Almanaque da Cultura Negra - UFRJ - vFinal

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Ă?ndice

Almanaque da Cultura Negra



Editorial

C

HEGAMOS AO VOLUME FINAL DO NOSSO ALMANAQUE DA CULTURA NEGRA, finalmente alcançando o ainda curto, porém já denso, século XXI. Nossa intenção com a publicação é a de prestar uma homenagem às pessoas que, mesmo com tantas coisas bonitas a oferecer, ainda têm de passar por assombrosas adversidades e um racismo que, tristemente, ainda permeia parte significativa do mundo. Queríamos mostrar que a Cultura Negra não existe apenas em seus espaços próprios, mas conquista a cada dia aquilo que lhe era estranho e até mesmo hostil, levando sua cor, raça e coragem aos palcos, telas e quadras em todo o mundo. Mostrar o negro subvertendo o racismo e influenciando profundamente a arte, a política e o esporte, por onde quer que passe, imprimindo sua própria raça num mundo racista: essa é a nossa intenção. Assim, os negros transformam em ferramenta os esportes, superando os limites físicos do ser humano e quebrando recordes mundiais. Destacam-se nas mais variadas categorias, do futebol ao atletismo; do basquete ao golf; do UFC à Fórmula 1. E assim, fazem de sua alma, lírica; de sua dor, poesia; de sua força, canto. E embasbacam o mundo com a potência da black music, entoando um singelo lamento de um samba ou o ritmo incansável do R&B; a melancolia profunda de um blues ou a verborragia subversiva do rap e do funk carioca. Assim, escrevem seus sonhos, filmam suas esperanças, retratam suas desilusões. Superam o mundo e levam a si mesmos a outro patamar: afirmam sua cor e reafirmam seu coração. No cinema, na televisão ou na literatura, a Cultura Negra se manifesta com a força extraordinária de quem luta. Mas o que é Cultura Negra? Cultura Negra é tudo aquilo que reafirma o negro perante o mundo e que, como este almanaque, procura e encontra uma beleza que vai além da cor da péle.


Expediente Bernardo Soares é carioca, estudante de Comunicação Social e apaixonado por livros. Hoje, após uma longa tentativa de cursar Medicina, sonha com o Jornalismo e, paralelamente, se diverte com aulas de Redação para pré-vestibulandos. Nesta edição, assina a seção de Literatura, o que não podia ser diferente. Breno Crispino é estudante de Comunicação Social na UFRJ, mas já cursou Ciências Sociais na mesma universidade. Interessado pelos movimentos culturais,busca sempre manter-se a par de suas movimentações e novidades. Assina a seção de Música e o Editorial. Juliana Fidelis nasceu na Cidade-sorriso, oficialmente conhecida como Niterói. Já quis ser até astronauta, e chegou a pensar seriamente em seguir carreira de psicóloga durante o único semestre que cursou da área, mas se encontrou de verdade quando começou a frequentar a Escola de Comunicação Social da UFRJ e hoje em dia tem certeza que nasceu para escrever. Neste almanaque assina a matéria de Cinema. Matheus Meyohas é carioca, mas saiu do Rio de Janeiro com apenas 1 ano de idade para viver com seus pais na pequena cidade de Iguape, em São Paulo. Apaixonado por esportes e com muito interesse em política, o jovem de 17 anos voltou ao Rio para ingressar na Escola de Comunicação da UFRJ. Neste Almanaque, assina a seção de Esportes. Renan Moisés. O paulista que chegou a se formar em economia deixou os número para estudar Comunicação. Além das letras descobriu também vocação para o Design e neste almanaque foi responsável pela nossa diagramação. Samyta Nunes. Mineira nascida atriz, Samyta Nunes trocou o interior pela capital e depois BH pelo Rio de Janeiro, onde mora há 7 anos. Já foi livreira, secretária, crítica de cinema, apresentadora, e atualmente escreve sobre novelas no site Purepeople, além de cursar Comunicação na UFRJ. Sua vida é quase uma novela mexicana. Victor de Castro. Recém chegado no Rio de Janeiro, Victor de Castro Sousa é mineiro. Estudante de comunicação, sua primeira faculdade, resolveu largar tudo e embarcar na busca por seu sonho: telejornalismo. Apaixonado por teologia, história e filosofia política, neste almanaque escreveu sobre as principais lideranças negras da atual ordem mundial.


Índice 3........................................................Editorial 6......................................................expediente 7......................................................Literatura 8.................................................Conceição Evaristo 10..................................................COlson Whitehead 12.............................................................Paulo LIns 14.........................................................Wole SOyinka 16..........................................José rufino dos santos

17.......................................................Televisão 18............................................................Taís Araújo 20......................................................camila pitanga 22.................................................................Ru paul 24.......................................................Oprah Winfrey 26........................................................Lázaro Ramos

27..........................................................Cinema 28...............................................................Spike Lee 30....................................................Octavia Spencer 32.......................................................Steve Mcqueen 33...............................................................Joel zito 34.....................................................Lupita Nyiong’o

35...........................................................Música 36...................................................Wynton marsalis 38..............................................................Mr. Catra 40....................................................beyocé knowles 42..................................................................criolo 44.....................................................Teresa Cristina

45........................................................Esporte 46.....................................................Anderson Silva 48......................................................Lewis Hamilton 50........................................................lebron James 52.............................................................Usain Bolt 54............................................................Neymar Jr.

56.........................................................Opinião 57.........................................................Política 58.......................................................Barack Obama 60....................................................Condoleeza Rice 61............................................................Kofi Annan 62...................................................Joaquim Barbosa 65...........................................................Jacob Zuma

66.............................................Última palavra Almanaque da Cultura Negra



ITERATUR


Literatura

Conceição

EVARISTO Nasceu em uma favela em Belo Horizonte e conciliou os estudos com o trabalho como empregada até concluir seu curso normal, aos 25 anos. Mudou-se, então para o Rio de Janeiro, onde estudou Letras na UFRJ e passou em um concurso público para o magistério. Teve sua estreia na literatura em 1990, com obras publicadas na série Cadernos Negros. Suas obras, em especial o romance Ponciá Vicêncio, abordam temas como a discriminação racial, de gênero e de classe. A obra foi traduzida para o inglês e publicada nos Estados Unidos em 2007. É MESTRA EM LITERATURA BRASILEIRA PELA PUC-RIO e Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense. Atualmente, leciona na UFMG como professora visitante. Em entrevista concedida ao blog Blogueiras Femininas, Conceição fala um pouco do que pensa a respeito da literatura e consciência negra e do lugar que a mulher tem na escrita brasileira: “O que eu tenho pontuado é isso: é o direito da escrita e da leitura que o povo pede, que o povo demanda. É um direito de qualquer um, escrevendo ou não segundo as normas

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cultas da língua. É um direito que as pessoas também querem exercer. Então Carolina Maria de Jesus não tinha nenhuma dificuldade de dizer, de se afirmar como escritora. (…) E quando mulheres do povo como Carolina, como minha mãe, como eu, nos dispomos a escrever, eu acho que a gente está rompendo com o lugar que normalmente nos é reservado, né? A mulher negra, ela pode cantar, ela pode dançar, ela pode cozinhar, ela pode se prostituir, mas escrever, não, escrever é uma coisa… é um exercício que a elite julga que só ela tem esse direito. (…) Então eu gosto de dizer isso: es-

crever, o exercício da escrita, é um direito que todo mundo tem. Como o exercício da leitura, como o exercício do prazer, como ter uma casa, como ter a comida (…). A literatura feita pelas pessoas do povo, ela rompe com o lugar pré-determinado”. Cabe aqui uma observação: Carolina Maria de Jesus (1914-1977) é autora de Quarto de Despejo – Diário de uma favelada. Best-seller à época de sua publicação e traduzido em 13 idiomas desde então, o livro narra as mazelas e discriminações enfrentadas pela autora na periferia de São Paulo. Como diz Cuti, escritor e pesquisador da literatura negra, “a literatura é poder, poder de convencimento, de alimentar o imaginário, fonte inspiradora do pensamento e da ação”. A obra de Conceição Evaristo tem o objetivo claro de revelar a desigualdade velada em nossa sociedade, de recuperar uma memoria sofrida da população afro-brasileira em toda sua riqueza e potencialidade de ação.


Lirateratua

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Literatura

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Literatura

Colson

WHITEHEAD Escritor norteamericano, nasceu em 1969 e cresceu em Manhattan. Se formou na Universidade de Harvard e começou a trabalhar no Village Voice, onde escreveu resenhas de TV, livros e música. Seu primeiro romance, The Intuitionist, ou A Intuicionista, foi finalista no PEN/Hemingway e vencedor do Quality Paperback Book Club’s New Voices Award. Escreveu, ainda, livros como John Henry Days, The Colossus of New York, APEX Hides the Hurt, Sag Harbor e Zone One, muitos deles premiados ao longo dos anos e inspiradores de diversos filmes. Em A Intuicionista, Colson põe em primeiro plano Lila Mae Watson, uma brilhante inspetora intuicionista negra. Ela não falha, mas é responsabilizada por um acidente grave: um elevador cai em queda livre em um prédio que é a menina dos olhos do prefeito da cidade, a poucos dias da inauguração. Com esses elementos básicos, Whitehead elabora uma fantasia irrestistível sobre a verticalidade, em torno

de uma protagonista negra. A Esquire Magazie nomeou o livro o melhor primeiro romance do ano, e GQ o reconheceu como um dos romances do milênio. O romancista John Updike, em resenha do livro na The New Yorker, chamou Whitehead de “ambicioso”, “cintilante” e “contundentemente original”. Suas não-ficções, artigos e resenhas apareceram em numerosas publicações, incluindo

The New York Times, The New Yorker, Granta e Harper’s. Whitehead lecionou na Universidade de Houston, Columbia, Brooklyn College, Hunter College e New York University. Hoje, Colson vive no Brooklyn com sua esposa Natasha e sua filha Madeline e é professor convidado de Escrita Criativa na Universidade de Princeton.

