ENSINO MÉDIO
1º, 2º e 3º ANO
ENSINO MÉDIO
1º, 2º e 3º ANO
As tabelas e os gráficos apresentados podem ser exibidos aos alunos para análise e direcionamento das atividades do projeto a ser implantado, com base na abordagem dos aspectos biológicos ligados à produção dos Gases do Efeito Estufa (GEEs). Essa perspectiva se dá pelo comportamento físico-químico do fenômeno, que contribui para o aumento da temperatura atmosférica e, consequentemente, altera as condições ambientais nos diferentes ecossistemas do planeta. Dessa maneira, compromete a sobrevivência de plantas, microrganismos e animais, o que reflete diretamente na biodiversidade.
Como o efeito estufa garante a abundância de vida na Terra e simultaneamente pode causar extinção em massa de espécies existentes? Quais são e de onde vêm esses gases? Por que eles “aquecem” a atmosfera e qual o efeito benéfico para a vida na Terra? Se o fenômeno é vital, por que atualmente tem se transformado em uma das maiores preocupações do nosso século? Existem estratégias biológicas ou físico-químicas para controlar a emissão desses gases? Eles têm origem biológica ou são produzidos industrialmente?
Nessa etapa, uma atividade multidisciplinar, como um Projeto Mudanças Climáticas, pode permitir uma imersão dos estudantes na busca por esse entendimento sob várias óticas. Como sugestão, a proposta pode culminar com uma demonstração das informações coletadas utilizando tecnologias digitais, apresentação oral, teatro e/ou conjunto de painéis autoexplicativos voltada a toda a comunidade escolar e o entorno.
Dentro da tríade biologia-física-química, os professores dessas disciplinas têm uma gama de abordagens para tratar o assunto. A plataforma Recicla Sampa reúne um rico acervo de vídeos e textos que podem auxiliar o corpo docente e os alunos a aprofundar a questão. Em biologia, por exemplo, o professor pode fazer explanações sobre transformação de recursos naturais, destruição de ecossistemas, produção de alimentos e bens de consumo, decomposição anaeróbica e aeróbica (e os gases produzidos), lixões, aterros sanitários e alterações climáticas, entre tantos outros temas. Em química, alguns dos possíveis caminhos a percorrer envolvem a composição dos gases atmosféricos e suas características, assim como a formação de outras substâncias materiais líquidas e sólidas existentes na Terra e que, transformadas por processos anaeróbicos, aeróbicos ou físico-químicos, tornam-se gases nocivos aos seres vivos e afetam o equilíbrio térmico da atmosfera. Do mesmo modo, pode-se tratar da problemática dos poluentes gerados durante essas transformações: como esses resíduos podem afetar a vida na Terra? De onde vêm e quais os processos necessários para produção de bens de consumo? Por que a reciclagem ajuda a proteger os recursos naturais do planeta? A questão do alumínio, do vidro e de outros materiais que podem ser reaproveitados pode ser apresentada nesse momento.
Conversando com outras disciplinas, a física pode estimular os estudantes a entender as capacidades térmicas distintas das substâncias em seus diferentes estados de matéria. Os alunos podem ser instigados a explorar o porquê de cada elemento reter mais ou menos calor ou demorar mais ou menos tempo para ser transformado por reações físico-químicas, por exemplo. Como funciona a propagação de calor na atmosfera e por que em determinadas situações os raios infravermelhos incidem em maior ou menor quantidade na superfície terrestre? O que ocorre com a temperatura da atmosfera nessas situações? Há também a possibilidade de apontar para descobertas da área da física que podem ser aplicadas para neutralizar os efeitos nocivos de gases e substâncias tóxicas.
As emissões de GEEs têm aumentado desde o advento da Revolução Industrial, ocorrida entre o fim do século 18 e início do 19. A queima de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral, alavancou a produção industrial e desencadeou um aumento expressivo de CO2 e outros gases responsáveis pela retenção de calor na atmosfera.
