SAi - Cultura & Tendências Urbanas Nº 3 / Jan.-Fev. 2010 GRATUITA

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n°03 / JAN - FEV. 2010 / GRATUiTa

PORTUGAL Cultura e tendências urbanas


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N°03 / Portugal / JAN - FEV 2010 SAI Revista cultural e de tendências urbanas www.revista-sai.pt | revista.sai@gmail.com Edição Art-Mada Rua Ofélia da Cruz Costa, 922 – 2.° frente 4455-138 LAVRA Portugal Número de registo na ERC: 125815 Director: Stéphane Landelle +351 212 467 769 / +351 968 604 752 Director-adjunto: João Morais +351 229 964 567 / +351 914 654 467 Redactor-chefe: João Pedro Barros redac.sai@gmail.com Direcção de Arte: xiiistudios.com Participaram neste número: Baptiste Ostré, Bárbara Cruz, Christophe Boisvieux, Daniel Afonso, Daniel Faiões, Eugénia Azevedo, Fernando Vasquez, João Campos, João Duarte Mendonça, Jp, Judith Oliver, Julie Cerise, Mariana Duarte, Nuno Catarino, Pedro Rios, Sarah Griesler, W. Odin Responsável sector Norte: João Morais revista.sai.porto@gmail.com Responsável sector Sul: Stéphane Landelle revista.sai.lisboa@gmail.com Distribuição: revista.sai.distribuicao@gmail.com Twitter: http://twitter.com/RevistaSai Facebook: RevistaSai Impressão: Imprimerie Ménard, Toulouse 35 000 exemplares

Capa por Jimmy Turrell www.jimmyturrell.com (ver portefólio página 64)

O editor declina qualquer responsabilidade no que diz respeito às representações visuais, fotografias, anúncios, omissões ou erros que possam estar presentes nesta publicação. Todos os direitos dos autores reservados para todos os países. Qualquer reprodução com fins profissionais, mesmo que parcial, e por qualquer processo é formalmente proibida e dará lugar a sanções penais.

Papel proveniente de florestas geridas de forma sustentável. Revista grátis. Quando já não precisar dela, deixe-a num ecoponto azul.

Burocracia vs. arte Alguns dos nossos leitores podem questionar-‑se acerca do facto deste número ser relativo a Janeiro e Fevereiro, quando, na verdade, pretendemos manter a periodicidade mensal. A resposta é simples: problemas burocráticos. Não pretendemos queixar-nos de qualquer instituição e conhecemos as nossas responsabilidades, mas foi-nos impossível deixar de pensar nesta palavra: burocracia. Até que ponto é que ela afecta a criação artística/cultural? Conseguimos ligar esta questão às queixas de Mário Dorminsky, um dos directores do Fantasporto, à SAI. A indefinição de determinados apoios, disse-nos, emperra a estrutura do certame e não permite definir, antecipadamente, quem serão os convidados em cada ano. A partir daí, deu-nos para pensar se a burocracia não pode, de alguma forma desviada e inventiva, transformar-se em arte. Pesquisámos um pouco na Internet e encontrámos isto: pablohelguera.net/2009/04/hacia-una-estetica-de-la-burocracia-2009. Neste endereço, pode encontrar a introdução do livro Hacia una Estética de la Burocracia, de Pablo Helguera, criado no âmbito da Trienal Poli/Gráfica de San Juan, em Porto Rico, com base na experiência burocrática desse evento. «O livro é um breve ensaio que examina as várias vertentes criativas da burocracia latino-americana e a maneira como esta supera, em muitos aspectos, a arte contemporânea que se realiza nessas mesmas regiões», pode ler-se. Afinal de contas, parece que a burocracia pode mesmo ser arte. E, de facto, já tudo está inventado (e patenteado) neste pequeno mundo.



Índice

sai - janeiro / fevereiro 2010 #03

08

em Breve

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Reportagem

22

Entrevista

Japão: os amantes dos banhos públicos Mário Dorminsky

28 Portefólio eBoy

36

Música

Previsão 2010, Artic Monkeys, Joss Stone, Spank Rock...

56 Cinema Previsão 2010, O meu Amigo Eric... 64

Portefólio

70

Moda

78

Design

Jimmy Turrell Circo de Inverno Cortiça: Para além do óbvio

84 Exposições Korda, Rui Paes... 94 Teatro e Dança Solos, A Cidade, Blackbird 108

Literatura

110

Críticas discos e DVD

Ahab Edições, Lançamentos 2010

114 Agenda Música © Jimmy Turrell

124 Clubbing 128

Sai a pé pela cidade

#2 Porto

130

Perfil Olga Roriz


em breve |

9

Ler a música, cantar os livros

Em breve...

DR

Dividido em três partes, o ciclo Música e Leituras desenrola-se no jardim de Inverno do Teatro São Luiz, de 16 de Janeiro a 20 de Março. A primeira parte em, Janeiro, é consagrada à obra de José Cardoso Pires, nomeadamente com a celebração dos aniversários da publicação de O Render dos Heróis e Corpo Delito na Sala de Espelhos. A segunda referir-se-á à poesia e à música, nos sábados de Fevereiro, às 17h30, com leituras de poemas de cinco autores por cinco actores, acompanhados ao piano. Em Março, o destaque vai para as Cartas de Mozart.

Bomba no Teatro do Campo Alegre O romancista valter hugo mãe regressa às Quintas de Leitura do Teatro do Campo Alegre com a sessão Bomba, no dia 28 de Janeiro, às 22h. Bomba é uma narrativa poética inédita do autor, que pretende homenagear Mário Cesariny. A leitura dos 12 textos que a compõem será assegurada pelo próprio valter hugo mãe e por Adolfo Luxúria Canibal, Isaque Ferreira, Rui Spranger e Sandra Salomé. A violinista russa Ianina Khomelik também intervirá neste momento, como convidada especial. Tânia Carvalho e Luís Guerra apresentarão depois a peça Hurra! Arre!, com coreografia deste último, enquanto que o trio lisboeta TIGRALA deve encerrar a noite.

Cowork Lisboa na Lx Factory

Fax

Com a abertura, em Fevereiro, do espaço Cowork Lisboa, a Lx Factory volta a ver reforçada a sua vocação de epicentro criativo. Fernando Mendes, designer associado a projectos com uma vertente social, como a revista Cais, é o mentor deste projecto. Em cerca de 300 m2 de área, um máximo de 50 «coworkers» DR pode usufruir de um posto de trabalho com acesso à Internet, café gratuito, um espaço de café-lounge e uma sala de reuniões. São condições ideais para designers, ilustradores, arquitectos, jornalistas, tradutores e profissionais independentes que prefiram um espaço partilhado e uma lógica de trabalho colaborativa. As mensalidades rondam os 120 euros e as inscrições estão abertas em www.coworklisboa.pt.

Uma produtora televisiva do Reino Unido, associada ao Channel 4, procura um doente em fase terminal que aceite ser mumificado. O processo seria seguido cuidadosamente por cientistas e filmado para ser depois difundido sob a forma de documentário. / / O quinzenário Jornal de Letras dispõe agora de uma página na Internet, em www.jornaldeletras.pt. A publicação, que celebra 30 anos em Março, dá assim o primeiro passo de uma já anunciada renovação.

DR

DR

Vinil todo-o-terreno

Bento XVI é fã de Tupac?

A marca Carhartt cooperou com a japonesa Vestax para criar um gira-discos portátil em edição limitada. Tem um plástico ultra-rígido em forma de carapaça e funciona sobre superfícies com até 90 graus de inclinação. De resto, está concebido para todos os usos: possui line out para ligar a um sistema hi-fi, line in para ligar a um leitor mp3 e uma saída USB para passar do analógico ao digital sem perder qualidade de som. Compacto, completo, com um design atraente… O que pede o povo? Handy Trax USB Turntable. Disponível no site de Carhartt e em www.slamjam.com.

Milagre! O Vaticano publicou uma playlist oficial de Sua Santidade, na qual se encontram Don Giovanni, de Mozart, e… Changes, de Tupac, bem como Uprising, dos Muse. Estará o Papa atento às linguagens musicais modernas? Na verdade, a selecção está em nome do Vaticano e é da responsabilidade do Padre Giulio Neroni, director artístico da São Paulo Multimédia, uma editora da Igreja Católica. Estes artistas foram escolhidos pela sua «vontade de atingir o coração», referiu. Para quando o primeiro festival no Vaticano, com 50 Cent, Eminem e Snoop Dogg?

O Teatro Pé de Vento, no Porto, estreia a 20 de Fevereiro a peça O Rapaz do Espelho, num texto de Álvaro de Magalhães com encenação de João Luiz. O Rapaz do Espelho é uma viagem à juventude do escritor Hans Christian Andersen. / / O jornalista e escritor José Rodrigues dos Santos foi o vencedor da edição 2009 do Prémio Clube Literário do Porto, no valor de 25 000 euros, sucedendo a Mário Cláudio, Baptista Bastos, Miguel Sousa Tavares e António Lobo Antunes.


Mão Morta com novo disco Os míticos Mão Morta, de Adolfo Luxúria Canibal, vão lançar um novo álbum de originais, em Abril. A banda bracarense já não editava um trabalho deste género desde Nus, em 2004. A outra novidade é que o álbum vai ter o selo de uma major, a Universal Music Portugal. O grupo já esteve ligado à BMG, mas lançou os últimos registos através da independente Cobra, liderada por alguns dos músicos dos Mão Morta. O longa-duração está a ser gravado em estúdios do Porto e de Braga e vai servir para celebrar os 25 anos do colectivo.

Ivo Kendra

DR

O grunge está vivo

Rohmer diz adeus

Doze anos depois da separação, devido a desentendimentos entre os músicos, os Soundgarden – uma das mais famosas banda do rock de Seattle e do movimento grunge, ao lado dos Nirvana ou dos Alice in Chains – vão-se reunir. A notícia foi anunciada no blogue do vocalista Chris Cornell: «A espera de 12 anos acabou. Estamos de regresso à escola». Ninguém sabe quando vão passar da escola ao palco. Em 2010, também Courtney Love estará de regresso com um novo álbum dos Hole, chamado Nobody’s Daughter, mas será o único membro da formação original presente.

O cineasta e crítico Éric Rohmer morreu a 11 de Janeiro, com 89 anos. Ao lado de Truffaut e Godard, fez parte da Nouvelle Vague, que revolucionou o cinema mundial nos anos 60. Deixou 34 longas e curtas-metragens, como Perceval le Gallois, adaptado do livro de Chrétien de Troyes, ou Paulina na Praia, que ganhou o Urso de Prata de melhor realizador no Festival de Berlim, em 1983. A Medeia Filmes homenageia o artista com a exibição diária, entre 14 e 20 de Janeiro, às 19h50, do seu último filme, Os Amores de Astrea e Celadon, no cinema King, em Lisboa.

Fax

em breve |

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O cantor Ney Matogrosso apresenta o disco Beijo Bandido em Portugal, com espectáculos nos coliseus do Porto, a 30 de Abril próximo, e de Lisboa, no dia seguinte. / / Luís Represas e o brasileiro Martinho da Vila vão actuar em conjunto no Rock in Rio Lisboa, no palco Sunset, destinado a parcerias musicais entre artistas portugueses e estrangeiros. A quarta edição do festival decorrerá nos dias 21 e 22 e de 27 a 29 de Maio, no Parque da Bela Vista, em Lisboa.


em breve |

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Revolução artística Se não se caça com cão, caça-se com gato. Foi partindo desta ideia que o design gráfico iraniano, muito em voga hoje em dia, se desenvolveu a partir dos anos 70, em reacção aos constrangimentos impostos à pintura e à música. Desde o passado mês de Junho, por altura das (supostas) eleições, o movimento de contestação encontrou o seu espaço sobre a tela, à falta dos muros de Teerão, onde os designers gráficos costumavam competir em termos de mensagens poéticas e imagens fortes. Tudo feito sobre um fundo verde, a cor-símbolo do movimento. Até mesmo as notas foram decoradas com estas obras, alegrando o país ao ponto de o Banco Central recusar a sua retirada de circulação.

Anthony Michel

DR

O regresso do Nun’ Álvares

Até 30 de Junho, o projecto Arte em Movimento instala-se nos elevadores de Lisboa, de forma a ligar o passado ao presente da arte contemporânea. Quatro artistas foram seleccionados: no Ascensor da Bica, Alexandre Farto vai apresentar Espectro; no Elevador de Santa Justa, será possível ouvir Santa Justa, de Susana Mendes Silva; Susana Anágua apresentará IN.TER. SECÇÃO, no Ascensor da Glória; e A Viagem, de Vasco Araújo, instalar-se-á no Ascensor do Lavra.

O Cinema Nun’ Álvares, no Porto, reabriu ao público no dia 17 de Dezembro, após um encerramento de quatro anos. Elias Macovela é o responsável pelo projecto, que aposta numa mescla de programação comercial e independente. O cinema, localizado na Rua Guerra Junqueiro, foi inaugurado em 1949, dispondo de 192 lugares. O Porto recupera assim uma das suas salas míticas, após sucessivos encerramentos, nos últimos anos, de espaços como o Batalha.

Fax

A arte mexe-se

Slash recusou uma proposta milionária para voltar aos Guns N’ Roses, confirmou o próprio músico, em entrevista à revista GQ. «Não sou como as outras pessoas em torno da banda que querem tentar recreá-la a qualquer custo, porque há muito dinheiro para ser feito», afirmou. / / O cantor norte-americano Teddy Pendergrass, conhecido pelas suas baladas românticas, morreu a 13 de Janeiro, em Filadélfia, nos Estados Unidos, oito meses após ter sofrido uma intervenção cirúrgica a um cancro no cólon.


reportagem |

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Japão : os amantes dos banhos públicos

texto e fotos ¬ Christophe Boisvieux - tradução ¬ Jp

No Império do Sol Nascente, é impossível adiar o tradicional banho quotidiano. Desde há já vários milénios, este ritual de purificação marca a vida social dos japoneses. Este símbolo de requinte nipónico toma, hoje em dia, contornos mais do que insólitos! Banhos de toranjas, de lama, de flor de íris ou café. Siga nesta viagem pelo arquipélago, em todos os sentidos da palavra. Aoni Onsen (spa), Província de Aomori, Japão


reportagem |

16 Em cima: banho com toranjas, Beppu, Japão Em baixo: imersão em hastes, Shimoda, Japão

« o costume dita que estejamos perfeitamente limpos e secos antes mesmo de tomar banho. »

«Senhor! Não se esqueça da sua toranja!». Na recepção do hotel Okamotoya, o gerente estendeme um belo espécimen com um sorriso afável. Metido num ligeiro Yukata, sandália de madeira nos pés, toranja na mão, cá estou eu pronto para desafiar o Zabon Buro. Lá fora, um delicioso poço de vapor a céu aberto. Alguns casais descontarem-se alegremente no meio de duas dezenas de toranjas deixadas à tona da água. Parece que estamos num sonho… Todavia, para as duas famílias japonesas que borbulham na água quente, o banho de toranjas não tem nada de surrealista. Constitui apenas uma das múltiplas facetas do banho quotidiano, simultaneamente rito de purificação e momento privilegiado de relaxamento e bem-estar.

Regresso às origens No Japão, o banho não responde unicamente a uma exigência de limpeza: o costume dita que estejamos perfeitamente limpos e secos antes mesmo de tomar banho. Esta paixão está profundamente enraizada em práticas religiosas ancestrais, nomeadamente no Shintoísmo, religião mãe cujo preceito essencial consiste em remover qualquer tipo de impureza. Não será então de admirar que, desde o século VIII, os grandes templos de Nara, primeira capital do Império, dispusessem de vastos banhos públicos, enquanto os imperadores e a sua corte frequentam os spas. Hoje em dia, mesmo se a maior parte dos lares possui uma banheira individual, os japoneses não abandonam estes estabelecimentos. Alguns, renovados, tornam-se ainda mais atraentes devido a uma grande variedade de recursos e de actividades náuticas. Desta forma as cerca de 2 000 termas dispersas pelo arquipélago atraem, em média, todos os anos, mais gente do que as praias do litoral. Pontos de encontro e de relaxamento, à imagem dos nossos cafés, são mais apreciadas pelo seu carácter lúdico e qualidade de relaxamento do que pelas virtudes terapêuticas que começam, apenas agora, a ser exploradas.


reportage

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Massagem nas nascentes de água quente, Beppu, Japão à direita: Suginoi spa hotel, Beppu, Japão

Homens de areia Em Ibusuki, no sul da ilha de Kyushu, o banho de areia é muito apreciado, eficaz contra os reumatismos, problemas intestinais e desequilíbrios ginecológicos. Num pequeno pavilhão à beira da praia, estendem-lhe um ligeiro kimono e uma toalha para enroscar na cabeça. Uma vez esticado na areia, duas enérgicas anciãs atiram-lhe com pazadas dessa areia quente para cima do corpo. A primeira impressão não é das mais agradáveis e depressa somos levados a pensar, com angústia, no martírio dos executados que eram enterrados vivos. Porém, muito lentamente, enquanto o calor se insinua progressivamente, uma extraordinária sensação de bemestar apodera-se do corpo inteiro... Mesmo assim, ao cabo de um quarto de hora, a temperatura da areia,

aquecida pelas nascentes subterrâneas quentes, depressa se torna insuportável. Está então na hora de se libertar para retomar o contacto com a realidade, depois de um duche e banho quente, acompanhado de uma chávena de chá verde. Banhos insólitos Em Beppu, a Nordeste de Kyushu, as termas número um do Japão concentram as formas mais extravagantes do banho. Ao lado das marmitas de lama e das bacias de cor encarnada ou turquesa, Beppu possui nada mais nada menos do que oito nascentes termais espalhadas pela cidade. Esta estação termal oferece aos 12 milhões de visitantes que recebe em cada ano um sistema «à la carte», que permite escolher entre as abluções tradicionais e os banhos de saké com propriedades euforizantes!


reportagem |

20 à esquerda: banho numa cabine de teleférico, Arita Kanko hotel, Arita, Japão Em cima: banho de areia, Ibusuki, Japão - Em baixo: banho de lama, Beppu, Japão

Também um tanto ou quanto absurdo, o «nosso» famoso banho de toranjas Zabon Buro funciona sempre em regime de lotação esgotada. É o banho aromático e recreativo por excelência, uma especialidade exclusiva da região de Beppu famosa pelas propriedades benéficas para a pele. A vitamina C, potenciada pela temperatura das nascentes quentes, penetraria através dos poros: é um cuidado da epiderme procurado pelas japonesas, que apreciam também os banhos de leite! Em Arita, no estreito do Kil, fazem fila frente a uma monstruosa vaca em plástico que dispensa generosamente o precioso líquido para uma bacia em perpétua efervescência.