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Literatura

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Literatura

Paulo

LINS

Escritor brasileiro, ganhou fama com a publicação do livro Cidade de Deus, em 1997, que conta a vida nas favelas do Rio de Janeiro. Morador da favela carioca, começou como poeta em 1980, integrante do grupo Cooperativa de Poetas, por onde publicou seu primeiro livro de poesia, Sobre o Sol. Fez roteiros para alguns episódios de Cidade dos Homens, série da TV Globo, e o roteiro do filme Quase dois irmãos, em 2004, de Lúcia Murat, que recebeu o prêmio de melhor roteiro da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 2005. DEDICOU-SE AO MAGISTÉRIO E À PESQUISA ANTROPOLÓGICA sobre a criminalidade e as classes populares antes de escrever o livro que tornaria seu nome conhecido mundialmente. Em 1995, foi contemplado com a Bolsa Vitae de Literatura. Acompanhou o nascimento e a ascensão do tráfico de drogas na Cidade de Deus. Não chegou a conviver intimamente com os bandidos, mas os via atuar de sua janela. Um dos principais críticos do país, Roberto Schwarz, observou a capacidade do autor, em Cidade de Deus, de transpor para a literatura uma situação social deteriorada, aliando em sua narrativa a agilidade da ação cinematográfica e o lirismo da poesia. O filme, inspi-

rado em seu livro homônimo, recebeu quatro indicações ao Oscar 2004 (melhor diretor, fotografia, montagem e roteiro adaptado) e foi indicado ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. No projeto Paiol Literário, Paulo Lins fala um pouco de suas impressões do Brasil em que vivemos e da recompensa histórica acerca da valorização do negro no país: “Os negros ainda estão numa situação de pós-escravidão. Se você não tem uma escola funcionando bem, se você não tem um ensino bom, nunca vai ter igualdade. Porque essa diferença só vai se dar através da educação. Para o sujeito chegar ao mercado de trabalho com a mesma formação de uma pes-

soa de classe média que não tem a história da escravidão, do racismo, na família. Porque a coisa é familiar, a gente traz o carma do passado. O que eu sou, hoje, foi o que me fizeram. É toda uma tradição de avós, de bisavós, de herança, de tudo, de coisas que se passam através da família, através do Estado. Estou trabalhando para a televisão agora, fazendo uma minissérie [Suburbia]. A gente vai ver e está a mesma coisa. Por exemplo, a questão da violência. O que fizeram com o samba fizeram agora com o hip-hop e o funk. E são as mesmas pessoas que se manifestaram. Você ser racista e não gostar de negro é uma coisa. Agora, quando você é patrão e não dá emprego para o negro, é outra coisa. Quando você é policial e vai abordar um negro, é outra. Quando o Estado é racista, aí… A sociedade brasileira é racista.” Após catorze anos de trabalho intermitente, em 2012 lançou seu Segundo romance, Desde que o Samba é Samba, que recria ficcionalmente a invenção do samba por músicos do bairro carioca da Estácio na década de 1920.

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Literatura


Literatura

Wole

SOIYNKA Nigeriano, em 1986 foi agraciado com o Nobel de Literatura, considerado o dramaturgo mais notável da África. Se formou pela University College (1952-54), em Idaban, na Nigéria, e na University of Leeds (1954-57), na Inglaterra, com menção honrosa em Literatura inglesa. Trabalhou no Teatro da corte real em Londres antes de retornar à Nigéria para se dedicar ao estudo da dramaturgia africana. Lecionou na universidade de Lagos e Ife, tornando-se professor de Literatura comparada na última em 1975. ENQUANTO ESTUDANTE, APAIXONOU-SE PELO TEATRO, e por altura da sua formação, já havia levado a palco algumas peças de sua autoria, como A Quality Of Violence, The Swamp Dwellers e The Lion And The Jewel, que descrevia as andanças de um professor e de um ancião chefe tribal africano na sua tentativa de conquistar o coração de uma jovem. Em 1960, regressou à Nigéria, onde, após ter recebido uma bolsa da Fundação Rockefeller, fundou uma companhia de teatro, The 1960 Masks. Publicou nesse ano A Dance In The Forests, peça que celebrava a Independência da Nigéria, e que combinava uma expressão tradicional africana com técnicas europeias do teatro de vanguarda.

Participou ativamente na história política da Nigéria. Em 1967, durante a Guerra Civil, foi preso pelo governo federal e mantido em confinamento solitário. Na prisão, escreveu poemas, mais tarde publicados em uma coleção sob o título Poems from prison. Foi liberado vinte e dois meses mais tarde, após haver se formado uma conscientização internacional sobre a sua situação. Alguns anos depois, recontou sua experiência no confinamento no livro The man died: prison notes. Observando as garras da censura tomando posse de seu trabalho, optou por abandonar a Nigéria em 1972. Chegou, portanto, à Inglaterra, onde se tornou professor convidado no Churcill College de Cambri-

de. Durante esse período, pubicou obras como Jero’s Metamorphosis e Death And The King’s Horsemen. Mudou-se para o Gana em 1975, onde colaborou com o periódico Transition como editor, mas depois de um golpe de estado ocorrido no país teve de regressar à Nigéria, onde passou a ocupar o cargo de professor catedrático de Inglês na Universidade de Ife. Em 1976, publicou Myth, Literature, And The African World, um célebre embrião do pensamento pan-africanista que o caracterizou. Tem criticado abertamente as administrações da Nigéria e de tiranias políticas mundo afora, inclusive fez denúncias contra o regime de Mugabe e Zimbabwe. Muitos de seus escritos tratam do que ele chama de “the oppressive boot and the irrelevance of the colour of the foot that wears it”, “o coturno opressivo e a irrelevancia da cor do pé que a calça”, forma de expressão que tem rendido muitas ameaças de morte. Em 2011, Soyinka publicou King Baabu, uma paródia aos ditadores africanos.

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Literatura

H

cia quando o assunto é cultura africana no Brasil. Voltado para o público infanto-juvenil, recebeu dois prêmios Jabutis e duas indicações ao Prêmio Hans Christian Andersen (Dinamarca), considerado o prêmio nobel da literatura infantil e juvenil. Trabalhou como colaborador nas minisséries Abolição, de Walter Avancini, transmitida pela TV Globo em 1988, e República, em 1989. Durante a ditadura militar, militou como intelectual e chegou a ser preso e torturado por um ano e meio. Foi exilado no Chile e na Bolívia. Militou em prol dos negros e da visibilidade da cultura popular brasileira. Sempre foi a favor dos menos abastecidos, como ele mesmo foi, e aceitava com vigor cargos públicos que possibilitavam lutar a fa-

vor da cultura afro-brasileira. Além de livros de ficção para o público infantil e adulto, foi autor de diversas não-ficções, na área de literatura e de livros didáticos, como Histórias, história, em 1992, História do Brasil, em 1980, além de ter sido coautor dos livros História Nova do Brasil, em 1963 e Nação Quilombo, em 2010. Dedica-se, hoje, a coisas simples: família, livros, futebol, escolas de samba. Aprecia cinema e televisão moderadamente. Na literatura, seus preferidos são García Marquez, Borges, Guimarães Rosa, Nelson Rodrigues, Raul Pompéis, Lima Barreto. Na música, Nelson Cavaquinho, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Lupicínio Rodrigues. No futebol, torce sempre pelo melhor, embora seja Botafogo.

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ISTORIADOR E PROFESSOR NASCIDO EM CASCADURA, subúrbio do Rio de Janeiro, formou-se em História e tem Doutorado em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Quando perguntado, em entrevista ao G1, sobre obras importantes de sua formação, reponde: “Filho nativo de Richard Wright; Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre; O Ateneu, de Raul Pompéia; Terras do Sem-Fim, de Jorge Amado; O Escravo, de Hall Caine; O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo; o Manifesto Comunista, de Marx e Engels... A lista é comprida. O decisivo não é o livro em si, mas a altura da vida em que você o lê. Esses foram os do começo da minha juventude.” É um dos nomes de referên-

Joel RUFINO DOS SANTOS Almanaque da Cultura Negra



Televisão

Taís

ARAÚJO “Se formos falar em número, essa representação do negro na TV brasileira ainda é muito inferior do que o ideal, mas está caminhando... ‘G3R4ÇÃO BR4S1L’, por exemplo, talvez tenha como personagens importantes o mesmo que ‘Lado a Lado’, que é uma novela que falava de um período histórico. Temos Lázaro, eu, Luís Miranda, Max Lima, Nando Cunha, Danilo, Jessica Ellen... Se você for contar e levar em consideração que é uma novela absolutamente contemporânea, se surpreende positivamente”, pondera a Taís Araújo em entrevista exclusiva para o Almanaque de Cultura Negra. TAÍS BIANCA GAMA DE ARAÚJO NASCEU EM 25 DE NOVEMBRO DE 1978 NO RIO DE JANEIRO, e morou até os 8 anos de idade no bairro carioca do Méier. Em 1994 foi descoberta por Monique Evans num salão de beleza e começou sua carreira de modelo, mas desde os 11 anos já tinha contato com o teatro. É em 1996 que Taís ganha seu primeiro papel na TV, na extinta Manchete, como a Bernarda de “Tocaia Grande” e já no segundo semestre do mesmo ano é escolhida por Walter Avancini para protagonizar “Xica da Silva”, a primeira protagonista negra da

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televisão brasileira. Em 1999 ela estreia na TV Globo como a cabelereira Edvania de “Meu Bem Querer” e ganha seu primeiro prêmio de melhor atriz no festival de cinema brasileiro em Miami, pela atuação no longa “A caminho de um sonho”. Três anos depois, interpreta Elza Soares no filme “Garrincha, uma Estrela Solitária” e novamente é premiada como melhor atriz no mesmo festival. Em 2004 se torna a primeira protagonista negra da TV Globo, a Preta de “Da cor do Pecado”, trama de João Emanoel Carneiro que foi ao ar no horário das 19h e teve

grande êxito de audiência. Em 2006 vive Ellen, vilã cômica de “Cobras & Lagartos”, par romântico de Lázaro Ramos, seu então namorado e atual marido. Também nessa época começa a apresentar o programa “Superbonita” do GNT e recebe outro prêmio de melhor atriz, desta vez no festival internacional de cinema de Gramado pelo filme “O maior amor do mundo”. A atriz faz história novamente em 2009 ao interpretar a persongem Helena de “Viver a Vida”, a primeira protagonista negra do horário nobre da TV Globo e a única das 12 Helenas da obra de Manoel Carlos. Posteriormente, em 2012, ela integra o trio de “empreguetes” da novela “Cheias de Charme”, em que interpretou Maria da Penha, uma das empregadas domésticas que vira cantora de sucesso com o grupo musical chamado “As Empreguetes”. Agora em 2014 ela dá vida à jornalista Verônica de “G3R4ÇÃO BR4S1L”, par romântico do protagonista Jonas Marra (Murilo Benício).


