Revista sonora

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R$ 19,90 Edição 1 - distribuição mensal

Música Clássica na comunidade

imagem marcos bizzoto

O Grande exemplo de como a música clássica mudou a vida dos jovens da comunidade do Heliópolis

A revolução da Pirataria Como entender esta revolução

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Editorial

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Musíca que faz bem

Equipe

A revista Sonora é uma publicação mensal, que irá retratar a ética no mundo da música. O nome Sonora saiu da tentativa de mesclar “a ética e a música”, e a definição da palavra caiu como uma luva: “Sonora - Que tem som claro e agradável”, algo leve mas impactante para nosso projeto. Como ainda não há uma revista no mercado que trate especificamente de assuntos éticos no meio musical, pensamos em lançar a Sonora agora para tornar públicos os projetos sociais que os artistas musicistas proporcionam aos bairros (e países) carentes, assim como tratar diversos impasses causados por atitudes antiéticas dentro do mundo da música. A idéia da revista (e seu principal objetivo) é exatamente levar ao público o quanto os músicos contribuem para o crescimento da sociedade como um todo. Eles são ícones, seguidos e admirados por um número enorme de pessoas, e suas boas ações não só cativam essas diversas pessoas ao redor do mundo a seguir o mesmo caminho (e pensamento), como também endireitam a sociedade a um desenvolvimento cultural (e pessoal) consideravelmente grande. Como muitas vezes essas ações são ofuscadas pela mídia, decidimos torná-las públicas a partir deste projeto. Trataremos também tudo o que diz respeito à ética dentro da música, como direitos de autor/pirataria (Copyright), entrevistas com músicos para falar sobre seus projetos sociais, e tudo o mais que se enquadra no ramo.

Daniel Lima

Davi Souza Sacramento Redator

Ilustração Autor

Davi Sacramento Revisão de conteúdo Editor Autor Revisor

David Andrade Ilustração Autor Seleção de imagens

Filipe Nabarreta Ilustração Autor

Leonardo Andrade Design Diagramação Autor Seleção de imagens Ilustaçoes

Indice 5 - Frases 7 - Especial : Bono 10 - Som do bem: Orquestra de Heliópolis 15 - História : Live AID 17 - Agena Cultural 18 - Copyright: Pirataria

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Frases

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“ Falo do direito a viver, simplesmente a viver como um ser humano ”

Frases

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Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra.

Bono Vox Bob Marley

“Em certas partes do mundo, eu vi crianças famintas andando pelas ruas sem sapatos. Eu estou muito preocupado com as crianças famintas do mundo e eu espero que possa fazer algo positivo para aliviar este problema.”

Mais do que máquinas precisamos de humanidade. Mais do que inteligência precisamos de afeição e doçura Sem essas virtudes a vida será de violência e tudo estará perdido.

Michael Jackson

“ Se o homem buscasse conhecer-se a si mesmo primeiramente, metade dos problemas do mundo estariam resolvidos ”

Charles Chaplin

Recomendai a vossos filhos que sejam virtuosos, só a virtude pode trazer a felicidade, não o dinheiro. Ludwig Von Beethoven

John Lennon

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Agenda cultural

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Agenda cultural

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Por Filipe Nabarrete

Sáb 18/05 DJ Tide (SESC conçolação)

A discotecagem se propõe a criar uma ambientação sonora dentro da proposta geral da virada, percorrendo a temática da cultura pernambucana através de músicas tradicionais e contemporâneas buscando correlações entre as influências latinas, caribenhas e africanas. Boleros, frevos, merengues, Sábado, das 23h59 às 10h

Armando Cerqueira Trio

O Trio apresenta improvisações sobre temas jazzísticos de Wayne Shorter, Miles Daves, Oscar Peterson e Victor de Assis Brasil. Praça de Convivência. Sábado, das 22h às 23h30

Dom 19/05 Orquestra Contemporânea de Olinda (Sesc Pinheiros)

Com forte representação da diversidade sonora de Pernambuco e misturas de ritmos do mundo, a Orquestra Contemporânea de Olinda, composta por dez músicos, apresenta show com repertório autoral de seu último trabalho, Pra ficar, totalmente autoral. Idealizada pelo percussionista Gilú Amaral (percussão) a banda conta ainda com Rapha B (bateria), Hugo Gila (baixo e microkorn), Juliano Holanda (guitarra), Maciel Salú (rabeca e voz), Tiné (voz e percussão fina), Maestro Ivan do Espírito Santo (sax e flauta), Roque Netto (trompete e flugelhorn), Babá do Trombone (trombone) e Alex Santana (tuba). Duração: 1h20. Teatro Paulo Autran. Grátis. Retirada de ingressos a partir das 17h do dia 18/05 na Rede IngressoSesc, em todas as unidades. O limite para retirada é de dois ingressos por pessoa para até três atividades, cujos horários não coincidam. Limitada a capacidade do espaço.

