Série the moreno brothers #01 5 forever yours [elizabeth reyes]

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APRESENTAM

DISPONIBILIZAÇÃO: SORYU // TRADUÇÃO: RUTE GONTI, AYNELIS, OLIVIA SOU, MAYARA NIKITA, ANINHA, ANGELA BAR, ELITANA, TICISOUL, CLAUDIA SIL, NATA MORENA, RHE CRUX // REVISÃO INICIAL: CACAU S. // REVISÃO FINAL: PAIXÃO // LEITURA FINAL: CAMILA B. // FORMATAÇÃO: DADÁ


01

1.5

1.6

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05

5.5


YOURS ANGEL MORENO E SARAH FIERO SE APAIXONARAM NO FOREVER MINE, MAS PARA UM CASAL DE NAMORADOS, O PARA SEMPRE É UM TEMPO LONGO DEMAIS...

RESSURGEM AS INSEGURANÇAS DO PASSADO. COMO SE LUTAR COM SEU MELHOR AMIGO,

SYDNEY, NÃO FOSSE O SUFICIENTE, ANGEL AGORA TEM

DOIS NOVOS OPONENTES NA VIDA DE

SARAH.

UM DRAMA ANGUSTIANTE COM LÁGRIMAS E RISADAS SE DESENVOLVE ENQUANTO O AMOR DE

ANGEL E SARAH É DEFINITIVAMENTE POSTO À PROVA

NESTA NOVA EDIÇÃO DA

SÉRIE MORENO BROTHERS.


CAPÍTULO UM

— Vou atender — Disse Sarah a Angel enquanto ia para o quintal. Angel assentiu e continuou com o que estava fazendo, mas já sabia que era Sydney ligando, outra vez. Ela recusou a ligação mais cedo quando Alex estava levando o bolo de aniversário de sua mãe. Normalmente, não atendia suas ligações quando Angel estava por perto, não que tivesse algo que esconder quando falava com Sydney. Inclusive, depois de todos estes anos odiava esse sentimento cada vez que atendia uma ligação de Sydney na frente de Angel. Então evitava atender. A única razão pela qual decidiu atender agora era porque Sydney já não ligava tanto como antes e quase nunca duas vezes em um dia. As últimas vezes que se falaram ele mencionou estar com problemas com sua noiva, Carina. Sarah se perguntava se algo ocorreu entre eles e talvez ele quisesse desabafar. Para seu alívio, ele soava perfeitamente animado quando respondeu. — Olá Lynni, está ocupada? — Não realmente. Bem... — Olhou de volta à janela da cozinha que dava ao pátio traseiro


— Estou na casa de Angel agora. Estão dando uma festa de aniversário para sua mãe, mas estou disponível uns minutos. Tudo bem? — Uma festa em uma quinta-feira? — Sim. — Sorriu — Você conhece eles. O aniversário é hoje, assim não vai passar em branco independente do dia da semana. — Oh bom, então não se preocupe — Disse rapidamente — Volte para a festa. Pensei que estaria em casa e estivesse livre. Não nos falamos há um tempo, só pensei em pôr o assunto em dia. — Está tudo bem? — Sim, sim, está tudo bem. Ligo depois. Ela se sentiu um pouco mal por ter desligado, especialmente porque tinha a sensação que ele queria falar algo especifico com ela. Mas também sabia que, quanto mais tempo passasse aqui fora, mais estranho Angel ficaria quando voltasse. Ele nunca dizia nada. Sarah tinha que dar um crédito. Ele estava melhorando e obviamente, estava se esforçando para aceitar Sydney na medida do possível, mas o conhecia muito bem para captar as vibrações dele cada vez que o tema Sydney surgia. Quando voltou, pegou um pequeno recipiente com fritas e molho e foi ao salão familiar. Angel bateu no assento desocupado ao lado dele no sofá onde estava sentado com seu pai e Sal. — Tudo bem? — Perguntou, ao pegar uma batata. — Sim, só pensei que algo estava errado. Ele raramente liga duas vezes em um dia. Está tudo bem. Só estava ligando para pôr o assunto em dia, porque não nos falamos há um tempo.


Angel olhou com indiferença antes de mergulhar outra batata no molho. Até agora tudo bem. Nada estranho. Inclusive, ele a beijou com um sorriso. — Você perdeu — Disse com um sorriso. — O quê? — Um dos meninos mariachis é novo — riu — Os outros meninos no grupo sabem que Sof está com o Eric, mas como ele não é daqui eles decidiram fazer uma brincadeira dizendo que ela estava solteira e procurando um homem. Eles o instigaram a dar em cima dela. Ele fez e ela recusou, é obvio, mas docemente. Ele ficou todo presunçoso, pegando um pouco mais pesado. Por sorte, Alex estava participando da brincadeira, assim ele controlou a situação. Sof não estava sabendo, ela ficou envergonhada e zangada — encolheu os ombros. — Não aconteceu nada demais, mas a expressão no rosto dele quando olhou para Alex foi clássica. Deixaram o cara saber a verdade antes que arruinasse suas calças. Sarah riu, porque podia imaginar. — Pobre do cara — Disse, olhando ao redor procurando Sofie. Sofie estava agora, parada com Alex, rindo. Aparentemente, tinha superado, mas Sarah recordava todas as vezes que Sofie teve que lutar com esse tipo de reação de seus irmãos mais velhos de verdade. “Têm boas intenções”, se Sarah ganhasse um centavo cada vez que falasse isso à irmã de Angel sobre seus irmãos poderia pagar por sua educação completamente. Era verdade. Os irmãos de Sofie poderiam estar no lado autoritário, mas no final, tinham reais boas intenções. Sarah se perguntava como seria crescer em uma grande família e ter irmãos como os Moreno.


De fato, nunca admitiria, mas muitas vezes se sentia um pouco ciumenta pela proximidade deles. Tinha crescido totalmente sozinha. É por isso que sempre se sentia agradecida por seu melhor amigo, Sydney, que foi a pessoa mais próxima de família, além de sua mãe. Não importa que Angel não acreditasse, Sydney era como um irmão para ela. Sempre o enxergou dessa maneira. Até em dias como hoje, quando os Moreno estavam celebrando o aniversário de sua mãe e como sempre toda a família e amigos estavam ali, Sarah não deixava de ter esta sensação feliz e ao mesmo tempo triste. A mãe deles foi, a tarde toda, tratada com atenção, com presentes, uma serenata dos mariachis e seus filhos cozinharam para ela. E que comida que prepararam! Como todos cresceram ajudando no restaurante da família, todos sabiam cozinhar, sendo assim tiveram uma festa feita com muito amor. Ao crescer, exceto pelo tempo que passou com o Sydney e sua família, Sarah e sua mãe sempre celebraram aniversários e festividades sozinhas. E por um tempo, sua mãe fez de tudo para fazê-la se sentir especial, muitas vezes Sarah desejava que sua mãe se casasse e tivesse mais filhos. Seria a melhor irmã do mundo, como foi para Sydney todos estes anos. Sofie teve que lutar com seus três irmãos superprotetores e também, com dois amigos deles, Romero e Eric. Eric, que agora era seu namorado, é muito mais calmo que seus irmãos. Sofie disse a Sarah que esse era exatamente o motivo de ficar tão atraída por ele, inclusive quando eram crianças. Romero nunca teve uma oportunidade com ela, porque era pior que seus irmãos. Pelo menos, Alex fazia perguntas antes, Romero não. Sarah sentiu a culpa. Sentia ciúmes das grandes celebrações da família quando deveria estar agradecida de ser incluída.


Não passou meia hora depois de receber a ligação de Sydney e seu telefone vibrou de novo. Estava sentada no piso frente à mesa de centro, com Angel. Ele olhou para ela, mas rapidamente afastou o olhar e riu de algo que Romero estava dizendo. Sarah olhou esperando que não fosse de Sydney. Estava preocupada, não por Angel, mas sim porque algo estava acontecendo com Sydney. Para seu alívio, não era Sydney. Era uma mensagem de sua mãe.

Vai ficar aí por muito tempo? Tenho uma surpresa para você e mal posso esperar que chegue em casa.

Isso chamou a atenção de Sarah imediatamente e sorriu. Surpresa? Sua mãe nunca foi boa em manter surpresas em segredo por muito tempo. Não ouvi nada a respeito disso até agora. Sarah faria vinte e um esse ano, mas ainda faltavam meses. Não se deu conta do grande sorriso estúpido que estava em seu rosto até que notou Angel olhando estranhamente. — Minha mãe — Disse, enquanto enviava uma mensagem de volta — Perguntou por quanto tempo vou ficar aqui. Tem uma surpresa para mim. A estranha expressão na cara de Angel foi tão curiosa como a dela. — Surpresa? — Sim — Disse enquanto enviava uma mensagem pedindo uma pista — Minha mãe nunca foi boa me escondendo surpresas. De fato, é bem ruim nisso. É por isso que não pode comprar nada para meu aniversário ou Natal até um dia antes, porque não confia em si mesma. — Sarah riu — De


qualquer maneira, isto provavelmente aconteceu hoje e ela já está enviando mensagens, perguntando quando estarei em casa. — Posso te levar agora — ofereceu Angel — Estamos quase terminando aqui. Todos irão tomar mais uma agora e sei que você disse que tinha tarefa que queria trabalhar. Ainda mais curiosa, especialmente desde que sua mãe não respondeu sua mensagem pedindo uma pista. Sarah assentiu com um sorriso. — Não posso imaginar o que será. Angel se levantou de onde estava sentado e estendeu sua mão — Vamos — Disse — Estou curioso também. Levou quase quinze minutos para dizer adeus a todos, mas finalmente estavam fora no automóvel de Angel. Na metade do caminho de casa, sua mãe respondeu a mensagem.

A única pista é, que vai gostar de verdade! Isso é tudo. Oh e talvez não queira trazer Angel com você. Ele provavelmente não vai gostar tanto quanto você. Havia só uma coisa que Sarah podia pensar que seria bom para ela e não para Angel, Sydney. Isto tinha algo a ver com ele e provavelmente pelas duas ligações. Mas, por que ele não disse?

Era

uma

mudança

súbita,

mas

Angel

agora

conhecia

Sarah

suficientemente bem para perceber. Mudou de curiosamente entusiasmada com a surpresa de sua mãe para, de repente, um pouco nervosa. A


mudança não ocorreu até o segundo texto de sua mãe a caminho de seu apartamento. — Algo aconteceu? — Perguntou depois de vê-la lendo sua mensagem de texto. — Não — Disse, mas não foi convincente, quase como se não estivesse segura de si mesma. — Simplesmente perguntou onde estava. Dobraram a esquina e Angel estacionou em frente ao apartamento que Sarah e sua mãe compraram recentemente. Sarah virou para ele e rapidamente de volta a sua bolsa. — Não tem que vir comigo. A forma que mexeu em sua bolsa quando disse isso tinha outro significado revelador sobre Sarah. Sempre evitava o contato visual quando se sentia incomodada. — Não estou com pressa — Angel começou a sair — E estou curioso sobre esta surpresa — Disse, olhando para ela através do teto de seu carro agora. Ela sorriu e se reuniram ao redor da parte dianteira. Foram à porta principal. Já estava aberta e entraram. Luna, a mãe de Sarah, sorriu estranhamente para Angel e logo olhou para Sarah. Pegou seu celular no que parecia ser a preparação para tirar uma foto. Sarah e Angel ficaram ali um pouco confusos. — Está bem, pode sair — Disse Luna. Angel quase não o reconheceu quando saiu, porque estava mais volumoso que a última vez que o viu, mas só demorou uns segundos para


averiguá-lo. Sydney sorriu e as mãos de Sarah foram imediatamente a seu rosto tampando a boca. — Olá, Lynni. — Oh, Meu Deus! — Correu para ele e deu um grande abraço, Luna tirou várias fotos com seu telefone e Angel desejou não ter entrado com Sarah. Se abraçaram com força por um momento que achou longo. Preferia não ter que ser testemunha de sua emoção ao ver o cara e ouvir ele dizer seu sobrenome desse jeito meloso. — O que está fazendo aqui? — Perguntou, finalmente se afastando. Angel olhava, chiando os dentes enquanto Sarah limpava as lágrimas e ainda sustentava a mão de Sydney com a outra. — Estou em casa para o resto do verão, assim pensei que já que não estive tão perto de você em tanto tempo, só deveria dirigir até aqui e te surpreender. É obvio. Angel teve que lutar contra a tentação de murmurar. Flagstaff era, depois de tudo, logo ali na esquina de La Jolla. A última vez que ele e Sarah foram até o Flagstaff, demoraram quase oito horas! Sydney finalmente tirou os olhos de Sarah o suficiente para reconhecer Angel. — Como vai, cara? — Estendeu a mão para segurar a mão de Angel enquanto sua outra mão ainda sustentava Sarah. — Bem — Angel forçou um sorriso — Faz tempo. — Sim — Disse Sarah, sorrindo, mas ainda limpando o canto de seus olhos com uma mão.


— O que aconteceu? Mais de dois anos desde que te vi a última vez. Os olhos de Angel caíram à mão de Sarah, que estava ainda na de Syd. Seu sorriso já forçado se converteu em uma linha plana e ela soltou a mão de seu melhor amigo imediatamente como se acabasse de se dar conta que ainda estava segurando. Então, seus olhos se encontraram. Ele não quis esconder o que estava sentindo. Ela tinha que saber que, apesar de ser compreensivo com sua relação com o Syd, este tipo de merda o zangava. Luna clareou a garganta ruidosamente: — Sim, a última vez que veio foi para sua festa de graduação da escola secundária. Sim, se passaram mais de dois anos. Angel finalmente tirou o olhar de Sarah, fazendo seu melhor esforço para não mostrar o quão zangado se sentia de repente. Se alegrou quando Sarah perguntou a Syd quanto tempo estaria na cidade, porque é o que mais queria saber. Ele poderia ter perguntado, mas irritado como estava agora, estava bastante seguro de que sairia mais como: "Quando vai embora?" Sua tolerância à relação da Sarah com seu melhor amigo foi em grande parte devido a distância entre eles. Sabia que trocavam mensagens e falavam por telefone, mas sem ter que presenciar esse afeto todo, ele poderia lidar com o relacionamento entre os dois. Se Syd estivesse ao redor mais frequentemente, Angel sabia que sua paciência por sua "amizade" se desgastaria rapidamente. Escutar os comentários de Alex e Romero sobre como nunca deixariam outro cara na vida de suas garotas, não ajudava nem um pouco. Romero nunca teve uma garota por muito tempo e Angel não sabia como chamar a relação de Alex com a Valeria, mas ambos fizeram este tipo de declarações como se fosse óbvio.


Para alívio de Angel, Syd disse que só ficaria até amanhã à tarde. Mas não era muito um alívio. Não só Luna já disse que era bem-vindo para ficar todo o tempo que quisesse, o que significava que dormiria aqui esta noite, mas sim também mencionou como estaria em casa pelo resto do verão e faria o que pudesse para vir de novo. — Vocês deveriam vir a Flagstaff também antes de terminar o verão — adicionou Syd — Ainda faltam umas poucas semanas. Ao menos o convite foi estendido a Angel também. Syd sorriu quando disse, mas logo, é obvio, tinha que arruiná-lo sorrindo a Sarah de uma forma que o deixou doente. — Podemos andar nas trilhas do Canyon como nos velhos tempos. — Sarah virou para o Angel com um sorriso esperançoso. — Talvez possamos — Era uma afirmação, mas soava mais como uma pergunta. Angel assentiu. — Sim, talvez — Disse, seguindo a corrente. A prática de futebol era exaustiva e ainda estava no começo. Angel sabia que quando se aproximassem do início da temporada, só ficaria pior. Talvez teria um fim de semana livre de vez em quando e poderia levá-la, mas só toleraria isso. Ela indo passar um fim de semana sozinha com seu amigo não ia acontecer. Por mais que odiasse deixar Sarah com o Syd, não tinha opção. Era isso ou ficar encolhido enquanto eles passavam o dia felizes e recordavam velhos tempos.


Sarah o acompanhou a seu carro e embora dissesse que ficaria bem, simplesmente não podia. — Você e ele sempre pegam as mãos assim? — Perguntou, puxando-a para ele enquanto se apoiava em seu automóvel. Ela franziu a sobrancelha, acariciando seu rosto e beijando-o. — Sempre é um pouco exagerado, não é? — Inclinou a cabeça — Não o vejo há dois anos, mas, não, nem me dei conta que o estava fazendo — Sorriu com remorso. — Lamento se isso te incomodou. Incômodo era um enorme eufemismo, mas queria que ela entendesse, que não queria presenciar isso de novo. Apertou sua mão, levantando suas sobrancelhas. — Ele vai dormir no quarto da frente, certo? — É obvio, Angel. Angel encolheu seus ombros, ainda muito aborrecido e se sentindo muito tenso para brincar a respeito disto. — Não sei. Ele é o seu melhor amigo e se fosse uma garota, provavelmente dormiria em seu quarto, certo? — Recordou as poucas vezes que sua irmã levava amigos e todos dormiam no quarto da frente — Você não está dormindo no quarto da frente com ele, está? — Não, não estou — Disse, de repente parecendo um pouco preocupada. — Isto não será um problema, será? Ele é meu melhor amigo. Isso, depois de você — acrescentou rapidamente. — Mas ele é meu amigo de toda a vida e você sabe que não tem nada para se preocupar. Pensei que já tínhamos superado isto. Acariciou o braço de Angel, apertando suas sobrancelhas como se de repente, se desse conta de quão incomodado ele estava com a surpresa.


— Estou bem com isso, Sarah — Disse, beijando sua testa. — Só, por favor, não me dê uma razão para não estar. — Nunca — Disse, sorrindo com apreensão. — Sabe que não o faria. Angel sorriu mais amplamente para fazê-la se sentir melhor. — Estou bem! — Disse, beijando-a por mais tempo. — Prometo. Não se preocupe. A beijou mais vezes antes de entrar no carro e se afastar. Nunca? Angel sacudiu sua cabeça. Ela não tinha ideia. Estaria trabalhando muito forte esta noite para aliviar um pouco da tensão que acumulou na última meia hora. Angel não teve que pensar muito em Sydney nos últimos dois anos. Sua relação distante ainda o chateava às vezes, mas enquanto Syd estivesse no outro extremo do país, ele poderia lidar com isso. Mas só de estar perto dela e de seu amigo de toda a vida, por uns minutos, Angel ficou tão acabado que nem queria pensar no amanhã.


CAPÍTULO DOIS

Sydney, Sarah e sua mãe estavam sentados na mesa da cozinha, conversando por um momento. Quando sua mãe se desculpou para fazer uma ligação, Sydney aproveitou para falar com Sarah e baixou a voz. — Podemos ir a algum lugar e falar em privado? — Sarah parou quando estava a ponto de colocar outra uva em sua boca e olhou com curiosidade. — Sim, quer dizer lá fora? Ele mexeu sua cabeça. — Não, como ir a outro lugar... dar uma volta ou algo — Ele olhou ao redor como se estivesse se assegurando que sua mãe não estava escutando à distância. — Não quero que sua mãe escute. Interessante. Sydney comentou mais cedo sobre Carina, que as coisas não estavam muito bem nesse momento, mas foi uma resposta vaga. Sarah se perguntou se havia algo um pouco mais interessante na história que ele não queria compartilhar na frente da sua mãe. Esta não foi a primeira vez que ele mencionou ter problemas com Carina. A uns meses, ele ficou meio


envergonhado quando Sarah perguntou. Inclusive nunca dava detalhes, algo estranho, porque normalmente era como um livro aberto com ela. Ela queria que Syd e Carina ficassem bem. Uma parte dela sabia que Angel estava incomodado com a sua relação. Sua reação desta noite em relação a Sydney chegando de surpresa foi um perfeito aviso disto. Quando sua mãe enviou o segundo texto, teve a sensação de que isto poderia ter algo que ver com Sydney, mas nunca esperou que ele estivesse ali. Lamentou sua reação ao ver Syd no momento que notou o olhar na cara do Angel. Segurar a mão de Sydney da maneira que segurou foi estúpido. Honestamente, nem se deu conta. E passou tanto tempo desde a última vez que viu Sydney que não pôde evitar se emocionar. O fato de Sydney ter uma namorada era um alívio para os sentimentos de Angel a respeito da sua amizade com Sydney. Não ajudava muito, obviamente, mas sabia que Angel ficou um pouco mais tranquilo sabendo que ele tinha uma garota que estava romanticamente envolvido e não só esperando atrás dos bastidores por Sarah, como tinha certeza que Angel pensaria se não tivesse. — Muito bem. — Disse, colocando a uva em sua boca e ficando de pé — Vamos tomar sorvete. Contente de que sua mãe ainda estava ao telefone, do contrário poderia se sentir mal a respeito de não ser convidada. — Vamos tomar sorvete, mãe. Me liga se quiser algo. Logo que sua mãe disse que estava bem, saíram. Entraram no carro e Sarah perguntou. — Está bem, o que aconteceu? Pensou que ele poderia devolver o sorriso da mesma maneira brincalhona, mas em troca parecia um pouco nervoso.


— Há, uh...? Sua mãe alguma vez te contou mais a respeito de seu pai? — Este não era o tema que esperava. — Meu pai? — Perguntou, saindo do meio-fio — Sim. Ou o que sabe sobre ele é tudo que você me disse? — Quer dizer basicamente nada? — Assentiu, mas esperou. — Sim, tudo que sei foi o que te falei. Ela saiu com ele na escola secundária e se mudou antes que ela pudesse dizer que estava grávida. Quando finalmente o localizou, depois que eu nasci, nem quis saber. Já estava em uma relação e não quis ter nada com nenhuma de nós. A pontada de rejeição que Sarah sentiu, quando era pré-adolescente, quando sua mãe se sentiu em condições de explicar um pouco mais, foi suficiente para que Sarah não perguntasse mais a respeito dele. A dor não valia a pena. Não teve desejo algum, ainda agora como adulta, de encontrálo. Sarah parou no estacionamento vazio de uma escola, precisava olhar Sydney na cara agora. Pensou que era estranho ter conduzido todo este caminho inesperadamente só para surpreendê-la. A última vez que apareceu sem prévio aviso, foi para falar de algo sério. — Por quê? — Perguntou, desligando o carro. Sydney sorriu docemente, outro mau sinal de que isto não era bom. Conhecia bastante seu amigo para saber que esse sorriso era para acalmála. Estacionar foi obviamente um sinal de que ela estava inquieta. — Minha mãe recebeu uma ligação estranha há um par de semanas de uma mulher procurando informação a respeito de você. Não disse a minha mãe como conseguiu nosso número. Quando minha mãe me disse isso, pensei que talvez sua mãe tivesse dado nosso número como referência, quando se candidatou para trabalho. Meus pais são, provavelmente, as


últimas pessoas no planeta que têm um telefone fixo e o mesmo número de sempre. Minha mãe não deu nenhuma informação, exceto que você se mudou há anos e nem disse para que estado. Isto deixou a pessoa nervosa, porque disse que estava realmente procurando algo mais, então... — Pôs seus olhos em branco com um sorriso de satisfação. — Minha mãe pegou o telefone dela. — A mulher deu um nome ou disse por que estava me procurando? — Perguntou Sarah com curiosidade. — Não, nunca chegou tão longe e nunca voltou a ligar. Mamãe nem mencionou até que estive em casa uns poucos dias atrás. Então, pensei que ela fosse uma vendedora também, assim não me incomodei em dizer isso — Fez uma pausa para pensar por um momento. Sarah esperou não tão pacientemente, se perguntando como isto tinha algo a ver com seu pai. — Outro dia, um homem se apresentou a nossa porta. Disse que era seu pai e que estava querendo te encontrar e que esteve te procurando por anos. Fez uma pausa de novo quando viu os olhos da Sarah. Seu coração disparou, mas não tinha certeza do que pensar. Sydney não parecia emocionado. Estava sendo realmente cuidadoso a respeito disto e não quis dizer nada na frente de sua mãe. Por quê? — Sua história era muito diferente da que me contou a respeito dele, Lynn. Segundo ele, sua mãe e ele estiveram juntos por um tempo quando tiveram um bebê. Disse que tiveram uma briga e um dia, ela o deixou sem deixar rastros. Com a testa franzida agora, Sarah tomou tudo o que lhe havia dito. — Como fez para me localizar até na sua casa?


Sydney apertou seus lábios, meneando sua cabeça. — Disse que encontrou pela internet, mas isto não fez sentido para mim, porque disse que era o único local que encontrou vocês. Não deu nenhum dos outros lugares em que viveram, nem o apartamento em que viveu ali, somente minha casa. A princípio, pensei que era o telefone fixo de meus pais. Imaginei que deram o endereço para procurar e encontrá-lo. Disse que resolveu te encontrar até recentemente, quando seu irmão começou a perguntar a respeito de você. — Meu irmão? — O coração de Sarah deu um pulo. Sydney assentiu com a cabeça, mas franziu a testa. — Esse foi seu primeiro tropeço. Disse que tem um irmão menor que teve com alguém depois que sua mãe o deixou, mas disse que seu filho tem vinte e um. Não queria dar uma pista e dizer que você só tem vinte. Incrivelmente, Sarah se sentiu um pouco atordoada. O pensamento de realmente ter um irmão por aí, em alguma parte, a emocionou um pouco. Seu pai nunca a interessou, mas a possibilidade de ter um irmão fazendo perguntas e que se mostrava interessado nela a emocionou por um momento. — Se confundiu em algo mais, também. Porque disse que o rastro que seguiu para te encontrar terminou em minha casa, fingi te conhecer há muito tempo, mas que não escutava falar de você em anos. Disse que faria o possível para ver se podia tentar contatar alguém que pudesse saber onde está agora e pedi que me deixasse qualquer informação que tivesse. Tudo o que ele tinha era seu nome e sobrenome. Sua data de nascimento estava passada por um ano e disse que não tinha um segundo nome. Sarah olhou Sydney, perplexa e não segura do que fazer com tudo isto. Sacudiu sua cabeça.


— Não se zangue, está bem, Lynni? Mas não ia dizer a respeito — começou a dizer. — O quê? Por que não? — Porque naquele momento, outras coisas apareceram em minha cabeça. Quando sua mãe pegou o dinheiro de seu patrão, talvez não fosse a primeira vez e talvez alguém mais estava tentando rastreá-la. Não queria te preocupar, mas quanto mais penso a respeito disto, mais convencido estou, ainda com todos os fatos equivocados que ele deu, que é seu pai. A boca de Sarah quase caiu aberta. — Por quê? Você mesmo disse que nem sabe meu aniversário ou meu segundo nome. O lábio do Sydney se estirou a um lado. — Não sei por que teria toda a informação equivocada, mas inclusive, minha mãe esteve de acordo. Disse que meu pai era conhecido por esquecer em que ano nasci também e um homem esquecendo os segundos nomes de seus próprios filhos, inclusive, um que carregou todo o tempo — sorriu satisfeito. — Não é tão impossível dado que ele não viu ou escutou algo a respeito de você em quase vinte anos, só poderia ser esquecimento. Sarah não estava comprando isto. — Se isto for verdade, por que minha mãe mentiu todos estes anos? — Isso é o que estou me perguntando também. Se sentindo um pouco chateada de que Sydney pensasse que sua mãe mentiria, Sarah o olhou. — Porque não esteve mentindo, Sydney. Este menino poderia ser qualquer. Nem tem...


— Me escute — Disse Sydney, levantando rapidamente uma mão. — Dias depois, pensei o mesmo. Logo comecei a recordar coisas como quando sua mãe perguntou se podia utilizar nosso endereço para que enviassem coisas, porque segundo ela, não confiava nas caixas dos correios dos apartamentos que viviam. — O que quer dizer com segundo ela? — Disse Sarah, de repente, se sentindo defensora da mãe. — As pessoas sempre tiravam coisas das caixas. — Mas as coisas que enviavam a nossa casa, normalmente, chegavam do UPS ou Fedex, não da agência de correios. Sarah pensou nisso durante um momento. — Se não estávamos em casa, não queríamos que deixassem essas coisas em nossa porta. Poderiam roubar em nosso edifício. Provavelmente pensou que era mais seguro enviar a casa de vocês. — Acho que entregavam coisas de seu lar. Possivelmente, tinha medo de que alguém encontrasse seu pai, assim não queria arriscar recebendo coisas diretamente a sua casa. Isso não fazia sentido. Ainda significava que sua mãe esteve mentindo durante todo este tempo e que Sarah, em realidade, tinha um pai que queria conhecê-la e sua mãe não só negou a ele, mas a ela a oportunidade de se conhecerem. — De maneira nenhuma. — Pense nisso. Ela poderia ter recebido no trabalho. Mas então, teria arriscado que a rastreassem. — Possivelmente seu trabalho não permitiu. — Defendeu Sarah. — Possivelmente, simplesmente pensou que seria mais fácil que os enviassem a sua casa. Tudo isso tem mais sentido do que ter mentido.


— Lynni, até ele errar sua data de nascimento, eu estava convencido de que estava falando com seu pai. Ela balançou a cabeça de maneira tenaz. — Por quê? Porque ele disse isso? — Não — Sydney franziu a testa. — Porque quando abri a porta principal, o que mais me chamou a atenção foram seus olhos verdes e cílios escuros. Não podia deixar de olhar. Senti como se estivesse vendo seus olhos todo o tempo. O cabelo tão escuro como o teu e sendo o de sua mãe tão claro, sempre soube que devia ter herdado a cor de seu pai e tinha razão. Suas sobrancelhas, inclusive, são arqueadas como as tuas. Era horripilante. Em todos os anos que conhecia Sydney, inclusive quando sua mãe a deixava sozinha e ia a Las Vegas, Sydney jamais falou mal de sua mãe. Em alguns minutos, começou a se perguntar se ele ocultou ressentimento sobre sua mãe todo o tempo e por isso mudou de ideia tão rapidamente. Mas esse não era Sydney. Jamais faria mal a Sarah, falando com perversidade que sua mãe escondeu algo tão sério. O que ele disse, fazia sentido. Indecisa entre a emoção da dor caso sua mãe tivesse mentido, Sarah ficou olhando para fora da janela sem rumo, sem poder argumentar mais. — De verdade, acha que tenho um irmão? — Não sei. Possivelmente tem quase a sua idade também — Ela virou para olhar e Sydney tirou seu telefone do bolso. — Ele deixou seu número e seu endereço de correio caso te encontrasse. Disse que ele e seu irmão estariam esperando ansiosamente e minha mãe disse que parecia real. Ela também achou que vocês se parecem. Pode tentar escrever, antes de falar


com ele. — Escreveu um par de coisas na tela de seu telefone e a virou para ela. — Mas tem que me prometer, Lynni, que não marcara nenhum encontro a sós com eles. — Prometo — Disse ela, sem poder acreditar que depois de vinte anos poderia conhecer seu pai e um irmão que nem sabia que existia. Sydney enviou a informação. Se sentaram ali e conversaram um pouco mais. Finalmente, partiram para conseguir um sorvete com uma Sarah cheia de emoção, sentimentos feridos e angústia. Se por acaso tudo isso fosse uma fraude, sua mãe podia acabar chateada com ela. Depois de falar disso até ficar exausta, decidiu que sua mãe merecia o benefício da dúvida e perguntaria antes de fazer algo mais. Mas teria que esperar até amanhã, quando Sydney se fosse. Sarah não queria arriscar ter uma conversa tão pessoal na frente dele. Depois de preparar o sofá para Sydney, quando estava indo para cama, lembrou de Carina e se sentiu mal por conversarem a noite toda sobre seus problemas, de novo. Os problemas com Carina foi a última coisa em sua cabeça. Entrou nas pontas dos pés na sala, para não o acordar caso tivesse dormindo. No momento em que entrou no cômodo, ele virou para ela e sorriu. — Não consegue dormir? — Perguntou. — Eu também não consigo. Bateu no sofá ao seu lado. Eu não sentei e encostei na porta. — Queria te perguntar — Disse, agora vendo que saiu apenas com uma grande camiseta e calcinhas. Esticando a parte baixa de sua camiseta, continuou — E as coisas com Carina? Sydney fez uma careta.


— Não, terminamos. As sobrancelhas de Sarah se arquearam e seu coração sentiu pena por ele. Carina e ele estavam juntos tanto como ela e Angel. — Sério? — Fez uma careta, se sentindo pior sobre não ter perguntado antes. — O que aconteceu? — Longa história — Disse com um sorriso torto. — Conta — Disse. Não parecia justo que, todo o assunto fosse apenas sobre seus problemas. Sua mãe foi presa, Sarah se mudou para Califórnia e enfrentou o julgamento contra seu treinador. Sempre conversavam sobre os problemas dela e, o fato de Sydney romper com sua noiva de quase três anos não ser mencionado a fez se sentir mal. — Se contar, tem que me prometer que não se sentirá mal, nem tentará me convencer. Eu estou decidido. Está bem? Sarah jogou a cabeça para o lado, confusa. Já se sentia mal por ele. Isto era grande e sabia o quanto Sydney se preocupava com Carina. Foi sua primeira em tudo. Mas, tentar convencer? Ela assentiu. — Está bem... Com um grande suspiro, começou. — Ela nunca conseguiu te aguentar na minha vida, Lynn, nem à distância. Também tivemos outros problemas, mas este era o maior. Por isso não vim a tanto tempo. O ano passado, quando cancelei minha viagem no último minuto, não foi por problemas com o carro. Foi porque, quando contei sobre a viagem, as coisas ficaram difíceis.


Sarah recordou quão decepcionada esteve quando isso aconteceu, mas jamais questionou nem por um segundo suas razões. — Depois de outra grande briga que tivemos faz umas semanas, — continuou — Ela me deu um ultimato: ela ou você. — Encolheu os ombros com um pequeno sorriso. — É obvio, escolhi você.


CAPÍTULO TRÊS

Alex e Angel jogaram suas bolsas de ginástica no assento traseiro da caminhonete de Alex. Estavam se exercitando por Angel, já que o dia para as fotos da equipe era hoje. Tinham que aparecer essa manhã. Entre isso e a espera para as tomadas individuais, estavam ali até quase meio-dia. Sarah, Syd e Luna saíram para tomar café da manhã já que Syd estaria indo depois disso. Angel perdeu a oportunidade de estar perto do cara e não poderia estar ali para vê-lo ir embora. Se Sarah captou seu sarcasmo quando expressou seu arrependimento a respeito sobre ter perdido o café, não demonstrou. Estava quase certo que ao menos ela riria, quando expôs sua decepção um pouco exagerada, mas em seu lugar, soou estranha. Quase apática. Odiava pensar que ela estava sentindo essa tristeza porque Sydney estava indo embora tão cedo. — Preciso de um favor. — Disse Alex, ligando sua caminhonete. Angel virou para ele. — O quê? — Preciso que me cubra este fim de semana no restaurante. Está livre?


Franzindo a testa, Angel pegou o telefone para verificar se tinha alguma nova mensagem de Sarah. — Estou escalado para abrir no domingo. — Alex olhou para ele, em seguida, virou para frente — No sábado estou escalado o dia todo, mas Julio disse que podia me cobrir essa tarde. Só que não pode vir até as duas, assim ambos os dias, só teria que me cobrir nas manhãs. Estaria livre ambas as noites e ao meio-dia. Isso não soava tão mau. — Sim, posso fazer isso. — Disse, felizmente Sarah e ele não fizeram nenhum plano. —Você e Val vão sair esse fim de semana? Angel recordava de ouvir por acaso, Sarah e Val conversando e Val dizendo que esperava poder fazer uma viagem ao Havasu antes do verão terminar. — Não. — Disse Alex rapidamente. — Isto é outra coisa. Não diga a Sarah que estará me cobrindo. Valéria pensa que vou trabalhar todo o fim de semana. Desconfiado, Angel desviou o olhar para a janela. Entendia que seu irmão e Valéria não eram exclusivos. Eles nunca chegaram tão longe como acreditava e sua relação sempre foi um pouco explosiva. Normalmente, Angel não se envolvia na vida amorosa de seus irmãos, mas importava porque era a prima de Sarah, com quem estava se metendo — Não vou mentir, Alex. — Não estou pedindo que minta. — Disse Alex enquanto Angel se virava para enfrentar a amargurada cara de seu irmão. — Só não me mencione em tudo. Diga que o pai te pediu para ir e pronto. Ela não precisa saber que está me cobrindo.


— Posso te perguntar algo? — Disse Angel, curioso de saber por quem Alex enfrentaria todos estes inconvenientes. — Não. — Alex disse simplesmente, mas com firmeza, fazendo Angel rir. Queria perguntar por que ele tinha que mentir, se Valéria e ele não eram exclusivos. Se não era seu namorado, então era livre para fazer o que quisesse. Qual era o ponto em tentar se esconder? Mas antes que pudesse, o indicador de mensagem em seu telefone brilhou pegando sua atenção. Clicou nele e viu que era uma mensagem de Sarah.

Aconteceu algo. Melanie vai me cobrir esta noite no restaurante e não conseguirei te ver antes do seu treino. Talvez mais tarde?

Imediatamente, seu humor risonho foi esmagado. Algo surgiu? Ela não iria trabalhar para passar mais tempo com Sydney? De modo algum, não acreditava que Sarah precisasse pedir muito para Sydney ficar outro dia. Possivelmente mais. Angel viu a maneira que Sydney a olhava ontem e viu a maneira como ele a segurou em seus braços quando ela o abraçou. Angel poderia muito bem ficar invisível aqueles primeiros poucos minutos que se abraçaram. Se fosse qualquer outro, Angel teria queimado um fusível. Diabos, inclusive se tratando de Syd, seu melhor amigo de toda a vida, Angel ainda se sentia perto de perder as estribeiras. Alex disse algo enquanto começava a responder, mas Angel estava muito concentrado no que estava escrevendo para ouvir.


O que aconteceu?

Enviou e olhou para a sua tela com impaciência, sacudindo os joelhos enquanto esperava. Felizmente, respondeu rapidamente.

Te contarei sobre isso mais tarde. Vou parar de escrever agora. Te chamo em algumas horas.

Um par de horas? Era quase meio-dia. Sydney deve ter decidido ficar mais tempo. A ideia de Sarah perguntando se queria ficar mais tempo e que agora o estava deixando de lado por Sydney recuperou todos esses velhos sentimentos de mal-estar que não sentia há muito tempo. Alex disse algo de novo e Angel se virou para ele. — O quê? — Retrucou. Não queria parecer irritado, mas não pode evitar. Estava muito irritado. Alex o olhou e logo franziu a testa. — Olhe, se você vai ficar estranho, então esquece. Farei algumas chamadas e verei se posso conseguir que alguém mais me cubra. — Não. — Angel sacudiu a cabeça. — Eu vou. Só não vou mencionar nada. — Tem certeza? Porque você parece aborrecido com isso. — Baixou o olhar para o telefone, Angel negou novamente. — Estava lendo uma mensagem. A carranca no rosto de Alex se transformou em um sorriso.


— Problemas no paraíso do amor? Angel revirou seus olhos e olhou para fora da janela. — Seu melhor amigo está na cidade e ela tirou o dia de folga do trabalho. Alex ficou em silêncio por um momento e Angel viu bem a tempo quando abriu os olhos com surpresa para logo arquear suas sobrancelhas. — O tal que a esperava em casa? Apertando o telefone na mão, Angel afastou o olhar de seu irmão. — Ela vive aqui agora, lembra? — Disse, evitando o tema de Sydney. Não estava com humor para discutir aquilo, especialmente porque já sabia a que Alex se referia. — Esta é sua casa. — Você sabe ao que me refiro idiota. — Alex riu. — Este é o cara com quem ela cresceu, certo? Não me surpreende que você esteja todo estúpido a respeito dos detalhes técnicos. Assim, ela tirou o dia de folga para passar com ele? — Não sei. — Murmurou Angel, continuou olhando para fora da janela e engoliu fortemente, mas se recusou a dar prazer a seu irmão para ver quanto isto o incomodava. Alex já estava tendo bastante diversão com tudo isto. — Bom, não posso dizer que te culpo. — Continuou Alex, seu tom um pouco mais sério agora. — Não sei por que permite essa merda. — Permito? — Perguntou Angel, agora mais irritado. — O que acha que tenho que dizer? Te proíbo de se relacionar com seu amigo? — Amigo? — Falou Alex. — Que cara põe essa quantidade de energia ou essa quantidade de anos em uma amizade com uma garota, a menos que estivesse esperando que, eventualmente, as coisas passassem da zona


de amigos? Detesto ter que dizer, mas o farei, porque seu estúpido traseiro precisa ouvir. Provavelmente ele está apaixonado por ela. —

Ele

tem

uma

namorada,

Alex.

Disse

Angel,

tentando

desesperadamente não cair na conversa de Alex. — Namora há anos. — E mesmo assim dirigiu até aqui para passar um tempo com Sarah? — Alex o olhou, inclusive ainda mais aborrecido. — Quanto tempo ela diz que conhece este cara? — Desde que eram crianças. — Disse Angel, tentando parecer mais interessado em seu telefone assim Alex só o deixaria. — Como Sof e Eric. — Apontou Alex. — Não. — Angel se virou para ele, sentindo a irritação. — Não como Sof e Eric. Eles nunca tiveram esse tipo de sentimentos um pelo outro. — Bom, possivelmente ela não os teve. — Disse Alex, virando para rua — Isso é tudo o que importa, não é? Angel estava feliz de que estivessem quase em casa, porque estava cansado de ter esta conversa. — Tudo o que estou dizendo, irmão, é que manteria meus olhos e ouvidos abertos. — Alertou Alex enquanto estacionava em sua garagem, seu tom brincalhão se foi. — De modo algum ele conduziria toda essa distância para ver uma garota que tem um namorado, a menos que estivesse seriamente esperando conseguir algo com isso. — Deu de ombros depois que eles pararam. — Talvez seja só seu amigo. Mas eu tentaria proibir essa amizade, e que não iria permitir que ficassem muito tempo a sós. Se eu fosse você. — Disse ainda mais seriamente. — Não seja estúpido. Não dê a esse imbecil esta quantidade de tempo a sós com ela.


De fato, Alex saiu da caminhonete antes de Angel. Angel ficou sentado ali, debatendo se devia chamá-la. Ela disse que não poderia responder mensagens. Estariam no cinema ou algo assim? Deixou sua cabeça cair e grunhiu. Alex tinha razão. Quão estúpido era? Café da manhã e logo um filme? Isso era virtualmente um encontro!


CAPÍTULO QUATRO

A expressão de remorso no rosto da mãe de Sarah não era o que esperava quando deu notícia de que seu pai a estava procurando. A expressão de Luna só piorou enquanto Sarah contava tudo o que Sydney contou, sobre o que seu pai falou. Com o coração batendo descontroladamente, Sarah ficou esperando que sua mãe a interrompesse e dissesse que não era verdade, mas não o fez. Em troca, levou as mãos à boca e sacudiu a cabeça. — Não é verdade, é? Sua mãe fez um gesto para que ela se sentasse à mesa da cozinha, mas Sarah se recusou. — Não, primeiro me diga se é verdade — falou ela, seu ritmo cardíaco aumentando enquanto os sentimentos de traição se afundavam nela. Sua mãe realmente tomou uma decisão tão egoísta e ocultou dela todos estes anos? — É complicado, Sarah. — O que é complicado? — Exigiu Sarah, as lágrimas mornas borrando seus olhos. — Você mentiu para mim ou não.


— Estava te protegendo, querida. Sente-se e explicarei. Sarah olhou para sua mãe, recordando que decidiu dar o benefício da dúvida. Tentou duramente recuperar a compostura, porque ainda existia a possibilidade de que sua mãe tivesse uma boa razão para privá-la da possibilidade de conhecer seu pai. Talvez, todos esses anos como uma menina que secretamente desejava que seu pai magicamente aparecesse e salvasse ela e sua mãe de suas lutas, não foram em vão. Sentou frente a ela, quase com medo de saber a verdade. Do que sua mãe a protegeu, que era tão ruim que provavelmente nunca ia lhe dizer? Sua mãe estendeu a mão procurando a de Sarah e Sarah a deu, precisando sentir o consolo de seu toque. Começou a dizer a respeito de crescer em um bairro decadente, seu padrasto dominante e como ela se tornou rebelde e imprudente em uma idade precoce. Conheceu o pai de Sarah em um clube em que nem devia estar, porque era menor de idade ainda. Mas nesse bairro, igual a todos os bares que vendem álcool a menores de idade, os clubes eram conhecidos por deixar, garotas menores de idade enquanto se vestissem como se parecessem maiores, frequentá-los. Sua mãe disse que ela e suas amigas o fizeram, por isso facilmente entraram. — É também por isso que quando conheci seu pai, ele não era consciente do quão jovem eu era. Ele tinha vinte e dois anos e eu nem tinha dezessete. Menti e disse que tinha dezoito. Ele acreditou e começamos a nos ver. Tive que ser ardilosa com meus pais, mais em especial com meu padrasto, que nunca iria permitir. Também havia coisas que eu não sabia de seu pai. Ele trabalhava com drogas e estava em uma gangue há anos. Antes de saber de tudo isso, pensei que estava apaixonada e ficamos íntimos. Meses mais tarde, quando confessei a minha mãe que estava grávida e queria ficar com você, meu padrasto fez com que seu pai fosse


preso por violação de menores. Foi só então que tudo sobre o seu passado veio à tona. Tinha mandados de prisão por coisas que fez anos antes: roubo, assalto e vandalismo. Soube, então, que ele não era o tipo de homem que eu gostaria de ter em minha vida ou na tua e estava realmente contente de que fosse para cadeia, no entanto, eu concordei em assinar a papelada dizendo que tudo foi consensual. Respirou fundo e logo bebeu um gole de chá, de repente, Sarah precisava beber algo também. Estava começando a entender, mas sua mãe poderia ter dito a verdade. Sarah ficou de pé, incapaz de continuar sentada por mais tempo e disse a sua mãe que ia buscar água. Sua mãe pareceu agradecida pelo descanso. No caminho de volta para a mesa com sua garrafa de água, o telefone de Sarah tocou. Enviou para correio de voz quando viu que era Angel. De maneira nenhuma ia interromper sua mãe e sabia que não seria capaz de explicar para ele rapidamente. Ligaria quando ela e sua mãe terminassem. Pondo a garrafa de água de novo sobre a mesa, Sarah ficou de pé, se sentindo muito inquieta para se sentar. Basicamente, o padrasto de sua mãe disse que a única forma de continuar vivendo com eles era dando o bebê para adoção, porque não podiam permitir outra boca para alimentar. A mãe de Sarah negou e se mudou quando Sarah nasceu. Uns meses depois do nascimento de Sarah, seu pai, que estava fora da prisão, a localizou na casa da amiga onde se alojava temporariamente. Queria ser parte da vida dela e de Sarah, um fato que fez Sarah sufocar novamente. — Sabia que era uma má ideia ficar com ele. Ele viveu uma vida perigosa e eu não queria fazer parte disso, mas me prometeu que iria se endireitar. Havia saído há meses e, desde então, encontrou um emprego fazendo construção. Inclusive, tinha seu próprio apartamento e queria que


nós fôssemos viver com ele. — Sua mãe sacudiu a cabeça. — Era jovem, ingênua e desesperada. Sabia que não podia ficar com minha amiga por muito tempo. Sua família concordou em me deixar viver ali, somente até que pudesse me pôr em um abrigo para mães adolescentes. Viver com ele nesse momento me pareceu uma alternativa melhor, assim aceitei. O que sua mãe disse depois lhe rompeu o coração. Depois de apenas alguns meses de convivência com ele, soube que ele não estava só vendo outras mulheres por aí, mas também não estava trabalhando e ainda estava traficando. Quando o confrontou sobre isto, ele perguntou se realmente acreditava que poderia pagar todas as coisas que compraram para ela e Sarah com um suposto trabalho de construção, dado a alguém recém-saído da prisão. Quanto às outras mulheres, sua única resposta a sua mãe foi que elas não significavam nada para ele. Logo foi detido de novo. — Ele usou o seu telefonema para me ligar. — Sua mãe parou por um momento para refletir sobre isso. — Queria que empacotasse minhas coisas e me mudasse, porque íamos ser despejados logo. Ele não pagou o aluguel por vários meses e não tinha como pagar agora. Pediu para deixar os móveis, mas que me assegurasse de pegar todas as malas do armário. Em retrospectiva, foi uma bênção disfarçada, porque já queria deixar de viver com ele. Tinha um pouco de dinheiro guardado, mas não bastava para um apartamento. Logo depois de uns dias, depois de nos registrar no hotel e procurar coisas nos armários para penhorar, encontrei o dinheiro que ele escondeu nelas, um total de quase vinte mil em dinheiro. A boca de Sarah se abriu. Com cada revelação que sua mãe fazia, mais perguntas apareciam, mas não se atrevia a interromper sua mãe. Luna continuou enquanto Sarah escutava atentamente.


Sua mãe não teve escolha a não ser usar o dinheiro para tentar estabelecer ela e Sarah em outro apartamento, mas seu pai ligava da prisão para avisar que haveria pessoas à sua procura. Queriam o dinheiro, mas ele afirmava ter ganho legitimamente e queria que ela e seu bebê o usassem. E assim a vida de fuga começou. Sarah se sentiu quase envergonhada ao saber que seu pai, o expresidiário e traficante de drogas, sempre se referiu a ela como seu bebê e gostava. Ao longo dos anos, sua mãe manteve contato com a avó de Sarah através do correio e Sydney estava certo sobre os pacotes que foram enviados para sua casa, porque sua mãe não queria deixar um rastro de onde vivia. — O que havia nos pacotes? — Roupa, lençóis, mantas, algo que sua avó pensou que poderia necessitar. Inclusive, enviou material escolar para você. — Por quê? Não tínhamos dinheiro? Sua mãe sorriu. — Querida, vinte mil pode soar como um montão de dinheiro, mas tem que lembrar que o encontrei quando você era apenas um bebê. Acabou rápido. Com a gente se mudando com frequência, apesar de fazer o possível para render, só durou uns poucos anos. Sua mãe se aproximou dela, olhando-a nos olhos. Parecia exausta, como se ter que reviver tudo isto a tivesse drenado. — Tantas vezes pensei em te dizer. Quando você era mais jovem, eu tinha medo de dar um mau exemplo por dizer como fui rebelde. A última coisa que soube era que ficaria na cadeia por vinte anos. Mas não tinha nem ideia de que estava solto e inclusive, então, sempre existia a


possibilidade dele ser detido novamente. Toda sua família era uma má notícia. Tinha intenção de te dizer quando tivesse dezoito anos, mas então, surgiu o assunto comigo indo para prisão e logo começou sua terrível experiência e o julgamento com o treinador. Quando tudo se acalmou e todos estávamos finalmente em paz, me pus a pensar que talvez era melhor que não soubesse. Sua vida, inclusive com todo o drama, estava tão bem e parecia tão feliz com Angel que simplesmente não tinha coração para reviver essas coisas de novo. — Sua mãe suspirou com a testa franzida. — Parece que ele tomou isso de minhas mãos. Caindo no assento ao lado de sua mãe, Sarah também se sentiu tão drenada como sua mãe se via agora. — Assim, realmente ele está me procurando? — em seguida, acrescentou, enquanto olhava para nada em particular. — Sydney e sua mãe disseram que ele se parece comigo — Virou para sua mãe. — Tenho um irmão? — Não sei nada a respeito de um irmão, mas suponho que é possível. — Sua mãe lhe deu um olhar cauteloso. — Não ouvi nada sobre seu pai desde que minha mãe morreu. As vezes ela ligava da cadeia para ter notícias de nós. Mas uma vez que ela morreu, também morreu o único meio de comunicação que tínhamos. Você ainda era muito jovem. Não faço a mínima ideia do que aconteceu. Só assumi que ainda estava na prisão. Se está pensando em seguir adiante com isto, Sarah, quero que tome cuidado. Ele era um homem perigoso e rodeado de gente perigosa. Mesmo depois desse tempo todo, é melhor ser cautelosa. Sentaram e conversaram por um tempo. Sarah ainda tinha um montão de perguntas. No momento em que acabaram, Sarah se sentiu completamente desgastada. Não ajudou que ela e Sydney tivessem conversado até tarde. Nos últimos dois dias, foi golpeada com duas grandes


revelações: tinha um pai e um irmão que a estavam procurando e Sydney tinha terminado uma relação de quase três anos por causa dela. Deitou em sua cama, olhando a hora. Era muito tarde para retornar todas as chamadas perdidas de Angel. Provavelmente, ele estava se preparando para começar seu treino. Leu o único texto que ele enviou.