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Televisão

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Televisão

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Televisão

Camila

PITANGA Nascida numa família negra e tipicamente brasileira, Camila é hoje um dos ícones da raça na TV e uma das atrizes mais requisitadas na publicidade. Embaixadora de uma marca de cosméticos internacional, a atriz também é madrinha da ONG Solar Meninos de Luz, uma entidade que promove educação, cultura, esportes e cuidados básicos de saúde em comunidades carentes do Rio de Janeiro. Nesse momento ela se divide entre o teatro e as gravações da série do GNT, “Sessão de Terapia”, e volta às novelas em 2015, na próxima trama de GIlberto Braga. FILHA DO ATOR ANTONIO PITANGA E IRMÃ DO TAMBÉM ATOR ROCCO PITANGA, a carioca Camila Magalhães Sampaio cresceu em constante contato com o meio artístico da televisão e do cinema. Já aos seis anos de idade a pequena Camila adota o sobrenome artístico do pai, Pitanga,e aparece como figurante no longa de Cacá Diegues chamado “Quilombo” (1984). Aos 11, torna-se assistente de palco no programa infantil da Angélica e também inicia sua carreira de modelo. Em 1993 ela faz sua estreia na

TV Globo, na minissérie “Sex Appeal”, e a partir daí integra o elenco de muitas novelas de sucesso, como “Fera Ferida”, “A Próxima Vítima”, “Porto dos Milagres”, “Pecado Capital”, “Paraíso Tropical”, “Belíssima”, “Mulheres Apaixonadas” e “Lado a Lado”, sendo essa última seu trabalho mais recente na emissora. Em 2000 teve destaque na microssérie “Caramuru - A Invenção do Brasil”, com a índia Catarina Paraguaçu. Mas é em 2007, após a recusa de Mariana Ximenes para interpretar a prostituta Bebel de “Paraíso Tropical”,

que Camila assume a personagem e emplaca um de seus maiores sucessos; recebendo várias indicações e prêmios de melhor atriz. O papel se torna um divisor de águas em sua carreira. Em 2008 ela apresenta o musical “Som Brasil” e substitui Luana Piovani no seriado dominical “Faça sua História”. Entre 2009 e 2010 Camila viveu sua primeira protagonista de novelas, a ex-empregada doméstica Rose, em “Cama de Gato”, trama de Duca Rachid e Thelma Guedes que foi ao ar no horário das seis. E em “Lado a Lado” (2012), folhetim vencedor do Emmy de melhor novela de 2012, volta a interpretar uma arrumadeira, Isabel, que muda de vida após uma temporada em Paris, onde ganha fama e dinheiro dançando samba. No cinema a atriz paticipou de “Saneamento Básico, O Filme” (2007), em que contracena com Wagner Moura, Fernanda Torres, Lázaro Ramos e Paulo José; “Noel - Poeta da Vila (2007)” e protagonizou “Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios (2012)”.

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Televisão

RuPaul Para RuPaul não importa o gênero, o mais importante é brilhar. “Você pode me chamar de ele. Você pode me chamar de ela. Você pode me chamar de Regis e Kathie Lee. Eu não ligo! Desde que você me chame”, disse, em uma de suas célebres declarações. Ela comanda o programa que já virou febre na TV e se tornou um dos assuntos mais comentados da atualidade quando se trata de reality shows. Com frases de efeito como: “Se você não amar a si próprio, como vai amar outra pessoa?”, Ru consquistou milhares de fãs ao redor do mundo, espalhando glamour por onde passa.

R

UPAUL ANDRE CHARLES NASCEU EM 17 DE NOVEMBRO DE 1960 EM SAN DIEGO, CALIFÓRNIA. Começou sua carreira artística como músico e diretor de filmes em Atlanta, nos anos 80, e também se apresentava na boate Celebrity como dançarino e também com sua banda, chamada “Wee Wee Pole”. A primeira vez que seu nome e carreira ganharam projeção nacional nos Estados Unidos foi em 1989, quando participou do clipe “Love Shack” de “The B-52’s”. RuPaul também foi backing vocal, junto com a drag queen Vaginal Davis, de Glen Meadmore. Ator, drag queen, modelo, autor, e cantor, RuPaul ficou famoso nos anos 90 quando apareceu em vários programas de TV, filmes e álbuns musicais. E usando seu nome completo chegou a fazer alguns papéis masculinos.Em 1999 RuPaul recebeu o prêmio Vito Russo Entertainer of The year, da GLAAD - The Gay & Lesbian Alliance Against Defamation, por desafiar os limites e romper fronteiras ao se tornar um indivídio abertamente gay que alcançou excelência no campo do entretenimento e promoveu sua visibilidade e compreensão da comunidade através de seu trabalho. Em 2002 ele foi homenageado pela Associação dos Mais Bonitos Transsexuais do Mundo, que elogiaram por seu apoio na à comunidade gay e lésbica. Desde 2009 RuPaul é apresentador, mentor e fonte de inspiração no reality show chamado “RuPaul’s Drag Race”, que busca a próxima drag super estrela da América (America’s next drag superstar). A primeira temporada do programa foi a série mais assistida da TV Logo, canal que o produziu, e a segunda temporada foi a mais assistida na história da LogoTV.com, se consagrando um sucesso absoluto de audiência.

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Televisão

Oprah

WINFREY Na TV gringa, Oprah Winfrey criou uma conexão com as pessoas ao redor do mundo através do poder da mídia. Como anfitriã e supervisora de produção do premiado “The Oprah Winfrey Show”, ela levou entretenimento e informação a milhões de telespectadores por 25 anos. Suas realizações como líder global de mídia e filantropa estabeleceram-na como uma das figuras públicas mais respeitadas e admiradas da atualidade. Agora ela é idealizadora e dona da rede “OWN” - uma sigla para “The Oprah Winfrey Network” e a palavra “próprio” em inglês -, com conteúdo online, canal de TV e rádio. NASCIDA NA CIDADE DE KOSCIUSKO, no estado norte-americano do Mississipi, em 29 de janeiro de 1954, Oprah Gail Winfrey ganhou múltiplos prêmios Emmy por seu programa, que é o talk-show com maior audiência da história da televisão norte-americana. Ela é também uma influente crítica de livros, atriz indicada a um Oscar pelo filme “A Cor Púrpura” e editora da revista “The Oprah Magazine”, além de ser psicóloga. Depois que seu programa parou de ser exibido, em 2001, passou a se dedicar à sua própria rede, “OWN” e a outros projetos so-

ciais. Apesar de vir de uma família humilde e dos vários problemas que teve durante sua infância e adolescência - dentre eles o fato de ter sido violentada por um tio e primos quando tinha apenas 9 anos e a gravidez precoce, aos 14 anos, seguida da morte de seu único bebê pouco tempo depois do parto -, Oprah foi eleita a mulher mais rica do ramo de entretenimento no mundo durante o século XX pela revista Forbes, sendo também uma das maiores filantropas de todos os tempos; e a primeira mulher negra a ser in-

cluída na lista de bilionários, em 2003. Em 2010, é a única mulher a permanecer no topo da lista por quatro anos. Exerceu considerável influência política durante a candidatura de Barack Obama ao cargo de Presidente dos Estados Unidos em 2008. Sendo esta a primeira vez em que Oprah apoiou algum político. Oprah demonstrou primeiramente seu apoio aos Obama na sua residência em Montecito, Califórnia e desde então acompanhou os Obama em seus comícios políticos. Em 2008 Barack Obama ofereceu-lhe a cadeira no Senado dos Estados Unidos.

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Televisão

Lázaro

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RAMOS

N

ASCIDO EM SALVADOR, LÁZARO RAMOS já fazia parte do Bando de Teatro Olodum aos 15 anos de idade e desde 1994 participou de mais de 14 espetáculos, dentre eles “A Máquina”, sucesso de público e crítica, com Wagner Moura e Vladimir Brichta e dirigido por João Falcão. Em 2005 ele se mudou para o Rio de Janeiro e protagonizou “Madame Satã”, filme que lhe rendeu vários prêmios de melhor ator em diversos festivais internacionais de cinema, o que fez com que seu trabalho ganhasse projeção nacional.

Teve sucesso no cinema também nos filmes “Carandiru” e “o Homem que Copiava”, ambos em 2003; depois em 2005 com “Cidade Baixa” e em 2007 com “Ó Paí Ó”, que posteriormente se tornou um seriado na TV Globo. Sua estreia em novelas aconteceu em 2006, com o co-protagonista Foguinho, de “Cobras & Lagartos”, personagem que caiu no gosto do público e pelo qual foi indicado ao Emmy de melhor ator, tendo recebido seis premiações nessa categoria, incluindo o Prêmio da APCA. Em 2011 Lázaro sofreu rejei-

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ção do público ao interpretar o “pegador” André, da novela “Insensato Coração”. No ano seguinte, porém, ele foi escalado para co-protagonizar “Lado a Lado” par romântico de Camila Pitanga, e seu heróico capoeirista Zé Maria foi bem aceito. Atualmente Lázaro é um dos mais premiados atores brasileiros de sua geração. Em julho de 2009 foi nomeado embaixador do UNICEF e considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes desse ano.



