revista MACAU 17

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cartaz

Dezembro 2009 | 123

livros

Os Países de Língua Portuguesa e a China num Mundo Globalizado Wei Dan Esta obra reúne 21 textos de vários autores, desde Jorge Sampaio, antigo Presidente de Portugal, a Wan Yong Xiang, ex-embaixador da China no Brasil e antigo comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da RPC em Macau. A coordenadora é Wei Dan, docente de Direito na Universidade de Macau, que salienta a presença de “análises mais profundas” sobre

Testemunhos da China Xinran Xue “Este livro é uma homenagem à dignidade dos chineses dos tempos modernos”, escreve Xinran Xue, jornalista e escritora, no início da narrativa. Uma obra que, diz, “reúne dezenas de relatos do quotidiano, sentimentos e ideais da geração de chineses que viveram sob o governo de Mao Tsé Tung”. Ao longo da obra, Xinran revela as histórias de pes-

o papel de Macau como uma plataforma, apesar de reconhecer que existe tendência para um maior enfoque na relação entre a China e o Brasil – devido ao elevado volume de trocas comerciais.Licenciada em Direito pela Universidade de Pequim em 1997, Wei Dan foi a primeira chinesa a obter o grau de doutor na Universidade de Coimbra, além de ser a primeira pessoa (e única até ao momento) na China a ter tirado doutoramento em Direito utilizando o português. Almedina, Coimbra, 2009

soas que sobreviveram à Revolução Cultural feita pelo antigo líder chinês e cria um panorama do país que, de certa forma, é desconhecido até para os chineses. Entre 2005 e 2006 a autora, com uma equipa de filmagens, viajou pelo país em busca destes relatos, na primeira pessoa, sobre as profundas mudanças no país. A pessoa mais velha com quem a autora falou tem 97 anos. Xinran nasceu em 1958 e diz que a sua primeira recordação é a da Guarda Vermelha a incendiar a casa dos seus pais, no início da Revolução Cultural. Foi “reeducada” num colégio e, no Exército, estudou Relações Internacionais e Informática. Em 1997, abandonou a China e mudou-se para Londres. Bertrand, Lisboa, 2009

A Ascensão da China, Acomodação Pacífica ou Grande Guerra? Tiago Vasconcelos Esta obra resulta da tese de mestrado em Estratégia, de Tiago Vasconcelos, que durante três anos foi assessor militar do último governador português de Macau, Rocha Vieira. Olhando ao passado, a ascensão de uma potência no sistema internacional por norma foi significado de convulsões, instabilidade e guerras, e, embora não ponha de parte que tal possa acontecer, o autor entende que a ascensão da China no sistema internacional tem “fortes probabilidades” de ser pacífica. Segundo o autor, apesar do desenvolvimento económico “espectacular” nos últimos 30 anos, a China continua a ter alguns problemas, como assimetrias entre litoral e interior, campo e cidade, fosso entre ricos e pobres, e uma posição geopolítica mista, além de o Estado chinês ter que gerir fronteiras muito longas e diversificadas, com problemas relacionados com minorias étnicas e uma necessidade de maior harmonização entre o desenvolvimento económico e o desenvolvimento político. Almedina, Coimbra, 2009

Caim José Saramago Saramago retoma a história bíblica do assassínio de Abel pelo seu irmão Caim, no entanto neste romance é atribuída a Deus a autoria moral do crime e uma consequente redenção de Caim. O escritor mostra um Deus arbitrário, incoerente e tirano,

O Livro dos Guerrilheiros José Luandino Vieira “Que sentido e/ou sentidos encontrar para essa retomada da guerrilha quando a ideia de nação em Angola parece tão consolidada?” José Luandino Vieira não formula respostas, antes recoloca questões que legitimam o mergulho na memória. Ele fixa o olhar nos guerrilheiros, para, a partir de suas vozes, captar a guerrilha como uma vivência em movimento, como realidade de um presente que

Jesusalém

que embora criado pelo homem é causador de muitos dos seus males. No blogue da Fundação que ostenta o nome do autor, a mulher, Pilar del Río, escreve que o novo livro “não é um tratado de Teologia, nem um ensaio, nem um ajuste de contas”. É antes uma ficção em que José Saramago “põe à prova” a sua capacidade narrativa. O livro foi escrito em apenas 4 meses, entre Dezembro de 2008 e Abril de 2009, como o próprio autor descreve, “numa espécie de transe, como nunca tinha acontecido”. O Prémio Nobel da Literatura regressa assim aos escritos com a religião como protagonista, quase duas décadas depois de O Evangelho segundo Jesus Cristo, obra que o levou a abandonar Portugal.

“ P rofundamente abalado pela morte da mulher, Dordalma, aquela que era ‘um bocadinho mulata’, Silvestre Vitalício afasta-se da cidade e do mundo. Com os dois filhos Mwanito e Ntumzi, mais o criado ex-militar Zacarias Kalash, faz-se transportar pelo cunhado Aproximado para o lugar mais remoto e inalcançável. Aí, numa velha coutada de caça em ruínas, funda o seu refúgio, a que dá o nome de Jesusalém … ” Assim começa o novo romance de Mia Couto. Mas apenas começa, porque a vida é demasiado preciosa para ser esbanjada num mundo desencantado, diz um dos protagonistas deste romance.

Caminho, Lisboa, 2009

Caminho, Lisboa, 2009

ainda não poderia conhecer os erros, os acertos, a euforia e a frustração. Luandino convida-nos a viajar no tempo através de Kene Nvua, ou Diamantino Kinhoca. Ele é um ex-guerrilheiro angolano, anti-colonialista, combatente de muitas lutas, camarada de muitas caras de batalha, que na obra, é narrador de serviço. José Luandino Vieira é cidadão angolano pela sua participação no movimento de libertação nacional e contribuição no nascimento da República Popular de Angola.

Mia Couto

Passou toda a infância e juventude em Luanda, onde frequentou e terminou o ensino secundário. Caminho, Lisboa, 2009


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