Apesar de fundamental para a atual distribuição de espécies em diferentes ecossistemas terrestres e aquáticos, essa condição atmosférica pode ser prejudicial quando intensificada. A entrada de mais GEEs na atmosfera nos últimos 250 anos, decorrente de ações humanas que utilizam combustíveis fósseis e envolvem a expansão de áreas para agricultura em locais em que há ecossistemas naturais, está ocasionando um aumento da temperatura média global. Por consequência, ocorre derretimento de geleiras e elevação da temperatura dos oceanos.
Alguns dos desdobramentos desses processos são a alteração no padrão mundial de chuvas, na taxa de reflexão de luz solar (albedo) nas áreas mais frias (zonas subpolares e polares), na concentração de sais e temperatura de massas de água oceânicas e no aumento do nível do mar. Reunidas e em escala global, essas mudanças interferem na atual condição de ecossistemas, dificultando a sobrevivência de diversos organismos vegetais e animais e reduzindo áreas costeiras onde vive boa parte da população mundial. Ao compreender essas questões, os alunos podem aprofundar a discussão sobre as consequências ambientais associadas ao atual modelo de desenvolvimento e quanto isso pode comprometer a biodiversidade do planeta.
Como a fabricação de bens de consumo pela indústria e a geração de lixo são responsáveis pela produção dos GEEs e de que maneira isso pode interferir na perda de áreas habitáveis/agriculturáveis ao redor do planeta? Quais são os processos de geração de GEEs ligados à produção de alimentos e bens de consumo que influenciam na retenção de calor na atmosfera?
Essa atividade procura estimular o debate relacionado à interferência do efeito estufa no aumento do nível do mar e, para isso, é proposto o exercício presente no site Windows to the Universe, com duração de uma aula, aproximadamente. Os alunos poderão avaliar como a expansão térmica da água é capaz de afetar o nível dos oceanos, além de analisar como esse processo atua nos ecossistemas e seres vivos que nele habitam. O experimento foi adaptado da publicação “Global climates - past, present and future”. Relatório EPA/600/R-93/126.
• Frasco cônico (Erlenmeyer)
• Rolha de dois furos para frasco
• Tubo de vidro fino
• Termômetro longo
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• Lâmpada para refletor portátil de fixação
• Holofote 150 watts
• Corante
• Água
• Marcador
Encha completamente o frasco com água muito fria (para melhorar a visibilidade, adicione corante).
Peça a um aluno que relate a temperatura e assinale o nível da água no tubo de vidro com um marcador.
Ligue a lâmpada. Dentro de 5 a 10 minutos, o nível de água no tubo de vidro terá aumentado.
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Coloque o termômetro e o tubo de vidro na rolha.
Insira a rolha (com tubo e termômetro) na boca do frasco. A água deve subir um pouco pelo tubo de vidro.
Solicite aos estudantes que prevejam o que acontecerá com o nível da água quando exposta ao calor. Forme uma ou várias hipóteses.
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Coloque o frasco sob a lâmpada. (Esta deve ser apontada para a água, não para o topo.)
Discuta os resultados e hipóteses e como esse exemplo se relaciona com o efeito do aquecimento global no nível do mar (apontando a diferença entre o balão e as bacias oceânicas).
Se a temperatura atmosférica global aumentar, muitos cientistas acreditam que a elevação no nível do mar será um dos efeitos secundários mais prováveis, sendo que dois fatores contribuirão para isso. Em primeiro lugar, embora os oceanos tenham enorme capacidade de armazenamento de calor, se houver um acréscimo de temperatura, eles absorverão calor e se expandirão. A isso se dá o nome de expansão térmica, processo que colabora para um maior volume de água do oceano, o que, por sua vez, levará ao aumento do nível do mar. Em segundo lugar, a elevação das temperaturas fará com que os campos de gelo e neve derretam, aumentando, também, a quantidade de água nos oceanos. Deve-se notar que apenas o derretimento de gelo e neve terrestres provocará alterações no nível do mar — isso não ocorre no caso do gelo flutuante. Esse fato pode ser demonstrado aos alunos enchendo parcialmente um recipiente de vidro com gelo e água e marcando o nível da água no copo. Quando os cubos de gelo derretem, o nível da água não muda.
Ao longo da história da Terra, houve períodos de glaciação seguidos por tendências de aquecimento, nos quais as geleiras recuaram para latitudes e altitudes mais altas. Atualmente, as geleiras em todo o mundo estão diminuindo, assim como a quantidade de neve e gelo nos polos.
