A Dama Da Meia Noite - Spindle Cove Vol3 - Tessa Dare

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Ele moveu a cabeça na direção de uma prateleira. Kate correu até lá e encontrou um livro de exercícios militares bem manuseado, uma Bíblia coberta de pó, uma coleção encadernada de revistas geográficas... “Ah.” Ela pegou um grande volume preto e leu o título. “Tratamento de doenças e lesões em...” Sua esperança mirrou quando ela leu o resto. “em cavalos e gado? Thorne, este é um livro de veterinário.” “Já fui chamado de animal.” Ele fechou os olhos. Kate decidiu que não era hora de ser exigente. Ela folheou rapidamente o livro até encontrar a seção de picadas e ferroadas. “Achei. Picadas de víbora. ‘A picada da víbora raramente é fatal.’ Bem, isso é reconfortante.” Mas ela se sentiria muito melhor se o texto dissesse que “a picada da víbora nunca é fatal”. Dizer que picadas de víbora eram “raramente fatais” parecia, para ela, o mesmo que dizer “picadas de víbora às vezes são fatais”, porque Thorne se orgulhava de ser uma exceção à regra. Mas ele era muito grande, Kate procurou se lembrar. E além disso era jovem, saudável e forte. Muito forte. Havia vários tratamentos possíveis que o texto sugeria. Ela leu em voz alta: “Primeiro, drene o sangue.” Já fizemos isso, certo? Ótimo.” Ela afastou com impaciência uma mecha de cabelo que estava pendurada em seu rosto e continuou. “‘Pegue um punhado de erva crucianela, genciana e arruda; ferva tudo junto em um caldo com pimenta espanhola e flores de giesta. Quando terminar, coe e ferva com vinho branco por cerca de...” Ela gemeu. “Cerca de uma hora?” Droga. Ela não tinha tempo para sair em busca de uma dúzia de ervas diferentes, muito menos para fervê-las por uma hora. Ela nem mesmo tinha coragem de deixar Thorne sozinho pelo tempo que demoraria para ir até a vila pedir ajuda. Ela olhou novamente para o rosto dele. Deus, estava tão pálido. E o braço completamente inchado. Apesar do torniquete, aquelas linhas vermelhas já passavam do cotovelo. Certas partes do dedo dele estavam ficando roxas. “Fique calmo”, disse ela, ainda que a ansiedade a fizesse esganiçar. “O livro indica vários outros tratamentos.” Ela voltou ao livro. O próximo tratamento sugerido era lavar a área afetada com sal e... Urina. Oh, bom Deus. Pelo menos aquela substância podia ser obtida com facilidade, mas ainda assim... Ela não conseguiria. Não havia como ela conseguir. Ou talvez ela conseguisse, para salvar a vida de um homem. Mas ela nunca mais conseguiria olhar para o homem salvo. Ela fez uma prece fervorosa para que o terceiro tratamento se mostrasse Capaz de salvar a vida dele e a dignidade dela. Ela leu em voz alta com rapidez. “‘Aplique um emplastro na área com uma pomada feita de calaminta apiloada com terebintina e cera amarela. Dê ao animal, também, um pouco de infusão de calaminta para beber, como chá ou misturada no leite’.” Calaminta. Calaminta parecia perfeita. Se ela tivesse um pouco. Kate voltou ao estojo médico e examinou o conteúdo das garrafinhas. Ela destampou um frasco e o cheirou. O cheiro podia ser tanto calaminta quanto de qualquer outra coisa. Ela passou os olhos pelo quarto. Havia tanto que fazer. Acender o fogo,


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