologia do músculo irão refletir vantagens de aptidão física.

Posto isto, face a estas preocupações o COI (Comité Olímpico Internacional), de senvolveu critérios específicos para que estas atletas pudessem entrar em compe tições. Um deles foi o limite máximo de restrição para todas as atletas de níveis de

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nmol/L no mínimo 12 meses precedentes e durante a competição.

Contudo, não podemos assumir que a influência da testosterona na puberdade torna os atletas imbatíveis no desempe nho em desportos de alta competição, uma vez que as informações relativas a este tópico não são lineares. Por outras palavras, se por um lado, alguns estudos indicam que, de facto, a testosterona é ca paz de inúmeras vantagens para a aptidão física, por outro lado, outros estudos refe rem que ao concluir a terapia de supres são de testosterona, à qual as mulheres transgénero se sujeitam, apesar de man terem características como maiores ossos, resultam num decréscimo significativo do volume muscular, quando comparado com os respetivos ossos. Tais resultados põem em causa se existem desvantagens das mulheres transgénero em relação às cisgénero.[3] Além disso, outros estudos revelam que mulheres transgénero, após um ano de tratamento hormonal, têm menor velocidade, força, resistência e ca pacidade em oxigenar as suas células.

Assim, existem outros fatores que devem ser tidos em conta quando comparamos as condições de desempenho entre am bas. Um exemplo é a maior predisposi ção a problemas mentais como a depres são, inerente à disforia de género, que os transgéneros evidenciam bem como a discriminação.

De tal forma que, de acordo com Joshua Safer, MD, executive director of the Mou nt Sinai Center for Transgender Medicine and Surgery in New York, endocrinolo gistas cujos pacientes sejam transgéne ro devem encorajar estes para participar em desportos, mesmo que não sejam de alta competição, para que estes pacientes possam beneficiar das vantagens de uma vida ativa, independentemente do receio de uma perceção negativa social.[4]

Tais fatores explicam a razão pela qual, apesar de os atletas transgénero poderem participar em jogos olímpicos desde 2004, (Carta Olímpica) 2004: “A prática do des porto é um Direito Humano. Todos os in divíduos devem ter a possibilidade para a prática desportiva, sem discriminação sob qualquer forma e dentro do espírito olím pico, o que requer compreensão mútua com o espírito da amizade, solidariedade e fairplay.”, a primeira medalha olímpica de ouro para uma atleta transgénero sur giu apenas em 2021, com a atleta cana dense Quinn.

Quinn (atleta canadense)
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Desta forma, perante as incertezas relati vas às potenciais vantagens ou desvanta gens que atletas transgénero evidenciam em relação aos cisgénero, o COI acabou por revogar alguns dos critérios adotados nas suas diretrizes anteriores, conferindo uma maior liberdade às respetivas fede rações desportivas na definição de parâ metros, desde que sigam os listados 10 princípios básicos para a elaboração das novas regras sendo eles: Inclusão; Preven ção de danos; Não discriminação; Justiça; Nenhuma presunção de vantagem; Abor dagem baseada em evidências; Primazia da saúde e autonomia corporal; Abor dagem centrada nas partes interessadas; Direito à privacidade; Revisões periódica. Portanto, os critérios invasivos, como o referido anteriormente, foram cessados.

Como é expectável, tais mudanças de pa radigma vieram associadas a críticas ainda mais severas a todas as medalhas ganhas por atletas transgénero. Exemplificando -se com a polémica da primeira transexual a conquistar o ouro nos campeonatos uni versitários dos EUA, Lia Thomas. Esta atle ta foi “mesmo alvo de insultos por parte de uma franja dos espectadores presentes em Atlanta”.[5]

transgénero, que mais do que atletas são pessoas, estão dispostos a submeter-se a procedimentos invasivos, dispendiosos e, por vezes, irreversíveis, associados a dis criminação e, em algumas situações, que bra de relações afetivas, ou seja, sacrifícios descomunais, somente para ganhar uma medalha, que nem é garantida?

Assim, mesmo assumindo que existe de facto uma vantagem clara e universal de atletas transgénero, qual é a diferença desta vantagem perante as diferenças ge néticas existentes em diversos atletas que também resultam em vantagens despor

Lia Thomas
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fere uma vantagem em desportos como o basquetebol e, no entanto, não surge a questão que os atletas com menor altura estão em desvantagem desportiva. Pos to isto, este nível de angústia relaciona do com a participação de atletas trans em desportos femininos desmascara a aceita ção inepta ou até mesmo nula de mulhe res trans.

Aliás, a questão das diferenças entre atle tas trans e cis põe-se em atletas trans que fizeram a transição de homem para mu lher e, raramente, existe a mesma proble mática perante atletas trans que fizeram a transição de mulher para homem.