Sáb 25/05 Vanessa da Mata canta Tom Jobim Através do projeto “NIVEA VIVA Tom Jobim“, Vanessa da Mata realiza seis shows gratuitos em diferentes capitais do Brasil. No dia 5 de maio a apresentação de Brasília terátransmissão online para quem não estiver na cidade. Confirme presença.

Sábado às 18h

Marcelo Jeneci (memorial da America latina)

Domingo, às 18h

Herivelto Martins 100 anos

Show de lançamento de CD homônimo com participações especiais de Filipe Catto, Verônica Ferriani, Alaíde Costa, Agnaldo Rayol, Cida Moreira, Graça Braga e Tetê Espíndola, acompanhados por Vânia Bastos e pelo violonista Ronaldo Rayol. Dia 18/05 - Filipe Catto e Alaíde Costa

Nhocuné Soul(auditorio Ibirapuera)

Sábado às 19h

Eri e Erisvaldo – Mestres da Embolada (sesc consolação) Emboladores que apresentam temas interagindo com o público. Praça de Convivência. Sábado, das 18h às 18h30

Em 1996, Renato Gama reconheceu no show de Fernanda Abreu uma mistura de samba rock nunca escutado antes, estilo e que o inspirou a fazer música. Na faculdade fez amizades e decidiu formar a banda “Clã” que, mais tarde, passou a ser conhecida por “Nhocuné Soul”

As 21 hrs

Domingo 21 h

Agenda Cultura

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Marcelo Jeneci. Autor de“Amado” (com Vanessa da Matta) e “Felicidade”(com Chico Cesar), entre outros grandes sucessos, Marcelo Jeneci compõe sua própria música, arranja, canta e toca (normalmente piano, mas também sanfona, guitarra…. ). Por onde se apresenta, carrega uma legião de fãs. O show no Auditório Simón Bolívar é gratuito e os ingressos (dois por pessoas) podem ser retirados na bilheteria no mesmo dia a partir das 14h. A cantora Laura Lavieri fará uma participação especial.

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A música clássica transformando Vidas

imagem marcos bizzoto

Por: leonardo Andrade

Projeto mostra que não há limites para os sonhos desses jovens

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E

stamos vivendo um momento especial no Brasil. A economia do país está em alta! Mas até onde isso vai, sendo que principalmente nossos jovens não tem umaestrutura educacional decente? Principalmente Jovens que não tem condições de ter um ensino particular e tem que se conformar com o péssimo ensino publico. Sem educação não há possibilidades de ter cultura. Mas graças a iniciativas como a do Instituto Baccarelli, ainda existem jovens que tem um oportunidades de transformarem suas vidas através da Música.

Sobre o Instituto Baccarelli

O Instituto Baccarelli é uma associação civil sem fins lucrativos, que atende cerca de 1200 crianças e jovens em programas socioculturais que visam oferecer formação musical e artístO Instituto Baccarelli é uma associação civil sem fins lucrativos, que atende cerca de 1200 crianças e jovens em programas socioculturais que visam oferecer formação musical e artística de excelência, proporcionando desenvolvimento pessoal e oportunidade profissionalização na música. Com sede em Heliópolis – que já foi considerada a maior favela de São Paulo, o Instituto Baccarelli oferece para os moradores da comunidade uma estrutura de ponta e professores altamente qualificados, aulas em grupo e individuais, de teoria e técnica, além de prática de conjunto em orquestras, corais e grupos de câmara, podendo ir da musicalização à especialização em um instrumento ou em canto.

10 Orquestra sinfônica de Heliópolis

A Sinfônica Heliópolis promove prática orquestral refinada e conhecimento de repertório sinfônico a alunos avançados do Instituto Baccarelli, oriundos da comunidade e de outras regiões do país. Isaac Karabtchevsky, renomado maestro brasileiro, é diretor artístico e regente titular da orquestra, que tem Zubin Mehta como patrono. Atualmente com 86 músicos, a orquestra já foi regida por maestros internacionais como Peter Gülke, Yutaka Sado e Zubin Mehta; tocou ao lado de grandes solistas eruditos, como Julian Rachlin, Erik Schumann, Leonard Elschenbroich, Shlomo Mintz, Arnaldo Cohen, Jean Louis Steuerman, Daniel Guedes e artistas populares, como João Bosco, Toquinho, Luiz Melodia e Paula Lima.