No grande banho Desde há alguns anos, grandes parques náuticos de diversão, dignos da DisneyLand, concorrem com os banhos tradicionais. No Suginoi Palace, empoleirado nos altos de Beppu, mulheres e homens partilham, à vez, dois imensos «templos» aquáticos construídos debaixo de uma gigantesca meia-lua de vidro. Será preciso ir até Arita, a sudoeste de Osaka, para descobrir, no hotel Arita Kanko, o banho sensitivo. Suspenso no ar, um casal espreguiça-se, entre o céu e o mar, metido em duas das oito minúsculas banheiras que preenchem a cabine de um teleférico! /


entrevista |

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Texto ¬ João Pedro Barros Fotografia ¬ DR

Mário Dorminsky Tenham medo, muito medo Em ano de crise, há menos dinheiro no «Fantas». O orçamento global pode nem chegar aos dois milhões de euros, mas o director do festival mantém-se optimista, até porque o cinema fantástico costuma ganhar relevância em períodos conturbados. Dorminsky lança mesmo o alerta: a programação da 30.ª edição do Fantasporto é «pesada» e não vão faltar razões para os espectadores ficarem agarrados à cadeira. De 26 de Fevereiro a 6 de Março, vai haver muito medo para os lados da Praça D. João I, no Porto


entrevista |

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« Há uma crise económica gigante desde 2001, as pessoas sentiram o aperto e a tendência é para as afastar da realidade. » O «Fantas» mantém, há anos, a mesma estrutura. Em modelo que ganha não se mexe? Em estrutura e equipa que funciona não se mexe, aperfeiçoa-se. Temos é de modernizá-la e chegar aos novos públicos de cinema, adaptando-nos também a uma comunicação social nova. A Internet ganhou um papel muito importante e há uma forte componente de sociedade e figuras públicas. Praticamente, temos três tipos de programação: uma vocacionada para o grande público, outro para os cinéfilos e ainda outra que tem a ver com os filmes que os jovens vão ver às salas. As secções oficiais mantêm-se: Cinema Fantástico, Semana dos Realizadores e Orient Express. Os tempos de crise costumam ser bons para o cinema fantástico. Isso confirma-se? Absolutamente, e já vem dos últimos 15 anos. O momento de glória deu-se com os Óscares de Peter Jackson em O Senhor

dos Anéis. Hoje em dia, uma percentagem altíssima dos filmes que estão a passar no circuito comercial são de características fantásticas. Há uma crise económica gigante desde 2001, as pessoas sentiram o aperto e a tendência é para as afastar da realidade. Há ainda meios tecnológicos sofisticadíssimos, que permitem fazer quase tudo. Quais são os destaques do «Fantas», este ano? Na sessão de abertura (26 de Fevereiro) teremos a estreia de Solomon Kane, de Michael J. Bassett, que se baseia numa personagem de banda desenhada, o que também nos aproxima de públicos mais jovens. Depois, na sessão de encerramento, há The Crazies, um remake do filme de George Romero, só que aqui não há mortos-vivos, mas sim um vírus letal. Fish Tank (3 de Março, 21h15), que foi Prémio do Júri do Festival de Cinema de Cannes, é outro destaque.

Mário Dorminsky e Wim Wenders (Fantasporto 2009)

A selecção foi complicada? No último mês [Dezembro] recebemos mais de 100 longas metragens e ainda agora [a entrevista foi realizada a 5 de Janeiro] recebemos muitos filmes. Batemos todos os recordes em termos de propostas, com 600 longas metragens para ver. Isto para além de todos os filmes que vemos em festivais de cinema e dos que estão nas mãos de distribuidores portugueses. Vivemos um período em que os vampiros estão na moda… Penso que tem a ver com a sociedade, onde cada vez mais se suga até ao tutano as pessoas [risos]. No «Fantas», o filme mais marcante nesse aspecto é japonês e chama-se Vampire Girl vs. Frankenstein Girl. Este ano, quisemos dar

um «toque» de Carlos Alberto [a antiga casa do festival, até 1997], com fantástico a sério, sem um lado onírico. É caso para dizer «tenham medo, tenham muito medo», que é a frase que infelizmente os marketeers se lembram de utilizar em relação aos filmes fantásticos. Todos os anos fala na hipótese de grandes nomes serem convidados do festival, mas geralmente isso não se concretiza… Se o Turismo de Portugal nos der 700 mil euros, como ao Estoril Film Festival, nós trazemos esses convidados de nome. Mesmo assim, temos feito milagres, sem gastar praticamente nada. Só nos últimos dois anos trouxemos o Max von Sydow, o Wim Wenders, o Paul Schrader. Já cá tivemos a Karen Black e até o David Cronenberg, há muitos anos. >


entrevista |

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Mário Dorminsky e Paul Schrader (Fantasporto 2009)

E este ano? Já dissemos que o Michal J. Bassett vem cá. Há outras situações praticamente fechadas, mas, em relação aos chamados grandes nomes, esperamos uma decisão do Instituto do Turismo, que não sabemos com que verba nos vai apoiar. Esses nomes fazem falta para o festival subir mais um degrau? Penso que sim. Em todo o mundo, não é a programação que faz um festival. Isto foi-me dito há mais de 20 anos por um jornalista da Variety. O que interessa é a comida, as bebidas e a forma de receber os convidados. Não temos dimensão para as multinacionais norte-americanas, só trazemos cá o Guillermo del Toro, por exemplo, porque o conhecemos e nos damos bem. A Daryl Hannah queria andar a cavalo e o Christopher Lee jogar golfe. Na verdade, a gente do cinema não quer saber nada de cinema [risos].

E como se encontra o processo de criação da Fundação Fantasporto? Está completamente parado pela crise, não há hipótese nenhuma de obter apoios e mecenas. Temos quebras de ano para ano nas verbas que nos são pagas pelos patrocinadores, que ainda assim conseguimos manter. Face à nossa relevância, penso que em qualquer outro país do mundo nunca estaríamos preocupados com a situação financeira. O «Fantas» não se estará a institucionalizar? Pensam dar-lhe um «safanão» nos próximos anos? Não, penso que temos conseguido tornar o festival diferente todos os anos. Por exemplo, com filmes mais ou menos loucos nas madrugadas. Há pouquíssima crítica em Portugal digna desse nome, mas há três ou quatro críticos pelos quais tenho respeito e todos nos dizem que temos uma programação excelente. /


eBoy

Pixel art // Alemanha // http://helloboy.com

portefólio

texto ¬ Judith Oliver - tradução ¬ Jp

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Pixel Cities Tal como uma criança com a sua caixa de Lego®, os eBoy constroem as suas obras digitais peça por peça, pixel por pixel, deixando antever uma estética muito ligada aos anos 80 e traços infantis nas suas criações. Desde 1991, estes mestres de pixel art conseguiram um lugar de destaque no mundo do grafismo internacional. Sobretudo com as suas «eCities», grandes frescos urbanos inspirados

em Tóquio, Belfast, Londres, Veneza ou Nova Iorque. Svend Smital, Kai Vermeer e Steffen Sauerteig transpõem os traços característicos destas cidades (folclore, arquitectura, etc.) em composições que lembram os primeiros vídeojogos. O interesse deste trabalho reside na sua técnica, próxima do mosaico. Juntando pixéis coloridos – ou seja, a unidade mais pequena de um ecrã

de computador – o trio pode obter um número infinito de combinações, levando o detalhe até ao extremo. Tudo isto utilizando técnicas rudimentares. É uma verdadeira proeza, que implica longas horas de trabalho, mas os nossos urbanistas virtuais não são uns simples geeks cujas produções estão ❥

A DESCOBRIR hello.eboy.com // www.eboymarseille.fr

providas de sentido. Por baixo da aparência voluntariamente ingénua, esconde-se uma incessante crítica social. É pelo menos o que nos levam a pensar as ameaças de explosão junto das esquinas ou a sobrevalorização de marcas que, em todas as escalas, compõem o décor... /


música |

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texto ¬ João Pedro Barros - fotografia ¬ U2/DR

Em ano de Rock in Rio,

há música para todos os gostos Dos U2 aos Beach House, fazemos uma lista dos álbuns e concertos mais esperados de 2010 O Rock in Rio está mais perto de ser um megaparque de diversões do que propriamente um festival de música, mas é inevitável começar por aqui. Milhares de pessoas são esperadas no Parque da Bela Vista, entre 21-22 e 27-29 de Maio. Os Muse actuam no dia 27. A 10 de Julho, em Oeiras, o festival Alive! traz de volta a Portugal os Pearl Jam. Dias 2 e 3 de Outubro, o Estádio Cidade de Coimbra vai rebentar pelas costuras para receber os U2. Antes, a 18 de Maio, os Metallica vão estar no Pavilhão Atlântico, enquanto que dia 25 é a vez de Santana. O Campo Pequeno vai receber The Cranberries a 10 de Março, Mika a 16 de Abril e Mark Knopfler a 27 de Julho. Mas nem só de megaconcertos viverá 2010. A cantora folk norte-americana Joan Baez estará na Casa da Música a 8 de Março e dois dias depois no Coli-

seu de Lisboa. No mesmo mês, Adam Green (Santiago Alquimista, dia 4), Final Fantasy (Teatro Maria Matos, dia 10) e Beach House (dia 17 no Lux e 18 no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães) podem proporcionar alguns dos espectáculos mais estimulantes do ano.Os Beach House trarão um álbum novo, Teen Dream (ver crítica na pág. 111), e começamos por aqui um breve olhar aos lançamentos mais aguardados. Os Beastie Boys lançam Hot Sauce Committee, Pt. 1, os Gorillaz regressam com Plastic Beach e Eminem com Relapse 2. Arcade Fire, Interpol, Linkin Park, Liars e U2 devem apresentar novidades. Korn, Stone Temple Pilots, Smashing Pumpkins, Limp Bizkit e o ex-Oasis Liam Gallagher vão tentar renascer das cinzas. A nível nacional, Mão Morta, Blind Zero, Nuno Prata e GNR trabalham em novos registos. /

Os melhores de 2009 da SAI ❥

Álbuns internacionais

Álbuns nacionais

1. Merriweather Post Pavilion – Animal Collective

1. Femina – Legendary Tiger Man

2. Crimson Wing: O Mistério dos Flamingos (banda sonora)

2. A Mãe – Rodrigo Leão

– The Cinematic Orchestra/London Metropolitan Orchestra

3. Pata Lenta – Norberto Lobo

3. The Spirit of Apollo – N.A.S.A.

4. É isso aí – Aquaparque

4. Love 2 – Air

5. Um Fim-de-Semana no Pónei

5. Monoliths & Dimensions – Sunn O)))

Dourado – B Fachada


música |

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texto ¬ W. Odin - fotografia ¬ Frida Borjenson

Uma história simples Os Artic Monkeys, um dos maiores fenómenos do rock britânico dos últimos anos, vêm ao Porto e a Lisboa apresentar Humbug Às vezes, a história é muito simples. Alguns fãs depositam no Myspace canções de uma jovem banda e isso desencadeia o maior «buzz» do início do século, que todas as editoras de grande porte sonhavam desencadear. Pela primeira vez na história da música, uma banda, sem ser contratada por qualquer editora, sem estar a passar nas rádios, conseguia encontrar uma larga audiência. Sem o saber, os Artic Monkeys acabavam de alterar para sempre o mundo da indústria musical. Cinco anos depois, e contrariamente a muitas outras supostas estrelas vindas da Internet, os britânicos continuam no centro da actualidade. Esta é a prova de que por detrás do enorme burburinho que se gerou está uma verdadeira legitimidade e, sobretudo, um verdadeiro talento. Cada um dos três álbuns dos Artic Monkeys tem dentro de si pequenas pepitas de ouro. ❥

ARTIC MONKEYS PORTO, Coliseu, 02.02, 21h, 24-35€ LISBOA, Campo Pequeno, 03.02, 21h, 24-35€

Da canção pop perto dos Pulp em Cornerstone, até à melodia suave de Fluorescent adolescent, passando pelo rock de garagem frenético de Red right hand (original de Nick Cave and the Bad Seeds), a banda não têm medo de desvios. Alex Turner, o vocalista, soube provar que é um brilhante autor/compositor, que melhora a cada dia que passa.Após a pequena «escapadela» com o homólogo dos The Rascals, Miles Kane, nos Last Shadows Puppet, Turner regressou à composição para o terceiro álbum dos Monkeys. Humbug saiu em Agosto de 2009 e contou com a participação de Josh Homme, dos Queens of the Stone Age, na produção. Na primeira semana após o lançamento, no Reino Unido, o disco vendeu 96 mil cópias. As canções de Humbug devem ocupar grande parte do alinhamento dos concertos em Portugal. /


música |

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A menina da soul texto ¬ João Pedro Barros - fotografia ¬ DR

Joss Stone vem mostrar Colour Me Free! e o porquê de ser a mais bem sucedida cantora soul do momento Em 2008, Joss Stone esteve no Rock in Rio. Apresentou-se descalça e de vestido primaveril, cativante na sua atitude descomprometida, suportada por uma banda competente. Quase dois anos depois, regressa em nome próprio, e até pode repetir o vestido: os concertos são dentro de portas, nos coliseus do Porto e de Lisboa. Musicalmente, o conteúdo será algo diferente, porque a britânica apresenta um novo disco. Colour Me Free! é o nome do registo lançado no ano passado, e, de acordo com a própria Joss Stone, começou a ser idealizado num dia em que a cantora acordou «com vontade de gravar um álbum». Meu dito, meu feito, e a vontade da menina da soul foi cumprida a preceito. No início de 2008, um grupo de músicos (incluindo o rapper Nas e o consagrado guitarrista Jeff Beck) e com❥

positores reuniu-se em Somerset, no sudoeste de Inglaterra, e gravou os 12 temas que compõem o disco em apenas uma semana. Como resultado, a atmosfera é notoriamente solta e descontraída. Não houve espaço (nem tempo) para grandes cuidados de produção e a voz poderosa de Stone continua a ser o maior destaque. A cantora, de apenas 22 anos, já vai no seu quarto álbum, e até estará desejosa de rescindir o seu contrato com a EMI. A autora de Right to be wrong é conhecida por não virar as costas à polémica e este conflito terá até atrasado o lançamento do álbum. Entretanto, já se estreou no grande ecrã e interpreta o papel de Ana de Cleves (quarta mulher de Henrique VIII) na série Os Tudors. A ver vamos: será que o seu futuro estará mais na representação do que na música? /

JOSS STONE PORTO, Coliseu, 14.02, 21h, 26-34€ LISBOA, Coliseu dos Recreios, 15.02, 21h, 28€


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Drum and Ass! texto ¬ W. Odin - fotografia ¬ Adam Weiss

Com a sua mistura de hip-hop sujo e de electro concebido para abanar o corpo, o rapper Spank Rock vai encher de suor o Lux e a Casa da Música. Quem disse que ia estar frio em Janeiro? Originário de um subúrbio de Filadélfia, mas fazendo parte da famosa cena de Baltimore, Spank Rock não teve de esperar muito tempo para atingir o sucesso. A partir de 2006, com a saída do seu primeiro álbum, YoYoYoYoYo (não é possível encontrar um nome mais hip-hop do que este), e o sucesso dos singles Bump e Rick Rubin, foi contactado para abrir concertos de M.I.A., Beck e Björk, conquistando espectadores de diversas tendências. Não foi só o público a encantar-se com a energia do jovem MC: Thom Yorke, dos Radiohead, tornou-se um dos maiores fãs; a Downtown Records, editora dos Gnarls Barcley, Cold War Kids, Art Brut ou Justice, ofereceu-lhe um contrato, que até hoje só deu origem a um EP, Benny Blanco & Spank Rock Present: “Bangers and Cash”. Entretanto, ❥

multiplicou-se em colaborações com diversos projectos: uma remistura de D.A.N.C.E., dos Justice, com Mos Def, uma participação no álbum de estreia de Santigold e em X, de Kylie Minogue, para além de ter feito parte do super-colectivo N.A.S.A., em Wachadoin. A mais recente colaboração do rapper deu-se com a sua grande amiga Amanda Blank, na faixa Gimme what you got, do seu poderoso álbum I Love You (uma da melhores surpresas musicais de 2009). A completar as duas noites em Portugal, que prometem ser das mais animadas deste Inverno, estará o DJ Teenwolf (igualmente de Baltimore), dos Ninjasonik, que promete colocar no programa o hip-hop americano mais underground. No Porto, as actuações estão integradas no evento mensal Clubbing. /

SPANK ROCK + DJ TEENWOLF LISBOA, Lux Frágil, 22.01, 21h30, www.luxfragil.com PORTO, Casa da Música, 23.01, a partir das 22h, 7,5-18€, www.casadamusica.com


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texto ¬ Pedro Rios - fotografia ¬ DR

Aprumem-se as cristas Instituição punk-rock The Casualities regressa a Portugal. Mais populares do que nunca, mas sem concessões Em Janeiro de 2009, Rick Lopez, baixista dos The Casualties, lançou um desesperado apelo à comunidade punk: «Quero o meu casaco de volta». A peça, obviamente de pele, roubada num concerto, tinha-lhe sido oferecido pelo pai e, supomos, estaria repleta de remendos e quinquilharia punk rock. Percebemos a dor de Lopez: os Casualties, que regressam dia 23 de Janeiro a Lisboa, são daquela estirpe de punks que ostentam no casaco o seu modo de vida. E também nos penteados, que desafiam as leis da gravidade e são uma dor de cabeça para cabeleireiros daltónicos. We Are All We Have, o sétimo disco dos nova-iorquinos, lançado em 2009, vêos a expandir os horizontes (há uma canção reggae e alguma influência do trash metal). Mas, no essencial, é uma colecção de canções a alta velocidade, devedoras do som dos Discharge e de outras bandas punk ❥

dos anos 1980. Território clássico para os Casualties, que, em 2006, assinaram pela SideOneDummy, a editora dos Gogol Bordello, e chegaram a um público maior. Andaram pela Warped Tour, digressão itinerante e símbolo da comercialização do punk pós-Green Day e Offspring. Muitos fãs mais puristas não gostaram da aventura, mas há que reconhecer que os Casualties têm pouco a provar: quando surgiram, em 1990, poucos diriam que a banda seria tão resistente e se tornaria num raro caso de popularidade sem grandes concessões sonoras. O aquecimento cabe aos estreantes Pussy Hole Treatment – quinteto português que faz hardcore sem manhas –, aos Albert Fish – dupla clássica do punk português, numa linha não muito longínqua dos Casualties – e aos Simbiose – reis do crust e do punk mais metálico (ou metal mais punk) feitos em Portugal. /

THE CASUALTIES + PUSSY HOLE TREATMENT + ALBERT FISH + SIMBIOSE ALMADA, Revolver Bar, 23.01, 21h, 12-15€


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texto ¬ Jp - fotografia ¬ Lilly M

Com um uivar especial Os lobos estão de volta! E não estamos a falar da selecção nacional de râguebi, mas sim dos Moonspell, a sua congénere em termos musicais Depois de uma extensa e bem sucedida digressão pelo continente americano e do «aperitivo» dado no Hard Rock Café de Lisboa, em Outubro, a mais internacional banda metal portuguesa dá o primeiro concerto do ano em Portugal, na Feira Internacional de Lisboa (FIL), no Parque das Nações. Passaram mais de dois anos desde o, para muitos, memorável concerto de Halloween, no Coliseu de Lisboa, e o quinteto não mais voltou a actuar na capital. Aliás, o vocalista Fernando Ribeiro esteve envolvido no projecto Amália Hoje, que poderá ter desgastado a sua imagem junto dos fãs mais ortodoxos. Será este espectáculo uma espécie de regresso às origens, em território nacional? De qualquer forma, parece ser um ❥

bom momento para os Moonspell, cuja máquina parece vir bem oleada da extensa série de actuações no estrangeiro. A banda promete incursões a alguns temas mais antigos do repertório, mas não irá por certo esquecer o último registo, Night Eternal, datado de 2008. Na FIL, Fernando Ribeiro, Miguel Gaspar, Ricardo Amorim, Pedro Paixão e Aires Pereira vão associar à música uma grande produção visual, da autoria de Eurico Coelho, que contempla vídeos em ecrãs LED. A primeira parte estará a cargo dos Bizarra Locomotiva, que foram convidados pelos próprios Moonspell, e com os quais Fernando Ribeiro colaborou no mais recente disco, Álbum Negro. Sempre são mais uns lobos a ajudar à festa./

