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2.3. DRAMATURGIA SONORA

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Isabela Soares

Isabela Soares

Realizada pelo autor com sua fala, ou pela sonoplastia, ela deve acontecer e repercutir no tempo. Com isso quero dizer que nem toda ação executada resulta necessariamente em som, ou no som desejado (SPRITZER, 2005, p. 94).

Guarinos (2009), também fala sobre o audiodrama, que segundo ela, os componentes que se fazem presentes nesta história são: uma narrativa dramática, atores, presença de efeitos sonoros, se inclui nessa categoria também o uso de música e do silêncio, e histórias distinta das informações de atualidades. Em questão da narrativa dramática, Guarinos aponta que esta forma de narração se baseia em uma estrutura dramática que segue este trio de elementos: a exposição, que serve como uma apresentação da história onde é dado ao ouvinte informações e podem-se conhecer os personagens, o espaço e o tempo de onde se passa a narrativa; o segundo elemento é nó, que é a parte em que as ações iniciais de manifestar conflitos a chegada do clímax e seguida pela resolução e geração de plots twists (são os pontos de virada que surgem e mudam o caminho da história); e por último temos o desfecho, onde são resolvidos os últimos conflitos da história (GUARINOS, 2009).

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2.3. DRAMATURGIA SONORA

Antes de introduzirmos o trabalho ás rádios novelas, não podemos nos esquecer de onde elas eram transmitidas, na rádio. Iremos brevemente contar o surgimento da rádio e sua ascensão. Em 1890, Marconi começou a estudar sobre oscilações elétricas encontradas pelo físico alemão Heinrich Rudolph Hertz, a fim de descobrir um processo de telegrafia sem fio, ou melhor, a partir de emitir ondas de um aparelho e tornando a recepção perceptível (PRADO, 2012). Já no Brasil, o padre Roberto Landell de Moura fazia suas experimentações nos anos de 1892 e 1893, realizando sua primeira transmissão da voz humana por meio de ondas eletromagnéticas. É interessante destacar, como afirma Ferraretto (2001), que se surgiu a tecnologia fundamental para transmitir sons a partir de ondas eletromagnéticas, não significa o surgimento do rádio, mas a criação da radiotelefonia. Em 1916, o conceito de rádio começou a tomar forma com o plano desenvolvido pelo empresário David Sarnoff que pretendia "converter o rádio em um meio de entretenimento doméstico como o piano ou o fonógrafo, a ideia era levar música aos lares por meio da 25

transmissão sem fio" (FERRARETTO, 2001, p. 88). Mas, foi só durante os anos 20 que o rádio viria a tomar a forma que já conhecemos. Em 02 de novembro de 1920, na cidade de Pittsburgh, nos EUA, nascia a KDKA, primeira emissora comercial de rádio no mundo. A radionovela é um formato dentro da rádio onde o gênero rádio drama é focado na ficção e romance. As principais razões de prender a atenção dos ouvintes eram as histórias, os personagens e os efeitos sonoros. A grande maioria das histórias vinha de Cuba e do México e eram traduzidas e interpretadas por atores brasileiros.

O rádio possui tudo que é preciso para falar na solidão. Não necessita de rosto. O ouvinte encontra-se diante de um aparelho. Está numa solidão que ainda não foi constituída. O rádio vem constituí-la, ao redor de uma imagem que não é apenas para ele, que é para todos, imagem que é humana, que está em todos os psiquismos humanos. Nada de pitoresco, nenhum passatempo. Ela chega por trás dos sons, sons bem feitos” (BACHELARD, 2005, p. 132-133).

No Brasil o formato de radionovelas foi ficando cada vez mais populares nos anos de 40 e 50. “O Direito de Nascer” foi a radionovela brasileira de maior audiência. Ela começou no início em 1951 e com 314 capítulos, teve duração de mais ou menos três anos, contrariando boa parte de críticos que falaram que a radionovela seria um fracasso devido a longa duração. Outras radionovelas de grande repercussão foram: “Fatalidade” e “Mulheres de Bronze”, originais de Cuba e França, respectivamente. Porém no começo dos anos 60 com a chegada da televisão, a audiência veio ficando cada dia menor e com isto tendo sua extinção nos anos 70. Apesar das radionovelas não serem mais populares e produzidas, os aspectos como a sonoplastia elaborada, as atuações e as histórias cativantes, são estudados e deixaram sua marca até os dias atuais.

A produção de rádio novelas envolve uma série de profissionais. Dentro dessa grande engrenagem, há a figura de autor de textos ficcionais radiofônicos. Escrever para o rádio é fazer um teatro cego, no qual os ruídos, a música e os recursos de voz são muito mais importantes do que em outros meios. Dentro do conjunto dos escritores, aqueles que se dedicavam ao rádio eram vistos como produtores de subliteratura, mesmo nos tempos áureos de novelas radiofônicas” (CALABRE, 2007, p. 27)

A radionovela foi o primeiro contato de algumas pessoas com o drama apenas contado e não visto, onde por meio das histórias dos personagens levou o 26

público a compreender que não necessariamente precisamos ver algo para entender como e onde se passa a história. Essa é grande magia da radionovela, além dos diálogos muito bem dramatizados e cheios de emoções falados pelos personagens, ainda temos os efeitos sonoros que trazem ao público a dimensão de espaço em cena.

Ao explorar as principais características das radionovelas, percebemos que diferente da teledramaturgia que já entrega ao seu telespectador o espaço em cena, no drama radiofônico o ouvinte precisa ter uma ambientação sonora além de diálogos para compreender onde a história se passa. É onde entra a sonoplastia, que tem como seu objetivo trazer elementos que possam fazer seu ouvinte imaginar o ambiente sem vê-lo. Quando falamos de audiodrama, não podemos esquecer da sua origem que foi nas radionovelas, pois o audiodrama é a volta para histórias narradas e interpretadas. Atualmente ele pode funcionar com roteiros únicos ou seriados, como será o caso do audiodrama ‘‘Qualquer coisa me liga!’’. Dentro do presente trabalho iremos explorar tudo que as radionovelas nos proporcionariam por anos, como um roteiro segmentado, ambientação sonora e sonoplastia. Vale ressaltar as características e diferenças entre uma série, temporada e episódio dos audiodramas: Temporada: A temporada é o conjunto de todos os episódios de uma série ou seriado, onde a mesma é ligada ao tempo de duração da obra. Seriado: Um seriado é categorizado como uma narrativa que possa ser concluída em apenas um episódio. As histórias contadas em seriados são tramas que tem solução rápida, porém, isso não há impede de ter uma trama principal que leve uma temporada inteira para ter solução, mas isso não é o foco principal do seriado. Série: A característica indispensável de uma série é o gancho que ela deixa para o próximo episódio a ser exibido, ou seja, a continuidade faz com que série se diferencie do seriado. É essencial que a narrativa de uma série seja contada de uma forma que ela se estenda entre todos os episódios e tenha seu fim revelado em um episódio final de temporada ou na temporada final.

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