com ivan Lins

Som do bem - Osquestra Heliópolis

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Som do bem

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“Com a missão de tocar Beethoven na terra natal do compositor, os músicos brasileiros conseguiram colocar os europeus para dançar e foram aplaudidos de pé ” Turnê internacional

Chega ao fim a primeira turnê internacional da Orquestra Sinfônica de Heliópolis, composta por jovens moradores da maior favela de São Paulo. Com a missão de tocar Beethoven na terra natal do compositor, os músicos brasileiros conseguiram colocar os europeus para dançar e foram aplaudidos de pé. Sob regência do maestro Roberto Tibiriçá, o programa executado incluiu a Sinfonia nº 8, de Beethoven, o Concerto para Violino, de Tchaikovsky (com solos de Shlomo Mintz) e as Bachianas Brasileiras nº 4, de Villa-Lobos. Além de Cidade do Sol, obra inédita encomendada ao compositor André Mehmari especialmente para a turnê. A viagem começou a ser programada em 2009, quando a orquestra foi convidada a representar a América Latina no Beethovenfest Bonn – um dos mais renomados festivais de música erudita do mundo – que acontece anualmente na cidade alemã de Bonn, onde Ludwig Van Beethoven nasceu em 1770. Desde então, o grupo de 75 músicos, entre 15 e 27 anos, a maioria nascida e criada na favela de Heliópolis, tem se dedicado ao máximo aos estudos e ensaios.

imagem marcos bizzoto

Som do bem

Além de Bonn, a Sinfônica de Heliópolis foi convidada a se apresentar em Berlim, Dresden, Munique, no lendário palco da Concertgebouw – que tem uma das três melhores acústicas do mundo –, em Amsterdã, e no auditório St. John’s Smith Square, em Londres. O sucesso nos palcos europeus é o reconhecimento que faltava para o Instituto Baccarelli, um projeto social que vem transformando Heliópolis e seus moradores. O projeto foi concebido em 1996 pelo maestro Sílvio Baccarelli, comovido por um incêndio que matou quatro pessoas e escancarou para o Brasil a realidade da segunda maior favela da América Latina. O que começou há 14 anos como uma orquestra de cordas composta por 36 jovens, transformou-se num centro de referência em música e cidadania que atende mais de 530 alunos. “Aqui, eles são estimulados, o tempo inteiro”, conta, visivelmente emocionado, Edilson Ventureli, maestro assistente e vice-presidente do Instituto Baccarelli. “Isso é uma transformação fantástica, porque traz uma enorme auto-estima. Hoje, esses jovens dificilmente vão tomar o caminho errado, porque estão incluídos socialmente,

Som do bem - Osquestra Heliópolis

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Som do Bem

História

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são valorizados e se sentem cidadãos plenos”. Do primeiro grupo de alunos do instituto, está o violoncelista Marcos Mota. Marcos nunca tinha escutado música clássica até os dez anos, quando passou no teste para participar do coral do instituto. Aos treze, teve a oportunidade de eleger um instrumento para estudar, escolheu o violoncelo e, desde então, toca e estuda música todos os dias, mais de 10 horas por dia.

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Live Aid Aid Live

Foto: Guito Moreto

Um momento histórico na música e para projetos sociais associados a ela

Mike Patton com orquestra de Heliópolis no Rock in Rio

Mais informações

www.institutobaccarelli.blogspot.com.br Estrada das Lágrimas, 2.317 - Heliópolis (São Paulo/SP) Para se informas sobre novas vagas: novasvagas@institutobaccarelli.org.br

Som do bem - Osquestra Heliópolis

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L

ive Aid foi um concerto de rock realizado em 13 de julho de 1985. O evento foi organizado por Bob Geldof e Midge Ure com o objetivo de arrecadar fundos em prol dos famintos da Etiópia. Os concertos foram realizados no Wembley Stadium em Londres (com uma platéia de aproximadamente 82,000 pessoas) e no John F. Kennedy Stadium na Filadélfia (aproximadamente 99,000 pessoas). Alguns artistas apresentaram-se também em Sydney, Moscou e Japão. Foi uma das maiores transmissões em larga escala por satélite e de televisão de todos os tempos—estima-se que 1,5 bilhão de espectadores, em mais de 100 países, tenham assistido a apresentação ao vivo. O concerto começou às 12 horas (horário local) em Wembley, Inglaterra, e continuou no JFK Stadium (EUA) às 13:51. As apresentações no Reino Unido terminaram às 22:00, enquanto que no JFK a 22:00,enquanto que no JFK a conclusão deu-se às 04:05 da madrugada. Conclui-se então que o concerto teve 16 horas, mas uma vez que as apresentações de muitos artistas aconteceram simultaneamente no Wembley e no JFK, a soma final é bem maior. enquanto que no JFK a conclusão deu-se às 04:05 da madrugada.