MOONSPELL + BIZARRA LOCOMOTIVA LISBOA, FIL, 23.01, abertura das portas às 21h, 15€


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Avé riff texto ¬ Pedro Rios - fotografia ¬ DR

O pretexto da digressão é o último álbum, mas o concerto dos Fu Manchu em Lisboa será uma celebração de 20 anos dedicados ao stoner rock Cultivam o riff como entidade sagrada, a distorção como um sinal enviado das Alturas, o zumbido como provação terrena. São uma amálgama de Black Sabbath, punk e psicadelia movida a erva, praia, mulheres, ficção científica e skates. Figuram na bela constelação stoner rock da Califórnia, ao lado dos extintos, mas imortais Kyuss e Sleep (In Search Of…, de 1996, e The Action Is Go, do ano seguinte, estão entre os clássicos do género). Acertadamente, o jornal LA Weekly escreveu que os Fu Manchu «são tão puramente californianos como qualquer coisa que Brian Wilson [dos Beach Boys] tenha gravado». O pretexto para o concerto em Portugal é a apresentação do ainda fresco Signs Of Infinite Power, o 11.º álbum da discografia dos Manchu, lança-

do em Outubro de 2009. «Com este disco quisemos ter um som mais ‘ao vivo’, semelhante ao que temos em palco», disse Scott Hill, guitarrista e vocalista, ao jornal The Aquarian Weekly. «Sentámo-nos todos na mesma sala, com a bateria. O [Scott] Reeder contava com as baquetas e lá íamos nós. Fazíamos dois ou três takes e estava feito. Preferimos manter alguns erros porque queríamos esse som próximo de um concerto, mais cru», explicou. Os Fu Manchu (nome que foram buscar a uma personagem dos romances de Sax Rohmer) têm dito que estão especialmente vitaminados no ano em que comemoram 20 anos de carreira. Como o seu território natural é o palco, o concerto no Santiago Alquimista, em Lisboa, é uma oportunidade única para o confirmar. /

FU MANCHU LISBOA, Santiago Alquimista, 05.02, 21h30, 20€


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O regresso do músico mais secreto do mundo texto ¬ João Pedro Barros - fotografia ¬ DR

Jandek vai estar no Maria Matos para o segundo concerto em Portugal no espaço de um ano. No final, enquanto uns dirão «mito!», outros exclamarão «fraude!» Na era da Internet e dos mediatismos instantâneos, causa estranheza que haja um músico de quem quase nada se sabe, por vontade própria. Jandek é considerado o músico mais secreto do mundo, e percebe-se porquê: em mais de 30 anos de carreira, com cerca de 60 álbuns editados, só há a certeza de ter dado uma entrevista, por telefone, e nunca divulgou dados biográficos. Não tem sítio na Internet, e os álbuns só são vendidos através de uma caixa postal. O primeiro concerto documentado foi em 2004, num festival na Escócia, e só aí se confirmou que o homem cuja fotografia aparecia nos discos era mesmo Jandek. Em Janeiro de 2009, actuou na Fundação de Serralves, naquele que muitos pensaram que seria o seu único concerto em Portugal. Esteve quase duas horas ao piano, sem pro❥

ferir uma única palavra. A verdade é que o texano se tem desdobrado em concertos e regressa agora a Lisboa, para mais uma actuação. Ninguém sabe se vai tocar guitarra ou piano, se vai ter músicos a acompanhá-lo, se vai cantar ou não. Provavelmente, ninguém saberá até à hora da actuação.Em 1993, o falecido Kurt Cobain, dos Nirvana, disse à revista Spin que não considerava Jandek pretensioso, mas que só «pessoas pretensiosas gostam da sua música». Para muitos, as suas composições serão até inaudíveis: a maior parte dos álbuns consiste numa espécie de blues e folk adulterado, em que a sua guitarra acústica raramente está afinada de forma convencional. Mas o mito, alimentado pelo documentário Jandek on Corwood, de 2003, supera a música. /

JANDEK LISBOA, Teatro Maria Matos, 23.01, 22h, 5-12€


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Vindos do inferno texto ¬ Nuno Catarino - fotografia ¬ Gisele Vienne

Oportunidade rara para ver os Sunn O))) e testemunhar a apresentação ao vivo do épico Monoliths and Dimensions, o grande álbum doom do ano O disco Monoliths and Dimensions conquistou 2009. Este monumento sónico liderou listas, trepou tops, chegou a lugares onde nenhum outro álbum de doom metal terá algum dia imaginado chegar. Contando com uma série de convidados fora de série (Eyvind Kang, Oren Ambarchi, Attila Csihar e Dylan Carlso, entre outros), Stephen O’Malley e Greg Anderson vão muito para além do doom que os caracterizava. Além das guitarras comatosas, empurradas num denso torpor sonoro, os Sunn O))) incorporam agora uma série de outros elementos e até se aproximam do jazz, com o trombone

de Julian Priester a «navegar» num tema que homenageia Alice Coltrane. A prestação a solo de O’Malley na Culturgest Porto, em Abril de 2009, serviu de amostra do poder da sua guitarra demoníaca. Agora, vamos ter a oportunidade de assistir à actuação da banda completa. Este concerto, programado pela Zé dos Bois, terá lugar na Sala das Colunas, na LX Factory (Alcântara). Isto porque o aquário da Rua da Barroca seria, com certeza, demasiado pequeno para acolher a enchente que se espera. Na primeira parte, actuam os Eagle Twin, companheiros da editora Southern Lord. /

SUNN O))) + EAGLE TWIN LISBOA, Sala das Colunas / LX Factory, 02.02, 23h, 18-20€


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TER A TERRE E-SHOP

Sharon Jones & The Dap Kings - Suicidal Tendencies - Infectious Grooves Fishbone - The Inspector Cluzo - The Dynamites feat Charles Walker...

texto ¬ Nuno Catarino - fotografia ¬ Corey Harris / Aaron Hawkins

Ainda temos os blues A Culturgest acolhe a segunda edição do Hootenanny, festival dedicado aos blues que apresenta uma série de concertos e filmes documentais Em 2009, a Culturgest apresentou a primeira edição do festival Hootenanny, ciclo de concertos e documentários nesse ano dedicados à folk branca, assombrada pelo espírito de Pete Seeger. Em 2010, a programação do ciclo comissariado por Ruben de Carvalho volta-se para os blues negros, assombrados pelo fantasma de Robert Johnson. No sábado, 30 de Janeiro, o festival é inaugurado na sala da Caixa Geral de Depósitos, com um concerto de Corey Harris & The Rasta Blues Experience – um dos grandes nomes do blues contemporâneo. A 1 de Fevereiro, é exibido um documentário sobre Josh White e, no dia seguinte, terça-feira, é a vez de actuar Josh White Jr., filho do homenageado da noite anterior. O ciclo continua a 3 de Fevereiro, com o documentário A propósito de Robert Johnson: Cadillac Records, de Darnell Martin, onde é evocado o bluesman que, segundo reza a lenda, vendeu a alma ao demónio, num cruzamento, por volta da meia-noite. O filme será acompanhado pelos comentários de Elijah Wald, que, no dia seguinte, se apresenta também em concerto, a solo. O Hootenanny encerra na sexta-feira, dia 5, com um concerto de Henry Butler. /

FESTIVAL HOOTENANNY LISBOA, Culturgest, 30.01>05.02, 21h30, 5-18€

The Dynamites feat Charles Walker “Burn It Down”

The Inspector Cluzo “The Inspector Cluzo”

Fishbone “Live CD/DVD”

Fishbone “Fuck Racism Shirts” and other cool stuff !!!

CD/LP/DVD/TEE-SHIRTS-SWEATS All the merchandising of our bands on tour is available now on http://shop.teraterre.com


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texto ¬ João Pedro Barros - fotografia ¬ DR

3D, sequelas e anos 80 Em 2010, prevêem-se menos super-heróis e catástrofes nos cinemas. A aposta dos grandes estúdios parece focar-se na tecnologia 3D e na recuperação de títulos bem sucedidos Tirando partido das novas tecnologias, o cinema a três dimensões atacou em força as salas, em 2009. Este ano, mantém-se a tendência e talvez a maior curiosidade seja ver como se sai Tim Burton em Alice no País das Maravilhas (estreia a 4 de Março). Johnny Depp está no elenco. Em Julho, Shrek para sempre!, totalmente rodado em 3D, promete ser o grande filme do Verão. É o quarto e último capítulo da saga. No fim do mês, surge o grande rival, Toy Story 3. As duas primeiras películas da série voltarão às salas poucas semanas antes, convertidas ao novo formato. Se de um lado está o efeito novidade, do outro está o efeito continuidade. As sequelas são uma forma dos grandes estúdios reduzirem o risco nos seus investimentos e este ano parece ser especialmente recheado. Homem de Ferro regressa, dois anos

depois, em Abril. Mickey Rourke será o vilão e Scarlett Johansson a agente secreta Black Widow, mantendo-se Gwyneth Paltrow e Robert Downey Jr. Igualmente em 2008, Sexo e a Cidade tornou-se um grande sucesso, pelo que o regresso, em Junho, era quase inevitável. Mas há sequelas mais inesperadas, como Wall Street: o Dinheiro não pára, de Oliver Stone, que surge 23 anos depois do filme original. No capítulo dos remakes, o baú dos anos 80 foi bem remexido: Pesadelo em Elm Street, Karate Kid (com Jackie Chan) e a recuperação da série Soldados da Fortuna/Esquadrão Classe A provam-no. Quanto às sagas, temos novos capítulos de Crepúsculo e Harry Potter, já perto do Natal. Ridley Scott recupera Robin Hood, com Russell Crowe e Cate Blanchett, Clint Eastwood continua em forma com Invictus (em que Morgan Freeman

1. Anticristo, de Lars von Trier - 2. Alice no País da Maravilhas, de Tim Burton - 3. Invictus, de Clint Eastwood

faz de Nelson Mandela), e os irmãos Coen aplicam o seu humor negro em Um Caso Sério (estreia a 4 de Fevereiro). Fugindo ao domínio anglo-saxónico, refira-se Anticristo, do dinamarquês Lars von Trier, que estreia a 28 de Janeiro, no mesmo dia da comédia romântica portuguesa A Bela e o Paparazzo, de António Pedro Vasconcelos, com Marco d’Almeida e Soraia Chaves. /

Os melhores filmes de 2009 da SAI ❥

1. Gran Torino, de Clint Eastwood 2. Sacanas sem Lei, de Quentin Tarantino 3. O Wrestler, de Darren Aronofsky 4. Os Limites do Controlo, de Jim Jarmusch 5. Moon – O Outro lado da Lua, de Duncan Jones


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texto ¬ Fernando Vasquez - fotografia ¬ DR

À procura de um grande êxito Três décadas após o início de carreira, Ken Loach finalmente produz um trabalho capaz de seduzir as grandes audiências. Fiel a si próprio e com uma grande dose humor, O meu amigo Eric promete tornar-se no seu maior êxito de bilheteira A falta de êxito comercial há muito que manchava o invejável currículo de Ken Loach, realizador de culto e porta-estandarte do cinema britânico durante décadas. Nem o impacto cultural de Kes e Rif Raff, nem a Palma de Ouro por Brisa de Mudança foram capazes de reverter a infeliz condição do último resistente da Nova Vaga Britânica. Desconhecese se o dilema atormentava Loach, mas, se assim for, o realizador escusa de se continuar a lamentar. O seu mais recente trabalho, O Meu Amigo Eric, é uma aposta segura, já que está garantida a presença de uns quantos milhões de fanáticos do futebol nas salas de cinema, simplesmente para ver Eric Cantona, para muitos um autêntico Deus dos relvados. Desengane-se no entanto se pensa que este filme é sobre ❥

O MEU AMIGO ERIC de Ken Loach, estreia a 11.02

futebol. Embora a bola esteja sempre subtilmente presente, O Meu Amigo Eric tem a marca de Ken Loach, estando repleto de um realismo brutal, capaz de deixar a mais estéril das audiências de punho erguido no ar. O filma narra o declínio emocional de um carteiro de Manchester, cujas tentativas de recuperar a felicidade de outrora e o fantasma do ídolo Cantona o obrigam a corrigir erros do passado. Ao deambular entre a comédia e o realismo social, num truque digno de craque do cinema, Loach exibe todo o seu génio, numa película que parece anunciar o virar de um ciclo. Brilhantemente protagonizado por Steve Evets, ex-baixista dos The Fall, e pelo surpreendente Eric Cantona, O Meu Amigo Eric é sem dúvida uma experiencia a não perder. /


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O lado negro da história texto ¬ Fernando Vasquez - fotografia ¬ DR

Nunca o preto e branco iluminou tanto como no mais recente capítulo da obra do «mestre» Haneke

Michael Haneke há muito se tornou num dos expoentes máximos do cinema art house europeu, através de filmes como A Pianista (2001), Caché (2005) e Funny Games (1997 e 2008), onde a face negra da natureza humana é impiedosamente escrutinada, despertando tanta admiração como condenação. Com O Laço Branco, Haneke vai mais longe na sua incessante viagem pelos meandros da condição humana. A história passa-se antes do início da Primeira Guerra Mundial, numa pequena vila no norte da Alemanha, onde as linhas hierárquicas estão extremamente bem definidas: os adultos governam num reino de ter❥

O LAÇO BRANCO de Michael Haneke, estreia a 14.01

ror palpável e as crianças vivem subjugadas a uma tirania puritana que lhes asfixia os instintos humanos mais naturais. Uma série de eventos de brutalidade colectiva abalam a ordem estabelecida e deixam subtis sombras do que poderá ter levado uma geração inteira a pactuar com os crimes do Terceiro Reich. «O filme é sobre a origem de todas as formas de terrorismo, seja ele de natureza politica ou religiosa», disse o austríaco após receber a Palma de Ouro, em Maio. Controverso como sempre, Haneke é hoje um cineasta de maturidade evidente, capaz de se exprimir numa linguagem bitonal de esperança e desalento. /


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Um filipino a descobrir texto ¬ João Pedro Barros - fotografia ¬ DR

A obra de Brillante Mendoza é apresentada em retrospectiva, numa iniciativa que pretende retirar da obscuridade, em Portugal, o novo cinema filipino O nome de Brillante Mendoza, realizador filipino de 49 anos, ainda não é muito conhecido em Portugal. No entanto, Mendoza venceu o prémio de Melhor Realizador, no passado Festival de Cannes, com Kinatay, e o cinema filipino tem vindo a coleccionar prémios um pouco por todo o mundo. Só em 2009, arrecadou 29 galardões, segundo as contas do Daily Inquirer. Esta ascensão levou a associação Zero em Comportamento a programar um ciclo dedicado a Brillante Mendoza, no Pequeno Auditório da Culturgest. O realizador vai estar presente e leccionar uma masterclass sobre produção e realização de cinema independente nas Filipinas. A retrospectiva inclui uma série de oito longas-metragens realizadas nos últimos cinco anos, ❥

iniciando-se com Lola (dia 20, 21h30), o trabalho mais recente do realizador, que data de 2009. Depois, segue-se uma incursão cronológica por todos os seus filmes: Masahista (2005), Manoro e Kaleldo (2006), John John (2007), Tirador (2007), Serbis (2008) e Kinatay (2009). Mendoza, que só assinou o primeiro filme quando já tinha ultrapassado os 40 anos – depois de uma carreira maioritariamente dedicada à publicidade –, aborda geralmente os problemas sociais do seu país, como o crime, a corrupção, a pobreza e a prostituição. «Trabalho como um jornalista, tenho necessidade de aprofundar os temas, de pesquisar, de falar com as pessoas, de fazer muitas perguntas», explicou, em Novembro, ao jornal francês Libération. /

RETROSPECTIVA BRILLANTE MENDOZA 20>23.01, Lisboa, Pequeno Auditório da Culturgest, bilhetes a 3,5€, programação completa em www.culturgest.pt/actual/mendoza


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Jimmy Turrell Ilustração, grafismo // Grã Bretanha // www.jimmyturrell.com

texto ¬ Baptiste Ostré - tradução ¬ Jp

This is England Refere Las Vegas Parano como livro de cabeceira. Não admira. Este manifesto do jornalismo gonzo (estilo em que o narrador abandona qualquer pretensão de objectividade e se mistura profundamente com a acção) foi ilustrado por Ralph Steadman, grande adepto da contra-cultura rock & roll das décadas de 60 e 70. Tal como o ilustrador da revista Rolling Stone, o londrino Jimmy Turrell – que assina a nossa primeira capa de 2010 – não tem rival no que diz respeito a imortalizar os ícones culturais. A sua inspiração surge nas ruas de Londres. «Faço muitos vídeos e fotos para imortalizar a beleza de tudo aquilo que nos rodeia dia após dia», declara. Jimmy enriquece o seu trabalho com pequenos detalhes que encontra ao virar da esquina, retirados de acontecimentos triviais do quotidiano. Embora uma grande parte das suas ilustrações retro-vintage testemunhe uma grande nostalgia pelos tempos áureos da pop, o desenhador adopta um estilo jornalístico, assinando desenhos para publicações prestigiadas tais como o Guardian, Newsweek ou Dazed and Confused. Perseguir a realidade partindo de um princípio subjectivo. Esta é exactamente a definição do jornalismo gonzo. / ❥

A DESCOBRIR www.jimmyturrell.blogspot.com


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â?– 1. 3. Dark graffiti scenes - 2.eLogo par bishop pour le site toutpourlesyeux.com 4. Hello ice - 5. Artwork du 2 album de l'artiste roumain Candlestickmaker 6. Toile imprimĂŠe what da hell ?

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Circo de Inverno Fotografia e estilismo ¬ Julie cerise Maquilhagem e cabeleireiro ¬ Olivier Chauzy, com produtos M.A.C COMESTICS Assistente ¬ Léa O nosso agradecimento à família Fourré pela sua hospitalidade.

fiona Camisa G-STAR, Casaco DC (Corezone), Collants AMERICAN APPAREL, Saia GROUCHO.

cécilia Casaco HURLEY, Vestido REKO (Brock'n'Roll), Luvas PEPE JEANS, Collants american apparel.


Fiona Camisa HURLEY, Collants AMERICAN APPAREL, Vestido RVCA (Corezone), Casaco KILL DEAL (Mod'in).

Cécilia Blusa TATOUAGE (Mod'in), Calças HELLS BELLS (Brock'n'Roll), Luvas CHARLOTTE SOMETIMES (Les Fées De La Création), Hula hoop PSYCHOJONGLEUR.


Cécilia Saia JOSIE LA BARONNE (Les Fée de la création), T-Shirt ROXY, Collants American Apparel.

