Rev. Gibson da Costa - Confissões Teológicas: Um ministro unitarista (re)pensando a fé no século XXI

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Todos nós, e isso inclui você, utilizamos uma filosofia para construir nossas concepções teológicas (ou se preferir, religiosas). A teologia cristã toma muitas diferentes filosofias como molde para construir uma interpretação da vida e obra de Jesus. Você e eu interpretamos as Escrituras, por exemplo, com base num conjunto de concepções filosófico-teológicas que já existiam antes da leitura que fazemos e que usamos para servir de guia a nossas conclusões. Todos nós fazemos isso, independentemente de termos consciência disso ou não. Sei o quanto isso pode ser difícil para você compreender, já que em sua comunidade religiosa (a Assembleia de Deus) tradicionalmente condenam a Filosofia e utilizam o termo de forma pejorativa. Então, dizer-lhe que mesmo você faz uso de uma filosofia para interpretar a mensagem cristã, deve deixá-la na defensiva, se você não compreende o meu uso da palavra “filosofia”. Como membro da Assembleia de Deus, você lê a Bíblia a partir de uma perspectiva que a julga como sendo literalmente “palavra de Deus”, ou seja, sua compreensão (=filosofia) de “inspiração divina” é aquela que chamamos de “inspiração plenária” - a noção de que toda a Bíblia tenha sido literalmente ditada por Deus, e que, por isso, esteja livre de erros (“inerrância bíblica”). Talvez, ninguém tenha lhe dito que essa ideia (=filosofia) a respeito da autoridade da Bíblia só tenha surgido, nesses termos, no século XVII, tendo sido proclamada pelo luterano Johann Quenstedt. Nem 194


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