Maré de Notícias #35

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Elisângela Leite

Novembro de 2012 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita

Luta não é briga Alunos de muai thay treinam firme e

Elisângela Leite

ainda se esforçam no colégio. pág. 11

Violência contra mulheres Participe dos 16 dias de ativismo,

Porque temos direitos! Moradores aderem à campanha “Somos da Maré e temos direitos”, lançada em novembro pela Redes, Observatório de Favelas e Anistia Internacional. O objetivo é que todos nós possamos nos contrapor à abordagem histórica desrespeitosa da polícia na favela. Cinquenta mil folders e adesivos estão sendo distribuídos de casa em casa, informando os direitos da população e como agir em caso de abuso. Conheça a campanha e leia a opinião dos moradores sobre a iniciativa. Pág. 8 a 10

Cedae anuncia obras no sistema de esgoto

organizados pelo CRMM. Pág. 5

Ela é musa! Conheça a Andréa, do Parque União.

Segundo a Cedae, as obras na rede de esgoto do Conjunto Esperança ao Parque União terão início até março de 2013. Além disso, os resíduos da Maré passarão a ser tratados na Estação de Alegria. Ou seja, não serão mais lançados in natura nos canais. Se ocorrer como anunciado em primeira mão ao Maré, a qualidade de vida vai melhorar. Pág. 6 e 7

Elisângela Leite

Renato de Bragança

Pág. 3

Receita Feijoada de frutos do mar. pág. 15 Centro de Artes da Maré Lona Cultural Herbert Vianna

Pág. 15

Elisângela Leite

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Consciência negra

Ouvimos leitores e uma pesquisadora sobre igualdade, diferença, preconceito e cotas, um assunto pertinente num país que ainda não oferece as mesmas oportunidades para negros e brancos. Pág. 12 a 14

Elisângela Leite

Ano III, No


Direito a uma vida melhor Esta edição traz matérias particularmente importantes para a Maré. Estamos tratando de temas dos mais impactantes no nosso dia a dia e apontando para uma perspectiva de vida melhor.

Outro tema dos mais relevantes envolve a saúde ambiental, que requer a oferta de serviços de saneamento bem melhores do que os verificados hoje nas comunidades. Não faz sentido, em pleno século 21, na segunda maior cidade do país, sermos obrigados a conviver com esgoto in natura nas nossas ruas e canais. Parece que teremos uma situação melhor daqui a dois anos, conforme anuncia a Cedae, em reportagem exclusiva nas páginas 6 e 7. A todos, uma boa leitura.

Expediente Instituição Proponente

Redes de Desenvolvimento da Maré

Diretoria

Andréia Martins Eblin Joseph Farage (Licenciada) Eliana Sousa Silva Edson Diniz Nóbrega Júnior Fernanda Gomes da Silva Helena Edir Patrícia Sales Vianna Shyrlei Rosendo

Coordenação de Comunicação Mirella Domenich

Instituição Parceira

Observatório de Favelas

Apoio

Ação Comunitária do Brasil Administração do Piscinão de Ramos Associação Comunitária Roquete Pinto

Rosilene Miliotti

Renato de Bragança

Com samba no pé e sorriso no rosto, a carioca Andréa Martins Machado, 35 anos, modelo, musa da Inocentes de Belford Roxo, professora de ballet e moradora do Parque União, é uma das representantes da beleza da Maré na Sapucaí durante o Carnaval. O gosto pelo Carnaval começou ainda criança, quando seu pai a levava para os blocos e ela já usava fantasia e maquiagem. Sua musa inspiradora é a modelo Luisa Brunet.

Car tas Um quebra-cabeça de fios

Nota da redação:

Venho lhe pedir que faça um comentário sobre as redes de comunicação da Oi. Nossos postes são um verdadeiro emaranhados de fios, e quando a Light troca um poste aí a coisa fica feia. Se a Oi tivesse seus postes nada disso estaria acontecendo. Tenho feito pedido pra ver se melhora essa bagunça, mas de nada adianta. Everaldo Barboza da Silva

Caro Everaldo, ao andar pela Maré, é fácil constatar o excesso de fiação. Para piorar, os fios estão cheios de linha e alguns com chuteiras. O morador pode ajudar não soltando pipa perto da rede elétrica e evitando colocar objetos sobre os fios.

Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Bento Ribeiro Dantas Associação dos Moradores e Amigos do Conjunto Esperança Associação de Moradores do Conjunto Marcílio Dias Associação de Moradores do Conjunto Pinheiros Associação de Moradores do Morro do Timbau Associação de Moradores do Parque Ecológico Associação de Moradores do Parque Habitacional da Praia de Ramos

Associação Pró-Desenvolvimento da Comunidade de Nova Holanda Biblioteca Comunitária Nélida Piñon Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa Conexão G Conjunto Habitacional Nova Maré Conselho de Moradores da Vila dos Pinheiros Luta pela Paz União de Defesa e Melhoramentos do Parque Proletário da Baixa do Sapateiro União Esportiva Vila Olímpica da Maré

Associação de Moradores do Parque Maré Associação de Moradores do Parque Rubens Vaz Associação de Moradores do Parque União Associação de Moradores da Vila do João

Entramos em contato com a Oi, que pediu que moradores identifiquem os pontos específicos de fiação desativada e entrem em contato para que a equipe possa atuar. A Light, por sua vez, informou que vai verificar se os fios emaranhados pertencem à concessionária e, caso sejam, tomará as providências necessárias.

Repórteres e redatores

Hélio Euclides (Mtb – 29919/RJ) Rosilene Miliotti Fabíola Loureiro (Estagiária)

Fotógrafa

Elisângela Leite

Projeto gráfico e diagramação Pablo Ramos

Silvia Noronha (Mtb – 14.786/RJ)

Rua Sargento Silva Nunes, 1012, Nova Holanda / Maré CEP: 21044-242 (21) 3104.3276 (21)3105.5531 www.redesdamare.org.br comunicacao@redesdamare.org.br Os artigos assinados não representam a opinião do jornal.

