Querido Doutor - Rocco Bravo

Page 60

era o jovem fraco (realmente sou) e ele o homem forte “urso” de minha vida (que realmente é ele). Ele ficou me olhando, não queria desviar o olhar, mas ele me colocou na cama, um último beijo olhou em volta. — Allen por favor, minha cueca. — disse ele. — Ah. — protestei. — Tudo bem. — ele vestiu a calça e depois abotoou a camisa Armani. Ele se curvou e me beijou novamente. — Até qualquer hora meu amor, descanse. E assim ele saiu do quarto, me deixando ali, de olhos fechados e beicinho esperando outro beijo. Abri meus olhos e o quarto estava silencioso, era hora de fazer tudo que estava atrasado. Peguei o livro gay para a aula de teatro no dia seguinte, o dia em que se escolheria os alunos em seus respectivos personagens. Eu passaria no teste? Provavelmente não. Sentei em frente ao meu laptop. Abri a pasta com o meu “livro”, apaguei tudo. E comecei a escrever. Estamos presos a um único mundo, onde a alegria anda de mãos dadas com a tristeza. Quando você sente a tristeza seu mundo acaba, nada sobra, apenas os escombros de um passado distante, aí vem o amor novamente, reconstruindo casa por casa até chegar ao grande palácio – que é seu coração – e facilmente abre a porta sem nenhum protesto do dono – no caso eu –, a nova sensação é estranha, mas confortante. Daí quando menos esperamos vem a tempestade – no caso, minha mãe – e acaba com as casas deixando apenas intacto o palácio, mais eu sei que o amor está comigo, dentro do palácio, e nada além dele vai me fazer feliz. Como diz aquele ditado “Águas passadas não movem moinho”, certamente não, então não posso me prender as coisas que me fizeram felizes e logo em seguida destruiriam essa felicidade. Estou em um novo mundo agora, e nesse novo mundo eu posso amar quem que quiser.

60


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.