Conclui-se então que o concerto teve 16 horas, mas uma vez que as apresentações de muitos artistas aconteceram simultaneamente no Wembley e no JFK, a soma final é bem maior. Nenhum concerto antes havia reunido tantos artistas famosos do passado e do presente. Entretanto, à última hora, alguns músicos já anunciados acabaram não aparecendo, como Tears For Fears, Julian Lennon e Cat Stevens, enquanto Prince mandou em seu lugar um videoclipe da canção “4 The Tears In Your Eyes”. Stevens compôs uma canção especialmente para o evento, que nunca chegou a apresentar - se o tivesse feito, seria seu primeiro concerto público após sua conversão ao islamismo. o Deep Purple também deveria se reunir para o evento, mas Ritchie Blackmore recusou-se a participar. Mick Jagger pretendia originalmente se apresentar nos EUA num dueto intercontinental com David Bowie em Londres, mas problemas de sincronismo impossibilitaram a tarefa. Ao invés disso, Jagger e Bowie criaram um videoclipe da canção que apresentariam juntos, originalmente se apresentar nos EUA num dueto intercontinental com David Bowie em Londres, mas problemas de sincronismo impossibilitaram a tarefa.

História - Live AID

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História Ao invés disso, Jagger e Bowie criaram um videoclipe da canção que apresentariam juntos, uma versão de “Dancing In The Street”. Jagger ainda se apresentou com Tina Turner na seção estadunidense do concerto. Ambos os eventos principais do concerto terminaram com seus respectivos hinos anti-fome, o “Do They Know It’s Christmas?” da Band Aid no Reino Unido e “We Are The World” do USA For Africa fechando o show nos EUA. Desde então vários discos e vídeos piratas com os concertos do Live Aid têm circulado livremente. O evento nunca foi planejado para ser lançado comercialmente, mas em novembro de 2004 a Warner Music Group lançou um DVD quádruplo do concerto para tentar dar um fim à pirataria. Durante os concertos os telespectadores eram chamados a contribuir com a causa do Live Aid. Trezentas linhas telefônicas foram disponibilizadas pela BBC para permitir que doações fossem feitas por cartão de crédito. O número de telefone e o endereço para o envio de cheques eram repetidos a cada vinte minutos. Quase sete horas depois do início do concerto em Londres, Bob Geldof foi informado de que o montante recebido não passava de 1,2 milhão de libras. Geldof ficou desapontado, e se dirigiu à cabine de transmissão da BBC. Aparecendo depois de uma performance do Queen que ele definiu mais tarde como “absolutamente fantástica”, Geldof deu uma entrevista que se tornaria célebre. Erroneamente creditado posteriormente por ter dito “Apenas nos dê o dinheiro, “, Geldof na verdade declarou, “Pessoas estão morrendo NESTE MOMENTO. Nos dê o dinheiro AGORA.

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Bono clama por ação na África por Davi sacramento Bob Geldof

Me dê o dinheiro agora”. O apresentador da BBC, David Hepworth, tentou então divulgar um endereço para onde as doações poderiam ser enviadas. Geldof o interrompeu, gritando “Dane-se o endereço, dê só o telefone, aqui está o número…”. Depois de sua aparição, as doações aumentaram para 300 libras por segundo. No final da tarde, após o set de David Bowie, um vídeo produzido pela CBC foi exibido às platéias em Londres e Filadélfia, assim como nas TVs ao redor do mundo, mostrando crianças etíopes famintas e doentes, com a canção “Drive” do The Cars ao fundo. Após a exibição a proporção de doações foi a mais alta obtida pelo evento. Ironicamente, Geldof se recusara a exibir o vídeo devido à limitações de tempo, e só concordou quando Bowie se ofereceu para encurtar sua apresentação. Como Geldof mencionou durante o concerto, a República da Irlanda foi a maior doadora per capita, apesar de estar passando por uma grave crise econômica na época. A maior doação individual foi feita pela família real de Dubai. Eles doaram 1 milhão de libras numa conversa telefônica com Bob Geldof. No dia seguinte os jornais noticiaram que o montante arrecado estava entre 40 e 50 milhões de libras. Atualmente estima-se que esse número tenha chegado a 150 milhões, como resultado direto dos concertos.