Monica Soffiatti

Logotipo

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Colaboradores

Parceiros

Anabela Paiva Aydano André Mota Flávia Oliveira Observatório de Favelas

Impressão

Editora executiva e jornalista responsável

Redes de Desenvolvimento da Maré

Gráfica Jornal do Commércio

Tiragem

40.000 exemplares

Leia nosso Maré na internet e baixe o PDF: www.redesdamare.org.br.

“Comecei no Carnaval como passista e já passei por diversas escolas como a Inocentes de Belford Roxo, Caprichosos de Pilares, União da Ilha, Viradouro. Em 2010 ganhei o concurso de musa da comunidade de São Gonçalo. Desde então, me aposentei como passista e agora sou musa. Já fui musa da Porto da Pedra, da Inocentes de Belford Roxo e da Renascer de Jacarepaguá. Este ano eu permaneci na Renascer e recebi um convite para ser musa na Águia de Ouro, em São Paulo. O Carnaval de São Paulo é maravilhoso, mas o do Rio ainda é melhor. Já fui rainha de bateria do Boi da Ilha do Governador, mas meu sonho é ser rainha de uma escola do grupo especial”, conta. Em 2010, ela chegou à final do concurso Rainha do Carnaval carioca, mas não ganhou. Este ano, ela tentou novamente, mas foi eliminada na semifinal. “O que importa é que o concurso é uma vitrine e depois que eu participei surgiram muitos trabalhos, entre eles fazer parte do corpo de bailarinas do programa da Regina Casé, o Esquenta”, revela. Ela, no entanto, acabou cortada do programa porque precisou faltou à gravação para socorrer a mãe, que estava doente. Ficou decepcionada, mas não se arrepende. “Família em primeiro lugar”, frisa. Andréa está no mundo do samba há 17 anos. Para ela, o trabalho com o Carnaval dura o ano inteiro. Andréa participa de um grupo que faz animação de festa, com uma mini escola de samba. Já passou por muitos sacrifícios para estar na avenida: dieta, malhação e procedimentos estéticos fazem parte de sua rotina. “Mas não sou só um corpo bonito. Sou mãe, professora, esposa e musa. Minha vida não gira em torno do Carnaval”, avisa. E jogando limpo, acrescenta: “As pessoas acabam confundindo o fato de trabalhar no Carnaval com ser prostituta. Tem quem faça, como em várias profissões, mas não é o meu caso porque tudo que consegui até hoje foi com muito sacrifício e mérito”, afirma.

Pagar para sambar Andréa também não paga para desfilar. Apenas banca a sua roupa, mas diz que uma rainha de bateria do grupo especial chega a pagar R$ 250 mil para desfilar. “As pessoas têm que pagar cargo nas escolas de samba e eu acho isso um absurdo. São poucas as escolas que dão oportunidade para as pessoas da comunidade e nas comunidades têm muitas mulheres bonitas que poderiam ter destaque durante o Carnaval, mas não têm porque quem tem dinheiro e fama paga, e paga muito caro por esses cargos de destaque. Toda passista sonha em ser rainha de bateria. E por que não dar uma oportunidade para aquela passista que está sempre presente na vida da comunidade?”, questiona. Este ano ela irá desfilar na Inocentes de Jacarepaguá, Unidos de Padre Miguel e na Águia de Ouro, em São Paulo. Mas ainda aguarda os convites para desfilar no grupo especial.

Não sou só um corpo “bonito. Sou mãe, esposa, professora e musa, mas minha vida não gira em torno do Carnaval.

Maré de Notícias 35 - Novembro / 2012

O tema da reportagem de capa, da pág. 8 a 10, alerta os moradores para seus direitos no campo da segurança pública e, sobretudo, promove uma declaração conjunta da população local, dizendo aos policiais que nós conhecemos os nossos direitos. Como diz Eliana Sousa, aqui não tem cidadão de segunda classe; e é importante que a gente tente assumir uma nova postura perante o Estado.

Uau! É a musa do Carnaval!

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Moradora do Parque União é musa do Carnaval e pretende ser rainha de bateria

Elisângela Leite

EDITORIAL Maré de Notícias No 35 - Novembro / 2012

André de Lucena

PERFIL

Humor: “Saúde Pública” -

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Notas

Discussões sobre o Plano de Direitos Humanos

Hélio Euclides

Para doações: Associação Semear – Banco Itaú, agência 6504, conta-corrente 06190-1. Mais informações: bibliotecamare@yahoo.com.br.

Está aberto o processo seletivo para as turmas de 2013 da Escola Popular de Comunicação Crítica (Espocc). O projeto, realizado pelo Observatório de Favelas em parceira com a UFRJ e patrocínio da Petrobras, vai formar 90 jovens em

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O curso é gratuito. Acesse o edital em www.espocc.org.br/ programa/selecao2013. Contato: Rita Afonso, coord. pedagógica rita@observatoriodefavelas.org.br tel 21 31044057

Reprodução / Espocc

NOTAS

O encontro para discussão e aprovação do Plano de Direitos Humanos da Maré está marcado para 28 de novembro, uma

quarta-feira, de 16h às 21h, no Luta pela Paz, (na Rua Teixeira Ribeiro, 900). O encontro está sendo organizado pelo Iser,

Luta pela Paz, Observatório de Favelas e pela Redes. Mais informações: 31055531.