FIONA Collants AMERICAN APPAREL, Jardineiras VOLCOM (Corezone), T-Shirt ESPRIT (Hall Bazaar), Calçado VICTORIA (Mod'in), Luvas PAKO LITTO (Hall Bazaar).


cécilia Casaco ROXY, Collants YUMI, Calçado NIKE (Corezone).

fiona Cachecol PEPE JEANS, Vestido CARHARTT, Casaco BENSIMON (Mod'in), Collants AMERICAN APPAREL, Bola e balões PSYCHOJONGLEUR.


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texto ¬ João Campos - fotografia ¬ DR

Para além do óbvio Apelidada de jóia da coroa dos recursos naturais de Portugal, a cortiça é sem dúvida um material peculiar. As suas propriedades naturais são únicas e as vantagens ecológicas incontornáveis. Será possível a sua utilização ir para além das vulgares rolhas e revestimentos comuns, assumindo contornos mais criativos? Conhecemos a cortiça de desígnios pouco interessantes, úteis na maior parte das vezes, mas sem grandes rasgos de originalidade. O que não é explícito é o facto da cortiça ser um dos materiais mais ecológicos do planeta. Trata-se de um produto natural extraído da casca do sobreiro, árvore que se auto-regenera naturalmente, renovando constantemente a produção. O processo de transformação, por sua vez, é perfeito a nível ambiental e são reutilizados todos os excedentes. Como se não bastasse, a cortiça é ainda totalmente reciclável. Um autêntico Rolha, de Jorge Luís, da colecção Objects / Bleach Design

estandarte da ecologia e um verdadeiro hino à sustentabilidade. E as maravilhas não se ficam por aqui. Rolhas, revestimentos e outros objectos tão pouco inspiradores fazem uso das suas propriedades, mas não encerram as respectivas potencialidades. A estrutura molecular única de que a cortiça é constituída, ainda impossível de replicar tecnologicamente, conferelhe uma lista impressionante de características e propriedades de referência. Um mundo de possibilidades já descoberto que apenas agora começa a dar nas vistas.


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Cocoon, de Alexandre R., da colecção Objects / Bleach Design

Portugal, cortiça e criatividade Para Portugal, onde se concentra a maior área mundial de sobreiros plantados, a cortiça tem um «sabor» ainda mais especial. O país é líder mundial tanto na produção e transformação como na investigação, desenvolvimento e inovação. É certo que a maior parte da produção é canalizada para o fabrico de rolhas. Porém, exemplos como o do atelier Bleach Design, um dos primeiros a explorar as potencialidades criativas da cortiça, certificam Portugal como pioneiro na sua utilização

em objectos de uso quotidiano. Da colecção “Objects” podem ser destacados exemplos verdadeiramente interessantes, sendo o banco Rolha sem dúvida um deles. A proposta desenvolvida pelo designer Jorge Luís reinterpreta os dois conceitos – banco e rolha –, aproveitando simultaneamente a forma do ícone da cortiça e as propriedades que a tornam num material confortável para assento. Uma inteligente inversão de sentido, com um resultado estético hiperbólico e peculiar. Esta peça, no entanto, não resume só

Corby, de Alexandre R., da colecção Objects / Bleach Design

por si a colecção, que apresenta mais argumentos a nível de criatividade própria e versatilidade de soluções. A jarra de cerâmica Corby e o orgânico candeeiro Cocoon, ambos assinados por Alexandre R., são a prova disso. Por um lado, temos a demonstração funcional da capacidade de combinação entre materiais e o aproveitamento da cortiça com um fim prático em objectos de decoração; por outro, assume-se a capacidade estética desta matéria prima, de forma a conferir personalidade própria e requinte a cada peça.

A marca nacional Corque, mais recente, é outra referência de declarado interesse. Fruto de um projecto de desenvolvimento e investigação em torno da valorização da cortiça, a empresa tem-se notabilizado por criar objectos de alta qualidade, sustentáveis e sensorialmente únicos. Da sua oferta, de onde facilmente se destacam objectos quotidianos de expressa relevância, salta à vista a grande escala explorada em algumas propostas de mobiliário doméstico. De facto, tanto na cadeira Corqui, de Pedro


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Corqui, de Pedro Silva Dias, Corque Design

Silva Dias, como nas várias peças de Ana Mestre a cortiça é assumida como um material estrutural. E não é de todo habitual vermos soluções deste porte, reforce-se. Uma clara robustez de aparência certifica a funcionalidade dos móveis e uma estética baseada em linhas simples, com a possibilidade de ornamentação a adequação aos mais diversos – e adversos – tipos de decoração. Em todos estes exemplos, é notável o facto de ser conseguido um afastamento definitivo do habitual aspecto rude que a cortiça evoca. Mais ainda, ficam para trás objectos tipo brinde que em nada dignificam o seu uso. Trata-se de uma clara reintrodução deste material em peças de acentuado valor estético, que elevam o seu estatuto enquanto opção criativa. ❥

A DESCOBRIR www.bleach.pt // www.corquedesign.com

«é notável o facto de ser conseguido um afastamento definitivo do habitual aspecto rude que a cortiça evoca» Reconhecimento internacional A comprovar a versatilidade deste material tradicional português e o seu reconhecimento fora do país está o abrigo desenvolvido pelo arquitecto David Mares. O projecto, vencedor do Prémio do Público no concurso internacional de design de abrigos promovido pelo Museu Guggenheim, em Nova Iorque, aposta na cortiça como material principal. As suas possibilidades futuras são reconhecidamente promissoras, já que o modelo é facilmente adaptável a outros fins. Enquanto ganhar a cortiça, Portugal ganha também. /


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texto ¬ Bárbara Cruz - fotografia ¬ Alberto Korda

Mais do que um cronista da revolução Escolhidas entre milhares de fotogramas, as imagens de Korda, Conhecido Desconhecido revelam novas facetas do artista. As mais populares foram excluídas (intencionalmente) desta selecção Em 1968, quando Fidel Castro anunciou a Ofensiva Revolucionária, foram arrestados todos os negócios privados em Cuba. Não escaparam os estúdios fotográficos de Alberto Korda, cubano nascido em Havana em 1928, que viu os seus arquivos confiscados sem qualquer contemplação. Hoje, conhecem-se os trabalhos do fotógrafo que puderam ser recuperados depois desta apreensão, mas Korda ainda é lembrado sobretudo pelas imagens que captou durante a Revolução Cubana. Acima de todas, a mítica fotografia do Guerrilheiro Heróico, difundida à escala global e que tornaria Che Guevara um ícone dos movimentos revolucionários de esquerda. A obra do artista, porém, não se resume a uma só época e a um só interesse: Korda não foi «o fotógrafo oficial de Fidel», como a ❥

sua filha, Diana Díaz, faz questão de sublinhar. Foi ela que assumiu a missão de mostrar ao mundo, em várias iniciativas, as faces desconhecidas do trabalho do seu pai, e continua a cruzada para tentar encontrar as fotografias perdidas ao longo do tempo. Na exposição Korda, Conhecido Desconhecido, comissariada pela crítica de arte independente Cristina Vives, 200 imagens fazem o público revisitar uma década (1956-1968) na vida de Korda, que viria a falecer em Paris, em 2001. São inéditas, na sua maioria, e surpreendem ao revelar a intimidade de um homem que fez mais do que apontar a objectiva aos líderes políticos: as figuras do povo, a mulher, a moda ou o mar fizeram parte do seu horizonte e são testemunho de um génio singular que não podia permanecer na obscuridade. /

KORDA, CONHECIDO DESCONHECIDO até 31.01, ter>sex 10h00>19h00, sáb>dom 14h00>19h00, Lisboa, Galeria Torreão Nascente (Cordoaria Nacional), entrada grátis


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O ilustrador de Madonna texto ¬ João Pedro Barros - fotografia ¬ DR

Rui Paes expõe pintura e desenho na Cooperativa Árvore. Ausência e Desejo é uma oportunidade para conhecer melhor um autor com obras espalhadas por todo o mundo

O título deste artigo até pode ser injusto para Rui Paes, mas será que o estaria a ler se não tivesse lido a palavra «Madonna» a letras gordas? Foram as ilustrações de Pipas de Massa (2005), o quinto livro infantil da «rainha da pop», que deram notoriedade acrescida a Paes, muralista, pintor e ilustrador nascido em Pemba, Moçambique, em 1957. Em Portugal, era um ilustre desconhecido, apesar de já ter então assinado obras importantes um pouco por todo o mundo, da Alemanha ao Líbano. Uma delas está às portas de Oslo, na Noruega,

numa das salas do histórico Munkebakken (uma antiga residência oitocentista para artistas): o português pintou 16 painéis, utilizando macacos vestidos como elemento decorativo preponderante. Terão sido esses mesmos macacos (que também marcam presença em Pipas de Massa) a seduzir Madonna. Rui Paes foi aluno da Escola de Belas Artes do Porto (agora faculdade, integrada na Universidade do Porto) entre 1976 e 1981, e vive em Londres desde 1986, quando ingressou no Royal College of Art para realizar um Mestrado em pintu-

ra, enquanto bolseiro da Fundação Gulbenkian. Não têm sido muitas as oportunidades para ver a obra de Paes em Portugal, mas algumas das suas pinturas e desenhos vão agora preencher as paredes das três salas da Cooperativa Árvore, no Porto. «Ausência e Desejo reflecte aspectos de identidade, amor, desejo, desencontro e da relação entre o Ser e o

Outro, o Outro que tanto pode ser o objecto do desejo como a Morte», explica o pintor. A mostra é inaugurada a 22 de Janeiro, às 22h. Simultaneamente, será apresentado o livro Gritoacanto, com poesia de Glória de Sant’Anna. A autora, falecida em Junho, viveu largos anos em Pemba, tal como Rui Paes, que assina uma breve nota elegíaca. /

RUI PAES – AUSÊNCIA E DESEJO PORTO, Cooperativa Árvore, a partir de 22.01, seg>sex 9h30>20h, sáb 15h>19h


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Hipocentros do medo texto ¬ Daniel Faiões - fotografia ¬ DR

O espanhol Rafael Navarro apresenta uma exposição de fotografia onde são explorados os medos relacionados com o desconhecido

Quem olha as fotografias de Rafael Navarro rapidamente se apercebe do jogo imagético que o artista quer pôr em prática. Através de imagens fortes e penetrantes, o fotógrafo oferece ao visitante um teste psicológico, em que pretende trazer à tona os medos interiores de cada um. Sombras, estrondos lancinantes que se adivinham ou ruídos quase imperceptíveis estão presentes em qualquer uma das telas de Miedos. Aproveitando o facto de algumas das fotografias terem mais de dois metros de largura, Rafael Navarro tenta exponenciar a horizontalidade da obra, forçando o jogo da duplicação numa simetria de espaços espe❥

lhados. Há um mar que carrega densamente sobre as rochas imutáveis e um líquido negro que vai e volta na veleidade das marés. São memórias a preto e branco do que foi e do que volta a ser quando o desejo é maior. E sente-se o silêncio interminável do mar, na busca dessa estética estática. Nesta exposição, vislumbra-se também um encontro do indivíduo com os elementos da Natureza, a sua rudeza e inquietude, características que inevitavelmente atemorizam. E nesse medo descontrolado há também excitação, aquele gelo na espinha que se dissimula, depois, no branco de uma qualquer espuma marítima. /

RAFAEL NAVARRO – MIEDOS PORTO, Galeria Serpente, 23.01>27.02, ter>sáb 15h>19h, www.galeriaserpente.com


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agenda She is a Femme Fatale DR

Fundação Carmona e Costa DR

School Out - Out of School DR

Thaddeus Ströde DR

Fernanda Pissarro DR

Álvaro Siza DR

She is a Femme Fatale

School Out – Out of School

Estúdio

Estímulos Contemporâneos

A exposição patente no Museu Berardo – que concilia pintura, escultura, fotografia, desenho, filme, vídeo, performance e dança contemporânea – é uma proposta dedicada exclusivamente ao universo criativo feminino. Em She is a Femme Fatale são reproduzidas as transformações ocorridas nos anos 60 e 70, no que diz respeito à identidade, ao género, à política ou à sexualidade. A mostra junta trabalhos de artistas de vários continentes. ❥ LISBOA, até 31.01, Museu Berardo,

Se no Porto já existem locais alternativos onde os alunos podem expor as suas criações, em Lisboa, e segundo a Arthobler, o mesmo não sucede. Partindo do projecto School Out – Out of School, iniciado em 2005, no Porto, a galeria retoma este desígnio, mas desta vez na capital. O espaço é oferecido aos alunos da FBAUL e do Ar.Co, que assim apresentam as suas obras. ❥ L ISBOA, até 23.01, Galeria Arthobler,

O espaço arte contemporânea da Fundação Carmona e Costa recebe a dupla de artistas Nuno Ramalho e Renato Ferrão, que apresenta Estúdio. De acordo com o texto do catálogo, escrito por Bruno Marchand, a exposição remetenos para «uma aula de desenho à vista». «Estúdio consiste num conjunto de pistas ou de gestos subtis que podem e devem ser entendidos como provocações», explica. O visitante é convidado a entrar neste universo com uma clara dimensão pedagógica. ❥ L ISBOA, até 22.01, Fundação Carmona

Esta exposição colectiva iniciou-se em 2008 com um grupo de artistas cuja intenção é intervir publicamente, independentemente da estética ou geração. Privilegiar o acto criativo através do pensamento contemporâneo é a principal linha de acção da iniciativa. Entre as personalidades que contribuem para esta mostra contam-se os nomes de Augusto Canedo, Beatriz Pacheco Pereira, Filipe Rodrigues, Isabel Lhano, Muchagata, Esgar Acelerado e Valter Hugo Mãe. ❥ P ORTO, até 28.01, Galeria João Pedro

seg>sex 10h>19h, sáb 10h>22h, entrada gratuita, www.museuberardo.pt

Thaddeus Ströde A Galeria Mário Sequeira recebe uma exposição do artista norte-americano Thaddeus Ströde, reconhecido pelas personagens enigmáticas que cria e por abraçar o absurdo. Trata-se de um neo-expressionismo característico, que foi beber à cultura pop, também ela musa do pintor. Num olhar atento às suas telas, não é difícil encontrar graffiti, banda desenhada e ambientes suburbanos. ❥ BRAGA, 30.01>20.03, Galeria Mário Sequeira, seg>sex 10h>13h e 15h>19, sáb 15h>19h, www.mariosequeira.com

qua>dom 15h>20h, www.arthobler.com

Duplicadores O brasileiro José Spaniol apresenta, na galeria 3+1, a exposição Duplicadores. Quem a visitar vai encontrar uma escultura e um conjunto de fotografias, trabalhos que surgem como complemento da exposição patente no Carpe Diem, Arte e Pesquisa. Independentemente de serem esculturas ou instalações, os trabalhos de José Spaniol contam, habitualmente, com materiais invulgares como a cera ou a argila, colocando-os em harmonia com madeira, metal, pedra ou mesmo textos literários. ❥ L ISBOA, até 20.02, Galeria3+1 Arte Contemporânea, ter>sáb 12h30>20h, www.3m1arte.com

e Costa, qua>sáb 15h>20h, www.fundacaocarmonaecosta.pt

Rodrigues, ter>sáb 15h>19h30, www.joaopedrorodrigues.com

Cascais

Registos de um Tempo Breve

Da mão de Carlos Bonvalot nasceram os 60 quadros relacionados com Cascais, agora expostos no Museu Condes de Castro Guimarães. Na sua maioria, as peças de arte são pertença de familiares, havendo também algumas de particulares. Instantâneos intimistas, arquitectura urbana, faina piscatória e ambientes marítimos são algumas das temáticas representadas. ❥ C ASCAIS, até 21.03, Museu Condes de

A pintora Fernanda Pissarro, nascida em Macedo de Cavaleiros, apresenta na capital Registos de um Tempo Breve. Nas telas, há devaneios, paisagens, lugares passados e outonais e o retrato de uma paixão ligada às artes. A mostra de pintura e gráfica original foi inaugurada no passado dia 19 de Dezembro. ❥ L ISBOA, até 13.02, Prova de Artista –

Castro Guimarães, ter>sex 10h>17h, sáb>dom 10h>13 e 14h>17h

Múltiplos de Arte Originais, seg>sex 10h30>20h, sáb 15h>20h, provadeartista-blog.blogspot.com


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agenda André Romão DR

Paulo Brighenti DR

Álvaro Siza – Esquissos ao Jantar

Gonçalo Sena e Paulo Brighenti

A galeria de exposições temporárias da Fundação Júlio Resende, em Valbom, recebe uma série de trabalhos da autoria do arquitecto Álvaro Siza Vieira. Longe do habitual registo arquitectónico, a mostra proporciona-nos um olhar sobre a sua destreza no que diz respeito ao desenho. A actividade é por ele definida como sendo «desejo, libertação, registo e forma de comunicar, dúvida e descoberta, reflexo e criação, gesto contido e utopia». ❥ GONDOMAR, até 07.02, Lugar do

Uma exposição conjunta de Gonçalo Sena e Paulo Brighenti é a proposta da Galeria Baginski. O primeiro apresenta uma reflexão acerca da matéria como veículo de sentido e da relação entre a horizontalidade da terra e a verticalidade daquilo que se ergue acima do solo. Por sua vez, Brighenti apresenta Negativland, uma proposta que surge inspirada nos postais vitorianos. ❥ L ISBOA, 20.01>06.03, Galeria Baginski,

Desenho, Fundação Júlio Resende, ter>sex 14h30>18h30, sáb e dom 14h30>18h30

Picasso y los libros Como resultado do protocolo de cooperação que a Fundação D. Luís I mantém com a Fundação Bancaixa, de Valência, a vila de Cascais recebe nova apresentação de gravuras de Pablo Picasso. A exposição apresenta vinte e cinco livros com ilustrações do pintor, usadas para acompanhar obras surrealistas e clássicos de diversas épocas, de autores como Balzac, Petrarca ou André Breton. ❥ C ASCAIS, até 28.02, Centro Cultural de Cascais, ter>dom 10h>18h, entrada gratuita

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ter>sáb 11h>19h, www.baginski.com.pt

O Inverno do (Nosso) Descontentamento Depois de apresentar Nada Dura para Sempre e Tudo Dura para Sempre, André Romão surge agora, na Kunsthalle Lissabon, com O Inverno do (Nosso) Descontentamento. O artista tenta enquadrar o indivíduo na sua esfera política, social e emocional, colocandoo também em conflito com a inevitabilidade do tempo. Os trabalhos do jovem criador encaminham o visitante para inusitados ambientes de mudança e transição. ❥ L ISBOA, até 14.02, Kunsthalle Lissabon, qui>sáb 15h>19h, www.kunsthalle-lissabon.org