O presente período interglacial quente começou há cerca de 14 mil anos. Naquela época, o nível do mar estava em torno de 75 a 100 metros mais baixo do que hoje, mas essa marca subiu rapidamente (até um metro por século), à medida que grandes volumes de neve e gelo derretiam. Atualmente, a taxa de aumento do nível do mar é muito menor, de 15 a 17 centímetros por século, no entanto, vem crescendo de acordo com a intensificação do aquecimento global.
Uma taxa acelerada de aumento do nível do mar inundaria as terras úmidas e planícies costeiras, aumentaria os lençóis freáticos e a salinidade de rios, baías e aquíferos, pioraria a erosão nas costas e ameaçaria as estruturas próximas aos oceanos.
AUXILIARES
DISPONÍVEIS NA
PLATAFORMA
RECICLA SAMPA QUE
PODEM SER UTILIZADOS EM SALA DE AULA
PARA DESPERTAR
INTERESSE NO TEMA
RELATÓRIO DA ONU DESTACA INFLUÊNCIA HUMANA NO AQUECIMENTO GLOBAL
RECICLAGEM DE RECURSOS NATURAIS PODE DETER AQUECIMENTO GLOBAL
RECICLAGEM E DESIGUALDADE: OS PONTOS CEGOS DA COP26
MANUAL ENSINA COMO CAPTAR E REAPROVEITAR ÁGUA DA CHUVA
SUÉCIA INDICA
CAMINHO PARA SALVAR O MUNDO DO DESASTRE AMBIENTAL
Em relação a possíveis cenários de aumento do nível do mar e perda de áreas atualmente utilizadas para agricultura e moradia, recomenda-se ao professor que dedique uma aula para a exibição do filme Uma Verdade Inconveniente, de Al Gore (ambientalista e ex-vice-presidente dos Estados Unidos). Na obra, a temática das mudanças climáticas é amplamente discutida e ilustrada, facilitando o entendimento dos estudantes.
E/OU ATERROS SANITÁRIOS E OS GASES DO EFEITO ESTUFA (GEES)? QUAIS PROCESSOS NATURAIS ESTÃO ENVOLVIDOS E COMO PODEM SER CONTROLADOS?
Com a população humana prestes a ultrapassar a marca de 8 bilhões de habitantes, e mais da metade destes vivendo em áreas urbanas, a produção de alimentos é uma atividade que gera, direta e indiretamente, Gases do Efeito Estufa (GEEs).
Como a atividade agropecuária está ligada à produção de GEEs e de que maneira pode diminuir seu impacto em relação ao efeito estufa?
No Brasil, segundo o relatório do Observatório do Clima (OC-SEEG, 2019), mais de 70% das emissões de GEEs estão vinculadas à atividade agropecuária (produção de alimentos e desmatamento), o que demonstra uma peculiaridade do Brasil em relação a países mais industrializados.
Essa atividade tem como objetivo estimular a criação de um fórum entre os alunos para discussão do tema e compilação de dados levantados em painéis explicativos para toda a comunidade escolar. Principalmente no que diz respeito à leitura e interpretação dos textos, à elaboração textual dos painéis e aos demais materiais escritos, é importante o apoio da área de língua portuguesa, além do envolvimento do professor de biologia. Um aspecto interessante dessa atividade é que ela também pode, dependendo do viés da abordagem, ser explorada pelos docentes de geografia e história.
Por intermédio dos processos de decomposição anaeróbica, a matéria orgânica descartada e direcionada a lixões e aterros sanitários tem grande potencial de geração de gás metano (CH4), que retém calor, comparado ao CO2, em quantidade 20 vezes maior.
Hoje, existem usinas de captação de metano instaladas sobre aterros sanitários que transformam, pela queima, os gases em energia elétrica, como no caso de Perus (administrado pela Loga), em São Paulo. Outras soluções também estão sendo implantadas em micro e macroescala para evitar o descarte excessivo de matéria orgânica. Composteiras domésticas, minhocários e espaços para transformação de matéria orgânica em adubo vêm se multiplicando no Brasil e no mundo.