Pelo fim da violência contra as mulheres Sala Futura Maré

O Ciep Operário Vicente Mariano, próximo ao Morro do Timbau, foi desmembrado em três. Com isso, nas estatísticas, o Rio tem mais unidades escolares. O primeiro andar do Ciep abriga agora somente os alunos do 2º segmento (6º ao 9º ano). Já o segundo andar virou Escola Municipal Escritor Bartolomeu Campos de Queiros, destinada ao 1º segmento (até ao 5º ano). E, por fim, a préescola, localizada dentro do terreno do Ciep, foi batizada de Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) Cremilda da Silva Santos.

José da Conceição Silva, morador da Nova Holanda, não vê a hora de resolver o problema do nome da sua rua. Ele mora na Rua Jorge Luiz, que há mais de 10 anos se chamava Rua E. Suas contas – luz, telefone etc. – chegam direitinho com o endereço atualizado. Porém, a listagem de CEP indica Rua E até hoje. “Tive que abrir minha empresa recentemente como se fosse na Rua E. Quando vou comprar algo é um problema, porque meus comprovantes de residência dizem Rua Jorge Luiz, mas para o comerciante aparece Rua E, porque eles consultam pelo CEP”, relata ele, que já entrou em contato com a Secretaria Municipal de Urbanismo, mas não obteve retorno.

Anote na agenda a programação semanal da Sala Futura, uma parceira do Canal Futura com a Redes, que disponibiliza um vasto acervo de vídeos e DVDs para troca de saberes nas comunidades da Maré. Tudo gratuito.

QUINTA é o dia Jovem da Sala futura, alternando entre o FUTURA TEEN, cinesessão que abordará os temas sexualidade e gênero, e o DEBATE-PAPO FUTURA, cine-sessão que vai explorar temas como Cidadania e Juventude, Participação Política, O Jovem na Sociedade, entre outros. As sessões também são às 10h e 14h. SEXTA é dia de REDONDA FUTURA, cinesessão quinzenal, às 17h30, para adultos e jovens da comunidade, abordando temas como Segurança Pública, Direitos Humanos, Protagonismo Político e mais. A estréia será em 16 de novembro. A Sala Futura fica no prédio da Biblioteca da Redes, na Rua Sargento Silva Nunes, 1.008, Nova Holanda.

O Guia de Ruas da Maré, lançado no fim de setembro pela Redes, promete acabar com a confusão. Além disso, os presidentes das associações de moradores vão buscar solução nas suas comunidades para as ruas sem nome ou que precisam receber outro nome.

16 dias de ativismo 26 /11 às 13h30: Oficina artística “Um bairro seguro para as mulheres”, no CRMM, na Rua 17, s/n. Vila do João. 27 /11 às 11h: Panfletagem de divulgação da Campanha e do CRMM, no bandejão central da UFRJ, no Fundão. 28 /11 às 13h: Cine-pipoca Especial: “Chocolate”, no CRMM. 29 /11 às 10h: Mesa redonda “Violência contra a mulher, políticas públicas e intervenção profissional”, no Hospital Federal de Bonsucesso. 04 /12 às 13h30: Debate “Saúde da mulher”, no CRMM. 06 /12 às 10h: Mesa redonda “Violência contra a mulher e questão de gênero”, não auditório Manoel Maurício, na UFRJ da Praia Vermelha.

assistente social Izabel Gomes. A equipe do centro conta com 18 profissionais especializados, entre advogados, psicólogos e assistentes sociais. Veja a programação e o calendário de oficinas regulares do CRMM, que é gerenciado pela UFRJ e fica na Vila do João.

Oficinas Dança 1: 2as e 5as às 9h30 / 3as às 13h30 Dança 2: 5as às 13h30 Crochê: 3as às 9h30 e 13h30 Fuxico: 4as às 9h30 e às 13h30 Culinária latino-americana: 4asàs 9h30 e 13h30 Bordado: 5as às 9h30 e 13h30 Curso de direitos humanos: 2as às 13h Curso de Cuidadoras de Crianças: 2as às 13h Leitura: 2as às 13h30 Aprendizagem: 4as às 13h30 Cine-pipoca : última 4as do mês às 13h30 Roda de conversa: penúltima 5as do mês às 13h30 CRMM-CR, Rua 17, s/n. Vila do João 2a a 5a, de 9h às 12h e de 13h às 16h. Tel: 3104-9896

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Rovena Rosa

Depois disso, a Redes escreverá um projeto a ser entregue à Secretaria de Urbanismo e à Câmara de Vereadores, que precisa oficializar os nomes de rua da cidade.

a psicológica, que envolve, por exemplo, o controle excessivo do marido. “O centro é um espaço de orientação e reflexão. Trabalhamos a perspectiva de reconhecimento da mulher como sujeito de direitos, que pode decidir se vai trabalhar, se vai voltar a estudar, se vai sair com as amigas. Aqui, compartilhamos experiências e isso é muito rico”, explica a

Esses e outros 300 jovens da Maré vão se formar no Ensino Médio em 1º de dezembro. Eles estão concluindo o Supletivo e vão ter direito a uma merecida festa de formatura.

Arquivo / Redes

O diferencial foi a força da mobilização para batizar o EDI com o nome de Cremilda, moradora e educadora que ajudou diversas crianças, com alfabetização e reforço escolar. “Essa minha educação devo a ela, e muitos têm o mesmo pensamento, alguns já formados. Ela dedicou a vida toda ao social; foram três gerações de alunos. Fiquei feliz com esse reconhecimento da população”, confessa o filho de Cremilda, Anderson Machado Pinto.

TERÇA tem FUTURA CRIANÇA, cine-sessão seguida de atividade em grupo, em dupla sessão: 10h e 14h.

O Centro de Referência de Mulheres da Maré Carminha Rosa (CRMM-CR) convida para a campanha “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres”. As atividades começarão após 25/11, Dia Internacional pela Não Violência contra as Mulheres. O CRMM-CR reconhece como agressão tanto a violência física, que é mais visível, como

Silvia Noronha

Em que rua eu moro, afinal?