Me ligue o mais rápido possível.

Sabendo que não ia responder porque estava no treino, enviou uma mensagem, então desligou seu telefone, contente de que tinha um par de horas antes de que estivesse fora do treinamento. Estava pronta para tirar uma soneca muito necessária. Agora, se sentia tão cansada com tudo em sua mente, que se perguntava se seria capaz de dormir. Também levantou cedo esta manhã, porque Sydney queria ir embora ao meio-dia e Sarah queria passar mais tempo com ele antes de ir. Felizmente, seu corpo cedeu ao cansaço e o sono veio rapidamente.


CAPÍTULO CINCO

A foto do time demorou, o que atrasou o treino em uma hora. Angel e Alex chegaram ao vestiário e começaram a colocar seus uniformes quando Angel decidiu olhar seu telefone. Por fim, recebeu uma mensagem de Sarah.

Sinto não atender suas ligações, mas foi por uma boa razão. Se você estiver cansado demais para passar aqui após o treinamento, você pode me ligar? Eu realmente preciso falar com você.

De

verdade

achava

que

estaria

muito

cansado

para

vê-la,

especialmente hoje à noite? Cada ligação não atendida fez ele ficar mais paranoico. Ela nunca ignorou tanto suas ligações. Apertou a discagem rápida imediatamente, sabendo que tinha tempo antes de começar o treinamento para falar com ela. Foi direto para o correio de voz, assim olhou para seu telefone para assegurar-se que era ela a quem ligava e não a outra pessoa. Sua mensagem foi enviada fazia menos de quinze minutos. Foi ela que ligou. Seu telefone estava desligado? Tentou de novo e novamente foi direto à caixa de mensagem. De verdade precisava falar com


ele, mas desligou o telefone? Agora estava irritado por não ter visto a mensagem antes. Sua mente viajava com todas as possibilidades do que ela queria falar depois de ter passado o dia com o Syd e ignorando suas ligações, fez algo que somente fazia quando estava desesperado. Ligou para sua mãe. Todo o tempo que esteve com Sarah, só fez isso algumas vezes. Cada vez que se preocupava por alguma razão. De maneira nenhuma ia poder se concentrar no treino enquanto não falasse com ela. Sua mãe respondeu depois de vários toques. — Olá, Luna, sou eu Angel. Foi estranho a princípio chamá-la por seu nome, mas quando ela foi contratada para trabalhar no restaurante um par de anos atrás, ela insistiu que todos a chamassem por seu nome. Depois, conseguiu outro trabalho, mas o nome ficou. — Olá, querido. — Disse ela, soando um pouco cansada. — Está procurando Sarah? — Sim. — Disse, saindo do vestuário. — Não tenho certeza se seu telefone está desligado ou se ficou sem bateria. — Me deixe olhar. — Disse e logo depois sussurrou. — Oh, sim. Está dormindo, querido. É importante? Quer que a acorde? — Não. — Disse Angel rapidamente, apertando as sobrancelhas. — Tudo bem. Deixe que ela durma. Não se sentia bem ou algo assim? Por isso não foi ao trabalho? As únicas vezes que Angel sabia que Sarah tinha tirado uma soneca no meio do dia, foram quando não estava se sentindo bem ou se eles ficassem acordados até tarde na noite anterior.


— Não. — Disse sua mãe. — Nem me dei conta de que tinha que ir hoje. Simplesmente assumi que era seu dia de folga. Antes estava bem, acredito que simplesmente se sentia esgotada. Vou dizer que você está tentando entrar em contato com ela assim que acordar. Cerrando os dentes, Angel voltou para o vestiário, a tensão sentida ao longo do dia chegou a um outro nível. — Está bem, agradeço. Desligou e terminou de se preparar para o treinamento, fechando seu armário enquanto se colocava ao lado de Alex, que estava esperando por ele. — Conseguiu falar com ela? — Perguntou Alex. — Não. — Disse Angel sem mais, enquanto passava por seu lado. Felizmente, seu irmão sabia que não devia perguntar mais nada. Angel tomou banho, se vestiu e saiu do vestiário. Alex, que não se vestiu nem tomou banho em um tempo recorde como Angel, apenas acabava de sair da ducha quando Angel disse que iria esperar do lado de fora. Leu a mensagem de Sarah dizendo que sua mãe deu o recado e que estaria esperando sua ligação. — O que aconteceu? — Perguntou assim que ela respondeu. Seu treinamento serviu para duas coisas. A primeira, ajudou a aliviar a tensão que sentiu o dia todo ao pensar em Sarah e Sydney. Pegou alguns caras um pouco mais duro do que queria e se sentia bem, mas também fez com que se preocupasse e se sentisse zangado. Deixou que sua imaginação voasse e era uma loucura, assim tentou se acalmar agora antes de dizer alguma

coisa

que

pudesse

se

arrepender

mais

tarde.

respondendo a sua pergunta imediatamente não ajudava.

Sarah

não


— Eu... pode falar? — Sim, o que aconteceu? — Na verdade, eu só... — fez uma pausa, fazendo com que os nervos de Angel ficassem no limite — Tenho tanto para te contar que nem sei por onde começar. — Começa com por que você teve que tirar um cochilo. — Disse, suas palavras soaram mais duras do que esperava. Não perguntou se ficou acordada até tarde com Sydney, porque sabia que não ia poder se acalmar. Era algo que o fez golpear a alguns caras no treinamento, porque só de pensar em Sarah passando toda a noite com o Syd fez com que quisesse cuspir. — Fiquei acordada até tarde. — Confirmou enquanto ele passava a mão por seu cabelo, tentando ficar calmo — E depois de tudo o que aconteceu hoje, estava tão esgotada, que simplesmente caí. — Sim, sua mãe mencionou que estava esgotada. Por quê? E por que ficou até tarde? Ela deixou escapar um suspiro e Angel reteve o seu. — Bem, em primeiro lugar, Sydney não decidiu vir e me surpreender sem mais nem menos por capricho como disse, a princípio. Veio para me contar que meu pai apareceu em sua casa faz uns dias, me procurando. Ao menos era um homem dizendo ser meu pai, mas Syd e sua mãe juram que se parece comigo. Por isso ficamos até tarde falando ontem à noite. Não queria conversar na frente da minha mãe. — Por que não?


Ele começava a se sentir um pouco mais aliviado. Havia uma explicação razoável para tudo isto. Mas a paranoia era um osso duro de roer. Ainda tinha suas dúvidas. Sarah falou da história que o homem contou para Sydney, que era um pouco diferente do que sua mãe sempre contava sobre seu pai. Disse que não tinha ido ao trabalho, porque precisava falar com sua mãe e não queria esperar até depois do trabalho. Tinha a sensação de que seria um longo bate-papo. Alex saiu do vestiário e fez gestos para Angel de que estava preparado para partir. — Escute, querida — Disse, odiando interrompê-la. — Alex vai me deixar em casa e eu vou buscá-la. — Está certo de que não está muito cansado? Posso te contar o resto por telefone. — Inferno, não — Disse, indo rapidamente para a caminhonete de Alex. Depois de tudo o que aconteceu hoje, não queria nada mais do que ter ela em seus braços. Ainda estava preocupado de que possivelmente Syd estivesse apaixonado por ela como Alex assegurava, mas ao menos sabia que ela não passou o dia com ele. Syd partiu ao meio dia, como avisou pela manhã e havia uma boa razão por não responder o telefone e nem responder a nenhuma de suas mensagens. Isto era ótimo e já podia respirar um pouco melhor. — Prepare-se. Vou chegar em breve — Disse antes de entrar na caminhonete de Alex. — Minha mãe estará fora a maior parte da noite. — Disse ela. — Tinha um encontro e me disse que não a esperasse. Posso preparar o jantar e podemos ficar aqui se quiser.


— Ainda melhor. — Angel sorriu, entrando na caminhonete. — Verei você em um momento. Te amo, baby. — Também te amo. Angel sentou, deixando escapar um suspiro de alívio. Nem percebeu o quanto estava sorrindo até que seu irmão sabichão começou a incomodá-lo. Rindo, Alex balançou a cabeça, ao sair do estacionamento. — Sério? Isso foi tudo o que precisou para domar o touro raivoso que esmagou cabeças ao longo do treino? Sorrindo satisfeito, Angel olhou pela janela: — Ela não esteve com ele o dia todo. Estava lutando com algo mais. — Sim, bom, ainda assim, não baixaria minha guarda quando se trata deste amigo dela. — Disse Alex enquanto esperavam em um sinal. — Alguma vez viu Friendzone? Cada um desses amigos de toda a vida se apaixonam um pelo outro e o acontece por anos. Sarah é encantadora, cara e isto é o pior tipo de atrativo que uma garota pode ter. Angel virou para ver seu irmão desconfiado. Alex flertou com Sarah desde o primeiro dia. Adorava irritar Angel e sabia que isso era tudo, mas era a primeira vez que se referia a ela como atraente. Não só isso, ele não estava sendo engraçado. Estava sério e Angel não sabia muito bem como responder a isso, mas sim, estava curioso a respeito de uma coisa. — O que você quer dizer com o pior tipo? — Me refiro que é atraente, mas não sabe. — Saiu do estacionamento do estádio. — Em todos estes anos, este cara esteve ao redor dela, a conheceu como realmente é. De verdade, acredita que alguma vez teve sentimentos por ela mais profundos que só uma amizade? Teve que deixar Alex arrebentar sua bolha de alívio:


— Ele foi agora. — Disse Angel, apertando sua mandíbula enquanto se virava para a janela. — E depois do verão, estará ainda mais longe quando retornar à escola em Nova Iorque. É por isso que não o vi desde que nos graduamos no colégio. — Bom. — Disse Alex, dando golpes no volante. — Aí é onde ele precisa estar: Muito, muito longe de sua garota. Angel pensou a respeito dessa afirmação e tudo mais que Alex disse. Lembrou de como Sarah falava dele quando se mudou e o quão perto ficou de deixar Angel para retornar para ele. Agarrando seu telefone, se lembrou que ele foi o primeiro de Sarah em tudo, não Sydney. Estavam juntos por quase três anos agora e com frequência falavam a respeito de seu futuro: Se casar depois de se formar na faculdade, abrir o seu próprio restaurante e ter filhos. Há muito tempo aceitou que Sarah e Sydney eram a prova de que meninos e meninas poderiam, de fato, ser só amigos. Não podia deixar que uma visita deste tipo, depois de dois anos e a mentalidade de homem das cavernas de Alex descarrilasse tudo que tinha conquistado, atuando como um noivo inseguro e prepotente. Ainda assim, ele nunca havia admitido em voz alta, mas o início de um novo ano escolar não veio rápido o suficiente. Só esperava que Sydney não fizesse muitas viagens aqui antes disso, como mencionou que faria.

O beijo de saudação de Angel, no momento que Sarah abriu a porta e o deixou entrar, a deixou sem fôlego.


— Bom, olá para você também. — Disse com um sorriso, enquanto a beijava de novo e a abraçava fortemente. — Senti saudades hoje. — Sussurrou em seu ouvido, logo beijou um lado de seu rosto, ainda a sustentando fortemente. — Senti saudades também. — Disse ela, se afastando e olhando seus olhos com curiosidade. Viu esse olhar apaixonado antes muitas vezes, mas isto parecia diferente. Perguntou se tinha algo a ver com Sydney e isso imediatamente a preocupou. Além dos detalhes a respeito de seu pai, havia outras coisas que diria esta noite que tinha certeza que não o emocionariam. Com certeza ele não gostaria de ouvir sobre o ultimato que Carina deu a Syd e sobre a escolha dele. No segundo em que Sydney murmurou as palavras "escolhi você", Sarah soube. Angel pensaria que era tudo por ela e sua teoria a respeito de que não existia tal coisa, como a relação platônica entre homens e mulheres, estaria pronta para ser debatida de novo. Isso era algo que não discutiam em anos. Vendo como estava agindo agora, se questionou se deveria dizer ou não essa parte. Desfrutando de seus beijos longos e cheios de luxúria, decidiu que se preocuparia com isso mais tarde. Tinha muitas outras coisas para falar antes disso. Como que, já tinha começado a escrever um e-mail para seu pai, mas seguia apagando uma e outra vez. Depois de terminar no sofá por um momento e pensando que talvez deveria dizer que trancasse a porta principal caso sua mãe chegasse em casa mais cedo, finalmente se afastou e sorriu.


— Sei que você está ansiosa para me contar sobre o seu pai e eu quero ouvir, então vou me comportar. — Afundou-se em seu pescoço uma última vez. — Por enquanto. Riu, se virou enquanto lambia seu pescoço. A verdade era que estava ansiosa para lhe contar. Finalmente se desvencilhou de seu corpo e se sentou. — O arroz dever estar quase pronto. — Disse, levantando. Vê-lo tocando sua virilha enquanto se levantava a fez sorrir. — Bom, porque acumulei muito apetite do treino. — Acabo de fritar alguns peitos de frango que empanei com farinha de rosca com tempero italiano. — Disse, caminhando em direção à cozinha. Angel se sentou em um banquinho no balcão. Sarah serviu seus pratos e contou tudo sobre a conversa com sua mãe. Durante isso, ficou notavelmente calado e pressentia o motivo. — E sua mãe não quer estar lá quando você o conhecer? Ela sacudiu a cabeça, pegando o último pedaço de frango com o garfo. — Ela não quer voltar a vê-lo de novo. Mas não irei sozinha. Você pode vir comigo ou Sydney... — Eu irei com você. — Disse rapidamente. — Mas esse não é o meu ponto. Até agora, ninguém tem certeza se esse cara é realmente seu pai. Sei que aconteceu há muito tempo, mas pensaria que se ele esteve te procurando por anos, pelo menos, saberia bem o ano em que nasceu ou teria algum tipo de documento com seu nome completo. Algo. Sua mãe seria a única que poderia saber se esse cara é verdadeiro ou não. — Posso tirar uma foto. — Ofereceu Sarah. — Então eu poderia mostrar e ela poderia dizer sim ou não.


Angel franziu as sobrancelhas antes de levar o garfo cheio de frango e arroz a sua boca, mas não disse nada. Sabia que ele não era um grande fã de sua mãe. Com o passar dos anos, contou os detalhes de sua infância. Algumas vezes, se arrependeu de dizer que sua mãe a deixava sozinha à noite, porque estava namorando. Havia tentando explicar o motivo de passar muitas noites na casa de Sydney. Enquanto explicava por que era tão próxima de Sydney e sua família, não foi bom para sua mãe. Viu o olhar de desaprovação que ele tentou ocultar quando contou a respeito dos anos rebeldes de sua mãe e como, ainda depois de saber o tipo de homem que era seu pai, esteve de acordo em se mudar com ele. — Não quero forçá-la, Angel. — Disse Sarah, levando seu prato à pia e lavando. — Não disse que não o faria; só disse que preferia não fazê-lo. Só posso imaginar quão incômodo isso seria para ela. — Isto não é sobre ela, querida. — Disse Angel, limpando sua boca com um guardanapo. — Sua segurança está em risco aqui. Mesmo se for seu pai, quem sabe em que tipo de confusão vai te colocar? Como sua mãe disse, era um homem perigoso, então provavelmente ainda seja. Esteve na prisão. Sei que você está curiosa em conhecê-lo, mas talvez você devesse ir mais devagar e pensar um pouco primeiro. Dormir com isso alguns dias. Ainda lhe dar algumas semanas. Sarah levantou os olhos do prato que estava lavando e logo baixou o olhar de novo. Esperava que Angel estivesse um pouco mais animado por ela, mas entendia sua preocupação. Sydney pediu cuidado também, mas ainda estava emocionado quando ligou mais cedo e explicou tudo. — Sydney diz que parece um cara decente. Angel não escondeu a irritação que percorreu seu rosto enquanto se levantava com seu prato vazio na mão e caminhava rodeando a mesa.


— Sei, sei — Disse, de repente, se sentindo estúpida por dizê-lo. — Ser decente não significa nada e acho que eu saberia disso melhor do que ninguém, certo? Angel colocou seu prato na pia e envolveu seus braços ao redor dela por trás, beijando-a na bochecha. — Nem estava pensando nisso, baby. Tudo que estou dizendo é, o quão pouco você sabe sobre esse cara, ao menos em algum momento de sua vida, foram más notícias. Não quero que corra nenhum risco. — Não o farei. — sussurrou, dando a volta para ficar de frente para ele. Ela sorriu, beijando-o brandamente. — Mas estou curiosa, mais ainda a respeito de conhecer meu irmão. — Se ele for mesmo seu irmão. — Recordou Angel, mas a beijou no segundo que sentiu que seu sorriso se apagava. — Baby, sei que isto deve ser excitante para você e quero ficar emocionado também, mas odiaria ver você se decepcionar. Só não quero que saia ferida. Assentiu, sabendo que ele tinha razão. De repente, ela se sentiu envergonhada. Ele deveria achar que ela é uma estúpida. Como podia se animar tão rápido? Haviam muitas perguntas sem resposta. Sabia tudo isso. Foi o primeiro pensamento que teve. Isto pode ser uma grande mentira, mas parte dela queria que não fosse. — Ouça — Disse ele, levantando seu queixo. — É normal ficar curiosa. Eu estou também. Respirou profundamente e deu de ombros. — Talvez eu devesse fazer o que Sydney sugeriu. Sondá-lo via e-mail por um tempo antes de decidir se quero conhecê-lo. Posso pedir que me envie fotos. Assim, minha mãe poderá confirmar se é ele e Sydney pode


confirmar se foi o homem que foi em sua casa. Ainda não significaria que podemos confiar nele, mas podemos descartar que seja um impostor. — Agora sim. — Angel sorriu, beijando-a, logo soltou suas mãos para rodear a mesa e ir para o sofá. Sem se virar, perguntou. — Então, até que horas ficou com o Syd ontem à noite? Foi discreto, mas Sarah o conhecia muito bem. Ele estava doido para perguntar isso desde a hora que mencionou que ficou acordada até tarde. Sentaram no sofá e ela falou. — Não tenho certeza. Até uma, possivelmente? Só sei que era tarde e então, esta manhã, acordamos cedo e depois dessa conversa com minha mãe, estava acabada. O cochilo realmente foi bom. Angel a olhou. — Algo novo com o Syd? — Para falar a verdade. — Disse ela, sabendo que isto ia mudar os ânimos, assim escolheu suas palavras cuidadosamente. — Carina e ele estavam com problemas a algum tempo e finalmente terminaram. Com o passar dos anos, Angel ficou bom em esconder seu desgosto quando algo era relacionado a Sydney. Mas por conhecer bem ele, Sarah sabia captar os sinais de descontentamento. Quando disse que teria que passar tempo com uma pessoa que ele não gostava trabalhando no projeto da escola, ele fingiu estar tranquilo e que estava bem como estava agora. Mas Sarah podia ver em seus olhos. Que ele estava tudo, exceto bem com isso. — Terminaram? Quanto tempo faz isso? — Já faz algumas semanas. — Disse Sarah. — É por isso que decidiu vir para casa pelo resto do verão. — Ver sua reação a isto quase a fez querer


não contar o resto, mas achava melhor contar logo. — Está se transferindo para a Universidade East Side, também. Isso fez com que suas sobrancelhas se levantassem: — Está? Quando? — Este ano. Fez toda sua papelada antes de vir para casa e claro, já foi aceito. — Se inclinou contra ele, sentindo quão tenso repentinamente ele ficou. Esfregou seu braço. — Lembra que eu te disse que UCLA sempre foi onde planejávamos ir quando estávamos no secundário? ESU foi outra grande universidade onde ele queria ir. Agora decidiu terminar a faculdade ali. Não mencionou que a única razão para a sua mudança de ideia na época, foi que Carina conseguiu uma bolsa de estudos para Columbia e agora que terminaram, estava se transferindo para uma escola apenas duas horas de distância de Sarah. Apesar de parecer ruim, Sarah sabia que ele não fez isso para ficar perto dela. Só queria estar mais perto de casa e ele disse que ficar em Columbia e ver Carina todos os dias não ia fazer bem a ele. Também disse que estava farto do clima gelado e estar no sul da Califórnia seria uma mudança bem-vinda, a mudança que precisava para esquecer Carina. — Assim, está terminado, terminado? — Perguntou Angel, ainda parecendo um pouco confuso com o assunto. — Depois de todo esse tempo com ela, realmente está se afastando? Não estavam juntos pelo mesmo tempo que nós? — Sim. — Assentiu ela. Ainda um pouco triste a respeito disso. — Começaram a sair no ano em que mudei para cá. Mas esta não é a primeira vez que terminam. Eles tinham problemas por um longo tempo. Angel a olhou estranhamente.


— Que tipo de problema? Sarah se endireitou, se sentindo um pouco incomodada. Angel já estava tirando suas próprias conclusões, e estava certo. Assim como Angel, Carina não gostava da amizade de Sarah e Sydney no início, mas nunca disse a ele. Mesmo assim, Sarah sabia toda a verdade. — Disse que ela era muito pegajosa, que sempre foi, mas pensou que ela superaria. Ainda a estava observando dessa estranha maneira que a fazia se sentir tão incômoda. Nunca foi boa em mentir e prometeu, faz muito tempo, nunca esconder nada de Angel de novo. Aprendeu sua lição. Nem meias verdades seriam aceitáveis. — Assim, o que fez que decidisse finalmente terminar? Sarah removeu a faixa de cabelo e acomodou seu cabelo novamente, retocando seu rabo de cavalo. Foi uma tentativa nervosa para ganhar tempo para pensar em como dizer. Foi consumida com pensamentos de seu pai todo o dia que não pensou numa forma de dar essa notícia a Angel. Pensou que ele poderia não perguntar. — Carina deu um ultimato. — Disse, afastando seu olhar para a televisão, esperando que não lhe pediria o que especificasse, mas sabia que o faria, assim não queria olhá-lo nos olhos quando dissesse. — E ele finalmente decidiu se afastar. Sentindo seus olhos sobre ela, continuou fingindo que estava assistindo o comercial de sabão em pó na televisão. — Qual foi o ultimato, Sarah? Se não tivesse escutado em sua voz que já sabia, poderia estar tentada a seguir olhando a TV. Mas, claro, estavam agora passando um episódio de


um programa que Angel sabia que ela odiava, por isso era inútil fingir que estava concentrada nisso. — Ou escolhia terminar sua amizade comigo ou terminava sua relação com ela. Os olhos de Angel se cravaram nela, um olhar que ela viu poucas vezes nesses anos juntos. Uma vez foi a noite que nunca esqueceria: a noite que conheceu Sydney. — Assim, ele te escolheu ao invés de sua namorada de anos? — Sim, mas seus problemas vinham crescendo há meses, Angel... — E agora está se mudando para o sul de Califórnia? Sarah assentiu, sabendo que esteve absolutamente certa sobre como Angel receberia a notícia. Não adiantava discutir, podia já ver em seus olhos. Não ia acreditar que eles tinham problemas além dela. — Olhe, — Disse, segurando sua mão. — Sei o que está pensando... — Não acredito que saiba. — Claro que sei. — Disse. — É o que sempre pensou: que ele tem sentimentos por mim além de amizade e que sua mudança para cá tem a ver comigo e não com as razões que ele me disse... — Está apaixonado por você e sempre esteve. — Sarah já estava sacudindo sua cabeça, mas antes que pudesse protestar, continuou. — Por que afirma isso com tanta certeza? — Porque sim — Disse com convicção. — Não o conhece tão bem como eu, Angel. Se estivesse apaixonado por mim desde sempre, não acha que ele mencionaria? Sei que para você parece impossível, mas ele e eu fomos amigos muito antes de eu te conhecer, muito antes que estivesse em uma relação séria. Poderia ter dito algo nesse tempo. Pelo menos, insinuado.


— Possivelmente não queria arruinar as coisas. — Disse Angel, ainda parecendo um pouco determinado a manter sua teoria. — Não posso acreditar que a ideia nunca passou por sua cabeça. Você mesma disse. Ele tinha excesso de peso durante a maior parte desses anos que o conheceu, muito acima do peso. Isso poderia ser um impedimento para ele. Podia estar inseguro de você não estar atraída por ele, possivelmente isto é o que o impediu de fazer um movimento antes. Ela continuou sacudindo sua cabeça. — Nunca foi assim entre nós. De fato, estava acostumado a incomodálo, porque acreditava que Carina tinha uma queda por ele antes ficarem juntos. Tomou uma respiração profunda quando sua expressão permaneceu exatamente igual. Decidindo tentar uma aproximação diferente, seguiu com a corrente. — Está bem, então agora decidiu fazer seu movimento? Agora que estou apaixonada e em uma relação séria por quase três anos? — Apertou sua mão. — Querido, o quanto você significa para mim. Te prometo que nunca farei nada que nos cause problemas, mesmo que por alguma mínima oportunidade tivesse razão e ele estivesse apaixonado por mim por todo este tempo. Finalmente seu olhar perdeu um pouco da dureza, mas Sarah sabia que tudo pelo que trabalhou tão arduamente ao longo dos últimos três anos, foi por água abaixo. O progresso que conseguiu, fazendo que Angel entendesse completamente a dinâmica de sua amizade com Sydney. Mas ela acabou com a tensão do dia. Podia dizer que Angel precisava de distração. E ela precisava também. Sorrindo maliciosamente, se inclinou e o beijou apaixonadamente. Sentindo sobre sua calça, confirmou que


estava instantaneamente preparado para ela. Se endireitando, sorriu, mordendo o lábio inferior. — Vou trancar a porta. Pulou e foi para a porta da frente, trancando e bloqueando com o mesmo ferrolho que Angel instalou quando ela e sua mãe se mudaram. Virou para ver Angel olhando para ela com expectativa. A protuberância em sua virilha era a evidência de que ele sabia exatamente o que ela estava planejando. Foi para ele, se inclinando para beijá-lo enquanto suas mãos abriam seu zíper e o tirava enquanto ele gemia em sua boca. Em poucos segundos, ela estava fora de sua bermuda e subia no sofá com um joelho de cada lado dele. Sentou nele facilmente, mostrando que estava pronta. Angel gemeu, deixando sua cabeça cair para trás. — Deus sim. — Disse ela, apertando os olhos fechados enquanto se empurrava para baixo, querendo tão profundo como fosse possível. Isto era o que tanto precisava hoje.


CAPÍTULO SEIS

Na semana seguinte à visita de Sydney, Sarah finalmente enviou um email a seu pai. Seguiu o conselho de Angel e Sydney e se manteve simples, sem dar nenhuma informação sobre si mesmo. Basicamente, disse que recebeu a mensagem de que ele esteve procurando-a e queria se encontrar com ela, mas não se sentia confortável até saber mais sobre ele. Fez algumas perguntas básicas tais como, onde vivia e o que fazia para viver agora, que era sua forma mascarada de descobrir se ainda estava fazendo coisas ilegais por aí. Também perguntou a respeito de seu irmão: sua idade e por que de repente queria conhecê-la. Perguntou se era possível enviar uma foto de si mesmo e talvez uma de seu irmão também. Sua resposta veio na mesma noite. Sarah ficou olhando o e-mail de Omar Ortiz sem abrir em sua caixa de entrada. Inclusive, quando teve a informação de Sydney, pensou que poderia ser uma Ortiz ao invés de uma Ferro, como sua mãe. Disse a Sydney e Angel, que recebeu uma resposta, mas que ainda não a tinha lido quando viu a notificação de e-mail em seu telefone. Considerou esperar até que Angel chegasse a sua casa depois de seu treino, assim, ele poderia estar ali quando o abrisse. Por alguma razão, não queria abrir


diante de sua mãe. Não contou a ela sobre a resposta. Antes que pudesse abrir, seu telefone tocou com uma mensagem de texto. Era de sua prima Valéria.

Já estou na esquina. Vamos tomar um café. Não te vejo faz muito tempo.

Sorrindo, Sarah enviou uma mensagem de volta, que café soava bem e logo exalou um pouco dramaticamente quando abriu o e-mail e começou a ler. Não iria esperar até depois do café com a Valéria.

Olá Sarah, Não posso dizer o quão feliz estou de escutar sobre você finalmente. Suponho que minha viagem até Flagstaff deu frutos. Entendo completamente que não queira nos encontrar até que conheça um pouco mais a respeito de mim. Antes de tudo, sua mãe já deve ter dito que estive algum tempo preso. Estou por mais de cinco anos e trabalho no Hanson Beach Memorial Hospital com manutenção e reparação. Vivo aqui no Hanson Beach desde minha liberação. Minha irmã e seu marido vivem aqui e estou alojado com eles até que seja capaz de conseguir meu próprio lugar. O nome de seu irmão é Leonardo (Leo) e está perto de completar vinte anos. Acredito que me equivoquei quando falei com o jovem em Flagstaff, mas sempre erro a idade dele. Ele ainda vive no Arizona e frequenta a universidade de Phoenix. Recentemente voltei a falar com ele, infelizmente, perdi a maior parte de sua vida. Na realidade, ele me encontrou faz uns anos e nos reunimos várias vezes. Mantemos contato através de mensagens de texto, telefonemas e e-mails. Desde que disse que tinha uma irmã, está


desejando te conhecer. Ele é filho único e pelo que sei, você também. Acredito que seria bom para os dois se conhecerem e poderia não ser muito difícil se você também está no Arizona. Anexei algumas fotos minhas e uma foto que Leo me enviou dele. Fique à vontade para perguntar o que precisar saber. Disse que me contatou e que deseja fazer isso lentamente. Ele entende e deseja te dar todo o tempo que precise, mas me pediu que dissesse que está com muita vontade de se encontrar com você. Pediu que te passasse seu contato, no caso de você querer ligar e falar com ele primeiro ou por e-mail, como comigo. Saudações afetuosas, Omar (pai).

Sarah leu o e-mail pela segunda vez, verificando o nome de seu irmão e a idade. Se tinha vinte anos, então nesses tempos que seu pai esteve com outras mulheres, enquanto vivia com sua mãe, engravidou outra mulher. Beliscando seus lábios para um lado, pensou nisso. Até agora, havia um ponto de positivo que pudesse dizer sobre o homem que a gerou. Se alegrou por ter decidido fazer isso lentamente, mas não sustentaria o passado de seu pai contra seu irmão. Como ela, ele não podia escolher quem era seu pai. Não ligaria, mas poderia enviar um e-mail já que ele queria

conhecê-la.

Sarah

teve

que

admitir

que

também

estava

estranhamente entusiasmada, com a perspectiva de ter um irmão. Mas como Angel alertou, não teria ilusões. Ainda não sabia se era verdade. Valéria chegou quando Sarah estava abrindo os arquivos anexos de fotos. Sarah já tinha conversado com ela sobre esse assunto. Assim, Valéria estava de pé junto a Sarah e seu laptop, esperando curiosamente quando Sarah falou da resposta de seu pai a seu e-mail e que ele enviara fotos.


A primeira foi a dele. Nela, estava apoiado contra uma porta com um ligeiro sorriso. Agora podia entender quando Sydney e Angel disseram que seus olhos eram inesquecíveis. Durante anos, Sydney disse e depois Angel tentou explicar, mas nunca entendeu o queriam dizer sobre seus próprios olhos. Mas o viu agora nos de seu pai. Havia algo profundo neles. Angel disse que foi a primeira coisa que reparou quando a viu. Igual à sensação que Sydney descreveu, quando conheceu o homem, não podia deixar de olhar seus olhos. Estava impressionada. — Sim. — Disse Valéria. — Sydney não estava mentindo, Sarah. Você é igual a ele. Não tem como não ser seu pai. Olhe esses olhos. Sarah não disse nada. Por mais que olhasse, tudo era tão surreal. Ao invés de comentar, já não tinha palavras, clicou na segunda foto. Era outra dele, só que era muito mais jovem e muito atrativo. — É ele também? — Perguntou Valéria. Sarah assentiu, lendo o título na foto, "Isto foi da época em que conheci sua mãe". Não se surpreendeu por sua mãe ficar com ele. Era sexy. Com um sorriso, Sarah clicou no último dos arquivos anexos, sem fazer nenhum comentário de novo. Este era seu pai e havia uma semelhança tão grande entre ela e ele, que se sentia estranha falando dele sendo sexy. A última foto se abriu. — Santa beleza, Batman! — Disse Valéria, se inclinando mais. — Quem é? — Meu irmão. — Disse Sarah. — Seu nome é Leonardo. Leo. — Valéria olhou pra Sarah com seus olhos brilhantes e logo depois de novo à foto. — Bom, não se parece em nada com você ou seu pai, mas é um tipo totalmente diferente de sexy. E, Jesus, olhe as tatuagens. Um molhador de


calcinhas sexy. — Virou para Sarah outra vez. — Ele é... intimidante, mas de uma maneira sexy. Sarah podia ver por que Valéria pensava assim. Já que nunca parava de falar de sua fraqueza pelos meninos musculosos, é obvio que pensaria que Leonardo era sexy. As tatuagens só se somavam a sua aparência. A foto foi tirada junto ao lago e usava um traje de banho e uma camiseta sem mangas que deixava a vista suas numerosas tatuagens em seus musculosos braços, ombros e peito. Inclusive, havia uma em seu pescoço. Havia um montão de gente de sua idade ao redor, incluindo muitas garotas de biquíni. Parecia uma foto do tipo férias da primavera. Estava sustentando uma cerveja na mão, um grande sorriso amistoso e o boné de beisebol davam um aspecto mais suave a sua, de outra maneira, aparência do tipo durão. Seus olhos não eram verdes como os dela. Eram marrom escuro e Valéria tinha razão. Não se parecia em nada com Sarah ou seu pai. Mas também tinha razão em algo mais. Apesar de sua aparência dura, era de aparência agradável. Sua mandíbula estava perfeitamente cinzelada e o brilho de seus olhos dizia que sabia que era sexy. — Está bem, tem que me levar quando for ver ele. — Disse Valéria sem deixar de olhar a foto, com um grande sorriso. Sarah virou para ela com um olhar de desaprovação. — Já disse. Você e Alex podem insistir que não são exclusivos até que se fartem. Os dois são iguais e, devo acrescentar ridiculamente óbvios a respeito de quão zangados ficam ao escutar que o outro, talvez, saia com mais alguém. Não vou te levar comigo para conhecer meu irmão. — Sarah fechou a foto e seu laptop — Será que vocês não conseguem se dar bem? Valéria franziu a testa enquanto Sarah agarrava sua bolsa e saíam.


— Falando disso. — Disse Valéria enquanto caminhava para a porta. — Alex está fazendo um de seus atos de desaparecimento nestes momentos. Não ouvi falar dele durante quase uma semana e você? Sarah contou que trabalhou no mesmo turno que ele no restaurante os últimos dias e que Angel disse que não só a prática de futebol que estava bastante exaustiva, mas também os finais das matérias extras que Alex pegou durante o verão que estavam dando trabalho. Assim, Valéria não se sentiria tão mal, porque ele estava muito ocupado para chamá-la. Deixou também de lado a parte dele conseguindo sua própria casa logo. Valéria não mencionou e Sarah não ia se meter. Sem se dar conta, já tinha escapado muitas coisas que Alex não contou a Valéria; e Alex terminaria na casa do cachorro. Não é que não o merecesse se ia mentir ou ocultar coisas intencionadamente de Valéria, mas Sarah detestava o olhar de ‘me delatou de novo’ que recebia dele cada vez que isso aconteceu. Pensou que era só uma questão de tempo antes que Valéria soubesse. Angel disse que seu irmão conseguiu seu próprio apartamento, porque era mais barato que pagar um quarto de hotel e de maneira nenhuma ia levar todas suas conquistas para casa. Não só era uma falta de respeito, mas também, sua mãe o mataria se soubesse quantas eram. Essa última parte foi acrescentada pelo Angel e era sua própria hipótese pessoal, não eram palavras de apoio de Alex. Mas se Sarah tinha que especular, apoiada em todas as coisas que Valéria contou e com que frequência, tinha certeza de que estava com outras garotas, era provável que assim seria. Por hora, tinha que manter o bico fechado sobre ele conseguindo uma casa de solteiro logo. — É melhor, suponho. Na verdade, preciso simplesmente seguir em frente e terminar as coisas com ele. — Disse Valéria quando entraram em seu carro. — Estou assim, perto de me sentir preparada para fazer a prova.


Quando passar, provavelmente conhecerei um montão de executivos. Não preciso de Alex ameaçando eles quando decidir aparecer do esquecimento — virou-se para a Sarah. — Sabe que este ano jogam contra o Havaí no Havaí, certo? Sarah olhava seus e-mails não lidos em seu telefone e encolheu os ombros, sem saber o que isso significava. — E? — Só estou dizendo que vão estar lá todo o fim de semana. — Sarah a olhou a tempo de ver Valéria revirando os olhos. — Alex já estava se gabando sobre isso. Lembra quem é animadora ali? Sarah tomou um momento e então lembrou: Dana. Simplesmente a "espinho no cu" de Angel, depois de conhecer e ser exclusivo de Sarah na escola secundária, a mesma garota que esteve a ponto de causar um motim em seu baile de graduação quando Sarah e Angel ganharam o título de rei e rainha do baile. Dana e seus seguidores protestaram, fazendo uma grande cena e basicamente arruinando o momento para Sarah. Mais tarde, Angel ainda explicou que ela não teve nada a ver com isso. Foi ridículo, porque nesse momento, Sarah sabia que ele queria mostrar que não foi nada demais o que Dana fez, mas na realidade, foi muito mais. Sarah ficou muito aliviada quando ouviu Dana se gabando por ir para o Havaí, que partiria e nunca olharia para trás. Já vai tarde, foi a reação de Valéria e de Sarah. Voltando ao olhar para seu telefone, Sarah encolheu os ombros outra vez. — Passaram-se mais de dois anos. Tenho certeza de que ela seguiu em frente. Valéria riu.


— Duvido que alguém iria lidar com aquela cara de bunda. Não querendo dar ouvidos ao que Valéria estava insinuando, que ela, Sarah deveria estar preocupada com o que eles podem fazer no fim de semana, Sarah deixou seu telefone em sua bolsa e virou para sua prima. — De qualquer maneira. — Disse tomando cuidado para não parecer arrogante. — Enquanto ele não me der motivos para não confiar nele, não vou começar a me preocupar com algo assim. Era a verdade. Infelizmente, Valéria tinha um montão de razões para pensar que Alex poderia ir ao Havaí ou a qualquer outro lugar para viver muito bem e foder com tantas garotas pudesse. Passaram duas temporadas completas com Angel jogando suas partidas como visitante sem ela e nunca deu motivos para pensar que poderia fazer algo enquanto estivesse fora. Sarah confiava nele por completo. — Bom, não estou dizendo isto para te deixar paranoica. Só estou te avisando. — Valéria a olhou e logo depois olhou de novo para a rua. — Não disse nada o ano passado, porque tenho certeza que ela estava tentando te chatear. Você estava no jogo também, já que foi aqui e depois esteve com ele o tempo todo. Mas de algum jeito, ela e eu temos amigos em comum no Facebook e um deles foi marcado em algumas fotos que Dana colocou depois da partida do ano passado contra os SD. Nelas, tinha fotos dela com os jogadores e os membros da banda do SD. Entre eles, Angel e inclusive Alex apareceram em seu estúpido mural. Publicou tantas que não pensei que fosse grande coisa. Quando saiu o calendário da temporada deste ano, voltou a publicar as fotos, só que não todas elas. O título dizia algo estúpido como "Mal posso esperar para passar o momento com meus amigos do SD na partida deste ano".


Valéria entrou no estacionamento do Starbucks e Sarah tinha que perguntar se essas fotos eram o motivo do convite. Virou para Sarah enquanto estacionava. — Desta vez, haviam só algumas fotos e, claro, uma com Angel. Acredito que não queria mostrar a grande vadia que é, porque só postou a de um menino. As outras duas eram garotas na banda. Outras duas. — Assim, nem eram muitas. Tinham três pessoas, Dana dizia que estava ansiosa para se reunir com eles no Havaí, duas amigas e Angel. Vanessa quis alertar Sarah. — Estou te dando um aviso, assim não será pega de surpresa caso escute algo, mas não discuta com Angel sobre isso. Obviamente, ela não se convenceu e ainda está tentando provocar. Não lhe dê esse gosto. Seguindo o conselho do Valéria, Sarah decidiu que não tocaria no assunto. Depois que Valéria a trouxe para casa, releu o e-mail de seu pai e quando sua mãe chegou em casa, confirmou que a foto era definitivamente ele. — Sim, — Disse Luna, olhando a foto. — Esses são definitivamente os olhos que lembro. O tempo lhe fez muito bem. Esperava que parecesse mais velho, pois era seis anos mais velhos que eu e pensei que todo esse tempo na prisão teria envelhecido mais rápido. Mas, sim — assentiu Luna — É ele. Sarah virou para sua mãe. Ficou mais emocionada, pois isso se tornava um assunto real. Mastigou o canto de seu lábio, perguntando se devia mencionar que ela e seu irmão tinham quase a mesma idade, mas imaginou que era questão de tempo antes que sua mãe descobrisse. Então resolveu mostrar a foto.


— Este é Leonardo. — Disse. — Meu irmão. Tem dezenove. — Luna meio que franziu a testa e logo sorriu. — Por que não me surpreende? — Se inclinou para olhar. — Seu pai também tem um montão de tatuagens. — Murmurou olhando a foto. — É atraente. — Encolheu os ombros — Acredito que estou mais surpreendida de que ele só tenha mais um filho. Sarah estava aliviada pois sua mãe parecia mais chateada que ferida. Sydney ligou depois que sua mãe deixou o quarto. Enviou as fotos antes de sair com Valéria. Suas primeiras palavras quando respondeu foram: — Está bem, esse é ele. Mais emoção borbulha dentro dela: — Tem certeza? — Sim, esse é o cara. O que sua mãe disse? — Bom, disse que parecia diferente. Obviamente, passaram vinte anos — levantou e foi para cama. — Esperava que parecesse diferente, mas se surpreendeu, o tempo fez bem para ele. — Desabou em sua cama e se recostou. — É seis anos mais velho que ela e realmente não parece, mas disse que esses, definitivamente, eram seus olhos e está noventa e nove por cento segura que é ele. — Assim, o que acontece agora? — Não sei. Ele me mandou o contato de meu irmão e disse que está realmente ansioso para me conhecer. Vou responder agora. Tudo que sei até agora é que tem minha idade e vai à escola em Phoenix. — Eu ainda seria cuidadoso. — Claro. — Disse, sentando. — Qualquer coisa que fizer, estarei tomando passos de bebê e sendo cuidadosa. É apenas... — Mordeu seu


mindinho. — Suponho que não esteja acreditando ainda. Não tive mais família que minha mãe e minha tia. — Sim, isso é bastante louco. Só lembre, Lynni. Não vá esperando muito por isso. A novidade de conhecer um parente perdido de muito tempo pode desaparecer para ambos, uma vez que se conheçam todos vocês podem perder o contato de novo. — Sei. — Disse Sarah, secretamente esperando que estivesse equivocado. — Vou entrar nisto esperando nada. Desta maneira, não ficarei decepcionada. Conversaram um pouco mais até que Angel apareceu. Depois de lhe dizer sobre o e-mail e a nova informação que tinha, Sarah mostrou as fotos em seu telefone. Angel as examinou. — Assim sabemos com certeza que este é seu pai, mas este tipo, Leo ainda não é uma coisa segura. Assentindo,

Sarah

pensou

a

respeito.

Nunca

considerou

a

possibilidade dele não ser seu irmão. Desde que este era seu pai e ele disse que este era seu filho, só presumiu que era verdade. Por que mentiria? Mas conhecia Angel. Sabia que ele ficaria desconfiado. — Meu pai... — parou, porque se sentia estranha. — Uh, Omar, me passou o contato do Leonardo, para que eu enviasse um e-mail ou ligasse para conhecê-lo também. Omar disse que Leonardo está bastante emocionado. Angel a olhou e devolveu o celular. — Isso é genial. Já enviou um e-mail? — Ainda não.


Entraram na rua de Angel. Passariam a noite na casa dele. — Só lembre, baby. Não compartilhe muito a respeito de você mesma com ele até que esteja segura que tudo é legítimo. Ele deve ter visto o olhar de decepção em seu rosto, porque não estava tão emocionado como ela. Logo que estacionaram na rua e desligaram o carro, alcançou sua mão antes que se baixasse e ela levantou os olhos para ele. — Vem aqui. — Sussurrou, se inclinando e a beijando brandamente. — Deve ser tudo verdade. — Pressionou sua testa contra a sua. — Não quis estragar a festa ou algo assim, mas você me conhece. Quando é a respeito de você ou de qualquer um de quem me preocupo, não confiou em ninguém. E esse cara querendo te conhecer. — Levantou uma sobrancelha e sorriu brincando — Ainda bem pra ele, que é seu irmão. Sarah sorriu, lembrando a reação de Valéria à foto de Leonardo, mas não se atreveu a mencionar isso. Sabia que Angel só estava jogando e tentando melhorar o clima e falta de entusiasmo a respeito disto. Mas também, sabia que não estava brincando a respeito de não confiar em ninguém. De algum jeito, não acreditava que mencionar que Valéria achava seu irmão bonitão era uma boa ideia. Entraram e saíram no pátio onde os irmãos de Angel e Romero estavam juntos à mesa de bilhar. Sofie e Eric estavam de pé atrás da zona do bar enquanto ela ria e sussurrava algo no ouvido de Eric. Sarah só pôde imaginar o que a garota devia estar dizendo. Sofie levantou o olhar justo quando chegaram à mesa de bilhar. — Teve notícias de seu pai? — Perguntou.


Sarah assentiu, notando que tinha chamado a atenção de Alex e Sal também. Angel não mencionou que contou a respeito, assim não tinha certeza se eles sabiam. Sarah contou a Sofie a dias. — Então, o que aconteceu? — Perguntou Sofie com os olhos brilhantes. Sarah se sentou e começou a contar. Esperou até que Angel e Eric se afastassem para tomar seu lugar na mesa de bilhar antes de tirar seu telefone e mostrar as fotos. Sofie imediatamente concordou que a semelhança entre ela e seu pai era enorme. Logo mostrou a foto de Leonardo. — Nossa. — Sussurrou Sofie, tomando o telefone de Sarah para dar uma olhada de perto. — Bem, olá. Voltando a olhar os meninos, Sarah estava aliviada de que nenhum deles notou. Os três irmãos estavam ocupados prestando atenção no que Romero estava dizendo e Eric estava completamente absorto em sua jogada. — Este é seu irmão? — Perguntou Sofie, suas palavras ainda sussurradas, logo olhou Eric e sorriu com doçura. Eric sorriu sem entender e virou para observar Angel fazer sua jogada. — Assim parece. — Disse Sarah. — Não falei ou escutei nada dele ainda, mas tenho seu contato. Provavelmente enviarei um e-mail este fim de semana. —

Que

emocionante.

Disse

Sofie,

devolvendo

o

celular

e

sussurrando. — Leonardo é gostoso — Disse, olhando a foto com um pouco mais de intensidade. — Ele é meio sinistro, mas... céus! Sarah sorriu, mas não fez comentário algum. Voltou a olhar a foto de Leonardo e teve que concordar. Era bastante bonito, mas mesmo sabendo


da existência dele há uma semana, se sentia desconfortável em pensar nele dessa forma. Sal e Alex se foram dizendo que tinham que sair e Romero sugeriu que todos fossem ao Andolini's para uma pizza. A princípio, Angel protestou, sendo uma sexta-feira à noite, Andolini's estaria muito lotado, mas foi vencido em uma votação e todos foram para lá. Como Valéria pediu a Sarah mais cedo que avisasse caso fosse sair sem Alex, Sarah mandou uma mensagem. Sorriu quando Valéria respondeu um pouco depois, dizendo que ela e sua amiga já estavam lá e tentaria guardar lugar. Quando entraram no restaurante italiano, Sarah imediatamente reconheceu a garota com Valéria. Era sua amiga Monica, uma garota que vivia próximo a Val. Não reconheceu o menino parado perto de sua mesa, obviamente tentando falar com elas. Ficou feliz que Alex não estivesse aí. Estava brincando quando disse a Valéria que ela e Alex eram ridículos. Embora ambos fingissem estar de acordo com sua relação aberta, nenhum era bom em ocultar seu incômodo ao escutar ou ver o outro com mais alguém. No caso de Alex, as poucas vezes que Valéria contou que viu alguém, as coisas quase ficaram violentas. — Quem é esse imbecil? — Perguntou Romero no momento em que viu o tipo com Valéria. Sarah ficou tensa imediatamente. Esqueceu que, embora Alex não estivesse, Romero poderia chegar a ser pior. Estes meninos se protegiam mutuamente e Romero sabia melhor que ninguém que mesmo Alex e Valéria não eram um casal, ele não gostaria de ver este cara tentando pegála. Romero começou a se aproximar deles com um sorriso malvado e Sarah apertou a mão de Angel.


— Tranquilo. — Advertiu Angel. Romero deu a volta para ele com um sorriso ainda maior. — Você me conhece. — Bom, merda — Disse Eric, enquanto todos seguiram atrás de Romero. — Ei Val, você guardou um lugar pra mim? — Perguntou Romero, apontando o assento junto à Valéria. O sorriso brincalhão que Valéria estava usando até que viu o Romero, caiu. — Sim. — Disse ela. — Sarah me mandou uma mensagem, dizendo que vinham. O menino parado junto a Valéria já não sorria, mas não foi embora. Era o menino típico que Valéria gostava: alto, corpulento e robusto. A única diferença dos meninos com que estava acostumada a sair, era seu cabelo loiro. — Quem é seu amigo, Val? — Perguntou Romero, sentando ao lado do Valéria. — Aqui vamos nós. — Murmurou Angel enquanto retirava uma cadeira para Sarah. — Sou Tex, quem é você? — Disse o menino com um pouco de atitude. — Tex? — Romero sorriu e Sarah pôde ver em seus olhos que a atitude do Tex o divertiu. — Rima com Alex, né, Val? — Romero voltou a olhar Valéria com uma piscada para logo olhar para Tex. — Sou Romero, amigo do Alex. Tex ficou olhando Romero por um momento antes de perguntar o inevitável.


— Quem é Alex? — Alex é... — Alguém que eu não vejo a mais de uma semana. — Disse Valéria, interrompendo

Romero,

o

fuzilando

com

o

olhar.

Alguém

que

provavelmente está saindo com uma garota enquanto estamos aqui. — Quando poderia estar aqui com você? — Perguntou Tex um pouco divertido. — Este Alex soa como um verdadeiro idiota se... Angel estava de pé instantaneamente, mas Romero ganhou dele, saltando de sua cadeira e fazendo com que o tipo inquebrável finalmente se encolhesse. — Chamar meu amigo e seu irmão — Disse Romero, indicando Angel com o polegar e na cara do rapaz — de idiota é uma verdadeira estupidez. Valéria se meteu no meio, tentando conter Romero enquanto Sarah agarrava a frente da camiseta de Angel com ambos os punhos. Todos nas mesas ao redor deles ficaram de pé também, antecipando uma briga. Para alívio de Sarah, o velho Sr. Andolini apareceu através da multidão. — Não comecei. — Disse Romero quando Andolini saiu do meio das pessoas. — Sim, nunca começa. — Disse Andolini, assinalando à porta. — Fora! — Disse com voz forte. — Uma semana! — Mas... — Romero começou a dizer. — Não retorne por uma semana! — Insistiu Andolini com voz forte. — Se discutir, serão duas! Algumas pessoas na multidão riram quando Romero, resistente, começou a sair. Esta não era a primeira vez que Romero foi retirado pelo Andolini. Todos começaram a sair com Romero. Sarah sabia que Angel não


deixaria que Romero aguentasse a expulsão sozinho. Ele estava defendendo Alex. Inclusive, Valéria e Monica começaram a ir com eles. Sarah voltou a olhar quando Andolini começou com o Tex. — Não te conheço, mas você também. Fora! Uma semana. — Não vou a nenhuma parte, velho. — Disse Tex com a testa franzida. — Não fiz nada. Tanto Romero como Angel deram a volta. Vinham aqui por anos aqui e conheciam Andolini durante muito tempo também. Romero sempre era expulso desde que estava na escola secundária, inclusive quando não era sua culpa. Eles sempre saíam respeitosamente. — Que merda é essa...? — Valéria se meteu na frente de Romero outra vez. E dois caras de aventais, que saíram correndo da cozinha, já estavam em cima de Tex. — Eles já o pegaram Romero. Vamos. Andolini levantou a mão para os caras em aventais. — Esperem até que este se vá, — Disse, apontando Romero — antes de tirar este. Com isso, Andolini retornou à cozinha, assegurando a todo mundo que as coisas estavam sob controle e que se acalmassem. Assim que saíram, Valéria brigou com o Romero sobre tê-la envergonhado e ele protestou que não fez nada. — O quê? — Perguntou Romero, levantando as mãos. — O tipo insultou meu amigo e queria que eu ficasse quieto? — Sua expressão era de repreensão e sacudiu a cabeça. — Sabe que Alex não vai estar contente quando contar sobre Tex. Isso, de verdade, acendeu o fogo nos olhos já ardentes de Valéria.