CONTEÚDOS AUXILIARES
DISPONÍVEIS NA
PLATAFORMA RECICLA SAMPA QUE PODEM SER UTILIZADOS
EM SALA DE AULA
PARA DESPERTAR INTERESSE NO TEMA
VOCÊ SABIA QUE LIXO ORGÂNICO TAMBÉM É RECICLÁVEL?
CARREFOUR TRANSFORMA RESTOS DE ALIMENTOS EM COMPOSTO ORGÂNICO
PROJETO DE COMPOSTAGEM DE SP FICA ENTRE OS CINCO MELHORES DO MUNDO
EMPRESA REUTILIZA CASCAS DE COCO PARA PRODUÇÃO DE PALETES ECOLÓGICOS
HORTA SUBTERRÂNEA É ADUBADA COM RESÍDUOS DO PRÓPRIO CONDOMÍNIO
APRENDA A FAZER ADUBO
NATURAL EM CASA COM RESÍDUO ORGÂNICO
INICIATIVA BRASILEIRA DE COMPOSTAGEM É PREMIADA NA ALEMANHA
ESCOLAS DE ILHABELA TÊM ATIVIDADES DE COMPOSTAGEM COM ALUNOS
ESTADO NORTE-AMERICANO DE VERMONT PROÍBE DESCARTE DE RESÍDUOS ORGÂNICOS
LIXO PODE SER COMBUSTÍVEL PARA A ECONOMIA, APONTA PESQUISADOR
A atividade proposta se inicia com o vídeo “Mancha de lixo do Pacífico é 16 vezes maior que o esperado – 80 mil toneladas flutuam na maior concentração de plástico no mar do planeta”, disponível no site do Recicla Sampa. Que lixo é esse? Como esse material pode interferir na vida marinha? Como isso pode desequilibrar as condições físico-químicas do ambiente aquático e o que esse processo acarreta aos organismos que lá vivem?
SER UTILIZADAS PELO PROFESSOR VISANDO ESTIMULAR A DISCUSSÃO
SOBRE O LIXO NOS OCEANOS:
SE NADA FOR FEITO, LIXO PLÁSTICO NOS OCEANOS DEVE TRIPLICAR ATÉ 2040
QUATRO ITENS PLÁSTICOS SÃO RESPONSÁVEIS POR METADE DO LIXO NOS OCEANOS
BRASIL ESTÁ ENTRE OS PAÍSES QUE MAIS POLUEM OS OCEANOS
LIXO NAS PRAIAS: UM PROBLEMA QUE TEM SOLUÇÃO
LIXO PLÁSTICO NO OCEANO VIRA PARAÍSO DE ESPÉCIES INVASORAS
NOVA TECNOLOGIA RETIRA 100 MIL TONELADAS DE LIXO DO OCEANO
OCEAN CLEANUP BATE RECORDE DE LIXO RETIRADO DOS OCEANOS
NATIONAL GEOGRAPHIC: DADOS E EVIDÊNCIAS SOBRE O LIXO PLÁSTICO
MATTEL PRODUZ BARBIES COM PLÁSTICO RETIRADO DO OCEANO
CHINELOS JOGADOS NAS PRAIAS VIRAM OBRA DE ARTE
A ideia da atividade é que os estudantes montem um mapa conceitual sobre o lixo nos oceanos em que, a partir do conceito do que é lixo, ampliem o entendimento sobre quais são os materiais encontrados (e sua natureza), onde foram gerados e por que acabaram nos oceanos, e não em locais adequados (aterros sanitários e centrais de reciclagem). Com o mapa conceitual, os alunos poderão visualizar pontos do processo aos quais podem propor ações corretivas/mitigadoras para que os materiais tenham destinação correta. Por exemplo, se o professor direcionar os estudos à produção desses materiais, sejam eles de origem orgânica e não processada industrialmente, sejam eles transformados industrialmente, como, além do fato de estarem poluindo os oceanos, esses processos estão diretamente ligados às mudanças climáticas e alterações do nível do mar e a condições físico-químicas dos oceanos que prejudicam a biodiversidade?