História - Live AID

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G

ostaria de ver o Idealismo livre de todas as amarras, sejam elas políticas, econômicas ou psicológicas. O mundo físico tem muito a aprender com o digital. Com a facilidade com que os obstáculos são superados, obstáculos que pareciam insuperáveis. E é sobre isso que gostaria de falar hoje. Gostaria de ver o Idealismo livre de todas as amarras, sejam elas políticas, econômicas ou psicológicas. O mundo físico tem muito a aprender com o digital. Com a facilidade com que os obstáculos são superados, obstáculos que pareciam insuperáveis. E é sobre isso que gostaria de falar hoje. Antes eu gostaria de explicar por que e como cheguei aqui. É uma jornada que comecei há 20 anos atrás. Vocês devem lembrar aquela música “We are the World” ou “Do they know it’s Christmas?”. Band Aid, Live Aid. Outra lenda do Rock, o já grisalho Sir Bob Gedolf, iniciou um desafio de “alimentar o mundo.” Foi um momento especial e mudou radicalmente minha vida. Naquele verão, minha esposa Ali e eu fomos a Etiópia. Nós fomos sem estardalhaço só para ver o que estava acontecendo. Moramos na Etiópia por um mês, trabalhando num orfanato. As crianças tinham um nome para mim. Elas me chamavam de “a garota com barba” (risos). Nem queiram saber. A África para nós é um lugar mágico.

Bono clama por ação na África

Tudo é grande, os céus, os corações, o continente iluminado. Gente bonita e digna. Tudo que damos à África recebemos em dobro. A Etiópia não só me surpreendeu como também abriu minha mente. No último dia que passamos no orfanato, um homem colocou um bebê em meu colo e disse, “você pode levar o meu filho com

você?”. Ele sabia que na Irlanda, seu filho teria uma chance, e que na Etiópia, ele morreria. Era uma época de penúria extrema. Bem, eu acabei recusando. E foi uma sensação estranha, mas eu recusei. E é um sentimento que não consigo esquecer. Foi naquele momento que iniciei essa jornada. Naquele momento, eu me tornei a pior coisa possível: Eu me tornei um astro do rock com uma causa. Mas isso não é exatamente uma causa, não é? Seis mil e quinhentos africanos morrem de AIDS a cada dia...uma doença prevenível, tratável...por falta de remédios que nós encontramos em qualquer farmácia. Isso não é uma causa, é uma emergência. Há 11 milhões de órfãos da AIDS na África, e haverá 20 milhões no final desta década. Isso não é uma causa, é uma emergência. Hoje, todos os dias, mais 9 mil africanos contrairão HIV devido à estigmatização e à falta de educação. Isso não é uma causa, é uma emergência. Estamos falando aqui sobre direitos humanos. O direito de viver como um ser humano. O direito de viver, ponto. E o que nós estamos enfrentando na África é uma ameaça sem precendentes à dignidade e à igualdade.

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Especial Bono Outro ponto que eu gostaria de esclarecer, é o que esse problema é e o que esse problema não é. Porque não se trata de caridade. Trata-se de justiça. Justiça. Não é sobre caridade. É sobre justiça. E isso é ruim porque nós fazemos caridade muito bem. Tanto os americanos como os irlandeses. Até nos bairros mais pobres costuma-se doar até mais do que podem. Gostamos de doar e doamos muito. Olhe para a reação à tsunami, é inspiradora. Mas justiça é um assunto mais complicado que caridade. Veja, na África, riem de nossa ideia de justiça. Fazem piada da nossa ideia de igualdade. Caçoam de nossa piedade, duvidam de nossa preocupação. Questionam nosso comprometimento. Pois não há como vermos o que está acontecendo na África e, se formos honestos, concluirmos que poderia acontecer em qualquer outro lugar. Como viram no filme, em qualquer outro lugar, mas não aqui. Não aqui, não na América, não na Europa. De fato, um chefe de estado bem conhecido foi quem me disse isso. E é verdade. Não há como esse massacre da vida humana ser aceito em qualquer outro lugar que não a África. A África é um continente em chamas.E, no fundo, se realmente aceitarmos que os africanos são iguais a nós, nós todos faríamos mais para apagar o fogo. Ficamos parados com nossos baldes d’água, quando na verdade precisamos do corpo de bombeiros. Veja bem, não é tão dramático quanto a tsunami. É loucura, realmente, quando pensamos sobre isso. Será que tudo tem que parecer um filme de ação para darmos alguma atenção? Parece que a extinção lenta de inúmeras vidas não é dramática o suficiente. Catástrofes que podemos evitar não são tão interessantes como as que podemos. Curioso, isso.