— Acha que eu me importo se você...? — Bem, bem, — Disse Sarah, preocupada de que Valéria pudesse dizer algo rude sobre Alex, como frequentemente fazia quando estavam as duas a sós. Não pensava que Angel, mas especialmente Sofie, tomariam isso amavelmente. — Não sei vocês, meninos, mas eu estou morrendo de fome. — Não quero pizza de nenhuma parte, a não ser daqui. — Disse Romero quando alcançaram os carros no estacionamento — Que tal comida Chinesa? Lucky Dragon? — Não precisa de reserva para ir a esse lugar? — Perguntou Eric, caminhando para seu carro. — Nah. — Disse Romero, caminhando para o carro de Angel. — Meus tios conhecem o dono. Conseguimos um lugar rápido. — Eu não vou. — Disse Valéria, que estava lendo algo em seu telefone, quando ela e Monica passaram pelo carro de Angel. Voltou a olhar para trás. — Isabel saiu do trabalho mais cedo do que pensava. Vamos nos encontrar em algum lugar. — Não cause mais problemas, Val — Disse Romero com um grande sorriso. Valéria revirou os olhos, mas para alívio de Sarah, não disse nada, além de pedir para Sarah ligar. Curiosamente, justo quando se afastavam pela rua com o Romero dando gritos sobre o jogo dos Pais a noite anterior, Sarah notou uma mensagem de Valéria. Ela ia contar isso enquanto comíamos pizza, até que Romero arruinou tudo!

Minha amiga comentou em um post do FB onde Dana pôs um link de seu estúpido blog. De intrometida que sou, entrei e a cadela tem uma janela


com contagem regressiva dos dias que faltam para o jogo SD-HI. Nada importante certo? Mas a foto que postou na capa Ê uma velha amiga dela e Angel abraçados. Não discuta com ele! Mas deve ficar alerta que ela pode estar tramando algo. Desfrute sua comida a la China. Ansiava tanto uma pizza do Antolini's esta noite. Grrr!!!


CAPÍTULO SETE

No momento em que as garotas caminhavam para o banheiro, Angel viu um irritante sorriso de satisfação no rosto de Romero enquanto eles voltavam para se sentarem na mesa. Claramente, estava esperando que ele fosse dizer algo. — O quê? — Disse Angel. Graças à cena de Romero no Andolini's, seu jantar atrasou, no momento que a comida chegou, estavam tão famintos que comeram muito rápido. — Ouvi que Syd está de volta. Angel revirou os olhos, quebrando seu biscoito da sorte e tirando sua mensagem. — Sim, e? Eric olhou para Angel com curiosidade. O único que sabia até o momento era Alex. Romero se encontrou muito com Alex durante seus treinos ultimamente. Não havia dúvidas de que isso era algo que discutiram. — Então, ele deixou a garota que estava namorando desde o ensino médio e trocou de faculdade para estar mais perto de Sarah?


Olhando para trás para assegurar que Sarah não estava voltando, Angel virou para o Romero com a testa franzida. — Quem disse isso? Ele não viria para ela. Ele está em Los Angeles, não aqui. — O suficientemente perto. — Romero sacudiu a cabeça com a mesma expressão que Alex usou outro dia quando contou isso. — Merda. Não sei, homem. Estou pensando que Alex tem um ponto. Possivelmente precisa ter uma conversa cara a cara com este tipo. Já sabe, deixá-lo saber que está a par disso. — A par do quê? — Perguntou Angel. — Sim. — Disse Eric com um sorriso suave. — Então ele se transferiu para o sul da Califórnia. Agora ele está a duas horas de distância. Você deveria estar ciente e atento, Angel? Obrigado! Angel não disse, mas estava feliz de que ninguém saberia o que sentiu no momento em que soube sobre a volta do melhor amigo de Sarah do colégio. Sabia que estava sendo preconceituoso e por isso era tão impossível acreditar que um cara não podia ter sentimentos por Sarah além da amizade. Mas Alex e Romero pareciam tão seguros a respeito disso e nem conheciam

todos

os

detalhes:

Sarah

mantinha

contato

com

ele

regularmente. Contavam tudo um ao outro. O mais importante de tudo, deixou sua namorada por Sarah. Deixou de lado essa parte quando mencionou a Alex que Syd e sua garota terminaram. Ele e Romero já faziam Angel se sentir como o maior idiota quando se tratava disto. Romero pegou um tanto de macarrão crocante da tigela que estava no meio da mesa e os colocou em sua boca, sacudindo sua cabeça. — Estou dizendo isso. Sei do que estou falando aqui...


— A que se refere quando diz que sabe do que está falando? — Perguntou Angel, começando a perder a paciência. Esta não era uma conversa que queria ter com Romero na frente de todas as pessoas. — Não tem uma garota. Nunca teve uma. Eric riu e Romero lançou um olhar. — Tive um montão de garotas. — Não namoradas. — Assinalou Eric. — Todas essas garotas diferentes que você ficou e te derrubaram não contam. — Eric deu uma suave cotovelada em Angel. — Pessoalmente, não acredito que tenha nada para se preocupar. Você e Sarah tem uma relação sólida. Tiveram por anos. Não deixe que este tipo entre na sua cabeça. — Está bem. — Romero assinalou para Eric. — Assim, se você tivesse um amigo que conheceu toda sua vida e fossem assim próximos... — Elevou uma sobrancelha enquanto a expressão de Eric começava a ficar dura novamente. — Estaria bem com isso? — Se ela afirmasse para mim que não são nada mais que amigos, sim. — Disse Eric, mas sem muita convicção e Angel sabia por quê. Havia alguém que Sofie conhecia toda sua vida e recentemente tiveram problemas, mas isso era completamente diferente de Sarah e Syd. Sofie nem falava mais com Brandon. Felizmente, essa conversa foi interrompida quando as garotas retornaram. Todos, exceto Romero, estavam surpresos o quão barato foi à conta. — Eu disse que o dono conhece meus tios. — Ele sorriu, deixando sua parte da conta reduzida sobre a mesa. Depois do jantar, Romero anunciou com um sorriso zombador que tinha várias paradas para fazer antes que a noite terminasse. Em seguida, pegou sua carteira, sorrindo maliciosamente de uma forma que somente


Romero podia e anunciou que seu soldado tinha capacete suficiente para o planejado. Sim, Angel pegava conselhos sobre relações deste romântico incurável. Eles deixaram Romero em sua casa, em seguida, Angel e Sarah foram para o porto. Mesmo após acabar de comer, Angel sabia que depois de uma romântica caminhada noturna pela orla marítima perto do porto, Sarah possivelmente estaria pronta para a sobremesa. Sentiu a nítida sensação de que sua atitude e falta de entusiasmo a respeito do seu encontro com seu pai e irmão a incomodou. A última coisa que queria era que acreditasse que não estava feliz por ela, porque estava... De certa maneira. Ele não diria isto a ela, mas não acreditava que seu pai a merecesse em sua vida. Claro, o cara ficou preso na maior parte da vida de Sarah, mas saiu a quase cinco anos. E a verdade, inclusive, foi ele mesmo que disse, que não foi a ela até que seu irmão começar a mostrar um interesse em conhecê-la, então realmente fez um esforço para encontrá-la. Angel sabia que todo seu ser não confiava em ninguém quando se referia a Sarah. Algo não estava correto, sentia isso. Nunca foi do tipo supersticioso e certamente nunca deu muita importância a algo como o biscoito da sorte que comeu esta noite no Lucky Dragon. Mas a irônica coincidência era inquietante no mínimo.

Se sentir em seu coração e alma que algo está errado, então é provável que assim seja.

Só não tinha certeza qual das duas coisas que o estavam incomodando mais ultimamente, se era o que estava referindo ao seu pai e irmão ou a


Syd? Mas novamente, era um maldito biscoito da sorte. Não gastaria mais tempo tentando adivinhar. Por enquanto, ele continuaria com isso, fingiria estar tão animado como ela, pelo bem de não arruinar tudo o que deveria ser inesperado, mas emocionante desenvolvimento em sua vida. Eu sei que isto é enorme para ela e até agora ele não demonstrou interesse. Mas estava de mau humor por outras razões. Caminharam pela orla marítima e se deixou levar pelos sentimentos, e ansiedade sobre encontrar com seu pai e irmão sem interrupções. Como era de esperar, depois de meia hora de caminhada, estava pronta para um sorvete. — Não estivemos aqui há bom tempo. — Disse Angel, sustentando a porta aberta do Dipsy's, a sorveteria, onde estavam acostumados a ir diariamente no início da relação. — Estive aqui não faz muito tempo. — Disse, olhando curiosamente para pôster atrás do mostrador. Angel olhou para pôster anunciando Sundae para dois. — Isso é novo. — Disse, já lendo os sabores de cada um para ajudar a decidir qual poderiam compartilhar ele e Sarah. — Na realidade não. Sydney e eu tomamos um na semana passada. — Virou para Angel. — Suponho que faz tempo desde que você e eu estivemos aqui pela última vez. — Sorriu e logo assinalou. — Olhe esse enorme. — Sorriu bobamente. — Comentei com Sydney que se alguma vez eu voltasse aqui com Valéria, esse seria certamente o que compartilharíamos e provavelmente ela terminaria a maior parte. Normalmente, Angel teria soltado uma risada junto com ela e estaria de acordo. Em vez disso, ele ainda estava tentado disfarçar a irritação de


que ela e Syd compartilharam um sundae. Foi apenas um sorvete pelo amor de Deus. Disse ele mesmo. E era algo que ela iria compartilhar com Valéria. Não deveria ser grande coisa. Então, por que se sentia como se acabasse de dizer que tinha compartilhado uma maldita ducha com o cara? — O que aconteceu? — Perguntou, apertando sua mão. Olhando para o pôster, Angel fez contato visual com ela. Não se deu conta que sua mandíbula fechou bruscamente, cada vez que pensava sobre o que Alex disse a respeito de Syd. — Nada. Só estava me perguntando se ainda não estava muito cheia para isto. Permaneceu quieta e ele pôde ver, pelo canto dos seus olhos, que estava olhando para ele. Sarah o conhecia muito bem, o que só o irritava mais. Claramente, já tinha entendido o fato de que falar sobre Syd era difícil. Por que disse então? Ele fez sua mandíbula trabalhar e sabia que agora não poderia negar. — Posso pedir um só para mim. — Disse. — Se não quiser compartilhar um dos maiores. Angel virou para ela, incapaz de suavizar a dura expressão que sabia que levava agora. — Qual compartilhou com o Syd? Sabia que ela poderia pensar que era mesquinho, mas tinha um pressentimento de que poderia ser a resposta para sua pergunta, por que ela trouxe o tema. Se ela estava tentando fazer com que o tempo que passava com o Syd soasse casual e inocente, pensava que Angel poderia começar a acostumar com a ideia, que poderia se tornar um assunto recorrente, não estava acontecendo. Angel iria pôr as coisas em claro agora


mesmo. Nunca foi um segredo, embora aceitasse sua amizade, não gostava. Nunca pediu para ele gostar e sabia que nunca o faria. Assim, falar sobre o tempo que passou com o Syd com Angel, nunca seria uma conversa casual e agradável, sem ter em conta quão inocente pudesse parecer. O rosto de Sarah caiu por um momento e odiou isso. Eles estavam tendo um momento bom até que falaram sobre Syd. Ele se recuperou rapidamente, mas viu o desapontamento que ele não podia tratar casualmente quando o assunto era Syd, sem que as coisas ficassem tensas. Mas não podia evitar. Sua garota saiu para tomar um sorvete com um cara, que deixou sua namorada de toda sua vida por ela e compartilharam um sundae. Tinha que saber que a única razão dele aceitar isso, era porque Syd era seu amigo de toda vida, mas mesmo assim, nunca seria agradável. — O marshmallow crocante. — Disse, baixando sua voz. Angel foi para trás dela e conduziu suas mãos ao redor de sua cintura, apertando forte. Apoiando seu queixo em seu ombro, ele beijou sua bochecha. Ele fez seu ponto. Sydney sempre seria um tema delicado, mas não queria incomodá-la ou arruinar sua noite por isso. Olhando para o pôster, inalou. — O Chocolate Swirl Monster soa bem. Ela virou para ele com um sorriso repentino e sentiu como se estivesse ao ponto de dizer algo, mas decidiu que não no último segundo. Em vez disso, ele voltou de novo para o pôster e logo falou. — Tem certeza? — Perguntou. — Tenho certeza — Disse Angel, beijando sua bochecha de novo. Seu plano de enviar a mensagem de que falar sobre ela e Sydney não era algo que estaria aceitando tão facilmente, parecia ter funcionado, porque voltaram de novo para seu pai. Não queria que ela ocultasse nada


sobre Sydney, mas certamente não queria que pensasse que, porque o garoto estava mais perto agora, seria um tema bem-vindo. Antes da visita surpresa

de

Sydney,

Sarah

manteve

misericordiosamente

qualquer

conversa a respeito dele em um mínimo absoluto. Sentados ali um de frente para outro, compartilhando o sundae, parecia íntimo. Angel a escutou, tentando não visualizá-la fazendo isto com Syd. — Então, vou enviar um e-mail para Leonardo amanhã de manhã — Disse, lambendo sua colher. — Irei tentar ser o mais breve e ir direto ao ponto, sem fornecer informação a respeito de mim. Eu responderei o meu pai... — Esta foi a segunda vez que ele pareceu perceber o que ela disse. — Uh... Omar, dizer que vou responder a Leo. — Não tem problema chamar de pai, sabe? — Disse Angel, oferecendo um pequeno sorriso e encolheu os ombros. — Eu sei que nunca foi realmente um pai para você, mas tecnicamente, é seu pai. Por mais que Sarah dissesse que nunca esteve interessada em procurar ou encontrar o homem que era seu pai, Angel viu a emoção em seus olhos. Tinha que se sentir bem por finalmente dizer "pai". É o que mais o assustava. Estava tratando pensar com otimismo, mas pensar nesse cara se metendo em sua vida, depois de todos estes anos e possivelmente a machucando ou inclusive decepcionando, era suficiente para preocupá-lo. — Sei disso. — Colocou outra colherada de sorvete em sua boca. — Só parece estranho. — Inclinou sua cabeça de lado enquanto pegava sua colher dentro do sorvete e a deixava lá. Começaram a falar sobre outro assunto e em seguida, fez uma pausa e mordeu seu lábio inferior. — Quando foi a última vez que falou com Dana?


Isso foi inesperado e enquanto Angel desejava poder dizer "quem", sabia exatamente sobre quem estava falando. Tanto quanto sabia, ambos conheciam uma só Dana, mas não tinha ideia de por que estava trazendo isso agora. — Dana? Nem me lembro. — Mentiu. — De onde veio isso? — Sarah se inclinou para trás, colocando suas mãos sobre sua barriga, de testa franzida. — Oh, estou tão cheia agora. — Angel olhou, esperando enquanto ela levantava e baixava seu ombro. — Ela esteve publicando sobre o jogo de San Diego com o Hawai. Eu não vi. Valéria sim. Ela disse que podia querer saber que Dana poderia estar tramando algo. Ele levantou uma das suas sobrancelhas, sua atitude despreocupada foi um pouco exagerada. — Ela parece realmente estar esperando vê-lo. Inclusive, está publicando velhas fotos de vocês se abraçando. Sabe, dos dias em que vocês dois não eram um casal. Tem um monte de doces fotos de você junto dela. — Está bem, antes de qualquer coisa. — Disse Angel, detectando o estado de ânimo mudando sem uma boa razão. — Passaram anos desde que falei com ela ou inclusive desde que a vi. Não vamos entrar nisto... — Não quero entrar nisto. — Disse, levantando rapidamente. — Apenas pensei em dar uma advertência. Obviamente, quando você tirou uma foto com ela no jogo no verão passado pegou você de surpresa, certo? Eu não sei. — Adicionou, empurrando sua cadeira. — Talvez tenha dito uma palavra, mas estava sorrindo agradavelmente para a foto. Angel fingiu pensar a respeito disso, se sentindo como um asno, especialmente desde que Sarah revirou os olhos para o seu fingido espanto. Mas pelo menos, sorriu. Ele foi apanhado. Droga.


— Esqueci disso. — Disse, mas não era tanto uma mentira. Até Dana ter virado assunto esta noite, ele não tinha pensado nessa foto com ela desde o dia que ocorreu. Sarah estava certa. Dana pegou ele desprevenido e não teve escolha. Foi civilizado e tirou uma foto com ela. Só não pensou que no momento que tirou a foto com ele, merecia qualquer momento

de

discussão

com

Sarah.

Sabia,

depois

daquele

dia,

provavelmente não voltaria a ver Dana até seu próximo jogo neste ano. Simplesmente não valia a pena inclusive ver Sarah franzir a testa por isso. Felizmente, não parecia chateada agora. Sarah ficou de pé, olhando para à bandeja de sorvete quase vazia. — Terminou? Tenho que levar isto de volta. Atirou o guardanapo e a colher na bandeja e recolheu. Assim que saíram da loja, ele a puxou para si e a beijou suavemente. — Está bem, recordo de tê-la visto ano passado, mas somente agora que você trouxe o assunto. Realmente esqueci dela até agora. Levantou as pequenas sobrancelhas sexy e franziu os lábios por um segundo. — Mas disse que não a viu nem falou com ela em anos, logo depois de eu ter perguntado. — Sei o que disse. — Foi de volta para a orla marítima. — Fui estúpido. Simplesmente não acreditei, que inclusive merecesse menção. Falei com ela por um minuto no caso. Ela me pegou quando ia ao vestiário e eu estava com pressa, então tive uma excelente desculpa para fazer uma rápida foto, assim foi tirada essa foto. Se apoiou no corrimão e a puxou para mais perto dele, envolvendo seus braços ao redor de sua cintura. A sobrancelha dela ainda estava levantada, mas os cantos dos lábios puxaram em um sorriso.


— Tecnicamente, ainda mentiu, mas deixarei passar desta vez. Eu só não quero que minta ou oculte coisas de mim se ela fizer outras coisas no Havaí. Você estará lá por todo o fim de semana. Ela vai ter um montão de tempo para tentar prendê-lo. Angel a atraiu ainda mais. — Lamento ter mentido. — Sussurrou, zangado consigo mesmo agora pela espontânea e estúpida decisão de fazer isso. — Não vai acontecer de novo e já sabe que não tem nada para se preocupar. — Na realidade, não planejei mencionar sobre isso, embora já soubesse que estava publicando coisas. Mas hoje, quando descobri que estava postando essas velhas fotos de vocês dois que pensei que ao menos deveria adverti-lo. — Bateu em seu peito com dois os dedos. — E você sabe que não tem nada que se preocupar quando se trata do Sydney, Angel. Já falamos disto o suficiente. Eu não gosto da forma que seu ânimo muda, você faz um movimento com a cabeça, quando eu falo dele. Exalou lentamente, rangendo seu pescoço de um lado para outro. Não ia discutir com ela sobre isto, mas não havia nenhuma maneira que pudesse comparar sua inexistente relação com Dana com sua relação com Sydney. Em vez de mantê-lo, no entanto, decidiu deixar uma coisa bem clara. — Olhe querida, eu acredito quando diz que nunca olhou para Sydney como mais que um amigo. Mas vou ser honesto com você. — Ela inclinou para trás para olhar para ele com curiosidade. — Sabe que nunca acreditei de fato que ele nunca teve sentimentos por você. Ele escolheu você em vez da garota com quem esteve por anos... — Angel balançou a cabeça, porque quanto mais pensava nisso, mais óbvia era a sensação. — Simplesmente começam todos os tipos de alarmes. Quero ser simpático, mas não quero ser estúpido ou ingênuo. — Ele suspirou, abraçando e beijando a parte


superior de sua cabeça. — Estou tentando. Realmente estou, mas tem que me dar um pouco de liberdade. Nunca ficarei feliz em ouvir que está saindo com outro cara, mesmo se for apenas seu amigo, especialmente agora. O que fez com que ele terminasse uma relação tão longa. Tenho certeza de que não foi algo que decidiu fazer da noite para o dia. Ele fez por você. Sarah começou a dizer algo, mas ele levantou uma sobrancelha para que o deixasse terminar. — Tente ver isso da minha perspectiva, querida. — Sua expressão suavizou quase que parecia ter entendido ou inclusive acordado. — Sua garota pede que escolha entre ela e você. Escolhe você e logo deixa Columbia para ir ao ESU, uma universidade a duas horas de onde sua amiga de infância está, em vez de atravessar todo o país para vê-la. — ESU está logo acima de Columbia... — Esse não é o ponto, Sarah. — Disse, sacudindo sua cabeça. — Tudo o que estou dizendo é que vou te dar o benefício da dúvida, porque espero mais que qualquer coisa que não tenha nada que me preocupar. Apenas me dê um pouco de tempo para me acostumar com isto e não espere que eu ame a ideia de vocês dois passando mais tempo juntos. Posso tentar para o seu bem, mas estou sendo honesto. Já sei que não vou. Tomando uma respiração profunda, Sarah se apoiou contra seu peito. — É bastante justo. Pelo menos tente. — Afastou dele. — Ele disse que ia tentar vir quantas vezes pudesse antes que o verão termine, mas seriamente não acredito que vai ter tempo. Tem que dirigir até Los Angeles e se arranjar. Conseguir um apartamento e se mudar, procurar um trabalho e tem que encontrar um companheiro de quarto, tudo em questão de poucas semanas. Acho que não terá tempo livre de sobra para passar um momento aqui. Depois começa o semestre e já sabe como é isso.


O alívio se afundou lentamente com cada palavra que dizia. Sarah tinha razão. Parecia que Syd tinha muita coisa para fazer e Angel sabia em primeira mão o quão ocupado que as coisas ficariam uma vez que começasse a faculdade. Inclusive com ele e Sarah assistindo às mesmas aulas, entre treino e os jogos, o treinamento de Sarah para a equipe de atletismo e trabalhos acadêmicos, muitas das vezes não iam ter tempo para sair ou passarem um momento juntos. Se não fosse pelas vezes que ele e Sarah tinham programados juntos irem ao um restaurante, inclusive, poderiam ficar mais tempo sem ver um ao outro se tivessem um trabalho diferente. Talvez ele estivesse dando muito crédito para Syd ao pensar que poderia estar enganado em se transferir há duas horas de Sarah. Pela primeira vez desde que trouxe o assunto sobre do Syd, Angel sorriu amavelmente, beijando a ponta do seu nariz. — Tem razão. Prometo que vou tentar malditamente não deixar que meu humor mude de maneira tão drástica da próxima vez que mencioná-lo. Não quero que pense que não pode falar comigo sobre ele. Um sorriso travesso se arrastou lentamente de volta para o rosto de Sarah. — Talvez devesse tê-lo mencionado antes. Quase temia perguntar, mas ela estava sorrindo, talvez não era algo irritante sobre Syd. — Eu só fiz uma promessa que já sabia que seria difícil de manter. — O quê? — Minha mãe está fora esse fim de semana. — Ela sorria ainda mais amplamente agora. — Ela e Elías foram para Las Vegas. Tenho a casa somente para mim este fim de semana. Imediatamente, ele estava sorrindo amplamente também.


— Então, o que estamos esperando? Puxando sua mão, começou a caminhar a passos rápidos para seu carro enquanto Sarah ria junto com ele. Fez amor com Sarah um montão de vezes e sabia que nunca se aborreceria. Mas ter o prazer de despertar com ela em seus braços não acontecia tão frequentemente como gostaria. Ele não tinha certeza do que mais estava esperando agora: todas as coisas que ele faria este fim de semana ou o despertar com seus braços fortemente agarrado nela por duas manhãs seguidas.


CAPÍTULO OITO

O sonho erótico que Sarah pensou que estava tendo, se resultou ser mais real do que imaginou. Seu corpo trêmulo despertou em êxtase ao encontrar a cabeça de Angel entre suas pernas abertas e estendidas enquanto os espasmos de prazer se disparavam através de seu corpo e arqueava suas costas em reação. Percorreu o cabelo dele com seus dedos enquanto sua boca aberta deixava sair um descarado gemido e Angel diminuía o ritmo glorioso de sua língua. Os espasmos vinham uma e outra vez e Sarah teve que se perguntar como dormiu no início. Recordando a noite que tiveram, sorriu com satisfação enquanto a beijava uma última vez e começava a voltar do assombroso clímax. Agora, recordava e fazia sentido. Depois de ontem à noite, finalmente ambos dormiram profundamente. — Oh, por Deus — Disse sem fôlego enquanto Angel sentava e deitava ao seu lado. — Bom dia, baby. — Com aquele sorriso lindo e aquelas covinhas que se apropriaram do seu coração completamente, Angel sorriu, beijando sua testa. — Espero não ter sido muito rude em acordá-la. Não pude me controlar.


Sarah riu amavelmente, ainda recuperando o fôlego e o formigamento do seu corpo longe de se acalmar. — Confie em mim. Nunca irá me ouvir reclamar. Aconchegando-se ao seu lado, Angel a abraçou por trás e gemeu, enterrando seu rosto no pescoço dela antes de beijá-lo. — Não tem ideia de como me senti ao despertar e me dar conta que estava ainda aqui com você. Sarah também gemeu quando ele a apertava mais forte. — Bem, não tem que adivinhar como foi eu despertando assim. — Ela virou para ele com um sorriso satisfeito. — Isso foi alucinante — sussurrou beijando-o suavemente nos lábios. — Está cansada? — Ele perguntou. — Posso fazer o café da manhã para você enquanto dorme outra vez. — Não acredito que eu possa dormir, mas estou com fome. — Disse com um sorriso animado. A noite extenuante de ontem e o despertar como foi, a ajudaram a desenvolver o apetite. — Torradas francesas? — Perguntou com um sorriso conhecedor e ela assentiu imediatamente. Ele se sentou. — Posso fazê-las enquanto escreve esse e-mail para seu irmão. Sei que disse que estava ansiosa para fazer isso. Acredito que, quanto mais cedo fizer, mais rápido poderá relaxar. Isso de fato soa como um plano. Torradas francesas eram suas favoritas e as fantásticas torradas francesas de Angel superavam as suas. — Minha mãe acaba de comprar uma nova torradeira do Texas. — Genial. — Disse, levantando. — Então, torrada francesa para meu bebê e terá que colocar um short e uma camiseta. — Angel foi para cozinha


enquanto Sarah pegava o laptop e se sentava em um banco no balcão cozinha. — Já sabe o que vai dizer? — Perguntou Angel enquanto batia ovos em uma tigela. — Mais ou menos. — Disse, olhando fixamente para o e-mail em branco. — Quero que seja simples, mas ao mesmo tempo dizer para ele um pouco a respeito de mim, já que sei algo dele. Também estava pensando em enviar uma foto minha. — Olhou para cima, insegura do que esperar de Angel, mas nem levantou os olhos dos ovos que estava batendo. — Só parece justo, sabe? Sei como eles se parecem. Estava pensando em fazer o mesmo com o e-mail do meu pai. Ainda se sentia estranha ao referir Omar como pai, mas Angel tinha razão. Tecnicamente, ele era. A reação de Angel a surpreendeu. Já que sempre era cauteloso e inseguro, esperava que a desencorajasse. Nisso, ele deu de ombros enquanto mergulhava o pão no ovo, nem levantando a vista. — Isso soa bem. Não tomaria muito tempo em escolher essa foto, já as tem de todas as formas em todo lugar. Isso era verdade. Tinha tonelada de fotos suas em várias redes sociais. Se Leonardo estava tão ansioso por conhecê-la como seu pai disse, provavelmente já tinha visto suas fotos. Se sentindo mais tranquila a respeito disto, agora que Angel não iria tentar fazer com que desistisse, começou a procurar entre suas fotos. Angel cozinhou em silêncio por um momento enquanto ela estava obcecada a respeito de qual foto mandar para ele. Queria algo simples e atual. Finalmente, as reduziu em duas. Uma dela de pé encostada no carro novo que Angel comprou no ano passado. Estava vestida simplesmente com jeans e uma regata ou essa em que estava sentada em uma rede segurando


o gato gordo dos tios de Romero. O tamanho dessa coisa peluda poderia ser um tema seguro e impessoal para falar. Realmente era estúpida, descartou cada uma das fotos que considerou enviar. Sempre era pelas razões mais estúpidas. Qualquer que estivesse com seu uniforme de corrida. Poderia pensar que estava se vangloriando pelas suas habilidades de correr. A maioria estava na praia: Mostrava muita pele. Era sua irmã perdida e não uma potencial pretendente na fila. As fotos em grupo eram todas com amigos e familiares de Angel: Muito ostentoso. Poderia pensar que era uma farrista pela quantidade de amigos que tinha. Beijou Angel e o agradeceu enquanto colocava o prato com torradas francesas ao lado de seu laptop e se sentava junto com ela. — Essa é a foto que vai mandar para ele? — Disse Angel, olhando à foto na tela. — De você segurando Flea? Ela enrugou seu nariz e se virou para ele. — É simples o suficiente, certo? — Claro, por que não? Uma foto de você acariciando sua... — Angel ficou distraído quando seu celular tocou do outro lado do balcão. Ficou de pé e foi em direção dele, deixando Sarah com a ideia de acariciar ela mesma... Então ocorreu enquanto sacudia seu rosto para a foto dela, sorrindo. O enorme gato fofo sentado em seu braço enquanto sua mão acariciava seu pelo: Iria enviar para Leonardo uma foto sua acariciando sua gata1.

1

Trocadinho, pois boceta e gatinha são pussy em inglês.


Sentindo seu rosto ficar vermelho imediatamente, fechou a foto e ao mesmo tempo teve que conter uma risada. Sim, esse era o tipo de conversa que queria provocar. Está bem, X para essa foto também. Deus, era ridícula. — O que é tão engraçado? — Perguntou Angel, caminhando de volta para ela. Negando com muita força, Sarah desfez o tolo sorriso que nem se deu conta que estava em seu rosto. — Nada. — Disse, incapaz de suprimir a pequena risada que escapou dela. Angel olhou com curiosidade a tela de seu laptop enquanto deixava seu celular em cima do balcão. A fotografia dela encostada contra o carro de Angel era a que agora estava na tela. — Essa é bonita. O que é tão engraçado? Sentindo seu rosto ficar ainda mais quente, negou outra vez. De maneira alguma iria dizer por que estava rindo. Pensaria que era tão ridícula como estava se sentindo. — Tenho que somente deixar de ficar obcecada com a estúpida foto, escrever o e-mail e enviar. Esta é suficientemente boa. Apertou o botão na tela para voltar para seu e-mail, abriu uma mensagem em branco e começou a escrever. Não iria surtar com isto também. Angel se sentou no tamborete do seu lado e comeu em silêncio, enviando mensagens de texto entre uma bocada e outra enquanto Sarah trabalhava em seu e-mail. Menos de quinze minutos depois, Sarah estava orgulhosa do que escreveu, um singelo e-mail simples o suficiente, sem pensar demais, fez uma oração. Anexou sua foto e enviou. — Pronto. — Disse com um sorriso orgulhoso e muito satisfeito. — Agora responderei meu pai, já que enviei um e-mail para Leonardo e terminarei com isto. — Olhou para Angel, que sorriu enquanto colocava


outro garfo cheio da sua celestial torrada francesa em sua boca. Saboreando

e

ao

mesmo

tempo

que

mastigava

e

depois

inalava

profundamente depois de tragar. — Estão deliciosas — Disse, inclinando e o beijando. — Obrigada por fazer o café da manhã enquanto terminava isso. — Qualquer coisa por você. — Disse ele, apertando sua coxa. Ainda não tinha terminado de enviar o e-mail para seu pai quando sua caixa de entrada tocou com a resposta de Leonardo. Por um segundo, se perguntou se talvez não fosse uma resposta automática. Para sua surpresa, se tratava da resposta de seu e-mail. — Oh, sim. — Disse, enquanto abria a mensagem que nem era uma resposta curta. Era bastante longa. — Isso foi rápido. Angel virou para ela. — O quê? — Leonardo já respondeu meu e-mail. — Que acabou de enviar? — Perguntou Angel, seu tom tão desconcertante como ela se sentia. — Sim. Angel se moveu rapidamente para dar uma olhada e ela o abriu em sua tela e o leu.

Sarah, Curioso que tenha enviado para mim um e-mail neste mesmo momento. Acrescentei esta mensagem acima desse e-mail, porque estava a ponto de enviar esse e-mail que acabava de escrever para você quando chegou o seu. Simplesmente copiei e peguei o que ia enviar neste e-mail para você. Comentei sua mensagem ao final deste.


Olá, irmãzinha! Sei que supõe que eu deveria esperar saber sobre você, mas não tenho certeza de que o "pai" te disse que sou do tipo impaciente. Estive morrendo de vontade de entrar em contato com você durante um tempo. Espero que não se importe, mas visitei suas redes sociais e revisei tudo, não o que tem configurado como privado. Em primeiro lugar, acredito que estou autorizado a dizer isto. Tenho uma irmã linda. Seus olhos. Jesus, deveria estar preparado para eles, considerando que os de Omar são do mesmo verde. Não fala para ele, mas acredito que os olhos são mais lindos em você do que nele. Sim! Em segundo lugar, sei o que Omar disse que é um pouco tímida sobre tudo isto e entendo completamente. Não irei pressiona-la para que se apresse com isto nem nada. Se preferir que nos conheçamos desta maneira durante um tempo, talvez pelo Skype ou FaceTime, posso fazê-lo também. Só me deixe saber quando podemos fazer isso acontecer. Sei que Omar já te contou um pouco sobre mim, mas me permita elaborar mais. Completarei vinte no próximo mês. Estou na universidade em Phoenix, mas isso não está funcionando realmente. Suponho que não sou muito do tipo menino de faculdade. Irei descansar da faculdade neste semestre e verei que mais há aí fora para mim. Estou pensando em fazer o exame para o DPLA2. Omar já disse que me apoia, se eu quiser, posso ficar com ele enquanto tento e persigo isso e poderei aceitar a oferta. Isso significa que estaríamos somente a uma hora de distância. Não tenho nenhum outro irmão de sangue, assim, você é a garota. É por isso que estou ansioso para vê-la e colocar o assunto em dia. Está bem, eu disse que não pressionaria, assim deixarei as coisas assim e espero ouvir algo logo de você.

2

DPLA: Departamento de Polícia de Los Angeles.


É aí onde tinha terminado meu e-mail antes que chegasse o seu. Quanto ao seu e-mail, isto confirma que quer levar as coisas com calma e estou bem com isso. Falou do Skype. Vamos agendar! E a foto. Sei que já o mencionei acima, mas o direi de novo. Linda. =) Muito obrigado pelo seu e-mail. Deixou meu dia feliz. E me avise quando quiser organizar o bate-papo pelo Skype. REALMENTE estou ansioso por isso! Já emocionado por escutar novamente de você! Seu irmão Que é tão genial, é isso? ;) Leo

Sarah virou para Angel, que seguia lendo e esperou que terminasse. Quando o fez, virou para ela com uma expressão indecifrável. — Está ansioso. Concordando, ela sorriu amplamente. Porque, por muito que estivesse tentando, Sarah não podia esconder sua vertigem sobre isso. As borboletas em seu estômago iriam deixá-la louca e pela primeira vez desde que escutou sobre seu pai e seu irmão procurando por ela, finalmente se deu conta. Realmente tinha um irmão que estava igual a ela, ansioso para conhecê-la, como se sentia agora preste a conhecê-lo. Depois de falar com o Angel por uns poucos minutos mais sobre isso e logo limparam a cozinha juntos, Sarah e Angel tomaram banho juntos e se arrumaram para o trabalho. Ambos estavam escalados para o turno de meio-dia no restaurante. Sua ducha era tudo o que ela tinha esperado, excitante e embriagadora. Mal podia suportar quando ele a beijou profundamente e seus dedos fizeram coisas que quase a fizeram explodir. Então, ele a colocou contra a parede do banheiro e colocou suas pernas ao redor da sua cintura ansiosamente. Diminuiu no início e a olhou nos olhos com aquele olhar intenso e de luxúria que tinha quando estavam juntos


desta maneira. Tomou tão lentamente no início que a estava deixando louca. — Este Leo está certo. — Disse, beijando e chupando seus lábios quando a levantava um pouco mais alto. — Minha garota... — A penetrou tão profundo que ela gemeu alto, deixando sua cabeça cair para trás. Angel tomou como um convite aberto para chupar seu pescoço forte, enquanto continuava penetrando mais rápido e inclusive mais duro. — Minha garota é linda. — Mordendo seu pescoço com seus dentes, penetrou uma última vez enquanto Sarah gritava em êxtase. — Tão malditamente linda. Apesar de terem tempo no início do banho, ele durou um pouco mais do que tinham previsto e quase chegaram tarde no trabalho. Ambos estavam ainda na parte de trás do restaurante, colocando seus aventais, quando Alex entrou correndo e parou friamente quando viu Sarah. Sarah sorriu, esperando que a estranha expressão em seu rosto não fosse porque estava histérico por te chegado tarde. — Vou em seguida. — Disse ela, apressando para terminar de amarrar seu avental. — Pensei que estava livre hoje — Disse, caminhando para o calendário na parede. — Não. — Sarah desacelerou, perguntando se confundiu seus dias de folga. Angel apareceu por cima do ombro do Alex. — Esse é o horário de amanhã, burro. — Riu, olhando para trás, Sarah balançou a cabeça. — Pronto?


Alex murmurou algo que Sarah não pode decifrar, seguiu Angel para frente do restaurante sem dizer nada. Angel foi para o bar enquanto Sarah ia diretamente para frente permitindo que a maitrê, Melanie, soubesse que sua seção estava aberta para se sentar agora. Duas garotas eram as únicas esperando na frente e Sarah agarrou dois menus e acertos da mesa. — Posso levá-las. — Disse para a maitrê. — São só as duas? — Não, não estão esperando por uma mesa — Disse Melanie, depois sorriu, olhando para as garotas. — Estão esperando por Alex. Os olhos de Sarah se arregalaram e começou a deixar os menus enquanto virou para as garotas com indiferença. Ambas eram de altura média, cabelos escuros e vestidas informalmente com shorts curtos e regatas, mas agora que Sarah tinha uma visão melhor delas, viu que ambas eram muito

voluptuosas e seus shorts curtos

deixavam

pouco

à

imaginação. Para não mencionar, que ambas eram muito volumosas na parte superior e a regata que cada uma escolheram usar mostravam muito bem seus atributos. Inclusive, se pareciam e Sarah se perguntou se eram irmãs. Tão informais como pareciam uns momentos atrás, sabia que se Valéria tivesse algo a dizer a respeito delas, provavelmente diria que pareciam raposas. Alex saiu e encontrou com elas e se Sarah não o conhecesse bem, pensaria que estava evitando o contato visual com ela. — Enrique acabou de enviar uma mensagem. — Disse olhando exclusivamente para Melanie. — Ele está perto. Vai chegar tarde, mas estará aqui para me cobrir o dia todo. Finalmente ele olhou para Sarah, que tentou, mas levantou uma sobrancelha em pergunta. Sabia melhor do que ninguém que nem ele nem


Valéria fizeram nenhuma promessa. Mas julgando pelo olhar em seu rosto, estava pensando o mesmo que Sarah já sabia, Valéria ficaria furiosa sobre isto. Queria o dia livre para sair não com uma, mas duas garotas, depois de ter ignorado ela durante uma semana? Para sua surpresa, Alex deu um passo para mais perto dela e falou em voz baixa. — Não é... — E olhou para longe, um pouco frustrado e agora sabia o que era o murmúrio no quarto de atrás. Não tinha previsto ter que explicar isto a ninguém. — Não é o que parece, está bem? Ele olhou o lugar e depois olhou para uma das garotas. Ele deu de ombros e olhou. — Pegou o dia de folga para passar com elas? — Sim, mas... Ambos viraram quando Angel saiu da sala para a pequena entrada. — Estamos ocupados? — Perguntou, olhando para as garotas esperando. Nesse momento, um grupo de pessoas entrou e outro por de trás deles. Sarah começou a pegar os menus de novo. — A multidão do almoço vai começar. — Disse. Franzindo a testa, Alex virou sem terminar sua explicação sobre as garotas e fugiu com elas. — Não era o turno dele hoje? — Perguntou Angel para Melanie. — Trocou com o Enrique. — Disse Sarah levantando uma sobrancelha. — Eu acho que tinha outras coisas para resolver hoje. — Ela virou para Melanie. — Quantos?


— Seis — informou Melanie, apontando para o grupo de clientes. Sarah virou para eles com um sorriso pegando seis menus e os talheres. — Por aqui — Disse, com seus olhos encontrando com os de Angel expressando sua irritação. De maneira alguma Sarah estava irritada com Angel pelas ações de Alex. Seu maravilhoso namorado havia mais que demonstrado ser em nada parecido com seu irmão quando o assunto era compromisso. Mesmo assim, apesar de nunca ter dito abertamente, Angel culpava Alex que talvez Sarah secretamente pensasse que ele era como seu irmão. Ela tinha certeza de que ele estava pensando isso, vendo coisas como essa, Alex saindo não com uma, mas duas garotas, não ajudava. A relação de Sarah e Angel, embora parecesse perfeita até agora, não significava que era um passeio pelo parque. Eles tiveram sua quota de drama, incluindo as garotas mais velhas da universidade que estavam esperando a chegada do irmão mais novo de Alex no campus. Sarah pensou que Dana era arrogante, mas a garota não era como as garotas mais velhas que literalmente tentaram seduzir o irmão mais novo dos Morenos, menos experiente e mais de uma vez. Isto, sabendo muito bem que ele estava em um compromisso sério. Não ajudava que algumas dessas cadelas eram também líderes de torcida como Dana. A diferença que Dana estava perto dele durante os jogos anuais. Elas estavam ali em cada partida, em casa ou fora. Em suas partidas como visitante, Angel passava o tempo com Alex e o resto da equipe depois. Sarah fazia o possível para ter fé que Angel nunca cairia na tentação de alguma dessas cadelas. Então, Valéria disse para ela, que não eram somente as festas da fraternidade que era uma loucura. As festas depois das partidas também ficavam bastante loucas com garotas bêbadas


mostrando seus seios, fazendo um show para os garotos que ficava entre elas e logo, basicamente, se oferecendo para eles às vezes, um trio. — Sei que confia em Angel. — Havia dito Valéria mais de uma vez. — Mas penso que, inclusive um santo ficaria tentado por algumas das coisas que estas putas oferecem tão facilmente. Sério, quantos garotos podem desperdiçar uma garota esfregando seus seios em seu rosto e oferecendo chupá-los como uma estrela pornô? Valéria também disse que era uma boa coisa que Angel estava de acordo que nem ele nem Sarah frequentariam essas festas sozinhos. A exceção parecia ser em partidas como visitantes. A equipe inteira passava o tempo em algum lugar depois da partida, que indevidamente se converteria no que Angel e Alex se referiam como "passar o tempo", não uma festa. Mas tinha toda a preparação de uma festa pelas fotos que Valéria mostrou que estavam publicando na Internet: bebida, música e o eterno desfile de garotas bêbadas mostrando seus bens. A defesa de Angel era a de sempre: "Não começou dessa forma, estávamos somente passando o tempo e mais e mais pessoas começaram a aparecer". Ele segue com sua declaração com, "Foi aí que as coisas começaram a ficar loucas". Uma hora depois do início do turno de Sarah ter começado, enquanto fazia uma pausa na parte de atrás, bebendo seu suco de fruta e verduras diretamente da garrafa plástica, Angel entrou abraçando ela por atrás. Confirmou o que sabia, que ele poderia estar perturbado ou preocupado. — Só para você saber. — Disse, acariciando um lado do seu rosto — Independentemente do acordo que Alex e Val têm, nunca aprovaria que brincasse com ela. Seria uma coisa se fizesse estas coisas abertamente e não se importando quem irá saber. Obviamente, ele pensou que não estaria aqui hoje, eu tenho certeza que se soubesse, não traria essas garotas.


— Ele começou a dizer para mim que não era o que parecia. — Disse Sarah, virando para encará-lo de volta, ele baixou a cabeça. — Pode crer que se fizer isso, se preocupa em ficar com Valéria? Angel franziu a testa, balançado a cabeça. — Não sei. Poderia perguntar para ele se quiser. — Não. — Sarah balançou a cabeça rapidamente. — Não é da minha conta. Mas tem que saber que ela irá saber sobre isso. Angel assentiu enquanto tomava o último gole que ficava do seu suco e deixava cair à garrafa no cesto de lixo. Tirou sua mão antes dele aproximar e apoiá-la no balcão. — Que conste para você, se ele escapou no passado, é que realmente se preocupa com ela. Só tem muitas coisas acontecendo neste momento. Evitando revirar os olhos, Sarah deixou que Angel a beijasse antes de afastar suavemente. Estava preocupada com seu pai hoje e já tinham se beijado muitas vezes. — Sim, posso ver que ele tem as mãos cheias. — Isso não é o eu que eu quis dizer. — Angel sorriu. Sarah se afastou dele para colocar sua bolsa no armário. Angel foi verificar algo no computador e ela aproveitou o momento para ver seu telefone rapidamente, para averiguar se tinha ligação ou mensagens perdidas. Tinha outro e-mail de Leonardo, por isso abriu ele com curiosidade e leu ele.

Sarah, Acredito que eu me gabei disso o suficiente durante todo o verão com todos os outros. Bem, poderia presumir, minha irmãzinha. Agarrei esse peixe


grande no Havasu no mês passado. Nem fui lá para pescar. Só estava ali para ir nas festas e aproveitar o momento com meus amigos, mas alguém me deu uma vara de pescar e a atirei na água. Foi a minha primeira vez na história pescando e meu primeiro peixe pego na história. Eu gostaria de pensar que esse ano é a minha primeira vez para um montão de coisas para mim, como falar com minha irmã e logo conhecê-la pela primeira vez. =) Seu irmão, Leo

Sarah sorriu, abrindo o anexo que enviou. Abriu uma foto dele sem camisa em um traje de banho, orgulhosamente sustentando um peixe. Estava de óculos escuros e boné de beisebol, mas não pode evitar ver o músculo duro em seu peito nu e todo o caminho até os músculos em V, porque seu traje de banho estava de modo alarmantemente baixo. Graças a Valéria, sabia como se chamavam esses músculos quase obscenos. Angel então esclareceu mais tarde como se chamavam em realidade, quando Sarah passou seus dedos por ele, dizendo incrivelmente que a acendiam. Embora Valéria gostasse de se referir como linhas sexuais de Alex, linhas que ela disse que adorava beijar todo o caminho até seu... Estremeceu quando Angel abriu o armário ao lado do dela, de repente, Sarah virou para ele enquanto sorria ironicamente. — Assustei você? — Perguntou olhando para seu telefone, ela virou a tela um pouco fora da sua visão. — Não. — Disse ela. — Estava distraída, lendo outro e-mail que Leonardo enviou. As sobrancelhas de Angel se uniram um pouco.


— Outro? — Sim — Disse ela casualmente, pondo a tela do seu celular em preto. — Ele só queria mostrar para mim uma foto de um peixe que ele pegou durante o verão. Ele disse que era sua primeira vez. Angel ergue as sobrancelhas com curiosidade agora. — Oh sim? Vamos ver. Por mais que estivesse tentando se convencer que era uma bobagem pensar que a foto era algo inapropriado, sabia que Angel sem dúvida questionaria também. Realmente estava mostrando o peixe ou algo mais? Este era seu irmão! Mais cedo, antes de seu desempenho no chuveiro, realmente pensou que Angel poderia deixar passar que seu irmão referiu a ela como bonita mais de uma vez. Ela estava muito acesa no momento para prestar muita atenção em suas investidas, mas agora que ela pensou melhor, poderia ser um sinal de que Sydney já tinha suas dúvidas sobre Leonardo. Não confio em ninguém. Sarah engoliu sua saliva, clicando em seu telefone entregando para ele com indiferença, nem olhou em sua direção enquanto arrumava sua bolsa no armário. Ele ficou em silêncio por um momento enquanto olhava a foto, até que finalmente voltou a olhar para ela. — Genial né? — Perguntou, se sentindo tola, mas desejando desesperadamente que ele não tivesse notado nada incomum na foto que Leonardo decidiu enviar para ela. Os olhos de Angel passaram da tela até seus olhos e logo para baixo de novo. — Sim, genial.


Foi tudo que tinha para dizer, mas ela não perdeu o endurecimento da sua mandíbula. Pegou seu telefone, o devolveu sem dizer mais nada a respeito. Era uma foto inocente do seu irmão, uma foto que provavelmente faria Valéria babar, que poderia passar especialmente depois de que se inteirou da Coisa Um e Coisa Dois, para quem Alex tirou o dia livre para passar o tempo. Angel devolveu seu telefone e Sarah se surpreendeu um pouco de que ele não disse mais nada. — É hora de voltar para o trabalho. — Disse com um sorriso forçado se inclinando para beijá-la rapidamente. Na primeira oportunidade que tivesse, iria passar a foto para Sydney e pedir sua opinião. O que gostava mais em Sydney era o quão objetivo podia ser, nas várias vezes que inclusive pensava que Angel estava exagerando, Sydney julgou sendo advogado do diabo ficando do lado de Angel, ajudando ela ver que ele não estava sendo um imbecil. De alguma forma, teve a sensação de que esse seria um desses momentos.


CAPÍTULO NOVE

Só uma semana para seu primeiro jogo e o semestre de outono estaria começando na segunda-feira seguinte. Angel estava aliviado de que Sarah estivesse certa de que Syd não tentaria voltar a vê-la. Ela mencionou que ele conseguiu um trabalho e se assegurou de enfatizar que sua nova companheira de quarto era uma garota e que disse que era "genial". Angel entendeu que Sarah estava esperando que isso pudesse aliviar suas dúvidas sobre seu amigo, de que ele tivesse sentimentos por ela que fossem mais que somente amizade. Não o fazia. Mas ele estava farto da atitude negativa. Por sorte, Sarah deixou de falar com Syd e o bate-papo deles se tornou mínimo, sendo que ele só era mencionado uma ou duas vezes por semana, quando se punham em contato por uma mensagem de texto ou com uma rápida chamada telefônica. Entre Sydney e Leonardo, Angel tinha que ser cuidadoso para não se tornar o namorado cheio de suspeitas, aquele que questiona tudo sobre os amigos de sua namorada ou sobre seu recém-encontrado irmão. Mas merda, como se não tivesse suficientes preocupações com Syd, agora chegava Leonardo com suas adulações e a foto seminua que mandou. Era tão difícil não sentir qualquer suspeita.