Cinema

Spike

LEE

O cinema é um espaço amplo, que pode muito bem servir para que denúncias sejam convertidas em forma de arte, mas onde então os corajosos para mergulhar em polêmicas? Em 20 de Março de 1957, nasce, em Atlanta, Shelton Jackson Lee, que mais tarde ficaria conhecido apenas como Spike Lee, que enxerga o cinema como esse espaço e desde cedo começa a abalar a estrutura dos cinemas tradicionais. Roteirista, diretor, produtor e também, ator (Lee faz participações nos seus próprios filmes), ele já incomodou muita gente com obras que abordam o racismo e suas consequências. AINDA NA GRADUAÇÃO, RECEBEU PRÊMIOS DE ALGUNS FESTIVAIS POR SEU FILME, “JOE’S BED-STUY, BARBERSHOP: We Cut Heads” em 1980 (sem tradução para o nosso idioma) Nove anos depois recebeu sua primeira indicação ao Oscar, com o filme que é considerado um dos mais polêmicos de todos os tempos: “Faça a coisa certa” (“Do the Right Thing”). O filme conta a história de um italiano proprietário de uma pizzaria em uma zona problemática de Nova York nos anos 1980, cuja maioria dos moradores são negros. Seu negócio atrai clientes, até ele se envolver em discussões e

bate-bocas com alguns moradores do bairro, gerando um conflito inter-racial. O filme que mostra conflitos das minorias de guetos, quebrando estigmas e mostrando os preconceitos existentes em diferentes etnias. Desde então, é possível acompanhar a longa lista de seus filmes que tratam desse tema polêmico e pouco debatido na indústria cinematográfica, como “A última noite” (“25th Hour”, 2002. Filme muito aclamado pela crítica em que o ator Edward Norton interpreta um narcotraficante condenado a sete anos de prisão e tem apenas um único dia de liberdade an-

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tes de começar a cumprir sua pena.), “O plano perfeito” (“Inside Man”, 2006, um thriller de ação, o filme trata de questões do bem e do mal em inesperadas fontes, corrupção, anti-heróis, multiculturalismo nos Estados Unidos da América, em Nova Iorque, em particular, pós 11 de setembro de 2001), “Miracle at St. Anna” (2009, o enredo se baseia no massacre de Sant’Anna di Stazzema, em 12 de agosto de 1944 no qual 560 pessoas - a maioria mulheres, crianças e velhos foram mortas por oficiais da SS), “Oldboy” (2013, remake do filme sul-coreano homônimo de 2003, o filme tem no elenco Josh Brolin, Sharlto Copley, Elizabeth Olsen e Samuel L. Jackson), entre outros. Spike é também responsável por revelações de grandes astros como Queen Latifah, Helly Berry, Eddie Murphy, Martin Laurence, Wesley Snipes e Jonh Turturo. Spike já foi diversas vezes criticado por algumas vezes perder seu foco social e político, mas continua a surpreender com filmes inteligentes e polêmicos, que não deixam a arte e magia, que o cinema proporciona, de lado.


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Octavia

SPENCER Mulher, negra e acima do peso considerado ideal. Alguém assim, tão fora dos padrões não poderia roubar a cena, certo? Errado, pois uma atriz de muito talento, anos de carreira e um Oscar na bagagem provou que padrões são uma bobagem. Octavia Lenora Spencer nasceu em 25 de Maio de 1970, no Alabama. A atriz vem de uma grande família de seis irmãos e é formada em Artes pela Universidade de Auburn. Octavia começou a trabalhar aos 16 anos, já na área do cinema, mas ainda como estagiária, na produção de “The Long Walk Home” estrelado por Whoopi Goldberg. A ATRIZ SÓ APARECEU À FRENTE DAS CÂMERAS EM “A TIME TO KILL”, onde interpretava uma enfermeira na adapatção do romance de John Grisham. Desde então fez participações em séries de TV, como “The Big Bang Theory”, ”Mom”, arrancou gargalhadas e lágrimas em outros longas e atualmente participa das produções de “Black and White”, “Get on Up”, “B.O.O.: Bureau of Otherworldly Operations” e “Insurgent” (ainda sem traduções para o nosso idioma). A atriz ganhou destaque na industria do cinema por seu

papel com Minny, na produção Histórias Cruzadas (”The Help” 2011) que lhe rendeu um Globo de Ouro e um Oscar na categoria de melhor atriz coadjuvante. O filme, que surgiu a partir do romance de Kathryn Stockett, conta a história de uma mulher caucasiana, em pleno Estados Unidos em sua época dos direitos civis, em 1960, que decide escrever um livro sob a perspectiva das empregadas (The Help), mostrando como elas estão sofrendo racismo na casa de seus patrões. Não demora para que ela tenha a

ideia de como revelar ao mundo como aquelas mulheres se sentem. Mas o único obstáculo para tanto são as próprias empregadas e seu medo de punição caso alguém descubra. Afinal, é na base da ameaça que os segredos das chefes brancas são mantidos. E quão detestáveis são as chefes! Os momentos mais sofridos do filme são de Viola Davis, cujos depoimentos são contados em tom calmo e sofrido. Já Minny (Octavia Spencer) dá os toques cômicos que às vezes são quase exagerados, mas não falham em arrancar risadas da platéia. Com essa produção ganhou o Oscar 2012 de melhor atriz coadjuvante por “Histórias Cruzadas” . Ela era considerada a favorita da categoria e concorria ao prêmio com a colega Jessica Chastain pelo mesmo filme. Aplaudida de pé pelo público, Spencer chorou muito e mal conseguiu fazer seus agradecimentos no palco. A atriz dedicou a estatueta à família, a Steven Spielberg, produtor de “Histórias Cruzadas”, e a toda equipe do filme.


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Steve

MCQUEEN S

na categoria de Melhor Ator - Filme Dramático, para MichaelFassbender.Em2014ocineastaentrouparaa história como o primeiro diretor negro a ganhar um Oscar, com seu terceiro longa “12 Anos de Escravidão”. Baseado em fatos reais, o filme conta a história de um homem negro livre que é escravizado nos EUA na década de 1840. A produção ainda ganhou mais duas estatuetas nas categorias atriz coadjuvante(LupitaNyong’o)eroteiroadaptado.Aoreceber o prêmio, Steve, emocionado, o dedicou a todos os que sofreram e ainda sofrem com a escravidão e acrescentou:“Todosmerecemnãoapenassobreviver, e sim viver”.

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TEVEN RODNEY “STEVE” MCQUEEN NASCEU EM LONDRES EM 9 DE OUTUBRO DE 1969. Foi vítima de racismo ainda na escola, quando foi colocado em uma classe de pessoas que estavam “mais aptas” ao trabalho manual, mas a turma acabou assim que um novo diretor assumiu e admitiu o erro. Apesar disso, ele nunca deixou de estudar e se formou em Arte e Design pela Chelsea College of Art and Design. Dedicou-se à produção de curta-metragens no inicio de sua carreira e só produziu seu primeiro longa em 2008. “Hunger” foi bem recebido e Steve recebeu o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes nesse mesmo ano. Em 2011, chamou mais uma vez a atenção de críticas e conquistouum BAFTAdeMelhorFilmecom“Shame”, que também foi premiado com um Globo de Ouro,

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Joel

U

M DOS POUCOS CINEASTAS NEGROS NO BRASIL, doutor em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP e pós-doutor no departamento de rádio, TV e cinema e no departamento de antropologia da University of Texas, em Austin, nos Estados Unidos. Joel nasceu em Novembro de 1954, no estado de Minas Gerais. É conhecido por seus curtas que levantam a bandeira do Movimento Negro no Brasil. Em 1999, finalizou seu primeiro longa, também um documentário, O efêmero estado, União de Jeová, sobre Udelino de Matos, um homem que, nos anos 1950, tentou formar um estado camponês com a população de maioria negra no norte do Espírito Santo. Em 2003, dirigiu “Vista A Minha Pele”, filme de aproximadamente vinte e sete minutos, muito visto e usado como material para debate em escolas, que é uma paródia do cotidiano brasileiro, onde os negros são a classe dominante

ZITO

e os brancos foram escravizados. Outros destaques do seu currículo são “São Paulo abraça Mandela”, “Retrato em Preto e Branco”, “Ondas Brancas nas Pupilas Pretas”, “As Filhas do Vento” (que ganhou oito prêmios no festival de Gramado, entre eles, melhor filme segundo a crítica, melhor diretor, ator e atriz. Na mostra de cinema de Tiradentes, foi escolhido melhor filme pelo público e participou ainda de festivais na Índia, na França, na África do Sul e em Camarões) e “A exceção e a regra”. E o que não falta no currículo de Joel são prêmios como Festival Ford/Anpocs, Rio de Janeiro - 1989. Festival Guarnicê de Cinema do Maranhão, 1992. Concurso Nacional de Documentários do Ministério da Cultura de 1999.Festival Internacional de Documentários, Quanta para o melhor documentário brasileiro, Prêmio “Gilberto Freire de Cinema” no 5o. Festival de Cinema do Recife, entre muitos outros.

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Lupita NYIONG’O Considerada pela revista “People” como a mulher mais linda da atualidade, a primeira nigeriana a ser indicada e ganhar um Oscar de melhor atriz coadjuvante vem roubando a cena nos telões e capas de revistas. Nyong’o nasceu na Cidade do México, México, filha de Dorothy e Peter Anyang ‘Nyong’o, um professor universitário que virou político no Quênia. Antes de levar o Oscar, Lupita trabalhou como estagiária de produção do filme “O Jardineiro fiel”, de 2005, dirigido por Meirelles. Ela cuidava do cronograma, coordenava as refeições da equipe, o controle dos transportes, figuração e animais de cena.Sua

estreia veio no filme 12 Years a Slave de Steve McQueen, o qual lhe rendeu uma indicação ao Golden Globe Awards, SAG Awards e BAFTA de melhor atriz coadjuvante em cinema.6 7 8 9 O filme rendeu a Lupita 26 prêmios nacionais e internacionais. Dirigido por Steve McQueen, “12 anos de Escravidão” é um filme de drama épico e histórico britânico-estadunidense de 2013 e uma adaptação da autobiografia homônima de 1853 de Solomon Northup, um negro livre nascido no Estado de Nova Iorque que foi sequestrado em Washington, D.C. em 1841, e vendido como escravo. Ele trabalhou em plantações

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no estado de Louisiana por 12 anos antes de sua libertação. A primeira edição acadêmica do livro de memórias de Northup, co-editado em 1968 por Sue Eakin e Joseph Logsdon, cuidadosamente refizeram e validaram a narrativa e concluiu-se que sejam precisas. Lupita é uma grande promessa para o cinema, mas ainda enfrenta certos preconceitos em Hollyoowd. Em uma entrevista para a revista “Essence”, a atriz disse que quando era mais nova, rezou para ter uma pele mais clara. Ela via sua pele como um obstáculo a ser superado até que, inspirada pela modelo sudanesa Alek Wek, começou a se apreciar. “Eu espero que minha presença na tela leve outras meninas a admirarem sua própria beleza”, disse a atriz.