16 Pois eu acredito que esse tipo de pensamento ofende o rigor intelectual nessa sala. Seis mil e quinhentos mortos por dia na África pode ser pela crise na África, mas o fato de isso não estar nos noticiários, de que nós na Europa, ou vocês na América, não estejamos tratando disso como se fosse uma emergência...Eu quero mostrar para vocês hoje que a crise é nossa. Quero dizer que, apesar de a África não ser a prioridade na guerra ao terror, logo poderá ser. Toda semana, extremistas religiosos tomam outra vila africana. Estão tentando trazer ordem ao caos. Ora, por que não estamos também? Pobreza leva a desespero. Sabemos disso. Desespero leva a violência. Sabemos disso. Em tempos turbulentos, não é mais barato e mais inteligente, fazer amigos de possíveis inimigos do que se defender deles depois? A guerra ao terror está ligada à guerra contra a pobreza.

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Especial Bono E não fui eu que disse isso, foi Colin Powell. Quando os militares nos dizem que isso é uma guerra que não pode ser vencida pelo poder militar apenas, talvez devêssemos ouvir. Existe uma oportunidade aqui, e ela é real. Não é uma brincadeira. Não é uma ilusão. Os problemas enfrentados no mundo em desenvolvimento oferecem a nós no mundo desenvolvido uma chance de nos reposicionarmos no mundo. Não só transformaremos as vidas de outros,mas também transformaremos o modo como os outros nos veem. E isso pode ser inteligente nestes tempos perigosos e instáveis. Você não acha que num nível puramente comercial, as drogas antirretrovirais são uma grande propaganda para a tecnologia e habilidade ocidental? A compaixão não nos cai bem? E vamos encarar os fatos. Em alguns cantos do mundo, a marca UE e a marca EUA não estão mais tão brilhantes. As placas em neon estão rachadas e quebradas. Alguém já atirou um tijolo pela janela. Os gerentes regionais estão ficando nervosos. Nunca antes o ocidente foi tão minuciosamente examinado. Nossos valores: nós os temos? Nossa credibilidade? Tudo isso está sob ataque no mundo todo. A marca EUA está precisando de um verniz. E eu digo isso como fã da marca. Como um consumidor dos produtos. Vamos parar para pensar. Faz sentido oferecermos mais antirretrovirais. E essa é a parte fácil, ou assim deveria ser. Mas igualdade na África...essa sim, é uma ideia ampla e onerosa.

17 A magnitude do sofrimento nos leva a um estupor de ndiferença. O que pode ser feito diante disso tudo? Bem, muito mais do que imaginamos. Não podemos resolver todos os problemas, mas os que podemos, e esse é o meu ponto, temos a obrigação de resolver. Temos a obrigação porque podemos. Essa é a mais pura verdade. Não é uma teoria. O fato é que somos a primeira geração a olhar a doença e a pobreza extrema nos olhos, a atravessar o oceano até a África, e expor o que vemos. Nós não podemos deixar isso acontecer. Um continente inteiro destroçado - não podemos deixar isso acontecer. (Aplausos) E digo isso sem o menor vestígio de ironia, antes de referir-me a um bando de ex-hippies. Esqueçam os anos 60. Nós podemos mudar o mundo. Não cada indivíduo, mas todos juntos podemos mudar o mundo. Realmente acredito nisso, nas pessoas nesse auditório. Veja o exemplo da Fundação Gates. Já fizeram coisas incríveis, inacreditáveis. Se trabalharmos juntos, podemos mudar o mundo. Podemos inverter situações tidas como inevitáveis e transformar a qualidade de vida de milhões de seres que, de perto, são tão iguais a nós. Desculpem a brincadeira, mas vocês estão bem diferentes do que eram em Haight-Ashbury nos anos 60. (Risos) O que eu quero mostrar é que esse é o momento que esperávamos. As sementes que vocês plantaram floresceram tempos atrás. As ideias que vocês gestaram na juventude. É isso que me impulsiona. Todo esse auditório nasceu para viver esse momento, é isso o que eu quero dizer hoje.