Até agora, pelo pouco que Angel descobriu, Alex não questionou a validade da história sobre o pai e o irmão de Sarah. Mas não havia nada que fizesse Angel contar sobre essa foto. Alex não duvidaria em dizer sua opinião, tão claro como água. Angel duvidava que Leonardo estivesse se vangloriando sobre sua pesca ao mandar essa foto com seus shorts baixos, pois qualquer homem presumiria que ele era gay. A menos que ele tivesse planejado especificamente mandar essa foto a uma garota, o que seria a única razão de fazer uma foto como essa. Tinha certeza de que Alex estaria de acordo, assim guardou para si. A última coisa que precisava era que Alex alimentasse suas suspeitas. Talvez fosse a melhor ou a única foto que tinha de si mesmo com o estúpido peixe e não pensou bem antes de mandar para sua irmã. Talvez o cara simplesmente fosse um idiota. Quem sabe? Mas estava farto de escutar Alex e Romero. Nenhum dos dois havia se aproximado de ter o que ele e Sarah tinham. Como poderiam dar conselhos? De agora em diante, Angel se acalmaria e manteria seus pensamentos só para si. Em vez disso, concentrou-se em ser o namorado compreensivo de que Sarah precisava. Agarrou outro pedaço de pizza da ilha da cozinha e foi ao cômodo principal de Romero, onde seus tios estavam sentados para o concurso de mímica que estavam jogando. Era o aniversário de seu tio Max e era assim que ele escolheu comemorar. O homem era o dono de um clube de strippers, era solteiro e estava em seus trinta anos e era isto o que queria fazer num sábado à noite para comemorar seu aniversário? O pior de tudo era que, com a mãe de Sarah fora todo o fim de semana, havia coisas que Angel preferiria estar fazendo em sua casa nesse momento. Em lugar disso, Sarah foi muito insistente em que tinham que estar aqui. Dado que Romero nunca perdeu nenhuma das festas ou reuniões que eles deram, era o correto passarem por lá e ficarem ao menos por um tempo. Pelo menos,


Angel conseguiu a promessa de Sarah de que ficariam por apenas algumas horas. Sorriu enquanto se sentava junto de Sarah. — Está bem, comecemos esta merda, porque tenho que ir a outro lugar depois. — Disse Romero levantando. — Equipes? — Ele olhou para o Angel e Sarah. — Não me digam. Vocês dois formam uma. Havia alguns meninos lá, do bar de Manny e Max e Romero os colocou todos na mesma equipe. — Sof e Eric têm cinco minutos para chegar ou vão perder a primeira rodada. — Disse Romero à Angel e logo virou para Alex. — Alex, você e eu? A cara de Alex expressava seu desgosto para essa pergunta. — Max, tem certeza de que não quer que nos unamos contra Manny e Moe? — Perguntou Alex. — De maneira nenhuma — Disse Max, estirando e fazendo estalar os dedos como se de algum jeito a força física fosse necessária no jogo. — Manny e eu somos a equipe dos sonhos no que se refere à mímica. Alex voltou a olhar para Romero, sua cara mais escura que nunca, mas logo fez uma careta e rodou os olhos. — Suponho que estou grudado com você. — Está brincando? — Disse Romero de forma brincalhona. — Sou o rei da mímica. Fica comigo e seremos a nova equipe dos sonhos. — Claro. — Alex começou a rir. — Tenho certeza de que isso deixará as garotas loucas. — Angel riu, surpreso de que Alex estivesse ali. Ele pensou que ele ainda estaria ocupado com as garotas do restaurante ou pelo menos teria melhores coisas para fazer em um sábado à noite, do que estar aqui, jogando mímica com os tios de Romero.


A porta principal se abriu e todo mundo se virou para ver Eric e Sof entrar. Atrás deles estava Valéria e depois dela, algum cara. De maneira nenhuma ela seria suficientemente estúpida para trazer outro homem aqui, especialmente depois da reação de Romero na pizzaria. Ela sabia perfeitamente que era provável que Alex estivesse aqui esta noite. Se não, ela saberia que Romero não seria tão amável com qualquer homem com quem ela aparecesse. Angel se virou para Alex, que já estava de pé, o riso completamente apagado de seu rosto. Angel deixou com Sarah o prato com pizza que estava em suas mãos e se levantou como precaução. Ele viu Alex e Valéria trocarem olhares, mesmo através do longo corredor onde Valéria estava de pé no final. Então, Alex se focou no menino que tinha se inclinado para o ouvido dela e sussurrado algo. — Quem é ele? — Perguntou Romero, notando a repentina agitação de Alex. — Vamos averiguar. — Alex deixou sua cerveja e foi para eles lentamente. Justo nesse momento, outras duas garotas entraram pela porta. Alguém foi diretamente para o menino, que envolveu seu braço ao redor da cintura da garota e a outra foi para Valéria. — Trouxe alguns amigos. — Disse para Romero enquanto caminhava até ele. — Você disse que não havia problema, certo? Romero olhou fixamente o menino que entrou atrás dela e que agora estava todo carinhoso com a garota risonha que entrou depois de Valéria e sorriu entre dentes.


— Claro. — Virou para Alex. — Não há problema, certo? — Alex assentiu para Valéria, cuja sobrancelha se elevou enquanto ele se aproximava. Angel andou até Sarah. — Isso foi perto. — Disse enquanto se sentava. — Ela sabe das duas garotas de hoje. — Informou Sarah enquanto mordia um dos pedaços de pizza. Angel virou para ela com surpresa, porque eles vieram diretamente do restaurante. Quando contou à Valéria? Como se lesse sua mente, Sarah encolheu os ombros. — Já tinha decidido que era melhor não dizer nada. Assim ia fazer isso, a menos que ela me perguntasse diretamente. Ela me mandou uma mensagem de texto hoje para perguntar se ele ia vir esta noite e se falei com ele ultimamente, ou se o vi — Ela franziu a testa e deu uma respiração profunda. — Não podia mentir. O que era surpreendente era que Alex trocou umas poucas palavras com Valéria quando ela para o outro lado da sala e se sentou com o casal e a outra garota. O humor de Alex mudou por completo enquanto ficou ali parado, incapaz de digerir o que quer que ela disse e falhando miseravelmente em não olhá-la. De repente, o porquê dele estar aqui e não em qualquer outro lugar passou a ter muito sentido. Ele veio para tentar explicar o que Sarah disse a Valéria. Romero rapidamente confirmou que o casal com Valéria era uma equipe, enquanto que Valéria formava outra com a garota que entrou com eles. A primeira e penosa rodada de mímica começou com o aniversariante e Manny sendo os primeiros. Prepararam-se para um mau começo quando o temporizador acabou e Manny não foi capaz de averiguar o que Max estava tratando de descrever.


— Que demônios era isso? — Perguntou Manny enquanto Max tirava um lenço para limpar o suor. — J.F.K! — Disse Max. — Todo mundo sabe que sua cabeça caiu para trás assim, não para frente como esses bastardos conspiradores que o assassinaram querem que pense. Bom, possivelmente não tinha muito sentido... — Muito? — Manny virtualmente gritou. — Sua cabeça caiu para trás uma vez. Não teve convulsões de merda como você estava fazendo! — Está bem. Está bem. — Romero se aproximou. — Um grande zero para vocês dois. — Levantou a mão em forma de círculo. — Agora sentem e olhem como se faz. Vamos Alex. Eu farei a mímica. — Agarrou uma carta, leu e sorriu. — Muito fácil. Muito bem, está preparado? — Alex assentiu. — São duas palavras, mas muita atenção porque o que vou fazer não tem nada a ver com o título. Pôs a carta de barriga para baixo, colocou ambas as mãos atrás de sua cabeça e logo fez seu famoso e agressivo impulso pélvico. Imediatamente todo mundo na sala estava rindo. Todo mundo salvo Alex, que parecia mais aborrecido do que divertido. — Que diabos é isso? — Sobe a música, Max — Disse Romero, logo deu a volta, agachando e pondo uma mão no chão enquanto sua bunda começou a fazer twerking3. — Está tirando sarro? — Perguntou Alex. — Não quero ver essa merda!

é um tipo de dança na qual uma pessoa, geralmente uma mulher, dança de maneira sexualmente provocadora, o que implica realizar movimentos de quadril e uma posição de descida dos quadris 3


Sarah mal podia respirar de tanto rir. Assim como Valéria, seus amigos e todos outros, de fato estavam rindo. Manny e Max riram também, embora Manny tenha afirmado que sabia exatamente de qual filme era a mímica de Romero. Alex virou para o Manny irritado. — Você sabe o que é? — Antes que Manny pudesse responder, virou para o Romero, que agora estava sobre o chão, empurrando sua metade superior para cima. — Está bem, vai parar? Me rendo, de acordo? — Negou com a cabeça quando Romero continuou. — Disse que me rendo! — Nem quer tentar adivinhar? — Perguntou Romero, ficando de pé. — Pelo menos tenta. — Pôs as mãos atrás de sua cabeça outra vez. — Está bem, tentarei adivinhar — Disse Alex sustentando uma mão. — Só não comece com essa merda de novo. — Pensou por um momento e logo sorriu como se tivesse resolvido a xarada. — Napoleon Dynamite. — O quê? — Perguntou Romero enquanto Sarah voltou a cair no sofá e começou a rir novamente. — Há essa cena ao final, onde dança no cenário. — Explicou Alex. — Não! Era Magic Mike, homem! — Disse Romero sacudindo a cabeça, aborrecido. — Napoleon Dynamite? — Murmurou enquanto sentava ao lado do Alex. — Sabia. — Disse Manny com um grande sorriso de suficiência. — Homem, por que não tiramos essa? Agora, Angel começou a rir. Poderia ter sido Manny ali fazendo twerking em vez do Romero. Estremeceu ante a ideia.


Enquanto a noite continuou, não houve escassez de risada. Seguiram sentados durante a interpretação do Manny de “Homens Brancos não Sabem Enterrar”4 quando quase deslocou um tornozelo, logo riram ainda mais devido a cada um dos filmes de Romero. No momento em que Romero começou a fazer seu giro pela quarta vez, Alex atirou o guardanapo ao chão como se estivesse arremessando uma bola. — Isto é uma merda! — Não, olhe, olhe, olhe! — Disse Romero, então passou dois dedos abertos sobre sua cara levando cada mão para os lados sobre seus olhos enquanto seguia girando em câmara lenta. O rosto aborrecido do Alex relaxou: — Pulp fiction. — Sim! — Romero saltou no ar e logo aplaudiu. — Até que enfim. — Todos ficaram chocados quando Alex acertou. — Cara, chupa essa! — Chupa essa? — Alex o olhou com incredulidade. — Como queria que eu acertasse Rocky antes, com você dando saltos por aí? — Estava correndo na sala, me balançando e ziguezagueando! No momento em que o jogo terminou, Sarah disse que sua bochecha doía de tanto rir. Outro resultado nada surpreendente foi que Alex e Valéria agora estavam em um balcão da cozinha, falando em voz baixa. Apesar dela ainda parecer um pouco incomodada, seus rostos estavam muito perto para que seu protesto fosse levado muito a sério. Já que seus amigos se foram sem ela, era óbvio quem a levaria casa. — Esses dois. — Romero negou enquanto bebia sua cerveja. é um filme dramático e cômico protagonizado pelo Woody Harrelson, Wesley Snipes e Rosie Perez 4


— Nada mais sobre esses, Moe — advertiu Manny — ou sua bunda não deixará esta casa esta noite. Sarah foi para Angel vindo do banheiro. Quase tropeçou com Max já que estava muito ocupado lendo algo em seu telefone. Seus olhos se encontraram quando levantou o olhar de repente sorriu. Angel não podia esperar para chegar em casa. No momento em que chegou até ele, estava lendo de novo. — Está pronta para ir? — Perguntou. Levantou o olhar e assentiu com um movimento de cabeça: — Sim. — Disse ela e logo voltou a olhar a seu telefone. — Aconteceu alguma coisa? — Perguntou Angel odiando aquela sensação de que poderia ser qualquer coisa nesses dias: Leonardo, Syd, seu pai. — Não. — Olhou para ele de novo, sorrindo genuinamente, o mesmo sorriso doce que adorava ver em seu rosto antes, quando ria tão carinhosamente. — Recebi a confirmação da UCSD de que trocaram a matéria que eu queria mudar. Angel casualmente deixou escapar um suspiro de alívio. Tudo o que queria era uma noite sem drama, uma noite em que simplesmente pudesse desfrutar de sua garota sem terceiros se intrometendo, queria que ficassem a sós e sem preocupações. Se despediram e Angel tinha toda a intenção de fazer precisamente isso naquela noite: desfrutar de cada centímetro de Sarah toda para ele sem interrupções ou outros pensamentos aborrecidos.


Ontem à noite, Sarah decidiu guardar a opinião de Sydney a respeito da foto de Leonardo para si mesma. Não tinha como evitar, já que reenviou o e-mail ontem do telefone. Ele não respondeu a festa de Max. Sua resposta inicial foram três letras maiúsculas.

WTF?

Mais tarde explicou com detalhes, em um comprido e-mail, de que não tinha dúvida de que Angel teria algumas objeções a respeito da foto. Sarah pediu a resposta mais sincera de Sydney, assim não mencionou no primeiro correio o que pensou da foto ou que Angel a tinha visto. Somente a enviou como algo genérico, do tipo “dê uma olhada neste peixe que Leonardo capturou”, para ver se Sydney inclusive iria mencionar algo. Como esperava, sua reação foi completamente sincera, o que Sarah temia. Ele também suspeitava de Leonardo agora. Embora Angel, na realidade, não tivesse se expressado dessa maneira, viu a mesma reação em seu rosto. Estava lendo o e-mail de Sydney quando Angel perguntou se algo estava errado. Na realidade, não mentira sobre a confirmação de que suas classes foram alteradas. Esta era a mensagem antes da de Sydney, em respeito à foto. Somente não quis arruinar o que foi uma noite muito divertida. Quando voltaram para seu lugar, ficou contente de não o haver feito, porque tiveram outra noite incrivelmente exaustiva. Esta manhã, entretanto, diferentemente de ontem, Angel teve que partir cedo. Estava abrindo o restaurante. Sarah tinha o dia livre e estava planejando fazer um bom jantar para ela e sua mãe, quando ela chegasse em casa. Também queria mostrar a discutível foto, para decidir se iria


conhecê-lo logo mais ou se cortava relações agora. Ela mandou um e-mail esta manhã, avisando Leonardo que seu dia estava mais ou menos disponível, caso quisesse conversar por telefone. Sua resposta, mais uma vez, foi quase que imediata. Marcaram uma hora e agora estava a poucos minutos do momento marcado para se falarem. Pela primeira vez, desde que tudo isto começou, não disse nada a ninguém. Estava suficientemente nervosa, assim imaginou que faria isto por si só e logo compartilharia as informações com Angel, Sydney, Valéria e inclusive sua mãe. Sentou frente a seu laptop, esperando que o indicador piscasse. Quando o fez, abriu e apareceu na tela a imagem de um sorridente Leonardo. — Olá. — Disse, com um sorriso ainda maior. A primeira coisa que Sarah notou foi a voz baixa. Era como esperava que fosse, mas foi tão ressonante sua voz clara, que teve medo que pudesse ranger. — Olá. — Sorriu, voltando a tirar um fio de cabelo atrás de sua orelha, numa reação nervosa. Fez todo o possível para não olhar as tatuagens ou seus músculos que se sobressaíam de sua camiseta. Sabia por experiência que Angel e Alex somente ficavam assim quando acabavam de trabalhar os músculos. Isto fez se perguntar se ele terminou de malhar e, se assim fosse, se havia uma razão para isto. As cicatrizes eram outra coisa que observou. Não podia ter certeza, porque estavam no lado da luz, mas ele tinha algumas debaixo da linha do cabelo na parte da frente. Tratando fortemente de relaxar, fez todo o


possível para desfrutar da emoção, que muito provavelmente, tinha um irmão. — Eu precisava dizer isso, Sarah. Você é tudo que pensei ultimamente. É tão louco que tenha uma irmã. Não acredito que isto não me deixe 100% satisfeito e provavelmente não fique até que nos encontremos, mas isto é perto. — Seus dedos tocaram a mesa em frente a ele e logo riu. — Merda. Não pensei que ia estar tão nervoso. — Bem. Não está sozinho nisso. — Admitiu, limpando sua garganta de novo. — Estava bastante nervosa sobre isto. Seu sorriso passou de grande e brilhante a suave e doce. — Não esteja. Sou a pessoa menos intimidante que encontrará. Prometo. — Mal podia acreditar que uma pessoa que se parecesse como ele pudesse se sentar e dizer algo assim com a cara séria. Mas se sentou, se endireitando um pouco sem rir, como ela esperava. — Assim, como está? Tem o dia livre hoje? — Um pouco. — Sorriu. — Estou livre hoje. Meu namorado está trabalhando e minha mãe está em Las Vegas, portanto tenho o lugar para mim e mais ou menos nada mais que fazer. — Ouça, sonho com o momento em que vou poder te conhecer, irmã. — Sorriu de novo, se recostando e cruzando seus braços. — Quanto tempo está com seu namorado? Ficou um pouco surpresa por ser essa a sua primeira pergunta, mas não refletiu sobre isto. Só respondeu, tão casualmente como ele perguntou. — Quase três anos. — Sério? — Sim.


Tomando sua réplica, ela atirou de volta. — E você? Tem uma namorada? — Nah — Sacudiu sua cabeça, logo se incorporou de novo, apoiando seus braços sobre a mesa na frente dele. Não estava mentindo quando disse que estava nervoso. Parecia realmente inquieto. — Tive uma a pouco mais de um ano, mas rompemos faz alguns meses. Mas estou bem. — Adicionou com um encolhimento de ombros. — Já que estou considerando seriamente me mudar para Califórnia com Omar, isto poderia não funcionar. As coisas já estavam instáveis entre nós. Oh, ouça, isso me fez lembrar. Está na área de San Diego, correto? Quão longe está da Praia Hansen? — Perto, cerca de uma hora. — Disse, pensando a respeito disto. — Sim, penso que é como meio caminho daqui até Los Angeles. — Genial. Vamos estar bastante perto um do outro. — Sim. — Sorriu, tratando de soar tão emocionada como ele o fez, embora não estivesse segura se isto a fazia estar mais nervosa do que emocionada. Assim a conversa continuou, Sarah relaxou, inclusive rindo de alguma das histórias que contou a respeito de sua infância. Seus amigos em Phoenix soavam muito parecidos com os amigos de Angel. Conhecia eles por toda a vida e ainda eram próximos. — Não vai sentir saudades deles quando se mudar para longe? — Uh... — Ele pareceu estar considerando isto por um segundo. — Bom, um deles pode vir aqui comigo. Meu amigo mais próximo, Alonzo. E os outros disseram que poderiam nos visitar. Além disso, poderei voltar muitas


vezes. Recentemente, comprei um jet-ski. Era usado, mas ainda está em boas condições, tivemos uma farra aqui em Havasu este verão. Estivemos fora daqui cada fim de semana. Meu plano de viagem é retornar um monte de vezes. Sarah pensou na primeira foto que ele enviou sobre o lago, logo a segunda e como estava em seu traje de banho. Quanto mais falava, mais se sentia como se possivelmente ele fosse autêntico. Nenhuma só vez paquerou ou disse que era bonita. Era tão sensato, inclusive lembrava um pouco o Romero, pela maneira em que deixou algumas bombas caírem aqui e lá, mas se desculpou rapidamente. — Assim, teve a oportunidade de falar com o Omar referente ao passado? A respeito de seu tempo na prisão ou sobre o resto da família? Sabe algo a respeito de seus irmãos e irmãs? — Não. — Sarah sacudiu sua cabeça. Inclusive, sua mãe não sabia muito sobre a família de seu pai, exceto que todos eram problema, de acordo com o pouco que disse, mas guardou essa informação para si. — Realmente não falei com ele e minha mãe não sabia muito a respeito de sua família. Não estiveram muito juntos e quando ficou grávida ele foi para a prisão pela primeira vez. — Explicou. — Logo quando saiu de novo e se mudaram, ela disse que não a deixou ao redor de sua família e realmente não falou a respeito deles. — Portanto, não sabe ainda quantos tios, ou tias temos? Temos primos também, Sarah. Muitos deles. Não sabe nada deles? — Não. Nada. Com tudo isto pesando, sobre ter um pai e um irmão real em sua vida agora, Sarah nem pensou além e sobre o fato de que podia ter primos. Muitos deles?


— Conhece alguns deles? — Perguntou com curiosidade. Ele sacudiu sua cabeça. — Não, uh, Omar disse que não mantém contato com eles exceto com a irmã, com a qual morou por um tempo. Mas disse que podia conseguir informação sobre essas coisas, para assim poder contatá-los. Assim que soube que tinha uma irmã lhe disse: as primeiras coisas primeiro. Preciso encontrar Sarah antes de qualquer um. Isso fez Sarah sorrir. Levou seus braços para cima, colocando suas mãos atrás de sua cabeça enquanto se sentava, dando uma excelente vista de seus bíceps e tríceps flexionados e uma vista curiosa de suas tatuagens. — Assim, quando posso me encontrar com você pessoalmente? Isso a pegou de surpresa. Inclusive, com as tatuagens e numerosas cicatrizes, conforme continuava a conversa, ela se dava conta de mais. Ainda parecia inofensivo, mas estava esperando para falar com ele mais um par de vezes pelo computador, antes de fazer planos para conhecê-lo. — Um, eu, uh... — Sinto muito. Não quero ser insistente. — Levou seus braços diante dele, se apoiando neles novamente. — Omar disse que quer as coisas com calma. Isto só foi tão fácil e sem dor que simplesmente me ocorreu. Posso esperar todo o tempo que precise. — Não é isso. — Se deteve, sem saber como dizer que ainda não tinha aceitado plenamente que isto estava realmente acontecendo. — Tudo aconteceu tão rápido. Só quero fazer isto lentamente. — Entendo. — Disse rapidamente. — É genial. Já te disse que não sou muito paciente, mas vou tratar de ser. Prometo. Podemos fazer só isto até que esteja preparada. Por mais tempo que leve.


Era uma sensação estranha ouvir dizer isso. Sabia que estava falando a respeito de se conhecerem como irmão e irmã, mas se sentia diferente. Parecia como se estivesse falando de outra coisa, o que era uma loucura, tirou isso da cabeça e agradeceu pelo bate-papo ter ido tão bem que quase não podia acreditar quando mencionou que conversaram mais de duas horas. Imediatamente, olhou na borda de seu monitor para confirmar que não se equivocou. — Oh sim. O tempo passou voando. — Sim, sim — Sorriu — Não significa que tenhamos que desligar, a menos que queira. Estranhamente, não o fez. Antes que pudesse reagir a esse último comentário, fez uma pergunta que a perturbou por completo. — Ao crescer, dizia as pessoas que seu pai estava na prisão, ou só dizia que não o conhecia? Sarah o olhou fixamente por um momento, com um nó se formando em sua garganta. — Não o fiz. — Sussurrou logo que esclareceu garganta. — Não sabia nada dele até recentemente, quando veio me procurar. Minha mãe o manteve longe de mim. Para me proteger. — Acrescentou rapidamente. — Tudo o que me disse ao crescer era que ele não queria ter nada a ver conosco. Realmente não perguntei muito. Ele ficou calado por mais tempo do que ficou em toda conversa e finalmente voltou a falar, mudando de assunto falou de sua meio-irmã. Apesar de ela ser uma meia-irmã, ainda tinha alguma classe de irmão durante alguns anos. Sem razão, isso fez Sarah ficar com ciúmes. Ela cresceu sozinha, ao menos, ele teve uma irmã, mesmo que não fosse de seu


sangue. Isso a fez pensar na segunda melhor coisa que ela tinha e falou de Sydney. Curiosamente, isto o interessou um pouco e fez muitas perguntas. Conversaram por quase quatro horas e disse a ele tanto que quando desligou, não tinha certeza se devia estar feliz ou preocupada. Então lembrou. Durante o tempo que estava falando com ele, esqueceu completamente de seu telefone. Sua mãe deveria estar em casa agora e não estava. Andou por sua casa, tentando não entrar em pânico, sua mãe podia ter telefonado para dizer que algo tinha acontecido e perdeu as ligações. Pegando o telefone na sua bolsa, viu imediatamente todas as chamadas e as mensagens de textos perdidos. — Merda. — Murmurou, olhando através de seus registros de chamadas perdidas. Tinha várias de Angel e uma de Valéria, mas nenhuma de sua mãe. Percorreu os seus textos e viu que tinha uma de sua mãe, por isso clicou imediatamente.

Chegarei tarde. Um montão de tráfego. Parada no Cajon Pass. Não me espere acordada, querida. Vou telefonar em um par de horas.

Foi enviada há mais de uma hora. Franziu a testa, mas ao mesmo tempo, se sentiu aliviada. O bate-papo durou tanto tempo que se esqueceu por completo do jantar que planejou fazer. Passou pelo resto de seus textos de forma rápida. Valéria queria conversar. Angel perguntava por que não respondia e se tudo estava bem. Clicou num atalho, sabendo que ele acharia estranho que estivesse conversando com o Leonardo a mais de quatro horas. Não tinha remédio, se não dizer a verdade. Não ia começar a


mentir a respeito disto. E era lógico que tinham muito que falar para ficarem em dia. Ainda estava esperando que respondesse quando o telefone tocou. Foi para a sala e escutou um telefone soando da porta e logo Angel respondeu: — Espera. — Disse ela, aparecendo pela janela dianteira. — Oh, é você. — Disse, movendo a porta aberta para Angel, que estava de pé no alpendre com o telefone na orelha. Ambos desligaram, pondo seus telefones para baixo enquanto abria a porta de metal. — Estava preocupado. — Disse. — Sabia que estava sozinha hoje e depois de te ligar várias vezes, sozinha... Ela o abraçou antes que pudesse terminar. — Sinto muito. — Disse ela em seu ombro. — Só agora me dei conta de que meu telefone estava na minha bolsa todo este tempo. — Ficou dormindo ou algo assim? — Perguntou, olhando para baixo em seu shorts e camiseta, que estava sem sutiã. Ela balançou a cabeça, pensando sobre o que poderia acontecer. Logo que fechou a porta de metal e a de madeira, Angel olhou a seu redor. — Sua mãe está em casa? — Não. Imediatamente, as mãos do Angel estavam sob sua camiseta, acariciando seus seios nus e a beijou. Sem dar um momento para falar, ou pensar, levantou sua camiseta, pegou seu peito e chupou. — Tive uma ereção o dia todo pensando na noite passada. — Disse sem fôlego em meio a sucção. — Quanto tempo até que sua mãe esteja em casa?


— Ela disse que não a esperasse acordada. — Disse Sarah sem fôlego, já completamente excitada. Imediatamente, ele a levantou e ela envolveu suas pernas ao redor dele, já com uma sensação de formigamento em todos os lugares corretos. — Fiquei preocupado, garota má. — Disse, apertando sua bunda. — Me deve isso. — Com muito prazer. — Disse, segurando seu rosto e devorando sua boca até seu quarto. — Está zangado comigo? — Perguntou entre beijos. — Nunca. — Sussurrou. Ele a abaixou de forma branda e seguiu a beijando meigamente, a segurou com força contra ele como somente fazia quando sentia algo muito intenso e ela soube então que ele realmente ficou preocupado. — Para sempre e sempre? — Perguntou ela, sorrindo contra seus lábios, suas mãos ainda cavando seu rosto. — Sou teu. — Respondeu. Ela sabia o que ia a seguir, quando ele acrescentou: — Você é minha. — Para sempre e sempre — ela assegurou, o beijando ainda mais profundo. Era algo que começaram a fazer há mais de um ano, como uma brincadeira, mas de algum jeito se transformou e cada um sabia exatamente como responder quando um deles o trazia à tona. A beijando uma última vez enquanto estavam juntos em sua cama, ele se separou, olhando com o intenso olhar que ela sabia que significava uma só coisa. No instante seguinte, deu a volta e a seguir, tirou os shorts dela. Ela deu um passo, abrindo as pernas e se inclinou para ele, sorrindo quando ele gemeu em voz alta em resposta. Nos poucos segundos


seguintes, ouviu o som familiar dele baixando o zíper e logo a agarrou pela cintura e se enterrou em seu interior. Deixando sair um gemido descarado pela bonita sensação de o ter tão profundamente dentro dela, ela moveu sua bunda mais para cima, para que pudesse ir ainda mais profundo. Não o esperava esta noite. Inclusive, depois da noite anterior, ela levantou seu joelho sobre a cama, necessitando dele ainda mais profundo. Ele se moveu, golpeando o mais profundo possível. Falar sobre o bate-papo épico com Leonardo definitivamente ia ter que esperar outro momento. Poderiam passar horas antes que sua mãe chegasse em casa e não queria arruinar o que parecia que poderia ser outra incrível maratona de deixá-lo tomá-la de todas as maneiras que quisesse.


CAPÍTULO DEZ

— Quatro horas? Angel mordeu sua língua, agarrando fortemente o telefone e escutou Sarah enquanto seguia com emoção, falando da maravilhosa vídeochamada que teve ontem à noite com Leonardo, sendo que também disse que queria ter contado sobre isso ontem à noite, mas as coisas esquentaram. Disse que ficou esperando um momento para contar entre todas as coisas que fizerem, mas não houve nenhum. Sabia que, uma vez que sua mãe voltasse para casa, demoraria um tempo até que pudessem desfrutar de seu quarto novamente. Disse que ligaria outra vez, quando pudesse, mas mesmo assim, quatro horas fodidas? E por isso ignorou todas suas chamadas e mensagens? — Esqueci de perguntar se tem insônia tanto quanto eu. — Disse em meio ao bate-papo animado. — Já que minha mãe nunca teve problemas para dormir, sempre assumi que seria algo que herdei de meu pai. Estive escrevendo outras coisas que esqueci de perguntar e farei quando falarmos esta noite por que... — Esta noite? — Disse finalmente Angel. — Vai falar de novo com ele esta noite?


— Sim, bom, quando me perguntou qual era o melhor momento para conversar, disse que de noite, quando chegava em casa do colégio. Após fazer minhas tarefas ou passar um tempo com você, assim ligaria de novo esta noite. É seu irmão, lembrou Angel, respirando profundamente e tentando não pensar na foto praticamente nu que este quase desconhecido mandou para Sarah. — Não vão falar por outras quatro horas, não? — Não. — Sarah riu docemente. — Admito que foi um pouco ridículo. Suponho que nos deixamos levar, porque ambos tínhamos muitas perguntas, perguntas que nem sabia de que precisava de respostas até que falei com ele e suponho que ele se sentiu da mesma forma. Angel tinha muitas perguntas próprias. Isto ia ser algo de todas as noites? Que mais tinha Leonardo a dizer para demonstrar que era seu irmão de verdade, ou se a chamaria de linda novamente ou estaria sem camiseta durante o chat? Mas se absteve. Disse que ia ser positivo e embora se preocupasse que Sarah estivesse muito emocionada com isto, confiava que utilizaria a cabeça se o menino fizesse outra coisa questionável. A temporada de futebol estava a ponto de começar e logo o colégio. Por uma vez, Angel se alegrava de que o verão estivesse terminando. Agradecia a distração do novo ano escolar. O último mês foi muito louco. Precisava relaxar e por sua atenção em outras coisas. Quase estava zangado consigo mesmo por deixar que isto incomodasse tanto. Confiava em Sarah e isso era a única coisa que deveria importar. Infelizmente, estava se perdendo na sua quase obsessiva necessidade de proteger seus entes queridos. Não pensava que

ela

necessitasse

de

proteção

contra

Sydney.

Essa

era

outra

preocupação e, curiosamente, uma que preferia. Por fim, aceitou que outros


meninos se apaixonariam por Sarah, sobre tudo, aqueles que a conheciam tanto como Syd, era inevitável. Enquanto confiasse que não te faria mal, jamais teria que lutar com seus admiradores. Estava determinado a, enquanto não ultrapassassem a linha ou fizessem nada que a zangasse, faria o que fosse para estar bem. Tentou não se alterar pela crescente relação de Sarah com Leonardo, mas a conhecia muito bem. Não pedia, mas durante as semanas seguintes, mantinha os detalhes das conversas com o menino ao mínimo, contando só o que precisava saber. Estar ocupado com o colégio, o treinamento, os jogos e o trabalho, ajudou. Então, três semanas depois de ter esse bate-papo maravilhoso com seu irmão e alguns com seu pai, Sarah anunciou o inevitável. — Acredito que estou preparada para conhecer Leo pessoalmente. — Estavam sentados no restaurante depois de seu turno, jantando. Angel ficou olhando por um momento, curioso de que não tivesse mencionado também seu pai. — Só a Leonardo? O que acontece com seu pai? Ela encolheu os ombros, movendo sua comida sobre seu prato. — Não sei. Não tive notícias dele faz um bom tempo. Não foi até esse momento que ocorreu a Angel que não mencionou seu pai na última semana ou nas anteriores. Só a Leonardo. — Por quê? Aconteceu algo? Os olhos dela subiram e se encontraram com os dele. — Não. — Meneou a cabeça rapidamente. — Tivemos algumas chamadas compartilhadas e falei em privado com meu pai duas vezes. As conversações com ele nunca foram tão cômodas como quando falo com


Leonardo. Não sei. Era estranho, como se estivesse mais interessado em fazer perguntas sobre minha mãe que sobre mim. — Sua mãe? — Sim. — Assentiu. — Perguntou muitas coisas que não recordo. Como onde vivíamos quando eu era muito jovem e se alguma vez vivemos com outra pessoa. Queria saber se sempre fomos só nós duas ou se havia alguém mais nos ajudando economicamente. Coisas assim. Não sei se sentia culpado por não estar aí e precisava de alguma confirmação de que não sofremos muito. Mas todo o tempo dava para notar que minhas respostas não o satisfaziam. Honestamente, embora tenha tentado, não recordo tanto. — Ele não pode esperar que o faça, Sarah. Inalando profundamente, continuou: — Mencionou algumas joias que esperava que minha mãe tivesse guardado e que pudesse me dar e pergunto se era assim, mas não. A segunda vez que falei com ele, trouxe o tema novamente. Suponho que pensou que perguntaria à minha mãe, mas não o fiz. — Franziu a testa. — Sei que as coisas foram difíceis para nós e algumas vezes, ela mencionou a necessidade de empenhar coisas para seguir adiante. Se teve que empenhar as joias, que assim seja. Não vou fazer com que se sinta culpada por fazer o que fez. Assim, por que mencionar? Se ainda tivesse as joias, acredito que teria mencionado. De todas as maneiras, — encolheu os ombros. — Já se passaram quase duas semanas desde a última vez que falei com ele. Sem emails. Nada. Quando perguntei a Leonardo sobre isso, disse que não tinha certeza sobre o que estava acontecendo e sabia apenas que estava trabalhando muito ultimamente.


Isso ainda parecia estranho. Quase duas semanas? Primeiro, dirigiu até Flagstaff para encontrá-la e quando encontrou, desapareceu sem mais explicações? Não é que Angel se importasse de seu pai desaparecer novamente. Angel ainda pensava que ele não merecia fazer parte da vida de Sarah, mas odiava sentir sua decepção. Isto era exatamente o que temia quando ela contou pela primeira vez que seu pai estava procurando. Embora não confiasse completamente em Leonardo, ao menos, seu interesse em conhecê-la não desapareceu. — E quando quer se encontrar com Leonardo? — Não sei. Estamos muito ocupados. Falarei com ele sobre isso esta noite. Estava pensando que possivelmente, poderíamos nos encontrar na metade do caminho, em algum lugar para que seja justo para ambos. — Continuou. — Mas disse que estaria disposto a conduzir até aqui para me conhecer. Angel mastigou lentamente, pensando em sua agenda apertada. Sarah escolheu o momento mais ocupado do ano para fazer isso. Mas seria um maldito se fosse deixar que ela fizesse essa viagem sem ele. Precisava encontrar ele mesmo com o menino. — Pois fale com ele esta noite e façam um plano, só me dê um pouco de tempo para que possa fazê-lo funcionar. — Oh, sim, sei. — Disse ela, deixando seu garfo no prato. — Minha agenda está bastante apertada também. E agora, estou me preparando para arrasar nessa maratona. — Verifique minha agenda de partidas quando decidirem. Meu calendário de trabalho é bastante flexível, mas as partidas e treinamentos não, quero estar nessa com você, querida. Sarah se aproximou e tocou sua mão.


— Disse ultimamente quanto te amo? Gratamente surpreso pela repentina mudança de tema, Angel sorriu. — Jamais me cansarei de ouvi-la dizer, mas sim, acredito que sim. — Bom, me deixe dizer novamente, porque não acredito que se dê conta do muito emocionante que é ter a alguém tão incrivelmente especial em minha vida — Ela apertou sua mão e sorriu, mas seus olhos se fecharam e seu lábio começou a tremer enquanto seus olhos se umedeciam. — O que aconteceu, baby? — Perguntou Angel, se erguendo e sentindo que o alívio que começou a sentir, estava indo embora de novo. Negou com a cabeça rapidamente, embora pôde ver que lutava por não chorar: — Tudo foi tão triste — limpou uma lágrima e alcançou um guardanapo. — Tudo o que aconteceu ultimamente foi tão surreal. Cada conversa que tive com Leonardo e meu pai. Sei que não foi fácil para você. Sei que é difícil confiar e compreendo porque está tão cético e, entretanto, foi tão solidário e paciente. Te conheço, meu amor. — Deu de ombros, respirando fundo com um sorriso choroso, mas muito genuíno. — Vi em seus olhos e senti suas mudanças de humor. Não está contente com tudo isto, mas se esforça para permanecer com a mente aberta por mim. Inclusive hoje, estava preocupada de que pensasse que é muito cedo, que poderíamos discutir, mas, em troca, você foi tão maravilhoso como sempre. Ela levantou repentinamente para logo rodear a mesa e envolver seus braços ao redor de seu pescoço. — Não sei como cheguei a ter a sorte de te encontrar. Angel rodeou sua cintura com seus braços, agradecido de não dizer que era muito cedo como ficou tentado a dizer.


— Eu sou o afortunado. — Disse, beijando sua bochecha. — Mas tem razão. Estou feliz por você. De verdade estou. Só que me preocupa. Sempre me preocuparei. Ela não percebeu que, logo depois de ver o quão emocionada ela estava por todo este assunto, seu nível de preocupação subiu uns cem por cento. — Sei que o faz. — Disse, secando as lágrimas e Angel alcançou outro guardanapo, estendendo a ela, que o pegou e limpou o nariz. — E é por isso que quero me assegurar de que esteja lá quando me encontrar com ele. Poderia levar a mãe ou Sydney, ou inclusive Valéria ou a meus tios, mas quero você lá. Quero te dar essa paz mental que tanto precisa. Assim, prometo que considerarei sua agenda, embora isso signifique aguardar. Posso esperar. Angel a rodeou com seus braços, inalando profundamente. Ela disse exatamente o que precisava escutar. Ela estava acostumada a fazer isso. Não se importava em estar tão perdidamente apaixonado por ela.

********** Finalmente passaram algumas semanas sem a menção de conhecer seu irmão e pai também, sem nenhuma revelação irritante sobre Syd. Angel estava desfrutando de uma atípica tarde de domingo despreocupado, olhando futebol com os meninos quando seu telefone tocou. Sarah foi às compras com sua mãe e mandou uma mensagem mais cedo, dizendo que foram ver um filme. Olhou a hora em seu telefone antes de responder. Era mais ou menos a hora em que esperava ter notícias dela.


— Olá, baby — respondeu. — Continua assistindo futebol? Angel saiu da sala, onde os meninos estavam fazendo muito ruído e entrou na cozinha. — Sim, sigo vendo — Disse, abrindo a geladeira. — Oh, está bem, bom, me chame quando acabar. Terminou de tomar um gole de leite diretamente da jarra e o devolveu à geladeira. — Posso ir te buscar se quiser. — Não, se está vendo o futebol. Sabe que as únicas partidas que gosto de ver são as tuas. Além disso, não podemos falar enquanto seus amigos estiverem presentes. Ligue depois que forem. Não importa se for tarde. Agora, estou em casa e provavelmente vou trabalhar nesse ensaio que tenho que terminar. — Posso falar agora. — Disse Angel, sentindo que algo aconteceu. Saiu para o pátio. — O jogo dos Chargers terminou. A única razão pela que seguimos assistindo é porque Romero apostou neste jogo e nós gostamos de vê-lo perder. — Está certo disso? Sentou-se numa das cadeiras do pátio e se acomodou. — Sim, o que aconteceu? — Bom, em primeiro lugar — Disse ela, com suas palavras ficando um pouco entusiasmadas como se tivesse algo suculento que compartilhar. — Adivinha o que descobri hoje? — O quê? — Perguntou Angel, contente de que isto não parecesse sério.


— Houve um roubo de joias no filme que vimos e os ladrões fugiram com milhões. Depois, quando fomos comer, falamos do filme e mãe disse que nunca acreditou que as joias pudessem valer tanto, mas que entre as coisas que meu pai deixou, nas bolsas com o dinheiro que encontrou quando eu era um bebê, havia algumas joias. Disse que meu pai nunca mencionou as joias, nem a ela nem à avó, que era a quem estava acostumado a passar as mensagens. Guardou a bolsa por anos, mas quando o dinheiro começou a acabar, fez exatamente o que imaginei que faria e começou a empenhar as joias peça por peça. Um dia pegou uma, que era a maior, para ser avaliada. Pensou que se tratava de prata, mas resultou ser de platina e a pedra incrustada era um estranho diamante azul. — O telefone ficou um pouco baixo, como se estivesse sussurrando. — Foi avaliada em mais de um milhão de dólares, mas devido ao fato de não poder explicar como conseguiu e que muito provavelmente era roubada, ofereceram menos de um quarto de milhão. É obvio, ela aceitou. Esse foi o ano em que me disse que nós íamos ficar em Flagstaff para sempre. — É uma loucura — Disse Angel, as rodas em sua cabeça girando. — Sei. Ou seja, finalmente conseguira um trabalho estável, mas foi isto, em última instância, o que deu a coragem de ficar fixa num lugar. Disse que se sentia mal por terem se mudado tanto durante todos esses anos. Secretamente, Angel sempre se perguntou por quanto tempo sua mãe estava furtando dinheiro de seu chefe. Agora, parecia que poderia ser por muito tempo, se teve tanto dinheiro antes. E então compreendeu. Era por isso que seu pai apareceu? Mas, por que agora? Por que esperou todo este tempo? E, seu irmão estava metido em tudo isto também? — Quando foi a última vez que falou com seu pai?


— O quê? — Perguntou. Obviamente não esperava essa pergunta nesse momento. Então ficou em silêncio. — Sarah, baby, não estou dizendo que... — Não, não. — Disse ela com rapidez. — O pensamento cruzou por minha mente. Era sobre essas joias das que estava falando? Poderia ser, suponho, mas ele disse que pediu a minha mãe que as guardasse para mim e ela me disse que ele nunca mencionou nada sobre estas joias. Ele não diria nada, mas as palavras de sua mãe não tinham muita credibilidade, no que diz respeito a Angel. Luna demonstrou tomar más decisões quando estava desesperada, não é que pensasse que vender as joias foi uma má decisão. Esteve de acordo com Sarah, que fez o necessário como uma mãe solteira sem recursos. Mas poderia ver algum sentido em negar que as joias eram destinadas à Sarah. — Vai dizer a seu pai ou a Leonardo? — Não. — Ficou calada por um momento para logo dizer: — Do que serviria? Mamãe disse que o dinheiro acabou. — Voltou a ficar calada para logo voltar a falar, soando um pouco sombria. — É por isso que começou a furtar o dinheiro de seu chefe. Os primeiros vinte mil que encontrou nas bolsas acabaram rapidamente, temia que logo estaria na mesma situação. Quando seu colega de trabalho mostrou o quão fácil era desviar cem em seu bolso em cada semana e que ninguém se daria conta, foi muito tentador e pouco a pouco, começou a pegar mais. Angel não comentou nada. Sabia que este era um tema delicado para Sarah, sabia que seguia sentindo que as pessoas julgavam sua mãe e não queria que pensasse que a estava julgando agora. — Não importa — Disse com convicção renovada. — Se isso for o que Omar procurava, acabou. Ela fez durar por muito tempo, mas então,


quando se meteu em problemas, uma grande parte do que restava foi usado para pagar os honorários dos advogados. Conseguiu ficar com o resto e usou para o pagamento inicial deste apartamento. Além disso... — Exalou brandamente. Angel não passou por cima do fato de que ela voltou a chamar seu pai de Omar, só que desta vez, ele não a encorajou a se referir ao idiota como pai. — Não escutei nada sobre Omar desde a última vez que nos falamos, há cerca de duas semanas e tenho a sensação de que Leonardo está bravo com ele. Não tenho certeza da razão, mas é bastante frio e direto cada vez que pergunto se falou com ele. Não sei — adicionou: — Provavelmente, perguntarei a Leonardo. Nas últimas vezes que nos falamos, nossas conversas se tornaram mais pessoais. Angel se sentou rígido, esticando-se instantaneamente. — Pessoal? — Fechou seus olhos, respirando profundamente. — Sim. — Como? — Me perguntou a respeito de quando me mudei para cá. Já havia dito a respeito da repentina mudança para a Califórnia em meu último ano do secundário, mas nunca disse os detalhes do porquê. Então, decidi dizer. A conversa continuou até que cheguei à parte do treinador Rudy. Queria saber mais sobre isso, mais sobre como isso me afetou emocionalmente e quanto tempo demorei para superar. — Por quê? — Perguntou Angel, sentando lentamente. — Ele disse que sua meia-irmã recentemente passou por algo similar, só que no seu caso, o assédio ocorreu numa entrevista. Como em minha situação, era alguém em quem confiava, mas logo ele se aproveitou dela e


ela não contou nada a ninguém por vários meses. Disse que me senti estúpida por confiar no treinador Rudy e por me pôr em perigo depois de todos me advertirem sobre isso e ele ficou ainda mais aborrecido. Disse que não deveria me sentir estúpida, porque os tipos como o treinador e o que assediou sua irmã, são bons em ganhar confiança. E pessoas como eu e sua irmã, com bons corações, eram suscetíveis a serem presas fáceis. — Fez uma pausa por um momento. — Em outras palavras, tolas. — Disse isso? — Perguntou Angel, seu tom um pouco menos tenso. — Não, não. — Assegurou. — Isso foi o que eu pensei. Agora, estava me perguntando, dado o que aconteceu com sua irmã e o que aconteceu comigo no passado, se talvez Omar só estivesse interessado em descobrir sobre o anel. Leonardo diz que não sabia nada sobre ele até pouco tempo. Talvez Omar tenha mencionado a Leonardo que seu único interesse era o anel e por isso ele estivesse zangado. Quando tudo isto começou, Leonardo parecia tão emocionado por ter Omar em sua vida, como estava de me conhecer. Agora, em qualquer ocasião que menciono Omar, ele troca de assunto rapidamente, sem interesse de saber o que está acontecendo com ele e por que não temos notícias. Se esse fosse o caso, se Leonardo estivesse só uma fração de tão zangado quanto Angel estava começando a sentir a respeito de seu pai, então o cara talvez tivesse acabado de ganhar alguns pontos com ele. — Então, devo perguntar? — A quem? Omar? Não — Disse Angel um pouco forte demais. — Nem mesmo ligaria para esse mald... — se recompôs e clareou a garganta. — Espere que ele te ligue ou escreva. Depois disso, depende de você. Eu não diria. Sobre Leonardo. Vai perguntar se Omar mencionou sobre o anel?


Permaneceu calada por um longo tempo, o que fez Angel apertar os dentes, de aborrecido consigo mesmo, que quase os rachou. — Não sei. Por agora, esperarei. Se o tempo for oportuno para conhecer Leonardo e ainda não souber nada de Omar, então perguntarei. — A respeito disso — Disse Angel, se levantando. — Fez alguma menção de quando ele poderia vir para te conhecer? Seu interesse em conhecer Leonardo acabou de aumentar cerca de dez vezes. Ficou receoso sobre isso desde o primeiro momento em que Sarah contou. Independentemente do que Omar tentasse fazer, Angel tinha certeza de uma coisa agora, era essa a única razão por traz de seu súbito interesse em conhecê-la. Talvez, quando se desse conta de que não ia tirar nada dela, o deixaria ir, deixaria ela ir. Talvez retornasse ao mesmo desinteresse que teve por toda a vida de Sarah. Que vá à merda. Mas Leonardo ainda estava falando com Sarah diariamente e Angel ainda não estava convencido por completo. Tinha que assegurar que o tipo, irmão ou não, não estivesse confabulando com seu pai de maneira alguma. Sentou, se sentindo um pouco ofendido e pensou a respeito de quão insignificantes pareciam suas preocupações por Sydney agora. Ao menos sabia que Sydney, nunca faria nada para feri-la. Ironicamente, nesse momento, se sentiu mais cômodo com Sarah ao redor de Syd, o tipo a que amava como um irmão, do que com Leonardo, o tipo que poderia ser em realidade seu verdadeiro irmão. Talvez Leo fosse um bom cara. Talvez não soubesse o que seu pai estava planejando desde o começo e quando se deu conta que Omar estava interessado em conhecer sua irmã por suas próprias razões egoístas, abandonou o imbecil, como merecia ser abandonado. Se tudo isto era verdade, talvez fosse algo bom.


Angel não poderia estar sempre perto para protegê-la, então, saber que ela tinha um irmão que não aguentaria nada de ninguém que tentasse ferila, fosse algo malditamente bom. Mas até que tivesse certeza Angel manteria sua guarda alta. Não confiava em ninguém.


CAPÍTULO ONZE

Só passaram três semanas, três partidas desde que começou a temporada e Alex esteve fora do jogo durante duas delas. Angel falou com Sarah sobre como seu irmão estava cada vez mais amargurado por isso com cada treino em que não o permitiam participar. Felizmente, era a primeira lesão de tornozelo do Alex de sua vida. Não estava quebrado, só uma lesão bastante ruim, mas os médicos só foram dar luz verde para às práticas e jogar a partida desta semana contra o Havaí. Tão mal como Valéria se sentia por Alex, Sarah sabia que adoraria que ele estivesse fora ao menos uma semana mais. Agora viajaria ao Havaí e não saberíamos como ia celebrar por lá, já que estava de novo em forma para jogar. Sarah e Angel não falaram de Dana outra vez desde o dia em que Sarah mencionou as coisas que ela publicou em seu blog. Não queria se preocupar com Dana, porque ela era muito insignificante, mas não pôde evitar de se perguntar, quão estúpida seria Dana a respeito disto. Ficando menos de uma hora de seu turno no restaurante, Sarah deixou de lado qualquer pensamento de Dana e começou a se preparar mentalmente para o primeiro encontro dessa noite com Leonardo. Angel ia


pegar ela ali no restaurante depois de sua prática e iriam ao porto esportivo se encontrar com Leonardo. Havia um festival de frutos do mar no porto e todos estavam de acordo que seria um lugar agradável e informal para se reunir e dar uma volta. Leonardo tinha um amigo que vivia em San Diego. Ficaria com ele a noite para retornar a Phoenix pela manhã. Sarah estava um pouco nervosa, mas contente por ter esperado. Os muitos bate-papos que tiveram até agora a fizeram sentir como se já o conhecesse. Já entendia que era seu costume chamá-la de bonita. Frequentemente, se referia a sua meia-irmã e a sua mãe dessa mesma maneira doce, inclusive chamava a sua mãe de sua rainha. Assim como Angel e todos seus irmãos frequentemente chamavam Sofie com carinho, alguns meninos eram simplesmente assim. Não admitiria a Angel, mas gostava. Com muita frequência, sentia um pouco de ciúme de Sofie e de alguns outros amigos cujos irmãos eram tão próximos. Não esperava ser tão próxima de Leonardo tão rápido, mas este era um bom começo. O dia que decidiram se encontrar, Sarah levantou a possibilidade de que Omar estivesse ali também. Leonardo admitiu ter ligado e mandado algumas mensagens a Omar, nenhum dos quais recebeu resposta. Logo disse algo que Angel diria. — Que se foda. Se assim que vai ser, então não precisamos desse estúpido. — Continuou dizendo que não ia esperar e planejaram seu encontro, só os dois. E Angel, é obvio. — Não! — Sarah saiu de seus pensamentos com o som da voz forte de um homem algumas mesas além da que ela estava atendendo. — Pedi chá quente, não gelado. Cindy, a garçonete mais nova que servia sua mesa, se desculpou, tomando o copo de chá gelado que estava empurrando para ela.