Em suma, vimos diferentes aspetos bio lógicos, mentais e sociais que diferem os atletas transgénero e cisgénero e que,

Referências Bibliográficas:

1. https://estudogeral.sib.uc.pt/bit stream/10316/10530/1/%C3%89tica%20do%20 Desporto%20-%20An%C3%A1lise%20dos%20Dis cursos%20no%20Debate%20das%20Ide.pdf

2. https://runnersworld.com.br/jovens-en tram-com-acao-para-vetar-atletas-transgeneros/ 3. https://ubibliorum.ubi.pt/bitstre am/10400.6/10738/1/7554_16022.pdf

4. https://www.medpagetoday.com/read ing-room/endocrine-society/diabetes/98778

5. https://observador.pt/2022/03/22/lia-thom as-fez-historia-foi-deixada-sozinha-num-podioe-so-quer-estar-em-paris-pelo-meio-e-a-novacara-da-luta-dos-atletas-transexuais/

6. https://expresso.pt/tribuna/2022-05-11-At letas-transgenero-no-desporto-femini no-A-ciencia-esta-na-sua-infancia-no-te ma-nao-vamos-ter-respostas-definiti vas-nos-proximos-20-anos-2a13023b

certamente, permitirão ao leitor perceber a dificuldade em responder às polémicas sobre a participação de transgénero em desportos de competição. Desta forma, é crucial advogar pelos direitos destas co munidades e basear as nossas decisões na ciência e na racionalidade. Contudo, para o podermos fazer é imperativo atenuar a escassez de estudos sobre este tópico, uma vez que somente quando os comités de desportos de elite estiverem bem in formados, se poderão elaborar critérios de participação justos e adequados. Isto por que a inclusão social no desporto permite garantir a representatividade transgénero e colmatar preconceitos associados.

7. https://ludopedio.org.br/arquibancada/a-no va-diretriz-do-coi-para-inclusao-e-elegibil idade-de-atletas-transgeneros-nada-difer ente-do-previsto-mas-quais-as-suas-problema ticas/

8. https://www.washingtonpost.com/opinions/ letters-to-the-editor/discrimination-against-trans gender-women-in-sports/2021/04/25/412a49d4a20f-11eb-b314-2e993bd83e31_story.html

9. https://www.nzherald.co.nz/sport/tokyo-olym pics-2020-transgender-athlete-quinn-wins-histor ic-gold-medal-for-canada/WVTFC47J6PJAZ2VIYG MRX3YOLQ/

10. https://www.rtp.pt/noticias/outras-modali dades/coi-recomenda-exclusao-de-atletas-rus sos-e-bielorrussos-das-competicoes_d1387981

11. https://ge.globo.com/natacao/noti cia/2022/03/21/lia-thomas-se-torna-1a-transcampea-universitaria-nos-eua-e-rivais-se-rec usam-a-dividir-o-podio.ghtml

Amélia Ponciano
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Caso Clínico Anos Clínicos

Doente do sexo masculino de 65 anos, fumador, vem ao SU, acompanhado pela esposa, por dor retroesternal com irradiação para a mandíbula. A história médica revela hiper tensão arterial mal controlada e dislipidemia. Ao exame físico, apresenta taquicardia (120 bpm), TA 98/65 mmHg. Medicado com bisoprolol 2.5mg e sinvastatina 20mg.

1. Qual o exame fundamental para avaliar o diagnóstico?

A. RX tórax

B. ECG 12 derivações

C. Ecocardiograma

D. Eletroforese das proteínas

2. O ECG revelou supradesnivelamento do segmento ST em DII, DIII e aVF Qual a atitude terapêutica mais adequada perante o caso?

A. Nitroglicerina

B. Beta-bloqueadores

C. Realizar ECG V3R e V4R

D. Angiografia coronária

3. O doente foi encaminhado para revascularização e, antes do procedimento, sofreu um AIT. Necessita de nova revisão terapêutica. Qual destes anti-agregantes associaria ao ácido acetilsalicílico?

A. Prasugrel

B. Ticagrelor

C. Clopidogrel

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APPACDM Uma Associação Inclusiva

AAssociação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) nasceu em 2 de fevereiro de 1962, fruto do empenho de Sheila Stilwell, mãe de uma criança com Síndrome de Down, e da pedopsiquiatra Dr.ª Alice de Mello Tavares.

Com uma história de 55 anos, APPACDM luta, de forma empenhada, pela sua inclu são na sociedade defendendo os princí pios básicos assentes nos valores do asso ciativismo e voluntariado:

• Partilhar lugares comuns;

• Fazer escolhas;

• Desenvolver capacidades;

• Ser tratado com respeito e ter um pa pel socialmente valorizado;

• Crescer nas relações.

Os valores desta associação consistem, por exemplo, na inclusão e articulação com a comunidade, onde cada pessoa com deficiência tem direito a crescer, a trabalhar, a participar e a viver o seu quo tidiano; a participação é também funda mental porque os indivíduos com defici

ência decidem o caminho da sua própria vida no que toca às necessidades, interes ses e apoios recebidos. Particularmente, a APPACDM da Covilhã, fundada em 2006, é uma extensão dos va lores e princípios defendidos pela associa ção que, a nível regional, tenta assegurar a concretização das necessidades dos cerca de 60 utentes, tendo em vista as três prio ridades do executivo: criação de emprego, ação social e educação.

Assim, um dos exemplos destas dinami zações é o Ginásio Terapêutico, onde se desenvolvem competências para a oti mização do desempenho ocupacional e bem-estar a nível físico e emocional. Nes te espaço, pretende-se promover a auto nomia e independência, num ambiente controlado e orientado.

A Equitação Terapêutica também faz parte do leque de opções e apresenta inúmeros benefícios como a melhoria da postura, coordenação e equilíbrio, estabilização do tónus e melhoria da atenção, concentra ção e capacidade de aprendizagem, orien tação espaço-temporal e lateralidade.

Na APPACDM da Covilhã desenvolvem-se

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também atividades têxteis que promovem a participação dos utentes na sociedade, com o fabrico próprio de malhas ou outros ob jetos, ajudando nas capacidades psicomoto ras.

