Revelação 367

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Cidade

O mais jovem organista de Uberaba apresenta as partituras de sua vida Ana Caroline Naves

1º período de Jornalismo

Com apenas 20 anos, Pedro Henrique da Silva Costa é o mais jovem organista de Uberaba. A paixão musical nasceu na infância, quando ele tinha apenas dez anos. Ele é responsável por tocar o órgão da Catedral Metropolitana. Após três reformas, o instrumento, atualmente, possui 1800 tubos. Revela: Quais as dificuldades em tocar o órgão em comparação com os demais instrumentos? Paulo: Existe toda uma técnica para você dominar esse órgão de tubos. Você precisa ter uma base pianista da Escola Pianística Erudita. Não tem como um músico popular da noite tocar. Tem toda a técnica.

Revela: O órgão é um instrumento bastante complexo. Qual seu valor estimado? Paulo: Aproximadamente 500 mil reais. Para se fazer um novo, como esse da Catedral de Uberaba, com 1700 tubos e 1 teclado, gastaríamos por volta de 1 milhão de reais.

Igreja Católica, amo a minha religião, entendo e estudo os movimentos, como Tradição, Família e Propriedade, da Igreja Católica, conhecido como TFP. É um movimento totalmente erudito, junto com os arautos do evangélico. Aliás, TFP ressalta a música erudita dentro da igreja.

Revela: Existem, na Catedral, outros instrumentos musicais importantes além do órgão? Paulo: Temos clarinete, violino, saxofone e trompete, que os músicos usam para tocar em casamentos e missas solenes. Então, temos uma equipe dentro da catedral, chamada CP Eventos.

Revelação: Qual o espaço que a música ocupa atualmente no seu dia a dia? Pedro Henrique: Praticamente hoje vivo em função simplesmente da música. Ela ocupa todo espaço no meu dia a dia. Tanto as manhãs, como a noite. À tarde, faço cursinho pré-vestibular, para prestar a Faculdade de Música na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e eu sou o organista oficial da Catedral, tocando em tod o s os

Revela: Existe algum preconceito com os musicistas vinculados a algum tipo de culto religioso no Brasil? Nos Estados Unidos, sabemos que grandes músicos saíram das igrejas. Paulo: Existe preconceito porque você acaba convivendo com pessoas da igreja e, às vezes, as pessoas interpretam isso de forma equivocada. Eu sou Cristão Católico Apostólico Romano, sou tradicional da

eventos oficiais.

Revela: Qual o papel do conservatório Renato Frateschi em sua formação? Paulo: Foi lá que comecei a me edificar, a ter um ouvido para ouvir a música erudita: Beethoven, Bach. Hoje, sou formado. Tenho curso técnico em piano. Existem pessoas que tiveram participação preponderante na minha vida no conservatório, como Daniel Lopes, Cristina Arruda, o Ciro Robás e a Nora, que foi minha primeira professora de piano.

eventos esportivos. Isso mostra que esse gênero musical sempre estará presente.

Revela: Quais são seus compositores preferidos? Paulo: Johann Sebastian Bach é praticamente o pai da música universal. Através dele que se deu a polifonia (várias vozes) para chegarmos nas harmonias que temos hoje. Tchaikovsky eu admiro muito, com seus grandes concertos, em especial, para piano e orquestra. Mozart e Chopin têm um espaço especial. Chopin foi pianista e também organista.

Revela: Você acredita que a dificuldade de atingir o sucesso com a música erudita inibe os jovens músicos de trilhar este campo musical? Paulo: O que desanima muito os jovens é que o retorno é muito demorado. Eu tenho quase 10 anos de estudo para chegar onde eu estou. Quem toca música erudita tem que se doar totalmente a isso. Outro fato é que, atualmente, no Brasil, não há incentivo para a música erudita.

Revela: Muitos dos compositores eruditos eram ditos como revolucionários. Quem, atualmente, você acredita que terá sua música executada daqui a 300 anos? Paulo: Não podemos dizer que Bach e Beethoven serão eternos. Só podemos afirmar que suas músicas nunca morrerão. Podemos dizer que a Nona Sinfonia de Beethoven, elaborada quando ele já estava surdo, foi um marco. Foi inclusive tema de

Revela: Quais as perspectivas de popularização deste gênero? Paulo: O que falta para um maior número de profissionais desse gênero musical é a divulgação, ou seja, devese mostrar mais essa música aos jovens. O Brasil e, em especial, Uberaba, vem crescendo nesse âmbito. Podemos dizer que daqui a uns cem anos teremos muitos músicos bons, com a mesma qualidade dos músicos da Europa. Porém, não podemos comparar a Europa que

Os músicos da noite são muito bons porque têm ouvido apurado


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