Divulgação

EDI recebe nome de moradora

Elisângela Leite

Maré de Notícias No 35 - Novembro / 2012

SOS doações à biblioteca

A Biblioteca Nelida Piñon, em Marcílio Dias, pede o apoio de todos para a compra de um novo prédio. A atual sede, alugada, não comporta mais a quantidade de livros. Até a sala de informática precisou ser desativada para virar depósito. Além do acervo de cerca de 6.000 livros, a biblioteca oferece cursos de artesanato, alfabetização e supletivo; disponibiliza assessoria jurídica e exame de vista; e organiza passeios para as crianças. Por enquanto, segundo o administrador Geraldo Oliveira, a venda de óleo de cozinha usado vem ajudando a quitar as despesas.

Publicidade Afirmativa, com habilitações em cultura digital e audiovisual. A Publicidade Afirmativa, ao invés de priorizar o lucro, promove valores de sociabilidade, quer transformar a cultura do consumismo e incentivar o empreendedorismo cultural, comunitário e socioambiental. O aluno aprenderá, por exemplo, a produzir sua banda de música, fazer uma fan page e elaborar um roteiro de cinema, entre outras ideias.

Maré de Notícias 35 - Novembro / 2012

O que acontece e o que não deixa de acontecer por aqui

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Segundo a estatal, as intervenções, aguardadas há mais de 20 anos, começarão em março do ano que vem e devem levar dois anos

Trechos da entrevista concedida pelo diretor da Cedae, Marcello Mota, em 29 de outubro.

Hélio Euclides

Na última edição, o Maré de Notícias mostrou como são falhos o abastecimento de água e a rede coletora de esgoto na Maré, serviços públicos de responsabilidade da Cedae, empresa do governo do estado. Diversos problemas foram relatados por moradores e por presidentes das associações das comunidades. Neste número, o diretor de Distribuição e Comercialização Metropolitana da Cedae, Marcello Motta, assegura que a estatal fará uma avaliação na distribuição de água e anuncia obras para melhorar a rede de esgoto e iniciar o tratamento dos resíduos na Estação de Alegria, no Caju. Caso o investimento anunciado seja realmente feito, os problemas de vazamento de esgoto serão minimizados e os canais (valões), no futuro, terão aparência bem melhor. Provavelmente haverá necessidade de obras de dragagem dos canais para complementar o serviço, mas este trabalho, segundo Motta, não é de responsabilidade da Cedae, e sim do Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

Obras nas ruas

Falta d’àgua na Maré

“A intervenção será também de ligação interdomiciliar. Para isso é necessário abrir ruas para investimentos de novas redes coletoras de 150 a 1.200 milímetros, aproveitando o que existe em bom estado. Também ocorrerá remanejamento de canos que se encontram dentro da boca de lobo (bueiro retangular de água pluvial).”

“Não há falta de água, e sim ausência de pressão. Há casas de cinco pavimentos, mas para chegar num segundo andar seria necessária uma pressão de seis mca (metro de coluna d’água), para atingir seis metros. E na Vila do Pinheiro, próximo ao Parque ecológico, onde é final de linha de abastecimento, é complicado. O que pedimos é que as pessoas tenham um reservatório inferior, ou seja, quando começa a verticalizar é fundamental o uso de uma caixa d’água de PVC, até para suportar uma parada de sistema e ter uma reserva de acordo com o número de moradores da residência. Hoje atendemos a cinco metros de coluna d’água, um primeiro pavimento. A Maré pode ter locais com pressão maior. Estaremos estudando a região mencionada como um todo (proximidades do Parque Ecológico), para ver a possibilidade de aumentar a pressão da rede. Para aumentar a força de final de linha precisamos restringir o início da distribuição, para empurrar mais água. Outra medida é instalar válvulas de pressão para a distribuição adequada, é uma possibilidade.”

Vazamentos crônicos de esgoto Hélio Euclides

Investimento da Cedae na Maré

Elisângela Leite

Nosso jornal vem documentando os constantes problemas na rede de esgoto. Na foto acima, o vazamento em frente ao posto de saúde Augusto Boal, no Timbau (edição 31). Na foto abaixo, o vazamento crônico é na Nova Holanda (Ed. 32)

Segundo Alexandre Pessoa Dias, engenheiro sanitarista da Fiocruz, se a Cedae investir mesmo em coletores-tronco, levando o esgoto até a estação de tratamento, os moradores e trabalhadores da Maré sentirão melhorias até quando as chuvas vierem. Haverá menos enchentes, a saúde ambiental da população local vai melhorar, assim como a qualidade das águas da Baía de Guanabara.

“Haverá um investimento de R$ 35 milhões somente na Maré, valor vindo por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2. Será um conjunto de intervenções, como o novo tronco coletor do Faria Timbó. Esse pacote atingirá Maré, Manguinhos, Alemão e Jacarezinho. Na Maré, as obras contemplarão as comunidades do Parque União até o Conjunto Esperança. As outras três comunidades (Roquete Pinto, Praia de Ramos e Marcílio Dias) que não serão assistidas nesse projeto passarão por uma verificação das dificuldades enfrentadas.”

Planejamento das obras “Será uma obra que deve ser iniciada em quatro meses, com prazo de 720 dias corridos, para construção de seis elevatórias de pequeno porte. Um dos pontos é a construção da elevatória da Bento Ribeiro Dantas, com capacidade de direcionar até 900 litros de esgoto por segundo e conectar na galeria de cintura até a Estação de Tratamento do Parque Alegria, no Caju. Para receber essa capacidade de resíduos só da Maré, haverá uma ampliação da estação.”