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Copyright

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consolidação de novos modos de compartilhamento, interatividade e consumo musical favorecidos por certos desenvolvimentos tecnológicos, enseja uma grande reorganização no mercado fonográfico. Neste contexto, a questão dos direitos autorais tem merecido especial atenção. O presente trabalho discute alguns usos e abusos de software de gerenciamento e controle de cópias não autorizadas, bem como modelos alternativos de licenças propostas para a música distribuída na Internet. Pretende-se problematizar a noção de pirataria digital através de uma abordagem multifacetada. Pirataria na internet é o download ou a distribuição não autorizada de conteúdos protegidos por direitos autorais, tais como filmes, músicas, programas de televisão, vídeo-clipes ou programas de computador, com ou sem intuito de lucro. A distribuição e o download ilegal desses conteúdos se dá de diversas formas, inclusive por meio de redes P2P (peer-to-peer) de compartilhamento de arquivos, como e-donkey, bit torrent e gnutella, e por meio de discos virtuais (como rapidshare e megaupload). Nessas redes e sistemas, um único arquivo disponibilizado pode resultar em milhões de downloads ilegais. A Internet também é amplamente utilizada para a venda de mídias físicas contendo obras musicais e audiovisuais reproduzidas ilicitamente, contexto em que ganham relevância redes sociais e sites de leilão, constantemente sob monitoramento.

Por Daniel Lima

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Internet, direito autoral e novas práticas de consumo

Arte: Leonardo Andrade

Pirataria na Música Digital

Legendas – Atividade ilícita

A tradução para qualquer idioma de obra protegida por direitos autorais depende da autorização dos titulares, nos termos do inciso IV do artigo 29 da Lei de Direitos Autorais e nos termos do artigo 8º da Convenção de Berna, ratificada e em vigor em quase todos os países do globo.

19 Desta forma, a confecção de legendas e sua disponibilização para download constitui violação de direitos autorais e, como tal, deve ser reprimida, o mesmo ocorrendo com a dublagem. O Brasil possui comunidades destinadas à tradução e à confecção de legendas para obras originalmente em língua inglesa, atividade que, independentemente da obtenção de lucro, viola direitos autorais. É importante destacar que a única finalidade das referidas comunidades é permitir que não falantes da língua inglesa possam assistir a cópias piratas de filmes e de seriados antes que sejam legalmente disponibilizados no Brasil, de maneira que são um elo na cadeia de violação de direitos que se inicia com o camcording ou com outro tipo de reprodução ilícita do exemplar original.

Encartes e material gráfico

A disponibilização, por meio da Internet, do material gráfico relacionado a algum filme específico é atividade ilícita, proibida pela legislação em vigor. Os direitos de propriedade intelectual que recaem sobre esse material pertencem aos titulares de direitos das obras cinematográficas, e sua disponibilização, por qualquer meio, depende de sua autorização. Sites de Leilão A falsa percepção de que atividades privadas na Internet se dão de maneira anônima leva criminosos a oferecerem produtos piratas nos diversos sites de leilão virtual disponíveis na Internet. Assim como ocorre com ofertas ilegais em redes de relacionamento e em websites comuns, vendedores de sites de leilão são identificáveis, e podem ser punidos.

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Copyright

Justificativas Ao fazer download ilegal de arquivos de uma rede P2P (peer-to-peer), as entidades que protegem os direitos autorais podem rastreá-lo e saber quem você é. Baixar músicas ou filmes na Internet para uso pessoal ou sem intuito de lucro não é ilegal.

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Copyright

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Afirmação No Brasil, mutas vezes os artistas deixam de lançar novos trabalhos e novas músicas através das gravadoras por conta das perdas que o mercado pirata impõe para toda a cadeia de produção de CD’s. São artistas, gravadoras, distribuidoras e principalmente o consumidor que perde, ano a ano, com o encolhimento do setor. Os números são alarmantes. Segundo relatório da Federação Internacional da Indústria Fonográfica divulgado no fim de Janeiro de 2010, “os lançamentos de discos de artistas nacionais pelas cinco maiores gravadoras do país caíram 80% entre 2004 e 2008”. Os investimentos nas produções musicais do Brasil reduziram muito devido, principalmente, à pirataria física e digital. Os downloads ilegais de música pela internet também contribuem para que as perdas para o setor fonográfico sejam ainda maiores.

O IP de qualquer usuário de redes P2P, ou mesmo de redes de IRC, MSN, e-mails e sites em geral é facilmente identificável, ainda que o IP do usuário seja dinâmico. Com isso, o pirata poderá ser alvo de ações judiciais por violação de direitos autorais. Muitos usuários dizem que baixar para uso pessoal não é ilegal, mas baixar, transferir, copiar e distribuir músicas ou filmes sem autorização dos titulates constitui violação aos direitos autorais, nos termos da legislação em vigor. Os sites ilegais ou usuários normalmente acham que se apagarem o arquivo em 24h não terão problema algum, mas isso não passa de um mito. Colocar este aviso em um site não isenta o administrador de responsabilidade civil ou criminal.

Sites que apenas indicam links para o download de filmes não cometem nenhuma violação, já que os arquivos ilegais estão hospedados em outro lugar.

ites e blogs destinados à compilação de links para download de obras ilegalmente disponibilizadas fazem parte da cadeia de distribuição ilícita de conteúdo, e participam da violação de direitos.

