hip_hop

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Fotos: arqivo das autoras

rança Máxima Bangu 1, Escadinha garante que aprendeu a ter paciência, fé e a se concentrar. “Temos acesso a todas as informações. Quem gosta de TV pode assistir. Pode-se ler jornais e livros, mas não posso negar que Jesus está por vir e o diabo já está aqui. Há dois mundos, o das pessoas livres e o meu. Os dois são selvagens, os dois são tiranos e cruéis. Quando eu sair do meu mundo vou me perder dentro do seu.” Quando terminar de cumprir sua sentença, Escadinha pretende se candidatar a deputado estadual. Ele quer lutar pelo Morro do Juramento, no Rio de Janeiro, de onde comandou por vários anos o narcotráfico. Hoje tem uma visão diferente: “As drogas são uma das piores coisas a que a humanidade teve acesso. Ela destrói, corrompe, mutila. O problema é que ela é tão desgraçada quanto a cachaça. São realidades que não há como frear, só se acabarmos com a corrupção, que é um mal muito maior que qualquer outro. É o veículo para todos os males”. Ele continua: “De certa forma o narcotráfico dá emprego, os envolvidos não são somente os profissionais da área, todos são dependentes de algum modo. Hoje eu não gostaria que o meu país crescesse dessa maneira”. Embora o grupo 509-E e Escadinha tenham o aval da nata do hip hop brasileiro, eles não são os primeiros criminosos a se aventurar nas rimas do rap. O grupo Detentos do Rap foi pioneiro ao lançar um CD cumprindo pena na Casa de Detenção.

Os Detentos do Rap foram pioneiros ao lançarem um CD ainda cumprindo pena na Casa de Detenção de São Paulo.

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Filhos da fúria


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