*OU TALVEZ SIM. HÁ SEMPRE QUEM A LEIA. xiiistudios.com design e publicidade


texto ¬ João Pedro Barros - fotografia ¬ DR

A intimidade em palco

número de monólogos produzidos nos últimos tempos, possivelmente em consequência da «crise económica». Telegraficamente, falemos então de cada uma das peças. Amor (21 a 24 de Janeiro), encenado por Marcos Barbosa, parte de um livro do brasileiro André Sant’Anna, carregado de crítica social. Concerto à la Carte (28 a 31 de Janeiro), da Companhia de Teatro de Braga (encenação de Rui Madeira), retrata a solidão da senhora Rasch, deprimida e obcecada por arrumações, mas sem fazer uso da linguagem verbal. Electra (4 a 7 de Fevereiro), uma coreografia concebida e interpretada por Olga Roriz, é inspirada no mito clássico homónimo: de acordo com a lenda, Electra convence o irmão Orestes a matar a própria mãe. «É uma personagem complexa, ambígua. Não encontrei um todo, mas fragmentos. Vou desenrolando estados de alma», explica Olga Roriz. /

SOLOS PORTO, Teatro Nacional São João e Teatro Carlos Alberto, até 07.02, 7,5-16€, www.tnsj.pt

Eunice Muñoz © Margarida Dias

O Ano do Pensamento Mágico, com Eunice Muñoz (récitas até 31 de Janeiro), funciona como prólogo do ciclo Solos, que o Teatro Nacional São João dedica a uma série de monólogos. Dois Homens, com Ivo Alexandre, e A Febre, com João Reis, foram as primeiras encenações apresentadas, seguindo-se Amor e Concerto à la Carte, peças interpretadas por Flávia Gusmão e Ana Bustorff, respectivamente. A fechar, uma coreografia de Olga Roriz, Electra. Vamos por partes. Primeiro, uma reflexão sobre a relação encenador-actor neste género teatral: «É algo de muito intenso, há uma intimidade extraordinária no trabalho com o actor. Neste tipo de construções, tem de haver uma escalpelização e intensa discussão entre as duas partes», salienta Nuno Carinhas, director artístico do TNSJ, à SAI. O também encenador reconhece que este ciclo foi uma «coincidência», relacionada com o elevado

Flávia Gusmão © Pedro Vieira de Carvalho

Teatro Nacional São João apresenta ciclo de monólogos, até 7 de Fevereiro. Flávia Gusmão, Ana Bustorff e Olga Roriz são alguns dos intérpretes

Olga Roriz © Rodrigo de Souza

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A metáfora grotesca de todas as cidades texto ¬ Bárbara Cruz - fotografia ¬ Luís Santos

O Teatro da Cornucópia muda-se para o São Luiz e apresenta A Cidade, uma comédia do presente com textos da Antiguidade. Luís Miguel Cintra recupera Aristófanes e reinventa a polis grega num palco lisboeta

Quando foi desafiado para apresentar um espectáculo no Teatro São Luiz, Luís Miguel Cintra – director artístico do Teatro da Cornucópia – fez «uma visita aos antigos amores». Regressou às ideias que tinham ficado adiadas e insistiu nas que já tinha excluído. Ao reler Aristófanes, «o primeiro grande autor de comédias», foi tentar perceber porque esbarrava sempre «na compreensão do teatro deste autor». Uma nova tradução do grego foi quanto bastou para que os obstáculos

lhe parecessem fáceis de contornar: «Mais do que as dificuldades, saltavam aos olhos a graça, a liberdade, a violência, a inteligência e a actualidade política destas peças. E fui lendo todas as onze que se conservam», recorda. Decidiu então encenar uma «colagem» dos vários textos, o que resultou numa peça inteiramente nova e actual que resume os problemas da vivência numa sociedade democrática, e onde colaboram nomes como Bruno Nogueira, Dinarte Branco, Gon-

çalo Waddington, Nuno Lopes ou Maria Rueff. «É como se estivéssemos sempre a ver a vida de uma praça da cidade onde diferentes personagens se cruzam», resume o encenador.Em A Cidade, a Atenas descrita por Aristófanes surge como uma «grotesca metáfora de todas as cidades», onde se reconhecem já os vícios do tempo

em que vivemos. «A sensação é a de quem se olha num espelho deformado de uma feira popular. E rimo-nos reconhecendo o retrato a traço forte», diz Luís Miguel Cintra. Há ainda quatro músicos em cena, uma pequena banda para a qual compôs Eurico Carrapatoso e cujo repertório vai das marchas até ao fado. /

A CIDADE LISBOA, Teatro Municipal São Luiz, até 14.02, qua>sáb 21h, dom 16h, 12-25€


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Do desejo à agressão sexual texto ¬ Bárbara Cruz - fotografia ¬ Margarida Dias

No Teatro Nacional D. Maria II, Blackbird põe em cena o confronto entre uma mulher e o homem que lhe sabotou a infância. O que fica depois do abuso, numa encenação de Tiago Guedes, com Miguel Guilherme e Isabel Abreu

Não é uma história fácil, a que o dramaturgo escocês David Harrower quis contar em Blackbird. Retratando na ficção o que é muitas vezes ocultado na vida real, escreveu sobre uma relação que ultrapassa os limites do bom senso e, sobretudo, da legalidade. Tratase do drama de Una, que, aos 27 anos, decide procurar o homem por quem se apaixonara perdidamente quando tinha apenas 12. Ray, então com pouco mais de 40 anos, não a repelira e os dois acabaram por enredar-se numa relação impossível, que oscilava entre a atracção violenta e a agressão sexual. Consumada a transgressão, a vida separa-os até que ela o procura inesperadamente no seu local de tra❥

balho, revivendo os dias e as noites que lhe mudaram a vida. Tiago Guedes – realizador de Coisa Ruim e Entre os Dedos – é o encenador do espectáculo, trocando o cinema pelo teatro para trabalhar um texto que depende mais da interpretação dos actores do que do espaço cénico onde se desenrola. Miguel Guilherme e Isabel Abreu são os protagonistas deste reencontro, a quem o encenador reconhece «um nível de entrega quase sobrenatural». O discurso é o de duas «almas doridas à procura de um significado», diz Tiago Guedes, numa peça que exige do espectador um esforço adicional para que tabus e preconceitos não limitem a sua compreensão. /

BLACKBIRD LISBOA, Teatro Nacional D. Maria II, até 21.02, qua>sáb 21h45, dom 16h15, 12€


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A monstruosidade no amor texto ¬ Mariana Duarte - fotografia ¬ Paulo Cunha Martins

No seu primeiro texto dramático, valter hugo mãe explora o domínio dos homens sobre as mulheres, através de uma relação incestuosa percorrida por sentimentos degenerados

Depois de Daniel Jonas, valter hugo mãe é o escritor convidado pelo Teatro Bruto para integrar o ciclo programático 2009/10 da companhia, cuja linha temática rodeia os conceitos de monstro, horror, fragmentação e deformação. No seu primeiro texto para teatro, valter hugo mãe aborda a ideia de monstruosidade através de uma reflexão sobre o «mal ligado à figura feminina», diz Ana Luena, encenadora e directora artística do Teatro Bruto. Cratera, As Crianças com Segredos conta a história de dois irmãos, Miguel e Beatriz, e a sua relação de amor-ódio, dependência, violência e incesto. O título da peça espelha a dinâmica paradoxal ❥

do relacionamento: uma infantilidade pervertida, que se expressa por um amor – a princípio, natural entre irmãos – que se vai degenerando, até se tornar «grotesco, violento, de chantagem emocional», explica Ana Luena à SAI. Este amor degenerado e possessivo que Miguel tem por Beatriz mostra como o perigo não vem apenas de fora, mas também está «dentro de casa e vem de pessoas de que não se espera». «Uma situação real, infelizmente», refere a encenadora. De forma a intensificar o jogo emocional e a travar a linearidade da peça, a personagem feminina é interpretada por um homem e por uma mulher. /

CRATERA, AS CRIANÇAS COM SEGREDOS PORTO, Fábrica Social – Fundação José Rodrigues, 07>23.01, 22h, 5-7€ BRAGA, Theatro Circo, 29>30.01, 21h30, 8€


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texto ¬ Bárbara Cruz - fotografia ¬ Frédéric Stoll

A vida (e a dança) no vazio dos dias No Centro Cultural de Belém, Press apresenta-se como a imagem da tragédia do homem moderno. A concepção, coreografia e interpretação são do atleta francês Pierre Rigal, que trocou as pistas pelo palco Acordar. Sair de casa. Trabalhar. Regressar, descansar, acordar e assim sucessivamente, repetindo o esquema até à exaustão. Este será, com os devidos acertos, um resumo bastante fiel da rotina diária daquele que Pierre Rigal classifica como «o homem moderno». Um dia, sem que nada o fizesse prever, o espaço estreita-se e a vida faz-se num corredor, circulando entre as mesmas portas, que se abrem todos os dias à hora marcada. É a inevitabilidade dos automatismos em que o ser humano se vai encaixando e aos quais se sujeita para sobreviver que o autor de Press quis colocar em questão. Pierre Rigal é atleta, especialista nos 400 metros e nos 400 metros barreiras, mas a sua formação vai do cinema à matemática. Quando, em 2003, fundou a sua própria companhia de dança – a Dernière Minute – afirmou-se como intérprete e coreógrafo, explorando as formas que o seu corpo já lhe permitia. Desta vez, transforma-se no «indivíduo-objecto», inscrito num espaço limitado, que luta para se adaptar. Em cena, coloca-se numa sala quase vazia; uma cadeira e uma luz são marcas no espaço que vai diminuindo a pouco e pouco e que o força a procurar soluções, numa coreografia que oscila entre a fluidez humana e a frieza de um robot. / ❥

PRESS LISBOA, Centro Cultural de Belém – pequeno auditório, 29.01>30.01, sex>sáb 21h, 15€

Às quartas-feiras, das 19 às 20 horas

Clube dos Pensadores


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agenda Electra / Olga Roriz © Rodrigo de Souza

ELECTRA

Man-Made Manners DR

MAN-MADE MANNERS

Electra é espectáculo a solo da coreógrafa Olga Roriz. Nesta reinterpretação de uma das grandes figuras femininas da mitologia grega, Olga Roriz não explora os entrelaçados da acção da obra, mas os contornos emocionais da personagem: a vingança nascida de uma paixão excessiva e obsessiva e a sua justiça, nobreza e humilhação. ❥ L ISBOA, Teatro Camões, 28>31.01, 21h, 5-15€, www.cnb.pt

❥ P ORTO, Teatro Nacional São João, 04>07.02, 21h30, 7,5-16€, www.tnsj.pt

30.01

Numa performance que cruza linguagens da dança, do teatro e do circo, o coreógrafo Sérgio Mendes reflecte sobre os valores e as convenções sociais que orientam as nossas acções individuais e colectivas e acabam por moldar quem somos. Através deste espectáculo, procura-se perceber em que medida é que estas normas nos afectam, desde as simples regras de etiqueta aos estereótipos do masculino e do feminino. ❥ L ISBOA, Centro Cultural de Belém, 19h, 5€, www.ccb.pt

Ópera Camponesa DR

Bons Sentimentos, Maus Sentimentos DR

BONS SENTIMENTOS, MAUS SENTIMENTOS

Sutra © Hugo Glendinning

SUTRA 04.02

Choro, riso e respiração são emoções expressadas por mecanismos biológicos que fazem da nossa cara ou do nosso corpo «o cartão de visita do interior para o exterior». A nova criação de Vera Mantero parte da ideia de ligação incontornável entre a expressão física e a emoção. Bons Sentimentos, Maus Sentimentos é apresentado no âmbito da primeira edição do Programa de Estudo, Pesquisa e Criação Coreográfica do Fórum Dança. ❥ P ORTO, Teatro Helena Sá e Costa,

Hanare © Antonio Rebolo

22>23.01

Os protagonistas deste espectáculo são dezassete jovens monges do Templo Shaolin, um lugar sagrado situado na província chinesa de Henan e que é considerado o templo original da doutrina budista. A coreografia criada pelo belga Sidi Larbi Cherkaoui narra o seu quotidiano austero, preenchido pelo treino de Kung Fu e Tai Chi. É a partir destas artes marciais que se arquitecta a obra, com música ao vivo do compositor polaco Szymon Brzóska. ❥ L ISBOA, Centro Cultural de Belém, 21h, 10-20€, www.ccb.pt

21h30, www.esmae-ipp.pt/thsc/

EU SOU A MINHA PRÓPRIA MULHER

até 14.02

I am My Own Wife conta a história da vida de Lothar Berfeld, travesti berlinense que conseguiu enfrentar o regime nazi (e o domínio comunista da Alemanha Oriental) sem esconder a sua identidade sexual. Neste monólogo, o actor Júlio Cardoso, que assim celebra 50 anos de carreira, interpreta cerca de 40 personagens. O texto é da autoria do norte-americano Doug Wright e mereceu o Prémio Pulitzer em 2004. ❥ P ORTO, Teatro do Campo Alegre, qua>sáb 21h45, dom 16h, www.seivatrupe.pt

ÓPERA CAMPONESA

26>28.02

Béla Pintér e Companhia, colectivo de Budapeste criado em 1998, instala-se no palco da Culturgest com uma criação que está perto de uma paródia de ópera, interrompida por canções populares da Transilvânia, música barroca e pop-rock. A música é interpretada ao vivo e balançada com o humor áspero e as emoções violentas dos actores, que revelam, num tom contemporâneo e irónico, os desvios e patologias da vida no campo. ❥ L ISBOA, Culturgest, 21h30, 5-12€, www.culturgest.pt

AT ONCE

HANARE

15>16.01

31.01>02.02

Num só espectáculo, Ana Mira e Margarida Bettencourt apresentam, cada uma, o seu próprio solo, numa reciclagem individual de uma coreografia original de Deborah Hay, com a colaboração dos artistas visuais João Tabarra e Francisco Tropa. O desafio foi lançado pela coreógrafa norte-americana a 20 performers de vários países, através do projecto Solo Performance Commissioning. ❥ L ISBOA, Teatro Maria Matos, 21h30, 5-12€, www.teatromariamatos.pt

É com um texto original de Pier Paolo Pasolini que a coreógrafa Aldara Bizarro regressa aos palcos. E volta a solo, ancorada na música exploratória de Nuno Rebelo (líder dos já extintos Mler ife Dada) e na orientação criativa de Francisco Camacho, amigos de Aldara que marcaram a sua carreira enquanto bailarina. Hanare (o momento do libertar a flecha no tiro com arco japonês) estreou no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, em Dezembro. ❥ L ISBOA, Culturgest, 21h30, 5-15€, www.culturgest.pt


www.revista-sai.pt (sai em fevereiro)

agenda La Musica DR

LA MUSICA

21>24.01

Com dois actores e um pianista em palco, Solveig Nordlund encena um dos primeiros textos de Margerite Duras escritos para teatro. A peça centra-se num diálogo entre um casal recém-divorciado sobre as vicissitudes do amor. No dia em que assina os papéis do divórcio, o casal vê-se forçado a passar a noite no mesmo hotel onde viveu os primeiros tempos de casado. A falência do amor na vida a dois é pensada e repensada durante toda essa noite. ❥ L ISBOA, Centro Cultural de Belém,

A MÃE

A Mãe © Teresa Gafeira

12>21.02

Depois da encenação de Tambores na Noite, por Nuno Carinhas, Bertold Brecht é novamente recordado no TNSJ, desta vez por intermédio da Companhia de Teatro de Almada. Esta peça é uma reciclagem do romance homónimo de Gorki e parte do contexto político do czarismo. Uma dona de casa, influenciada pela luta do filho, torna-se numa revolucionária, activista e representante de uma «nova utopia». ❥ P ORTO, Teatro Nacional São João, qua>sáb 21h30, dom 16h, 7,5>16€, www.tnsj.pt

21h, 12,5-15€

LETRA M

CAMINO REAL

Este é um dos últimos actos performativos de João Vieira, pintor falecido em Setembro, conhecido por passar para a tela as palavras de escritores como Helberto Helder ou Cesário Verde. Letra M resulta da dramatização de O Lavrador da Boémia, de Johannes von Saaz, escrito após a morte da sua mulher. Entre o dispositivo cénico e as pinturas de João Vieira, trava-se um severo diálogo entre a Morte e o Lavrador. ❥ P ORTO, Mosteiro de São Bento da Vitória, qua>sáb 21h30, dom 16h, 10-15€, www.tnsj.pt

até 07.02

05>13.02 Um lugar irreal, um mundo novo, obscuro e violento e personagens que são figuras da história, do cinema e da literatura. São estas as bases de Camino Real, peça que Tennessee Williams escreveu pouco antes da célebre Gata em Telhado de Zinco Quente. Envoltas num ambiente em que fervilham a opressão, a corrupção, o sadismo e a paixão, as personagens trilham caminhos errantes e de descoberta interior, face ao desfalecimento das utopias e dos sonhos de juventude. ❥ L ISBOA, Teatro Taborda, 21h30, 5-10€, www.teatrodagaragem.com

CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS

© Cristina Moreira

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livros Três lançamentos para 2010 A crise até pode reduzir o número de lançamentos, mas há vários livros muito aguardados que prometem marcar o panorama livreiro em Portugal. Aqui vão três deles texto ¬ Eugénia Azevedo - fotografia ¬ DR

À margem dos best-sellers A Ahab é uma editora independente que quer inquietar os leitores com «boas histórias». As três primeiras obras estão lançadas e seguem-se mais quatro até Maio A Ahab Edições surgiu no Porto e iniciou a sua actividade no final de Outubro, com três romances escolhidos a dedo, que se destacam ainda pelo design cuidado das capas. Pergunta ao Pó, de John Fante, Pudor e Dignidade, de Dag Solstad, e A Ilha, de Giani Stuparich, já estão nos escaparates, provando que há muita literatura estrangeira premiada por publicar em Portugal. «Os títulos que publicamos não são propriamente best-sellers, mas contam com anos e anos de boas críticas em vários países», sublinha Tiago Szabo, de 31 anos, que partilha a liderança desta editora recém-nascida com Joana Pinto Coelho, de 29 anos. Ambos são advogados e partilham a paixão pela literatura. Também por isso, não é a vertigem dos números que os move, mas sim o prazer de construir um catálogo duradouro de boa literatura. Todas as obras publicadas são inéditas no país, mas talvez se possa destacar Pergunta ao Pó: este livro, publicado em 1939, é o mais popular do norte-americano John Fante. Narra a história do aspirante a escritor Arturo Bandini, incluindo vários elementos autobiográficos. O calendário de edições em 2010 prevê o seguinte: a 25 de Março, surgem nas livrarias The Prime of Miss Jean Brodie, clássico da escocesa Muriel Spark, e Winesburg, Ohio, de Sherwood Anderson. A colectânea de contos A Sudden and Liberating Thought, do norueguês Kjell Askildsen, é publicada a 22 de Abril, enquanto que a 20 de Maio é a vez de Agapé Agape, obra póstuma de William Gaddis. O cuidado nas traduções é outra imagem de marca da Ahab. /

O britânico Ian McEwan, vencedor do Booker Prize em 1998, com insiste Amesterdão, em pôr o dedo na ferida. Desta vez, aborda a questão das © EamonMcCabe mudanças climáticas. A personagem principal é Michael Beard, um cientista que pensa ser capaz de salvar o planeta, ao descobrir uma forma de produzir energia através de fotossíntese artificial, usando a luz para separar o hidrogénio e o oxigénio presentes na água. «Engendrei uma personagem na qual depositei muitíssimos defeitos. Ele é malandro, mente, é um predador de mulheres. (…) Ele faz intermináveis resoluções para se tornar uma pessoa melhor – do género das que foram feitas nas cimeiras ambientais do Rio de Janeiro e de Kyoto –, mas que não o levam a lado nenhum», disse o autor ao Eastern Daily Press, em Agosto. Solar vai ser publicado à escala global em Março. > Eugénia Azevedo