ÚSIC


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Wynton

MARSALIS Da capital mundial do jazz, Wynton Marsalis tem no sangue e na alma a cadência da mais impactante black music do século XX. Traz consigo o calor puro do jazz clássico, que se alguns duvidam, Wynton mostra que está bem vivo e pulsante. E tem nele um dos principais rostos responsáveis por isso. Wynton, que além de músico, é professor, vem ensinando e reapresentando o jazz, tal como ele foi concebido, às novas gerações, mantendo viva a tradição musical da Nova Orleans. NUMA ÉPOCA EM QUE UM DOS MAIS ICÔNICOS e importantes sons afro-estadunidenses é considerado por muitos como “morto”, são necessários artistas que desmintam a afirmação e digam “eu faço jazz e ele está bem vivo”. Entre os muitos, um se destaca: filho de Ellis Marsalis Jr. (pianista de jazz americano, presente no Hall da Fama da Louisiana em 2008); trompetista; compositor; professor, Wynton Marsalis é conhecido por seu resoluto jazz clássico numa era pós Miles Davis. Com família de músicos e nascido em Nova Orleans, capital mundial do jazz, Wynton Marsalis ainda tem três irmãos no mesmo ramo: Brandford (sa-

xofonista), Delfeayo (trompetista) e Jason (bateirista). Graduado na Benjamin Franklin High School, é o músico mais jovem, com 17 anos, a ser admitido na Tanglewood’s Berkshire Music Centre, uma academia de música anual em que músicos emergentes participam de workshops, performances e aulas. Lá, ganhou o prêmio Harvey Shapiro. Em seguida, partiu para a aclamada Julliard, escola de música em Nova Iorque, onde recebeu uma bolsa para estudar com Woody Shaw, trompetista e grande influência para Wynton. Em 1995, a rede de televisão PBS estreou Marsalis on Music, uma série educacional so-

bre jazz e música clássica, estrelado por Wynton Marsalis. O show recebeu o prêmio George Foster Peabody, que reconhece qualidade em programas de rádio, televisão, etc... Em 2004, Wynton Marsalis inaugurou a primeira instituição de jazz do mundo, o Hall Frederick P. Rose. Já ganhou nove prêmios Grammy, entre eles um prêmio de “Best Spoken Word Album for Children”, em 2000, por seu álbum Listen to the Storyteller e foi o único artista a ganhar tanto para jazz quanto para música clássica. E um dos dois únicos a ganhar cinco anos consecutivos. Entre outras coisas, Marsalis já ganhou a medalha Louis Armstrong Memorial e o prêmio Algur H. Meadows por excelência em artes. Marsalis é responsável por levar o jazz clássico para muitos jovens. Em 1997, sua obra, Blood in the Fields ganhou o Prêmio Pulitzer para Música. No século XXI, Wynton Marsalis continua seu trabalho, com um total de 25 álbuns da sua larga e invejável discografia lançados do ano 2000 a 2014.


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Mr.

CATRA

Uma das figuras mais controversas do cenário musical brasileiro, Mr. Catra surge para chocar e subverter a ordem das coisas. Abertamente polígamo, convertido ao judaísmo e com processos na justiça, canta coisas que fazem a velha guarda perder o equilíbrio e a moçada perder o pudor. Mr. Catra traz do morro o som que lá se criou, que mistura rap, soul e funk music para dar origem a um estilo legitimamente brasileiro, legitimamente carioca, o som que canta a vida no morro, a vida que se leva e a que se quer levar. Catra é o embaixador da favela nos asfaltos e no além-mar. NASCIDO NO MORRO DO BOREL, NA ZONA NORTE DO RIO DE JANEIRO, WAGNER DOMINGUES DA COSTA, O MR. CATRA, é, hoje, a personificação da imagem do funk carioca, sendo ele em grande parte o responsável pelo transbordamento do funk da periferia e por seu alcance às classes médias e altas e, até mesmo os palcos internacionais. Mas antes de cantar funk, o Catra cantava rock. Na década de 1980, montou uma banda de rock chamada O Beco, tocando em festas particulares. O que o rock e o funk têm em comum é a subversão e o questionamento da ordem, coisa que Catra já traz consigo desde os tempos de estudante, quando, segundo ele, foi líder

estudantil no Colégio Pedro II, onde estudou. Em 1990, cria, juntamente com o ex-VJ da MTV, Primo Preto, a empresa Rapsoulfunk, uma gravadora, grife de moda e organizadora de bailes de funk e hip-hop no Rio e em São Paulo. Em 1994, lança seu primeiro álbum: “O Bonde dos Justos”, já chamando a atenção do mercado, sobretudo da Warner, que fechou com ele seu segundo disco, em 1999, “O fiel”. Em 2001, lançou o PPPomar, Partido Popular Poder para a Maioria, com o rapper, escritor e ativista MV Bill. Mas abandonou o projeto por divergências com o produtor e ativista (especializado em pe-

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riferias), Celso Athayde. Em 2004, sua empresa, a Rapsoulfunk, mediou a contratação de artistas para o “Festival Hip Hop Manifesta”, principal festival de hip hop da América do Sul. Também neste mesmo ano, recebeu seu primeiro convite para fazer um show no exterior. Assim, levou a cultura do funk carioca para o Favela Chic, na França. Depois disso, ainda visitou outros países, como Israel, Polônia, Holanda, Rússia, entre outros.


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Beyoncé

KNOWLES Uma das mais proeminentes cantoras negras da atualidade, Beyoncé Knowles teve origem modesta e precoce, realizando sua performance em diversas competições de dança e canto quando criança. Mas logo vê sua estrela brilhar. Foi com apenas 19 anos que alcançou a fama, e de lá nunca saiu. Beyoncé talvez não soubesse que um dia inspiraria pessoas, sobretudo meninas negras, no mundo todo a perseguir seus sonhos. NASCIDA EM SETEMBRO DE 1981, BEYONCÉ KNOWLES deslancha sua carreira musical como vocalista principal do grupo de R&B Destiny’s Child. Em 2003, após hiato do grupo, Beyoncé lança seu primeiro álbum, Dangerously in Love, conquistando o disco de platina e um total de 11 milhões de vendas. Dele, os singles “Crazy in Love” e “Baby Boy” alcançaram o primeiro lugar na Billboard Hot 100, a tabela musical padrão dos Estados Unidos que avalia a lista das cem músicas mais vendidas no decorrer de uma semana, publicada pela revista Billboard. E já em 2004, recebe cinco prêmios Grammy. A partir daí sua carreira solo subiu de forma meteórica, tornando Beyoncé a cantora mais procurada de todos os

tempos, com 118 milhões de álbuns vendidos, mais 60 milhões como Destiny’s Child. Ganhou 17 premiações do Grammy Awards, sendo 2010 seu pico, quando ganhou seis prêmios e foi indicada a mais quatro. Com isso, Beyoncé passou a mulher mais premiada em uma mesma edição do Grammy Awards. Para além dos Grammys, Beyoncé já recebeu incontáveis prêmios e ficou no topo das paradas de todo o mundo. Seus cinco álbuns de estúdio possuem uma invejável coleção de discos de platina. Também atriz, estreou em 2001 como a aspirante a atriz, Carmen Brown, em Carmen: A Hip Hopera, filme produzido pela MTV. Também já atuou no filme de comédia “Austin Powers e o Membro de Ouro”,

ao lado de Mike Myers, e em “Resistindo às Tentações”. Seu mais recente projeto cinematográfico será, como confirmado em 2011, o papel principal do remake de A Star is Born, que será dirigido por Clink Eastwood. Foi considerada pelo VH1 número 3 de 100 grandes mulheres da música e número 52 dos 100 maiores artistas de todos os tempos. Beyoncé é hoje uma das artistas mais importantes do mundo no cenário pop e hip-hop e uma referência para uma geração inteira. Em abril deste ano a cantora foi escolhida para ilustrar a capa da edição da revista “Time” com a lista das 100 pessoas mais influentes do mundo, na qual foi classificada na categoria “Titãs”. O perfil escrito por Sheryl Sanfberg para a publicação é o primeiro a aparecer no site da resvista e diz: “Beyoncé tem insistido que as garotas mandam no mundo e declarou ‘eu não sou mandona, eu sou a chefe’. Ela levanta sua voz dentro ou fora do palco para levantar as mulheres para que sejam independentes e líderes”.


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CRIOLO

De mãe autodidata no alfabetismo e infância humilde no Grajaú, na Zona Sul de São Paulo, até um dos nomes mais importantes do cenário da MPB atual, Criolo não enverga nem quebra, mas se mostra firme em suas convicções, críticas sociais e melancolias melancólicas. Mantendo a mesma humildade e respeito à vida dos tempos de comunidade, uma coisa é certa, Criolo pode estar no mundo, mas a periferia nunca deixou seu coração. KLEBER CAVALCANTE GOMES, O CRIOLO DOIDO, nasceu e foi criado em São Paulo, onde viu de perto as durezas e dificuldades da vida urbana. Começou a cantar rap em 1989, “por amor ao rap” e em seguida, dividia a música com o trabalho de vendedor em lojas e na rua. Em 1994 se torna educador, dando aula de artes em escolas e se aproximando, através da arte, de menores de rua. Foi educador até o ano 2000, e esse período o marca profundamente, por um lado o descaso das ruas, por outro, o alento da educação. Em 2006, lança seu primeiro álbum, Ainda Há Tempo, focado principalmente no rap. No mesmo ano cria, com o DJ DanDan, a Rinha dos MCs, onde são realizados batalhas de improvisação (freestyle), shows semanais, além de ex-

posições de graffitti e fotografia. Em 2007, Criolo participou do Som Brasil em homenagem à Vinícius de Moraes, programa da TV Globo. No mesmo ano foi indicado a Melhor Grupo ou Artista Solo e Revelação para o Prêmio Hutúz, a principal premiação do hip hop nacional, que ocorreu de 2000 à 2009. Criolo foi indicado novamente para o prêmio na categoria Revelações da Década. Em 2011, reduz seu nome artístio, de Criolo Doido, para Criolo apenas. Depois de se questionar se deveria permanecer nos palcos, Criolo lança seu segundo álbum, Nó na Orelha de forma despretensiosa e independente, sem gravadora e com a ajuda de amigos músicos e produtores, entre eles Daniel Ganjaman. O disco apresentava uma mistura de

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ritmos, do rap ao afrobeat, ao samba, ao soul, ao hip hop... Foi lançado digitalmente de forma gratuita e foi aclamado pela crítica e público. Concorreu e ganhou os prêmios de Melhor Álbum e Melhor Canção (por Não Existe Amor em SP) no VMB, o MTV Video Music Brasil, onde se apresentou ao lado de Caetano Veloso. Criolo é, atualmente, uma das figuras centrais, não só no rap, onde já era MC consagrado, mas na MPB de uma forma geral. Alguns dizem que ele estabeleceu a ponte definitiva entre o rap e a MPB, o jornalista Bruno Torturra discorda. Para ele, “se ele fez alguma ponte nesse disco, foi entre sua história e um público cada vez maior - e mais carente”. Criolo, cantando com o coração e a alma as indiferenças e desigualdades da cidade, conseguiu atingir um público enorme num processo catártico evidente e que só cresce: “Todo mundo tem fome”, diz ele, “se não é de feijão e farinha, é de amor”. Sobre sua ascensão como figura central na música brasileira, Criolo comenta: “Legal esse momento que estou vivendo. Mas legal mesmo seria não precisar cantar o que canto. Sentir essa dor no peito”.