Segundo ele, a melhor campanha educativa que o Estado pode fazer é investir em saneamento. “É muito difícil fazer campanha educativa quando as pessoas convivem com o esgoto por onde elas andam. Tem que investir no saneamento dessas áreas com concentração populacional, de baixa renda, mas o governo prioriza as áreas nobres e depois a comunidade é culpada por jogar esgoto na Baía”, critica Alexandre. Mas vamos precisar de paciência: serão 720 dias corridos de obras, com intervenções em algumas ruas para troca de tubulação.

“A Maré tem um posto avançado que realiza as demandas de manutenção. Precisamos avaliar e buscar soluções. Uma reclamação da equipe é a dificuldade de entrar em certas ruas, por serem estreitas. Para melhorar essa situação incluiremos a compra de um conjunto de vara de aço para a melhor desobstrução por via manual. Para 2013 deveremos adquirir um equipamento a diesel para desobstruir linha de esgoto. Agora vamos pontuar quais os locais necessitam de troca de rede e limpeza dos coletores. Sabemos que não vamos solucionar todos os problemas da comunidade, mas precisamos minimizá-los com operação de sistema, atuando preventivamente.”

Pagamento de tarifa “Com a finalização das obras, em área de comunidade será cobrada apenas a tarifa social (atualmente em R$ 18,76 mensais).”

Papel do cidadão “Um dos problemas é a educação ambiental. No estado do Rio, alguns usuários transformam o vaso sanitário em lata de lixo. Isso causa problema porque a rede coletora de esgoto é estreita. Precisamos fazer uma campanha para mudar essa situação, começando pela criança. Outra orientação é não ligar tubulação de esgoto à água pluvial.”

Água para Todos “Agora é a segunda etapa, momento de qualificar os problemas, uma reavaliação. É estudar os vazamentos de tubulação que podem ser por baixo recobrimento. Nessa fase é equacionar as comunidades onde ainda há problema de abastecimento. Não vamos repetir o que existiu no início, que foi a troca da caixa de amianto pela moderna, porque já que ocorreu a venda de algumas, então resolvemos parar com esse trabalho.”

“Não vamos solucionar todos os problemas da comunidade, mas precisamos minimizá-los com operação de sistema, atuando preventivamente.” Silvia Noronha

Políticas Públicas

Cedae anuncia obras no sistema de esgoto

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Maré de Notícias 35 - Novembro / 2012

Maré de Notícias No 35 - Novembro / 2012

POLÍTICAS PÚBLICAS

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Somos da Maré e temos direitos!

Os moradores e trabalhadores da Maré, mais uma vez, fazem sua própria história e dizem “Não” para as práticas desrespeitosas dos policiais

As associações de moradores, a Redes, o Observatório de Favelas e a Anistia Internacional estão desenvolvendo uma ação de mobilização dos moradores em busca do direito à segurança pública. É a campanha “Somos da Maré e temos direitos”. A ideia é que possamos nos contrapor à abordagem histórica dos policiais, que entram em nossas casas, reviram tudo, inclusive quando não há ninguém. Nas ruas, também exigimos respeito, simplesmente porque a segurança pública é um direito de todos, não importa se é morador de Ipanema, de Santa Cruz ou da Maré. Adesivo criado para ser colado na porta da frente das casas da Maré

Camisetas de identificação da campanha. Uma equipe distribuirá o adesivo e o folder de porta em porta durante os meses de novembro e dezembro

Banner para que os policiais possam ler o nosso recado O respeito deve ser mútuo

9 Segurança Pública

ALTO LÁ!

Este conteúdo faz parte do folder que está sendo distribuído de porta em porta nas 16 comunidades

Maré de Notícias 35 - Novembro / 2012

Maré de Notícias No 35 - Novembro / 2012

SEGURANÇA PÚBLI-

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Leia na próxima página como foi o primeiro ato de mobilização da campanha


Segurança Pública

No dia 6 de novembro, cerca de 100 moradores da comunidade e membros das instituições organizadoras participaram do lançamento da campanha “Somos da Maré e temos direitos”. O grupo visitou casas da Nova Holanda com o objetivo de mobilizar a população. Os moradores receberam o folder da campanha e colaram o adesivo na porta de entrada de suas casas. Ao longo de novembro e dezembro, o material será distribuído de casa em casa nas 16 comunidades.

Arte marcial criada por monges é ensinada a atletas da Vila do João

Hélio Euclides

não sados, u b a ez, são Uma v . ciais s li o o it p e do dir Os tinha ti ossos is n o p m o a ard asa, respeit inha c e resgu d m a a v n ta tive eu es bateram nder porque s le e te avam a a bebê, les soc emorei E d r. u e ta e n mas demora o de leva s a e d d a d ld to dificu maram m ver fo tou , recla quisera Es a por ta . arido meu m esivo d a do o n a c lo o c para panha m a c a d nder les apre ver se e . ucação a ter ed eli Marmelo Su

Acho uma boa essa campanha porque eles invadem mesmo. Entram direto na casa da gente, pegam a gente desprevenida, não dá. D. Maria Augusta da Conceição

Elisângela Leite

Uma vez meu pai acordou co m a arma apontada para ele. Os po lic iais entraram do na da e revistaram a casa. Estão erra dos porque entra ram sem permissão. Relato de uma ad olescente de 17 an os

(?)

Uma das regras é a proibição de brigar fora das competições. Tirar boas notas no colégio também faz parte do jogo. Caso contrário, o aluno ficará fora do treino. Segundo Jefferson, esta regra se torna um incentivo aos estudos, porque ninguém quer deixar de treinar.

As graduações:

Apesar de o aluno aprender a bater em partes específicas, Jefferson diz que o muay thai não é uma arte violenta. “É uma arte como outra qualquer. O importante é respeitar que o que se aprende deve ficar na academia e na competição. Anderson Silva (lutador brasileiro) teve sua origem nessa luta, e por isso é tranquilo e técnico”, destaca o instrutor.