Fazer com que os alunos mergulhem nesse tema é fundamental para que possam entender suas responsabilidades socioambientais com o planeta em que vivem, pois boa parte do lixo que flutua nos oceanos não é produzida nas cidades localizadas em zonas costeiras. A composição desse resíduo, suas origens (ponto de geração) e o caminho que percorre até o mar indicam que grande parcela do lixo não vem sendo destinada corretamente aos aterros ou sistemas de reciclagem existentes.
OUTROS SITES PARA AMPLIAR A DISCUSSÃO SOBRE O TEMA:
Existem dados alarmantes quanto à real quantidade de lixo sendo jogado nos mares e viajando pelas correntes oceânicas ao redor do mundo. Atualmente, há cinco grandes ilhas de resíduos, também conhecidas como vórtices de lixo, espalhadas pelos oceanos Pacífico (Giro do Pacífico Norte e Giro do Pacífico Sul), Atlântico (Giro do Atlântico Norte e Giro do Atlântico Sul) e Índico (Giro do Oceano Índico).
A quantidade estimada de plástico flutuando nos oceanos, segundo dados do eCycle, é de 5,25 trilhões de embalagens, pesando em torno de 268.940 toneladas. Caso seja mantida a mesma quantidade de descarte realizada hoje, calcula-se que, em 2050, haverá mais plástico do que peixes nos oceanos. Ainda segundo o eCycle, 90% do plástico encontrado nos oceanos vem de dez rios, sendo oito deles da Ásia (Yangtze, Indo, Amarelo, Hai, Ganges, das Pérolas, Amur, Mekong) e dois da África (Nilo e Níger).
Em relação a outros materiais de consulta sobre a poluição decorrente dos plásticos, recomenda-se: 1. o relatório “Solucionar a poluição plástica –transparência e responsabilização”, elaborado pelo WWF (2019), que permite uma discussão aprofundada sobre o tema; 2. o documento “What a waste 2.0: a global snapshot of solid waste management to 2050”, produzido, em 2018, pelo Banco Mundial, em parceria com o WWF. O estudo apresenta dados que mostram o Brasil como o quarto maior produtor de plástico do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. Essa constatação leva a pensar quão importante é a implantação de ações e políticas públicas para equacionar a questão. Assim, a abordagem desse tema é de extrema relevância dentro do espaço escolar, sendo o enfoque multidisciplinar a melhor estratégia de aproveitamento para alunos de ensino médio.
A História das Coisas é uma animação que pode ser utilizada sob a ótica de diversas disciplinas no que diz respeito aos hábitos de consumo. A versão em português está disponível no YouTube. Outra fonte essencial de conteúdo para a atividade é a plataforma Recicla Sampa, na qual os alunos podem, com base nas reportagens e vídeos disponíveis, aprofundar o conhecimento sobre o impacto do lixo, as diferentes estratégias para reciclagem de resíduos (vidro, alumínio, papel, plástico, pneu, matéria orgânica e tecido), as questões referentes aos hábitos de consumo e os 5 Rs.
A ideia é que os estudantes façam painéis sobre o impacto ambiental da produção e consumo de diferentes materiais, o tempo que eles permanecem na natureza e como isso pode interferir nas condições ambientais dos ecossistemas e o que pode ser feito para diminuir a geração de lixo.
Essa atividade pode ser complementada com a aplicação do questionário individual da pegada ecológica. Dessa maneira, os alunos conseguem perceber como os hábitos de consumo comprometem a oferta de recursos naturais e podem repensar o próprio comportamento.
A pegada ecológica (ecological footprint, em inglês) é um método que avalia os padrões de consumo de uma pessoa, cidade ou país e a capacidade ecológica da Terra. Isso quer dizer que, analisando a pegada ecológica, é possível perceber se o planeta suporta ou não o estilo de vida que o ser humano leva. O termo foi primeiramente usado em 1992, por William Rees, ecologista e professor canadense da universidade de British Columbia. Em 1995, Rees e o coautor Mathis Wackernagel publicaram o livro Our Ecological Footprint: Reducing Human Impact on the Earth.
Sete questões ajudam a balizar as discussões sobre os hábitos de consumo e seus impactos. Elas são o ponto central dessa atividade.
