Sustentabilidade na Amazônia

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Outro desses mitos dá a entender que tudo o que é comunitário é sustentável; ora, a natureza (comunitária, particular, pública) da atividade produtiva não guarda relação com o atributo da sustentabilidade. O manejo florestal para extração de madeira - para usar um exemplo atual - pode ser completamente insustentável, mesmo quando praticado por uma comunidade muito organizada (e ainda que todo o processo de exploração, beneficiamento e comercialização seja realizado coletivamente), se a metodologia ali convencionada, não observando o limite máximo de retirada de espécimes por hectare, impossibilitar a regeneração da floresta no ciclo adequado. Na tabela 3 (página 146), é apresentado um modelo de classificação dos níveis de sustentabilidade, que vai desde a prática voltada unicamente para a subsistência, até a produção totalmente direcionada para o mercado. Note-se que o rigor observado nos critérios de classificação inclui no rol da insustentabilidade mesmo comunidades indígenas - o que é factível, apesar de muitos não admitirem. Para que a gestão ambiental venha a ser desempenhada com eficiência, faz-se necessária a superação dos equívocos conceituais que ainda persistem; somente assim será possível chegar-se a uma conexão entre a realidade presente e o que se espera do futuro. Trata-se, não há dúvida, de aspiração ambiciosa - uma perspectiva, decerto, bem superior ao que têm a oferecer as boas intenções do Banco Mundial e da Cooperação Internacional.

Associação Andiroba

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