O aluno pode fazer o exame de dois em dois anos Branco Branco / vermelha Vermelha Vermelha / azul claro Azul claro Azul claro / azul escuro Azul escuro Azul escuro / preta Preta

Por ser uma luta que libera adrenalina, é comum verificar mudança no comportamento de quem começa a treinar, principalmente dos jovens mais rebeldes, revela Jefferson. “O atleta procura sempre o conselho do mestre ou instrutor e também a união com a família. Quando os alunos começam a treinar o muay thai, eles encontram a necessidade de esforço e de doutrina”, explica o instrutor, que há oito anos apura as técnicas e hoje já é graduado em azul claro com azul escuro. Para levar a doutrina do muay thai, ele é acompanhado de perto pelo mestre Gustavo Muniz.

Acho legal a cam panha, mas vou ser sincera: se eles quiserem fazer ruindade, na hora não vai ter jornal pa ra mostrar e el es vão fazer. Tomara que eles passem a respei tar. Moradora que teve sua porta arrombada pela po lícia

Elisângela Leite

Elisângela Leite

(!)

Academia do Aroldo: R. Seis - Vila do João. 2as, 4as e 6as pela manhã Custo: R$ 20 (para compra de materiais) Aceita alunos com 16 anos ou mais

A campanha está certíssima porque os policiais ultrapassam o poder deles. Nós temos os mesmos direitos e eu não aceito eles entrarem dentro da nossa casa assim. Eles nunca assumem o lado deles. Andréa Marinho

para Essa ação chama a atenção ito à um lado importante do dire el do segurança pública, que é o pap a que morador, que pode contribuir par eio rec O ido. ant gar seja esse direito car colo se de s ore rad mo de alguns amente diante dos policiais é just chegou porque esse direito sempre existe não i Aqu . ária orit aut de maneira cidadão de segunda classe. es Eliana Sousa Silva, diretora da Red Elisângela Leite

Treinos:

Elisângela Leite

Criado por monges na Tailândia há mais de um século, com o objetivo de defesa, o muay thai se tornou uma das artes marciais mais completas, exercitando punhos, cotovelos, joelhos, canelas e pés. O mestre Nélio Naja trouxe as técnicas para o Brasil e ensinou a diversos alunos, entre eles Jefferson Correia, que repassa o que aprendeu a 15 alunos na Vila do João. Os atletas aprendem movimentação, luta, técnica, defesa pessoal e disciplina.

Elisângela Leite

iliotti ene M Rosil

Elisângela Leite

la Leite Elisânge

Somos morador es da favela, somos tra balhadores. Não qu ero ser prejudicada pela polícia. A campanha é importante para gent e saber se defender. Prec isamos ser respeitados. D. Maria Rodrigues Araújo

esse ade Boa ideia in S ortante. sivo, imp a d trabalho to que o te, importan polícia é a m invade . mas eles s a o s pess casa da o ã n ue eles Desde q do a porta chutem . está bom morador,de 60 anos, há Senhor 40 na Maré

Elisângela Leite

Maré de Notícias No 35 - Novembro / 2012

Leia as opiniões sobre a campanha, uma iniciativa inédita da Redes da Maré, do Observatório de Favelas e da Anistia Internacional.

ão não que nossa aç os m ha in bl su Nós a favor do , nossa ação é ia líc po a ra nt é co todas as que interessa a a, nç ra gu se à direito o direito admitimos que o nã ós N s. oa pess rter a ideia proposta é inve A o. et pl m co in seja ssivo das um receptor pa é la ve fa a e de qu sim. . Não deve ser as r ações do Estado Ro Átila que, direto da Anistia Internacional no Brasil

ESPORTE

Muay thai na Maré

Campanha mobiliza moradores

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Alunos treinam na academia da Vila do João

Um dos momentos de maior empenho é a competição, que consiste em três rounds de dois minutos cada, com uso de capacete, caneleiras, luvas e protetor bucal. Contudo, o aluno só vai à competição com total preparação.

Maré de Notícias 35 - Novembro / 2012

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Qual é a sua COR?

No mês da Consciência Negra, ouvimos leitores e uma pesquisadora sobre igualdade, diferença, preconceito e cotas

Rosilene Miliotti Elisângela Leite

A sergipana Maria Rita Santos, aposentada e moradora da Nova Holanda, conta que já sofreu preconceito diversas vezes. ”Eu tinha uns 35 anos na época e fui fazer a unha de uma cliente na zona sul. Chegando lá, me dirigi ao elevador social e o porteiro logo veio dizendo que eu deveria pegar o de serviço. Disse a ele que não existe isso de elevadores separados. Aí chegou o síndico perguntando o que estava acontecendo e eu expliquei a ele. Ele aumentou o tom da voz e disse que o elevador social era só para os moradores. Pedi mais respeito, que ele baixasse o tom e disse que podia pegar o elevador social a hora que eu quisesse. Subi e cheguei ao apartamento da minha freguesa e falei tudo pra ela. O marido dela desceu e convocou uma reunião entre os moradores e falou com eles:‘Essa senhora é amiga da minha esposa e na minha família não tem racismo. Ela é de cor e por isso não

pode pegar o elevador?’”, conta. Rita diz que várias vezes tentaram barrá-la no elevador.

Dos 513 deputados federais, somente 43 se auto-declaram negros ou pardos. E dos 81 senadores, apenas dois. Os dados foram divulgados pelo Inesc.

De cada 100 brasileiros de cor preta 34 ganham até um salário mínimo, ao passo que entre os brancos, somente 22 estão nesta faixa de renda mais baixa.