— O serviço aqui sempre é tão ruim? — Perguntou em voz alta enquanto seu envergonhado encontro ou esposa se escondia atrás do menu. — Volte a ler meu pedido — exigiu. — Quero me assegurar de que o anotou corretamente. Cindy começou e ele imediatamente a interrompeu com brutalidade. — Não é assim! — Disse. — É tão difícil entender? Te disse que quero o pico de lado, mas a guacamole e a nata azeda quero nos tacos. Escrevendo e pedindo desculpas de novo, a pobre Cindy finalmente terminou de anotar seu pedido e se afastou correndo. Sarah terminou de entregar os pratos de sua mesa e perguntou se havia algo que precisavam quando olhou em direção ao escritório traseiro. Alex estava aqui esta noite já que ainda não estava liberado para treinar. Correu para a cozinha, onde Cindy estava se assegurando de que os cozinheiros fizessem o pedido de forma correta. — Que idiota. — Disse Sarah enquanto se aproximava, enganchando outra comanda para os cozinheiros. Cindy negou com a cabeça, pondo os olhos em branco. — Preciso dessas saladas o mais rápido possível, Raul. — acrescentou em voz alta. — Por quê? — Alex apareceu na cozinha por trás de Raul, jogando um olhar mais de perto na comanda de Cindy. — Quanto tempo estão esperando? — Não muito. — Disse Cindy. — Tenho outros clientes esperando a mais tempo. Não é mais que um autêntico idiota e prefiro não o incomodar. — Há outras pessoas esperando mais tempo? — Alex franziu as sobrancelhas.


— Bom, não muito mais tempo — explicou. — Acabam de chegar — esclareceu Sarah pela Cindy. — Não é mais que um desses idiotas de boca grande que gostam de menosprezar as garçonetes. Alex olhou para o balcão. — Mesa oito? — Sim. — Disse Cindy enquanto servia o chá quente em uma taça. — E sei que disse chá gelado não quente, mas me devolveu. Talvez quisesse dizer quente, mas o pediu gelado. — Ele pode esperar. — Disse Alex ainda olhando o cara. — Tome cuidado com as comandas no pedido que façam. — Disse a Raul e logo virou para Cindy e Sarah. — Me deixem saber se ele voltar a ser desrespeitoso. Cindy se afastou correndo com o chá quente e Sarah partiu atrás dela. Nos pouco mais de dois anos que estiveram trabalhando no restaurante, viu algumas pessoas serem expulsas. Cada uma das vezes, foi Alex que expulsou, mas ambas as vezes, foram bêbados no bar que ficaram ruidosos e ofensivos. Nunca tiveram que pedir a um cliente do restaurante que saísse ou

tiveram

alguns

grosseiros.

Desta

vez,

Sarah

tinha

um

mau

pressentimento pela forma em que Alex foi cuidadoso com o cara. O Moreno pai insistia que o cliente sempre tinha razão, mas Alex insistia em respaldar seus empregados, especialmente os mais doces e de voz suave como Cindy. Sarah recolheu seu pedido de bebidas para a outra mesa que estava servindo e foi até ela. — Poderia ser mais lenta? — Disse o homem grosseiro a Cindy enquanto entregava uma cesta com envelopes de açúcar. Sorrindo a seus clientes, Sarah começou a repartir suas bebidas.


— Que cara idiota. — Disse uma das garotas mais jovens na mesa. — Quanto tempo mais vão demorar nossas saladas? — Perguntou o homem desrespeitoso. — Irei ver. — Disse Cindy se afastando. A mulher que estava sentada com o homem sussurrou e rapidamente respondeu com brutalidade. — Não me importa! É seu trabalho. Não precisa de muito cérebro para servir mesas. Se quiser gorjeta, melhor que mova sua bunda. A mulher maior da mesa de Sarah se virou e deu um olhar assassino. Sarah terminou com as bebidas e foi correndo para verificar sua outra mesa. — Ouça, olhos verdes... — O tipo estalou os dedos para Sarah. — Pode ir revisar nosso pedido? Nossa garçonete vai a passos de tartaruga. — Sim, senhor. — Sarah assentiu, mas foi à outra mesa primeiro. — A cozinha é por ali — Estalou os dedos outra vez, fazendo um gesto para a cozinha. Sarah assentiu, mas não fez caso e continuou em sua mesa. O homem continuou resmungando algo que Sarah ignorou e verificou os clientes que servia antes. — Quer que eu diga algo? — Perguntou um homem em sua mesa olhando ao tipo grosseiro. — Não. — Sarah sorriu. — Está bem. Peço perdão se está perturbando seu jantar. — Não, não. — O homem rapidamente agitou sua mão no ar. — Não se desculpe por nada. Idiotas como esse deveriam ficar em casa e comer lá.


Sorrindo nervosamente, Sarah se afastou enquanto Cindy caminhava de volta à mesa do homem mal-educado, sustentando uma taça de chá. Alex estava apoiado na barra agora, com os braços cruzados, os olhos fixos na direção de Cindy justo quando o homem começou de novo. — Bom, quanto tempo leva para fazer uma salada? Isto é ridículo. Esses cozinheiros devem ser tão lentos quanto você. Cindy disse algo que Sarah não pôde escutar de onde se encontrava, mas o homem respondeu ainda mais forte. — Não, não quero mais! Se a comida aqui for tão ruim como o chá e o serviço, não pagarei por esta merda. Alex se ergueu quando o zumbido de todos outros clientes falando de uma vez, a respeito da cena que o homem estava fazendo, ficou mais forte. — Você bruxa, coloque-se em seu lugar — Disse o homem à mesma mulher que o fulminou com o olhar antes. Agora, estava dizendo algo mais, só que não tão alto como o homem, por isso, Sarah não podia distinguir o que era. O outro homem, que se ofereceu a dizer algo antes, agora disse algo também. Alex foi até a besta desrespeitosa enquanto sua boca seguia tremendo. Sarah deu a volta e ficou onde Alex estava de pé antes para poder escutar melhor. — Há algum problema, senhor? — Perguntou Alex quando chegou até ele, estendendo a mão para deter o homem da outra mesa que começou a caminhar para lá. — Sou Alex, o gerente. — Não necessito de seus cuidados. — Disse o homem zangado da mesa de Sarah para Alex. — Disse que não vai pagar, então... — Não, se a comida é uma merda igual ao serviço e este chá.


— Cancele seu pedido. — Disse Alex a Cindy com calma e ela se afastou correndo. Todo o restaurante se calou e estava observando agora. Inclusive os cozinheiros na cozinha reduziram a velocidade para olhar. — Vou ter que pedir que se retire — Disse Alex com uma calma que fez com que Sarah estivesse orgulhosa dele. Sabia que Alex teve que utilizar cada pingo de moderação para não explodir com o idiota. O homem se burlou inclusive quando seu encontro começou a sair de sua cabine. — Não vou a nenhuma parte. — Disse. — Sou um cliente como qualquer outro e me atenderá... — Ninguém vai te servir neste restaurante. — Disse Alex, a calma em seu tom diminuindo um pouco. — Nunca, porque aqui não será bem-vindo de novo. — Bridgett — O homem falou para seu encontro quando ela já esteva de pé — Traga a porra da sua bunda de volta à cabine agora antes de que... Alex agarrou ao homem pela camisa e o pôs de pé. — Talvez fale com ela dessa maneira em sua casa, mas não em meu restaurante. Ouviu imbecil? O rosto do homem ficou quase púrpura e seus olhos arregalados enquanto fazia uma fraca tentativa de diminuir o agarre de morte do Alex na sua camisa. Sarah levou a mão à boca, perguntando se isto chegaria mais longe. Teriam que chamar à polícia? Alex quase fez parecer que isso não deu trabalho pela forma em que atirou o homem em direção à porta principal.


Os outros clientes já estavam aplaudindo, inclusive antes que chegassem à porta principal. — Não retorne. — Disse Alex enquanto o jogava, logo sustentou a porta para a senhora que havia saído correndo atrás dele. Ele ficou de pé na porta, vendo como os dois se afastavam. De onde Sarah estava parada, viu o homem girar e dizer algo mais a Alex, logo agarrou a sua esposa fortemente pelo braço. Alex saiu pela porta. — Oh, meu Deus — ofegou Sarah, correndo para a porta principal. Felizmente, no momento em que Sarah chegou à frente do restaurante, Alex já vinha de volta. — Está bem? — Perguntou enquanto ele entrava de novo. Ele assentiu, mas poderia ver o movimento de sua mandíbula apertada. — Fez bem, Alex — ofereceu um sorriso. — Nem deu um murro nem nada. — Sim, bom, tenho muita certeza que se sente assim, me deixe te dizer — Cindy se aproximou deles e Alex se virou para ela. — Nunca aguente um cliente como esse, de acordo? Não me importa de que os clientes sempre têm razão. Chutarei seus traseiros para fora antes de deixar que tratem meus empregados dessa forma. Cindy assentiu, sorrindo. — Obrigada, Alex. A porta principal se abriu e uma senhora muito assustada se apressou para dentro. — Há dois homens brigando no estacionamento. Sarah saiu correndo atrás de Alex, enquanto ele rapidamente corria para o estacionamento. Em tudo o que podia pensar quando seu coração pulsava em seu peito, era que Angel chegaria ali logo. Perguntou se talvez tivesse chegado cedo e se poderia ser ele brigando com o idiota que Alex acabava de jogar. Para seu alívio, não era Angel, mas sim o idiota grosseiro


que estava apanhado contra um carro. O tipo muito maior lutando com ele, ou melhor, tinha seu cotovelo contra sua garganta. A mulher que estava no restaurante com o tipo, estava de pé ao lado, chorando. — Quero você preso! — Ofegou o animal grosseiro, cuspindo sangue. Foi só quando o menino o sustentando contra o carro riu que Sarah fez a conexão. Leonardo. — Por quê? — Perguntou Leonardo. — Por não te deixar bater na sua garota? — Leonardo afastou seu braço da garganta do homem. — Covarde de merda! — O único que vai conseguir ser detido é você, idiota — Disse Alex, assinalando ao homem sobre o carro. — Por invadir minha propriedade depois que o mandei embora. Vamos. — Disse Alex para Leonardo. Leonardo o levantou e logo o empurrou longe. O homem cambaleou um pouco, limpando o sangue de seu rosto. Alex levantou o pulso e olhou seu relógio. — Tem dois minutos para sair de minha propriedade. O homem levou seu tempo caminhando para seu carro. Ele e seu encontro entraram e acelerou até sair derrapando para fora dali como um louco. Leonardo, que era quase tão grande como Alex, virou para ele. — Sinto muito, cara, não tinha a intenção de causar nenhum problema. Simplesmente conduzi até aqui quando o vi empurrar a sua garota. Saí de meu carro e pedi amavelmente que parasse. Não o fez, assim... — Encolheu os ombros com um sorriso. — Fui devagar com ele e só dei um soco.


Leonardo flexionou seus dedos com uma careta. — Nah — Disse Alex. — Não se preocupe. Fico feliz que tenha feito. Isso é o que um imbecil como ele merece. — Alex estendeu a mão e Leonardo a estreitou. — Obrigado por não o deixar fazer isso em meu estacionamento. Essa é a última coisa que quero que os clientes vejam enquanto dirigem. Alex explicou que o homem acabava de ser colocado para fora por ser um idiota grosseiro. Sarah ainda estava olhando para Leonardo, seu irmão. Assentindo e sorrindo, Leonardo mudou o olhar de Alex para Sarah. — Sarah, é ainda mais bonita pessoalmente. — O quê? — Alex se deteve a meio passo, fazendo com que Sarah afastasse o olhar de Leonardo. Ela viu esse resplendor de dureza no Alex muitas vezes, assim que explicou rapidamente. — Este é Leonardo. — Disse. — Meu irmão. Angel comentou que te falou dele. — Os olhos de Alex se aumentaram e seu olhar se suavizou. — Sim — Virou para o Leonardo com um sorriso meticuloso. — Sim, fez. Assim, é seu irmão perdido por muito tempo, né? Leonardo sorriu com um estranho e pequeno sorriso e assentiu. — Ia me encontrar com ele depois de meu turno — explicou Sarah. Virou para Leonardo um pouco confusa. — Pensei que nos encontraríamos depois? Perdi uma mensagem de texto ou algo assim? — Não. — Disse ele, parecendo um pouco envergonhado de repente. — Simplesmente cheguei aqui muito antes do que pensei. Meu amigo, com o que vou ficar esta noite, ainda está no trabalho. — Encolheu os ombros. —


Sabia que estava trabalhando, assim pensei que podia passar por aqui e ver o restaurante de que tanto fala. — Vamos entrar. — Disse Alex, começando a caminhar para a entrada, logo virou para Sarah. — Sarah, pode sair agora se quiser. Ela ficou tentada, mas conhecia Angel. — Na verdade, Angel vai me encontrar aqui. Ele vem conosco. — Ah — Assentiu Alex. — Bom, então entrem e tomem uma cerveja enquanto esperam Angel. Entra e termina, Sarah, assim pode se sentar e esperar com ele até que Angel chegue aqui. Claramente,

Angel

ainda

não

compartilhara

as

dúvidas

que

obviamente tinha sobre Leonardo com Alex, do contrário, tinha certeza de que ele não estaria tão disposto a dar tempo a sós aos dois. Ele provavelmente não disse a Alex que ela nunca viu Leonardo pessoalmente. Sabia que Alex teria suspeitado ou, pelo menos, seria cauteloso, entretanto, rapidamente liberou para sair com Leonardo, a sós. Leonardo sentou no bar enquanto Sarah terminava suas últimas duas mesas e logo tirou seu avental e pegou suas coisas na parte de trás. Alex pediu ao pessoal da cozinha para oferecer um mini bufê de sobremesas da casa para compensar a confusão que todos testemunharam. Antes de ir ao bar para sentar com Leonardo, Sarah parou e agarrou um par de churros quentes da mesa de sobremesas. Cindy e Lilly, outra das garçonetes de guarda, a pararam. — Não sabia que tinha um irmão — Disse Cindy com um enorme sorriso.


— O que ela realmente quer dizer — Disse Lilly, sorrindo ainda mais. — É que não tínhamos ideia de que tinha um irmão que se parecesse como ele — Sua boca caiu aberta com incredulidade. — Oh. Meu. Deus. Como é que esta é a primeira vez que ouvimos falar dele? Sarah sorriu. — É uma longa história. Contarei em outra ocasião. Se afastou antes que pudessem fazer milhões de perguntas, já podia ver os seus olhares dançando. Os olhos de Leonardo a percorreram de acima a baixo de maneira casual enquanto se aproximava dele e ele sorriu quando seus olhos se encontraram. — Terminou? — Perguntou. — Sim. — Disse ela, sentando com ele no bar. — Agora só esperarmos por Angel. Deve estar aqui muito em breve. Seu treino terminou faz mais de vinte minutos. Virá diretamente para cá. Leonardo a olhou por um momento sem dizer nada e logo sorriu. — Ainda não posso superar o quanto seus olhos e os de Omar se parecem. É obvio, os dele não são tão incríveis como os teus, mas, mesmo assim, você definitivamente tem seus olhos. Sorrindo nervosamente, ela virou para Jaime, o garçom que se aproximou deles do outro lado. Leonardo tinha uma cerveja quase cheia diante dele, assim Jaime assinalou Sarah. — Posso te trazer algo? — Só água, Jaime. Obrigada. — Disse, logo virou para Leonardo, que seguia olhando. — Como todas as vezes que te vi foi online, é estranho realmente estar com você pessoalmente.


A conversa pareceu um pouco estranha a princípio, mas em questão de minutos, estava se sentindo mais relaxada e ele até a fez rir um par de vezes. Jogando uma olhada pela janela, viu o carro do Angel entrando no estacionamento, sabia que ele entraria pela parte de atrás. Pensando que poderia estranhar que ela já estivesse com Leonardo tão cedo, se desculpou por um momento. Encontrou com Angel na porta traseira justo enquanto ele entrava. Levava uma rosa na mão e a deu, logo levou sua mão ao redor de seu pescoço e a beijou. Ela deixou que o beijo fosse um pouco mais profundo do que normalmente deixaria no restaurante durante o horário de trabalho, quando todos estavam aqui. Mas pensou que estavam na parte de trás. Quando finalmente se separou, ela sorriu e logo levou a rosa para seu nariz e a cheirou. — Por que isto? — Um homem estava vendendo em uma esquina. — Beijou a ponta do seu nariz com doçura e sorriu, seus olhos apanharam essas profundas covinhas que se formavam em suas bochechas e ela suspirou. Depois de todos estes anos, nunca teria o suficiente dele. — Me dei conta que não dei flores a meu amor em um tempo. Por que não? Sorrindo mais amplamente, o beijou de novo, agradecendo por ser tão doce e então, recordou e seu estômago ficou um pouco tenso. Segurando sua mão, deu a volta e começou a andar para o restaurante. — Tivemos um pouco de emoção aqui hoje. — Disse, voltando a olhar seu rosto curioso. — Tanto que seu irmão considerou adequado dar uma sobremesa grátis a todos os clientes. — O quê? — Perguntou, soltando sua mão.


— Um idiota estava causando alguns problemas a Cindy. Ele elevou a voz e ficou desagradável, assim Alex pediu que fosse embora. O tipo se negou e logo começou a amaldiçoar sua namorada e Alex teve que tira-lo usando a força física. — Está brincando? — Perguntou Angel com um sorriso muito divertido. Entrou no escritório, com Sarah a seu lado. — Jogou alguém pra fora? — Perguntou ao Alex, que estava sentado no escritório. Alex deu a volta e sorriu. — Fiquei surpreso por ninguém te enviar uma mensagem antes para te contar isso. Sarah começou a rir. — Estive ocupada. — Disse ela. — Do contrário, provavelmente teria feito. — Isso é certo — Disse Alex, ficando de pé. — Estava entretendo seu acompanhante. Aonde ele foi? Angel virou para Sarah, com um sorriso não tão divertido como estava a alguns momentos. — Quem é seu acompanhante? — Leonardo está aqui. — Disse com indiferença. Angel inclinou a cabeça, franzindo a frente, mas não disse nada. — Por quê? — Ele deu uma surra nesse idiota que joguei pra fora — informou Alex enquanto passava por Sarah e Angel.


De repente a expressão amarga de Angel se tornou um pouco assassina. — O quê? — Virou para Sarah. — Por quê? Esse cara te fez algo? — Não. — Assegurou rapidamente. — Ele foi grosseiro com Cindy. Estava em sua mesa. — Ele era um desses imbecis que gosta de esbofetear as mulheres por aí — Alex se deteve na porta e explicou. — É por isso que tive que usar a força física para tirar sua bunda daqui. Eu não gostei do jeito que ele falava com sua garota. Suponho que, quando o irmão de Sarah chegou ao estacionamento, o

cara estava sendo

mais desrespeitoso

com

ela,

empurrando ou algo assim. — Alex riu entre dentes enquanto começava a afastar-se. — Dar um soco no cara foi bom. Angel virou de novo para Sarah, que assentiu em confirmação, mas ela viu o olhar em seus olhos, o qual conhecia muito bem. — Então, quanto tempo ele esteve aqui? — Perguntou. — Pensei que tínhamos combinado que nos encontraríamos com ele mais tarde.


CAPÍTULO DOZE

Um pequeno, quase indetectável movimento de sua sobrancelha, mas Angel o viu. O também aparentemente insignificante levantamento de seu queixo o confirmava. Sarah já estava a ponto de ficar na defensiva, na defensiva por um menino que acabava de conhecer: Leonardo, seu irmão. — Chegou aqui antes do que ele esperava. — Disse ela, caminhando para o gabinete para deixar ali a rosa que ele deu. — Então — virou para Angel depois de fechar o armário. — Dado que não tinha nenhum outro lugar para estar e que seu único amigo por aqui ainda estava trabalhando, decidiu aparecer por aqui. Falei tanto do restaurante que já sabia como se chamava. Mas somente esteve aqui durante quinze minutos. A expressão defensiva que Angel definitivamente foi notada, logo relaxou e ela sorriu. — Não é como se tivesse me encontrando com ele em algum lugar isolado ou perigoso. Alex esteve aqui todo o tempo e embora Alex me dissesse que podia ir cedo, não iria até você chegar. — Ela passou por ele, caminhando para a porta, mas levantou sua mão. — Vamos, me deixe apresentá-lo, quer muito te conhecer.


Tentando não franzir a testa, Angel segurou sua mão e a seguiu através do corredor principal para o bar. O garçom acabava de pôr uma nova cerveja em frente a Leonardo e estava retirando sua garrafa vazia. Ele se levantou quando viu Sarah e Angel chegando. Era maior do que Angel esperava. Sarah fez as apresentações e ambos os moços sacudiram suas mãos, sorrindo de forma cortês. — Escutei tanto sobre você. Sinto que já te conheço. — Disse Leonardo enquanto voltava a sentar no seu banco. — Futebol universitário, né? Não estive seguindo. Qual é seu recorde até agora? — Três e Zero. — Disse Angel. — O último esteve perto. Nossa linha defensiva teve alguns espaços em branco ultimamente, devido a certas lesões, mas meu irmão retorna esta semana, assim isso é algo bom. A equipe que jogamos contra esta semana também é três e Zero, assim, depois deste sábado, só um de nós será o perdedor. Os olhos de Leo se abriram amplamente no que parecia ser entusiasmo genuíno. — Essa será a partida para assistir este fim de semana então. Estarei atento. Angel assentiu, sentando no banco atrás de Sarah e puxando para perto dela para que suas pernas a envolvessem. Levou sua mão ao redor dela e a deixou descansar sobre sua coxa. — Assim, como se sente finalmente conhecendo sua irmã? — Leo sorriu, inclusive mais amplamente e voltou sua atenção a Sarah. — Estava contando que é tudo no que pude pensar durante semanas. A ânsia de conhecê-la pessoalmente simplesmente crescia com cada


conversa que tínhamos — Ele devolveu seu olhar para Angel enquanto levava sua garrafa de cerveja até seus lábios. — Você não tem ideia. Leo olhou com atenção Angel enquanto tomava um gole de sua cerveja — Não, não tenho — Disse Angel, se negando a ler algo mais nesse último comentário. Ele tomou a decisão consciente, do momento em que eles estiveram de acordo em ter um encontro, de ter uma mente aberta. Angel estava dando ao menino o benefício da dúvida, além do que seu instinto dissesse. — Só posso imaginá-lo — Disse Angel tão indiferentemente como pôde. — Descobrir que tenho um irmão por aí, da mesma idade. Eles falaram um pouco mais até que Leo terminou sua cerveja e logo se desculpou para ir ao banheiro antes de irem para o porto esportivo. Sarah olhou Angel quando Leo se afastou o suficiente. — Assim, o que você pensou até agora? Angel fez o melhor que pôde para soar otimista, embora não se sentisse dessa maneira. — Parece ser alguém agradável. Eu gosto do que fez por essa garota no estacionamento. Sempre diz muito de um menino que defende alguém que nem conhece, só porque sabe que é o correto. Realmente o fazia. Angel sabia que Alex estava impressionado por isso também, provavelmente esse era o porquê que decidiu tão rapidamente que Sarah poderia sair mais cedo para ficar com Leo. Mas então, ele não tinha nenhuma forma de saber que esta era a primeira vez que eles se encontravam. O telefone de Sarah vibrou no balcão do bar e o alcançou enquanto contava a Angel como não reconheceu Leo a princípio e como teve medo


quando contaram que havia meninos brigando lá fora, que poderia ter sido Angel e o imbecil que Alex expulsou. Ela leu sua mensagem, fez uma careta e logo respondeu. — Suponho que você não gostaria que eu acompanhasse Valéria e sua amiga ao Havasu este fim de semana para uma coisa tipo Oktoberfest — Ela continuou escrevendo sem olhar para cima. — Ela queria ir lá todo o verão e nunca pôde, assim está fazendo acertos para ir agora — Sarah lançou uma olhada atrás dela e logo o olhou, levantando uma sobrancelha brincalhona. — Ela não disse, mas tenho certeza de que tem tudo a ver com o Alex indo para o Havaí todo o fim de semana. Sei que esteve preocupada por isso. Tenho certeza de que é sua forma de manter sua mente ocupada e não conduzir a si mesma até a loucura todo o fim de semana. Angel segurou sua mão, feliz de que Sarah não parecesse estar considerando. Ele recordava que Sarah detectou essa estúpida mentira sobre ele não ter visto ou falado com Dana em anos. — Você não está preocupada com meu fim de semana no Havaí, certo? — Claro que não — Ela o olhou um pouco divertidamente. — Não deveria estar. Certo? — Claro que não — Disse ele apertando sua mão. — Sarah, eu te disse... — Então, não estou — Disse ela rapidamente, se inclinando para ele. — Em absoluto. Prometo isso. Angel envolveu seus braços nela e logo fez algo que não fazia muito frequentemente no restaurante, porque ele sabia que faria com que Sarah se sentisse incômoda por ser tão descarada, a beijou brandamente a princípio e logo começou a levar as coisas um pouco mais longe.


— Os dois estão preparados? — A voz forte de Leo fez com que Angel se movesse nervosamente e retrocedesse. Sarah olhou para Leo e Angel não pode dizer se ela estava envergonhada ou nervosa, provavelmente ambos. — Sim — Disse ela, sua cara um pouco vermelha, confirmando para Angel que estava um pouco envergonhada. — Estamos preparados — Disse, agarrando sua bolsa do banco. Os olhos de Angel se encontraram com os de Leo por um segundo e o menino sorriu brandamente, mas não ofereceu nenhuma desculpa por obviamente tê-los assustado. Sem dizer outra palavra, foram para fora. Uma vez no estacionamento, para alívio de Angel, Leo informou que simplesmente os seguiria. — Meu amigo vive perto do porto esportivo, assim simplesmente posso ir direto para casa dele. Mas antes — Disse enquanto levantava seu braço ante Angel e Sarah, antes que eles passassem diante de sua caminhonete para o automóvel de Angel — Tenho algo para você Sarah. Eles ficaram parados atrás do automóvel de Leo, um modelo velho de uma caminhonete pick-up. Ele abriu a porta do passageiro e tirou um ramo de rosas. As mãos de Sarah estavam imediatamente sobre sua boca. — Perguntei a minha mãe e a minha irmã — Disse ele, baixando seu queixo enquanto caminhava para eles — que, de todas as coisas, devia te trazer e ambas estiveram de acordo em que nunca poderia me enganar com as flores. Alguma vez podia se enganar? Ele as entregou para Sarah e ela as pegou, sorrindo muito.


— São bonitas. Obrigada — Disse e logo se inclinou para Leo, levando seu braço livre sobre os ombros dele. — Não tinha que me trazer nada. Leo rapidamente envolveu ambos os braços ao redor das costas dela e a apertou. — Queria fazer. Estou tão feliz de te conhecer finalmente, Sarah. — Angel ficou ali pelo que sabia ser uma quantidade razoável de tempo, mas ainda sentia que era muito longo. Quando finalmente terminou, Sarah e Angel partiram e Leo pegou sua caminhonete. Angel não disse uma palavra, inclusive, quando colocaram as rosas no porta-malas do carro e caminharam a seus respectivos lados do carro. Entraram e Angel pôs o carro em movimento em silêncio. — O quê? — Perguntou. Olhando fixamente à frente e logo a seu espelho retrovisor, Angel sacudiu a cabeça. — Nada. — Está estranho. Angel teve que rir. O que outra coisa podia fazer? Nunca em um milhão de anos pensou que estaria fazendo o que estava fazendo esta noite: sair com Sarah e um cara que conheceu há apenas um mês atrás, um menino que acabou de confirmar que ela é tudo o que ele pensou ultimamente. Dirigiu centenas de quilômetros para vê-la e trouxe flores. Mas o que disse antes sobre Leo era certo. Ele realmente não tinha nem ideia de como se sentiria se descobrisse que tinha outro irmão por aí. Não só isso, era diferente para Sarah e Leo. Nenhum deles tinha outros irmãos de sangue. Sarah falou sobre a meia-irmã dele, a qual Leo conhecia a uns anos, e não era a mesma coisa. Mente aberta.


Isso é o que Angel estava decidido a manter, pelo bem de Sarah. Virou para ela com um sorriso. — Esta situação é completamente estranha, querida. Só vou precisar de um pouco de tempo para me acostumar. Isso é tudo. Ela esticou o braço e colocou sua mão em sua coxa e sorriu: — Minha mãe esteve um pouco estranha por isso também. Suponho que as circunstâncias são estranhas para todos, incluindo a mim. Isso fez com que Angel se sentisse um pouco melhor. Realmente, estava tentado fazer todo o possível para se controlar. Chegaram ao porto esportivo, o qual se transformou em um festival ao ar livre com todos os restaurantes de frutos do mar locais, os de dentro e fora do porto esportivo ficando fora na entrada sob lojas que oferecem amostras e especiais em seus jantares de frutos do mar. O lugar estava mais abarrotado do que Angel esperava em uma noite de semana. Isso o fez pensar que talvez deveria falar com seu pai sobre considerar jantares de frutos do mar e lagostas por um tempo limitado só para esta festa. Provaram várias das amostras e caminharam ao redor por um tempo antes de decidir em qual restaurante iriam jantar. Angel tomou notas mentais por que preferiu um restaurante de mantimentos que outros. Felizmente, Leo não fez outra coisa além de irritar Angel quando viu as flores que trouxe. É obvio que isto ocorreria na mesma noite de merda que Angel decidiu dar uma rosa insignificante. Não importava. As rosas eram um doce gesto de seu irmão, enquanto que uma, a única, era do romântico de seu noivo, completamente diferente. Angel finalmente cedeu às necessidades de sua bexiga e se desculpou indo ao banheiro dos homens, deixando Sarah e Leo a sós pela primeira vez em toda a noite. Terminou e estava lavando as mãos quando seu telefone


tocou em sua cintura. Havia duas mensagens de textos de Romero. Clicou no envelope e as leu em ordem.

Olá, onde você está?

Sabe que tem menino todo íntimo com Sarah no porto esportivo? Retorne essa mensagem de texto e me diga o que quer que eu faça, se não me encarrego disto à minha maneira.

Angel enviou uma mensagem rápida que dizia que ele estava ali com eles e que o menino era irmão dela, mas logo acrescentou algo quando saía do banheiro.

O que quer dizer com todo íntimo?

Virou

na

esquina

rapidamente,

conhecendo

Romero,

poderia

interpretar mal e exagerar as coisas. Às vezes, Angel se perguntava se Romero não só estava procurando uma razão para golpear alguém. Tão divertido como o menino poderia ser, todos sabiam que ele tinha sérios problemas com seu temperamento. Dar uma surra em seus merecidos traseiros parecia ser sua maneira de desencadear um pouco dessa ira contida. Imediatamente, os olhos de Angel estavam fixos em Sarah e Leo. Quando saiu, os deixou sentados um frente ao outro na mesa-banco. Agora, eles estavam sentados lado a lado, com Leo se apoiando nela. Estava mostrando algo em seu telefone e estavam rindo. Angel pôde ver como


Romero poderia interpretar mal isto. Seu telefone zumbiu em sua mão de novo e clicou na mensagem de texto do Romero.

Sarah tem um irmão? Angel não se preocupou respondendo. Não disse nada a Romero sobre Leo e não o planejava até que absolutamente tivesse que fazê-lo. A última coisa que precisava era ouvir a opinião de Romero sobre isto. Se seu amigo ainda estava vendo Sarah, Leo e Angel o conhecia suficientemente bem para saber onde estava, ele veria Angel com eles muito em breve. Logo que chegou à mesa, Leo se moveu de novo à frente de Sarah e Angel se sentou no assento ao lado dela. Sarah ainda estava rindo quando ele se sentou. — Estava dizendo a Leo sobre a festa de mímica dos tios de Romero — Disse, assinalando à tela onde o vídeo de Romero. — Valéria gravou todas as coisas histéricas e me enviou isso — Ela olhou Angel e imediatamente logo atrás dele. — Oh. — Sorriu inclusive maior. — Falando do diabo. Angel virou para ver Romero sustentando sacolas plásticas com embalagens de comida para levar. — Navegando pelo festival? — Perguntou Angel com um sorriso. Romero fez uma careta. — Não, não estou nesta merda — Disse sustentando as sacolas. — Estou aqui pelo Manny e Max. Precisei de carona para este fim de semana, meu carro está na oficina e já conhece esses dois. Já estão cobrando os favores por pedir emprestado um de seus carros todo o fim de semana. Não podiam me pedir para pegar um hambúrguer no caminho de casa, é óbvio — Ele negou com a cabeça. — Me fizeram vir aqui. Queriam lagosta e bolo de caranguejo e os queria quente.


— Então é melhor que os consiga rapidamente. — Angel riu. — Sim, sei — Romero assentiu e logo olhou para Leo curiosamente e a Sarah. — Não sabia que tinha um irmão. — Nem eu até umas semanas atrás — Sarah sorriu, virando para Leo. — Leo, esse é Romero, amigo de Angel. Romero, este é meu irmão, Leo. Romero fez sua elevação habitual de seu queixo, saudando Leo. — Tudo bem, cara? — Logo virou para Sarah. — Não sabia até umas poucas semanas atrás? — Sim — Disse ela, trocando olhadas com Leo. — É uma longa história. Angel pode contar isso em outra ocasião ou a comida de seus tios esfriará. Angel não perdeu o olhar de suspeita ou confusão no rosto de Romero quando levantou o queixo para Leo uma última vez antes de dizer que tinha que ir. Mas antes de fazer, virou para Angel. — Você e Alex estarão no Havaí este fim de semana, correto? Angel confirmou com uma inclinação de cabeça quando o garçom do lugar que eles ordenaram trouxe suas enormes bandejas de lagosta e patas de caranguejo. Ele falou com Romero um pouco antes de voltar sua atenção totalmente de novo para Sarah e Leo. — O jogo é no Havaí? — Perguntou Leo enquanto tirava a casca de uma lagosta. Angel assentiu outra vez, tratando de alcançar um caranguejo e o maço de madeira que o garçom tinha deixado. — Isto é muito sujo — avisou Sarah a Leo. — Você também irá? — Perguntou Leo, olhando para Sarah, mas logo voltou a brigar com sua lagosta.


— Não — Disse Sarah, mordendo sua lagosta e logo alcançando um guardanapo. — Infelizmente, não posso ir ao Havaí com ele. Ainda — acrescentou, sorrindo para Angel. — Irei algum dia. — Sim, irá — Angel se inclinou e a beijou, desejando ter pensado nisso antes e de algum jeito, ter armado para que Sarah fosse com ele. No sábado era o dia do jogo e não estariam voltando até a noite da segunda-feira. Teriam que descansar o resto do dia de sábado, todo o domingo e inclusive parte da segunda-feira para fazer um pouco de turismo. O desastre do jantar com eles tendo que cortar as lagostas e romper as carapaças do caranguejo e lagostas os mantiveram ocupados e a conversa fluiu a pequenos bate-papos enquanto os três ingeriam a comida. No momento em que terminaram e se sentaram ali satisfeitos, estava muito tarde. A maioria dos vendedores estava começando a guardar e fechar. — Assim, é um fim de semana de três dias para ti, correto? — Perguntou Leo enquanto caminhava com uma bandeja vazia até uma lixeira próxima. — Dia de Colombo na segunda-feira? Sarah assentiu, empilhava seus guardanapos sujos na bandeja que Angel sustentava para ela. — Algum plano? Angel olhou para Leo, que reuniu o resto do lixo sobre a mesa e começou a se afastar para a lixeira de novo. — Não — Disse Sarah. — Tenho um ensaio no qual preciso trabalhar. Possivelmente passe um tempo com minha prima — Virou para Angel — Oh espera. Valéria estará fora da cidade este fim de semana também. Esqueci do Havasu.


Leo se deteve repentinamente para olhá-la — Sua prima vai ao Havasu pelo fim de semana? Vai para a coisa do Oktoberfest no London Bridge? — Sim. — Sorriu Sarah. — Acredito que isso é o que disse. — Por que não vai também? — Leo olhou para Angel por um momento, mas rapidamente devolveu o olhar para Sarah. — Estive ali algumas vezes para isso. Sempre se passa um bom momento lá. Sarah enrugou seu nariz. — Esse tipo de coisas não é para mim. Me imagino como uma coisa tipo de férias da primavera onde todos ficam loucos. Muita bebida e garotas ficando loucas — Riu brandamente, enganchando seu braço dentro do de Angel — Não é meu estilo, não sem Angel de todos os modos — Virou para Angel e sorriu. Esses formosos olhos brilhando uma vez mais. Não só era bonita, sabia sempre exatamente o que dizer no momento em que precisasse ser dito. — Prefiro ficar em casa com um bom livro. Esperando um minuto, Leo parecia refletir algo antes de continuar caminhando com sua bandeja para a lixeira. Angel tinha a sensação de que queria dizer algo mais, mas não o fez. Apesar de ter que suportar Leo abraçando Sarah outra vez quando disse adeus, Angel estava feliz de que a noite finalmente estivesse terminada e a primeira reunião oficial de Sarah com seu irmão acabou. Angel não podia dizer que tinha ido mal, mas não podia dizer que sua desconfiança a respeito de Leo estava completamente apagada. O fato que seu pai somente apareceu e desapareceu ainda não o convencia. Apesar de que, de maneira nenhuma falaria para Sarah tentar contato novamente, ainda era uma bandeira vermelha.


Chegaram a seu apartamento e Angel podia ver a luz da televisão piscando no interior, assim sabia que sua mãe ainda estava acordada. Sarah rodeou o carro e ele se recostou nele, atraindo para si com uma mão ao redor de sua cintura e afastando uma mecha de cabelo atrás de sua orelha com a outra. — Assim, o que acha? — Perguntou, inclinando sua cabeça para o lado. — Acredito que deu uma muito boa primeira impressão — Sorriu, olhando-a nos olhos. — Inclusive Alex acha que ele é genial. Sua expressão repentinamente foi de sorridente a uma de adorável confusão. — Só estava pensando em algo. Se Romero não sabia que tinha um irmão, como sabia quem era Leo? Angel riu entre dentes, a beijando. — Ele me enviou uma mensagem quando estava no banheiro para me dizer que você estava muito íntima com um cara. Tive que explicar quem era Leo antes que fosse para lá e ficasse todo Romero com Leo. A boca de Sarah caiu aberta ligeiramente e logo sorriu. — Ah, está bem. Sem problema — Logo franziu a testa. — De verdade ele pensa que faria isso? Escapar e ficar com outro cara? — Antes que Angel pudesse responder a isso, sorriu divertidamente. — Quero dizer, se alguma vez o fizesse, certamente não o faria em um lugar público onde sei que você e seus amigos frequentam. Angel apertou sua mão freando sua irritação até que ela riu: — Não é engraçado — Disse, mas logo adicionou em caso que ela estivesse ofendida. — Conhece Romero. Está preparado para saltar ao


primeiro sinal de drama. Sempre foi assim. Chuta traseiros primeiro, pergunta depois. Ela levantou ligeiramente uma sobrancelha, mas seu lábio se curvou, assim pôde ver que não estava tão ofendida. — Bom, fico feliz que você e Alex tenham um bom amigo que vela por vocês, mas a gente pensaria que depois de todo este tempo, ele saberia que as coisas são um pouco diferentes para você e para mim do que são para Valéria e Alex. — Ele sabe — Disse Angel, a abraçando fortemente, sabendo que ela tinha que ir. — Sabe disso. Esse é somente Romero. Mas me enviou uma mensagem antes de fazer algo, algo que tenho certeza de que não faria se fosse Valéria — Afastou e sorriu encolhendo os ombros. — Aí está a diferença. Eu acho — Riu. Logo o tom de seu sorriso sumiu um pouco. — Tem tudo preparado e empacotado para o Havaí? Angel assentiu, mas não disse nada. Se deu conta, que esta seria a primeira vez em um longo tempo que estaria longe de Sarah por mais de uma noite só como todos seus outros jogos fora da cidade. — Está animado? — Seus olhos brilharam um pouco no que podia assumir como uma tentativa de parecer animada por ele. Outra vez não disse nada, mas negou. — Por quê? — Pergunto confusa. — Estamos falando do Havaí! Será emocionante! Levantando lentamente uma sobrancelha, Angel a observou. — Você estaria realmente animada? Inclusive, se fosse sem mim? Seu grande sorriso se desvaneceu e fez uma careta. — Provavelmente não, mas deveria tentar tirar o melhor disso.


— Tentarei — Disse, a beijando brandamente. — Só sei que não importa com tudo o que veja ou faça lá. Estarei desejando que estivesse com você. — Também é um grande jogo — Disse ela. — Sim — assentiu. — E é o que mais estou esperando, não o voo de cinco horas de ida e volta. Não estar em uma afastada e incrível ilha romântica... com meu irmão. Sarah riu. — Bom, tenho certeza que ele vai fazer a maior parte da ilha romântica. — Isso fez que a testa de Angel franzisse. — Isso não é nem aqui nem lá, Sarah. Sabe que tudo o que estarei pensando é a respeito de você todo o tempo. Reitero essa última declaração de maneira não verbal, usando seus lábios por alguns minutos antes de finalmente a deixar ir. Amanhã era seu último dia aqui e logo iria para um fim de semana longo. Estava feliz que deixaram fora em seu caminho o primeiro encontro com Leo e foi bastante singelo. Já começava a se sentir um pouco melhor a respeito de todo o assunto.


CAPÍTULO TREZE

— Tem certeza? — Perguntou Valéria a Sarah pela terceira vez. Sarah assentiu enquanto caminhavam de volta ao seu estacionamento da universidade onde os ônibus estavam levando a equipe ao aeroporto. Para sua surpresa, Valéria, apareceu para se despedir de Alex da maneira que Sarah fazia com Angel. Valéria e Alex estavam tendo uma de suas semanas amigáveis juntos, mas tinha certeza que Valéria não estava alimentando suas esperanças de que não escutaria nenhum rumor de como ou com quem ele estaria no Havaí neste fim de semana. Esta era a razão pela qual ainda tinha planos para ir ao Havasu para o fim de semana e estava tentando convencer Sarah ir com ela. Sarah estava tão agradecida de não ter que se preocupar com esse tipo de coisa com Angel. Nunca admitiria, mas uma pequena parte se preocupava em escutar alguma coisa. Mesmo que fosse apenas Dana tentando atrapalhar sua relação com Angel. Ela sempre tentava fazer alguma coisa irritante, isso ainda a incomodaria mesmo sem querer dar esse prazer para Dana. Ainda, haviam as outras animadoras, que também estariam no Havaí esta semana. Algumas delas tentaram várias vezes seduzir Angel. Afastando os pensamentos inquietantes, virou de novo para Valéria.


— Tenho um trabalho que realmente preciso fazer — recordou Sarah. Se tratasse de qualquer outra pessoa, também poderia acrescentar que não ia para não deixar Angel chateado. Quando mencionou o convite de Valéria, Angel não disse que não se importava que fosse, mas também não disse que estava de acordo. Além disso, o conhecia muito bem. Todos sabiam que seria uma grande festa de universitários bêbados e foi honesta quando disse a Leo que esse tipo de coisa não era para ela, se Angel não fosse junto. Mas se dissesse isso para sua prima, se sentiria esfregando no seu nariz o fato de que Alex e Valéria têm o mesmo que ela e Angel. Então, deu a desculpa de que tinha trabalhos para escrever, o que não era uma mentira. Depois de se separar de Valéria, Sarah foi à praia onde se encontrou com Sofie para correr. Correram alguns quilômetros e depois pararam no final do cais e beberam um pouco de água. Se inclinado sobre um lado e recuperando a respiração. Levantou os olhos e viu Sofie perdida em seus pensamentos. Sarah olhou na direção em que Sofie estava olhando e observou um enorme casco de navio de guerra. No início daquele verão, Sofie e Eric terminaram pouco depois que Sofie permitiu que um antigo vizinho a beijasse, um bonito infante da marinha americana que retornou para casa de licença. Apesar de ela e Eric superarem e arrumarem as coisas depois, Sarah sabia que Sofie ainda lutava com a culpa. Sofie confessou a Sarah que se sentia confusa no momento em que ocorreu, porque nunca imaginou ferir Eric. Sarah se perguntou se Sofie poderia estar pensando nisso agora. — Tudo está bem entre você e Eric? — Perguntou Sarah, tomando outro gole de sua água. Sofie saiu de seu estupor e olhou para Sarah com uma inclinação de cabeça.


— Sim — Disse, mas não foi muito convincente. — Estamos bem. É só que... — Respirou fundo e olhou para outro lado. — Só que, o que? — Perguntou Sarah. Sarah sabia que era provavelmente a única que Sofie compartilhou detalhes íntimos do que realmente aconteceu com esse beijo. Estava bastante segura de que Sofie não falou com ninguém mais a respeito disto. — Simplesmente não consigo me livrar da culpa — Disse Sofia, respirando profundamente. — Continuo me perguntando por que fiz isso. Por que permiti que me beijasse quando amo tanto Eric? Por que escolheria ferir e possivelmente perder Eric assim? A única coisa que posso pensar é que nem me dava conta, mas suponho que meu corpo... meu coração estava curioso e inclusive entusiasmado por algo diferente, embora fosse uma só vez — virou para Sarah com uma expressão solene. — Nunca direi nada a Angel. Prometo. Isto ficará completamente entre você e eu, mas, alguma vez você já se sentiu assim? Você e Angel estão juntos há anos e ele é praticamente seu primeiro amor, seu primeiro tudo, certo? Assentindo, Sarah confirmou que Angel era seu primeiro tudo. No que ela se referia, os poucos beijos, ou inclusive as poucas vezes que ela teve um caso com alguém mais antes dele, eram insignificantes em comparação com o que tinha com Angel. Certamente nunca sentiu esse tipo de emoção que só Angel era capaz de fazê-la sentir. — Então, alguma vez teve outra experiência com outros meninos? — Não, não tenho nada remotamente próximo ao que experimentei com Angel. — Está bem. — Disse Sofie. — Não estou tentando fazer me sentir melhor aqui nem nada. Só estou tentando entender como deixei isso acontecer. Você acha que alguma vez teria um momento de paixão com


alguém mais? Inclusive por curiosidade? — Sofie levantou as sobrancelhas de uma maneira esperançosa. — Ainda mais, se o cara for extremamente atraente e seja apenas um beijo inocente? Sarah deu um olhar de cumplicidade. — Em primeiro lugar, você e eu sabemos que sem importar quais sejam as circunstâncias, eu dando um beijo em outro menino nunca seria considerado inocente por seu irmão. — Sorriu para tentar aliviar a culpa óbvia de Sofia. — As coisas são diferentes com Angel e comigo, Sof. Você e Eric estavam praticamente apaixonados desde que eram crianças. Seu coração nunca teve a oportunidade de considerar a possibilidade de que alguém mais poderia te entusiasmar. Não só é diferente para mim e para Angel, mas estraguei tudo no começo e isso nos colocou em uma situação estranha. Já sei o que ele sente, eu o feri mesmo sem intenção. Vi a mágoa e a dor pelo que o fiz passar e como você, Sof, nunca faria isso outra vez. Somos humanos. Cometemos enganos. Minha mãe sempre diz: "Uma vida sem erro é uma vida sem experiências". Sem estas experiências, Sof, talvez sua curiosidade se manifestasse um pouco ainda mais forte, algo que seria muito mais destrutivo para sua relação. Fique feliz de que foi apenas um beijo inofensivo, o que te deu uma ideia de como seria perdê-lo. Pare de se culpar. Contanto que tenha aprendido isso e Eric tenha te perdoado, deixe ir. Sorrindo, deu um tapinha no ombro de Sofia. Sarah sabia de primeira mão tudo sobre a culpabilidade. Apesar de nunca querer magoar Angel da forma que o fez há anos, ainda se sentia horrível. Durante muito tempo, foi perseguida pela dor em seus olhos daquela horrível noite em que a verdade sobre Sydney apareceu da pior maneira imaginável. Como Sofie, também conhecia muito bem a dor de quase perder o homem que amava. Foram poucas semanas, mas foram as semanas em que mais sofreu na vida.


No momento em que terminaram de falar, Sofie disse que se sentia melhor. Terminaram de correr e Sarah foi para casa. Seu telefone tocou quando entrava no estacionamento de seu apartamento. Respondeu com um sorriso. — Olá, Syd. — Simplesmente estava pensando em você — Disse ele, esmagando algo. — Verdade, por quê? — Estava trocando os canais e vi alguns dos destaques dos jogos universitários de amanhã. Mencionaram o jogo de San Diego-Havaí. Isso me fez pensar nessas imagens de Dana e Angel. — Ela ficou em silêncio por um momento. — Sei que disse que não te incomodava, mas vamos lá, Sarah, sou eu aqui. Não teria nem mencionado se elas não o fizessem. Só queria ver como está lidando com isso. Ele foi, certo? — Sim, foi esta manhã — Disse Sarah, indo para a porta principal. Sua mãe estava no chão fazendo ioga em frente à televisão. Nem abriu os olhos e Sarah sabia que tinha que ficar em silêncio. — Espere — sussurrou e correu para seu quarto. Depois de explicar sobre a ioga de sua mãe, respondeu a seus comentários. — Na verdade, não me incomoda. Sei que posso confiar em Angel. É nela em que não confio e então, não posso evitar de me perguntar se quaisquer dessas outras cadelas da equipe que ainda paqueram ele descaradamente, tentarão algo ardiloso neste fim de semana. Simplesmente não quero voltar para aquela universidade de merda com todos os rumores. — Então não escute nada disso. Quero dizer, inferno, como poderia saber, sem procurar? Simplesmente não procure.


— Não vou — explicou. — Mas Valéria sempre parece encontrar essas coisas. Deixou de fora que sabia por quê. Valéria procurava coisas sobre Alex e acabava encontrado essas coisas sobre Angel. Sarah sabia que seria fácil pedir a sua prima para não contar sobre as coisas que ler sobre Dana e suas fotos, mas em seu coração, Sarah não queria baixar a guarda. Assim, enquanto não estivesse farejando nada, se Valéria encontrasse algo, queria saber o que era. Para surpresa dela, Sydney mudou de assunto abruptamente. — Então, esse cara, Leonardo, que comentou tantas fotos suas no Facebook hoje, é o Leo? — O quê? — Perguntou confusa. Além de seu irmão, não recordava de ter nenhum amigo no Facebook chamado Leonardo. — Não, Leonardo não tem Facebook. — Ortiz, certo? — Sim, é ele. — Disse, sentando e abrindo seu laptop. — Ele comentou minhas fotos? Disse que não gostava muito das redes sociais. — Bom, seu perfil parece bastante recente, apenas alguns amigos e quase nenhuma foto. Não tinha certeza se era ele, porque as fotos que tem são de logotipos de equipes de futebol, automóveis e algumas fotos de um lago distante, nada dele em primeiro plano, assim não tinha certeza. Só notei porque comentou em algumas que estou marcado, então recebi a notificação. Sarah acessou sua conta. Tinha um montão de notificações e uma solicitação de amizade de Leonardo Ortiz. Aceitou sem pensar e então, foi olhar seus comentários. Eram muitos.


— Hmm, deve ter acabado de fazer. De certo modo, ri dele por ser antiquado e não ter um. Sydney ficou calado por um momento, enquanto ela continuava pressionando as teclas em seu laptop. Chegou ao primeiro comentário, que estava em uma foto dela, correndo pela linha de chegada de uma corrida de revezamento que ganhou no ano passado. Seu comentário era "Superstar! Eu adoro! Tanto orgulho!". Para muitas de suas fotos de perfil ou fotos dela sozinha, comentou apenas com uma palavra: "Linda". Então, estavam essas dela e Sydney no ensino médio, fazia muito tempo, quando ela estava participando do Flagstaff. Em uma delas, Sydney e ela estavam parados na linha lateral em uma de suas reuniões de atletismo e Syd tinha seu braço ao redor dela. O título dizia: "Sydney. Minha rocha". O comentário de Leo era: "Preciso conhecer esse cara". Notavelmente, não comentou nenhuma das fotos dela e Angel, incluindo sua foto de perfil, onde ela estava encostando sua cabeça no peito de Angel e ele estava beijando sua testa. As fotos dela e Angel constituíam a maioria de suas fotos do Facebook, mas também tinha muitas nas que saía com Valéria, sua mãe e a família de Angel. Havia uma foto dela e Sydney, também daqueles tempos antes da mudança para a Califórnia. Estavam sentados em um tronco de carvalho gigante que havia no quintal de Sydney, saudando sua mãe, que tirou a foto. O título dizia: "Meu irmão favorito" com uma carinha piscando os olhos depois disso. Era uma foto que Sarah publicou há muitos anos, junto com o título tolo. A carinha piscando os olhos, porque obviamente Sydney era a única pessoa que podia ser um irmão para ela. O comentário de Leonardo nessa foto era "Umm, não".