Além da componente cultural e de lazer, a associação também fomenta a comunicação digital enquanto ferramenta de conexão en tre pares, ajudando no fortalecimento dos laços sociais e na desenvoltura linguística e gramatical.

O objetivo principal da APPACDM é apoiar os cidadãos com deficiência intelectual, pro mover as respostas adequadas a cada utente e às suas famílias e melhorar a sua autono mia e integração na comunidade. De facto, na sociedade atual em que as pessoas são forçadas a adaptar-se ao mundo laboral, sur ge a importância de associações como esta para inverter a tendência, particularmente, para pessoas com deficiência intelectual.

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Assim, é necessário que haja uma flexi bilidade do mercado de trabalho face a determinadas limitações individuais.

Este tipo de iniciativas é cada vez mais importante nos dias atuais. Vivemos num mundo onde, infelizmente, as pessoas ainda continuam a ser julgadas pelas suas limitações em detrimento do seu potencial enquanto seres humanos. No entanto, é de pequenos passos que se faz mover o mundo, é aí que nasce a ânsia de uma sociedade mais huma nitária e integrativa. A APPACDM não é só mais uma associação, é um porto seguro onde as pessoas podem desen volver as suas capacidades, quer a nível pessoal ou social.

Tomemos como exemplo a história de

João Carlos, atleta da APPACDM Covi lhã, que conquistou, no passado mês de maio, uma medalha de ouro para a seleção nacional, ao representar Portu gal nos Jogos Internacionais do Special Olympics Malta.

Se voltarmos ao início e pensarmos como tudo começou, apercebemo-nos que esta associação é fruto do amor pelo próximo e não há nada mais grati ficante do que vermos que da vontade de um conjunto de pessoas empenha das nasceu algo com tanto significado, capaz de mudar vidas!

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Catarina Gomes, Gabriela Nunes e Catarina Naia
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Cultura na Covilhã

Vem conhecer o que a cidade tem para oferecer

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Teatro Municipal da Covilhã

O Teatro Municipal da Covilhã - TMC, foi construído em 1924, na emblemática Praça do Município. Em 2010, encerrou para remodelação.

A tão aguardada reabertura aconteceu em novembro de 2021, tendo desde en tão presenteado os seus visitantes com espetáculos de diversas companhias e música de vários autores. À entrada para os espetáculos, é possível contemplar o amplo átrio de entrada, com detalhes arquitetónicos exemplares, e a tapeça ria que ornamenta a sala, e cuja história remonta já para o século passado. Se o compasso de espera for ainda grande, pode-se visitar a cafetaria, e pôr a con versa em dia ao sabor de uma nata e café.

Deixamo-nos, depois, conduzir pela ma gistral escadaria de madeira, até à sala de espetáculos.

No final, fica a vontade de voltar, e tam bém a mensagem da casa - venha cedo, que as portas fecham após o espetáculo começar!

Teatro da Beiras Fundado em 1974, a Companhia do Tea tro das Beiras conta com mais de 60 cria ções, apresentando o seu trabalho criati vo um pouco por todo o país.

Localizado na Travessa da Trapa, próximo do Jardim Público, a sala de entrada do Teatro das Beiras chama a atenção pela sua imensa janela, com uma magnífica vista para a Ponte da Carpinteira. Caso se vá à noite, contemplar o espetáculo de luz e de estrelas, assim como beber um

Fica atento à agenda cultural do Teatro Municipal da Covilhã, em: http://www. tmc.com.pt/

Contactos e localizações úteis: Teatro Municipal da Covilhã, Rua Ruy Faleiro, 1, 6200-194 Covilhã | Tlf:275 330 690 | teatro.municipal@cm-covilha. pt

Fica atento à Programação do Teatro da Beiras: http://www.teatrodasbeiras.pt/home. asp

Contactos e localizações úteis: Telefone: 275 336 163 Telemóvel: 963 055 909 Email: geral@teatrodasbeiras.pt

Morada:Travessa da Trapa nº2, aparta do 261, 6201-909 Covilhã

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café ao som de melodias de jazz e bossa nova, faz parte da experiência.

A quem visita, ficará, por certo, a curio sidade de regressar, para novas histórias e cenários.

New Hand Lab

O New Hand Lab, localizado na antiga fábrica de lanifícios António Estrela, é um espaço criativo que promove a cultura e inovação, através da divulgação do tra balho de artistas da cidade, da Beira In terior e de todo o país.

O trabalho desenvolvido nesta nova “fá brica de ideias”, parte precisamente da colaboração artística interdisciplinar, aliada à tradição e património cultural da região.

Conta ainda com vários projetos em li nha, um dos quais o projeto Open Up, que pretende promover práticas de arte sustentáveis em comunidades despri vilegiadas. É, de facto, uma visita a não perder!

Museu de Lanifícios

É na Covilhã, cidade conhecida pela sua história na indústria dos lanifícios, que encontramos este museu. O Museu de Lanifícios foi criado com o objetivo de recuperar a área das tinturarias da Real Fábrica de Panos, uma manufatura de Es tado, fundada pelo Marquês de Pombal em 1764. Tem como missão a conserva ção ativa do património industrial têxtil, assim como a investigação e divulgação da tecnologia associada à manufatura e à industrialização.

