revista MACAU 36

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“Medalha” de mérito altruísta

A professora universitária Maria Antónia Espadinha “cruza-se” com Amélia António numa época em que se procurava alguém para “pegar” na Casa. Hoje, avalia, “foi uma boa aposta”, sobretudo “por causa do coração do tamanho do mundo” que lhe devia valer não a Medalha de Serviços Comunitários, com a qual foi agraciada, mas a de “mérito altruísta”. “Ela ajuda toda a gente. Quando pensamos, por exemplo, no que ela e um grupo de pessoas fizeram por Timor...” Essa causa também marcou a médica Filomena McGuire. Participou numa “segunda parte” da missão, iniciada com uma visita à jovem nação, onde eram berrantes as dificuldades. “Eles primeiro arranjaram a escolinha e depois conseguiu-se organizar outra viagem que os miúdos, incluindo os meus e os dela, nunca mais vão esquecer. Nunca vi tantos órfãos juntos... Houve muita entreajuda, mas ela foi o grande motor”, sublinha a médica pediatra. Frederico Rato também participou activamente ao lado de Amélia António como seu vice-presidente: “Ela como maestrina e nós como executantes”. Apesar do trabalho a várias mãos, “o que avulta foi a dedicação que ela, em concreto, deu a essa causa e o bem e o conforto que proporcionou a muitas pessoas”, destaca o advogado. “Ela quando acha que tem de se fazer uma coisa, vai para a frente. Fala, pede. Não pede para ela, mas para outros. Vai procurar soluções e as pessoas não fazem ideia que é ela que as arranja, porque nem sempre se conseguem apoios”, enfatiza Maria Antónia Espadinha. Contudo, pelo meio, também sofrerá “desilusões”. “Houve um grupo de timorenses que veio estudar presuntivamente para cá, logo a seguir à independência. A ideia era formar quadros e veio um grupo de dez jovens. Só que aquilo não estava bem organizado e ela acabou por deitar-lhes a mão, dando-lhes casa e um lugar para estudar e eles estavam a usar isso mal... Foram investimentos grandes, feitos de coração, e depois eles não corresponderam. Ela fez muito por essas pessoas e é desse tipo de coisas que não se fala. Eu sei porque estava por dentro”, partilha. Para ajudar as vítimas do sismo de Sichuan, a Casa de Portugal desdobrou-se em acções para angariar fundos. Filomena McGuire recorda a exposição de xilogravuras feitas por alunos 64

A “comédia” de “Amor e Dedinhos de Pé”

Foi um “pagode”, conta Frederico Rato, quando se lembra do “mítico” dia das filmagens, no jardim Lou Lim Ioc, de Amor e Dedinhos de Pé, realizado por Luís Filipe Rocha, que viria a “contratar” os amigos para serem figurantes. “Levantávamo-nos às cinco da manhã para ficarmos maquilhados e prontos para entrar em cena. Éramos cinco ou seis casais, todos muito bem vestidos com trajes da época e muito bem caracterizados. Aparecemos durante dez segundos no filme depois de dez horas de grande divertimento”, relata, entre risos, sublinhando que sem Amélia António “não teria sido tão engraçado”. “Foi ela que dinamizou aquela equipa, que entrou de alma e de coração nas filmagens e na preparação e, de facto, esse episódio é inesquecível na vida daquele grupo”. Além disso, “serve para demonstrar que uma mulher de causas também pode ter causas pessoais e cómicas de participação na vida social de Macau”. revista MACAU · Fevereiro 2014


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