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Teresa

CRISTINA U MA DAS NOVAS VOZES DO SAMBA, Teresa Cristina Macedo Gomes (ou, simplesmente, Teresa Cristina) começou carreira em bares do Rio de Janeiro cantando sambas clássicos, como os de Jair do Cavaquinho, Monarco, etc... Em 1995, após uma apresentação no Planetário da Gávea, recebeu um convite para se juntar ao projeto CEP 20.000. Apresentou-se, em seguida, levada por Wilson Moreira, na Casa da Mãe Joana, uma casa

de eventos. Ganhou mais notoriedade quando, em 1998, começou a se apresentar no Bar Semente, na Lapa, região boêmia carioca. Em 2002, Teresa Cristina lança dois álbuns homenageando Paulinho da Viola. Os anos seguintes dão continuidade a sua carreira no samba, seja sozinha com sua banda, Grupo Semente (batizado em homenagem ao bar onde começaram), seja divindo o palco com novas e velhas vozes do

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samba. Em 2010, Teresa Cristina lança seu álbum Melhor Assim, de músicas autorais, onde a cantora mistura samba e MPB, com participação de artistas como Seu Jorge, Lenine e Marisa Monte. Teresa Cristina, a Rainha da Lapa, fez e faz parte da renovação da região do Rio que tem o samba em sua essência, e ela, como outros, refletem isso em seu canto.



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Anderson

SILVA Anderson Silva é um paulistano de 39 anos (1975), que luta MMA (artes maciais mistas) profissionalmente para o Ultimate Fighting Championship (UFC). Anderson detém o recorde de maior sequência de defesas de título na história da competição (são 16 lutas no total). Em sua carreira no UFC, acumulou 33 vitórias e 6 derrotas. Silva é considerado por muitos como o melhor lutador de MMA de todos os tempos. Com um estilo irreverente dentro e fora do octógono e golpes cirúrgicos nos oponentes, o “Spider”, como é conhecido, foi o campeão dos pesos-médios durante aproximadamente 7 anos. ANDERSON LUTOU PROFISSIONALMENTE PELA PRIMEIRA VEZ em uma competição brasileira em 1997 e só chegou a ser derrotado 3 anos depois. Depois de sua queda para Luiz Azeredo por decisão dos juízes, Silva emplacou uma sequência de 9 vitórias e foi convidado a lutar no Japão contra Hayato Sakurai, campeão do Shooto (categoria japonesa de MMA). Sakurai foi batido por Silva por nocaute na luta. Em 2002, Anderson Silva assinou com o Pride Fighting Championships e começou a ter bastante destaque internacional. Venceu algumas lutas, mas após ser derrotado por

Daiju Takase, que tinha 4 vitórias e 7 derrotas na carreira até então, considerou abandonar o MMA. O brasileiro Rodrigo “Minotauro” Nogueira, porém, o convenceu a continuar lutando e em 2006 Anderson foi contratado pelo Ultimate Fighting Championship. Em sua segunda luta no UFC, Silva derrotou o campeão dos pesos-médios, Rich Franklin, e tomou o cinturão da categoria para si. Defendeu seu título com sucesso durante 16 lutas, vencendo atletas consagrados como Vitor Belfort e Yushin Okami no processo. O campeão foi fundamental para a difusão do MMA no Brasil, ten-

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do lutado em duas edições do UFC no país. Com seu sucesso, estrelou campanhas publicitárias de empresas milionárias pelo mundo, como Budweiser e Burger King. Seu reinado terminou em 2013, com uma derrota para o americano Chris Weidman. Silva foi muito criticado por passar boa parte da luta tentando provocar seu adversário, baixando a guarda e fazendo com que ele o atacasse. Vulnerável, Anderson foi acertado com um soco na cara, que foi fundamental para o nocaute técnico que viria a seguir. Na revanche pelo cinturão, Silva acabou fraturando a perna esquerda ao tentar um chute e foi declarado como derrotado. O Spider prometeu voltar a lutar, apesar da avançada idade, mas disse que está velho demais para disputar o cinturão novamente. Ainda assim, é considerado o melhor lutador da história do UFC pelo próprio dono da competição, o americano Dana White, além de inúmeras publicações sobre o esporte.


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Lewis

HAMILTON Lewis Hamilton é um piloto inglês de 29 anos, nascido em Stevenage. Hamilton foi o primeiro piloto negro a competir na Formula 1 e se sagrou campeão pela McLaren em seu segundo ano na disputa, vencendo o brasileiro Felipe Massa na temporada de 2008 por apenas 1 ponto na classificação. Ele também foi o primeiro piloto negro a ganhar uma corrida de grande circuito na pista histórica de Indianápolis (EUA). Hamilton é conhecido pelo seu modo destemido de pilotar na F1, tendo sido várias vezes comparado ao brasileiro Ayrton Senna. HAMILTON INICIOU SUA VIDA NO AUTOMOBILISMO COM AS CORRIDAS DE KART AOS 8 ANOS DE IDADE. Com 10 anos, em 1995, quando já havia vencido diversas competições e era campeão britânico da categoria, encontrou-se com Ron Dennis, chefe da equipe de Formula 1 da McLaren, para pedir um autógrafo. Na hora de cumprimenta-lo, disse: “Olá, sou Lewis Hamilton. Fui campeão da Inglaterra e um dia pilotarei seus carros”. Dennis respondeu com um bilhete ao lado da assinatura: “Ligue-me em 9 anos e faremos algo a respeito”. O piloto prosseguiu avançando conforme o tempo passava, tendo se tornado campeão europeu da Formula A, em 2000. Os resultados impressionantes

e a maneira agressiva com a qual corria fizeram com que Hamilton despertasse olhares de pessoas do alto escalão do mundo do automobilismo. O inglês, então, foi contratado para correr na Formula 3, terceira categoria mais importante do circuito europeu. Seu sucesso na F3 levou rapidamente Hamilton para a GP2, considerada o último patamar para um piloto antes da Formula 1. Lá, terminou sua temporada de estreia em primeiro lugar, batendo o brasileiro Nelson Piquet Jr. e o alemão Timo Glock. Seu título coincidiu com a saída de Juan Pablo Montoya e Kimi Raikkonen da McLaren da F1, e ele acabou sendo escolhido para ser piloto da equipe ao lado de Fernando Alonso, então atual

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campeão. Pela McLaren, de Ross Dennis, Hamilton conquistou seu primeiro campeonato da Formula 1 em seu segundo ano de disputa (2008), quando sagrou-se campeão após uma emocionante corrida em Interlagos, São Paulo. Criando uma rivalidade esportiva com o espanhol Fernando Alonso ao longo dos anos, Hamilton foi alvo de ofensas racistas durante um Grande Prêmio na Espanha. O espanhol repudiou as ações dos compatriotas, mas a medida FIA, organizadora das corridas, pouco passou de uma advertência. Em 2012, transferiu-se para a Mercedes-Benz, equipe que representa até os dias de hoje.


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LeBron

JAMES Norte-americano natural de Akron, Ohio, LeBron James é um dos jogadores mais icônicos da história da NBA. Talentoso, sempre atraiu os olhares dos fãs de basquete de todo o mundo até que, em 2003, foi direto do ensino médio para a liga profissional dos Estados Unidos. Ao longo de seus 29 anos, já foi bicampeão olímpico (2008 e 2012) e já foi eleito por quatro vezes o jogador mais valioso de um ano na NBA, liga da qual é o atual bicampeão com o Miami Heat (2012 e 2013). Até o fechamento desta edição, James disputava a final da temporada de 2014 pelo Heat. O ALA COMEÇOU SUA VIDA NO BASQUETE AINDA NO ENSINO FUNDAMENTAL, quando alcançou sucesso não só local como também nacional com amigos de colégio na AAU (sigla em inglês para “União dos Atletas Amadores”). No ensino médio, James realmente começou a ser encarado seriamente pela chance de vir a ser uma nova estrela do basquete mundial. Nas suas duas primeiras temporadas pelo colégio de Saint Vincente- Saint Mary, acumulou 53 vitórias e apenas uma derrota, vencendo o título estadual nas duas oportunidades. Toda a imprensa americana buscava saber mais sobre o

garoto que tinha médias impressionadas, e seus jogos chegaram a ser transmitidos pela ESPN. Em 2003, escolheu ir para a NBA sem passar pela NCAA, o campeonato nacional entre universidades. LeBron foi selecionado em primeiro em um dos drafts mais badalados de todos os tempos, já que contava com outras estrelas como Carmelo Anthony, Chris Bosh e Dwyane Wade. Em seu ano de estreia na NBA, James anotou cerca de 21 pontos, 5 rebotes e 6 assistências por jogo, sendo premiado como o melhor novato da temporada 2003-2004. Em 2005, foi eleito para o jogo da estrelas pela primeira vez na

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carreira. Um ano depois, fez o Cleveland Cavaliers ir aos playoffs, o que não acontecia desde 1998. Na temporada 2006-2007, LeBron finalmente chegou às finais da NBA. O ala conduziu seu time pelos playoffs para se sagrar campeão da conferência Leste, mas acabou perdendo a série melhor de sete jogos por 4 a 0 para o San Antonio Spurs. James conquistou o prêmio de jogador mais valioso da liga (MVP) em 2009 e 2010, mas não conseguiu fazer com que o Cavs voltasse à final e, muito criticado por sua própria torcida e pela imprensa, decidiu que era hora de mudar de ares. O ala se uniu aos companheiros de draft Chris Bosh e Dwyane Wade e, em um programa na ESPN, anunciou que estava se transferindo para o Miami Heat. Pela franquia da Flórida, LeBron foi eleito mais 2 vezes o MVP da temporada e foi à final em cada um dos 4 anos na equipe. O Heat foi derrotado na primeira oportunidade pelo Dallas Mavericks de Dirk Nowtizki, mas derrotou Oklahoma City Thunder e San Antonio Spurs nos anos seguintes e é o atual bicampeão da NBA.