Depois de clicar em alguns comentários semelhantes ou corações que comentou em suas fotos sozinha, ela viu o comentário que ele fez em uma foto de Angel e ela. Tiraram há mais de um ano. Era um selfie que tiraram deitados no sofá dos pais dele. Ela se lembrava de Angel segurando o telefone no alto enquanto ela pressionava um lençol contra seu peito, obviamente não mostrava muita coisa. Não era indecente e ambos estavam muito felizes. Era um fim de semana pouco comum e tinham a casa só para eles e o título dizia "Brincando em casa neste belo dia de chuva". O comentário de Leo era: "Concordo com sua mãe” Confusa, Sarah pensou nisso por um momento. Sua mãe? Clicou nos comentários anteriores e para seu horror, viu o comentário que sua mãe deixou há quase um ano também. "Sarah Lynn, espero que esse não seja meu sofá! Realmente penso que não deveriam estar publicando fotos como esta. Sim, espero que continue no controle de natalidade". Tinha vários "curtiu", incluindo vários comentários “LOL". Valéria inclusive compartilhou a publicação com o comentário "porque os pais não deveriam ser permitidos no Facebook". Sarah sentiu seu rosto ruborizar. Não podia acreditar que não viu isso. Sydney finalmente voltou a falar: — Lynn? Inclusive segurando o telefone contra sua orelha, quase esqueceu que Sydney continuava na outra linha. — Sim — Disse, sacudindo seu rosto ainda quente e se sentindo tola, sem mencionar a grosseria. Ficou tão presa nos comentários de Leonardo que ficou sem lembrar de Sydney todo esse tempo. — Estou aqui. Sinto muito. Estava apenas olhando os comentários.


— É ele? — Sim, é ele — Disse, sem adicionar nada mais. — Tem bolas, não? — Mm — Disse. — Bem, eu brinquei com ele por não ter uma página no Facebook, então acredito que esta é sua maneira de tentar ficar em dia rapidamente. Não sabia por que estava tentando justificar as ações de Leonardo. Simplesmente se sentia tão bem depois de conhecê-lo e de contar a Sydney a respeito, que talvez, sua relação com seu irmão finalmente começaria a ser como algo normal. Inclusive, sua mãe parecia satisfeita quando Sarah contou como foram as coisas. Não queria que a falta de criatividade de Leonardo, ou sua "abundância de bolas", ao comentar suas fotos arruinasse a confiança que Angel e Sydney estavam começando a ter. — Sim, mas... — As redes sociais são aparentemente novas para ele — Disse Sarah, um pouco arrogante, então suavizou o tom. — Obviamente não conhece as normas de etiqueta. Talvez nem saiba que todo mundo pode ver seus comentários, ou algo assim. Está bem, talvez isso fosse um pouco forçado, mas não seria inédito. Sua mãe era o exemplo perfeito e Valéria tinha razão. Deus sabe que se arrependia de ter criado uma página do Facebook para sua mãe no ano passado. Sarah agora removeria esse comentário, um que obviamente pulou quando estava fazendo uma limpeza no ano passado. A mulher comentou cada uma de suas fotos. Inclusive, tinha algo a dizer sobre as piadas internas que Sarah publicava em seu status. Sydney ficou calado por um momento e ela desejou não conhecê-lo tão bem, porque sabia que ele não acreditava.


— Está bem — admitiu, enquanto excluía o comentário de sua mãe e passava por suas fotos para ver se tinha algum outro comentário embaraçoso de sua mãe. — Talvez devesse dar uma lição rápida e suja do que se faz e não se faz nas redes sociais, como tenho que fazer com minha mãe. O que comentou não estava tão mal. — Disse, inclusive enquanto escondia alguns dos comentários de "linda" que Leo postou e esse, que estava de acordo com sua mãe. Angel nem entenderia este ponto, uma vez que ela excluiu o comentário de sua mãe. E inclusive se o notasse, o que era muito improvável, Angel não era um grande fanático do Facebook. Por mais que tivesse zombado de Leonardo, Angel era igualmente ruim nas redes sociais. Mas pelo menos, Angel tem uma conta há mais de um ano. Simplesmente não a usava muito. Entretanto, queria evitar um conflito desnecessário. Nesse momento uma mensagem instantânea saltou em sua tela. Leonardo: Eu gostaria que nós tivéssemos tirado fotos. Poderia ter adicionado na minha página do Facebook. A próxima vez que te ver, temos que tirar algumas. Merda! Seria como sua mãe. A coisa era, mesmo que Angel não olhasse seu Facebook frequentemente, muitas vezes, ela deixava sua página aberta em seu computador quando Angel estava perto. Não tinha nada para esconder e ainda não tinha, exceto possivelmente alguns inocentes comentários que poderiam ser interpretados como inapropriados. Não querendo começar com maus hábitos e tendo Leonardo pensando que teria que responder suas mensagens do Facebook imediatamente, decidiu que não o faria até mais tarde essa noite.


Sydney estava de acordo que devia dar um aviso, a respeito de como qualquer um poderia ver o que comentou e que as pessoas marcadas automaticamente recebem uma notificação, que era uma boa ideia. Ela e Sydney falaram por outra meia hora, com Sydney falando a respeito de sua nova companheira de quarto, seu trabalho e algumas das outras pessoas que conheceu até agora em Los Angeles. Sarah estava feliz, mas não surpresa de que Sydney se virasse tão bem. O que surpreendia era o término com Carina, que realmente foi definitivo. Não perguntou há um tempo, então decidiu fazer agora. — Sydney, então, as coisas estão terminadas de verdade entre Carina e você? Nem conversaram ou enviou alguma mensagem? — Nop — Disse Sydney friamente. — Liguei uma vez, porque soube que ela trancou um semestre. Estava preocupado. Me assegurou que estava bem, que precisava apenas ter uma pausa de tudo, então deixaria o semestre livre, mas que voltaria em janeiro. Sarah não podia nem imaginar a angústia que Carina deveria estar sentindo. Bem, podia. Viveu essa realidade quando terminou com Angel, mas eles estavam juntos há menos de seis meses na época. Depois de todos esses anos juntos, estaria devastada se terminassem. — E de qualquer maneira, me diria a verdade se estivesse chateado a respeito disto, certo? Tudo bem em sentir saudades, sabe. Estiveram juntos por um longo tempo. — Tenho saudades, Lynn — Disse para sua surpresa. — Tenho muita saudade. Mas não saudades das discussões. A constante tensão e o estresse de todas as brigas. Sério, mesmo com saudade, estou muito mais em paz agora. Estou bem; não se preocupe.


Depois de desligar, tomou uma ducha e ficou trabalhando em seus ensaios por um tempo. Estava feliz que depois de algumas horas, conseguiu um avanço. Seu telefone tocou enquanto ia para a cozinha. — É claro — murmurou, voltando para seu quarto. Pegou bem a tempo e estava aliviada que fosse Angel. — Olá, baby — Disse com um grande sorriso voltando para a cozinha. Era uma coisa estranha. Em um dia qualquer, quando ele não estava ao redor, porque estava no trabalho ou treinando ou qualquer momento que não o via o dia todo, não se sentia tão mal. Agora, sabendo que estava muito longe e estaria por dias, sentia saudades depois de apenas algumas horas. — Olá — Disse e podia escutar muitas vozes no fundo. — Acabamos de chegar ao hotel e agora estamos pelos arredores esperando nossos quartos e chaves. Havaí não é o que esperava. — Por quê? Explicou que seu hotel estava no centro de Waikiki, o que não era muito turístico e nem tão próximo a praia como imaginaram. Havia multidões, altos preços e muito trânsito. Angel estava esperando isoladas praias e árvores de palmeira. — Acredito que essas sejam as ilhas menos concorridas, baby. Escutei que Maui é linda. — Bem, quando te trouxer aqui é pra lá que vamos. — Disse. Ficaram conversando por um momento mais até que disse que conseguiu a chave do quarto e iria desfazer as malas e descansar um pouco. — Alguns vão fazer um pouco de turismo e possivelmente passar um momento na praia e então, conseguir algo para comer e retornar. Devemos nos levantar cedo amanhã de manhã. O jogo não começa até a tarde — explicou. — O


treinador nos quer na universidade às oito para fazer um pouco de alongamentos e aquecimentos antes de colocarmos os uniformes, então o ônibus estará aqui às sete — Fez uma pausa por um segundo. — Deus, queria que você estivesse aqui. Não podia deixar de sorrir e se sentir toda quente e confortável, o incentivou a aproveitar a viagem, apesar de esperar internamente que não aproveitasse muito. Disse que voltaria a ligar quando fosse para cama. Sua mãe escutou o final da conversa quando estava desligando. — Como é o Havaí? — Perguntou sua mãe, abrindo o refrigerador que Sarah acabara de fechar. — Diferente do que esperava — explicou o que Angel descreveu. — Sonho típico da grande cidade — Disse sua mãe, tirando as salsichas e maionese. — E vai sair esta noite? Sarah se virou para olhar sua mãe, um pouco irritada. — Não — Disse, falhando na intenção de não soar na defensiva. Sabia que sua mãe adorava Angel, mas nunca esqueceu uma conversa a respeito de Sydney e Angel, que tiveram apenas alguns meses depois que saiu da prisão, então continuou: — Ele e alguns outros jogadores só irão fazer um pouco de turismo e em seguida, pegar algo para comer — virou para sua mãe, que estava fazendo um sanduiche agora, sem ter certeza se estava evitando olhá-la de propósito. — Disse para aproveitar — adicionou de bom agrado apenas para demonstrar que não estava preocupada com o que estiver fazendo esta noite ou o resto do fim de semana. Sua mãe finalmente a olhou e sorriu. — Escutei casualmente algo esta manhã quando estavam falando sobre o jogo de amanhã. Acredito que é um jogo importante.


Sarah exalou feliz de que sua mãe mudasse o tema de Angel saindo, para o jogo. Falou com ela um pouco mais antes de voltar ao seu quarto para terminar seu ensaio. Se sentindo um pouco culpada pela maneira que falou com sua mãe depois do simples comentário, pensou em como ficou chocada depois que sua mãe saiu da prisão e fez outra confissão. Ela sentou com Sarah e admitiu que se sentia terrivelmente culpada de tê-la separado de Sydney. Disse que vê-los juntos enquanto cresciam mais e mais próximos, tinha certeza de que Sarah terminaria com Sydney. Era o porquê de ter recusado a deixar Sarah ficar com ele e sua família enquanto estava na prisão. Tinha medo de Sarah repetir o ciclo e engravidar no tempo que estivesse presa. Claramente, sua mãe estava equivocada a respeito do tipo de amor que Sarah tinha por Sydney. Mais de uma vez perguntou a Sarah se tinha certeza que não estava apaixonada por Sydney e possivelmente cometendo um engano que mais tarde lamentaria ao ficar com Angel. Quando Sarah disse a sua mãe a respeito de Sydney terminando com Carina e o porquê, sua mãe não parecia surpresa, mas não disse o que obviamente estava pensando. A mesma coisa que Angel pensou, que Sydney estava e sempre esteve apaixonado por ela. Esta era a única coisa que Sarah nunca compartilhou com ninguém. Nem com Angel. Nem com Valéria. E certamente não com Sydney. Por que não com Sydney? Seu melhor amigo com quem podia compartilhar tudo? Porque bem no íntimo, Sarah tinha medo de admitir que já se perguntou que sua mãe pudesse ter razão a respeito dos sentimentos de Sydney por ela.


Sarah nunca perguntaria porque conhecia Sydney. Se ele estivesse apaixonado por ela, ele nunca admitiria enquanto ela está com Angel. A não ser que perguntasse francamente. E se esse fosse o caso, Sarah não saberia como ficariam as coisas entre eles, especialmente depois que jurou nunca manter segredo de algo assim de Angel. Então, há muito tempo, decidiu que nunca perguntaria a Sydney.


CAPÍTULO QUATORZE

As coisas foram de mal a pior em questão de horas. O hotel ofereceu alguns ônibus de cortesia para passear ao redor com alguns dos membros da equipe, ir ao centro de Waikiki e algumas das atrações turísticas próximas. Alguns dos meninos começaram a falar de uma festa em um dos hotéis próximos. O motorista foi legal com eles, passeando por ali, mas advertiu que não podia esperar muito. Angel já disse a Alex que estava fora. Não tinha nenhuma intenção de ir à festa esta noite, especialmente sabendo o quão cedo tinham que acordar e que se alguém perdesse o ônibus amanhã, seria um inferno com seus treinadores. Angel não estava a ponto de ser um deles. Sabia que se um fodia, todos eles estariam pagando por isso, mas ele estaria condenado se fosse o único culpado. Foram devidamente advertidos na viagem de ônibus do aeroporto a seu hotel por seu treinador. — Não sejam idiotas! Vão conseguir algo para comer! Guardem toda sua energia para amanhã e coloquem seus traseiros na cama cedo. Se ganharem amanhã, terão amanhã e domingo de noite para celebrar. Mas esta noite, as luzes serão apagadas antes das dez horas. Angel estava ainda cansado pelo longo voo e acordaram tão cedo nessa manhã. Ir para o quarto, tomar uma ducha e falar com Sarah no telefone


seria ideal. Ao contrário, aqui estava, na festa do hotel, zangado consigo mesmo por não ter andando de volta para o hotel. Justo quando pensou que nada podia irrita-lo mais do que já estava, ouviu o mesmo chiado agudo que ouviu antes, só que esta vez, foi seguido por seu nome. — Angel! Logo que foi capaz de captar quem era que quase o derrubou, atirando seus braços ao redor de seu pescoço. Dana se afastou, chiando enquanto seus amigos estavam de pé ali dando grandes sorrisos e tirando fotos. Ela apertou de novo, mas ele aprendeu a lição há muito tempo. A sutileza não funcionava com Dana. Nem a cortesia. — Fora — Disse, a tirando de cima dele. Se ela estava envergonhada por sua recusa, fingiu que não, movendo seu chiado a Alex. Alex estava, como sempre, um pouco mais tranquilo quando se tratava deste tipo de merda. Angel praticamente podia sentir o calor aumentando em seus ombros e pescoço enquanto explicou que seus amigos e ela eram os anfitriões desta festa. Não só ia ter que explicar a Sarah que sua bunda idiota estava em uma festa de hotel, mas também, Dana era parte dela. Com todos os flashes das câmeras, sabia que as fotos estariam por aí também. Porra! Quando ela foi descaradamente se esfregando sobre Alex, Dana olhou para Angel, mordendo o lábio inferior provocativamente. Então, se virou para seus amigos e os apresentou a Angel e os outros caras. Tudo o que Angel podia pensar em fazer era uma corrida louca para fora dali e conseguir um telefone para falar com Sarah, assim poderia explicar antes que escutasse isto de qualquer outra pessoa.


Teve que esperar até depois que Alex se plantou com duas garotas em seu colo para ter sua atenção. Assim que a teve, ele fez sinal que estava fora. Alex franziu a testa, mas assentiu, indicando que o veria mais tarde. No corredor da porta, sentiu um puxão em sua mão e se virou justo quando Dana tentou segurar sua mão. Se sentindo além de zangado, Angel se deteve, puxando sua mão para trás e longe da dela. Não importava se era mal-educado ou não. Era Dana. Tinha que ser grosso para ela entender, como na escola secundária, que era como uma dor na bunda e aparentemente, as coisas não mudaram. Os olhos de Dana se abriram amplos como se não segurar sua mão fosse um choque para ela. — Só ia perguntar aonde você vai — Disse, sacudindo sua cabeça, confusa por sua reação. — Está louco? — Não, estou apenas... — Isto é porque abracei o seu irmão? — O quê? — Se não estivesse tão fodidamente irritado, poderia ter rido disso. — Espero que não pense que estava paquerando ele nem nada porque... — Dana, não me importa... — respirou profundamente antes de ficar muito histérico. — Não me importa o que faz com meu irmão nem ninguém, certo? Estou com pressa para sair daqui, porque estou ansioso para falar com Sarah — Simplesmente dizer em voz alta, o deixou mais ansioso. — Se lembra, certo? Minha namorada? A mudança em sua expressão foi imediata e Angel quase desejava que dissesse alguma coisa negativa a respeito de Sarah para que pudesse sair dali. Ele estava falando de forma agradável.


Uma forte comoção atraiu sua atenção e virou para ver uma briga e um monte de corpos sendo empurrados ao redor de onde Alex esteve, mas não viu Alex. Talvez fosse ele um dos caras que estava no meio de tudo isso. —

Merda!

Murmurou,

entrando

na

multidão.

Não

estava

preocupado que Alex acabasse ferido, mas a última coisa que seu irmão precisava era terminar na cadeia na noite antes do jogo. Quando conseguiu chegar, havia coisas no caminho e tantos gritos que os seguranças chegaram. Alex não estava no confronto, mas era um dos caras tentando conter seu companheiro de equipe. Havia muita gritaria, mas pelo que Angel podia entender, uma das estúpidas amigas de Dana estava roçando totalmente sem vergonha em Alex e seus amigos e seu ex-namorado, um dos jogadores do Havaí, não viu isso com bons olhos. Discutiram, os empurrões começaram e indevidamente os punhos voaram. Quanto mais Angel pensava, inclusive quando chegou o segurança, mais ridículo era eles estarem aqui desde o início. Todos estavam de acordo em ir a uma festa onde os membros da equipe adversária com certeza estariam. Acrescente álcool à mistura e nenhum deles pensou que algo assim poderia acontecer? Quão estúpidos eram? Vendo que tinha uma chamada perdida de Sarah acrescentou mais frustração a sua enorme montanha. De algum jeito, Dana andou entre a multidão e ainda estava tentando falar com Angel, inclusive enquanto os policiais estavam prendendo às pessoas. — Tire uma foto comigo? — Não — Disse imediatamente, se afastando dela. — Só uma rápida — Disse ela. — Só quero...


— Sei o que quer — Disse Angel e virou para enfrenta-la. Sabia que usaria cada grama de controle nele para não se zangar com ela. Satisfeito que ainda fosse tão forte o barulho se inclinou em seu ouvido. — Não vou te mandar a merda, só porque não estamos na escola secundária, mas eu gostaria de pensar que amadureci um pouco. Mas me deixe te advertir, Dana. Sei o que está fazendo. É a mesma merda que fez na escola secundária. A diferença é que não tenho paciência agora. Se soubesse que estaria aqui, nunca teria vindo. — Ele viu lágrimas brotando de seus olhos e era de verdade. — Oh, pelo amor de Deus! Saiu irado e rezou para que a rainha do drama não viesse atrás dele. Por sorte, seria a única coisa boa que aconteceu essa noite. Mas a noite não terminou. Passava da meia-noite, ele e todos os outros idiotas que decidiram ir a essa estúpida festa estavam esperando que seu treinador os buscasse no lobby do hotel. Ou todos seriam levados à delegacia, como muitos que não eram jogadores de futebol, foram encarcerados ou foram liberados por seu treinador. Alex disse aos policiais que sabiam exatamente o que estavam fazendo. A viagem de volta ao hotel com seu furioso treinador seria pior que passar

algumas

horas

na

prisão.

E

levantar

às

sete?

Esqueça.

Provavelmente esperariam estar no ônibus às cinco a partir de agora. Amanhã ia ser um maldito longo dia. O treinador chegou com a testa franzida. Agradeceu aos policiais por não

os

prender

e

se

desculpou

com

o

pessoal

do

hotel.

Surpreendentemente, mas ainda mais temível, o treinador mal disse uma palavra na volta a seus quartos do hotel. Outra surpresa foi que seu ônibus às sete da manhã ainda continuava de pé. Alex e Angel só podiam pensar que não os queria mais cansados do que já estavam para o jogo de amanhã, mas depois os golpeou com algo que doeu mais.


— Espero que esta noite tenha valido a pena — Olhou em volta, observando a cada um deles enquanto ficava de pé quando chegaram ao hotel. — Espero que tenham feito sexo esta noite, porque depois do jogo de amanhã, ganhando ou perdendo, vocês são meus. Não tomem banho. Não se dirijam ao ônibus. Peguem algo para comer da máquina de venda automática ou o que possam conseguir no estádio e então, se encontrem comigo no campo quando a multidão se for. Vamos fazer exercícios até que estejam todos vomitando seus malditos pulmões. Depois, no domingo de manhã, voltamos a fazer novamente. No domingo à tarde... de novo. Golpeou suas mãos contra o teto do ônibus, depois desceu. Todos os jogadores

ficaram

ali

sentados,

esperando

ser

dispensados,

mas

observaram enquanto o treinador entrava no hotel e não saía. O condutor ficou de pé e os enfrentou com uma expressão desaprovadora, mas compassiva. — Acredito que é melhor vocês irem para cama agora. Todos ficaram de pé com lentidão e saíram do ônibus com o rabo entre as pernas. Angel estava tão zangado que quase podia rugir, mas não tinha sentido. Todo este fim de semana estava fodido agora. Mas inclusive, ele estava feliz com os dois treinos de domingo. Nada disso era pior que ter que explicar esta noite a Sarah. Angel tinha que conseguir chegar a ela antes que alguém mais o fizesse. Entenderia que não teve outra opção quando todos os meninos no ônibus começaram a gritar "Festa! Festa! Festa!". Supunha que deveriam votar se eles iriam à festa ou se voltariam ao seu hotel. Então, quando chegaram, não pôde ficar sentado ali no ônibus e se recusando a ir à festa. De verdade, considerou ficar no ônibus e tirar um cochilo. Pensou que se os meninos levassem muito tempo, o motorista não os esperaria e seria levado de volta ao hotel. Isso foi até que os meninos começaram a incomodá-lo. Inclusive Alex disse para não ser um covarde.


Agora, era quase uma da madrugada, tentando entrar em seu Facebook usando seu telefone com a bateria a ponto de morrer e falhando miseravelmente. Nem podia lembrar quando foi a última vez que se conectou, tentar lembrar sua senha era inútil. — O que está fazendo? — Perguntou Alex quando saiu do banho, sem camiseta e preparado para ir para cama. — Não me diga que está ligando para Sarah. São duas horas de diferença, você sabe? Então é perto das três lá. Angel sabia. É por isso que não ligou ou mandou mensagem. Sua única esperança era essa, inclusive, se Dana e suas malditas amigas postaram idiotices, teria umas poucas horas antes de Sarah acordar para ver. Pelo que sabia, Dana não era amiga de Sarah no Facebook. Sua única preocupação agora era Valéria. Foi ela quem disse a Sarah toda a merda que Dana publicou antes e se visse as fotos de Alex, iria ficar com raiva. Diferente de Angel, Alex não tinha escrúpulos em se atirar às mulheres entusiasmadas por ele e posar corpo a corpo como o centro das atenções que gostava de ser. — Não estou tentando ligar — Disse Angel, tirando o carregador de sua bolsa. — Estava tentando ver meu Facebook, ver se por acaso já tem fotos da festa. — Oh sim — Alex riu entre dentes. — Sarah vai amar especialmente aquelas com a Dana se agarrando em você. — Empurrei ela — murmurou Angel, apertando a mandíbula, chateado que obviamente Alex não estivesse preocupado com Valéria vendo as fotos dele e essas outras garotas presas a ele e as outras em seu colo. — Não se preocupa que Valéria veja?


Levantou os olhos bem a tempo para ver o rosto de seu irmão endurecer. — Não faço perguntas sobre o que faz quando não estou perto. — O que isso significa? — Perguntou Angel. — Porque estou completamente seguro de que se incomoda muito quando ela está com outros caras. Alex não disse nada; só ficou na cama, se cobrindo com as mantas e encolhendo os ombros. Angel não o entendia. Nunca seria capaz de considerar a possibilidade de que Sarah saísse com outros caras quando ele não estava por perto e nem que ela paquerasse como Valéria. Assim não podia entender como seu irmão aceitava isso. — Não te incomoda que ela possa estar com alguém mais quando não está...? — Não pergunto, porque não quero saber, está bem? — Espetou Alex repentinamente, soando oficialmente tão irritado como Angel se sentia agitado. — Agora, apaga as luzes e coloca sua bunda na cama. Amanhã vai ser um dia bastante longo. A tela no telefone de Angel ficou negra e se sentou na cama. Sarah enviou uma mensagem há uma hora para dizer boa noite. Nem ligou como prometeu. Durante toda a maldita festa, repetiu que esperaria até estar na tranquilidade de seu quarto de hotel, de maneira nenhuma ia ligar da festa, mas nunca teve a oportunidade. Dando voltas por um tempo, Angel pensou em tudo que enfrentaria no dia seguinte: tentaria ligar para Sarah de manhã antes de tudo, o grande jogo e os exercícios até que vomitassem. Se perguntou se poderia dormir.


********** — Vamos! Toda a cama sacudiu violentamente quando os olhos de Angel se abriram. Alex chutou a cama enquanto passava correndo para o banheiro. — Perdemos a hora — Disse. — O ônibus sai em quinze minutos. Angel deu um salto da cama. Alex saiu correndo do banheiro e Angel entrou logo depois dele. Escovaram os dentes, agarraram suas coisas e saíram correndo do quarto. Nem esperaram o elevador. Como estavam no terceiro andar, desceram correndo as escadas. Não foi até chegar no saguão com o resto da equipe sonolenta que Angel se deu conta que deixou o telefone ligado no carregador na mesa de cabeceira. Apertando os dentes, virou para Alex. — Trouxe seu telefone? Alex apalpou o bolso de sua camisa e revistou a bolsa, franzindo a testa. — Deixei no quarto. Maldição! — Acha que tenho tempo para subir e procurar o meu? O treinador entrou no saguão, sustentando uma xicara de café em uma mão e uma prancheta na outra. Apontou à porta com a prancheta. — Suas bundas já deveriam estar no ônibus. Vamos. Todos o seguiram e Angel só podia imaginar o quanto teria que implorar a Sarah quando finalmente retornasse a seu quarto depois de não ligar para Sarah ontem à noite, para então, deixa-la sem notícias durante


todo o dia. Finalmente seria capaz de explicar sobre ontem à noite. Ela não era do tipo que o faria rastejar, mas tinha toda a intenção de fazer.

A torrada que a mãe de Sarah preparou rapidamente essa manhã antes estava boa. Era exatamente como se lembrava de quando era criança. Apreciava uma das comidas favoritas de sua mãe, mas algo aconteceu. A única coisa que Sarah pensava era que esta não era a torrada que Angel preparou com tanto carinho e amor. Ainda tinha essa sensação desagradável em seu estômago também e não tinha nada a ver com isso. Enviou uma mensagem de boa noite para Angel na noite passada quando não teve notícias dele e estava preparada para ir dormir. Esperou uma hora, lendo na cama esperando ouvir seu telefone com uma mensagem dele, mas nada. Depois do café da manhã insatisfatório, voltou para seu quarto, determinada a não olhar seu telefone o dia todo. Tinha uma grande partida hoje e provavelmente havia um monte de coisas que o manteria ocupado a maior parte do dia. Seu coração deu um pequeno tombo quando viu a luz piscando em seu telefone de qualquer maneira. Olhou só para ver que era uma solicitação do FaceTime de Leonardo. Olhou a hora e viu que enviou fazia menos de cinco minutos. Já que seu laptop estava aberto, abriu e viu que estava conectado. Respondeu à solicitação e a tela apareceu mostrando através de seu telefone. — Olá! — Disse ela e então riu quando a cabeça dele sacudiu com surpresa.


— Olá, baby! — Disse, rindo e mantendo sua mão no peito. — Por um segundo, esqueci que liguei para alguém. Era a primeira vez que a chamava assim e embora fosse estranho, não sabia como responder a isso, então não o fez. No lugar disso, perguntou: — Qual o problema? — Está linda — Disse, sorrindo amplamente e não foi até quando se deu conta que estava com a camiseta do pijama e seu cabelo estava alvoroçado de ter levantado da cama não faz muito tempo. Penteou o cabelo um pouco e tentou dar uma resposta inteligente quando seu telefone apitou. Franziu a testa quando viu que era uma mensagem de Valéria.

Tenho curiosidade. Qual é sua explicação? Porque não vou segurar minha respiração para ter notícias de Alex até que retorne. Se tiver sorte. Duvido que vá dar mais explicações e eu não perguntarei.

Confusa, mas um pouco nervosa, porque ainda tinha essa má sensação em seu estômago, Sarah começou a responder. Não queria se meter no drama de Alex e Valéria, então respondeu com nada mais que com um sinal de interrogação. — É Angel? — Perguntou Leonardo. — Não — Balançou a cabeça, sorrindo e olhando de novo à tela. — É minha prima, Valéria. — A que ia ao Havasu este fim de semana? Já está lá? — Sarah pensou nisso. Boa pergunta. Valéria não disse quando ia.


— Não sei. Não me disse, mas estou segura de que irá se já não estiver lá. Só então o telefone tocou de novo, fazendo com que seu estômago se encolhesse um pouco.

Não falou com Angel? Então não sabe sobre ontem à noite?

Oh, Deus! Sarah franziu a testa. Fosse o que fosse, não ia deixar que Valéria contasse. Sarah sabia em seu coração que Angel jamais faria nada que a incomodasse. Mesmo assim, não podia evitar de se perguntar por que não teve nenhuma notícia dele ontem à noite e nem essa manhã. Respondeu com três palavras.

Não e não.

Ao invés de responder, Valéria estava ligando. Sarah perguntou a Leonardo se queria esperar ou se preferiria ligar mais tarde, mas tinha que aceitar a chamada. Ele optou por esperar, então respondeu ao telefone e se afastou da escrivaninha. — O que está acontecendo? — Perguntou com cautela, tentando não parecer preocupada. — Tudo bem, por isso ouça, toda a equipe está em uma merda profunda agora mesmo — começou Valéria sem cumprimentar. — Acho que tinham que deitar cedo ontem à noite, mas no lugar disso, todos decidiram ir a uma festa em um hotel preparado por alguém da equipe do Havaí. Em


primeiro lugar, o quão estúpido é isso? Como se não fosse haver uma briga inevitável? — Houve uma briga? — Perguntou Sarah, se sentindo alarmada. — É obvio! — Se zangou Valéria. — Não sei quem brigou nem nada. A única coisa que sei, é que chamaram à polícia e os meninos da equipe foram liberados pelo treinador para que não prendessem ninguém, mas você está pronta para isto? Sarah abraçou a si mesma. — O que? — A festa foi organizada por ninguém menos que Dana e suas estúpidas amigas e antes que pergunte, há fotos dela, Alex e Angel e um monte de outros caras da equipe no Facebook dela e de seus amigos, mas é claro, as dela e Angel foram as primeiras a aparecerem — Sarah podia ouvir o veneno nas palavras de Valéria, mas não podia culpá-la. Sarah começou a ficar um pouco irritada. Angel não se incomodou em ligar nem enviar uma mensagem ontem à noite. — Também há algumas fotos de Alex com duas putas no colo e parece estar se divertindo. Juro, Sarah... — Sua voz finalmente se rompeu e Sarah teve pena dela. Sarah nem viu as fotografias e já doía que Angel tivesse posado, sabendo bem o que pensava de Dana. Valéria viu as fotos de Alex com garotas em seu colo. — Valéria, querida... — começou. Ela ouviu Valéria inalar fortemente e limpou a garganta. — Não. Terminei Sarah. Provavelmente esteja por aí se atirando em uma dessas putas que tão alegremente abriu suas pernas para ele. Sabe o


que me disse ontem quando fui me despedir? — Fez uma pausa, mas não esperou que Sarah perguntasse. Já sabia o que Valéria ia falar. — Disse que já sentia minha falta e que queria que fosse com ele. Desde a festa de Max, foi um encanto. Acreditei de verdade. Sou tão estúpida — Sua voz se rompeu de novo, mas se conteve. — De qualquer maneira, ainda irei ao Havasu com Mônica. Ela está cuidando de seu irmão mais velho enquanto sua mãe dorme mais algumas horas. Ontem à noite trabalhou e seu irmão é autista. Não pode ficar sozinho, mas assim que sua mãe acordar, nós vamos. Você ainda vai ficar em casa com sua papelada? Um milhão de perguntas passavam pela cabeça de Sarah de uma vez. Por que Angel não ligou nem enviou nenhuma mensagem ontem à noite? Por que não ligou esta manhã? Havia fotos doentias dele e Dana ou de qualquer uma dessas putas? Sairia de novo com elas hoje e amanhã? Tudo se reduzia a uma coisa, a única que a acalmava: Angel não faria isso. O conhecia muito bem. Sabendo que Valéria estava a ponto de chorar e que não tinha como negar as fotos de Alex não com uma, mas com duas garotas em seu colo, não diria a Valéria o que pensava. Estava certa que Angel tinha uma boa explicação para estar na festa de Dana e não se incomodou em ligar. Embora começassem a se formar borbulhas em seu estômago, Angel merecia o benefício da dúvida. — Havasu soa divertido — Disse, tentando soar como se de verdade estivesse considerando — mas sim, ainda tenho que trabalhar nesse ensaio. Valéria esteve calada por muito tempo e Sarah se perguntou se estava chorando ou talvez chateada com ela por não querer ir. — Val? — Hmm?


— Está bem? — Sim — Disse, mas soava distraída. — Escutou o que eu disse? — A respeito de seu ensaio? Sim, escutei. Só estou... Ugh!! — Disse de repente. — Deveria apenas deixar de se esconder. Quanto mais fotos dele eu vejo, mais quero jogar este maldito iPad na parede. — Bom, então pare — Disse Sarah firmemente. — Não deixe que essas putas façam com que quebre seu iPad. — Estou fazendo — Disse Valéria. — Vou parar agora e não quero que fique louca, mas há mais de Angel e Dana desta vez. É como a cadela se desse conta que deveria ter tirado mais fotos no ano passado, então planejou desta vez. Mas se for um consolo, não parece presunçoso e confortável, não está desfrutando cada momento como Alex — Exalou dramaticamente de novo. — Isso é tudo. Já cansei de ver, especialmente porque, tudo que estou lendo foi antes da festa. A verdadeira festa começa esta noite. Não verei minha página do Facebook até que termine o fim de semana — riu de repente e então adicionou: — A quem estou enganando, certo? Mas ao menos, vou estar festejando por mim mesma. Vou entrar no banho agora e me arrumar. Se mudar de opinião, nós iremos daqui algumas horas, então me deixe saber. — Bem, obrigada — Disse Sarah, sabendo perfeitamente que não o faria. Quando voltou a ver seu computador, Leonardo ainda estava sentado ali, revisando seu telefone. — Me desculpe por isso — Disse ela e ele levantou os olhos. — Está tudo bem — Sorriu. — Então, sua prima ainda vai ao Havasu? — Sarah assentiu, jogando seu cabelo para trás e arrumando com uma


presilha. — Se Angel estará fora todo o fim de semana, por que não vai com ela? — Porque — Disse, reduzindo o tamanho da janela da conversa e abrindo outra para o Facebook, — tenho um ensaio que preciso terminar. Não mencionaria que, como Angel não

ligou ontem à noite,

praticamente já terminou. Tinha apenas que finalizar para ter certeza que esteva perfeito. Mesmo assim, não ia começar a jogar da maneira que Alex e Valéria jogavam. Não queria levar sua relação com Angel dessa forma. — Sua prima vai vir por um dia ou todo o fim de semana? — Acredito que todo o fim de semana — Disse Sarah sem ver a janela em que ele estava. Seus olhos já estavam concentrados em alguns dos comentários que as pessoas de sua escola secundária estavam falando. Havia um jornal local do Waikiki falando a respeito do tumulto dos meninos universitários. Sarah olhou a história, mas não mencionavam nomes. Entretanto, dizia que foi quase à uma da manhã quando as coisas finalmente se acalmaram e os jogadores de futebol puderam seguir seu caminho com o treinador. Então clicou em outro link que alguém postou da festa. Estavam dizendo sobre os motivos da confusão. Então boom. Aí estava: o implacável golpe. Ouvir sobre as fotos de Angel com Dana era uma coisa, mas as ver a deixou doente. Só o sorriso na cara de Dana era repugnante, mas ver seus braços fortemente ao redor de Angel fez com que sua pele se retorcesse. Clicou no resto e viu foto por foto da festa. As de Dana e Angel pareciam ser iguais, com apenas pequenas diferenças, como se alguém tivesse tirado as fotos enquanto ela se envolvia ao redor dele. Valéria tinha razão, não parecia nada feliz como alguns dos outros caras nas fotos, escutar a respeito das fotos e as ver eram duas


coisas diferentes. Sabia exatamente ao que Valéria se referia, querendo jogar a maldita coisa na parede. — Aconteceu algo? De maneira nenhuma ia ser capaz de se concentrar até que soubesse de Angel. Pegou seu telefone para verificar se perdeu alguma ligação ou mensagem. Então, pegou e verificou as mensagens dele, esperando que tivesse mandado alguma. Nada. — Baby. Sarah levantou os olhos finalmente. O termo carinhoso parecia estranho ainda, mais nesse momento, se sentia muito aflita para dar alguma atenção. — O que aconteceu? — Perguntou Leonardo, o olhar em seu rosto estava genuinamente preocupado. — Parece chateada... — Não estou. — Sério? — Disse ele, a fazendo se sentir um pouco estúpida, porque claramente estava. Seus olhos estavam de volta nas fotos e pensou a respeito da verdadeira festa desta noite. A maneira que as duas garotas estavam sentadas no colo de Alex a lembrou de algo que Valéria disse uma vez. Como Angel tinha que ser um santo para ignorar as cadelas que se ofereciam tão facilmente, que chupavam como estrelas pornô. Se perguntou se por acaso, Alex convidou estas duas garotas para seu quarto... um quarto que estava compartilhando com Angel. Levantando abruptamente, Sarah negou com a cabeça. Não faria isto. Angel nunca a trairia dessa maneira. Disso tinha certeza.


— Ouça. Sarah negou com a cabeça de novo, tentando em vão sacudir a desagradável sensação de apenas pensar na possibilidade de que Angel esteve tão ocupado ontem à noite, que nem teve tempo para mandar uma mensagem. Fechou a janela do Facebook. — Não vou mais olhar — murmurou através de seus dentes. — O quê? De repente, apareceu a outra metade, se deu conta que Leonardo ainda estava na tela, a olhando fixamente. — Sinto muito — Disse, levando a mão a sua boca. — O que aconteceu? O que está acontecendo? — Nada — assegurou. — É só... tenho que fazer outra ligação. Não quero te fazer esperar. Te ligo de volta, ok? Apenas deu a oportunidade de assentir antes de fechar a janela e agarrar seu telefone. Havia uma diferença de duas horas entre La Jolla e Waikiki, o que significava que lá era um pouco depois das sete da manhã. Ainda havia uma boa chance de que pudesse estar no ônibus ou ao menos nos vestiários colocando o uniforme para ir aquecer. Apertou a discagem rápida, mas foi para o correio de voz. Respirou fundo antes de enviar uma mensagem, sabia que uma vez que enviasse, não poderia voltar atrás. Então, não queria enviar nada que se arrependesse, mas certamente não estava com humor para ser doce. Escreveu as duas palavras que queria dizer e a enviou:

Precisamos conversar.


Com seu coração palpitando, voltou a apertar a discagem rápida. Assim que Sydney respondeu, começou a falar a quilômetros por hora. Precisava fazer para que se acalmasse para que se assegurasse que estava apenas tirando péssimas conclusões, para se lembrar que Angel nunca faria nenhuma das coisas que estava imaginando. — Está tudo bem, Lynni — Disse Sydney. — Primeiro de tudo, se acalme. Entendi a maioria do que disse, mas algumas partes não. Então, Angel foi a uma festa ontem à noite com Dana. Nunca te ligou ou enviou uma mensagem. Tirou várias fotos com ela e agora quer ir na festa de Havasu com a Valéria? Só então Sarah foi arrancada de seu humor próximo ao desespero e riu, se sentindo a rainha do drama. — Não! — Riu ainda pensando a respeito de como deveria ter soado para Sydney. Tomou uma respiração profunda, tentou de novo, só que desta vez mais calma — Foi a uma festa ontem à noite. Uma que Dana deu em um hotel. Não com ela. Mas agora, há todo tipo de fotos dele com ela na internet. Como ele não me ligou ou me enviou uma mensagem ontem à noite como disse que faria, estou ficando louca. E, não, não quero ir à festa de Havasu devido a isto. Sabe que isso não é para mim. É que isto já está me deixando louca e sei que não terei notícias dele pelo menos até esta tarde, quando seu jogo terminar. Vou perder a cabeça, então estava pensando, como meu ensaio está quase pronto, possivelmente deveria sair. Esfriar a cabeça. É o que Valéria está fazendo. — Deveria — Disse simplesmente. — Inclusive, se ele foi à uma festa e tirado fotos com Dana. Por que você não pode? É um fim de semana longo. Vá se divertir.


— Mas, não acha que depois de tudo que aconteceu, poderia pensar que estou sendo mesquinha, tentando dar o troco? — Pode ser que ache — Disse Sydney e então riu mordazmente. — Na verdade, acho que ele vai pensar exatamente isso, mas ele foi à festa de Dana, passou um momento com ela mesmo sabendo como você se sente a respeito disso e nem mesmo ligou. Então ele não pode discutir. Além disso, sabemos que ele não tem nada com que se preocupar. Não é como se você fosse ficar louca. Sorrindo fracamente, Sarah ainda decidia se devia sair ou não. Realmente, não queria que Angel pensasse que estava jogando, porque não era disso. Estava apenas assustada de como perdeu a calma e quase perdeu o controle. Sabia que se ficasse sentada o dia todo, acabaria vendo mais fotos, e se sentiria pior. Ficaria maluca se não se distraísse. Assim que desligou o telefone com Sydney, ligou para Valéria e disse que estava dentro. Valéria estava além de extasiada. Felizmente, não mencionou nada mais a respeito do Havaí. Sarah realmente não queria ouvir mais nada. Não de Valéria ou mais ninguém, além de Angel. O que ouvisse de qualquer outro, seriam rumores e só serviriam para chateá-la. Tirou sua bolsa de viagem e começou a jogar dentro algumas coisas. Se concentrou no que precisava. O frio já estava começando a aparecer aqui, mas perto da praia, Valéria disse que fazia uns trinta e sete graus no Havasu. Inclusive, disse que levasse traje de banho. Algumas horas depois, tomou banho, se vestiu e estava esperando por Valéria. Ainda não tinha notícias de Angel, mas imaginou que estava, provavelmente, na metade dos treinos de aquecimento para o jogo. Passariam ao menos algumas horas antes que escutasse algo dele. Estaria então, na metade do caminho para Havasu.


Repentinamente se recordou de como foi rude com Leonardo. Não querendo ligar seu computador, decidiu enviar uma mensagem.

Sinto muito por esta manhã. Aconteceram algumas coisas, mas foi realmente rude de minha parte. De qualquer forma, decidi ir para Havasu. Agora estou esperando que minha prima venha me buscar. =)

Diferente das outras vezes, não respondeu imediatamente e se perguntou se ficou chateado. Valéria e Mônica chegaram para pegá-la. Sua mãe retornou das compras com sua tia e a levou para fora, fazendo todas as usuais perguntas de mãe. Onde ficariam? Tinha dinheiro suficiente? Pegou roupa suficiente? E então, deu todas as usuais advertências sobre não beber e dirigir e cuidados com os loucos, etc. Finalmente, alguns minutos depois, estavam a caminho. — Ouça — Disse Valéria e Sarah procurou seu telefone no assento traseiro. — Mmmh? — Regras de viagem em estrada — Suas sobrancelhas se elevaram antes voltar sua atenção à estrada. — Nada de verificar Facebook. Nada de falar a respeito desses dois irmãos a menos que qualquer um deles ligue ou nos enviem uma mensagem diretamente. E nenhum mau humor todo o fim de semana, não importa o que aconteça. Vamos sair para nos divertir. Sei que não está solteira e não espero que atue como se estivesse. Mas sim, espero que se divirta, tudo bem? Nada de ser uma velhinha mal-humorada. Não foi para isso que te convidei.


Sarah franziu a testa, contente de que Valéria estivesse olhando diretamente para frente e não através do espelho retrovisor. Não importava que sua prima colocasse Angel na mesma categoria que Alex, porque estava longe disso. Mas a última foto que viu dele com Dana no Facebook era malditamente irritante. Jogou seu telefone em sua bolsa e olhou pela janela. — De acordo — Disse. — Nada de Facebook, nada de falar dos Moreno e nada de velhinha mal-humorada. Vou me divertir. Prometo. — Bom — Disse Valéria, aumentando à música e levantou o punho em triunfo. Tomando uma respiração profunda, Sarah teve um repentino pensamento. Ela e Angel foram inseparáveis por tanto tempo. O tempo todo que esteve com ele, nunca foi a uma festa sozinha. Não só estava indo agora, mas sim, estava indo para fora do Estado em uma grande e concorrida festa universitária e por todo o fim de semana. Antes que pudesse começar a se sentir mal e deixar que o mal-estar em seu estômago se manifestasse, se recordou que Angel estava no Havaí sem ela. Estaria fora todo o fim de semana e não esperou para se divertir. Na sua primeira noite foi a festa de Dana. A lembrança foi suficiente para apagar toda culpa que começou a sentir a respeito de fazer isto.


CAPÍTULO QUINZE

Seis horas depois, chegaram em Lake Havasu e o hotel estava bem ao lado da ponte de Londres. Já eram as seis da tarde ali e Sarah não pôde evitar de fazer os cálculos, isso seria justo depois das três no Hawai. Ainda era muito cedo para que Angel ligasse ou enviasse uma mensagem, o jogo provavelmente nem terminou. E se fosse assim, ainda tinha, pelo menos, uma hora de conversa nos vestiários repassando a estratégia de jogo. Antes que Valéria pudesse notar que estava verificando seu telefone, Sarah o jogou na bolsa. Valéria saiu do banho, usando uma minissaia branca

justíssima,

a

parte

superior

do

biquíni

jeans

e

saltos

insuportavelmente altos azuis. — Oh! Esse é o conjunto mais bonito — Disse Mônica. Valéria virou olhando Mônica com um sorriso de satisfação. — Obrigada, mas queria que fosse sexy. — Bom, também é sexy — Mônica riu, tirando um vinho doce da pequena caixa térmica que trouxeram para o quarto do hotel. — Acredito que nenhum garoto vá reclamar. Mônica, que era a mais alta das três, tirou um biquíni laranja brilhante da bolsa.


— Vou usar este com minha canga preta. — É lindo! — Disse Valéria. Sarah tragou saliva, pensando no que trouxe. — Vamos entrar na água esta noite? Mônica se encolheu de ombros, olhando para Sarah. — Não importa. Viu como estão vestidas todas as garotas lá fora? Faz calor. Sarah viu enquanto caminhavam pela avenida de badalação dos universitários e já estava se arrependendo, mas aceitou não ser antiquada, então, tirou o seu de dentro da bolsa. Já estava usando uma saia curta, era uma coisa de camuflagem verde militar para o verão, tirou uma blusa preta recortada, que pegou no último minuto e foi ao banheiro trocar pela camiseta sem mangas que estava usando. Não mostraria tanta pele como Valéria e a maioria das outras garotas, mas sua barriga agora estava descoberta, deixando à mostra o piercing no umbigo que Angel dizia que o deixava louco. Depois de terminarem várias cervejas e vinhos doces, retocaram a maquiagem, os cabelos e deixaram o quarto. Estar ali fora na multidão de solteiros, todos procurando se conectar, era uma sensação totalmente estranha. Sarah teve que lembrar que aceitou se divertir. Falar ou até mesmo sorrir para alguns meninos, não significava que estava fazendo algo de errado. Não poderia dizer a eles que na verdade estava em uma relação séria. Seria uma tolice, assim fez todo o possível para participar das brincadeiras e em dar voltas com o dedo nas mechas de seu cabelo, como Valéria e Mônica faziam. Houve momentos em que se preocupou, quando quatro meninos decidiram ficar com elas por algum tempo e se ofereceram para tirar as fotos quando notaram que Valéria fazia selfies em grupo das


três. Depois, um dos meninos tirou fotos de todo o grupo. Os outros três meninos posaram imediatamente com eles e parecíamos três casais. Sarah se inclinou para Valéria enquanto ela via as fotos sobre seu ombro. — Por favor, não publique essa foto. Valéria piscou, mas mesmo assim, Sarah ficou nervosa. Já era muito tarde e Angel continuou sem dar notícias. Era tão diferente dele, que Sarah estava começando a se preocupar. Algo estava errado ou ele estava com medo de falar com ela. Ambos os cenários faziam seu estômago revirar. A primeira hipótese era sua maior preocupação, porque no fundo de seu coração, não queria acreditar na última hipótese. Se apegou a sua regra mental secreta de manter o controle e revisar possíveis chamadas perdidas ou mensagens a cada meia hora, não mais que isso. O enorme relógio na ponte serviria para esse propósito. Não podia usar a desculpa de ter que ver a hora olhando seu telefone várias vezes, mas agora era o momento, assim que pegou o telefone. Nada de Angel. A decepção era entristecedora, mas ao mesmo tempo, se sentia um pouco mimada. Valéria suportou isto todo o tempo com o Alex, ele desaparecia por dias, algumas vezes por semanas. Angel não sumiu nem por um dia completo e Sarah se sentia a ponto de chorar. Respirou profundamente e olhou novamente, tinha uma mensagem de Leonardo. Quase se sentiu mal por ficar tão preocupada para saber algo de Angel que nem lembrava que Leonardo não respondeu sua mensagem. Recebeu há quase vinte minutos. Onde está? Respondeu simplesmente com a palavra “Havasu”, depois colocou o telefone no bolso. Essa primeira noite em Havasu passou bastante rápido e


sem problemas. A única inquietação verdadeira que sentiu em toda a noite, era que a cada momento, revisava seu telefone e não encontrava mensagens de Angel. Compraram uma pizza e foram para o quarto. Valéria pensou que seria melhor ter uma noite calma, já que ela estava cansada pela longa viagem e porque na manhã seguinte, iam ao lago logo cedo e estariam fora o dia todo. O coração de Sarah gemeu quando revisou seu telefone ao entrar no quarto do hotel e ver a chamada perdida de Angel e uma mensagem de texto. A onda de calor em seu estômago era irreal, se sentia quase como na primeira vez que começou a sair com ele ou recebeu uma ligação sua. Clicou no texto e seu coração quase se deteve.

SINTO MUITO. Por favor, me ligue.

Sua expressão deve ter ficado péssima ao ver essas duas palavras em maiúsculas, porque Valéria perguntou o que estava acontecendo. — É algo de Angel? — Perguntou, então deu um olhar de reprovação. — Ou está revisando o Facebook? Sarah negou, sentindo já um nó irracional em sua garganta. Ele só podia estar arrependido por não ligar o dia todo, mas por que não ligou? — É uma mensagem de Angel — Murmurou. A expressão de Valéria relaxou, ela também estava preocupada. — O que disse? — Que sente muito e que te ligue — Disse Sarah, já indo para a porta, pois tinha um mau pressentimento de que seria uma ligação que não deveria fazer na frente de Valéria ou Mônica.


