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APRESENTAÇÃO_____________________________________________________5 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
construir novas visões sobre gênero e sexualidade ancoradas no conceito de diversidade sexual. No entendimento de que o jornalismo contribui para a construção da realidade e que dessa forma está fortemente relacionado com a normatividade vigente (seja no partilhamento de valores, seja na reprodução destes), partimos do pressuposto de que o mesmo contribui para reforçar os valores dominantes da sociedade, indiretamente trabalhando para a manutenção do status quo. É importante ressaltar que não se trata de pensar o jornalismo de forma maniqueísta, atuando perversa e deliberadamente nesse sentido, mas sim na perspectiva de compreender as notícias como resultado das imbricações do próprio jornalismo com a cultura na qual está inserido” (SBPJOR - 2012. P.5)
Mas qual motivo pode explicar essa falta de representatividade ativa nas redações e programas de esporte? Por que os profissionais optam por seguir outros segmentos, mesmo que preferindo o esporte?
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Ao se analisar, essas questões percebem-se que elas estão enraizadas em algo mais social e comportamental, e há muitos séculos o que acaba refletindo nas redações, por exemplo, além de outros locais com a imagem de serem ambientes inteiramente heterossexuais.
Apesar da falta de representatividade atualmente, a mídia esportiva brasileira vem aos poucos ganhando força no campo da diversidade e de minorias, sobretudo com a inclusão recente por parte das emissoras de mulheres como narradoras e comentaristas, por exemplo.
Apesar disso, o tema ainda é pouco explorado em todos os meios, desde o posicionamento dos clubes, até ao tema imprensa e como se comporta e o representa, passando, é claro, pelas torcidas.
REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
O processo foi iniciado pelo levantamento bibliográfico e documental, realizado através de portais virtuais a partir de artigos, teses e dissertações relacionados à homofobia no futebol e no jornalismo.
O levantamento teórico deste artigo é com base nos autores: Elisabeth NoelleNeumann com a Espiral do silêncio, e a outra teoria utilizada foi a Teoria Organizacional que consistem para entendermos as redações jornalísticas.
A pesquisa qualitativa, levando em conta as entrevistas realizadas com personagens específicos para a construção do enredo proposto pelo documentário “Intolerância Futebol Clube” e quantitativa buscando enfatizar a quantidade apresentadores assumidamente da comunidade LGBT no Esporte Espetacular na última década.
O projeto tem como objetivo entender a falta da presença de profissionais LGBT no meio esportivo e o porquê isso ocorre. Pontuando o preconceito envolvido e como isso dificulta o acesso ao mercado de trabalho para um profissional assumidamente gay que busca atuar na área do jornalismo esportivo brasileiro, e também os casos de profissionais que conseguem atuar, mas por diversos motivos, sesentem desconfortáveis no próprio ambiente de trabalho, pois aceitam o modo da maioria para atuar no meio.
Para que pos sa e n ten de r m e l h o r o f u n c i o n am e n t o uma re da ç ão j o r n a l í s t i c a, buscamos base Teoria Organizacional, para compreendermos pontos como privilégio, visões antiquadas que não aceitam pensamentos diferente dos seus.
Outra teoria que encontra nessa discussão é a Espiral do Silêncio da autora Elizabeth Noelle-Neumann criada em 1972 e que defende a tese de que ao perceber que a maioria das pessoas pensam diferente, pequenos grupos acabam evitando dar sua opinião, isolando-se, na medida em que só manifestam seus pensamentos em crenças quando em ambiente seguro.
“Para o indivíduo, o não isolamento em si mesmo é mais importante que seu não julgamento. Parece ser esta a condição da vida humana em sociedade; caso contrário, não será concretizada uma integração suficiente” (Noelle-Neumann, 1982, p118)
Algo perfeitamente comum na sociedade e que tende a acontecer nas redações, pois, o pensamento e visão diferente de determinado assunto, pode causar o isolamento. Analisando as teorias utilizadas ambas se complementam em situações diferentes e corriqueiras como as autoridades institucionais, que seriam os jornalistas com maior “tempo de casa” que escolhem os profissionais para as editorias que eles desejam não necessariamente a
que o profissional tenha maior aptidão para exercer. Outro ponto é o paternalismo dos redatores experientes em relação aos novos no meio, que causa uma superproteção dentro da redação, atrapalhando a movimentação dentro da empresa e por fim, ausência de conflito e lealdade de grupo. Determinados p ro fissi on ais dentro do meio acabam minando quaisquer pensamentos alheios da maioria, causando um comodismo e deterioração de novas ideias, opiniões e visões diferentes.
“Esse poder não precisa ser explicitado, pois está estabelecido estruturalmente, quando uns têm mais poder de sanção de que outros, de modo que as condições das relações entre jornalistas e donos dos meios de comunicação, representando no interior das redações pelos cargos elevados mais elevados, já estão implícitas”. (NICOLATO, 2019, p. 121)
Outro ponto crucial nesta discussão é que por conta da opressão no meio, alguns profissionais preferem outras editorias para evitar possíveis preconceitos como foi registrado por Luiz Fernando Rodrigues (2019, p.105) em sua dissertação de mestrado intitulada, que diz:
“Alguns jornalistas deram relatos de colegas, ainda na faculdade, que desistiram de seguir a profissão ou que foram rejeitados pelos profissionais da área por serem homossexuais, o que demonstra que o preconceito contra os homossexuais não está presente apenas dentro das quatro linhas ou nas arquibancadas, mas também nos microfones. ” (LEMES, 2019, p.105)
Por fim, é certo que o preconceito é algo enraizado em nossa sociedade e no futebol não é diferente, porém muitos acreditam que seja apenas com os jogadores, mas é algo que ocorre também com os profissionais de comunicação.
[...] portanto, a homofobia no meio esportivo não está restrita apenas aos atletas, dirigentes e torcedores, mas expande-se também entre os integrantes do jornalismo. Aqueles que não compartilham dos mesmos comportamentos e atitudes dos membros do grupo de poder acabam sofrendo perseguições homofóbicas, mesmo quando se afirma ser heterossexual. Esse tipo de estigmas também foi admitido por outros companheiros do jornalismo esportivo. (Lemes, 2019, p.102)