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Usain

BOLT Usain Bolt é o homem mais rápido do mundo. Vindo da pequena cidade de Sherwood Content, o jamaicano de 27 anos (1986) é o recordista mundial nas provas de 100 (9.58s) e 200 metros rasos (19.19s). Além disso, tem a melhor marca do planeta no revezamento 4x100 rasos (36.84s), com ajuda de outros três compatriotas. Bolt é o único corredor da história a vencer as três provas em duas Olimpíadas consecutivas (2008 e 2012). Fora os seis ouros olímpicos, ele ainda detém oito títulos mundiais, conquistados em outras três competições.

NÃO BASTASSE SER UM DOS MAIORES ATLETAS DA HISTÓRIA, Usain Bolt ainda é marcante por sua irreverência antes, durante e depois das corridas. O “relâmpago”, como é conhecido mundialmente, gosta de fazer caretas e brincadeiras com os espectadores nos momentos que precedem suas provas. Ainda correndo, costuma desacelerar ou olhar para o placar de tempo se estiver com muita folga na disputa. Depois da corrida (e, provavelmente, da vitória), Bolt volta a fazer poses e brincadeiras, desta vez envolvendo todo o tipo de figura, até os

mascotes das competições. Usain Bolt começou a brilhar aos 15 anos de idade. No torneio mundial júnior de 2002, em Kingston, na Jamaica, ele ganhou a prova de 200 metros e tornou-se o campeão mundial junior mais jovem da história do atletismo. Depois de diversas medalhas nas categorias amadoras, Bolt virou um corredor profissional e pôde ir à sua primeira olimpíada, a de Atenas, em 2004. Mesmo sem conquistar nenhuma aparição no pódio, recebeu propostas para treinar em universidades americanas Ele, porém, preferiu ficar na Jamaica. Em 2007,

passou a correr a prova dos 100 metros rasos e conseguiu uma medalha de prata no mundial de Osaka. Após seus primeiros pódios como profissional, Usain passou a levar sua carreira ainda mais a sério. No ano seguinte, estabeleceu um novo recorde mundial nos 100 metros rasos, terminando a prova em 9.72s. Desde então, a maior parte da história de Bolt foi composta por ouros e recordes. O jamaicano ainda emplacou diversos prêmios institucionais até o momento da carreira. Ele foi eleito cinco vezes o atleta do ano pela Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF), ganhou três vezes o prêmio Laureus, conhecido como “Oscar do esporte”, além de outras homenagens do tipo.

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Esporte

Neymar JR. Camisa 10 da Seleção Brasileira e um dos principais astros do Barcelona, Neymar é um jogador de futebol dos mais conhecidos em todo o mundo. Nascido em Mogi das Cruzes (SP), em 1992, o atacante é a grande esperança do Brasil na Copa do Mundo de 2014. Neymar foi revelado para o futebol profissional em 2009 pelo Santos, clube pelo qual conquistou três campeonatos paulistas, uma Libertadores da América e uma Recopa Sul-Americana. Pela seleção, seu único título foi a Copa das Confederações de 2013, disputada no Brasil, competição em que foi eleito o melhor jogador. NEYMAR COMEÇOU NO FUTEBOL EM 2003, AOS 11 ANOS DE IDADE, quando o Santos lhe ofereceu um contrato após um torneio de futsal amador entre colégios da Baixada Santista, região de São Paulo. O atacante conseguiu bons resultados pelas categorias de base e fez sua estreia como profissional aos 17 anos, no Campeonato Paulista de 2009, contra o Oeste. Seu primeiro gol veio uma semana depois, em empate contra o Mogi Mirim por 1 a 1. O Santos conseguiu chegar à final da competição, mas foi derrotado pelo Corinthians, que tinha Ronaldo como principal estrela. No ano de 2010, Neymar con-

quistou seus primeiro títulos, ao lado de Robinho e seu parceiro de categorias de base, Paulo Henrique Ganso. Com um dos ataques mais perigosos dos últimos anos do futebol brasileiro, o Santos venceu o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil naquela temporada, garantindo uma vaga para a Libertadores da América, torneio de futebol mais importante da América do Sul. No mesmo ano, Neymar foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira, estreando com gol na vitória por 2 a 0 sobre os Estados Unidos. Em 2011, o Santos foi campeão da Libertadores com Neymar como seu maior arti-

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lheiro, com 6 gols marcados. O camisa número 11 foi eleito o melhor jogador da América e viajou com sua equipe até o Japão para a disputa do Mundial de Clubes contra o Barcelona, estrelado pelo argentino Lionel Messi. Os brasileiros acabaram derrotados por 4 a 0. No mesmo ano, Neymar fez uma Copa América apenas razoável pelo Brasil, que acabou eliminado nas quartas-de-final após disputa de pênaltis contra o Paraguai. O Santos conquistou o tricampeonato paulista em 2012 e, após uma campanha decepcionante no restante da temporada e no começo da próxima, Neymar decidiu que deveria deixar o país. O atacante se transferiu para o Barcelona por um valor não revelado (embora especulado em 100 milhões de euros) no meio de 2013. Neste ano, venceu a Copa das Confederações pelo Brasil e foi eleito o craque do torneio, vestindo a 10 que já foi de Pelé. Hoje, é um dos jogadores mais importantes do time espanhol e o maior nome da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2014.


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Esporte

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Para Dançar

D

esde o tradicional Jongo até o mais recente Kuduro de Angola, que se tornou popular com a abertura da novela “Avenida Brasil” e virou mania nacional, os ritmos e danças dos nichos negros vem ganhando cada vez mais adeptos, independente da etnia. O Almanaque da Cultura Negra compila aqui uma breve introdução a três ritmos surgidos dentro de guetos e que mantém viva a cultura da raça através da dança. JONGO. Trazido para o Brasil pelos escravos, o Jongo é uma dança de roda e de umbigada. Essa tradição expressa pelo corpo, voz e música tem até hoje um nicho no Rio de Janeiro: O Jongo da Serrinha. Na dança, um casal de cada vez dirige-se para o centro da roda girando em sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. De vez em quando, aproximam-se e fazem a menção de uma umbigada, que no jongo é de longe. Durante a dança, o casal trava uma comunicação pelo olhar, que vai determinando o deslocamento pela roda e o momento da umbigada.

Dança

brasileiro e surgiu nos anos 70. O termo “Charme” foi criado por Corello DJ, em 1980 no Rio de Janeiro, advindo do movinto corporal que lembrava um “charminho”. Os bailes charme são eventos que concentram não só a música e dança do estilo, mas também um movimento popular cultural que propõe uma reinvenção da identidade cultural negra, expressada através das danças, da música, das roupas, da disseminação de valores, de respeito ao próximo e da cordialidade. O Charme do Viaduto de Madureira é atualmente uma atração turística e símbolo da cultura negra.

KUDURO. O Kuduro é um movimento cultural urbano nascido em Angola durante a última década da Guerra Civil. Criado nas discotecas e raves da Baixa de Luanda através de uma fusão entre batidas House, techno e ritmos tradicionais angolanos, o Kuduro transbordou do centro da cidade para a periferia e rapidamente se espalhou por Angola, pela África e agora por todo mundo. No Brasil, ficou mais conhecido depois que o hit “Danza Kuduro” foi adotado como trilha de aberCHARME. O ritmo é mais parecido com um R&B tura da novela “Avenida Brasil”, em 2012.



Política

B

Barack

OBAMA

ARACK HUSSEIN OBAMA II NASCEU EM 4 DE AGOSTO DE 1961 EM HONOLULU, NO ESTADO AMERICANO DO HAVAÍ. Casado com Michelle Robinson e pai de Malia Ann Obama e Natasha Obama, é graduado em Ciências políticas pela Universidade Columbia, tendo também cursado Direito na Universidade de Harvard. Atuou como líder comunitário e advogado e foi professor de direito constitucional entre 1992 a 2004. No mesmo período ele representou por três mandatos o 13º distrito de Illinois no senado estadual. Em 2004 foi convidado a fazer um discurso na Convenção Nacional Democrata daquele ano, e, com isso recebeu atenção nacional da mídia. Em novembro foi eleito Senador dos Estados Unidos pelo estado de Illinois. Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos em 2009, com 69,4 milhões de votos, sendo o presidente mais votado da história país e o segundo presidente mais votado do mundo. Foi também o primeiro presidente afro-americano e em setembro do mesmo ano ganhou o Nobel da Paz. Em 6 de novembro de 2012, Obama é reeleito com 51% de votos populares, o que faz dele o primeiro presidente democrata desde Roosevelt a ganhar duas vezes a maioria dos votos populares. O atual presidente dos Estados Unidos sempre se destacou por ser um carismático e enfático orador, garantindo assim a simpatia de todas as classes. Na presidência é marcado por sua luta pela igualdade de direitos (em maio de 2012, ele se tornou o primeiro presidente norte-americano, ainda no cargo, a apoiar publicamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo) e pela paz e soberania dos povos (ordenou o fim do envolvimento americano na Guerra do Iraque; e, em 2010, anunciou que removeria todas tropas americanas do Afeganistão até o fim de 2014).

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Política então presidente americano a Mikahil Gorbachev, líder soviético, como sendo quem sabia tudo sobre a União Soviética. Em seguida, atuou no Conselho de Relações Exteriores como assistente especial do Estado Maior, em 1996, e no Comitê de Políticas Públicas, em 1997. Rice ainda foi membro do conselho de diretores da Chevron Corporation, e deu seu nome a um navio petroleiro. Em 2001 se tornou conselheira de Segurança Nacional, sendo a segunda afro-americana no cargo, precedida por Colin Powell, e também a segunda mulher, após Madeleine Albright. Neste período, foi declaradamente favorável a Guerra do Iraque, em 2003

e, inclusive, escreveu um editorial para o jornal americano The New York Times intitulado “Porque sabemos que o Iraque está mentindo”. Ainda no governo de George W. Bush, foi Secretária de Estado, de 2005 a 2009. Na vida pessoal , Condi, como é conhecida, é solteira e ainda tem um sonho: tornar-se pianista de concerto. Ela que já interpretou ao piano no Constitution Hall, em abril de 2002, tem seu nome derivado da expressão musical italiana com dolceezza que é uma instrução para tocar com ternura e afirma que o instrumento é parte fundamental de sua vida.