— Como você está? — Não sei — Respondeu enquanto saía pela porta com o telefone já no ouvido. — O que você fez? — Perguntou no momento em que escutou sua voz. — Nada — Disse ele imediatamente: — Bom, além de ir a uma festa estúpida. Mas não tinha ideia de que era a festa de Dana e então, alguns idiotas começaram a brigar e chamaram a segurança. Ele explicou sobre o treinador prendendo os jogadores depois do jogo e fazendo eles correrem até que metade da equipe estava vomitando. Disse que ele e Alex esqueceram seus telefones no quarto, porque se levantaram tarde e tiveram que sair correndo. Seu coração e seus nervos se acalmaram com cada palavra que ia dizendo, mas ainda permanecia um fato que a chateava. — Por que você teve que sair em primeiro lugar? Pensei que havia dito que me ligaria ontem mais cedo e por que não ligou, ou pelo menos, me enviou uma mensagem? Esqueceu seu telefone outra vez? Ela o escutou exalar em voz alta. — Olhe, baby, não vou culpar mais ninguém. Pensei sobre isso a noite toda e hoje o dia todo. Recapitulando, poderia ter retornado ao hotel e mesmo assim, não teria me livrado de todo esse inferno que o treinador nos fez passar hoje, porque inclusive os meninos que não estiveram ontem à noite estão pagando pela nossa cagada. Mas pelo menos, não teria me preocupado com o que você pensaria — Inalou e Sarah podia escutar em sua voz que estava sinceramente chateado consigo mesmo. — Sinto muito, baby. Na verdade, todos estávamos no transporte do hotel e alguns dos meninos decidiram que queriam parar na festa. Juro que não tinha ideia de


que Dana ia estar lá. Não passei nenhum momento a sós com ela, absolutamente. Sarah sorriu quando seu coração começou a se acalmar. Seu coração nunca acreditou, nem por um momento, que ele a tivesse traído. — Estava muito preocupada — Sussurrou. — Sei que pegou mal toda essa história e nem tive a oportunidade de ver toda a merda que estão publicando hoje. Mas me informaram no ônibus. Escutei que inclusive publicaram em um jornal, mas você me conhece, Sarah. Espero que não passe o dia todo se preocupando e prestando atenção a todas essas notícias. Nunca faria nada que arriscasse te perder. Jamais. O nó que havia se formado em sua garganta foi repentinamente substituído por uma sensação de temor. Agora era sua vez de se justificar sobre onde estava e por quanto tempo estaria ali. Era um lugar para paquerar e sabia que Angel sabia. Era um lugar onde pessoas de sua idade estavam por dois grandes motivos: para festejar como loucos e esperar se dar bem. Não havia meio termo, era o que era. Ele nunca esteve em um desses fins de semana louco, mas Alex e muitos de seus amigos sim e ele sabia como funcionava. — Principalmente estava preocupada pensando que poderia ter acontecido algo com você. Ainda mais depois de ficar o dia todo sem notícias. — Acrescentou, pois ele ainda não explicou essa parte, todavia, continuou: — Porque independentemente do que aconteceu hoje, não soube nada de você ontem à noite. Isso é o que mais me incomodou. — Sei — Disse ele um pouco derrotado. — Foi mal, foi uma cagada. — Como? — Agarrou o telefone, sem gostar nada de como soava aquele comentário.


— Quero dizer. Não quis te ligar na festa, havia muito barulho. Pensei que estaríamos fora dali mais cedo, porque foi o que combinamos. Iria ligar quando tivesse de volta ao quarto, mas logo começou a briga. Os policiais nos prenderam até a chegada do treinador e então, o treinador teve que localizar o motorista do ônibus. Foi tudo um desastre e logo havia a diferença de horário, não podia te ligar às três da manhã. Mordendo o lábio, tratou de pensar na melhor maneira de soltar de uma vez por todas o que tinha que dizer, houve um silêncio durante algum tempo, assim que ele voltou a falar: — Não está zangada comigo, verdade? — Não — Disse rapidamente. — Bem, porque... — Estou em Havasu — Disse rapidamente. — Não queria estar de braços cruzados pensando nisso o dia todo. Já estava ficando louca e.... — Está em Havasu? — Sua voz perdeu um pouco da doçura. — Com quem? — Com a Valéria e sua amiga Mônica — Disse, fechando os olhos. — Mas não quero que pense que... — Está aí porque estava zangada comigo? — Não quero que pense isto, porque não estou — Disse com convicção. — Precisava me distrair, Angel. Se tivesse ficado em casa durante o dia de hoje, ficaria louca, esperando saber algo de você. — Então, quanto tempo você estará por aí? — Até na segunda-feira — Disse. Ele não respondeu Sarah não tinha certeza agora do que era pior: passar o dia seguinte se perguntando porque não teve notícias dele ou


passar da forma que suspeitava que passaria a partir de agora. Ele sabia que estava ali, caminhando de biquíni no meio de um mar de garotos com olhares lascivos, como os que viu esta noite. Essa mesma noite, no caminho de volta ao hotel, Valéria e Mônica já estavam planejando como seriam convidadas a um desses barcos de festa. Como conseguiriam entrar sem precisar desfilar em seus pequenos biquínis e bater insistentemente os cílios? Se Valéria publicasse qualquer uma das fotos e se Angel visse Valéria paquerando algum garoto em um desses barcos, saberia no instante que Sarah não estaria muito longe de sua amiga. — Muito bem. Nos veremos depois — Disse Angel abruptamente. — Se cuida. — Não, espera — Disse, agarrando o telefone. — Não fique chateado comigo. Juro que não vim aqui para me vingar de você. — Está bem, entendo. Tenho que ir. — Não, não... — Sim, de verdade. Tive um dia de merda e agora estou com dor de cabeça. Preciso me deitar. — Te amo — Disse com esse maldito nó de novo em sua garganta. — Sim. Também te amo. Tchau. Ele desligou e embora dissesse que a amava, teve a impressão de que acabara de desligar na sua cara, algo que nunca fez, em todos esses anos que estiveram juntos. No momento em que retornou ao quarto, Valéria entrava correndo do balcão onde ela e Mônica estavam tomando vinho doce e paquerando com alguns garotos. Sarah explicou sobre a festa no Havaí e por que não teve notícias. Valéria obviamente se deu conta de que, apesar do alívio que Sarah sentia de finalmente saber algo dele e ter a explicação que precisava,


ainda não se sentia bem sobre o assunto. Sarah comentou o fato dele ficar chateado por estar em Havasu. — Não é como se você fosse fazer uma loucura, Sarah. Ele sabe — Riu bobamente. — Você não é igual a mim. Geralmente, Sarah riria do comentário, mas só de pensar em como terminou a chamada, não estava de bom humor. Mesmo assim, Valéria acabou a convencendo a tomar o vinho doce e relaxar. Algumas horas mais tarde, estava se sentindo um pouco risonha. Mudaram a pequena festa para o quarto, pois alguns dos garotos de baixo sugeriram que os convidassem a subir e estavam se tornando um pouco insistentes sobre o assunto, embora Valéria saísse de vez em quando ao balcão. Justo quando Sarah começou a relaxar sob os lençóis, seu telefone tocou. Vendo que era Angel, limpou a garganta e fez seu melhor esforço para não soar entusiasmada, mas respondeu antes que pudesse tocar pela segunda vez. — Olá? — Olá, querida — Soava atordoado. — Ainda está acordada? — Sim — Disse, jogando o lençol e manta sobre sua cabeça. Franzindo a testa, desejou ter pedido a Valéria que baixasse a música que seguia saindo fortemente de seu iPad e ainda ouvia as altas risadas de Valéria e Mônica. — Mas estou me preparando para terminar a noite — Disse, tratando de amortecer o ruído. — Como se sente? — Melhor — Disse ele. — Precisava de um cochilo. Escuta, — Disse, limpando a garganta para que sua voz não soasse atordoada. — Sinto muito por ser um imbecil antes. Só estava...


— Não, Angel — Disse rapidamente. — Não se desculpe. Entendo por que ficou chateado, ok? Sei que parece que vim aqui para te chatear, mas antes de mais nada, não foi assim. Segundo, você me conhece, eu te conheço, nunca faria nada para arriscar a te perder. Sabe disso, certo? — Sei — Disse, sua voz um pouco mais baixa. — Só tome cuidado, ouvi que as coisas por aí podem se tornar um pouco descontroladas. — Terei cuidado — Disse ela, justo quando alguém bateu à porta do quarto. Sarah saltou da cama e foi para o banheiro enquanto Valéria e Mônica entraram rindo e especulando com qual meninos ficariam. Bloqueou a porta logo que entrou no banheiro, fechando os olhos apertadamente. Se Angel escutou algo não fez nenhum comentário. — O que, uh...? — Começou a perguntar, rezando para que Valéria e Mônica não fossem bastante estúpidas para deixar entrar qualquer um dos meninos em seu quarto. — O que você vai fazer amanhã? Angel explicou a respeito dos dois treinamentos que teriam no dia seguinte e como poderiam ser, provavelmente, mais brutais que o normal. Então disse que, ganharam a partida de hoje e o treinador colocou um treinamento a mais na segunda-feira de manhã, o dia em que partiriam, assim não teriam tempo para desfrutar a ilha. — Não facilitará a nossa vida. Fizemos merda e está nos fazendo pagar. As risadas e o ruído fora do banheiro diminuíram, mas Sarah ainda não se atrevia a abrir a porta. Em seu lugar, encostou contra a porta até que seu traseiro golpeou o chão, sé sentia mal sabendo que Angel estava passando uns dias duros no Havaí e aqui estava ela, festejando com sua prima e sua amiga, ambas loucas. — Odeio isso — Disse Angel de repente.


— Odeia, o quê? — Odeio estar longe de você. Queria que estivesse deitada aqui comigo — Gemeu ou se queixou, não podia entendê-lo. — Dormiria muito melhor se fosse assim, sinto sua falta, amor. Ela sorriu, se sentindo sem palavras. — Também sinto saudades — De repente, mal podia esperar para voltar a vê-lo. — Para sempre e sempre. — Sou seu — Disse Angel, fazendo seu sorriso aumentar. — Você é minha. — Para sempre e sempre — Afirmando, como sempre fazia. Muito tempo depois de encerrar a ligação, Sarah permaneceu sentada no chão, refletindo, como fazia com frequência, depois de passar um dia, ou uma noite incrível, ou apenas conversando um momento com Angel por telefone, se perguntando como era possível ser abençoada com um namorado como ele, se sentia quase envergonhada por ter cogitado que ele fizera algo. Lição aprendida. De agora adiante, sempre confiaria em seus instintos de que Angel nunca arriscaria o que eles tinham. Sem importar as circunstâncias, esperaria pacientemente até que ele tivesse a oportunidade de explicar.


CAPÍTULO DEZESSEIS

Na noite anterior, quando Sarah finalmente saiu do banheiro, se surpreendeu ao ver Mônica praticamente desmaiada na cama. Seu estômago se encolheu um pouco quando escutou que Valéria seguia no pátio, mas logo se sentiu aliviada ao se dar conta que estava ao telefone com Alex. Sarah tratou de não escutar às escondidas, mas pelo pouco que escutou, sua conversa não foi tão doce e satisfatória como foi a sua com Angel. Valéria soava um pouco histérica. Mesmo assim, quando Valéria entrou no quarto e fechou a porta do pátio, Sarah pôde ver que estava sorrindo. O que Alex disse a fez sorrir. De alguma forma, Sarah sabia que passaria um longo tempo, se é que alguma vez acontecesse, para que Valéria perdesse a fé no garoto. Querendo que as palavras de Angel fossem o último que estivesse pensando ao ir para cama, Sarah fingiu um sono profundo quando Valéria subiu à cama junto a ela. Na manhã seguinte, Sarah despertou com uma mensagem de Angel.

Para sempre e sempre, baby. Te amo. Tome cuidado hoje!


Falarei com você esta noite.

Essa simples mensagem apagou seu medo por ter ido a Havasu. Ajudou a espantar o que restava da culpa que sentiu ao ir para a cama à noite. Respondeu com uma mensagem igual e doce, dizendo o quanto sentia sua falta e que o amava, logo suspirou com alívio, porque já não parecia estar furioso. Ela e as garotas se levantaram, tomaram banho e foram tomar o café da manhã. O lago já estava abarrotado de motos aquáticas e barcos de todos os tamanhos e formas. A maioria com garotas de biquínis tomando sol ou dançando e balançando taças no ar, taças cheias de álcool. Valéria mencionou durante o café da manhã, o que ela chamava de uma merda de desculpa de Alex para as fotos com garotas sobre seu colo. Era a mesma de todas as outras vezes que perguntou.

Não são homens. Não posso simplesmente empurra-las para longe de mim a força.

— Em outras palavras — Disse. — Não tem controle sobre estas garotas que insistem em se sentar sobre ele ou envolver seus corpos a seu redor. É curioso como meninos como Angel e alguns outros da equipe, que estão em um relacionamento sério, não parecem ter problemas para manter essas garotas afastadas. — Mas vocês não estão em relacionamento sério — Recordou Sarah. — E você, Valéria, continua dizendo que assim está bom. Lembra? Valéria encheu a boca de panqueca e a conversa terminou.


********** Agora estavam passeando pela borda do lago, onde havia mais e mais barcos ancorados no lago. — Temos que encontrar uma maneira de subir em um desses barcos — Disse Monica. — Não sei — Disse Valéria olhando para o lago cheio de gente. — Talvez devêssemos simplesmente encontrar um lugar para deitar e nos bronzear. Sim! Qualquer outra coisa que Alex disse a Valéria na noite passada ou esta manhã, quando estava lendo suas mensagens e sorrindo como um pavão, fez com que mudasse de ideia sobre ir às festas ou ficar louca, pois antes de Valéria falar com ele na noite anterior, estava completamente a favor de sair e aproveitar ao máximo seu fim de semana. Sarah estava na sua, tranquila e não faria nada que pudesse incomodar Angel, mas também estava consciente da promessa que fez de não ser um problema. — Apoio trabalhar em nossos bronzeados — Disse casualmente procurando a seu redor um espaço aberto onde pudessem deitar. Valéria virou para ela e olhou com a testa franzida. — Como pretende fazer isso se está toda coberta? Sarah baixou o olhar para seu tankini, que cobria todo seu ventre. Levou outro biquíni mais revelador, mas decidiu essa manhã que não se sentia bem usando, dado ao mercado de carne que era este lugar. Também enrolou uma enorme canga ao redor de sua cintura que chegava ao tornozelo em uma perna. Mas continuava sexy, porque o outro lado revelava toda sua perna até o final de seu tankini.


— Não estou toda tampada — Respondeu — Tirarei a canga e posso subir um pouco o top para pegar um pouco de sol na cintura. Sua parte superior era bastante decotada. — Cuidado! — Gritou alguém atrás delas e Sarah instintivamente levantou os braços para cobrir a cabeça. Valéria se escondeu atrás de Sarah quando uma bola de futebol passou voando, desviando por pouco do rosto de Mônica; e caiu perto de Valéria. Um cara sem camiseta com um fabuloso bronzeado e com um tanquinho impressionantes correu até elas pedindo desculpas. — Sinto muito — Disse primeiro a Mônica e logo se virou para Valéria e Sarah. — Estão bem, garotas? Nenhuma foi atingida? Outros dois meninos se aproximaram. — Culpa minha — Disse com um grande sorriso um dos meninos mais altos com abdominais iguais e impressionantes. — Dou a este menino muito crédito. Não deveria ter confiado tanto. Sarah fez o que pôde para sorrir com tanta naturalidade como Valéria, mas se negou a sorrir tão abertamente como Mônica. — Passou bem próximo da minha cabeça — Disse Mônica, comentário seguido por batidas de cílios. — Sinto muito — Disse o alto e logo acrescentou: — Sou Paul, a propósito. — Eu sou Graham — Disse o menino que se aproximou primeiro e agora brincava com a bola na mão. — Sou Edmund — Disse sorrindo o terceiro menino e o único que sustentava uma taça e que logo deu uma piscadinha a Sarah enquanto


tomava um gole de seja lá o que estava bebendo. — Aonde vão hoje, senhoras? — Não tenho certeza — Disse Mônica rapidamente — É nosso primeiro dia completo aqui, mas também o último, assim, nós gostaríamos de aproveitar — virou para o lago, protegendo os olhos do sol com a mão. — Seria agradável ir para a água, mas não temos barco, nem jet-ski. — Os três meninos sorriram imediatamente. — Estão com sorte, damas — Disse Edmund. — Porque temos ambos. — Mônica sorriu abertamente, olhando primeiro para Valéria e depois a Sarah. Sarah agarrou nervosamente a correia de sua bolsa de praia. — Veem essa plataforma ali? — Apontou Edmund para um enorme barco de festa azul parecido com muitos outros no lago. Havia outras pessoas que já estavam nele, incluindo garotas dançando em pequenos biquínis. — Esse é o barco deste menino — Disse, apontando Paul. — Estamos indo para lá agora mesmo. São bem-vindas a vir. Temos um montão de comida e bebida. Valéria virou para Sarah e encolheu os ombros com um sorriso. Era óbvio que Mônica já estava gritando por dentro. Sarah ficou feliz de levar seus óculos de sol ou eles veriam o terror absoluto que estava sentindo. Como

diabos

ia

sair

desta?

Edmund

estava

sorrindo

muito

amigavelmente para seu gosto. — Claro, soa divertido — Disse Valéria e todos começaram a andar pouco a pouco através da multidão para a festa que acontecia no barco. — Vocês vão permanecer fora todo o dia? — O dia todo — Disse Edmund de novo, olhando para Sarah com um sorriso de lobo mal. — Vamos partir, depois vamos parar em uma das baías


e simplesmente vamos curtir o momento. Tão longe, que vocês garotas, podem pegar sol de topless, ou menos, se quiserem — Sarah e Valéria trocaram olhares enquanto o estômago de Sarah remexia outra vez. — Levamos os jet-skis conosco para que todos se alternem ou formem casal com alguém para sair na água. Sarah nem se deu conta de que estava puxando sua bolsa de praia até que Edmund virou para ela e estendeu a mão. — Me deixe levar isso por você, doçura — Disse. — Está ficando pesado? — Não — Disse, assentindo e agarrando sua bolsa um pouco mais forte. Com nervosismo, levantou seus óculos. Lamentou imediatamente quando viu os olhos do Edmund aumentarem e sua boca abrir em um amplo sorriso. — Uau, esses olhos! — Disse, a olhando fixamente. Os outros dois meninos viraram para olhar incluindo Valéria. Como uma idiota, deixou cair os óculos sobre seus olhos, não querendo que ele pensasse que levantou de propósito. — É — Disse, sentindo suas bochechas quentes. — Não, espera, espera. — Edmund estirou a mão. — Levanta — Virou para seus amigos. — Paul, veja esses olhos. Para horror de Sarah, todos pararam de andar e esperavam que ela levantasse seus óculos. Inclusive alguns dos meninos que estavam por ali, e escutaram Edmund fazer tanto alvoroço, pareciam estar esperando. Sarah levantou rapidamente e viu o sorriso de Paul simplesmente cair. Sentindo seu rosto em chamas agora, deixou cair os óculos de novo, desejando que cobrissem toda sua cara. Sua mente se apressou a pensar em uma maneira de evitar subir nesse barco, sobre tudo agora que tanto


Edmund como Paul estavam a olhando de uma forma que não a agradava. No segundo em que Paul deu a volta, Edmund se inclinou e sussurrou: — A ex-namorada dele tem olhos como os seus — Riu entre dentes — Só que os teus ressaltam mais porque teu cabelo e seus cílios são escuros. Não é comum ver olhos como estes em uma morena. Ele seguiu falando um pouco mais de seus olhos, mas Sarah se desconectou. Observou como Valéria e Mônica começaram a tirar seus shorts e a saída de banho, porque era o momento de subir na enorme embarcação com a música a todo volume. Sarah levantou os óculos para a parte superior de sua cabeça de novo, se perguntando se simplesmente deveria guardar em sua bolsa, não queria que se perdessem ou caíssem na água. — Tira essa canga, Sarah — Disse Valéria enquanto empurrava a sua em sua bolsa. — Vamos entrar na água no momento em que o barco sair. Olhando a seu redor, Sarah tragou saliva. Tinha sua chave do hotel. Mas não se sentia bem em voltar sozinha. — Sim, tire isso — Sorriu Edmund. Com o estômago feito uma bola, tomou seu tempo, colocando os óculos em sua bolsa e logo lentamente começou a desatar o nó de sua canga. De repente, sentiu dois grandes braços ao redor de sua cintura por atrás e ficou sem fôlego, quase perdendo o equilíbrio. — Olá, baby, estive te procurando. Deu a volta para ver Leonardo sorrindo. Tirou um de seus braços, mas manteve uma mão sobre sua cintura. Se inclinando para seu ouvido, sussurrou:


— Aconteceu alguma coisa? Parece incomodada. Assentiu, mas seguiu trabalhando no nó, não querendo olhar Valéria. Se Leonardo percebeu seu comportamento inquieto, sem dúvida sua prima também. Leonardo a puxou mais perto. Sarah pensava que os olhares de Angel eram intensos, mas a observação de Sofie sobre seu irmão acabava de golpear seu nariz, o olhar do Leonardo era quase mortífero. — O que está acontecendo? Estes meninos estão incomodando? — Não, não — Disse ela rapidamente, sentindo a necessidade de tocar seu braço. — Nada disso. Acabamos de conhecê-los — Sussurrou, dando as costas a Valéria, Mônica e aos outros meninos. — Parecem bastante agradáveis. É só que... não acredito que Angel estaria bem comigo subindo nesse barco com eles e ... — Então não suba — Disse, tomando sua bolsa com autoridade, logo levantou o olhar atrás dela. — Vamos alcançá-los. Tenho um jet-ski. — Sarah, tem certeza? — Perguntou Valéria, elevando a voz. Obviamente, ela não reconheceu Leo da fotografia que mostrou semanas atrás. Sarah virou para enfrentar a sua prima, sentindo um enorme alívio repentino, porque não ia subir ao barco. — Sim, este é Leonardo. A expressão de Valéria se aliviou imediatamente. — Oh — Disse, logo sorriu e foi até Leonardo — Tem certeza de que será capaz de encontrar o barco? Leonardo assegurou que sim, embora Sarah não se importasse se encontrariam ou não. De fato, preferia que não o fizessem. Não tinha vontade de estar nessa festa, se sentar em uma baía deserta em algum


lugar e sair de jet-ski com um desses meninos. No pior dos casos, se encontrariam com Valéria e Mônica no hotel mais tarde essa noite. Mas dizer a Angel que passou o dia com seu irmão era melhor que dizer que estava em um barco cheio de álcool e meninos que acabaram de conhecer. Passar o momento com seu irmão definitivamente seria mais fácil para explicar a Angel essa noite. — Sabe — Disse Leonardo, colocando sua bolsa sem esforço sobre seu enorme ombro enquanto se afastavam da borda. — É a única que me chama de Leonardo. Todos me chamam de Leo. — Mas Leonardo soa muito melhor. — Disse ela. — Eu gosto. — O olhar assassino foi substituída por um suave sorriso, o mesmo que viu nele durante seus bate-papos em mais de uma ocasião. Era um sorriso doce muito diferente do que se esperaria ver em um menino de aspecto tão feroz. — Eu gosto de te ouvir dizer.


CAPÍTULO DEZESSETE

— Isto é uma merda — Disse Alex empurrando a última peça de sushi em sua boca. — Estamos em Havaí e isto é tudo o que chegamos a ver do lugar fora nosso hotel e essa merda de campo de futebol? — Ao menos a comida está boa — Argumentou Angel, se recostando e olhando para à multidão caminhando na praia. — E, não é como se fosse umas férias que viraram em um pesadelo. Só penso como sendo a semana infernal no Havaí. Estavam no intervalo dos dois torturantes treinos programadas para esse dia. O treinador liberou todos para voltarem ao hotel por umas poucas horas para descansarem e pegarem algo para comer. Logo retornariam ao campo para o treino número dois. Este era o primeiro momento que tiveram para sair e ver um pouco da praia próxima, desde a primeira noite que fizeram merda. Os exercícios que os treinadores estavam aplicando não eram os regulares. Eram totalmente implacáveis. Sem dúvida estava esperando cansar todos até o ponto em que nenhum considerasse sair e festejar esta noite quando tudo terminasse. Tudo o que Angel e Alex poderiam pensar era voltar para o quarto do hotel e desmaiarem.


— Falou com a Sarah hoje? — Perguntou Alex, franzindo a testa à tela de seu telefone. — Não — Disse Angel, tirando seu próprio telefone do bolso — Enviei uma mensagem esta manhã e me respondeu, mas isto é tudo. — Viu o que Valéria publicou? Angel não pôde evitar franzir a testa. — Publicou onde? Não pude entrar no Facebook em semanas — Não que ligasse. Sempre pensou que Facebook era uma perda de tempo e algo em que não se envolveria realmente. — Humm — Disse Alex, assentindo — Então não viu. Esperou que Alex explicasse um pouco mais, porque realmente não queria perguntar. Estava quase temeroso. Sabia que Alex nem mencionaria a menos que isto tivesse algo a ver com Sarah. Angel olhou seu irmão enquanto Alex continuava olhando seu telefone. Esteve a ponto de perfurar um buraco através da grande cabeça de tijolo de Alex, mas ele não disse nada. — O que ela publicou, Alex? — Perguntou Angel finalmente com os dentes apertados. Alex olhou. — Fotos de Havasu. Fiquei surpreso quando Valéria mencionou que Sarah estava com ela, mas logo... — Riu entre dentes olhando para baixo no seu telefone. — Suponho que depois que Sarah soube sobre a noite da sexta-feira, posso ver por que foi. — Essa não é a razão pela qual ela está lá — Disse Angel, não muito seguro do porquê precisava esclarecer o fato.


— Oh... sim? — Perguntou Alex, soando pouco convincente sem levantar a vista de seu telefone. — Pois, que bom que não foi por isso, porque o lugar está igual me lembro. Todo mundo conseguindo alegrias de uma noite. Angel levantou a vista e fez sinais com a mão para a garçonete. Não ia ter esta conversa com Alex. Escutou algo do que ele e Valéria conversaram ontem à noite. Pelo que pôde entender, Valéria não estava convencida de que Alex realmente foi para seu quarto sozinho na noite da sexta-feira. Assim, não se surpreendeu de que ele pensasse o mesmo a respeito dela. Mas Angel sabia. Nem considerou que Sarah pudesse fazer isso. A jovem garçonete se aproximou e Angel pediu a conta. Ela estava prestes a perguntar se queriam sobremesa, quando Angel já estava dizendo que não, quando escutou Alex dizer algo a respeito de Leo e Sarah. A moça inclinou a cabeça, deixando a conta na mesa e se afastou. Angel estreitou seus olhos em Alex, que mostrava algo em seu telefone. — Ao menos, com seu irmão ali, tem alguém a vigiando. — Disse Alex. Angel tomou o telefone de Alex. Valéria publicou algumas fotos com o título "No Calor de Havasu". Entre elas tinha um montão de garotas de biquínis sobre um barco rodeado por garotos sem camisa, flexionando seus braços e levantando o que quer que estivessem tomando. Procurou por Sarah ou mesmo Leo na multidão, mas não os viu. Encarou Alex um pouco chateado por ele ter mentido. — Onde? — Na água — Disse Alex — Está aí em alguma parte sobre um jet-ski.


Como Alex disse, Angel congelou, olhando a foto, via Sarah sentada atrás de Leo, sobre um jet-ski. Exceto pelo colete salva-vidas que levava, Leo parecia estar sem camisa, como os outros meninos que se divertiam junto a eles. Igual a foto que foi enviada a Sarah semanas atrás. Angel foi passando as fotos, que pareciam ter sido tiradas consecutivamente, dando a impressão que Leo e Sarah faziam um giro formando uma onda na água. Os braços de Sarah abraçando fortemente Leo, com o corpo totalmente grudado nas costas do garoto como se necessitasse do esforço para salvar sua vida, fazendo uma pequena careta, mas ainda assim sorrindo. Angel conversou com seu coração já palpitante, tentando explicar que este era seu irmão. Estabeleceram que era um bom menino, então, por que não mencionou que ele estava lá? Ela o convidou? Talvez, pensou que ele estaria zangado e decidiu não mencionar? Ela não faria isso, não depois de tudo o que passaram no passado a respeito de omitir a verdade por causa de uma desavença. Passou as fotos, procurando por mais alguma, seu coração se preparando para vê-la inclusive em uma foto com um cara qualquer com o olhar um pouco mais amistoso ou demasiado perto dela. Agora, entendia como ela se sentiu ao ver as fotos dele, Dana e alguma das prepotentes garotas dependuras ao seu redor, porque se ele visse alguma remotamente parecida dela e outro menino, ia explodir como um fusível. Diabos, as dela e seu irmão já o fizeram ver tudo vermelho, mesmo quando sabia que não deveria. Depois de passar um pouco mais, Angel viu que as únicas outras fotos de Sarah, além das fotos no jet-ski com Leo, pareciam ter sido tiradas em outro momento, possivelmente na noite anterior, porque estava mais escuro e as três garotas estavam secas e vestidas, obviamente, de maneira diferente. Embora ainda tivesse algumas de Valéria e essa outra garota com outros


meninos, Sarah não estava em nenhuma. Evidentemente, ela não era tão estúpida como ele, se deixando fotografar em situações comprometedoras. — Creio que já viu bastante — Disse Alex, enquanto ficava de pé. Angel levantou a vista para ver a conta na mesa. Esteve tão absorto olhando as fotos que nem se deu conta de que a garçonete veio e levou o cartão de crédito de Alex. Levantando, entregou a Alex o telefone e marcou a discagem rápida no seu enquanto saíam juntos. Não se surpreendeu que o telefone de Sarah estava na caixa postal. Pensou em deixar uma mensagem. — Sarah, sou eu. Estou no intervalo do treino — Fez uma pausa por um momento, pensando se só devia dizer que a amava e que estava esperando falar com ela, mas decidiu perguntar o que na verdade queria saber. — Por que não me disse que Leo estava em Havasu com você? Acabei de ver as fotos. Me ligue ou me envie um texto quando puder. Tenho mais uma hora livre. — Ela não te disse que seu irmão ia? — Perguntou Alex enquanto esperavam para atravessar. — Não me disse que ela ia — Confessou Angel. — Ontem à noite quando falei com ela, depois do treino. Olhou para frente, Angel não queria ver a expressão de Alex. Nunca tinha certeza do que Alex ia dizer. Seria o crítico de oposição ou diria algo útil? Não é que Angel sentisse que precisava de ajuda, só queria desabafar. Ver Sarah abraçada com Leo mexeu com ele, embora soubesse que era inaceitável estar zangado. A conclusão é que Sarah sabia que, ela só viu uma vez esse garoto. Seu pai seguia sendo um mistério que, provavelmente, Leo tinha as respostas e que ainda não caía bem a Angel.


— Então não foi a Havasu pelo que aconteceu na sexta-feira à noite? — Perguntou Alex, embora já não estivesse em sua habitual maneira divertida. Agora, Angel estava se lamentando por ter dito algo. — Sim, mas não para me chatear. Disse que depois de tanto ouvir sobre o que aconteceu e ver todas as fotos, precisava se distrair — Agora, Alex ria. — Bom, com certeza ela conseguiu. Duvido que esteja pensando nessas fotos neste momento. O semáforo ficou verde e começaram a atravessar a rua. Angel não queria aprofundar a conversa, assim que não respondeu. — E o que? — Perguntou Alex. — Pensei que ficaria contente por Leo estar com ela. — Ele não é como nós com Sof, Alex — Disse Angel, tratando não soar tão irritado pensando no assunto: — Ele apareceu no restaurante outro dia, acabou de conhecer esse cara. Alex parou quando pisaram no meio-fio e olhou Angel de olhos muito abertos. — Essa foi a primeira vez que ela o viu? — Sim — Angel fez um movimento ao dramatismo idiota de Alex para que continuasse andando — Ela esteve no Skype com ele e toda essa merda por semanas e trocando e-mails antes disso, mas conhecê-lo pessoalmente? Sim, essa foi a primeira vez. Chegaram à entrada do hotel, mas não entraram. Angel ainda não tinha vontade de voltar ao quarto, então foi à área de descanso no exterior.


Alex já estava com o telefone novamente e antes que Angel pudesse sentar, Alex se burlou, agitando a cabeça. — Está bem, já vejo o que está dizendo — Disse ele, passando um dedo sobre a tela do aparelho incansavelmente. — Esse cara é tecnicamente o irmão de Sarah, mas ele só a conheceu há poucos dias e agora está em Havasu com suas mãos por todo seu corpo molhado. — O quê? — Os olhos do Angel se abriram imediatamente para ver o telefone de Alex. Alex entregou o telefone e Angel pegou, quase arrancando de sua mão. Sentiu vontade de dar um empurrão em Alex por quase causar um ataque cardíaco. As fotos eram de Sarah e Leo novamente na moto aquática, só que desta vez, ela estava conduzindo e ele estava sentado atrás dela. Sim, suas mãos estavam ao redor de sua cintura e em uma delas parecia que pararam para posar para a foto, ele colocou a mão em sua coxa, algo que poderia ter feito Angel ficar louco, se não fosse o exagero de Alex. Deveria saber que Alex ia achar o gesto de Leo exagerado. A foto desapareceu quando o indicador de chamada cintilou na tela do telefone de Alex com o nome de Pam, Angel devolveu a Alex, pensando que possivelmente ele deixaria cair na caixa postal, mas em seu lugar, franziu a testa. — Tenho que atender. Levantou e se afastou, deixando Angel com os seus pensamentos em Sarah e Leo. Já poderia dizer que Alex ia estar de acordo com todo o assunto de não confiar em Leo, mas infelizmente, escutar Alex dizer que Angel não estava sendo completamente irracional ou excessivamente possessivo, não era uma confirmação suficiente. Poderia pedir opinião a Romero.


Se apoiando mais no banco, deixou cair a cabeça com irritação. Não estava louco. Sabia isso. Com os anos, conseguiu ser melhor em dominar essa parte dele, a parte que gostaria de golpear qualquer cara por olhar Sarah de uma forma equivocada. Mas isto era diferente. Possivelmente, como Alex sugeriu que ele tivesse uma conversa de homem para homem com Syd, Angel também deveria pensar em ter uma com Leo. Como ele não queria ferir os sentimentos de Sarah sobre o desaparecimento de seu pai da face da terra, no momento em que não conseguiu o que procurava, não queria tocar no assunto com ela outra vez. Mas talvez, pudesse perguntar em privado a Leo e deixar claro que ainda tinha suas dúvidas, não só sobre seu pai, mas também sobre ele.


CAPÍTULO DEZOITO

A última vez que Sarah e Leonardo saíram para a ponte de tábua, Valéria fazia um comentário sobre terminar e estar pronta pra sair. Mônica ficou com Paul e eles saíram há tempo no seu Jet-Ski. Havia muitas áreas remotas ao redor do lago onde Sarah viu estacionado os Jet-Ski. Mônica se perguntou se na verdade, podia fazer mais com Paul do que só desfrutar das ondas. Sarah perguntou a Valéria se queria descer do barco. Podia voltar com ela e com Leo, já que Leo e seus igualmente tatuados amigos tinham um toldo na costa e montaram um churrasco, música e comida. Foi uma loucura, porque normalmente, Leo e seus amigos, que pareciam tão intimidantes como assustadores, eram o último tipo de meninos com que Sarah se sentiria cômoda saindo. Sarah se sentiu muito mais confortável passando um momento ali do que no barco, aonde não tinha colocado um pé ainda. Isso só chegou a demonstrar que nunca deveria julgar as pessoas unicamente por suas aparências. Tão impressionantes como Leonardo e seus amigos se pareciam, até agora, todos eles foram muito doces. Valéria esperaria meia hora por Mônica para retornar e se não retornasse, deixaria uma mensagem sobre onde podiam se encontrar. Leonardo e Sarah estavam de pé em volta da churrasqueira, à espera dos


hambúrgueres ficarem prontos. Dois de seus amigos, Alonzo e Bruno, estavam ali com eles. Bruno estava encarregado do churrasco enquanto Alonzo trocava as músicas no iPod. Tinham um alto-falante ridiculamente grande e estavam basicamente proporcionando a música para todos na proximidade. Sarah teve razão a respeito dos amigos de Leonardo, recordava os amigos de Angel de uma forma diferente. Ao contrário dos meninos raspados que mostravam seus abdominais com o aspecto enorme e o cara do pontão que parecia um pouco presunçoso, Leo e seus amigos estavam muito mais focados na terra. Leonardo ainda estava chateado, porque ela contou que Edmund sugeriu que ela tomasse banho de sol de topless se quisesse, por isso ela omitiu a parte de "ou até menos". Ela ganhou a vibe protetora de Leonardo. A mesma vibe que Angel, seus irmãos e amigos exalavam. Quando ele apareceu e, literalmente, a salvou de ter que ir para aquele barco, ele admitiu que estava observando a alguns metros de distância. Quando percebeu que ela parecia incomodada, não pôde ficar afastado e só olhar. Então depois, quando o amigo mais charmoso de Leonardo, Marcello, que estava nesse momento no Jet-Ski, deu um olhar para Sarah, o olhar que ela deu a Leonardo foi o suficiente para fazer com que Marcello levantasse suas mãos pra cima e recuasse. Sentada debaixo do toldo, agora com um hambúrguer nas mãos e um refrigerante na outra, Sarah sentia que Leonardo foi um enviado do céu, por aparecer naquele momento. Se ela estivesse naquele barco durante todo esse tempo, estava certa de que odiaria sua vida e temeria ter que dizer a Angel sobre isto mais tarde. Leonardo se sentou em seu lado e ela olhou para ele com um sorriso. — Está pronta para ir embora? — Perguntou enquanto mordia seu hambúrguer.


Sarah enrugou o nariz, mastigando sua comida e depois engolindo um pouco surpresa de como se sentia confortável com ele. Podia realmente ver Leonardo e seus amigos se dando bem com Angel e seus irmãos. — É tão bonitinho quando você faz isso — Disse Leonardo. Quando me chama de baby, ouvindo dizer coisas como essa e especialmente ver como me olhava quando falava, era tudo que podia arruinar a comodidade que sentia ao seu redor. Se perguntava, por acaso, se ele a chamar assim, tinha algo haver com o fato de que seu pai a chamava assim quando era um bebê. Talvez ele mencionou para o Leonardo. Terminou de mastigar e decidiu ignorar seu comentário bonitinho. — Podemos esperar um pouco? Assim damos um pouco de tempo a Mônica para retornar ao barco. Acredito que Valéria vai querer voltar conosco. — Isso é ótimo — Disse Leonardo com um grande sorriso. — Podemos leva-la de volta. Ela assentiu, olhando para o lago cheio de gente. — Não, eu já mencionei faz um tempo — Disse ela, jogando seu pé na água, depois olhando para ele — Ainda está tentando passar no exame do departamento de polícia de Los Angeles? Quando ela virou, flagrou ele olhando para ela. Seu sorriso desapareceu em reação a sua pergunta e afastou o olhar. — Não sei. — Por quê? — Perguntou — Pensei que era isso o que você queria. — Ele tomou um grande gole de sua cerveja, tão grande que a esvaziou e estava mais que meio cheio. Por um segundo, Sarah se perguntou se


deveria estar preocupada sobre ele bebendo e conduzindo o Jet-Ski. Os acidentes de bêbados na água não eram desconhecidos, mas ainda parecia estar bem. Jogando sua garrafa vazia na sacola de lixo negra que tinham amarrado ao toldo, olhou para ela, lambendo os lábios. — Tudo bem. Ela inclinou a cabeça, perguntando sobre o que. — Está tudo bem, fale. O ruído do Jet-Ski entrando chamou sua atenção. Leo olhou para Sarah e viu seu hambúrguer pela metade. Balançando a cabeça, olhou ao redor para ver onde podia se livrar do resto de seu hambúrguer. Ela antes comeu um cachorro quente e agora se sentia muito cheia. — Você não vai terminar isso? Negou e ele abriu sua boca. Se sentia estranha, mas de todas as formas, o pôs em sua boca e ele se levantou estendendo sua mão para ela. Ela pegou e imediatamente ele entrelaçou os dedos nos seus, a fazendo revirar em seu interior, mas não no bom sentido. — Temos que conversar. — Leonardo agarrou o colete extra de onde estava pendurado dentro do toldo. — Vocês dois vão sair de novo? — Perguntou Marcello enquanto se aproximava da água onde ancorou o Jet-Ski. Sarah não deixou de notar a maneira em que ambos, tanto ele como Bruno, olharam para ela e Leonardo de mãos dadas, mas uma parte dela se sentiu estranha e puxou sua mão. Para seu alívio, ele soltou sua mão para ajudá-la a colocar o colete salva-vidas, só que ficou muito perto dela. Queria


dizer que sabia colocar seu próprio colete salva-vidas, mas uma parte dela sentia como se estivesse paranoica sem nenhum motivo. Em vez disso, se concentrou em uma de suas tatuagens. Uma delas em particular chamou sua atenção antes, porque à primeira vista, pensou que era seu sobrenome, mas olhando mais de perto viu que dizia "Fera". Sabia o que significava, mas ainda sentia curiosidade. — O que significa isso para você? — Perguntou, apontando. Ele a olhou fixamente, ainda apertando as correias de seu colete salvavidas. — É só um apelido — Disse, como se estivesse procurando a reação em seus olhos — É como todos os meninos me chamam. — Besta selvagem? —Perguntou. Ele assentiu, sem deixar de olhar dessa maneira intensa, assim afastou o olhar. Seus olhos se fixaram em outra tatuagem: duplo L escrito com caligrafia em seus bíceps. — O que significa esse duplo L? — Perguntou. Levantou a vista para vê-lo a olhando agora de uma maneira estranha. — Vamos conversar. No momento em que grampeou todas as travas de seu colete, sua mão estava de volta na sua enquanto caminhavam para o Jet-Ski. Seu coração se acelerou de novo, sabendo perfeitamente bem que Angel estaria mais do que desconfiado sobre o comportamento de Leonardo. Ele bebeu mais rápido do que ela notou? Chegaram ao Jet-Ski e ele a ajudou a subir. Ela subiu desengonçada. Não havia uma maneira elegante de subir na maldita coisa. Subiu escarranchada no assento e esperou que ele subisse atrás dela. Ele se


sentou, pressionando seu corpo contra o dela por trás e trouxe comodamente seu braço ao redor da parte dianteira de sua barriga. — Vamos para um lugar privado — Sussurrou em seu ouvido e ela imediatamente ficou rígida. Sentiu ele afrouxar o agarre a seu redor e inclusive, se afastar um pouco — Assim poderemos conversar, baby. Ela virou seu rosto para ele, sem deixá-lo ir desta vez. — Por que me chama assim? Para sua surpresa, em vez de ficar alarmado que perguntasse isso, ele sorriu com superioridade, limpando uma manchinha de areia de sua cara, perto de seus lábios, por isso agora estava a olhando fixamente. — Porque é tão pequena e delicada ao meu lado. É o que me faz pensar assim sobre você. Engolindo em seco, se separou dele e ligou o Jet-Ski. Em questão de minutos, estavam fora da zona de limite de velocidade de oito quilômetros e acelerou. — Vamos nessa direção — Disse ele em voz alta contra sua cara, assim podia escutá-lo sobre o motor. Ela foi para a área isolada, onde ele apontou, mas quanto mais perto estavam, começava a sentir seu peito mais apertado e reduziu a velocidade. — O que está acontecendo? — Perguntou ele. Sarah negou com a cabeça, tentando desesperadamente sacudir a sensação completa de pavor que se apoderou dela, essa sensação de que estava sendo tão estúpida e ingênua como quando estava no colégio com o treinador Rudy. Mas antes que se desse conta, sentiu completamente um nó na garganta e se assustou. Tudo no que podia pensar era em Angel.


Deus, só queria estar com ele, ou ao menos, estar em algum lugar onde pudesse escrever uma mensagem ou ligar. — O que está acontecendo? — Perguntou Leonardo de novo, soando um pouco mais preocupado e virou lentamente o Jet-Ski. — Não sei — Gritou, se sentindo estúpida. — Estou me sentindo mal. Algo está errado. Eu não deveria estar aqui. Não é você — Olhou para ele. — Eu só... depois do que aconteceu com o treinador no colégio... — Oh, demônios não, Sarah! — Disse Leonardo, se afastando, assim seu corpo não tocava o dela absolutamente. — Eu nunca... — Sei! Sei! — Disse agora se sentindo completamente ridícula. — Sinto muito. Só me assustei. Não é você; é... — Pare o Jet-Ski — Disse. — Pare agora mesmo. — O quê? — Perguntou confusa, olhando atrás para ele. Estavam no meio do lago. — Desliga o motor. — Ordenou. Assim, ela o fez. No momento em que reduziu a velocidade o suficiente, saltou. — Leonardo! — Olhou para ele e logo olhou ao redor do Jet-Ski. — O que está fazendo? — Tenho que falar com você — Gritou de onde estava flutuando. — Mas preciso que se sinta segura. Agora estou longe. Pode ir quando desejar... Ou necessite. — O quê? — Disse se sentindo incrivelmente estúpida sem mencionar culpada. Ele não foi nada mais que um amor com ela o dia todo. — Isto é uma loucura. Suba! Podemos conversar dessa maneira, de todos os modos. É perigoso. Leonardo; por favor, suba!


— Nunca te machucaria, baby! — Gritou. — Está bem, acredito em você — Gritou — Só suba antes que se machuque. Ele vacilou, mas então começou a nadar para o Jet-Ski. Subiu e se sentou de novo atrás dela, com o corpo frio se sentindo bem contra o traje de banho dela, agora seco e quente. — Esquece o lugar privado — Disse ele contra seu ouvido. — Falarei isso no caminho até Valéria. — Sinto muito... — Não sinta — Disse ele imediatamente. — Nunca se arrependa de se sentir desconfiada. Ela assentiu, se sentindo como uma completa idiota, até que ele respirou profundamente e voltou a falar. — Menti para você.


CAPÍTULO DEZENOVE

— Não foi assim por nada — Disse Angel, se sentindo estúpido pela sexta-feira à noite outra vez. — Ninguém foi detido, mas agora fomos todos castigados em um treinamento infernal. O treinador não vai deixar isso passar facilmente. Sal perguntou a Angel sobre Sarah. Aparentemente, ele viu algumas das fotos publicadas, incluindo a sequência de alguns jogos de bebidas que Angel não viu e que por sorte não participou. Angel explicou brevemente que ela estava um pouco preocupada, mas que agora estavam bem. Contente que Alex saiu do quarto, Angel aproveitou o momento a sós para falar com Sal sobre Leo, especialmente agora que Sal trouxe Sarah no assunto. Sal poderia ajudá-lo a validar seu pressentimento de que algo não estava bem por alguma boa razão, não só porque os instintos iniciais de Alex e Romero sempre foram de rachar seus punhos e pressentir o pior. Seu irmão mais velho não duvidaria em dizer para Angel para ser ciumento e simplesmente aceitasse que este menino podia ser verdadeiro e que possivelmente Angel estava se sentindo estranho por ter que compartilhar o afeto de Sarah com outro homem.


Tirou rapidamente o tema de seu pai e Leo, falou sem deixar nada de fora. Contou tudo: as flores, a foto quase nu que Leo enviou, o quão frequentemente se falavam por telefone e como seu pai desapareceu de repente. Inclusive, contou a Sal sobre Leo arrebentando o lábio do sujeito no estacionamento do restaurante. É obvio, Sal estava mais preocupado que Alex fizesse uma cena no restaurante, mas o deixou passar. — Então, o que seu irmão quis dizer sobre o desaparecimento de seu pai? — Perguntou Sal, voltando para o Leo. — Não acha estranho? — Acredito que não. Sarah diz que parece chateado com isso. De fato, disse que contou que seu pai podia ir para o inferno. Não falou muito sobre isso. Sal ficou calado por um momento e Angel seguiu, chegando ao tema sobre o que de verdade queria falar. — O assunto é o seguinte, Sal. Tenho um mau pressentimento a respeito do seu irmão. Não sei a que se deve, mas algo me diz que não é de confiança. E agora, ele está no Havasu com ela. Simplesmente não posso tirar a sensação de que algo vai acontecer. — Era esse o valentão das fotos? — Perguntou Sal, sua voz subindo de tom — Que estava nas fotos que Valéria publicou? Me perguntava se devia mencioná-lo, porque não sabia se tinha visto. É o que tem várias tatuagens? — Sim, é ele — Angel franziu a testa — O que quer dizer com isso, de que estava se perguntando se deveria mencioná-lo? Por que não falaria? — Porque pensei que ficaria louco e o que eu faria com você no Havaí? Mas não importa — Disse Sal, desprezando a moléstia do Angel — Como diabos este sujeito está relacionado com uma doçura como Sarah? Tem


problema escrito por todo seu corpo e não se parece em nada com ela. Como sabe que é seu irmão? — Finalmente! Isso é o que estou dizendo! — Disse Angel, ficando de pé, porque de repente, estava muito ansioso para ficar sentado. — Além da palavra de seu desprezível pai que este cara é familiar dela, não temos nada mais. Mas, o que se supõe que faça? Sarah parece bastante certa de que ele é seu irmão. E ainda pior, está emocionada por ter um irmão. Não pediu nada ou que faça algo louco, assim estou de mãos atadas. — Não, não está — Disse Sal imediatamente. — Está fazendo sua parte, cara. Tem que haver uma maneira de averiguar se é realmente quem diz ser. Mas se prepare no caso dele realmente ser seu irmão, Angel. Talvez, igual a mim, a primeira impressão dele te impactou. Pensei que era um valentão com todas essas tatuagens de merda, mas essa impressão não se encaixa com o que acaba de me contar. Além da foto que você diz que foi inapropriada, não parece haver nada mais louco sobre ele. — Em primeiro lugar — Disse Angel, se sentindo irritado que Sal insinuasse que Angel estava exagerando com a foto. — Foi inapropriada. Se os shorts estivessem alguns centímetros mais abaixo, seria pornografia. Sal começou a rir antes que Angel pudesse terminar. — Muito bem, que seja — Disse — Meu ponto é que vi as armas do cara. Inclusive, se suas cuecas tivessem nessa foto, eu não teria gostado. Só digo que possivelmente ele não seja o mais brilhante. Não deixe que isso mude seu julgamento. Se seu pressentimento estiver certo, então te parabenizo por não baixar a guarda, mas se ele for legítimo, não seja um idiota

teimoso.

Sarah

merece

ter

uma

relação

independentemente de sua primeira impressão dele.

com

seu

irmão


A conversa com o mais sensato de seus irmãos não aconteceu como Angel esperava: justificativa por se sentir tão desconfiado sobre Leo como ele. Sarah ainda não respondeu seu correio de voz. Estava a ponto de revisar um texto do treinador quando escutou a voz de Alex e alguns dos outros meninos da equipe gritando e vociferando. Angel levantou o olhar para ver um sorridente Alex caminhando para ele. — Vamos dá uma olhada na ilha — Disse Alex. — O quê? — Perguntou Angel, confuso enquanto alguns dos outros meninos batiam as palmas entre si atrás do Alex. — Não recebeu a mensagem do treinador? — Perguntou Alex. — O treino de amanhã de manhã está de pé, mas o desta noite foi cancelado. Somos livres para fazermos o que quisermos esta noite — Deu a volta para olhar os meninos atrás dele e baixou a voz. — Estes idiotas estão falando em ir para a festa — Angel deu um salto de onde estava, repentinamente se sentindo animado, mas principalmente aliviado de que seu segundo treino exaustivo fora cancelado. — Vamos pegar um táxi para visitar os lugares interessantes. — Para a merda o táxi — O rosto do Alex se retorceu enquanto saíam do hotel. — Temos muito tempo para compensar. Alugamos um helicóptero.

********** Logo depois de passar a tarde fora em Waikiki com seu irmão, Angel foi finalmente capaz de ligar para Sarah, que é óbvio ligou quando estavam no helicóptero e não teve como atender. Logo depois disso, não esteve o suficientemente longe de Alex para ter a conversa que sabia que teriam uma


vez que atendesse. Mas agora, estavam de volta e Alex saiu, fez exatamente o que Angel queria fazer: uma chamada privada longe dele. Marcou o número e se recostou na cama. A última coisa que queria fazer era discutir. Mas seguia curioso de por que não disse que Leo estava ali. Ela não deixou uma mensagem, só disse que ligasse quando tivesse oportunidade. Somete escutar sua voz quando ela atendeu provocou um sorriso de foto instantânea. — Ouça, baby — Disse e se sentou — Estava no helicóptero quando me ligou mais cedo. Ela ficou em silêncio por um momento antes de responder. — Helicóptero? Pensei que hoje teria dois treinos. — Sim, mas cancelaram o segundo. — Quem estava com você? — Alex — Respondeu simplesmente. — Somente vocês dois? — Sim — Sorriu — Foi romântico como uma merda. Seguramos mãos e tudo. Ela deu gargalhadas e seu sorriso se alargou. — Deus, você é estranho. Eu também sinto saudades. Amanhã sairemos bem cedo, assim estaremos lá no aeroporto para busca-los. Não posso esperar. — Não precisa fazer isso, baby — Disse. Pensar que amanhã a veria o emocionava — Não quero que vá rápido para casa. É um longo caminho. Ela garantiu que não correriam. Tinham tempo para ir devagar se despertassem cedo. Angel odiava interromper sua vaga conversa, mas devia parar antes que ficasse louco.