A pegada ecológica mede a quantidade de terra biologicamente produtiva e área aquática necessárias para produzir os recursos que um indivíduo, população ou atividade consome para absorver os resíduos que gera, considerando a tecnologia e o gerenciamento de recursos prevalecentes. A área é expressa em hectares globais (hectares com produtividade biológica na média mundial). Os cálculos da pegada usam fatores de rendimento para normalizar a produtividade biológica de países com as médias mundiais (por exemplo, comparação de toneladas de trigo por hectare no Reino Unido versus a média mundial por
hectare) e fatores de equivalência para levar em consideração as diferenças de produtividade média mundial entre tipos de terra (por exemplo, média mundial para florestas versus média mundial para áreas de cultivo).
Os resultados da pegada e da biocapacidade para os países são calculados anualmente pela Global Footprint Network (Rede Global da Pegada Ecológica, em tradução livre). Colaborações com governos nacionais são incentivadas e servem para aprimorar os dados e a metodologia utilizada para os balanços da pegada ecológica. Até a presente data, a Suíça completou uma revisão, e Bélgica, Equador, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Japão e EUA revisaram parcialmente ou estão revisando seus balanços. O desenvolvimento metodológico contínuo dos balanços de pegadas nacionais é supervisionado por um comitê formal de revisão. Uma publicação detalhada sobre métodos e cópias de modelos de planilhas de cálculos pode ser encontrada no site footprintnetwork.org.
As análises de pegadas podem ser conduzidas em qualquer escala. Há o reconhecimento crescente da necessidade de padronizar aplicações subnacionais da pegada para aumentar a comparabilidade entre estudos em diferentes locais e anos. Atualmente, os métodos e abordagens para calcular a pegada de municípios, organizações e produtos estão sendo alinhados por meio de uma iniciativa global de padrões de pegada ecológica. Para mais informações a respeito, consulte: footprintstandards.org.
Para evitar o exagero da demanda humana sobre a natureza, a pegada ecológica inclui somente aspectos do consumo de recursos e da produção de resíduos para os quais a Terra tem capacidade regenerativa, e onde existam dados que permitam que essa demanda seja expressa em termos de área produtiva. Por exemplo, descargas tóxicas não são contabilizadas em balanços de pegada ecológica, tampouco a captação de água doce, apesar de a energia usada para bombear ou tratar a água ser incluída.
Os balanços de pegada ecológica fornecem dados instantâneos da demanda e oferta de recursos no passado, no entanto, não preveem o futuro. Assim, ainda que a pegada não estime perdas futuras causadas pela degradação atual dos ecossistemas, se esse fenômeno persistir, poderá ser refletido em balanços posteriores como uma redução na biocapacidade. Os balanços de pegada ecológica também indicam a intensidade com que uma área biologicamente produtiva está sendo utilizada. Por ser uma medida biofísica, porém, não avalia as dimensões sociais e econômicas essenciais da sustentabilidade.
Os balanços nacionais calculam a pegada ecológica relacionada ao consumo total de cada país somando a pegada das importações e sua produção e subtraindo a das exportações. Isso significa que o uso de recursos e as emissões relacionadas à produção de um carro fabricado no Japão, mas vendido e utilizado na Índia, contribuirão mais para a pegada de consumo da Índia do que para a do Japão. As pegadas de consumo nacionais podem ser distorcidas quando os recursos utilizados e os resíduos gerados na manufatura de produtos para exportação não são bem documentados. De modo geral, as imprecisões mencionadas podem afetar significativamente as estimativas de pegada para países em que o fluxo de comércio é intenso em comparação com o consumo total. Entretanto, isso não afeta a pegada total global.
Combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural são extraídos da crosta terrestre e não são renováveis em lapsos de tempo ecológicos. Quando esses combustíveis queimam, emitem dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera. Esse gás pode ser armazenado de duas maneiras: com o sequestro das emissões por meio de tecnologia humana, como injeções em poços profundos, ou o sequestro natural. Este último ocorre quando os ecossistemas absorvem CO2 e o armazenam na forma de biomassa, como as árvores, ou no solo. A pegada de carbono (carbon footprint, em inglês) é calculada estimando-se a quantidade de sequestro natural que seria necessária para manter uma concentração constante de CO2 na atmosfera. Depois de subtrair a quantidade de CO2 absorvida pelos oceanos, os balanços
de pegada ecológica calculam a área necessária para absorver e reter o carbono remanescente com base na taxa média de sequestro das florestas de todo o mundo. O CO2 sequestrado por meios artificiais também seria subtraído da pegada ecológica total, mas atualmente essa quantidade não é significativa. Em 2007, um hectare global era capaz de absorver o CO2 liberado pela queima de aproximadamente 1.450 litros de gasolina. Expressar emissões de CO2 em termos de uma área bioprodutiva equivalente não implica que o sequestro de carbono em biomassa seja a chave para a solução das mudanças climáticas. Pelo contrário, mostra que a biosfera não tem capacidade suficiente para amortizar as atuais taxas de emissões antropogênicas de CO2. A contribuição das emissões de CO2 para a pegada ecológica total está fundamentada em uma estimativa das produtividades florestais médias mundiais, contudo, essa capacidade de sequestro pode mudar ao longo do tempo. Conforme as florestas amadurecem, suas taxas de sequestro de CO2 tendem a decrescer. Caso sejam degradadas ou desmatadas, podem se tornar emissoras líquidas de CO2. As emissões de carbono de fontes que não sejam as queimas de combustíveis fósseis são incorporadas aos balanços nacionais de pegada ecológica em nível global e incluem emissões fugitivas da queima de gás durante a produção de petróleo e gás natural, o carbono liberado por reações químicas na produção de cimento e as emissões das queimadas em florestas tropicais.
A pegada ecológica compara a demanda humana sobre a natureza com a capacidade da natureza de atender a essa demanda. Portanto, serve como um indicador da pressão humana sobre ecossistemas locais e globais. Em 2007, a demanda da humanidade excedeu a taxa de regeneração da biosfera em mais de 50%. Essa sobrecarga pode causar a saturação dos sumidouros de resíduos e o esgotamento dos ecossistemas, gerando impacto negativo sobre a biodiversidade. Entretanto, a pegada não mede este impacto diretamente, tampouco especifica o índice de redução da sobrecarga para evitá-lo.
6. A PEGADA ECOLÓGICA DEFINE O QUE É UM USO “JUSTO” OU “IGUALITÁRIO” DOS RECURSOS?
A pegada ecológica documenta o que aconteceu no passado. Pode descrever quantitativamente os recursos usados por um indivíduo ou uma população, mas não estabelece o que deveriam utilizar. A distribuição de recursos é uma questão de políticas públicas, baseada em crenças da sociedade sobre o que é ou não igualitário. Apesar de a contabilização da pegada ser capaz de determinar a biocapacidade média disponível per capita, ela não estipula como essa biocapacidade deveria ser distribuída entre indivíduos ou países. Ainda assim, oferece amplo contexto para essas discussões.DA PEGADA ECOLÓGICA, JÁ QUE A OFERTA
7. QUAL É A RELEVÂNCIA DA PEGADA ECOLÓGICA, JÁ QUE A OFERTA DE RECURSOS RENOVÁVEIS PODE SER AUMENTADA E OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS PODEM DESACELERAR O ESGOTAMENTO DOS RECURSOS NÃO RENOVÁVEIS?
A pegada ecológica mede o estado atual do uso dos recursos e da geração de resíduos. Ela questiona: em determinado ano, as demandas humanas sobre os ecossistemas excedem a capacidade dos ecossistemas de atendê-las?
A análise da pegada reflete tanto aumentos na produtividade dos recursos renováveis como inovações tecnológicas (por exemplo, se a indústria de papel dobrar a eficiência geral da produção, a pegada por tonelada de papel será reduzida pela metade). Os balanços de pegada ecológica capturam essas mudanças assim que ocorrem e podem determinar até que ponto essas inovações foram bem-sucedidas em restringir a demanda humana aos limites da capacidade dos ecossistemas do planeta. Se houver crescimento suficiente na oferta ecológica e redução na demanda humana em virtude de avanços tecnológicos ou outros fatores, os balanços vão retratar como eliminação da sobrecarga global. Para obter mais informações sobre a metodologia atual, fontes de dados, princípios e resultados da pegada ecológica, visite: footprintnetwork.org/atlas.