Uma Noite Para Se Entregar - Spindle Cove Vol1 - Tessa Dare

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condecorado. Viveu na Índia durante a maior parte de seu tempo no exército e morreu lá há não muito tempo.” Uma pontada de compaixão atingiu o coração de Suzanna. Será que Bram ainda estava de luto pelo pai? “Quando foi isso?” O pai ergueu a cabeça, apertando os olhos para enxergar uma distância imaginária. “Já deve fazer mais de um ano.” Não era tão recente, então. Mas a tristeza podia durar mais de um ano... Susanna detestou pensar durante quanto tempo choraria por seu pai, caso ele morresse inesperadamente. “O senhor conheceu a Sra. Bramwell?” Com um estilete, ele apontou o toco de lápis e recomeçou a escrever. “Encontrei-a algumas vezes, sendo que na última Victor ainda era criança. Então eles foram para a Índia, e isso foi o fim dela. Disenteria, eu acho.” “Céus. Que trágico.” “Essas coisas acontecem.” Susanna mordeu o lábio, sabendo que ele se referia à mãe dela. Embora tivesse morrido junto com o filho natimorto havia mais de uma década, Anna Rose Finch continuava viva na memória de Susanna: linda, infalivelmente paciente e bondosa. Mas seu pai tinha dificuldades para falar dela. Para mudar de assunto, ela disse: “Devo pedir à Gertrude que lhe traga um bule de chá novo? Café ou chocolate, talvez?” “Isso, isso...”, murmurou ele, inclinando a cabeça. “O que você achar melhor.” Outra folha de papel foi parar no chão, amassada em uma bola. A culpa beliscou a nuca de Susanna. Ela o estava distraindo de seu trabalho. Susanna sabia que deveria ir embora, mas algo não a deixava sair. Ela se encostou no batente da porta e ficou observando seu pai trabalhar. Quando garota, se divertia com a forma como ele contorcia o rosto enquanto trabalhava. Se uma testa enrugada podia extrair ideias de um papel em branco, ele deveria receber um raio divino de brilhantismo… Agora! “Arrá!” Ele puxou uma nova folha de papel. Sua mão deslizava para frente e para trás, rabiscando linhas de texto e cálculos. A genialidade tinha um ritmo, Susanna havia observado, e seu pai, naquele momento, assumia essa cadência. Os ombros curvados, sustentando o mundo. Nada que ela dissesse poderia chamar sua atenção, a não ser, talvez, se gritasse “Fogo!” ou “Elefantes!”. “Sabe, pai”, ela disse, como quem não queria nada, “ele me beijou hoje. Lorde Ry cliff.” Ela fez uma pausa e então, para testar o nome em seus lábios,


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