Por outro lado

ilustração: Leonardo Andrade

Baixar músicas ou filmes na Internet para uso pessoal ou sem intuito de lucro não é ilegal.Baixar filmes e músicas e apagá-los dentro de 24 horas isenta o usuário de responsabilidade.

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Pirataria de música na web não prejudica vendas digitais, diz pesquisa feita por instituto da União Europeia.Além de o download ilegal de músicas não afetar a venda na internet, alguns novos formatos de ouvir gravações na web podem até impulsionar o rendimento das lojas. Esta é a conclusão de uma pesquisa recente do IPTS (Instituto de Prospecção de Estudos Tecnológicos), da União Europeia, publicada em março de 2013. “Nossas descobertas sugerem que a pirataria de música digital não deveria ser vista como uma preocupação crescente para os detentores de direitos autorais na era digital”, escreveram os pesquisadores Luis Aguiar e Bertin Martens. Para os pesquisadores, não foram encontrados dados que provassem uma correlação entre aumento de pirataria e esvaziamento na atividade de sites legais de venda de música on-line.

Pelo contrário. Segundo o estudo, um aumento em 10% no número de cliques em sites piratas eleva em 0,2% o número de cliques em páginas legais. Para serviços de streaming, um crescimento similar eleva os cliques em 0,7% nas lojas virtuais. Apesar de culpar os downloads ilegais pela perda de receita, segundo a pesquisa da UE, a indústria fonográfica aposta na digitalização: o faturamento com música digital cresceu mais de 1.000% entre 2004 e 2010. Em 2011, subiu 8% no mundo. Chegou a US$ 5,2 bilhões. A conclusão a que os pesquisadores chegaram parece óbvia, mas é plausível: o consumo de música na web é movido pela preferência das pessoas. “Gosto é um importante determinante no consumo de música digital, independente da origem. Em outras palavras, pessoas que gostam de música consomem mais do mesmo, indiferente se são downloads legais, ilegais ou por streaming.” Enquanto consumidores que compram música online passam, em média, 2,5 meses ativos na web, os piratas passam quase um semestre conectados. Eles também são mais ativos em sites de música. Clicam 10% mais do que os compradores reguladores e 40% mais dos que consumem serviços de streaming. O Brasil é o quinto país com o maior número de downloads ilegais de arquivos de música na internet, segundo uma pesquisa feita pelo serviço de monitoramento musical Musicmetric. O levantamento, batizado de Index de Música Digital, analisou a localização e o volume de downloads de músicas por Torrent - o método mais comum usado para baixar arquivos digitais - durante os seis primeiros meses de 2012. ‘O crescimento dos downloads no Brasil mostra que as pessoas estão interessadas nisso. O fato de que 19 milhões músicas são baixadas ilegalmente

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não quer dizer que as pessoas não comprariam essas músicas.’

No Mundo

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de downloads. Em todo o mundo, mais de 3 bilhões de músicas foram baixadas a computadores usando Torrent - protocolo que permite que pedaços do arquivo sejam baixados de forma compartilhada e aleatória, sendo reconstituídos no final do processo durante o período coberto pela pesquisa. De acordo com a pesquisa, Manchester é a cidade britânica campeã na pirataria de músicas pela internet, considerando o número de arquivos baixados por pessoa. Mas Londres vence quando se considera o número total de arquivos baixados - foram sete milhões, em geral discos inteiros, na primeira metade do ano. Os dados britânicos também sugerem que o disco do músico pop Ed Sheeran foi o mais baixado, em uma média de 55 mil vezes por mês. No entanto, Sheeran disse à BBC que não se incomoda com os downloads ilegais, porque ‘vende muitos ingressos’.

Arte: Daniel Lima

‘O que vimos pelo mundo é que onde existe a presença de lojas de música online como iTunes e Spotify, o número de downloads cresce menos. As evidências mostram que as pessoas usarão as alternativas legais que são oferecidas a elas’, declarou a organização. O Index de Música Digital também afirma que os lucros com a venda legal de arquivos digitais pelas gravadoras cresceu 8% em 2011, para cerca de US$ 5,2 bilhões. Em 2010, o aumento nos lucros foi de 5%. O número cada vez maior de lojas de música online, segundo a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês), contribui para esse aumento. No início de 2011, os maiores serviços internacionais de venda de música online estavam em 23 países. Um ano depois, já estavam presentes em 58 lugares. Os Estados Unidos encabeçam a lista de pirataria de música online, com mais de 96 milhões

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