Fica atento à programação do New Hand Lab: https://www.newhandlab.com/

Contactos e localizações úteis: Telemóvel: +351 962 697 493 Email: newhandlab@gmail.com Morada: New Hand Lab - Associação Cultural, Rua Mateus Fernandes - Travessa do Ranito, 6200-521 Covilhã, Portugal

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Atualmente, faz parte da Rede Portu guesa de Museus e integra 3 núcleos museológicos: núcleos da Real Fábrica de Panos, das Râmolas de Sol e da Real Fábrica da Veiga, onde se encontra a ex posição permanente do Núcleo da In dustrialização dos Lanifícios. Para além desta, existem exposições temporárias integradas na programação e variados eventos de natureza cultural e científica como seminários, conferências e pales tras. Até dia 11 de setembro é possível visitar a exposição de fotografia “Patri mónio da Covilhã. Um outro olhar” de Manuel F. Rodrigues.

Festival da Cherovia

O Festival da Cherovia é um evento anual que tem como principal objetivo celebrar a gastronomia local, regional e produtos endógenos, usando esta raiz tão peculiar como inspiração. Criado em 2008 como resultado da ideia ori ginal do Prof. Doutor Eduardo Cavaco.

O festival assenta em 5 pilares: Gastro nómico, Cultural, Científico, Ambiente e Saúde e Educacional. Desta forma, os dias do evento são acompanhados por diversas atividades com programa gas tronómico, cartazes científico e cultural com música ao vivo, sessões de degus tação, apanha de cherovia, entre ou tros. Um evento familiar e enriquecedor da organização da Banda da Covilhã, Associação Cultural Desertuna e Covi lhã Eventos.

Catarina Barros e Alice Pereira

Fica atento à programação do Museu de Lanifícios: http://www.museu.ubi.pt/?cix =2990&lang=1&v=620503

Horário e Localização: http://www.museu.ubi.pt/?cix =3039&lang=1&v=362504

Contactos: 914 905 596 festivalcherovia@gmail.com

Local: Cidade da Covilhã - Pelourinho, atrás da câmara, no Mercado Municipal, no Ferro e no Serra Shopping.

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Tratamento da Doença de Parkinson

Novas formas de terapêutica a esperar num futuro próximo

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Adoença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa que, atual mente, não tem cura. O diagnóstico é feito maioritariamente baseado em ima giologia, sinais neurológicos e sintomas clínicos.[1] A morte de neurónios dopa minérgicos na substância nigra é a causa de déficit de dopamina a nível do estria do, o que se repercute nos sintomas mo tores associados à DP como lentificação de movimentos, rigidez, tremor, freezing (em que o indivíduo tem um atraso no iniciar de movimentos), cãimbras muscu lares e distonia.[1] A DP é a doença neu rológica com crescimento mais rápido no mundo. Tal se deve não só à existência de uma população mundial envelhecida, mas também ao aumento da esperança média de vida que, consequentemente, contribui para o aumento do tempo de duração das patologias.[2]

Até à data de escrita deste artigo, a te rapêutica gold standard com o intuito de melhorar os sintomas motores de DP é a Levodopa.[1] Esta informação é con cordante com as guidelines da Academia Americana de Neurologia.[2] A Levodopa é o precursor metabólico da dopamina, conversão esta que ocorre por ação da dopamina descarboxilase. Este processo vai ativar os recetores de dopamina res ponsáveis por melhorar as funções mo toras no sistema nervoso central e circu lação periférica. Em combinação com a Levodopa, administra-se a Carbidopa, que atua como um inibidor da descarboxilase facilitando a disponibilidade da Levodo pa e contribuindo para a diminuição dos efeitos adversos periféricos da mesma.[1]

As guidelines europeias atuais recomen dam, para além da levodopa, agonistas de dopamina e inibidores da monoamina oxidase tipo B (MAO-B) para o tratamento

de DP inicial não tratada.[2] A escolha do primeiro fármaco deve ser efetuada pelo clínico após avaliação do indivíduo tendo em conta o grau de necessidade de con trolo de sintomas, comparado com o ris co de desenvolvimento de complicações motoras.[2] A Levodopa está associada a maior risco de desenvolvimento de com plicações motoras e a efeitos adversos tais como náusea, alucinações, depressão, baixa pressão arterial e sono irregular.[1] Adicionalmente a Levodopa, após 2 anos de terapêutica, sofre um declínio na sua eficácia.[3]

Dado os efeitos secundários, a utilização desta terapêutica requer profunda consi deração, sendo esta a principal razão que motiva a procura e pesquisa de novas for mas de terapêutica para o controlo de sin tomatologia associada à DP.[2]

Atualmente em desenvolvimento clínico, a P2B001 é uma cápsula combinada, de senvolvida para efetuar uma libertação lenta de Pramipexole e Rasagilina em si multâneo e ao longo do dia.[2] O Prami pexole é um agonista de dopamina com elevado efeito na sintomatologia e a Ra sagilina é um inibidor da MAO-B. O uso isolado de Pramipexole tem a desvanta gem de poder desenvolver efeitos adver sos dependentes da dose. No que toca à Rasagilina tem um tempo de semi-vida curto e por isso pouca eficácia quando em monoterapia, face a uma doença em pro gressão. Desta forma, a combinação de ambos os fármacos parece ser vantajosa uma vez que os fármacos atuam através de mecanismos de ação que são comple mentares.[2] O fármaco encontra-se atual mente em estudo clínico de fase II. Para esta fase foi efetuado um estudo clínico de 12 semanas, duplamente cego, em que se comparou o uso do P2B001 com o uso

