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2.6.1. Assédio Moral Familiar
escuta do gaslighter, rebaixando a si mesma, seu corpo, seu trabalho, sua personalidade e suas ações.
Há um empobrecimento das vivências que correspondem a suas habilidades e capacidades, diminuindo o seu potencial vital. Sentimentos ou pensamentos de desvalia e de desamor, sem empatia, sem ressonância amorosa. (CUSCHNIR, 2020).
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A pessoa que consegue sair de um ambiente com abuso psicológico precisa de acompanhamento psicológico e psiquiátrico, e em alguns casos pode ser necessário um assistente social ou advogado para ajuda-la a compreender a situação em que estava e se curar dos danos que o abusador causou a ela.
Os especialistas ajudam a vítima a perceber o abuso com mais nitidez. E essa consciência é fundamental para a cura, pois só é possível tratar as consequências da violência psicológica quando ela cessa. (TEODORO, 2020).
Para este trabalho, decidimos ressaltar alguns tipos de abuso específicos para serem apresentados no audiodrama. Os seguintes tipos de assédio são: assédio moral no trabalho, assédio moral na família e assédio moral no relacionamento.
2.6.1. Assédio Moral Familiar
O primórdio dos nossos conhecimentos de interação entre pessoas acontece na família, mas nem sempre o relacionamento familiar se dá de forma saudável, isso caracterizando o abuso psicológico na família. Esse tipo de violência moral pode ocorrer no âmbito familiar ou num grupo de pessoas que residem na mesma casa. O caso entre a vítima e o agressor pode acontecer entre qualquer pessoa na família ou no vínculo afetivo. A vítima não é necessariamente uma pessoa submissa, assim como o agressor pode não ser caracterizado como um sociopata. Entretanto, o agressor tem a constante necessidade de rebaixar, humilhar e menosprezar a vítima, sendo que o agressor costuma aderir atitudes melodramáticas no intuito de chamar a atenção dos demais, principalmente da vítima, na intenção de drená-la emocionante. Marie-France Hirigoyen, psiquiatra especialista em assédio moral, afirma que:
Não podendo ter plena satisfação com o próprio corpo, tentam impedir o prazer que os outros têm com o seu, inclusive em seus próprios filhos. Sendo incapazes de amar, eles tentam destruir, por cinismo, a simplicidade de uma relação natural. Para aceitar-se, os perversos narcisistas têm que 39
vencer e destruir outrem, sentindo-se assim superiores. Sentem-se felizes com o sofrimento alheio. Para afirmar-se, têm que destruir. [...]
Um exemplo desse tipo de abuso psicológico pode ser observado no documentário “Allen V. Farrow”, em que são relatados constantes tentativas de isolamento da vítima pelo cineasta, lavagem cerebral no intuito de confundir e desorientar a criança, descreditando e humilhando a vítima publicamente. Desde quando pesquisas sobre violência familiar foram iniciadas, principalmente sobre violência infantil, no início dos anos 70, o abuso psicológico sempre foi colocado em segundo plano, mesmo sendo um dos tipos de violência mais recorrente nos lares familiares, e também o mais difícil de identificar por ser sutil e silencioso, sem a presença de brigas fisicamente violentas, e também pelo agressor isolar a vítima de amigos e familiares.
Diferente das outras naturezas de violência, com definição e conceitos mais claros possibilitando assim melhor detecção e consequente intervenção, a violência psicológica é pouco diagnosticada apesar de ser mais prevalente do que as outras formas de abuso segundo pesquisadores da área. (ABRANCHES; ASSIS, 2011, p.843).
Nem sempre o abuso familiar é relacionado a ameaças, ele também está muito presente na expectativa que os responsáveis depositam numa criança, pressionando ela ao extremo e não proporcionando o suporte necessário para ter um desenvolvimento pleno.

É preciso, sim, haver um respeito à posição deles de mentores e responsáveis pelos filhos, mas essa autoridade deve ser encontrada por meio do equilíbrio. Afinal, tanto o excesso de rigidez, quanto o de permissividade podem ser classificados como formas de agressão psicológica... (BAUER, 2021).
A psiquiatra Angelika H.Claussen, especialista em abuso e negligência infantil, afirma em seu livro “Child Abuse & Neglect” que a violência psicológica pode causar mais danos no desenvolvimento infantil do que a violência física. As consequências de abuso psicológico na infância são inúmeras, desde dificuldade em confiar e se relacionar com outras pessoas, até desenvolvimento de ansiedade e depressão. Outra consequência que uma criança pode acabar desenvolvendo em longo prazo é a dificuldade nos relacionamentos interpessoais, fazendo com que ela possa praticar violência moral ou até física em outras pessoas.
Pensa-se que as experiências vividas nos primeiros tempos de vida são relevantes para a construção do self e na estruturação do mesmo e que os “modelos internos dinâmicos” então construídos vêm a manifestar-se na 40