Em Maio, deve surgir a tradução em português de O Museu da Inocência, do turco Orhan Pamuk, prémio Nobel da Literatura em 2006. O escritor andou nas bocas do mundo devido aos sérios problemas que enfrentou (e ainda pode enfrentar) face à justiça turca, em consequência das opiniões que defende a respeito do genocídio arménio. O romance foi publicado em turco em 2008, mas apenas em Outubro de 2009 surgiu a tradução inglesa. Pamuk tem recebido rasgados elogios um pouco por todo o mundo, principalmente porque não esconde o seu criticismo sobre a moral vigente no seu país. Füsun, a heroína do romance, vive debaixo do peso do conservadorismo, que não vê com bons olhos o casamento entre pessoas de diferente condição social e o sexo antes do matrimónio. > Eugénia Azevedo

Livro é, indiscutivelmente, uma das obras mais esperadas da literatura portuguesa em 2010. Curiosamente, surge 10 anos depois de Morreste-me, com que o autor se estreou, em edição de autor. A emigração portuguesa para França, onde os pais de José Luís Peixoto trabalharam antes do autor nascer, é o pano de fundo do romance. O escritor, que realizou várias acções de promoção no estrangeiro, no final de 2009, tem um ano preenchido em termos de edições. Nenhum Olhar, com que o alentejano venceu o Prémio José Saramago, em 2001, será brevemente reeditado pela Quetzal, juntamente com outros títulos. Livro vai estar nos escaparates na Primavera, muito provavelmente em Março. > Eugénia Azevedo

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discos GOVERNO

TORO Y MOI

Propaganda Sentimental Optimus Discos

Causers of This Carpark

A estreia dos Governo é deveras prometedora. Não é só a voz grave do poeta e romancista valter hugo mãe que surpreende, mas toda a atmosfera criada. Há algo nostálgico que nos faz lembrar os Heróis do Mar, mas este olhar para trás não é anacrónico. Podemos citar a agridoce Nome de ninguém (piano dominante, guitarra rasgadinha, momentos quase puramente fadistas) ou a electrónica discreta de Inauguração do mundo para justificar que este se trata de um dos mais interessantes projectos a surgir na música moderna portuguesa, nos últimos anos. O registo do também letrista valter hugo mãe, quase fantasmagórico – é uma espécie de Antony mais reservado – estranha-se e depois entranha-se. Aguarda-se com expectativa o longa-duração do projecto, que junta ainda António Rafael, Miguel Pedro e Henrique Fernandes. > João Pedro Barros

Em 2009, a música indie voltou-se para a praia e para memórias vagas da pop oitentista – vide Neon Indian e Washed Out. Toro Y Moi (Chaz Bundick, de 23 anos), que se estreia agora em álbum, navega pelas mesmas águas cálidas. Freak Love põe a voz e os teclados debaixo de água, enquanto uma batida simples fornece o ritmo – é mais uma evocação de canção do que uma canção de corpo inteiro. Talamak e Fax Shadow impressionam pela facilidade com que Bundick traz técnicas associadas ao hip-hop para um contexto pop – algo normal para uma geração que nasceu com toda a música disponível. Blessa, o melhor momento do disco, lembra Panda Bear na forma como se faz a partir de loops curtos, simultaneamente rítmicos e texturais. Um disco que não salva o mundo, mas entretém e faz sorrir. O que é bom. > Pedro Rios

VAMPIRE WEEKEND

BEACH HOUSE Teen Dream Sub Pop

Contra XL Recordings Este promete ser um ano mais tranquilo para os Vampire Weekend, depois da entrada de rompante no circuito indie, em 2008, por altura do álbum de estreia homónimo. Porém, volvidos dois anos, ainda é empolgante a maneira como concebem um disco consistente na sua heterogeneidade. Há em Contra uma mescla de ambientes e estilos capaz de deixar o mais prevenido dos ouvidos perdido. Basta indicar, a título de exemplo, que, entre os singles, Cousins oferece uma desvairada torrente de guitarras, ao passo que em Horchata as guitarras nem sequer entram. E depois há a influência do punk, a sugestão já habitual da música africana, a utilização do piano e do violino. Enfim, se não fossem eles, onde íamos nós arranjar combinações tão refrescantes? > Eugénia Azevedo

Os Beach House marcaram pontos no campeonato indie com o belíssimo Devotion, de 2008, e canções tão subtis e encantatórias como Gila. Teen Dream segue-lhe as pisadas: este parece um disco de outro era, onde há tempo e espaço para saborear os pequenos detalhes e deixar os temas fluir. O registo tem um espírito claramente nostálgico (parece ter sido criado num dia de nevoeiro), mas também refrões orelhudos q.b., como Walk in the Park. Por vezes sentimo-nos dentro de uma história infantil, de uma espécie de Alice no País das Maravilhas – Used to be é bem capaz de ser o melhor exemplo. Os detractores poderão dizer que este álbum tem algo de soporífero, e somos forçados a concordar, porque é bem capaz de nos fazer sonhar acordados. > João Pedro Barros

SPOON

NICK CAVE & WARREN ELLIS

Transference | Merge

A Estrada (banda sonora original) | Mute

Os Spoon tornaram-se um dos colectivos que mais garantias dão quando se trata de lançar um álbum novo. Depois de Ga Ga Ga Ga Ga ter representado uma fase mais virada para a pop cheia de arranjos e fantasias, Transference experimenta um som mais sujo, típico de uma de banda que persegue o entendimento rock sem demais complicações. É certo que o single Written in reverse possui aquele piano que se tornou um elemento marcante do colectivo quando deu a conhecer ao mundo o tema The way we get by. Mas há também Got nuffin, um descomplexado e imediato tema para desanuviar. E há mais do género, ainda que de assimilação não tão instantânea quanto estas palavras possam sugerir. E não faltam pistas que nos conduzam aos Spoon de sempre, o que nos deixa descansados. > Eugénia Azevedo

Aviso prévio: quem procura aqui algo de Nick Cave & The Bad Seeds deve voltar-se para outra freguesia. Ou então, ter paciência e perceber as pequenas subtilezas que podem unir este disco instrumental a anteriores trabalhos de Nick Cave e Warren Ellis. Os dois músicos (que não estão apenas lado a lado nos Bad Seeds, mas também nos Grinderman) criaram uma banda sonora austera e por vezes claustrofóbica, de acordo com o ambiente pós-apocalíptico do filme baseado no romance de Cormac McCarthy. Porém, também há vários raios de sol, talvez até mais fortes do que na própria longa-metragem. O violino de Ellis é o elemento dominante, fazendo por vezes lembrar o seu trabalho nos Dirty Three. Trata-se, sem dúvida, de uma banda sonora destinada à reflexão e aos fãs incondicionais de Cave e Ellis. > João Pedro Barros


www.revista-sai.pt (sai em fevereiro)

dvd HERMAN ENCICLOPÉDIA VOL. 2

OS TABUS DO SEXO de Jean-Claude Brisseau (Atalanta)

CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS

(Castello Lopes) Se O Tal Canal é a pérola do Herman José dos anos 80, Herman Enciclopédia desempenha o mesmo papel nos anos 90. É, talvez, o último momento de génio do humorista, que aqui deu à luz uma série de personagens inesquecíveis. Talvez a mais relembrada seja a do provedor Diácono Remédios, mas como esquecer a fado-novela Mãezinha não t’apagues, com Felisberto Desgraçado, ou as aparições de Artista Bastos? O segundo volume de Herman Enciclopédia compreende os 13 episódios da segunda temporada, em que a estrutura «enciclopédica» (que une os diferentes sketches) é acertadamente aligeirada. Dificilmente Herman José voltará a conseguir tal acerto entre o nonsense, o humor popular e a sátira mordaz. > João Pedro Barros

A linha que separa o erotismo da pornografia pode ser ténue. Por esta razão, JeanClaude Brisseau é talvez dos cineastas franceses mais menosprezados pela crítica e pelo público, em igual medida. Injusto, talvez, já que a obsessão de Brisseau em explorar o complexo mundo da sexualidade feminina vai muito para além do ousado, criando ambientes intimistas e sedutores onde a volúpia e o voyeurismo por vezes se confundem. Para esclarecer qualquer dúvida, a Atalanta lança agora o pack Os Tabus do Sexo, onde se reúnem três das melhores obras do autor: Coisas Secretas, A Aventura e Os Anjos Exterminadores, inspirado nas acusações de assédio sexual, durante um casting, que levaram à detenção de Brisseau, em 2002. > Fernando Vasquez

PONYO À BEIRA-MAR de Hayao Miyazaki, 2008 (Castello Lopes) A animação japonesa é para muitos imediatamente associada a excêntricos robots, cenários apocalípticos ou simplesmente ao Pokémon. Porém, toda a regra tem excepção e Miyazaki é talvez a mais relevante. Após os êxitos internacionais de Princesa Mononoke, A Viagem de Chihiro e, principalmente, do extravagante O Castelo Andante, o mestre da animação regressa ao ambiente mais tradicional dos seus primeiros filmes. Ponyo à Beira-Mar conta a história de uma menina-peixe que se apaixona por um rapaz de cinco anos, Sosuke, e que ambiciona tornar-se humana. Inspirado no conto A Pequena Sereia, de Hans Christian Andersen, e na lenda de Urashima Taro, a excelência do detalhe de Miyazaki faz de Ponyo à Beira Mar uma obra fundamental para os aficionados da animação. > Fernando Vasquez

© Cristina Moreira

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Agenda Música - Janeiro concertos DOMINGO, 17

SUL

VASCO SOEIRO Casa da Música, Porto 12h / Livre / 220 120 220

RODA DE CHORO DE LISBOA (TRAD) Lusitano Clube, Lisboa 22h30 / 4€ 21h / 7€ / 220 120 220

Norte

sul THE DOUPS (ROCK)

QUARTA, 20 NORTE

Fnac Chiado, Lisboa 17h / Livre

LULULEMON

PINK PUSSY CATS FROM HELL

Fnac GaiaShopping, Gaia 22h / Livre

(BLUES SURF)

NEWTONSTRAAT

FURY FURYZZ + THE RUQUETTES

Onda Jazz, Lisboa 22h30 / 7€ / 218 864 484

KALIL ENSEMBLE Sala Nietzche, Fábrica Braço de Prata / 22h www.bracodeprata.com

MÁRIO OLIVEIRA

TOCAR AFRICA

(PIANO)

(WORLD)

Sala Nietzche, Fábrica Braço de Prata / 22h30 / www.bracodeprata.com

Onda Jazz, Lisboa 22h30 / 6€ / 218 864 484

SMALL Trio Breyner85, Porto / 00h

(JAZZ)

THE RISING SUN EXPERIENCE

KATHARSIS + DR. DUMBO E PROF. MAMADO OS MESTRES

(ROCK)

(SKA FOLCLÓRICA)

Music Box, Lisboa 23h / 6€ / 213 473 188

Music Box, Lisboa 23h / 6€ / 213 473 188

QUINTA, 21

Sexta, 22

LULULEMON

NACIONALISMOS À PARTE: ORQUESTRA NACIONAL DO PORTO

(PUNK)

Kabuki, Lisboa / 19h30 MICHAEL BOLTON (USA) (SOFT POP)

Coliseu dos Recreios, Lisboa 20h / 15-70€ / 213 240 580 DAVE BURREL (USA) + QUARTETO SEI MIGUEL (JAZZ)

JAM SESSIONS (JAZZ)

Armazém do Chá, Porto 23h45 www.armazemdocha.com Sul SIMON ZAOUI

Cabaret Maxime, Lisboa 21h / 213 467 090

(PIANO)

Segunda, 18

DISARM YOU + I HAD PLANS + PICORE (ESP)

Sul

Institut Franco-Portugais 19h30 / Livre / 213 111 400

NORTE

(BLUES SURF)

Fnac Sta. Catarina, Porto 18h / Livre SEAN RILEY & THE SLOWRIDERS Teatro Académico Gil Vicente, Coimbra / 21h30 / 6-8€ DAVID THOMAS BROUGTHON Teatro Aveirense, Aveiro 22h / 7€

(ROCK)

GALA MAIS PORTUGAL - CABO VERDE: TITO PARIS + BOSS AC + MIGUEL ÂNGELO + MIGUEL GAMEIRO + SANDRA HORTA Coliseu, Lisboa / 10-20€

TERÇA, 19 NORTE

REMIX ENSEMBLE Casa da Música, Porto 19h30 / 10€ / 220 120 220

Lavadouro de Carnide, Lisboa 21h / 5-8€ NAUGHTY NIGHTS: MANUEL JOÃO VIERA + BAILARINAS EXÓTICAS + CONVIDADOS ESPECIAS Cabaret Maxime, Lisboa 22h / 213 467 090 PHILL NIBLOCK (USA) + O.BLAAT (USA) (EXPERIMENTAL)

Zé dos Bois, Lisboa 22h / 5€ / 213 430 205

ACID JESUS Breyner85, Porto / 00h Sul

NORTE

(MÚSICA CLÁSSICA)

Casa da Música, Porto 16h / 16€ / 220 120 220 HILLS HAVE EYES + HELL IN HEAVEN + BIRTH + LIFEDECEIVER + THE ARCHAIST + FIRST CLASS TRAGEDY Associação Desportiva e Acção Cultural, Pombal 21h / 5€ HIGH FLYING BIRD Fnac, Guimarães 22h / Livre

BLING PROJEKT Livraria Trama, Lisboa 21h30 / Livre / 213 888 257

INBREED + SUFFOCHATE + FALL OF MAN

PEDRO ESTEVES

Metalpoint, Porto 22h

(ACÚSTICA POP)

Cabaret Maxime, Lisboa 22h / 213 467 090

(METAL)

THE GAMA GT BLUES PROJECT Tertúlia Castelense, Maia 23h30 / 5 €

(ROCK)

Armazem do Chá, Porto / 23h45 www.armazemdocha.com

Sul CONCERTOS COMENTADOS PARA JOVENS (MÚSICA CLÁSSICA)

CLASH CITY ROCKERS + ZÉ PEDRO (DJ set) + DJ TIAGO SANTOS (ROCK)

Music Box, Lisboa 23h59 / 8€ / 213 473 188 MR BLUES (BLUES)

Sala Visconti, Fábrica Braço de Prata / 23h59 www.bracodeprata.com

Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa / 11h www.gulbenkian.pt

BOOGIE WOOGIE BAND Sala Eduardo Pardo Coelho, Fábrica Braço de Prata 23h59 / www.bracodeprata.com

EUPHONY Espaço APAV & Cultura 19h / Livre

Sábado, 23

BILLY TALENT (USA) + SIGHTS & SOUNDS (PUNK ROCK)

Coliseu dos Recreios, Lisboa 20h / 25€ / 213 240 580 LEDON Cabaret Maxime, Lisboa / 22h 213 467 090 L’EMIGRANTE (JAZZ)

Onda Jazz, Lisboa 22h30 / 7€ / 218 864 484 MONO’KIRI Lounge, Lisboa 23h30 / Livre GARY WAR (USA) + PC WORSHIP (USA) Zé dos Bois, Lisboa 22h / 5€ / 213 430 205 SPAGHETTI JAZZ (JAZZ)

Sala Eduardo Pardo Coelho, Fábrica Braço de Prata 23h / www.bracodeprata.com

NORTE

RUI VELOSO Casa das Artes, V. N. Famalicão / 21h30 / 25€ DAVID FONSECA Theatro Circo, Braga 21h30 / 12.5-17.5€ MARGARIDA PINTO Fnac, Coimbra / 22h / Livre TOM ZÉ Centro Cultural Vila Flor, Guimarães / 22h / 15€ SPANK ROCK & DJ TEENWOLF + LINDSTROM + MAKOSSA & MEGABLAST | GARY WAR | OCTA PUSH + NINJASONIK | DJ NORBERTO FERNANDES | ÁLVARO COSTA | WOLFGANG MITTERER (CLUBBING OPTIMUS)

Casa da Música, Porto 22h / 7.5-18€


LA DUPLA FEAT X-ACTO + FRITUS PATATOES SUICIDE

DAPUNKSPORTIF + BANG THE BOX: VAHAGN + KASPAR

(HIP HOP + ELECTRO)

(ROCK)

Armazém do Chá, Porto / 23h45 www.armazemdocha.com

Music Box, Lisboa 23h59 / 8€ / 213 473 188

:PAPERCUTZ Centro Cultural Vila Flor, Guimarães / 00h / 2.5€

FADO Sala Eduardo Prado Coelho, Fábrica Braço de Prata / 23h59 www.bracodeprata.com

HEART&SOUL Breyner85, Porto / 01h Sul

CORDOFILIA Sala Wittgenstein, Fábrica Braço de Prata / 23h59 www.bracodeprata.com

MOONSPELL + BIZARRA LOCOMOTIVA

DOMINGO, 24

(METAL)

FIL, Lisboa 20h/ 15€ / www.fil.pt NADINE ROSSELO

SUL

PEDRO JÓIA (GUITARRA CLÁSSICA E FLAMENCO)

Museu do Oriente, Lisboa 21h30 / 15€ / 213 585 244 YOU CAN’T WIN CHARLIE BROWN (POP ROCK)

Cabaret Maxime, Lisboa 22h / 213 467 090 JANDEK

HAATI + PNEU + DON VITO Lavadouro de Carnide, Lisboa 17h / 5-8€

Segunda, 25 NORTE

SIZO & RUI MAIA Armazém do Chá, Porto / 22h

ZÉ ERNESTO RODRIGUES + JOÃO PAULO DA SILVA + JOÃO HIDALGO Sala Nietzsche, Fábrica Braço de Prata / 22h00 www.bracodeprata.com GRAVEYARD SESSIONS : BAL ONIRIQUE + ARCHETYPO 120 Santiago Alquimista, Lisboa 22h / 5€ JULIO RESENDE E VÂNIA CONDE (FADO)

Onda Jazz, Lisboa 22h30 / 7€ / 218 864 484

MÁRCIA

(ROCK)

(POP)

Music Box, Lisboa 23h / 6€ / 213 473 188

QUINTA, 28 NORTE

BONECRUSHER FEST: THE BLACK DALHIA MURDER + THE FACELESS + CARNIFLEX + INGESTED Cine-Teatro Júlio Diniz, Porto 19h30 / 25€ CAPITAN CORAZON Breyner85, Porto / 01h SUL VIRGEM SUTA (POP)

SUL JOE MORRIS E BARRE PHILIPS (JAZZ)

Culturgest, Lisboa 21h30 / 5€ / 217 905 155

(BLUES FOLK COUNTRY)

Teatro Maria Matos, Lisboa 22h / 5-12€

LULULEMON Fnac MarShopping, Matosinhos 22h / Livre

(METAL)

(FOLK)

Institut Franco-Portugais 21h / Livre / 21 311 14 00

CLAUDIA FRANCO E SÉRGIO RODRIGUES Sala Nietzsche, Fábrica Braço de Prata 22h / www.bracodeprata.com

QUARTA, 27 NORTE

LULULEMON (BLUES SURF)