FONTE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

Para a aposentada, ainda existe muito racismo no Brasil, partindo inclusive dos negros. “O homem negro, quando tem uma condição de vida melhor, não procura uma mulher negra. Ele quer a branca, a loira. Ele não casa com a raça. O Pelé, os artistas e jogadores de futebol são exemplos disso”, observa. Carlos André, estudante de direto, morador de Niterói e trabalhador na Maré, também já passou por várias situações de racismo, além de ter visto muitas outras pessoas sofrendo do mesmo crime (sim! Racismo é crime!). “Não é exagero, já sofri tanto com isso que em um momento da minha vida resolvi, de uma vez por todas, levar para o lado da comédia toda essa agressão por questões de ‘segurança psicológica’ e porque precisava seguir minha vida. Além das situações em lojas de departamento, porta de banco e o famoso comparativo com os animais primatas, no período escolar, a mais absurda situação vivida por mim foi quando em uma festa de casamento, a filha do noivo parou em frente à mesa na qual eu estava sentado com meus amigos e disse que estava tudo

bem, exceto a escuridão naquele lado do salão. Falou isso me olhando com cara de raiva. Levantei imediatamente e fui em direção à delegacia. Só não registrei a ocorrência por conta da turma do deixa disso e pelo pedido emocionado do noivo”, lamenta. A socióloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rosana Heringer, explica que o preconceito e a discriminação estão presentes nas sociedades humanas, geralmente como uma reação de um determinado grupo a quem for “de fora”, a quem for “diferente”. Já o preconceito de negros contra negros também acontece porque os negros vivem e foram socializados na mesma sociedade em que o preconceito está presente; e eles mesmos ouviram desde crianças que “negro é feio”, “negro é sujo” etc. “Por isso é tão importante educar as crianças e jovens com outra visão, para que eles não sigam reproduzindo esses preconceitos”, sugere.

Cota ou não, eis a questão Quando o assunto são as cotas para o ingresso dos negros nas universidades, a polêmica aumenta ainda mais. Carlos é a favor, “pois a nação tem uma enorme dívida com o povo negro que ela acolhe”. Dona Rita, entretanto, pensa diferente. “Todos nós somos iguais. Por isso acho que não deveria ter distinção para entrar

A população negra vem aumentando no Brasil. De acordo com o Censo 2010, pretos e pardos são maioria e representam 97 milhões de brasileiros.

na faculdade. Estudei apenas até a 5ª série e não continuei por falta de oportunidade. Eu sou contra ter uma quantidade de negros para entrar na faculdade”, conclui. A professora Rosana lembra que as cotas foram adotadas depois de muitos anos de luta e mobilização do movimento negro, que sempre apresentou para a sociedade brasileira a bandeira da igualdade de

No Brasil, de cada 100 brancos, oito ganham mais de cinco salários mínimos. Entre os que se declaram pretos, somente dois em cada 100 estão nesta faixa de renda.

FONTE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

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Maré de Notícias No 35 - Novembro / 2012

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Dia 24 /11, sábado, às 18h Espetáculo teatral solo “A Árvore que Contava Sonhos” c/ Ilana Pogrebinschi, contadora de histórias e atriz. Uma flor que acaba de nascer encontra um menino para brincar. Entre uma brincadeira e outra, ele percebe que a flor não sabe que faz parte de uma árvore. Juntos eles descobrem que todos somos um.

(12-18 anos) 18h30-20h

Dança de rua (Nível avançado) 20h-21h30 Cineclube Maré Cine sempre às 17h30

3as Consciência corporal (a partir de 16 anos) 18h30-20h Percussão (Método O Passo) 20h-21h30

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Programa adulto

Dia 25/ 11, domingo, às 18h Espetáculo de dança “100 gestos” com a Cia Dani Lima Do que se trata um gesto? Ao buscar a resposta para esta e outras perguntas, a coreógrafa Dani Lima criou o espetáculo “100 gestos”, centrado no estudo sobre os movimentos e em seu papel na formação das subjetividades.

2as Dança contemporânea

Introdução ao balé (a partir de 8 anos) 9h30-11h na Redes Dança de rua (a partir de 10 anos) 17h-18h30

5as Consciência Corporal (7-12 anos) 18h30-20h Dança criativa (7-12 anos) 18h30-20h Dança contemporânea 20h-21h30

R. Bitencourt Sampaio, 181 Nova olanda

6as Introdução ao Balé

(a partir de 8 anos) 17hs-18h30

Dança de salão (a partir de 16 anos) 18h30-20h e 20h-21h30

(21) 3105-7265

Confira a programação no local ou pelo telefone: 3105-7265 (de segunda a sexta, de 14h às 21h30)

Feijoada de frutos do mar da Jurema Ingredientes:

Modo de preparar:

Tempero:

O segredo está no coentro; por isso, ele tempera tanto os frutos do mar quanto o feijão. Dica da Jurema: Com feijão mulatinho o prato fica melhor. O feijão branco, se ficar muito cozinho, desmancha todo. Serve 20 pessoas.

1 kg de camarão graúdo 1 kg de badejo ou dourado ½ kg de carne de siri 1 kg de feijão mulatinho Três maços de coentro

2 cebolas 2 pimentões 1 cabeça de alho grande Sal e pimenta a gosto

Lona cultural

Herbert Vianna

PROGRAME-SE !

TODA A PROGRAMAÇÃO É GRATUITA !

PROGRAMAÇÃO Cineclube RABIOLA

Todas as sextas, às 16h30 O melhor do cinema infantil e infantojuvenil com muita diversão, pipoca e guaraná! Em novembro: 16/11- Meu Malvado Favorito 23/11 - Pokémon 30/11 - Toy Story 3

Favela Rock

16/11, às 21h Tributo a Renato Russo, com a banda 7 Cidades

Forró na Lona

23/11, às 21h Com o grupo Os Três Forrozeiros

Tempere e cozinhe o peixe, o camarão e o siri, separadamente; Lave a casca do camarão, bata no liquidificador, deixe escorrer e peneire; Coloque o feijão para cozinhar com o caldo da casca de camarão; Depois do feijão cozido, misture os frutos do mar e refogue com alho, coentro, pimenta e sal a gosto.

