Para onde ela foi gayle forman

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queria que fossem, e como resultado eu fui uma porcaria de namorado. Digo a Bryn que espero que ela tenha mais sorte com o próximo cara. — É, eu não me preocuparia com isso — ela diz com uma tentativa de risada, mas não sai bem assim. Há uma longa pausa. Estou esperando o ataque, suas recriminações, todas as coisas que antecipo. Mas ela não diz nada. — Ainda está aí? — Sim, estou pensando. — Sobre o quê? — Estou pensando se eu preferiria que ela tivesse morrido. — Jesus, Bryn! — Ah, cala a boca! Não é você quem deve ficar ofendido. Não agora. E a resposta é não. Não quero a morte dela. — Ela faz uma pausa. — Mas não estou certa de quanto a você. — Daí ela desliga. Fico lá, segurando o telefone na orelha, absorvendo as últimas palavras da Bryn, me perguntando se haveria um toque de absolvição na hostilidade dela. Não sei se importa, porque, enquanto sinto o cheiro de ar fresco, sinto um alívio se apoderar de mim. Depois de um tempo, levanto o olhar. Mia está parada na porta de vidro de correr, esperando ser liberada. Dou a ela um aceno tonto, e ela lentamente caminha para o pátio de tijolos onde estou, ainda segurando o telefone. Ela o agarra, como se fosse um bastão de revezamento prestes a ser repassado. — Está tudo bem? — ela pergunta. — Estou livre, digamos, dos meus compromissos anteriores. — Da turnê? — ela soa surpresa. Balanço a cabeça. — Da turnê, não. Mas de toda a merda que leva a ela. E meus outros embaraços. — Ah. Nós dois só ficamos aqui por um tempo, sorrindo como panacas, ainda segurando o telefone sem fio. Finalmente eu o solto e o coloco na mesa de ferro, sem nunca soltar a mão dela. Passo meu dedão sobre os calos da sua mão e pelos nós de seus dedos e pulso. É ao mesmo tempo natural e um privilégio. Esta é a Mia que estou tocando. E ela está permitindo. Não apenas permitindo, mas fechando os olhos e se inclinando para isso. — Isto é real. Tenho permissão de tocar esta mão? — pergunto, trazendo-a até o meu rosto sem barbear. Mia sorri como chocolate derretido. É um solo de guitarra matador. É tudo de bom no mundo. — Hummm — ela responde. Eu a puxo para mim. Milhares de sóis se erguem do meu peito. — Tenho permissão para fazer isto? — pergunto, pegando os dois braços dela nos meus e dançando lentamente com ela pelo jardim. Seu rosto todo está sorrindo agora. — Tem — ela murmura.


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