Fnac Norte Shopping, Matosinhos / 22h / Livre

Cabaret Maxime- Lisboa 22h/ 213 467 090 ½ LOVERS & LOLLYPOPS SYSTEM Santiago Alquimista, Lisboa / 22h MARTA PLANTIER Sala Nietzsche, Fábrica Braço de Prata / 22h www.bracodeprata.com CLÁUDIA FRANCO

MATHIEU SAGLIO

Onda Jazz, Lisboa 22h30 / 6€ / 218 864 484 (SLAM)

Music Box, Lisboa 23h / 6€ / 213 473 188

NAUGHTY NIGHTS: MANUEL JOÃO VIERA + BAILARINAS EXÓTICAS + CONVIDADOS Cabaret Maxime, Lisboa 22h / 213 467 090

LADO B Breyner85, Porto / 01h SUL FAST EDDIE NELSON + TRAVELLING CIRCUS DJ’S (ONE MAN BAND BLUES ROCK)

Cabaret Maxime, Lisboa 22h / 213 467 090 BIG BAND REUNION (JAZZ)

Teatro Aveirense, Aveiro 22h / 8€ TEREZA SALGUEIRO & ANTÓNIO CHAINHO & FERNANDO ALVIM (CONCERTOS ÍNTIMOS)

Cine-Teatro, Estarreja 22h/ 12-40€ JP SIMÕES Tertúlia Castelense, Maia 23h / 7,5€

SEXTA, 29 NORTE

RESURRECXED + SUFFOCHATE + DEAD MEAT Metalpoint, Porto / 19h /12€

BENEFIT EM CIMA DO JOELHO: ACROMANÍACOS + GATOS PINGADOS + DR. BIFES E OS PSICOPRATAS Casa de Lafões, Lisboa 22h / 218 872 065 LUCIFER IS RISING FEST: MERRIMACK + GRAVE MIASMA + INVERNO ETERNO + CRYSTALLINE DARKNESS (BLACK METAL)

Side B Bar, Benavente 22h / myspace.com/sidebbar

MARIA ANADON

AS 3 MARIAS

(JAZZ)

(LATINO)

Centro Cultural Vila Flor, Guimarães / 00h / 2,5€

Onda Jazz, Lisboa 22h30 / 7€ / 218 864 484

THE POLICE TRIBUTE (HOMENAGEM) Breyner85, Porto /01h

CAIS SODRÉ FUNK CONNECTION + JOÃO GOMES + MARKUS KIENZL (Sofa Surfers) (Funk + Electro Dub)

Onda Jazz, Lisboa 22h30 / 7€ / 218 864 484

SUL

Music Box, Lisboa 23h59 / 8€ / 213 473 188

JÚLIO RESENDE Sala Nietzsche, Fábrica Braço de Prata / 22h30 www.bracodeprata.com

RESURRECTED + SUFFOCHATE + DEAD MEAT Revolver’s Bar, Lisboa 19h / 12€

GROOVE DA VILLA Sala Visconti, Fábrica Braço de Prata / 22h30 www.bracodeprata.com

MIGUEL SOUSA

CICLO HOOTENANNY: COREY HARRIS & THE RASTA BLUES EXPERIENCE (USA)

DOMINGO, 31

(PIANO)

Sala Eduardo Miguel Sousa, Fábrica Braço de Prata / 22h30 www.bracodeprata.com bELA (USA/POR) + DJ MIKE STELLAR

NORTE

(BLUES)

Culturgest, Lisboa 21h30 / 18€ / 21 790 51 55 ÀS VOLTAS

LULULEMON Fnac, Braga / 17h / Livre

(ROCK)

(HOMENAGEM A JACQUES BREL)

SUL

Music Box, Lisboa 23h59 / 8€ / 213 473 188

Institut Franco-Portugais 21h30 / Livre / 213 111 400

bELA(USA/POR)

INDIGNU + NUNO RANCHO

Fnac Almada 14h45 / Livre

SÁBADO, 30 NORTE

WOA + ANGRIFF + ENDAMAGE + FINAL MERCY + ANTICHTHON + GATES OF HELL (METAL + TRASH)

(VIOLONCELO)

Institut Franco-Portugais 19h / Livre / 213 111 400

Armazém do Chá, Porto / 23h45 www.armazemdocha.com

(BLUES)

(JAZZ)

SOCIAL SMOKERS + OPEN MIKE SUL

OS TORNADOS + 7 MAGNÍFICOS

THE LEGENDARY TIGER MAN

Metalpoint, Porto / 21h / 5€ www.myspace.com/angriffband MGT (JAZZ)

Casa da Música, Porto 22h / 10€ / 220 120 220

(ROCK)

(Rock)

Cabaret Maxime, Lisboa 22h/ 213 467 090

HILLS HAVE EYES + ONE HUNDRED STEPS + ELEVEN MILES APART

ÖLGA

(PÓS-HARDCORE)

(ROCK)

Café-Teatro Santiago Alquimista, Lisboa / 22h / 218 884 503 NICOLE EITNER Sala Nietzsche, Fábrica Braço de Prata / 22h / www. bracodeprata.com

Casa de Lafões, Lisboa 16h30 / 218 872 065

agenda |

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concertos


agenda |

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Agenda Música - Fevereiro concertos TERÇA, 02

SUL

ARTIC MONKEYS (UK) + MYSTERY JETS Coliseu do Porto / 21h / 24-30€

ORQUESTRA GULBENKIAN & ZANDRA MAC MASTER & CHRISTOPHER MALTMAN Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa / 19h / 10-20€

SUL

CICLO HOOTENANNY: ELIJAH WALD (USA) (BLUES)

NORTE

(ROCK)

SUNN O))) (USA) + EAGLE TWIN (USA)

Culturgest, Lisboa 21h30 / 5€ / 217 905 155

CARMINHO

TWINKLE BROTHERS + ONE LOVE FAMILY

LÖBO + KATABATIC

FESTIVAL TERAPEUTICO DO RUÍDO : R- + DUASSEMICOLCHEIASINVERTIDAS + RIDING PÂNICO + ROSVITA + RUI MAIA + GEE BEES + FRANGO + PLASMA EXPENDER + THE LOOSERS + DJ RIDE + JPG FROM DALTONIC BROTHERS + DROID-I D

(PÓS-ROCK)

(Todo estilo)

(METAL + TRASH + DEATH)

Fábrica de Som, Porto / 22h fabricadesom.org

Music Box, Lisboa 22h / 10€ para os 2 dias

Metalpoint, Porto / 22h / 5€

SUL

OS VELHOS Cabaret Maxime, Lisboa 23h30 / 213 467 090

SUL

(FADO)

Teatro Aveirense, Aveiro 21h45 / 12€ ALBIN DE LA SIMONE Cine-Teatro, Estarreja 22h / 3.5€ -5€

(DRONE METAL)

Lx Factory, Sala das Colunas, Lisboa / 21h / 18-20€ CICLO HOOTENANNY: JOSH WHITE JR. (USA) (BLUES)

Culturgest, Lisboa 21h30 / 5€ / 21 790 51 55

QUARTA, 03 SUL

ARTIC MONKEYS (ROCK)

Campo Pequeno, Lisboa 20h30 / 24-35€ NAUGHTY NIGHTS: MANUEL JOÃO VIERA + BAILARINAS EXÓTICAS + CONVIDADOS ESPECIAS Cabaret Maxime, Lisboa / 22h 213 467 090

Quinta, 04 NORTE

TINDERSTICKS (POP)

Centro Cultural Vila Flor, Guimarães / 22h / 20€

FESTIVAL TERAPEUTICO DO RUÍDO: R- + DUASSEMICOLCHEIASINVERTIDAS + RIDING PÂNICO + ROSVITA + RUI MAIA + GEE BEES + FRANGO + PLASMA EXPENDER + THE LOOSERS + DJ RIDE + JPG FROM DALTONIC BROTHERS + DROID-I D Music Box, Lisboa 22h / 10€ para os 2 dias ZÉ EDUARDO E MANUELA LOPES (JAZZ)

Centro Cultural Belém 22h / Livre / 213 612 400

RECITAL DOS ALUNOS DO CENTRO MUSICAL D. BOSCO Centro Cultural de Cascais 19h / 214 458 210 ORQUESTRA GULBENKIAN & ZANDRA MAC MASTER & CHRISTOPHER MALTMAN Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa / 19h / 10€ a 20€ UMA SINFONIA ALPINA: ORQUESTRA SINFÓNICA PORTUGUESA (MÚSICA CLÁSSICA)

PETERPANIC Cabaret Maxime, Lisboa 23h / 213 467 090

sexta, 05 NORTE

EXTREME DEVOTION FEST : CRYFEMAL (ESP) + BALMOG (ESP) + PESTIFER + SATANIZE + AZRAEL OCCULT (METAL)

Porto Rio, Porto 20h / 12€ / 224 643 797 ANA MOURA Theatro Circo, Braga 21h30 / 15-20€

Centro Cultural Belém 21h / 8-10€ / 213 612 400 CICLO HOOTENANNY: HENRY BUTLER (USA) (BLUES)

Culturgest, Lisboa 21h30 / 5€ / 217 905 155 JORGE VADIO

SEXTA, MEIA NOITE E UMA GUITARRA : JOSÉ MANUEL NETO E CAMANE

FU MANCHU (USA)

CHAOS IN PARADISE + A PEACEFUL CHAOS + BLACKSWAN + ARTCHOKE

RECITAL DOS ALUNOS DO CENTRO MUSICAL D. BOSCO Centro Cultural de Cascais 19h / 214 458 210

Cinema São Jorge, Lisboa 00h00 /10€

sÁBADO, 06

ORCHESTRUTOPICA BIG BANG

(FADO)

NORTE

TRADIÇÃO EM VIENA

(MÚSICA CONTEMPORÂNEA - JAZZ)

Casa da Música, Porto 18h / 220 120 220 EXTREME DEVOTION FEST : SILVA (CZE) + MOREDHEL (ALE) + EMPTY (ESP) + BLACK GOAT (ESP) + INFERNAL KINGDOM + MOTÖRPENIS (METAL + DEATH)

Porto Rio, Porto 20h / 14€ / 224 643 797

Coliseu do Porto 22h / 25 € /223394940 ANDREW THORN (Por) Centro Cultural Vila Flor, Guimarães / 23h / 2,5€

Side B, Benavente 22h / myspace.com/sidebbar RHINO BUCKET (USA) (ROCK)

Music Box, Lisboa / 22h / 20€ ORQUESTRA DE CÂMARA CASCAIS E OEIRAS (MÚSICA CLÁSSICA)

Centro Cultural de Cascais 18h30 / 214 643 460

quarta, 10 NORTE

JOSHUA REDMAN QUARTET (JAZZ)

Casa da Música, Porto 22h / 20€ / 220 120 220 SUL

RÃO KYAO E AMIGOS Centro Cultural Belém 21h / 5-25€ / 213 612 400

(RECITAL PIANO)

DOMINGO, 07 NORTE

TINDERSTICKS (POP)

Cine-Teatro, Estarreja 21h30 / 20-25€

FIELDS OF THE NEPHILIM (GOTHIC ROCK)

(BLACK E DEATH METAL)

Centro Cultural Belém 21h / 12,5€ / 21 361 2400

(MÚSICA CLÁSSICA)

(ROCK)

Santiago Alquimista, Lisboa 22h / 20€

Teatro Sá da Bandeira, Porto 22h / www.takitover.blog.com

DRUMMING GP Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 19h / www.gulbenkian.pt

(Folk-Pop)

Centro Cultural de Cascais 22h / 7€ /214 815 330

(REGGAE)

DARK RITUAL FEST 5: SUIDAKRA + GWYDION + HORDES OF YORE + AZAGATEL

JOSÉ BON DE SOUSA Centro Cultural Belém 19h / 10€ / 21 361 2400 ORQUESTRA DE CÂMARA DA EUROPA Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa / 19h / 15-30€ LICHENS (USA) (Improvisação)

Zé dos Bois, Lisboa 22h / 8€ / 213 430 205

SUL

MANUEL MOTA Lounge, Lisboa / 22h / Livre

RECITAL DOS ALUNOS DO CENTRO MUSICAL D. BOSCO Centro Cultural de Cascais 19h / 214 458 210

CARBILLY + BRUTUS AND THE CANIBALS (ROCK + ROCKABILLY)

Music Box, Lisboa / 22h30 / 6€


NAUGHTY NIGHTS: MANUEL JOÃO VIERA + BAILARINAS EXÓTICAS + CONVIDADOS Cabaret Maxime, Lisboa 22h / 213 467 090

quinta, 11 SUL

SUL HELL XIS FEST: SWITCHTENSE + WE ARE THE DAMNED + CONFRONT HATE + OVERCOME + BETÃO ARMADO (HARDCORE E METAL)

Revolver Bar, Cacilhas 21h / 5€

DANCE INTO THE LIGHT: TRIBUTO A PHIL COLLINS Coliseu dos Recreios, Lisboa 20h / 10-40€ / 213 240 580

CARLOS MARTINS

JÚLIO RESENDE E OLE MORTEN VAGAN

PANDA BEAR (USA) Lux, Lisboa / 23h / 15€

(JAZZ)

Culturgest, Lisboa 21h30 / 15€ / 217 905 155

(JAZZ)

Centro Cultural Belém 22h / Livre / 213 612 400

SEXTA, 12

SEXTA, MEIA NOITE E UMA GUITARRA: LOURO & LIMA & EDGAR PÊRA Cinema São Jorge, Lisboa 00h /10€

BORIS BEREZOVSKI

SÁBADO, 13

NORTE (PIANO)

Casa da Música, Porto 21h / 25€ / 220 120 220 DANCE INTO THE LIGHT: TRIBUTO A PHIL COLLINS (HOMENAGEM)

Coliseu de Porto 21h30 / 10-35€

NORTE

REAL FILHARMONÍA DE GALICIA Casa da Música, Porto 18h / 16€ / 220 120 220 SEAN RILEY & THE SLOWRIDERS

SCHOSTAKOVITCH ENSEMBLE (MÚSICA CLÁSSICA)

Centro Cultural Belém 21h / 10-12,5€ / 213 612 400

DOMINGO, 14 NORTE

CARNAVAL DO ORQUESTRA NACIONAL DO PORTO Casa da Música, Porto 12h e 18h / 10€ / 220 120 220 JOSS STONE (R & B)

Coliseu do Porto 20h / 223 394 940 SUL CAIXA DE MÚSICA – CONCERTO DE CARNAVAL Centro Cultural Belém 11h30 / 5€ / 213 612 400 CORO DE CÂMARA DE CASCAIS – CONCERTO DE CARNAVAL Museu da Música, Cascais 17h / 214 815 338

(ROCK)

SEGUNDA, 15

SUL

JOSS STONE

JOANA GAMA

DAVID GRIMAL

(PIANO)

(VIOLINO)

Coliseu dos Recreios, Lisboa 20h / 28€ / 213 240 580

Teatro Helena Sá e Costa, Porto / 21h30 GLASS CANDY + DESIRE + MIKE SIMONETTI Plano B, Porto 22h / www.planobporto.com CLASSIFICADOS (POP)

Casa da Música, Porto 23h / 10€ /220 120 220

Culturgest, Lisboa 18h / 10€ / 217 905 155

SUL

(R & B)

A VOZ PRESENTE: FLORIAN BOESCH E ROGER VIGNOLES

HELL XIS FEST: LAST HOPE = STEAL YOUR CROWN + MORDACA + SOLID + LIFEDECEIVER

(MÚSICA CLÁSSICA)

(HARDCORE E METAL)

Revolver Bar, Cacilhas 21h / 5€

terça, 16

SOLISTAS DA OCCO

REAL ESTATE

(MÚSICA CLÁSSICA)

Museu da Música, Cascais 18h / 214 643 460

SUL

O POETA E A SUA MUSA: BRUNO MONTEIRO E JOÃO PAULO SANTOS (MÚSICA CLÁSSICA)

Centro Cultural Belém 21h / 12€ / 213 612 400 NAUGHTY NIGHTS: MANUEL JOÃO VIERA + BAILARINAS EXÓTICAS + CONVIDADOS Cabaret Maxime, Lisboa / 22h 213 467 090 POETRY SALAME: SOCIAL SMOKERS + CONVIDADOS (SLAM)

Music Box, Lisboa / 23h / 6€

Passos Manuel, Porto 22h / 222 034 121

L’IVROGNE CORRIGE Theatro Circo – Braga 21h30 / 10€

QUARTA 17

Centro Cultural Belém 21h / 17€ / 213 612 400

NORTE

(SURF ROCK)

Plano B, Porto / 23h www.planobporto.com

JOSÉ JAMES Cine-Teatro, Estarreja 22h / 10€

O CÃO DA MORTE + MAÇÃ DE PRATA Cabaret Maxime, Lisboa / 22h 213 467 090

SUL

TIAGO SOUSA Teatro Municipal Maria Matos, Lisboa / 22h / 5-12€

SEXTA, MEIA NOITE E UMA GUITARRA: ALEXANDRE SOARES & ANA DEUS Cinema São Jorge, Lisboa 00h /10€ REAL ESTATE + US GIRLS Zé dos Bois, Lisboa 23h / 10€ PACO HUNTER Cabaret Maxime, Lisboa 23h30 / 213 467 090

LÖBO + PROCESS OF GUILT + WHY ANGELS FALL Side B Bar, Benavente/ 22h myspace.com/sidebbar LYDIA LUNCH & BIG SEXY NOISE Zé dos Bois, Lisboa / 23h / 15€

DOMINGO, 21 NORTE

ORQUESTRA GULBENKIAN PARA JOVENS COMPOSITORES PORTUGUESES Culturgest, Lisboa 21h30 / Livre

CONCERTOS PROMENADE O MESTRE DE MÚSICA DE CIMAROSA

Campo Pequeno, Lisboa 20h / 217 82 05 75

SÁBADO, 20

SUL

GROUPSHOW + JAN JELINEK + ANDREW PEKLER + HANNO LEICHTMANN

MARIA JOÃO PIRES & PAVEL GOMZIAKOV

QUINTA, 18 SUL

THE AUSTRALIAN PINK FLOYD SHOW (HOMENAGEM)

(EXPERIMENTAL + AMBIENT)

Teatro Maria Matos, Lisboa 22h / 218 438 800 FÁTIMA SERRO E CLÁUDIO RIBEIRO

NORTE

(PIANO)

Casa da Música, Porto 18h / 25€ / 220 120 220 JOÃO CORAÇÃO & SAMUEL ÚRIA Theatro Circo, Braga / 22h / 12€

(JAZZ)

(CLÁSSICA)

Coliseu, Porto 11h30 / 5-10€

CONTRAPONTO: PIOTR ANDERSZEWSKI (MÚSICA CLÁSSICA)

Centro Cultural Belém 17h / 5€-27,5€ / 213 612 400

SEGUNDA, 22 SUL

RADIO MOSCOW + GRAVIDADE ZERO

Centro Cultural Belém 22h / Livre / 213 612 400

SUL

(ROCK)

REAL ESTATE (USA) + U.S. GIRLS (USA)

NO LIMIAR DA FANTASIA: ORQUESTRA DE CÂMARA PORTUGUESA

TERÇA, 23

(POP)

Zé dos Bois, Lisboa 23h / 5€ / 213 430 205

(MÚSICA CLÁSSICA)