Fabíola Loureiro

OFICINAS REGULARES Violão & Cavaquinho as 2 - 15h às 17h 3as - 18h às 20h

Dança de salão

Circoas

Sábados - 18h às 20h

Percussão

Sábados - 12:30h às 13:30h

Gastronomia

Construção de brinquedos

2as - 15 às 17h e 4 - 15 às 71h 2as e 3as - 9h às 11h30 4as - 9h às 12h e 13h às 16h

Gastronomia Cidadania as 4

Teatro

Sábados - 10h às 12h

- 13h às 15h

Consulte a programação de shows em www.redesdamare.org.br

Grafite & desenho

Sábados - 13:30 às 14:30h

Contação de história

Sábados - 14:30 às 15:30h

Elisângela Leite

cultura

Biblioteca Popular Municipal Jorge Amado De segunda a sexta-feira, das 9h às 17h Ao lado da Lona Cultural Municipal Herbert Vianna e atende a toda a comunidade do Complexo da Maré. Além de um amplo acervo, a biblioteca oferece brinquedoteca, gibiteca e empréstimo domiciliar, além de diversas oficinas.

R. Ivanildo Alves, s/n - Nova Maré - Tels.: 3105-6815 / 7871-7692 lonadamare@gmail.com FACE: Lona da Maré - ORKUT: Lona Cultural da Maré - Twitter: @lonadamare

Maré de Notícias 35 - Novembro / 2012

Rosana explica que esse tipo de pensamento é muito comum no Brasil e evidencia o ideal de uma sociedade igualitária, baseada exclusivamente no mérito e nas características de cada indivíduo. Esse pensamento nos foi ensinado desde que éramos pequenos, mas não é a realidade do Brasil. “É claro que este ideal é importante e iremos sempre buscar realizá-lo, mas o fato é que hoje há uma linha de cor no Brasil que divide em grande medida as pessoas segundo suas oportunidades e chances de sucesso na vida. Ainda assim, a maioria das pessoas acredita no mérito e nas chances iguais para todos, e por isso acreditam que não deve haver distinção nem cotas”. Mas a realidade não é essa, por enquanto. As cotas podem contribuir para que assim seja no futuro.

Programa infantil

Elisângela Leite

Porém, a estudante de publicidade, Ana Carolina Oliveira, moradora da Baixa do Sapateiro, não acha certo ter que existir cotas. “Tenho a impressão de que

Os negros foram mais da metade (54%) dos inscritos no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em novembro, segundo o Ministério da Educação. A distribuição por raças é um dos recortes previstos na nova Lei de Cotas para ingressar nas universidades públicas federais.

querem dizer que, por sermos negros, temos menos capacidade de entrar para o mundo acadêmico”.

OFICINAS REGULARES

Rosilene Miliotti

“Considero que as cotas raciais são importantes porque partem do princípio de que o país reconhece que houve injustiça em relação aos negros no Brasil e que isso precisa ser reparado de alguma forma. O Brasil precisa de um projeto de igualdade racial. Acredito que só vamos avançar do ponto de vista do desenvolvimento econômico, humano e social se encararmos de frente essa questão e criarmos meios para diminuir estas desigualdades”, ressalta Rosana.

20 de novembro é o Dia da Consciência Negra, dedicado a refletir sobre a condição do negro na sociedade brasileira.

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oportunidades. As cotas passaram a existir mais de 100 anos após a abolição da escravidão de pessoas de origem africana. O fim da escravidão aconteceu sem nenhuma política de inclusão socioeconômica do negro livre, que até então sequer podia estudar.

NOVEMBRO: Temporada Maré de Artes Cênicas

CULTURA

A ENTRAD A C N A FR

Elisângela Leite

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Direitos Humanos

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pra maré

al n r jo u e s o a t n a r

Ga

participar do maré

da sua todos os meses! Busque um exemplar na Associação de Moradores comunidade!

Esse menino vai longe!

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ESPAÇO ABERTO

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Com apenas 11 anos de idade, Tobias já demonstra ter dom para desenhar. Ele é morador da Nova Holanda, aluno da Escola Municipal Hélio Smidt e tem aulas de grafite com o Felipe Reis.

Silvia Noronha

Esbanjando alegria Essa família simpática estava toda sorridente outro dia em frente à Redes, quando um deles pediu para ser fotografado para o Maré. Topamos na hora! Apresentamos a todos Lucielma Rodrigues (de blusa preta) com seus três filhos: Antônio, Vitória (de azul) e Ana Cristina (na ponta da direita). A família mora na Nova Holanda e esbanja alto-astral. Silvia Noronha

Um mineirinho estava caminhando, viu uma lâmpada e esfregou-a; vem um Gênio concedendo 3 desejos. O mineiro pensou e falou: - Eu quero um queijo! E o gênio deu o queijo. E disse: - Qual o 2º pedido? - Hmmmm... me dá outro queijo!! - Tem certeza? - Tenho sim!

Diogo Fernandes

)

o mineiro é um gênio!

Rindo at o a E o gênio deu o 2º queijo e disse: - Agora preste muita atenção no que vai pedir! Qual é o 3º? - Eu quero uma muié! E o gênio deu a mulher mas, por curiosidade, perguntou: - Desculpe, mas o que vai fazer com uma mulher e dois queijos? - É que eu fiquei com vergonha de pedir outro queijo!!

Loira em apuros A loira estava tendo problemas com a impressora e ligou para a assistência técnica, fazendo voz que entendia do assunto: — Oi, moço. A minha impressora pifou! — Ela é colorida ou preto e branco? — Hum… Nenhum dos dois, moço! — Nenhum dos dois? Como assim? — perguntou o técnico. — na verdade Ela é meio bege...


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