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de placebo. Neste estudo, indivíduos não tratados com DP, em estadio inicial, foram aleatoriamente escolhidos para fazer uso de P2B001 (0,3mg pramipexole/0,75mg rasagilina) e P2B001 (0,6mg pramipexo le/0,75mg rasagilina).[2] Na 4ª semana de estudo, começaram a ser evidentes as diferenças entre os indivíduos que toma ram placebo e os que tomaram P2B001 (qualquer uma das doses acima referidas). [2] As diferenças foram mais clinicamente significativas comparando o placebo com P2B001 (0,6mg pramipexole/0,75mg ra sagilina).[2] Por este motivo, foi feita uma investigação mais aprofundada tendo por base esta dose de P2B001, num estudo randomizado de fase III. Deste estudo foi possível concluir que houve superioridade da P2B001 (0,6mg pramipexole/0,75mg rasagilina) comparado com monoterapia de cada um dos componentes. Com base nos resultados obtidos espera-se que o P2B001, dada a sua administração (1 vez ao dia) e o seu perfil de efeitos adversos favorável, seja uma boa opção para a tera pêutica de indivíduos recentemente diag nosticados com DP.[2]

Uma nova abordagem de tratamento é o uso de anticorpo anti agregados de α-si nucleina, sendo este o objetivo do Anti α-Synuclein AntiboDy in Early Parkinson’s Disease (PASADENA), um estudo rando mizado multi-centro e duplamente cego que pretende avaliar a segurança e efi cácia do Prasinezumab intravenoso (um anticorpo monoclonal que se liga seleti vamente a agregados de α-sinucleina).[4] Uma vez que indivíduos em estadio inicial de DP têm ainda neurónios dopaminérgi cos vulneráveis, a proteção dos mesmos, dos agregados de α-sinucleina pode po tencialmente lentificar a progressão da doença. O PASADENA é compreendido por uma primeira fase, em que durante 52

semanas, indivíduos receberam o Prasi nezumab intravenoso ou placebo, e uma segunda fase em que os participantes to dos receberam Prasinezumab intraveno so, uns baixa dose e outros elevada.[4] Para determinar a eficácia do Prasinezumab foram utilizadas inúmeras ferramentas e escalas, de entre elas destacamos a escala MDS-Unified Parkinson’s Disease Rating Scale (MDS-UPDRS) e a imagiologia com DaT-SPECT. Em ambas as ferramentas de comparação utilizadas, o Prasinezumab demonstrou valores de melhoria.[4]

Para que uma infusão contínua seja efe tiva, é necessário que seja detentora de 3 características fundamentais: elevada so lubilidade aquosa, estabilidade química excelente e seja um sal solúvel em água ou pró-fármaco que sofra uma conversão altamente eficiente. De acordo com estas características, foram testados os pró-fár macos de fosfato Folesvodopa/Foscarbi dopa num estudo de fase I.[5] Pretendeu -se com este estudo demonstrar que a infusão contínua subcutânea de pró-far macos fosfatados de Levodopa e Carbido pa é efetiva na manutenção dos valores plasmáticos de levodopa, através de um método minimamente invasivo e especial mente conveniente, para pacientes que não estão controlados com a medicação oral.[5] Os resultados demonstraram que a infusão é bem tolerada, sem a presença de efeitos adversos major, sendo possí vel o atingimento de concentrações está veis de Levodopa após 2h da infusão de Folesvodopa/Foscarbidopa.[5] Esta forma terapêutica pode constituir um benefício no tratamento de indivíduos com DP uma vez que permite o controlo sintomático durante o dia e a noite, constituindo assim uma vantagem relativamente à terapêuti ca oral.[5]

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A DP afeta mais de 6 milhões de pessoas [5] e o seu rápido crescimento revela uma necessidade cada vez maior na aposta de novas formas de terapêutica mais conve nientes e eficazes. O ponto crucial man tém-se na deteção e tratamento precoce, pelo que esperemos que a ciência este

ja cada vez mais próxima de melhores e mais específicos meios de diagnóstico para esta patologia.

Referências Bibliográficas:

1. Prasad EM, Hung S-Y. Current Therapies in Clinical Trials of Parkinson’s Disease: A 2021 Update. Pharma ceuticals. 2021 Jul 25;14(8):717.

2. Hauser RA, Giladi N, Poewe W, Brotchie J, Friedman H, Oren S, et al. P2B001 (Extended Release Pram ipexole and Rasagiline): A New Treatment Option in Development for Parkinson’s Disease. Advances in Therapy [Internet]. 2022 May 1 [cited 2022 Jun 15];39(5):1881–94. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm. nih.gov/35267155/

3. LeWitt PA. New Drugs for the Treatment of Parkinson’s Disease. Pharmacotherapy. 2000 Jan;20(1 Part 2):26S32S.

4. Pagano G, Boess FG, Taylor KI, Ricci B, Mollenhauer B, Poewe W, et al. A Phase II Study to Evaluate the Safety and Efficacy of Prasinezumab in Early Parkinson’s Disease (PASADENA): Rationale, Design, and Baseline Data. Frontiers in Neurology [Internet]. 2021 [cited 2022 Feb 9];12:705407. Available from: https:// pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34659081/

5. Rosebraugh M, Voight EA, Moussa EM, Jameel F, Lou X, Zhang GGZ, et al. Foslevodopa/Foscarbidopa: A New Subcutaneous Treatment for Parkinson’s Disease. Annals of Neurology. 2021 May 4;90(1):52–61.

