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REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
Rozendo, A. da S., & Alves, J.M (2015), explicam que talvez a polêmica seja um caminho para que o tema seja visto com naturalidade, seriedade, num processo de desmistificação.
Com isso, cresce cada vez mais a busca de mulheres por informações em relação à saúde feminina, empoderamento e conhecimento. E em relação ao sexo e a sexualidade, isso não é diferente. O público feminino estácada vez mais interessado em ter suas questões abordadas com profundidade e naturalidade, mas em relação a mulher idosa, essas informações são pouco entregues e pouco produzidas.
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Alencar. et. al. (2014), reforça que as dificuldades na aceitação da sexualidade na terceira idade podem provir tanto pela falta de informação como no conceito de que a sexualidade esteja restrita à genitalidade. Entretanto, se os veículos de notícias não produzem esse conteúdo, por que não produzem?
Segundo Martino:
O público feminino está cada vez mais interessado em ter suas questões abordadas com profundidade e naturalidade,
Entretanto, se os veículos de notícias não produzem esse conteúdo, por que não produzem
O modelo de Agenda-Setting “definição de agenda”, prevê que os temas da agenda da mídia definem a agenda pública, isto é, passarão a ser discutidos pelas pessoas uma vez pautados pela mídia. Dessa maneira, se a mídia falar dos temas A, B ou C, há uma tendência do público a tratar igualmente desses temas em suas conversas.(MARTINO, 2014, p.207)”
Tendo isso em vista, podemos afirmarque a mídia não trata ou trata pouco os temas relacionados à sexualidade da mulher com mais de 60 anos e com isso, o assunto não é desenvolvido e não gera discussão.
REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
A sexualidade é um tema com viés intimista, que desperta interesse, curiosidade e precisa trazer o leitor para perto, com isso, o veículo que aborda o tema precisa entrar na casa dele. E como explica Scalzo: “Como já foi visto, revista trata o leitor por você, fala com ele diretamente e, às vezes, com intimidade. Para fazer isso, contudo, primeiro é preciso saber ouvi-lo (SCALZO,2003, p.37)”.
Dito isso, o Portal Universa do site UOL também busca fazer com que a leitora sinta-se íntima, se veja representada e tenha acesso àquele conteúdo em diversos formatos e na palma
da mão. Ainda sobre essa intimidade com o leitor e a democratização da informação em diversas frentes, Palacios apud Mielniczuk (2004 p.2) complementa:
A multimidialidade do Jornalismo na Web é certamente uma Continuidade, se considerarmos que na TV já ocorre uma conjunção de formatos midiáticos (imagem, som e texto). No entanto, é igualmente evidente que a web, pela facilidade de conjugação dos diferentes formatos, potencializa essa característica. O mesmo pode ser dito com relação à Hipertextualidade, que pode ser encontrada não apenas em suportes digitais anteriores." (PALACIOS apud MIELNICZUK,2004, p.2)
Ainda sob pontos de vista complementares, segundo Figaro (2012), a linguagem pode não ser transparente, pode ser marcada por uma opacidade em vários aspectos, podendo até conotar esquemas, ideais e valores opostos. Assim, a mídia pode até dizer que aborda questões relacionadas ao tabu da sexualidade na terceira idade, mas há possibilidade dessa abordagem não ser transparente. Se bem observarmos, a velhice ainda é vista com um certo desdém. Não é compreendido como um processo natural e indispensável, mas com um estranhamento, como uma espécie de pudor. Entretanto, este é um processo que nos acompanha durante toda a vida, sem exceções. Nós estamos envelhecendo desde que nascemos. Mas essa experiência não é unilateral Bytheway apud Castro (2016 p.80) complementam: “Para além de suas determinações cronológicas e biológicas, a velhice é uma construção sociocultural e o idadismo, preconceito baseado na idade, é altamente disseminado em nossas culturas. Está inserido no discurso antiidade, por exemplo, que transforma em ‘traidor’ ou ‘inimigo’ o corpo em processo de envelhecimento (BYTHEWAY apud CASTRO, 2016,p. 80).
Idadismo e velhofobia: o preconceito contra o idoso
Segundo Leticia Bitar, Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, o termo “idadismo” refere-se à discriminação etária, como avaliações negativas, aplicação de estereótipos e comportamento de exclusão. Hoje, as questões consideradas modernas não contemplam o idoso, mas segregam, limitam a informação, pautado desde estranhamento e preconceito contra a pessoa mais velha. Segundo Goldenberg (2021), além do preconceito contra as pessoas mais velhas, ainda há o preconceito e o descontentamento com o processo de envelhecimento, sentido pela própria
mulher. O pavor de se ver diferente, de ver o corpo mudar, o terror às famigeradas rugas, o sentimento de invisibilidasde diante da sociedade, a sensação de descarte com data de validade; vencida quando perde-se sua jovialidade. Para que este processo não ocorra, ou ocorra de maneira mais amena, há uma tríade poderosíssima: saúde, liberdade e possibilidades.Uma vida saudável, exercícios físicos, condições favoráveis de saúde pública, liberdade para se livrar de pré-julgamentos impostos pela sociedade diante do pudor com o velho, liberdade que proporciona a abertura às possibilidades. Assim, por mais que o tema passe por etapas de desmistificação, como a abordagem através de veículos femininos, de revistas segmentadas e passe também pela curiosidade do leitor – o que pode se considerar um primeiro passo para esclarecimentos, conhecimento e naturalização do tema – ainda há muito o que percorrer. A liberdade acerca da expressão feminina na mídia, dos assuntos de interesse comum, da fala mais clara, sem constrangimentos e sem rodeios, deve-se à luta feminina ao longo da história, para que suas questões não fossem apaziguadas e deslegitimizadas. E a luta na velhice é ainda maior, porque a sociedade deixa de ver as mulheres idosas como mulheres.
Em suma, o Idadismo e a velhofobia, assim como outras formas de discriminação, devem ser abordados pela sociedade como um todo, para que um dia, não existam mais. Terra et. al. complementa: É preciso permitir que o idoso manifeste sua sexualidade sem culpa, demonstrando que essas manifestações ou esses sentimentos percebidos não podem ser considerados anormais. (TERRA et.al, 2014, p. 12).
No Brasil, ainda há enorme valorização da juventude: País tropical, praias, carnaval, sexualização do corpo feminino. Estes pontos não engloboam a mulher na velhice, o que abala e pode vir a dimunir a identificação da mulher como mulher e ocasionar a baixa libido pela vida.
Outro ponto abordado por Terra (2014), são as diferenças que essas mulheres se deparam ao longo dos anos. As mudanças no corpo, menopausa, queda hormonal, instabilidade da libido – que não refere-se apenas ao sexo, e sim ao desejo de viver – ao pudor imposto pela sociedade e pelo ambiente no qual aquela mulher está inserida. Segundo a psicóloga especialista em sexualidade, Aline Calister, com a chegada da menopausa, a mulher tem oscilações de humor que ficam ainda mais evidentes, além de ver o corpo mudando e as alterações implicadas na rotina. Com isso, a autoestima, que não refere-se somente a aparência física, mas também a confiança e segurança em diversos aspectos da vida, é comumente atingida, podendo