SEXTA, 19

CONCERTOS DE ENCERRAMENTO DO 8.° WORKSHOP GULBENKIAN JOVENS COMPOSITORES

NORTE

THE AUSTRALIAN PINK FLOYD SHOW (HOMENAGEM)

Pavilhão Rosa Mota, Palácio de Cristal, Porto / 22h / 22-35€

Centro Cultural Belém, Lisboa. 21h / 5-17€ / 213 612 400

(MÚSICA CONTEMPORÂNEA)

Culturgest, Lisboa 21h30 / 15€ / 217 905 155

Espaço Nimas, Lisboa / 21h / 7€

SUL

PAULO GASPAR E EDGAR WILSON (JAZZ)

Centro Cultural Belém 22h / Livre / 213 612 400 LAURENT KORCIA & PHILIPPE BEROD & MICHAEL WANDEBERG Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa / 19h / 10-20€

agenda |

121

concertos


concertos QUARTA, 24 SUL

JOSÉ JAMES (NU JAZZ)

Museu do Oriente, Lisboa 213 585 200 NAUGHTY NIGHTS: MANUEL JOÃO VIERA + BAILARINAS EXÓTICAS + CONVIDADOS Cabaret Maxime, Lisboa / 22h 213 467 090

quinta, 25 SUL

THE FISH (FRA/UK) (JAZZ)

Culturgest, Lisboa 21h30 / 5€ / 217 905 155

SUL

SUL

JAZZ TRANSATLÂNTICO

SOLISTAS DO METROPLITANA

(JAZZ)

(MÚSICA CLÁSSICA)

Centro Cultural Belém 22h / 5-18€ / 213 612 400

Museu da Música, Lisboa 16h / Livre

FIERY FURNACES (USA)

ORQUESTRA GULBENKIAN

(INDIE ROCK)

(MÚSICA CLÁSSICA)

Santiago Alquimista, Lisboa 22h / 20€

Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa / 22h / 10-20€

CLASSIXX

NANCY ELIZABETH (USA)

(HOUSE)

(FOLK)

Instituto Superior Técnico, Lisboa / 22h / 218 417 248

Espaço Nimas, Lisboa / 22h

OMIRI

Domingo, 28

(FOLK EXPERIMENTAL)

Cabaret Maxime, Lisboa 23h30 / 213 467 090

THE ALBUM LEAF

CAIS DO SODRÉ FUNK CONNECTION

(PÓS-ROCK)

(FUNK)

Santiago Alquimista, Lisboa 22h / 218 884 503 MATT VALENTINE & ERIKA ELDER + TIGRALA Museu do Chiado, Lisboa 22h / 8€ BELLEDENKER Cabaret Maxime, Lisboa / 22h 213 467 090

sexta, 26 norte

ORQUESTRA GULBENKIAN (MÚSICA CLÁSSICA) Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa / 19h / 10-20€ FESTIVAL PARA GENTE SENTADA: BILL CALLAHAN Cine-Teatro António Lamoso, Santa Maria da Feira 20h / 20-30€ BUNNYRANCH (ROCK & ROLL)

Centro Cultural Vila Flor, Guimarães / 23h / 2,5€

NORTE

GENIOS DO BARROCO INTSRUMENTAL (MÚSICA CLÁSSICA)

Casa da Música, Porto 18h / 11€ / 220 120 220

Music Box, Lisboa / 23h59 / 8€

SÁBADO, 27 NORTE

JAZZ TRANSATLÂNTICO Casa da Música, Porto 18h / 20€ / 220 120 220 VELHA GUARDA METAL FEST III: CRUSHING SUN + DRAKKAR + ANGRIFF + SWITCHTENSE + HACKSAW + MY ENCHANTMENT + SEVEN STITCHES + ARTCHOKE + WARCHITECTT + UNFOLDED VISION Teatro Sá da Bandeira, Porto 15h / 222 003 595 JILL TRACY (USA) (EXPERIMENTAL) Centro Cultural Vila Flor, Guimarães / 22h /10€ THE SUPERVISOR (INDIE ROCK)

Centro Cultural Vila Flor, Guimarães / 00h / 2,5€

SUL CAIXA DE MÚSICA Centro Cultural Belém 11h30 / 5€ / 213 612 400 MOSCOW PIANO QUARTET (MÚSICA CLÁSSICA)

Centro Cultural de Cascais 17h / 214 815 330


clubbing |

125

Pet Shop Boys

A volta ao mundo... em 33 rotações! texto ¬ W. Odin - fotografia ¬ Kevin Church

Quem vai incendiar as pistas de dança em 2010? Qual será a bombtrack que vai explodir nos pratos dos DJ todos os fins-de-semana? Quem será eleito o artista electro do ano? Eis algumas pistas O nome mais citado como melhor single de música de dança nas revistas especializadas de 2009 foi Quicksand, dos La Roux, que podem muito bem voltar a fazer furor este ano. O duo britânico voltou ao estúdio em Dezembro, para prepa-rar o sucessor de Bulletproof. O primeiro concerto da banda em solo português está agendado para dia 13 de Março, no Lux. Os Goldfrapp, outro duo inglês, vão lançar em Março o seu quinto disco, Head First, com uma sonoridade marcadamente disco. A actividade em Inglaterra é prolífica, porque estão anunciados os lançamentos de um CD-DVD ao vivo dos Pet Shop Boys (Pandemonium, gravado no fim do ano, em Londres), de There is Love in you, quinto capítulo da folktrónica «inteligente» de Four Tet, e também da nova produção de Carl Cox, denominada GU.38 Carl Cox – Black Rock Desert (trata-se do registo da actuação de Cox no Festival Burning Man, em 2008). Do lado americano, o novo disco de RJD2, que se chamará The Colosus, deverá fazer parte das selecções

mais certeiras dos clubes do mundo inteiro. A sua compatriota Uffie vai por fim lançar o muito esperado segundo álbum, Sex, Dreams & Denim Jeans. A editora de Busy P será igualmente responsável pelo lançamento do primeiro EP do francês Breakbot, Make Your Mine. Como falar de França sem falar dos reis do french touch? Correm os rumores mais loucos sobre um regresso dos Daft Punk, mas não há nada de confirmado, tirando o facto do duo ter composto a banda sonora do filme Tron Legacy. Em Março, Tons of Friends, o primeiro ensaio dos italianos Crookers, deve-rá impressionar pela sua potência. Ao nível do electro rock, se 2009 foi o ano do regresso vitorioso dos Prodigy, 2010 deverá proporcionar a descoberta dos The Pendulum e do seu rock & bass. Por fim, os terceiros álbuns de M.I.A., LCD Soundsystem e Hot Chip deverão ser confirmados. Também vamos dançar com produções nacionais, porque DJ Ride já anunciou que há um novo registo a caminho. /

culture club norte AR D'MAR

GARE

(Av. Beira Mar – Praia De Canidelo Norte – V.N. Gaia) Sáb 06.02 > Festa Geração 70 80 90 com DJ Pedro Mineiro & DJ Tarzanboy

(Rua da Madeira, 182, Porto) Sáb 06.02 > Stereo Addiction

ARMAZÉM DO CHÁ

(Rua de Passos Manuel, 34 – Porto) Sex 22.01 > Rui Vargas + Andre Cascais Sáb 23.01 > Chicks On Pitch: Catrina Sparr Sex 29.01 > Kid Loco + Paulo Meneres Sáb 30.01 > Alta Baixa

(Rua José Falcão, 180 – Porto) Sáb 23.01 > Fritus Patatoes Suicide + La Dupla Feat. X-Acto + Deck + D-One & Maze Qui 28.01 > Dubstep: Octopussy Crew + Bofia + Jamie Boy + DJ Poracaso Sáb 30.01 > Strictly Rythm: Serginho + B.Kas& Mecre + Chat Noir

CASA DA MÚSICA CLUBBING OPTIMUS (Av. da Boavista, 604 - Porto) Sáb 23.01 > Spank Rock + DJ Teenwolf + Gary War + Octa Push + Ninjasonik (Live) + DJ Norberto Fernandes Qua 27.02 > Steve Aoki

CLASH CLUB (Teatro Sá da Bandeira, Porto) Sáb13.02 > Roman Flügel + Teenage Bad Girl + Silverio + Hélder Leite

PITCH CLUB

PLANO B (Rua Cândido dos Reis, 30 – Porto) Sex 22.01 > Wahines Sáb 23.01 > Comsi Club Fabulosa Marquise + Os Yeah! / Flase Impressions: Marcos Tavares + Nuno Mendes / 3d: Sininho + Mike Morales + Catrina Starr Sex 29.01 > Rodrigo Affreixo / L-Vis (Uk) + J-Wow Sáb 30.01 > Twin Turbo / Club de Funk Sex 26.02 > Matt Walsh

SUBSOLO THE CLUB (Praia do Furadouro – Ovar) Seg 15.02 > Psycarnival: Brainwash (live) + Vibraddict (live) + Klacid (live) + DJs Psychohm Gib + Audiact + Electric Skulls


clubbing |

127

culture club sul ARMAZÉM F (Rua da Cintura – Armazém 65, Lisboa) Sex 05.02 > Party Machine convida: Stardust & Paranoias + Perfect Stranger

CLUB SOUK (Rua Marechal Saldanha, 6, Bica – Lisboa) Sex 22.01 > Master Soul + Midinoize Sáb 23.01 > Dresh + Elle Fashionist Dom 24.01 > Sunday Moonlights: Miggy Seg 25.01 > Muffin Tops (Ita) Ter 26.01 > Dr. Bastard Qua 27.01 > Lizard DJ’s (UK) Qui 28.01 > DJ Smack + Alvarez Sex 29.01 > Party Sheet (live) Sáb 30.01 > Da Chick (live) + Airbag + 2Play + Refill + Boots Of Steel Dom 31.01 > Sunday Moonlights: Fabricio

EL SOMBRERO (Praia de Carcavelos, Av. da Marginal – Cascais) Sex 22.01 > Dream Factory: Audialize (live) + Djane Myzo + Djane Guappa Lee + Deco Shiva Eyes Space (6€) Sex 29.01 > Dream Factory: Absense (live) + DJ Hybris + DJ Vudu (6€)

EUROPA (Cais de Sodré, Rua Nova do Carvalho, 18 – Lisboa) Sex 22.01 > Donkey Club presents Opening Night: Professor Xavier + DJ Matulão + Lambrettaboy (UK) Sáb 23.01 > Dog Geralddi + Heartbreakerz (After 6h/10h) / Plano B @ Europa: Philips e Justamine Dom 24.01 > Nuno Bernardino + John E (After 6h/10h)

Qua 27.01 > Freaky Fiction: Electronic Concept + Zaigen + Juggler Qui 28.01 > Kalimodjo Sessions: Al:x + Hugo C. Sex 29.01 > I Fucking Hate 80’s: Chief Rodriguez + Mighty Caesar Sáb 30.01 > Luis Leite + L.O.K.I. (live) (After 6h/10h) Sáb 30.01 > Rooster Night: Bandidos Dom 31.01 > Rodrigo Portugal + Dan Syndrome (live) (After 6h/10h) Sáb 20.02 > Heartbreakerz (After 6h/10h) Dom 21.02 > Kaeser (After 6h/10h)

DOMUS ALCANTARA (Rua Maria Isabel Saint Leger, 12 – Lisboa) Sáb 16.01 > 8.° aniversário Kalimodjo Sáb 23.01 > Girls On Deck Sex 29.01 > Iboga Label Party: Ace Ventura (Isr) + Behind Blue Eyes (Den) + Bannel (Den) + Battousai vs Fradik + Itnash

JÉZEBEL (Casino, Av. Dr. Stanley Ho – Estoril) Sex 05.02 > Da Providers: Stereo Addiction + Heartbreakerz

THE LOFT (Rua do Instituto Industrial, 6 – Lisboa) Sáb 30.01 > Plastik Galaxy : Ramon Tapia + Heartbreakerz Sáb 13.02 > Florian Meindl + Stereo Addiction + Mugs

Sonodab

Panda Bear

Florian Meindl

LOUNGE

MANGA ROSA LOUNGE

(Rua da Moeda, 1 – Lisboa) Sex 22.02 > Mono’Kiri (live) + Mario Valente Sáb 23.01 > Escravos de Zonk Dom 24.01 > Mighty Caesar Ter 26. 01 > Pedro Beça Qua 27.01 > Lucky Qui 28.01 > So Freshhhh! Sex 29.01 > Audio Jockeys Sáb 30.01 > Dinis apresenta Flashdance Dom 31.01 > Mighty Caesar

(Rua Sociedade Filarmónica Incrível Almadense, 14 – Almada Velha) Sex 22.01 > Romance 2010: B.R.O.S. vs Major Zé Moura Sex 29.01 > Sekhmet Sáb 30.01 > Lorenzfactor Sex 12.02 > Peter Wagner Sex 26.02 > Sandes Mi(x)ta: Cleymoore Vs Dr Huse

LUX

(Av. D. Carlos I, 67 – Lisboa) Sex 22.01 > Drop Top + Zeder + J:K Sáb 23.01 > Zombies for Money + Flake Qui 28.01 > Andre Granada + Fuck dat Shit Sex 29.01 > R.Zink + Blanquet Sáb 30.01 > Le Rockeur Digitable + J:K Sex 26.02 > DJ Manaia + DJ Oder

(Rua Gustavo Matos Sequeira, 42 – Lisboa) Sex 22.01 > Spank Rock (USA) + Ninjasonik: DJ Teenwolf (USA) Sáb 23.01 > Leonaldo de Almeida + A to Z + Rui Vargas & Rui Murka + Zé Pedro Moura + Tiago Qui 28.01 > Ivan Smagghe + Zé Pedro Moura + Dexter Sex 29.01 > Alice Sáb 30.01 > Fiasco + Leonaldo de Almeida + Pinkboy & Pan Sorbe + Rui Vargas & Zé Salvador Sex 12.02 > Panda Bear (USA) (live) + Tim Sweeney (USA) Sex 19.02 > Horse Meat Disco Qui 25.02 > Ginga Beat on Air Sex 26.02 > Cama de Casal #10: Raresh + Praslea

MINI MERCADO

OPART (Pontão da Doca de St. Amaro, Docas – Lisboa) Sex 22.01 > Italian Minimal Sessions 2: Piatto (Ita) + Analódjica + Louie Cut + Dresh Sáb 23.01 > Workshop by Bloop: Sonodab (Esp) + Magazino + Jose Belo Sex 29.01 > Mugs Sáb 30.01 > Deep Soul + Hugo Santana Sex 20.02 > Kaesar


sai a pé pela cidade |

128

#2 Porto A cidade quinhentista: de S. Bento ao Infante, através das Flores

texto e fotografia ¬ Daniel Afonso

Sai a pé pela cidade Todos os meses, esta crónica irá desafiar o leitor a lançar-se na descoberta do Porto e de Lisboa, com a sugestão de vários percursos pedestres pelas cidades, indo ao encontro da sua história, do seu património, das suas tradições e das suas gentes «Se na nossa cidade há muito quem troque o b por v, há pouco quem troque a liberdade pela servidão» Almeida Garrett A nossa viagem inicia-se na actual Praça de Almeida Garrett – filho ilustre da cidade –, onde foi edificado, no início do século XVI, o mosteiro feminino de S. Bento de Ave-Maria, que deu nome, durante séculos, a este terreiro. Aqui realizavam-se os célebres abadessados, momento solene

de eleição da abadessa do mosteiro, ao qual compareciam os portuenses, recebidos com doces e vinhos finos. No início do século XX, a chegada do comboio ao centro da cidade conduziu à construção, neste local, da Estação de S. Bento, projectada por José Marques da Silva.De seguida, tomamos a Rua das Flores, percorrendo as montras das lojas, observando os palacetes e entrando nos alfarrabistas, em busca de velhos livros e almanaques. De traçado regular, esta rua foi aberta em 1521 nas antigas

hortas da diocese, abundantes em flores, por ordem de D. Manuel I, tomando o nome de Santa Catarina das Flores. No final da artéria, deparamonos com a fachada da Igreja da Misericórdia (fundada no século XVI), uma das mais impressionantes da cidade. Foi alterada por Nicolau Nasoni no século XVIII, tornando-se num dos exlíbris do barroco na cidade. Chegando ao Largo de S. Domingos, antigo centro cívico da cidade – onde se realizava uma feira franca –, encontramos o Palácio das Artes – Fábrica de Talentos, recentemente inaugurado e que visa estabelecer pontes entre os meios académico, científico e empresarial, apostando no trabalho de jovens criadores. Está localizado no antigo espaço conventual dos frades dominicanos, que nos séculos XIX e

XX foi sucessivamente ocupado por um banco e pela Companhia de Seguros Douro. Continuamos a descer em direcção à zona ribeirinha e chegamos ao destino final do nosso percurso, a Praça do Infante (D. Henrique), que, segundo a tradição, terá nascido aqui bem perto, na actual Casa do Infante/Arquivo Histórico Municipal. Nesta praça, encontramos um dos mais belos exemplares da arquitectura do ferro da cidade, o Mercado Ferreira Borges, que vai albergar o Hard Club, com um projecto cultural multidisciplinar. A parte poente da praça é dominada pela fachada classicista do a sede da Associação Comercial do Porto, desde 1842. Na próxima crónica portuense desafiaremos o leitor para um passeio ribeirinho. Até lá! /


perfil |

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texto ¬ João Campos - fotografia ¬ Carlos Porfírio / Espectáculo Solos, da Cia Olga Roriz, 2009

Intensa, inconfundível e incontornável Não se pode falar de dança em Portugal sem referir Olga Roriz. Um percurso de referência, uma criadora por excelência e uma actualidade prolífera. Um destaque na última página, mas digno de capa Natural de Viana do Castelo, Olga Roriz recebeu formação na Escola de Dança do Teatro Nacional de São Carlos e no Conservatório Nacional de Lisboa. Foi bailarina e coreógrafa principal do extinto Ballet Gulbenkian e ainda directora artística da Companhia de Dança de Lisboa. Porém, como qualquer criador de referência, é impossível confinar a sua produção a uma só vertente artística. Para além de um impressionante número de obras que criou e remontou para companhias de dança nacionais e internacionais � o espaço é demasiado reduzido para arriscar resumir �, teve também à sua responsabilidade a encenação e criação de movimento para diversas peças de teatro e óperas e ainda a realização de filmes. A Companhia Olga Roriz, fundada em 1995, é até à data o último e mais longo capítulo da sua história. Com uma estrutura à altura do propósito, tem explorado a dança contemporânea na fronteira com o teatro. Produções sólidas, coreografias únicas e interpretações notáveis, têm lhe valido o merecido reconhecimento, coroado em 2006, com uma extensa biografia editada em livro. Depois da aclamada Nortada, que reuniu óptimas críticas, Olga Roriz volta ao Teatro Camões, desta feita a solo. O espectáculo, de nome Electra, enquadra-se num percurso de solos iniciado em 1988, que certifica, explora e expõe o ímpeto criativo da coreógrafa. Evidencia-se o seu cunho pessoal, a autora torna-se intérprete e o desafio centra-se em si mesma. O público será o derradeiro juiz. A não perder, de 28 a 31 de Janeiro no Teatro Camões, em Lisboa, e de 4 a 7 de Fevereiro, no Teatro Nacional São João, no Porto. /

www.coworklisboa.pt



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