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“O presente e o futuro do tratamento da ansiedade”

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Com o decorrer dos anos e com a mo dernização da sociedade, temos vindo a assistir a uma crescente prevalência e pre ocupação com a saúde mental, nomeada mente os distúrbios de ansiedade.

Atualmente, o tratamento destes distúr bios baseia-se na combinação de psico terapia e fármacos, como inibidores sele tivos da recaptação da serotonina (SSRI’s), inibidores da recaptação da serotonina e noradrenalina (SNRI’s) e antidepressivos tricíclicos. Por vezes, são também utiliza dos anticonvulsionantes, anti-hipertensi vos e antipsicóticos, como adjuvantes e para alívio sintomático. Para ataques de ansiedade e situações agudas, utilizam-se as benzodiazepinas (como alprazolam, diazepam), que estão fortemente associa das a um elevado grau de dependência e efeitos secundários. Para além disto, existe ainda um grande número de pessoas que, mesmo depois de experimentarem os vá rios fármacos disponíveis, não atingem a remissão da doença, pelo que, cada vez mais, têm sido feitos diversos esforços na procura de novos alvos terapêuticos para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e com menos efeitos indesejados. Um exemplo é a descoberta das “anxiety cells” no hipocampo dos ratos, pelas Uni versidades da Colômbia e Califórnia, em 2018. Este nome surgiu pelo facto de as células ficarem ativas quando os ratos se encontravam em circunstâncias perigo sas e stressantes; e quanto mais ansiosos pareciam, maior a atividade registada. Depois de serem ativadas, são enviados sinais a outras partes do cérebro e com portamentos ansiosos são despoletados, como evitação/fuga, aumento da frequ ência cardíaca e libertação de hormonas.

Esta observação foi possível através da

implantação de um microscópio miniatu ra inserido no cérebro dos ratos e da sua análise enquanto os animais se moviam nas redondezas. Embora muitas outras células do cérebro tenham sido identifi cadas previamente como participantes na ansiedade, as células encontradas neste estudo são as primeiras a representarem o estado ansioso, independentemente do tipo de ambiente/contexto que provoca a emoção. Posteriormente, ao desligar e ligar as células de ansiedade usando uma técnica chamada optogenética, que per mite aos cientistas controlar a atividade dos neurónios usando feixes de luz, os in vestigadores descobriram que estas célu las controlam certos comportamentos de ansiedade, sem o sinal ter de passar por regiões cerebrais de “ordem superior”.

Quando as células foram “silenciadas”, os ratos pararam de produzir comportamen tos associados ao medo, deambulando em plataformas elevadas e longe de pare des protetoras. Por outro lado, quando as células foram estimuladas, eles exibiram mais comportamentos de medo, mesmo encontrando-se em ambientes “seguros”.

Esta descoberta abre novas portas para ideias de terapêuticas inovadoras, que poderão revolucionar o tratamento da ansiedade.

Gabriela Quaresma

Referências Bibliográficas:

1. Columbia: Columbia University Irving Medical Center [Internet]. New York; 2018 Jan 31. ‘Anxi ety Cells’ Identified in the Brain’s Hippocampus; [cited 2022 Jul 18]; Available from: https://www. cuimc.columbia.edu/news/anxiety-cells-identi fied-brains-hippocampus

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Lecturio

Parceiro XIII BeInMed

Na sequência da parceria Platina estabelecida com a Lecturio no âmbito da XIII Edição do BeInMed, trazemos uma breve entrevista com o Dr. Ricardo, médico na área “Business Development & Medical Advisor”.

Quais considera serem os valores mais importantes da Lecturio para que seja conseguida uma aprendizagem de qualidade?

Diria que a qualidade científica e pedagógica dos(as) professores(as) convidados(as), aliadas à acessibilidade 24/7 dos conteúdos, são os valores mais im portantes da Lecturio e da plataforma Lecturio Medical. Através de um grupo próprio dedicado às ciências da aprendizagem, a empresa vem desenvolvendo uma sólida consciência da exigência em termos de tempo que o processo de estudo em Medicina representa para estudantes e docentes.

Por este motivo, procuramos, a cada momento, entregar um espaço de es tudo digital de elevada qualidade, para

que estudantes e docentes sintam que o investimento de tempo de estudo na plataforma tem um retorno seguro em termos de satisfação com a aprendiza gem.

A minha experiência pessoal como utilizador da Lecturio mostra-me que a oportunidade de se reverem conteúdos na plataforma facilita a consolidação efetiva de conhecimento obtido a partir de diferentes fontes, como as aulas teóricas locais e livros de texto.

Esta consolidação efetiva de conheci mento aumenta o domínio de conceitos e facilita a transferência desses conhecimentos para a prática clínica; um bom exemplo desta situação é o excelente curso de Medicina de Emergência da Lecturio, que permite aos(às) estu dantes enriquecer o seu processo de

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estudo na matéria na companhia de duas excelentes educadoras da Johns Hopkins University, a Dr.ª Julianna Jung e a Dr.ª Sharon Bord.

Considera que existe uma falta de inovação no ensino médico? Se sim, na sua opinião, quais seriam as reformas mais prementes a serem implementadas?

Não diria que existe falta de inovação; te nho, ao longo do último ano, participan do, como observador, de vários congres sos de educação médica internacionais e é com interesse que venho testemunhando o desenvolvimento de interessantes revi sões sistemáticas e estudos científicos so bre estratégias pedagógicas inovadoras, por exemplo aquelas adotadas durante a pandemia.