Condoleeza Almanaque da Cultura Negra

RICE

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N

ASCIDA EM 1954 EM BIRMINGHAM, no estado do Alabama, Estados Unidos, Condoleezza Rice é bacharel e doutora em ciência política pela Universidade de Denver, obteve seu mestrado na Universidade de Notre Dame e foi professora na Universidade de Stanford. Condoleezza atuou como diretora senior, no governo de George H. W. Bush, sobre assuntos soviéticos e leste-europeus no conselho de segurança nacional de 1981 à 1989. Nesta função, adquiriu os seus maiores méritos co-formulando a estratégia do secretário de estado James Baker em favor da reunificação alemã e, por isso, foi apresentada pelo


Kofi

ANNAN K OFI ATTA ANNAN NASCEU EM GANA EM 1938. Formado em economia nos Estados Unidos e relações exteriores na Suíça, ingressou na ONU em 1963 como diretor de orçamento da OMS e desde então trabalhou em vários órgãos como na Gestão dos Recursos Humanos, Planejamento de Programas, Orçamento e Finanças e Operações de Manutenção da Paz. Em janeiro de 1997 se tornou Secretário-Geral do Conselho de Segurança das Nações Unidas. No cargo, propôs a criação de um Fundo Global de Luta

contra a AIDS, Tuberculose e Malária para estimular o aumento dos gastos internacionais necessários para ajudar os países em desenvolvimento a confrontarem a crise, além disso, ainda na saúde, promulgou em 2006 a resolução que estabelecia o Dia Mundial de Combate ao Diabetes, a única questão sobre saúde aprovada por consenso pela ONU. Em 2001 ganhou, juntamente com a ONU, o Premio Nobel da Paz por seu trabalho por um mundo melhor organizado e mais pacífico. Annan se despediu da ONU em setembro de 2006,

em seu discurso final destacou três grandes problemas que a organização ainda deve combater: uma economia internacional injusta, a desordem mundial e o desprezo pelos direitos humanos. Após deixar o cargo, foi cogitado como possível candidato a presidência de Gana, mas envolveu-se com organizações com foco tanto global quanto africano; como por exemplo a Fundação das Nações Unidas, o Painel de Progresso da África e o Centro Global para o Pluralismo.

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Joaquim

BARBOSA J

OAQUIM BENEDITO BARBOSA GOMES NASCEU NA CIDADE DE PARACATU, no estado de Minas Gerais, em 7 de outubro de 1954, filho de pai pedreiro e primogênito de oito irmãos, foi para Brasília com 16 anos, onde trabalhou na gráfica do jornal Correio Brasiliense e terminou o segundo grau, em escola pública . Obteve seu bacharelado em Direito e mestrado em Direito do Estado na Universidade de Brasília, além de ser fluente em quatro idiomas, francês, inglês, alemão e espanhol. Foi procurador da república e Oficial de Chancelaria do Minis-

tério das Relações Exteriores, serviu na Embaixada do Brasil em Helsinki, Finlândia, e depois disso foi advogado do Serpro. Em 1990 foi para a França, tendo obtido também mestrado e doutorado em Direito Público na Universidade de Paris II (Panthéon -Assas). De voltam ao Brasil foi professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Além de atuar em estudos das universidades de Columbia e da Califórnia. Joaquim Barbosa foi indicado a ministro do Superior Tribunal Federal pelo então presidente Lula em 2003, em 2008 tomou posse como vice-presidente

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do Superior Tribunal Eleitoral, no cargo votou a favor da tese de que políticos condenados em primeira instância poderiam ter sua candidatura anulada,porém não obteve êxito nessa questão. Foi eleito presidente do STF em outubro de 2012, sendo o primeiro presidente negro da Corte Suprema. No cargo, destacou-se por sua atuação no julgamento do mensalão do PT, assumiu em 2006 a relatoria da denuncia contra os acusados, ordenou a quebra do sigilo fiscal e defendeu a condenação dos 40 réus, destes, 24 foram condenados, entre eles o ex-chefe da


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Casa Civil José Dirceu. Além do mensalão do PT, Barbosa envolveu-se em outros processos importantes, como o mensalão do PSDB que indiciou o deputado mineiro Eduardo Azeredo por peculato e lavagem de dinheiro em 1998, quando ainda era governador de Minas Gerais e ainda protagonizou em 2009 uma séria discussão com o também ministro Gilmar Mendes em uma sessão plenário do tribunal durante o julgamento de duas ações, referentes ao pagamento de previdência a servidores do Paraná. Em 2013 foi eleito pela revis-

ta “Time” como uma das cem pessoas mais influentes do mundo e foi incluído em uma lista de 10 brasileiros que foram notícia internacional nesse mesmo ano, elaborada pela BBC Brasil. Desta forma Barbosa ganhou admiração popular, foi visto como herói nacional e teve seu nome cogitado para a candidatura à presidência em 2014. Em 29 de maio de 2014, Joaquim Barbosa avisou pessoalmente à Presidente da República Dilma Rousseff, ao Presidente do Senado Federal Renan Calheiros e ao Presidente da Câmara dos Deputados

Henrique Eduardo Alves sobre sua decisão de aposentadoria para junho deste ano, aos 59 anos de idade. Pela legislação, ele poderia permanecer no tribunal até completar 70 anos. Alguns acreditam que a precoce aposentadoria deve-se a problemas de saúde. Barbosa sofre de sacroileíte, uma inflamação na base da coluna, que o fez se licenciar do tribunal diversas vezes nos últimos anos. A doença impedia que o magistrado ficasse sentado por muitas horas, motivo pelo qual era comum vê-lo em pé, nas sessões. Até então nada foi confirmado.

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Jacob

ZUMA Jacob Gedleyihlekisa Zuma nasceu em 12 de abril de 1942 em Zululândia, atual KwaZulu-Natal, na África do Sul. Zuma é seu isibongo (nome de clã). Órfão de pai, Zuma frequentou a escola apenas no primário, mas seu interesse político se despertou ainda na juventude. Aos 17 anos, em 1959, juntou-se ao Congresso Nacional . Em 1963, depois do ANC ser banido em 1961, filiou-se ao Partido Comunista Sul Africano (SACP) e foi exilado junto com outros 45 membros. Condenado a 10 anos de cadeia em Robert Island, lá conheceu Nelson Mandela e outros líderes. Após o exílio, Zuma foi para Moçambique em 1975 onde trabalhou ajudando outros exilados políticos. Trabalhou e morou em Moçambique até janeiro de 1987, quando foi obrigado a abandonar o país por exercer considerável pressão sobre o governo, especialmente no regime de PW Botha. Concomitantemente a estadia em Moçambique, tornou-se um membro do Comitê Executivo Nacional do ANC em 1977; também serviu como vice-representante principal do ANC em Moçambique, cargo que ocupou até 1984, quando foi designado Representante Chefe do ANC,nesse período o partido ainda atuava de forma

irregular. Em 1990 ele retorna a África do Sul, agora com o ACN regulado novamente, Zuma foi um dos primeiros líderes do partido a voltar para a África do Sul, e dar início ao processo de negociações da regulamentação. Em 1990 foi eleito Diretor do ANC para a região do Sul do Natal, e assumiu um papel de destaque na luta contra a violência política na região, entre membos do ANC e do Inkatha (Inkatha Freedom Party, “Partido Inkatha da Liberdade”, IFP). Foi eleito vice-secretário geral do ANC naquele mesmo ano, e em janeiro de 1994 foi indicado como candidato do partido para premiê

de KwaZulu-Natal, mas perdeu às eleições.Nesse mesmo ano o ANC se tornou o partido do governo e Zuma foi indicado como Membro do Comitê Executivo (MEC) de Assuntos Econômicos e Turismo para o governo provincial de KwaZulu-Natal e em dezembro do mesmo ano foi eleito líder nacional do ANC, sendo reeleito para o cargo em 1996. Durante este período também trabalhou em Kampala, Uganda, tentando mediar o processo de paz do Burundi, onde diversos grupos hutus foram às armas em 1993 contra um governo dominado pelas minorias tutsi, que assassinaram o primeiro presidente eleito a partir da maioria hutu. Em 18 de dezembro de 2007 foi eleito presidente, da África do Sul, , assumindo porém somente em 2009 . Na presidência foi descrito como populista e ocasionalmente como socialista, tendo o apoio de sindicatos e do Partido Comunista loca, além das divisões de jovens e de mulheres do ANC, por defender a redistribuição de riquezas. Em 21 de maio de 2014, Jacob Zuma e o ANC foram reeleitos.

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Última palavra

A

ESCRAVIDÃO DE NEGROS NAS COLÔNIAS EUROPEIAS é uma das maiores manchas humanitárias dos últimos séculos. Engana-se, porém, quem pensa que a escravidão e o tráfico negreiro restringiram-se aos períodos coloniais. O Brasil, declarado pela Universidade de Emory como o maior importador de escravos negros da história, continuou seu caminho escravocrata mesmo após a independência em 1822. Só nos primeiros 50 anos do século XIX (18011850), mais de 750 mil crianças negras foram traficadas como escravas para o Brasil. Mais de 12 milhões de negros deixaram a costa africana para ser escravizados nas Américas de 1500 a 1867. No dia 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel promulgou a Lei Áurea, que deu a alforria aos negros no país, um dos últimos a abolir a escravidão. Quase 400 anos de humilhação e atos desumanos contra os afro-brasileiros, porém, não são apagados da memória tão facilmente. Ainda nos dias de hoje, o racismo é uma das principais razões de muitos problemas sociais

no Brasil, bem como no resto do mundo. Os negros são discriminados em seleções de emprego, em shoppings, na rua, pela polícia, pela justiça, em qualquer situação possível. De acordo com pesquisa do IBGE de 2013, os negros ganham cerca de 57% do salário dos brancos. Em números mais evidentes, a população negra recebe em média 1.374,79 reais mensais, enquanto a parcela branca do país ganha 2.396,74 reais durante o mesmo período de tempo. Assim como as pessoas, a cultura negra também sofre muito com os preconceitos, que colocam-na em julgamento e muitas vezes desconsideram sua característica artística. Por isso, é sempre necessário que exaltemos a cultura negra e seus principais representantes. O racismo não acabou e mostrar a riqueza da cultura negra é uma maneira de diminuir essa ignorância. É por isso que fizemos as 11 edições do “Almanaque de Cultura Negra”, reunindo um dos materiais mais completos sobre o assunto já publicados no país.


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