No entanto, na perspetiva de alguém com um interesse em ensino digital há mais de 15 anos, devo assinalar que a transição di

gital no ensino não se esgota nas soluções imediatas e urgentes que se adotaram du rante a pandemia.

O ensino digital veio para ficar e é impor tante que as instituições de ensino enten dam a mudança de paradigma e explorem dinâmicas que conjuguem ensino síncro no com assíncrono.

A exploração eficaz de tecnologias de en sino assíncrono permite ganhos de efi ciência às comunidades académicas, por exemplo através da libertação de tempo de contacto síncrono para desenvolver hi póteses científicas criativas, ao invés de se utilizar esse tempo para mera exposição de conhecimento científico estabelecido.

Quão importante considera ser este tipo de parcerias estabelecidas com faculdades e congressos mé dicos na mudança de paradigma da educação médica em Portugal?

Muito importante. É com muita satisfação que a Lecturio tem desenvolvido parce rias com alguns dos principais congressos de estudantes de Medicina portugueses, com uma receção acima das expetativas por parte dos(as) estudantes.

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Em vários deles, somos questionados so bre se estão previstas parcerias institucio nais com a escola, visto que muitos dos alunos pretendem utilizar a plataforma de forma regular nos seus processos de es tudo.

A familiarização das escolas médicas com uma plataforma de ensino digital como a Lecturio tem potencial para incutir nessas próprias instituições dinâmicas de transi ção digital e ensino assíncrono, o que se pode ser positivo para as comunidades académicas.

Enquanto Consultor de Educação Médica, o que o move? A nível pro fissional, quais os principais objeti vos que pretende alcançar?

Move-me a oportunidade de poder traba lhar em ensino digital, uma área pela qual desde cedo me apaixonei.

Em 2005 fui dos primeiros utilizadores da Escola Virtual, da Porto Editora, pla taforma que utilizei como complemento às aprendizagens do 3.º ciclo e ensino secundário. Quando cheguei à faculdade de Medicina, foi para mim surpreendente que nada houvesse de semelhante para ensino digital de Medicina; lembro-me de ter perguntado para mim próprio e alguns colegas: como assim não há uma Escola Virtual ou um Youtube para Medicina?

Movem-me ainda a oportunidade de co nhecer faculdades da área da saúde de todo o mundo e a experiência empresa rial.

Em termos de objetivos, pretendo conti nuar a desenvolver parcerias internacio nais, mostrando o valor acrescentado da complementaridade ensino presencial - ensino digital; é também meu objetivo abrir uma empresa na área da biotecno logia.

Gostaria, por fim, de agradecer à organização do BeInMed a oportunidade de a Lecturio poder ter participado na edição deste ano, que foi ótima; saúdo especialmente o interface digital, que foi dos melhores que vi durante a pandemia! Uma saudação a toda a equipa organizadora pelo inexcedível cuidado e flexibilidade em garantir uma parceria de sucesso à Lecturio.

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Parceiro XIII BeInMed

Na sequência da parceria Platina estabelecida com a Pfizer no âm bito da XIII Edição do BeInMed, trazemos uma breve entrevista com a Drª Susana Castro Mar ques, diretora médica da empresa farmacêutica.

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Pfizer

Fundada há 172 anos e com 67 anos de pre sença em Portugal, a Pfizer existe desde o pri meiro momento para melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas em todas as fases da vida. Ao longo destes anos, temos trabalhado para ser uma voz ativa com vista a um futuro melhor. Com a nossa experiência e os nossos recursos, impulsionamos a ciência de última geração e promovemos o desenvolvimento de medicamentos de uso humano, biológicos, pe quenas moléculas e vacinas, para os doentes e as pessoas que deles precisam.

As principais áreas de investigação e inovação da Pfizer são a oncologia, medicina interna, inflamação e imunologia, doenças raras, vaci nas e anti-infeciosos. Temos actualmente uma pipeline com 94 projetos de investigação em curso, estando a estudar 59 novas entidades moleculares e 35 novas indicações para medi camentos ou vacinas já aprovados.

Como plataforma chave de Investigação & Desenvolvimento (I&D), estamos a investir na medicina de precisão em toda a nossa organi zação, partindo da nossa experiência em onco logia, para alargar os benefícios da medicina de precisão a outras áreas, como doenças raras e imunologia. Estamos a explorar biomarcadores genéticos, fenotípicos e funcionais para identi ficar populações alvo que irão guiar as estra tégias clínicas. A terapia génica é a próxima geração de medicamentos direcionados para a causa subjacente de uma doença genética. Tem o potencial de oferecer aos doentes um benefício clínico transformacional e melhorar drasticamente a qualidade de vida. Essas terapêuticas inova doras e únicas irão transformar o paradigma de tratamento em todo o mundo nos próxi mos anos.

Quais os valores fundamentais da empresa e de que forma se traduzem nas suas principais áreas de inter venção?

Na Pfizer estamos empenhados em continu ar a trazer medicamentos e vacinas inovadoras para o sistema de saúde, respondendo às ne cessidades médicas não satisfeitas em diversas áreas como a inflamação, os anti-infeciosos, as doenças raras, a oncologia, as vacinas e as doenças cardiovasculares e metabólicas, hon rando assim o seu principal propósito - trazer inovação que transforma a vida dos doentes. Os valores que norteiam o nosso dia-a-dia são:

• Coragem: A inovação acontece quando desafiamos as premissas, especialmen te perante as incertezas e adversidades. Acontece quando pensamos mais além, lideramos a conversa e somos decididos.

• Excelência: Só é possível melhorar a vida dos doentes, quando juntos fazemos o nosso melhor. A excelência acontece quan do estamos focados no que realmente importa, temos definida a função de cada colega e medimos os resultados em saúde.

• Equidade: Todas as pessoas merecem ser reconhecidas, ouvidas e aceites. A equida de só acontece quando somos inclusivos, agimos com integridade e reduzimos as disparidades nos cuidados de saúde.

• Alegria: Dar o nosso melhor também nos torna melhores pessoas. A alegria no tra balho acontece quando nos orgulha mos das nossas decisões, reconhece mos e somos reconhecidos dentro da companhia, e quando nos divertimos a fazer o que real mente gostamos.

Quais as principais áreas de investigação e inovação da Pfizer?
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A Pfizer tem procurado assu mir-se como um parceiro de eleição nos cuidados de saúde, quer em Portugal, quer nos 125 pa íses onde está presente. Neste âmbito, definimos três áreas que enquadram a nossa estratégia para os próximos anos:

a. Assegurar o acesso atempado aos nossos medicamentos inovadores e vacinas em Portugal, liderando as áreas terapêuticas onde atuamos;

b. Distinguirmo-nos pela inovação e excelên cia, sendo um parceiro importante no diá logo sobre a saúde no nosso país e;

c. Garantir a retenção e a atração dos me lhores talentos, sendo reconhecidos como uma das melhores empresas para traba lhar no sector farmacêutico.

Trabalhar na Pfizer é fazer parte de um projecto que procura ir além dos limites da ciência para criar algo com impacto profundo na vida de milhões de pessoas.

Quais os principais programas de apoio à investigação desenvolvidos pela Pfi zer e que relevância têm na interseto rialidade médica?

A investigação científica faz parte do nosso ADN, a nossa ambição para o futuro vai para além do tratamento de sintomas, é também de prevenir e curar doenças, quer sejam mui to prevalentes, quer sejam raras, fazendo uso do nosso conhecimento e dos nossos recursos humanos, financeiros e logísticos.

Prova deste nosso compromisso com a in vestigação é o facto de recentemente termos celebrarmos o 65.º aniversário dos Prémios Pfizer, que resultam de uma parceria, desde o

seu início em 1956, entre a Pfizer Portugal e a Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, com o objectivo de contribuir para a dinamização da investigação em Ciências da Saúde em Por tugal. Estes prémios distinguem os melhores trabalhos de investigação básica e clínica, ela borados total ou parcialmente em instituições nacionais por investigadores portugueses ou estrangeiros.

Apostamos ainda no Programa Global de Bol sas de Investigação, em que no ano de 2021 foram disponibilizadas na Europa, incluindo naturalmente Portugal, 35 Pfizer Global Medi cal Grants, com um total de financiamento de aproximadamente 20 milhões de dólares. Este Programa reveste-se de uma importância-cha ve, permitindo a profissionais de saúde, inves tigadores e centros académicos portugueses submeterem os seus projectos de investigação em igualdade de circunstâncias com os restan tes centros de investigação globais.

É assim importante para a Pfizer promover a intersetorialidade médica para obter ganhos em saúde e é por essa razão que os nos sos programas de apoio à investigação científica promovem a partilha de conhecimento entre diversas áre as da saúde e diversas áreas da medicina. Na Pfizer colabo ramos com outras empre sas, universidades, pro fissionais de saúde, centros académicos, governos, organi zações não governa mentais e associações de doentes, para encontrar novas abordagens para pro blemas de saúde graves.

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É imperativo o rápido desenvolvimento de inovação na área da Saúde, só possível graças ao forte investimento acumulado em Investigação, que gera conhecimento ao longo dos anos. Por exemplo, no contexto da luta global contra esta pandemia, o inves timento em investigação foi reforçado e focalizado, o que foi determi nante. Por outro lado, o desenvolvimento e aperfeiçoamento, da tecno logia permitiu um rápido avanço em processos que habitualmente seriam mais demorados, como o processamento em tempo recorde de resultados dos ensaios clínicos e a sua partilha em tempo real com as Autoridades. Apro fundou-se a colaboração entre empresas, universidades e entidades regulamen tares, o que permitiu acelerar o processo de I&D, que culminará, esperamos, o mais breve possível no acesso do doente à inovação.

Atrair mais investimento em I&D, concretamente na área dos ensaios clínicos, é possivel, mas o potencial do nosso país tem sido subaproveitado. O inves timento nesta área gera benefícios sociais e económicos, como o acesso antecipado dos doentes a medicamentos inovadores, o desenvolvimen to do país em inovação clínica e a atração da presença de operadores internacionais para reduzir o tempo entre a apresentação do pedido e o início do recrutamento de doentes e desenvolver capacida des na execução de ensaios. O grande desafio para Portugal se aproximar de outros países europeus em termos de métricas de ensaios clínicos passa muito pela prioritização e aloca ção de recursos humanos. É importante que os pro fissionais de saúde, como médicos, enfermeiros e farmacêuticos, consigam dedicar tempo das suas carreiras à investigação e, prin cipalmente, que existam estruturas de apoio para que a investi gação dentro dos nossos hospitais e centros de investigação pos sa ser agiliza da.

Quais consideram ser as áreas em que é mais imperativo ocorrer um investimento nos próximos anos?
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por Marta Soares DIAGNÓSTICO . NOVEMBRO 2022 54
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