— Então, por que não me disse que Leo estava com você? — Eu nem sabia que ele viria. Comentou que estaria por aqui e hoje ele simplesmente apareceu. — Vi as fotos de vocês de Jet-Ski. — Sim — Respondeu quase soprando — Não sabia que Valéria postaria tantas fotos. Angel cerrou os dentes outra vez tentando ver o lado positivo. Com um menino como Leo levando a Sarah em seu Jet-Ski, era virtualmente improvável que outros meninos se metessem com ela. Não como Valéria e as outras garotas que foram com eles, as únicas fotos nas que Sarah aparecia com meninos eram com Leo. — Se divertiu? — Hummm — Pareceu vacilar e logo continuou — Foi um dia interessante. Ele esperou que continuasse falando, mas ela parou. — Então? Sarah suspirou quase dramaticamente, deixando Angel nervoso. — Primeiro, me convidaram para esse barco que certamente viu nas fotos — Ela parou, mas ele não comentou nada, porque não queria perguntar quem diabos havia convidado. Fazia uma ideia, pessoas completamente estranhas que acabavam de conhecer. Se perguntasse, estaria certo, não seria capaz de se conter de dizer sua opinião a respeito e não queria que a conversa azedasse tão rápido. Havia algo no tom de Sarah que dizia que ele não gostaria da resposta. — Então. Continue.


— Leonardo apareceu inesperadamente e para ser honesta, foi uma bênção. Não queria estar naquele barco, assim, ele me salvou. — Não foi no barco? — Não. Bem, talvez essa teoria de que era melhor que Leo estivesse ali estivesse vindo abaixo. — O que mais? Ela bocejou e ouviu que movia coisas. — Estou muito cansada, Angel. Melhor continuar com isso amanhã. É muita coisa. Tudo o que sei é que nunca voltarei a fazer algo assim outra vez. Foi muito estressante estar com todos esses homens bêbados e as garotas e as brigas... — Brigas? Quem brigou? — Todos — Murmurou, mas mesmo assim, notou a mudança em sua voz. Ela soava triste e isso o fez se endireitar. — O que aconteceu de ruim? — Nada — Respondeu, mas definitivamente algo estava errado. — Sarah, baby, não minta para mim. — É só... — Respirou fundo — É que nunca devia ter vindo aqui sem você. — Pode me dizer o porquê? — Senti meu estômago dar nó o dia todo — Sua voz soava um pouco menos cansada agora, o que fez com que Angel se sentisse melhor, mas ela permaneceu enigmática.


Baixou a voz e contou o resto. A outra garota que foi com eles, Mônica, ficou realmente bêbada. Assim, em vez de deixá-la a sós no barco com todos os meninos, os quatro não caberiam no Jet-Ski de Leo quando passou para buscar Valéria, deixou Sarah na costa com seus amigos e foi sozinho. Trouxe a Valéria e a Mônica a salvo, mas um par de minutos depois, os meninos bêbados foram atrás deles com seus Jet-Ski e o Leo e seus amigos ficaram na defensiva. — Leonardo bateu em uns dos meninos e o deixou muito mal. — Sussurrou e Angel pôde notar que começou a chorar — Pensei que o mataria. Foi tão assustador. Foi uma face dele que não esperava. Isso foi tudo. Lembrei que quase não o conheço. Uma parte de Angel estava feliz de que Sarah tivesse um pouco de medo de Leo, mas a outra estava preocupada com seu irmão. Pelo que ela disse, o menino era imprevisível, perigoso. — Há algo mais ou só está muito cansada? Tentava ser consciente. Mas sentia que aconteceu algo mais que a briga. — Há algo mais — Respondeu voltando a bocejar — Mas realmente preciso dormir um pouco, Angel. Valéria e eu revezaremos em turnos para dirigir amanhã. Se começo esse assunto com você agora... — Inalou e exalou — Estaremos aqui até de manhã. Genial. Agora realmente queria saber. — Algo tão ruim? — Perguntou, fechando os olhos e deixando apoiar a nuca na cabeceira. — Não — Respondeu bocejando. — Somente longo. Contarei tudo amanhã de manhã, está bem? Prometo.


Desligaram e vinte minutos depois, quase dormiu olhando a televisão, até que Alex entrou e o despertou. — Falou com a Sarah? — Perguntou Alex, tirando a camisa pela cabeça e atirando na cadeira. — Sim — Assentiu Angel, desligando a televisão e pedindo para que Alex não a religasse. O homem foi para o banho e Angel o pôde ouvir escovando seus dentes. Quando fechou a torneira, Alex perguntou: — Então, já sabe de alguma coisa? — Que coisa? A briga? — Quer dizer, brigas? — Alex riu entre dentes, saindo do banheiro e se sentou em sua cama. — Isso que Valéria me disse, Leo é pior que Romero — Alex desamarrou seus sapatos e os tirou com os seus pés e logo começou a tirar suas meias três-quartos. — E disse que não era como nós com a Sof, mas me parece que é sim. Em primeiro lugar, mandou a merda esse menino. Valéria disse que estava bastante certa que se tivessem deixado a sua amiga com ele, se aproveitariam dela. Leo se assegurou de deixar a garota no barco, mas mais tarde, esse mesmo menino voltou para Sarah e disse que a outra garota estava muito bêbada para ser divertida, mas que ela serviria — Alex voltou a rir, sacudindo sua cabeça —Val me disse que o Leo golpeou o cara até que este apenas se movia. — Ela me contou dessa briga — Disse Angel, apoiando em seu cotovelo, surpreso de que Sarah não tivesse mencionado os detalhes. — Houve alguma outra? Alex o olhou enquanto se levantava e abria a braguilha da calça. — Bom, não foi como uma briga, só Leo discutindo com alguém. Não te falou sobre isso?


Angel sacudiu sua cabeça, mas tinha um mau pressentimento. — Estava cansada. Disse que me diria o resto amanhã. — De volta para o quarto, um par de idiotas bêbados estavam esperando — Disse Alex, deitando sob seus lençóis — Disseram que estavam esperando ser convidados para seu quarto, outra vez. — Outra vez? — Perguntou Angel, instintivamente olhando para seu telefone, preparado para ligar de volta, se precisasse. — Sim, isso foi o que disseram — Alex franziu a testa. — Suponho que ontem de noite, as garotas estavam tendo um momento no balcão, olhando as pessoas e estes dois meninos começaram a puxar papo, assim decidiram se convidar para seu quarto. Segundo Valéria, os meninos bateram na sua porta, mas não os deixaram entrar. De todos os modos — Alex bocejou. — Leo esteve tranquilo, até que um deles disse algo a Sarah e o pôs em seu lugar com um só golpe. — O que disse o menino? — Perguntou Angel, se perguntando o que chatearia tanto a Leo ou se o menino era tão selvagem como parecia. — Sei lá — Disse Alex, rodando — Algo estúpido, mas Valéria disse que nenhum deles o viu novamente, muito menos o menino bêbado. Num segundo, seu cu bêbado estava difamando Sarah e no seguinte, estava no chão. Olhando fixamente seu irmão já dormindo, Angel pensou sobre isso. Sarah descreveu um Leo muito assustador. Pensei que ia mata-lo. O dia de amanhã não podia chegar rápido o suficiente. Angel precisava saber agora tudo a respeito deste cara. Angel sabia a respeito dos temperamentos explosivos. Sarah não era alheia ao dele. Por muito que esteve ao redor dele e de seus irmãos e inclusive de Romero, que era o pior


de todos, nunca usou a palavra assustador para descrever a qualquer um deles. Irmão ou não, um tipo imprevisível e possivelmente perigoso não era alguém que Angel quisesse que se aproximasse de Sarah.

Em toda viagem de volta à La Jolla, Sarah pensou sobre tudo que tinha que dizer a Angel. Essa, possivelmente, poderia ter sido a viagem mais longa de sua vida. Teve um bom tempo para pensar a respeito do que diria e sabia que Angel já desconfiava de Leo. Tão incômodo como foi ter visto esse lado do Leonardo, ao menos, foi aberto e honesto sobre isso. Não tinha que ter dito e o certo era que em ambos os casos, quando reagiu, fez para defendê-la. Não haveria possibilidade de que Angel sustentaria isso contra ele. Depois de passar todo o dia com o Leonardo, conheceu seu lado vulnerável. Embora dissesse coisas que a fizeram ficar incomodada, incluindo que nunca sentiu o que ela o fazia sentir. Não era a pessoa mais tagarela que conheceu. Era cru e amaldiçoava muito, mas tinha um lado suave. Era algo que notou desde o começo. Entendeu quando foi o momento de dizer coisas boas, coisas doces, que era difícil de dizer. Era como se não estivesse acostumado a dizer essas coisas a ninguém. Talvez por isso sua escolha de palavras era equivocada. Ou igual quando a chamou de baby. Tratou de pensar na teoria de que pensava como seu pai, mas se sentia mal e já que Angel não podia suportar ouvir Sydney chamá-la de Lynni, tinha certeza que se oporia a isto. Entretanto, não se atreveria a dizer a Leonardo que não a chamasse assim. Outra coisa que confirmou este fim de semana.


Independentemente das incertezas que ainda tinha sobre ele, seus instintos disseram que ele não ia machucá-la. Ficou ainda mais claro isso este fim de semana. Se quisesse, poderia ter feito facilmente. Em troca, a protegeu, mesmo de forma grosseira. Com exceção desse momento, quando começou a entrar em pânico no Jet-Ski, nenhuma única vez se sentiu insegura a seu redor. Não ia baixar a guarda sobre Leonardo. Aprendeu a lição. Ainda havia algo estranho quando estava próxima a ele, mas a única coisa de que tinha certeza, era que nunca faria mal. Tinha certeza, entretanto, Angel não o entenderia, porque inclusive ela não podia explicar por que estava tão segura. Assim, decidiu que por agora, guardaria essa parte para si. Deixaram primeiro Mônica e depois, Valéria deixou Sarah, porque ambas queriam encontrar os meninos em seus carros separados. Sarah e Angel conseguiriam uma casa. Ela esteve fora todo o fim de semana e não tinha nenhuma pressa em voltar para casa, não quando a alternativa era dormir toda a noite e logo despertar nos braços de Angel. Ela já estava louca de ansiedade. Valéria se encontrou com Sarah na recepção da bagagem, embora nem Angel nem Alex estivessem esperando por elas. Eles combinaram que esse era um bom lugar para se encontrarem. Haviam muitas outras famílias, namoradas

e

inclusive

alguns

meninos

esperando

pela

equipe.

A

aterrissagem de seu avião foi anunciada e Sarah não podia acreditar como estava ansiosa em vê-lo. Era quase tolo. Ele só se foi por um fim de semana, mas com tudo o que aconteceu, sentia que estiveram longe por meses. Olhou enquanto alguns dos jogadores começavam a descer as escadas. Alguns usavam seus uniformes, outros usavam camisas da escola. Depois o viu. Ambos, ele e Alex, usavam jeans e suéteres, só que Angel usava uma camisa de manga longa debaixo enquanto Alex usava uma de manga curta. — Aí estão — Disse Valéria, quase dançando junto a ela.


No instante em que ambos os irmãos as viram, esboçaram sorrisos enormes. Jesus, ambos eram tão perfeitos, mas o olhar de Angel tirou seu fôlego e a deixou sem fala. Valéria e ela correram para eles e pularam em seus braços quando chegaram perto o suficiente. Angel enterrou o rosto em seu pescoço, a abraçando fortemente. — Deus, senti saudades — Disse, inalando profundamente — Senti que isso durou mais de três dias. Ela se afastou para olhá-lo no rosto. — Foi mesmo, não é? Não sou a única pateticamente doente de amor? — Angel riu. — Bom, espero que esteja, porque estou completamente. — Sorriu — Foi muito tempo. A próxima vez planejaremos com antecipação, porque isso não acontecerá de novo. Se separaram de Alex e de Valéria e foram para uma casa perto da praia. Sarah pensou que talvez ele quisesse dar um passeio pela praia ou comer algo em um dos restaurantes na orla, mas Angel disse que tudo que queria fazer era ir para casa, comprar algo para comer e desfrutar de seu tempo juntos. Ele não disse e Sarah estava certa de que era porque, não queria arruinar o estado de ânimo em que se encontravam, mas sabia que estava ansioso para escutar tudo o que tinha para contar a respeito de Leo. Estava acostumada de Angel não ser capaz de tirar as mãos de cima dela, mas hoje era diferente, a maneira como a tocava e a acariciava, inclusive quando a escutava falar. Contou sobre sua longa viagem desde o Havasu e sobre como quase ficaram sem combustível, porque nem ela nem Valéria se deram conta do pouco que tinham até que estiveram a quilômetros de distância em ambas as direções de um posto de gasolina.


— Mônica dormiu durante quase toda a viagem; tinha uma grande ressaca — Disse Sarah, tocando os lábios dentro do elevador que os levaria a seu apartamento. Enquanto esperava que o recepcionista entregasse suas chaves no lobby, Angel a manteve próxima, escutando cada uma de suas palavras. Doente de amor era a palavra exata que ela estava acostumada a usar para descrever a forma em que ele a olhava e a amava, porque era exatamente como se sentia quando o olhava. — Irreal — Sussurrou, passando os dedos por seu cabelo. — O quê? — Ela sorriu, olhando seus lábios e de volta a seus olhos. — A maneira que me faz sentir — Sussurrou, acariciando seus lábios com os dedos, a olhando enquanto ela se inundava mais em seus olhos. — É como se tudo o que senti este fim de semana, toda a angústia, todas as preocupações, toda a ansiedade por estar ao seu lado de novo, valesse a pena. Inclusive, faria de novo, reviveria a tortura a que o treinador nos submeteu centenas de vezes, por este momento. — Sussurrou, a beijando brandamente e depois se afastando para olhá-la nos olhos dessa maneira que amolecia seus joelhos. — Isso faz com que valha a pena. Não digo o suficiente. Te amo Sarah. Sentindo as lágrimas quentes em seus olhos, o abraçou fortemente justo quando o elevador apitava e parava. — Eu também te amo. Caminharam pelo corredor, recarregando um ao outro e rindo, porque ambos sabiam que outras pessoas pensariam que seus comportamentos eram nojentos. Alex e

Valéria certamente

já estariam nus em

algum lugar,

aproveitando ao máximo de seu tempo juntos. Se Angel não fizesse nada


mais que abraçá-la e olhá-la nos olhos da forma em que fez desde que se encontraram no aeroporto, ela estaria igualmente feliz. No momento em que entrou no apartamento e com a porta fechada a suas costas, Sarah descobriu rapidamente que abraçá-la e olhá-la amorosamente nos olhos toda a noite não era o que Angel planejava. Se aproximou e a beijou mais profundamente desde que chegou. Caminhando de costas enquanto suas respirações se aceleravam com cada estocada de suas impacientes línguas na boca do outro, Angel levantou a blusa e a tirou. Tirou sua camisa e ela percorreu seus largos ombros com suas mãos, beijando enquanto se recostava na cama. Como um profissional, desabotoou o sutiã e o tirou em segundos, tudo enquanto a beijava insaciavelmente. Sugando seu lábio inferior mais e mais forte, sabendo muito bem que a teria gemendo logo, abriu a braguilha da calça. Sarah levantou os quadris para ajudá-lo a tirar junto suas calcinhas. Angel gemeu com a vista de seu corpo, agora nu, debaixo dele. Sarah nunca se cansaria da forma que ele olhava lentamente com tanta admiração, como se fosse a primeira vez que olhava cada centímetro dela. Separando as pernas, passou a mão entre elas e a acariciou gentilmente, a fazendo tremer incontrolavelmente. Talvez em outro momento estivesse disposta a esperar que ele tomasse seu tempo, mas hoje não. Se esticou para alcançar sua braguilha e começou a baixá-la até que ele se desfez por si mesmo. Uma vez que o teve fora da calça e igualmente nu, o atraiu para si, amando a forma que seu perfeitamente cinzelado corpo se sentia contra o seu. — Faça amor comigo — Sussurrou ansiosamente.


— Sim. — Ele sussurrou de volta. A olhando nos olhos com um pequeno sorriso. — Mas primeiro, vou te comer até que grite meu nome! Seus olhos brilharam enquanto se abria mais para ele. — Por favor. Piedosamente, não a fez esperar. Nesse instante, empurrou nela e começou a fazer exatamente isso.


CAPÍTULO VINTE

Nada mudou, não depois de todo este tempo. E Angel sabia que nunca sentiu nada igual a fazer amor com Sarah. Podia ficar deitado abraçado durante horas e simplesmente olhar e beijar com delicadeza. Seus lábios. Seu nariz. Sua face. Desde que a conheceu, continuava a ser incapaz de manter suas mãos e lábios longe dela. Ela possuía todo seu ser e felizmente, entregara seu coração. Era algo que precisava ouvir. Precisava que ela fosse consciente disso, porque nunca a partilharia, não com Sydney e muito menos com Leo, principalmente levando em conta que poderia ser perigoso. Tanto quanto gostaria de ficar para sempre ali deitado a observando, precisavam conversar sobre a outra noite. Afastando alguns centímetros de sua frente, quase se odiou por perguntar e mudar o clima entre eles, mas tinha que fazer. — Então, como foi este fim de semana? Na outra noite me disse que teria de ficar mais tempo. Seus olhos se detiveram em seu peito e seu corpo se esticou. Angel lutou contra o impulso de trincar seus dentes e perguntar o que estava acontecendo. Talvez estivesse nervosa por dizer quão protetor Leo foi com ela, que em vez de derrubar só um oponente, derrubara dois, que na


verdade, não tentavam machuca-la. Embora estivesse agradecido pela proteção, sabia que seu irmão não o fizera por ele. O cuidado fraternal não era nada novo a Angel. Sabia tudo sobre isso, mas desta vez, sentia que era diferente e pela vibração que estava recebendo de Sarah, realmente podia dizer que assim era. — Sei que não confia em Leonardo, Angel. — Se afastou e levantou uma sobrancelha, Angel a enfrentou, determinado a manter a mente aberta. — Ele mentiu um pouco, mas não foi tão importante. — Disse com um toque de persuasão em seus olhos que mostrou a Angel que já perdoou o rapaz. — Sobre o que ele mentiu? — Ele tem um irmão. Um irmão mais velho. Angel franziu as sobrancelhas. — Por que mentiu? — Porque seu irmão está preso. Por isso não queria que soubéssemos. Temia ser julgado pelo que o irmão fez, ele pegou prisão perpétua por assassinato. — Assassinato? — Perguntou Angel, sentindo todas as reservas que já sentia por Leo, subir a um nível totalmente diferente. — Sim, mas foi condenado há anos e Leonardo também foi para a prisão, mas ficou por pouco tempo, depois jurou que mudaria de vida. — Como assim? O que Leo fez para ser preso? Ela olhou para outro lado, desta vez, levantando uma sobrancelha e ele odiava isso, porque sabia o que significava. Fosse o que fosse ela o defenderia.


— Bem, Leo não mentiu sobre estar na universidade. Mentiu a Omar sobre isso, mas se lembra do primeiro e-mail que recebi de Leonardo, escreveu que estudar não era para ele e estava fechando o semestre. — Ele realmente cursou a universidade, Sarah? Angel se esforçava para não julgar. Não importava se o cara foi ou não aceito na universidade. Um título universitário não significava nada, a menos que fizesse algo com ele e conhecia várias pessoas que nunca estudaram em uma universidade e, no entanto, tinham grandes realizações na vida. No que entendia, essa era a mentira número dois. Quantas mais haveria? — Não. — Disse ela olhando e levantando o queixo. — Não esteve. Leo teve uma vida dura e admitiu ter entrado e saído de problemas desde muito jovem. Contou tudo, inclusive coisas que não precisava me dizer, mas o fez. — Como o que? — Angel se endireitou, apoiando-se contra a cabeceira. — Algo sobre sua adolescência e que foi parte de uma gangue, ele mesmo lutou por dinheiro. Foi assim que seu irmão matou uma pessoa e terminou na prisão pelo resto de sua vida. Mas ele já não é parte disso. Seu irmão o fez prometer que deixaria essa vida e se esforçasse em ser uma pessoa melhor e ele está tentando. Angel a observou com espanto e horror. Sua linda namorada passara o fim de semana com um cara destes? Um valentão alegando que já não era parte de uma gangue? Angel nunca se envolvera com algo assim, mas sabia bastante a respeito disso. Uma vez que se entrava em uma gangue, só saia com a prisão ou em um caixão. — E acha que ele não precisava dizer tudo isso a você? — Não precisava.


— Sarah, ele tinha a obrigação de dizer tudo. — Disse Angel, tentando não levantar a voz. — Você tem o direito de saber se estiver perto dele ou de seus amigos, você tem de saber onde está se metendo. — Quase se calou, mas não pôde se conter. — Ele é perigoso. — Mas é meu irmão. — Disse imediatamente. — Ele a assustou, Sarah. Você mesma disse e agora... — Olhe — interrompeu levantando as mãos para tocar os braços tensos de Angel. — Não quero brigar sobre isto, está bem? Ele não mentiu quando disse que esperava passar nos testes da polícia de Los Angeles, mas ele sabe que não chegaria além da verificação de antecedentes, quanto mais a ser aprovado nos exames escritos. Não com seu histórico. Não vai ser como se ele morasse aqui, nem estaria o tempo todo perto de mim. Ainda assim, eu gostaria do tê-lo em minha vida, mas não se preocupe comigo e nem por seus amigos perigosos. — Ela olhou seus braços e os apertou, baixando a voz. — Sei que disse estar um pouco assustada. Ver o quão violento ele podia ser foi terrível, mas nunca me senti em perigo com ele e na única vez... — O que ele fez? — Angel ardeu em chamas imediatamente. — Não. — Rapidamente ela negou com a cabeça, se endireitando e pondo as mãos entre as suas e falou rapidamente. — Nada disso. Só tirei conclusões precipitadas quando me disse que queria falar comigo em particular. Fomos de jet-ski a um lugar tranquilo do lago e me assustei. No momento em que ele percebeu, desligou o motor e desceu dele. Disse que falaria fora da água se me fazia sentir mais segura. Mas a não ser isso, sempre me senti segura com ele. Ela começou a contar sobre a briga e como Leo reagiu, pois pensara que tinham feito algo.


— Não creio que ele pretendesse machucar tanto os caras. — Como Angel temera, Sarah estava defendendo Leo ferozmente. — Acho que notou que me assustou, porque esta manhã, veio se despedir e me explicou que bater era um hábito difícil de esquecer. O cara só tinha dezenove. Há quanto poderia estar nessa gangue? — O que fez para ser preso? — Não me contou. Só disse que se meteu em muitas encrencas. Ser parte da gangue o colocava em coisas ilegais. Mas agora está tentando mudar de vida. — Como? Angel não pretendia parecer pessimista, mas o cara não estudava e muito menos trabalhava, já que ele e seus amigos estavam por capricho se divertindo no fim de semana. Sarah contou que Leo estava fazendo bicos por aí, construção, mecânico, mas nada sério. — Com seus antecedentes, é difícil ser contratado, mas me disse que vai bem e que não se mete em problemas há algum tempo. — Disse algo sobre o seu pai? Ela sacudiu a cabeça, olhando sua mão sobre a dele e Angel acariciou sua pele, odiando que ela pudesse estar sofrendo com tudo isso. — Já não pergunto mais. A última vez que perguntei, me disse que não se importava se Omar estava vivo ou morto e que eu deveria esquecê-lo. — Tocou a têmpora de Angel, logo suavizou sua sobrancelha levantada. Era algo que sempre o ajudava a se acalmar. — Sabe amor, não estou sendo ingênua sobre isto. Sei que já estou o chamando de irmão, mas estou consciente de que ainda não sei realmente


se é ou não. Só por ele ter confessado seu passado, não quer dizer que seja uma boa pessoa. Está bem? Mas até que eu tenha provas de que ele não é confiável, quero continuar com isto, devagar e com precaução, com você a meu lado a cada passo do caminho. Com isso, Angel decidiu que não tinha sentido continuar discutindo. O sujeito não estava morando na cidade, por isso, Angel pensou que não precisava se preocupar muito a respeito de Sarah estar por perto quando o cara se metesse em encrencas e deixou passar. Mas definitivamente levava a sério o conselho de Sal. Ele ficaria de olho em Leo. Angel poderia apostar que havia muito mais nessa história do que revelara Sarah.

********** Os meses seguintes se passaram sem incidentes. Desde que Leo voltara para o México com sua mãe, para ajudar os parentes com algum tipo de trabalho na fazenda de alguém, ficaria fora por semanas, talvez meses. Sua ausência adiou a investigação de Angel. Supôs que com Leo fora, teria tempo de investiga-lo depois. Leo disse a Sarah que não teria acesso à internet e como não tinha um plano internacional de celular, Sarah não teria notícias dele, possivelmente até princípios do ano novo. Mas não levou uma semana para conversar com ela pelo Skype do México. Angel se sentiu aliviado pelo sujeito estar longe e que a única comunicação entre eles era através da internet. Entre as partidas, treinos de futebol e suas inúmeras tarefas na universidade, a última coisa que precisava era se preocupar com Leo. Apesar de Sarah e Angel já terem celebrado seu aniversário de vinte e um anos na véspera de Ano Novo com uma festa extravagante em sua casa,


tinham uma semana livre depois de Ano Novo e Angel sairia com Sarah. Todo o grupo se encontraria no Big Bear alguns dias antes de voltarem às aulas. Só Angel chegaria um dia antes que os outros, assim ele e Sarah teriam um tempo só para eles. — Pronta? — Perguntou enquanto ela saía pela porta principal para recebê-lo. Ela sabia que tinham de estar na cabana até amanhã, mas não sabia aonde iriam hoje. Sorriu e depois mordeu o lábio inferior. — Então, para onde vamos? Passando os braços ao redor de sua cintura, a levantou do degrau superior onde estava parada para gira-la em torno de si, rindo quando ela soltou um grito antes de baixa-la diante dele. — Big Bear — Disse com um sorriso e acrescentou: — Lembra da pequena capela que vimos na última vez que estivemos lá? Vamos nos casar. O sorriso dela murchou instantaneamente quando sua boca se abriu. Engolindo em seco, mas tentando manter o comportamento brincalhão, soltou- a mão. — Bem, foi só uma brincadeira. Não precisa perecer tão horrorizada. — Não! — Ela ofegou, tentando pegar minha mão de novo. — Não é o que

está

imaginando.

É

que...

Fez

uma

pausa,

tentando

aparentemente encontrar as palavras adequadas. — Por um momento, pensei que você falava a sério e bem... Já falamos sobre isto... — Ok. — Disse, a atraindo para si de novo e a beijando com carinho antes que a atmosfera se tornasse estranha. — Sempre sonhou com um grande casamento e o terá. Mas vamos ter o lugar só para nós esta noite. Prometo que não falaremos em casamento.


Um sorriso de alívio inundou seu rosto e devolveu o beijo, acariciando o rosto com sua mão fria. — A ideia de me casar com você jamais me horrorizaria. É só que me pegou de surpresa. Depois de um longo e apaixonado beijo que deixou Angel com vontade de mais, ela disse que a bagagem estava pronta e só precisava arrumar sua cama, Angel a seguiu para dentro. Passaram na sala para avisar sua mãe para onde iriam e Sarah fez a mesma brincadeira que Angel fez com ela. — Há uma linda capela e queremos dar uma olhada. — Sua mãe estava a ponto de levar a xícara de café à boca quando os olhou séria. Sarah e Angel trocaram olhares até Sarah explodir em gargalhadas e assegurar a mãe que estava brincando. Sarah entrou no quarto rindo e Angel estava logo atrás. — Olá, baby. A voz masculina provinha do laptop aberto de Sarah que estava na mesa. Sarah se deteve, olhou para o laptop e logo depois a Angel, com uma expressão muito estranha para decifra-la. — Pensei que tinha me abandonado. — Disse o cara outra vez. — Quem é? — Perguntou Angel, a fúria, dor e alarme revolviam suas entranhas. Sério, tinha um cara chamando a sua namorada de baby? Antes que pudesse ver quem era, Sarah correu para o laptop e disse rapidamente. — Conversamos amanhã. Angel está aqui, Leonardo. Tenho que ir. Angel olhou para confirmar, de fato, Leo estava na tela antes de Sarah fechar a janela e baixar a tela. — Por que a chamou de baby?


Nem se importou que seu tom soasse tão severo. A adrenalina bombeando por suas veias queimava e queria bater em si mesmo por não ter prosseguido investigando Leo. — Bem, ele acha natural. — Disse ela, se esticando para tocar ser rosto. — Ele me disse que me acha muito pequena perto dele. — Ele a chama assim há muito tempo? Ela assentiu, mas não disse nada mais. Ok. Ele era seu irmão. Angel ouviu coisas mais doentes e pervertidas durante sua vida. Este cara era muito estranho. Pulou do maldito jet-ski quando ela se assustou. Quem fazia isso? Até Sal achou estranho quando contou. Agora isto? Sarah o beijou meigamente e depois começou a se aproximar da sua cama, mas Angel se soltou de seu braço. — Eu não gosto. Ouvir Leo chama-la assim me revira o estômago, peça para parar com isso. Já não importava se ela pensasse que era absurdo ele ter ciúmes de seu irmão. Estava cansado de fingir que estava tudo bem, na verdade, começava a odiar o sujeito. Odiara saber que ela conversava com o cara até tarde algumas noites. Sarah disse isso abertamente e Angel engolira. Afinal, era seu irmão. Só que Angel ainda tinha um mau pressentimento a respeito do sujeito e agora apelidos. Baby? Que merda era essa? — Não é nada demais. — Disse, mas ela afastou o olhar rapidamente. Angel a puxou pelo braço, a forçando a olhar nos olhos. — Tem certeza?


Ela assentiu, mas nada disso e nem a repentina expressão vazia em seu rosto parecia sincera. O fato de não ter dito nada a respeito, era um aviso de que este não era só um mero apelido fraternal, era seu irmão e não deveria se preocupar, ela deixou bem claro. Ela entendeu, porque se alterou quando o ouviu chama-la assim. O maldito irmão dela tinha que se intrometer em suas férias e nem começaram ainda.


CAPÍTULO VINTE E UM

O trajeto para Big Bear começou tranquilo, mas desconfortável. Sarah não podia evitar se sentir culpada por não dizer a Angel sobre o apelido. Soube que Angel não gostaria no momento em que ouviu pela primeira vez Leonardo usando a expressão carinhosa. Mas se sentia ainda mais culpada por acabar gostando do apelido. Considerou dizer a Leonardo que aquilo a deixava desconfortável na frente de outras pessoas e provavelmente irritaria Angel. No entanto, Leo persistia em usar o apelido na frente de seus amigos e até na presença de Valéria, quando ele abraçou Sarah para se despedir na manhã em que partiram. Curiosamente, Valéria não achou estranho. Riu e perguntou a Sarah como se sentia ter um cara mau tão sexy a chamando de uma forma tão doce. Sarah não disse a verdade, que era um tanto emocionante, pois sabia que Valéria a interpretaria da maneira errada e não queria explicar tudo sobre seu pai. Assim, de forma simples e firme, explicou a Valéria que já tinha um cara sexy esperando em casa. Mas havia algo mais que a fazia se sentir culpada. Outra coisa que nunca disse a Angel e certamente não estava planejando dizer agora, foi como se sentiu quando Leonardo contou sobre


ficar no México por alguns meses. Não queria pensar nisso, mas essa última conversa foi diferente. Era como se estivesse dizendo adeus para sempre. As palavras "Conversaremos depois do ano novo", pareceram uma despedida. Inclusive, perguntou se havia algo errado. Ele esteve frio quando falou com ela. Na verdade, sentira um nó na garganta quando se despediram. Tinha a sensação de que ouvira sua voz pela última vez, do mesmo modo que agiu seu pai, que satisfez a curiosidade de conhecê-la e agora desaparecia de sua vida também. Se sentia ferida e humilhada por ter deixado uma impressão tão insignificante naqueles homens, nenhum dos dois parecia ter algum interesse nela. Então, quando recebeu a chamada pelo Skype menos de uma semana depois, ficou muito feliz, mais do que deveria. Realmente pensou que nunca mais o veria. Mais tarde naquela noite, quando telefonara a Sydney, a única pessoa que sabia como se sentira a respeito da despedida do irmão, chamara sua atenção. — Você está me deixando preocupada, Lynni. — Disse. — Por quê? — Não deveria estar se importando com o que Leo faz ou deixa de fazer. — Insistiu. — Deveria estar aliviada por ele estar longe. — Mas ele é meu irmão. — Sei, mesmo assim. Mas se eu fosse você, esperaria Angel se acalmar um pouco antes de contar que Leo entrou em contato com você. Então, seguiu o conselho de Sydney e contara sobre as conversas pelo Skype. Como era de se esperar, Angel não gostou, por isso ficou contente por omitir o assunto antes. — Tive um sonho estranho ontem à noite. — Disse Angel, a tirando de seus pensamentos.


Ele não disse nenhuma palavra até o momento. Sarah virou para ele. Observou seu perfil, a mandíbula quadrada e a expressão ligeiramente em alerta. — Sonhei que esteve mentindo para mim. Sentindo o coração se acelerar, Sarah o olhou, mas não disse nada e esperou que continuasse. — Não era uma mentira terrível. — Continuou olhando para frente. — Os rapazes me disseram para fazer um anel de noivado em vez de comprar um. Disseram que seria mais romântico, então o fiz e ficou horroroso. Normalmente algo como isto a faria sorrir. Sarah sentiu vontade, mas ele parecia tão sério... — A pedi em casamento e dei o anel, você dizia que gostou que estava muito bonito. — Agora a olhava, sem um sinal de sorriso, nem mesmo um brilho nos olhos cravados nela e logo voltaram a olhar a estrada. — Estava mentindo para não machucar meus sentimentos, mas eu sabia. Eu sei quando você não está dizendo a verdade ou mesmo pensando em me dizer uma mentira. Como agora. — O quê? — Quando perguntei a você — Disse, agarrando o volante visivelmente um pouco mais forte. — Se havia algo mais a respeito de Leo que poderia me embrulhar o estômago, você disse "não". Não chegou a chama-la de mentirosa, mas era o que estava dizendo, ele acertou em cheio. Só que como em seu sonho, não mentiu por malícia. Só não queria irrita-lo mais do que já estava. Angel virou para ela, só que desta vez não parecia tenso ou zangado. Parecia mais... Preocupado?


— Por que está mentindo, baby? — Não estou. — Disse, alcançando sua mão, mas ele a deixou no volante. — Desde que voltou de Havasu, você mudou. — Não, sou a mesma pessoa! — Disse, começando a sentir a garganta mais seca. — Está enganado. — Não estou enganado, você está diferente. — As mãos apertavam o volante mais forte, levantou um pouco a voz, mas não estava zangado. Parecia quase em pânico. — Nunca se comportou assim antes de conhecêlo! — Isso não tem nada a ver com ele — Disse, alarmada e surpresa por ele pensar isso. — Nem sabia que Leo estaria lá. É nisso que vem pensando este tempo todo? Que fui atrás dele? Angel não respondeu e Sarah voltou a olhar à estrada. — Pare o carro. — Disse, com calma a princípio, mas logo um pouco mais forte. — Por favor, Angel. Pare o carro! Angel começou a conduzir o carro lentamente para o lado direito da estrada e ela pôde ver que sairiam na rampa seguinte. — Por que está mentindo? — Angel perguntou, desta vez mais tranquilo, enquanto paravam no estacionamento abandonado de um acampamento. Não respondeu, simplesmente ficou olhando pela janela, o pôr do sol que começava a chegar, tentando decidir o quanto ele precisava saber. — Está sentindo algo por ele? Sua cabeça virou na direção dele. — Está maluco? Como pode me perguntar isso?


— Não sei! — Disse, estacionando o carro e virando para ela disposto a dizer tudo o que sentia. — Não sei o que pensar. Tudo isto é estranho. Malditamente estranho. Manda para a irmã fotos em que está quase nu, depois manda rosas e depois ouço chama-la de baby! Não sei o que pensar, Sarah! Eu nunca chamaria minha irmã assim e a conheço toda vida. Este cara a conheceu há quanto tempo? Três meses? E mais estranho ainda é que você fala com ele até tarde todas as noites. Nem com Sydney você faz isso! — Parou por um momento e a olhou quase como se doesse pensar nisso, mas continuou. — Quero dizer, onde está a namorada deste cara? O idiota não tem uma vida social? Desde quando um cara normal prefere conversar com a irmã, com a minha garota, até altas horas da noite? Finalmente parou e respirou fundo, olhando pela sua janela. Sarah pegou sua mão. Que agora estava fora do volante e descansando sobre a coxa. Pegou e entrelaçou os dedos. Angel virou para ela, sua expressão ainda completamente irritada — Eu não estava mentindo, exatamente. — Sacudiu a cabeça, respirou fundo e decidiu que seria melhor dizer tudo. — Ele também me chama de linda. — Começou e Angel imediatamente a interrompeu e puxou a mão, mas ela a segurou com força. — Você nunca me disse isso. — Você leu o primeiro e-mail que Leo me enviou... — Ele disse que a achava linda. — Disse Angel e ela podia ver que estava fazendo todo o possível para manter a calma. — Mais de uma vez, mas não a chamou de linda, sim, pensei que era estranho, mas mesmo assim é diferente. Que mais? Sarah engoliu em seco, começando a se arrepender de dizer isto, mas estava decidida a ser o mais honesta possível.


— Às vezes, ele me chama de amor. — Disse, se preparando para a tempestade. Viu como a confusão dominou seu rosto por um momento e logo suas sobrancelhas se elevaram. — Amor? — Perguntou. — Ele a chama de Amor? Está brincando comigo? — Sarah tirou o cinto de segurança e subiu em seu assento, o surpreendendo. — Empurre um pouco o assento para trás. — Disse ela. — Sarah — Angel começou a dizer, mas levou a mão para baixo e o assento começou a se mover para trás, dando espaço para se sentar sobre o colo dele. — Sabe que estou tentando ser paciente. — Disse enquanto ela levava as mãos ao seu rosto. — Mas quando se trata de você eu... — Eu sei. — Assegurou e então se inclinou, o beijando docemente, aliviada por ele retribuir o beijo. — Entendo que é estranho, mas você mesmo já disse, Angel, ele é diferente... — Estranho! — Angel a corrigiu. — Ele é muito estranho mesmo. Ela sorriu. — Está bem, muito estranho. — E se alguma vez eu ouvi-lo a chamar desse jeito eu... — Não vai acontecer, juro. — Disse com confiança, o beijando de novo. — Tudo bem? Vou falar com ele e nunca o ouvirá me chamar de outra coisa que não seja meu nome. — Se afastou e o olhou, seu coração começando a bater um pouco mais rápido, como quando se sentou em seu colo. — Mas nunca mais questione meus sentimentos por ele ou por qualquer outra pessoa. Como pôde pensar isso?


Angel fechou os olhos e apoiou a testa contra seus seios, levando os braços ao redor dela. — Há algo errado nesse sujeito. Senti desde o primeiro dia. Eu não fui com a cara dele e agora, ouvindo como ele fala e que você permite... Ele gemeu, apertando com mais força, mas não foi um gemido excitado ou feliz. Podia sentir suas mãos apertando o volante atrás dela com força. — Ouça — Disse, afastando seu rosto dos seios longe para que a visse. — Tecnicamente, não permiti fazer nada inapropriado. Só porque sua escolha de palavras é estranha não quer dizer que seja um cara mau. Eu sabia que você ficaria irritado, mas não pensei que estaria tanto assim. —

Ele

a

chamou

de

amor!

Disse,

franzindo

a

testa

ameaçadoramente. — Eu a chamo de amor. — Suas mãos seguravam sua camiseta de novo. — E estou certo de que você não gostaria de me ouvir chamar outra garota de amor. — Tem toda a razão, eu ficaria furiosa. — Se retorceu em seu colo enquanto digeriu o que acabou de ouvir. Sim, ficaria furiosa e ferida. Não se surpreendia por ele estar tão ferido quando a questionou sobre mentir. Segurando seu rosto nas mãos, o beijou profundamente. — Nunca — Disse ela, interrompendo o beijo e olhando em seus olhos. — Nunca questione meu amor e fidelidade a você, de acordo? Ele a olhou, mas não assentiu nem aliviou sua expressão como ela esperava que fizesse. Suas mãos ainda seguravam sua camiseta com força e a intensidade nos olhos escuros era tão forte como foi na primeira vez que brigaram.


— Só por curiosidade. — Disse, lançando seu pensamento em momento picante. — Sim? — Perguntou ela, olhando-o fixamente. — Sofie me disse que se rendeu nesse momento de fraqueza, porque sentiu curiosidade. Sarah sentiu seu coração apertar. Não desde a noite terrível há anos atrás quando ele realmente acreditava que ela o enganou viu essa frieza no olhar dirigido a ela. — Está dizendo que eu...? — Me pergunto por que precisei pressiona-la a me contar. — Sarah se retorceu, tentando se afastar, mas ele a abraçou com força. — Só me diga por quê? Por que não queria que soubesse que Leo fala assim? — Porque não queria que ficasse irritado. — Disse, tentando em vão se soltar de seus braços. — Sabia que você não ia gostar, mas... — Sarah, prometeu que nunca voltaria a fazer isso. — Sei disso. — Disse, finalmente, desistindo de lutar para se soltar e caiu contra seu peito, o lugar onde sentia seu coração pulsar forte. — Sinto muito. Afrouxou a mão e acariciou seus cabelos, mas a outra mão continuava segurando a camiseta. — Olhe para mim. — Exigiu, sua voz cheia de pânico, por isso ela levantou seu olhar para seus olhos igualmente cheios de temor. — Não está interessada nele? — Não! — Disse imediatamente. — Tem certeza? — Seus olhos procuraram os meus. — Sim! — Assegurou com um beijo ligeiro em seus lábios.


— Sarah, não sou como Eric. — Sei que não é. — Continuou beijando seus lábios. — Nunca esqueceria algo como isso. — Sei que não o faria. — Parou para fita-lo nos olhos, pois precisava fazê-lo entender isto. — Angel, nunca faria algo como isso. Nunca. Tem que acreditar nisso. Amo você. A olhou por um momento antes de expirar e abraça-la fortemente. — Tenho medo. — Sussurrou, beijando sua face. — Não me importa que esse cara seja seu irmão. — Disse, segurando agora seu rosto entre as mãos. — Você me entende? — Ela assentiu. — Confio em você, mas não confio nele. — Angel, eu também não confio nele. — Isto pareceu surpreendê-lo e franziu suas sobrancelhas. — Sei que não é um cara só diferente. Também sinto que há alguma coisa, está bem? Mas não é justo julga-lo, porque algo nos diz que não deveríamos confiar nele quando na verdade, não fez nada de errado. Mesmo sendo estranho o modo de me chamar, não prova nada. — Levou o dedo a seus lábios antes que ele pudesse responder a isso. — Acredite, não sou ingênua. Estou tão desconfiada quanto você e também estou questionando tudo, mas até que tenha uma verdadeira razão para não fazê-lo, eu gostaria de dar o benefício da dúvida. Não esconderei nada mais novamente. Não importa o quão pequeno seja. Está bem? Olhou por um momento com a mesma intensidade com que a amava, apesar de deixa-lo nervoso às vezes. Sem dizer uma palavra, Angel a puxou e beijou. Devolveu o beijo profundamente e muito mais longo que todo o tempo que estiveram sentados ali. Angel tirou sua camiseta da parte traseira de seu jeans enquanto sua respiração se acelerava. Ela se inclinou para trás por um momento, olhando ao redor do estacionamento deserto. A


neve caía em flocos mais grossos e sabia que precisavam chegar a sua cabana antes que escurecesse e os limpadores de neve já não estivessem funcionando. Mas no momento em que Angel levantou sua camiseta e chupou seu seio, decidiu que este seria o melhor sexo no carro. — Para sempre e sempre. — Sussurrou enquanto levava seus lábios de novo aos dela. — É minha. — Disse bruscamente enquanto mordia seu lábio inferior. Essa não era a forma mais romântica, mas dadas as circunstâncias, deixou acontecer e devorou sua língua com um gemido descontrolado.

Era decepcionante. Engraçado, mas decepcionante, chegar à cabana e descobrir que Alex e Valéria tiveram a mesma ideia de passar um dia longe dos outros. Depois da viagem tensa até ali, Angel tinha toda a intenção de fazer sexo com Sarah de todas as formas imagináveis e em todos os lugares da cabana. Deveria saber que algo assim também passaria pela cabeça de Alex quando perguntou a alguns dos rapazes se poderiam substituí-lo em seu turno. Por alguma razão, desde que Angel soube que Alex viria à cabana com todos seus irmãos, Valéria e Romero, Angel pensou que talvez Alex estivesse tentando escapulir para ter um pouco de tempo com alguém. Então, os planos de Angel de se sentar em frente a lareira para ir esquentando as coisas foram arruinados. Mas ao menos tinham um quarto só para eles e aproveitariam ao máximo. Na primeira tarde, passaram jogando cartas com Alex e Valéria, escutaram música e depois viram um filme. Embora tenham custado a


escolherem o filme, finalmente se decidiram pelo Náufrago e quando terminaram, todos estavam preparados para cair na cama. Teriam um longo dia para esquiar, mas principalmente, Angel estava ansioso para colocar Sarah na cama. Esse pequeno e apressado aperitivo que tiveram no automóvel não era o suficiente para desfazer a tensão sobre Leo. De maneira nenhuma acreditaria que o sujeito estava interessado em se aproximar de Sarah só para ser fraternal. Tinha de arranjar um jeito de não deixar Sarah a sós com o cara. Mesmo Sarah estando alerta, Angel tinha o pressentimento de que teria problemas com ele. Por hora, deixaria como estava. Mas tão seguro quanto o céu, investigaria mais sobre o sujeito quando terminasse a viagem. Na manhã seguinte, depois de uma maravilhosa noite de sexo, Angel deixou Sarah dormindo pacificamente enquanto preparou café e torradas francesas. — O que está fazendo? — Perguntou Alex, tirando Angel dos pensamentos que estava tendo sobre Leo e Sarah. Deu a volta para fitar Alex, que estava entrando na cozinha de pijama, uma camiseta e sem sapatos. — Estou fazendo torradas francesas para Sarah. — Disse Angel e logo olhou os pés de Alex. — Homem, não está com frio? Alex franziu a testa quando viu a bandeja feita por Angel junto à estufa. O prato de Sarah já tinha quatro fatias de torradas francesas e havia duas xícaras de café quente na bandeja. Angel sorriu, sabendo o que seu irmão estaria pensando. E para irrita-lo mais, tirou o suco de laranja do refrigerador, serviu um pouco em dois pequenos copos e os pôs na bandeja.


— Isso é alguma piada? — Alex olhou para as escadas. — Sabe que mal isto vai me fazer? Nem sei o que Valéria prefere para tomar no café da manhã. Angel riu. — Sério? Está preocupado com isso? Estamos falando de Valéria mesmo. Essa garota come de tudo. Só se assegure de saciar todos os seus apetites. Alex grunhiu, abrindo o refrigerador e olhando dentro. — Há chouriço aí. — Ofereceu Angel. — Não há como errar com o chouriço. — Inclusive, essa declaração o fez pensar em Leo e o comentário de não se pode errar com as rosas que fez no dia que se conheceram. Irritado porque seus pensamentos fossem ali outra vez, Angel colocou a última fatia de torrada no prato que ele e Sarah partilhariam. Pegou a bandeja carregada e saiu da cozinha. — Sorte com isso. — Disse, enquanto Alex tirava o chouriço do refrigerador com a testa franzida. — Só saia daqui com seu maldito café da manhã perfeito antes que Valéria o veja. Rindo, Angel subiu as escadas para seu quarto. Ouviu o familiar gemido de satisfação enquanto se aproximava da porta. Se tivesse que adivinhar, Sarah estaria acordando e se esticando com um enorme sorriso no rosto. Ele entrou, empurrando a porta com as costas para abri-la e depois pôs a bandeja diante dela. Seus brilhantes olhos se abriram mais com a vista da bandeja cheia de comida e ele tinha razão a respeito de seu sorriso, mas seu estômago revirou instantaneamente quando viu que segurava seu telefone junto à orelha. — Com quem está falando? — Perguntou imediatamente. Ela levantou uma mão.


— Sei. Sinto muito. — Fez uma careta, meio sorrindo, depois virou para acomodar o travesseiro atrás dela para que se sentar comodamente. — Juro que tinha a intenção de ligar ontem à noite, mas esqueci completamente. Angel a olhou enquanto ela tentava ficar confortável e levantou a coberta para que ele se sentasse junto a ela, mas ele não podia se mover. Ficou ali respirando fundo, que não fizeram nada para tranquiliza-lo. De fato, esperava que estivesse se desculpando com Sydney por não ter ligado ontem à noite, qualquer pessoa menos Leo. No segundo em que ela desligou o celular e o olhou, ele deve ter mostrado seus pensamentos, porque seu sorriso se fechou. — Era minha mãe. — Disse rapidamente. — Pediu que ligasse quando chegássemos, mas esqueci. Se apressou para explicar o resto, mas tudo em que Angel podia pensar, enquanto sentia que seu corpo eliminava a tensão que o dominou instantaneamente, isto era mau. Inclusive, enquanto deixava a bandeja com o café da manhã em seu colo, que ela o beijava e agradecia, seus ouvidos ainda zumbiam. Como poderia ouvir Sarah falar com Leo sem perder a razão? Ontem, quando disse que não queria que estivesse a sós com o sujeito, não se deu conta de cada vez que Leo dizia suas breguices como aparentemente esteve fazendo por meses. Não queria estar bravo com ela. Deus, não queria que esse imbecil estragasse esta viagem, mas estava preparado para deixá-lo de lado agora que estava captando a realidade. Ela estivera na situação de aguentar esse cara a chamando de baby e amor e não tinha a menor intenção de dizer. — O que foi? — Perguntou enquanto tomava um gole de seu café. Angel levantou seu copo de suco e bebeu tudo, precisando de algo que o esfriasse por dentro. Não discutiria novamente. Talvez, quando voltassem


para casa, tocaria no assunto de novo. Tiraria mais detalhes do que falavam nas noites. Mas não estragaria a viagem. — Nada. — Disse, pondo o copo vazio sobre a bandeja. Se aproximou dela, decidindo que não diria que por um momento, pensou que ela estava se desculpando com Leo por não ter ligado. Só a ideia dela dizendo que tinha a intenção de ligar depois da discussão, o fizera trincar os dentes tão forte que provocou dor de cabeça. — Nada — sussurrou de novo contra seus lábios e logo a beijando. — Amo você. — Eu também te amo — sussurrou de volta.


CAPÍTULO VINTE E DOIS

As garotas não eram tão ousadas como os meninos. Enquanto os cinco meninos decidiram experimentar as pistas mais desafiantes, Sarah, Valéria e Sofie optaram pelas mais fáceis, as menos perigosas. Angel ficou feliz que dos cinco, ele e Sal pareciam estar em níveis superiores de esqui que os outros. Eric seguia de perto, mas Angel era o que se encontrava mais próximo a Sal. Estava esperando ter um momento ou dois a sós para falar com ele enquanto esperava que os outros os alcançassem. A altura de Alex e o fato de que esquiava menos que todos eles, não o ajudava fazer bonito nas encostas. Eric fez o correto e tomou as trilhas lentamente e com tranquilidade. Romero era, como sempre, um desastre. O menino esquiava tão frequentemente como Alex, mas insistia em ir duas vezes mais rápido. — Alguém deveria conseguir um capacete deste tipo. — Disse Sal enquanto via Romero desembaraçar seus esquis do arbusto em que acabava de se enrolar. Eric se aproximou de Romero para ajudá-lo enquanto Alex os passava lentamente se balançando um pouco. Angel riu. — Esses dois realmente deveriam estar esquiando com as garotas. — Não fode! — Disse Sal.


— A última coisa que Alex precisa é danificar o tornozelo. — Angel nem pensou nisso enquanto voltava a olhar Alex. Ao menos, não era como Romero, que foi para outra direção, acenando os braços no ar e se movendo rápido demais para seu próprio bem. Alex estava tomando seu tempo sendo muito mais cauteloso, embora seu tornozelo tivesse muito a ver com isso. Quando estiveram longe o suficiente e pararam para fazer uma pausa, Angel virou para Sal, retirando seus óculos para logo desviar o olhar, sem querer olhá-lo quando perguntasse o que tinha intenção de perguntar. — Então, você acredita que um irmão chamando a sua irmã de baby, linda ou inclusive amor é assustador? — Virou para olhar Sal, que tirava a neve do cabelo com a mão. Este parou por um momento para olhar para Angel e pensou sobre isso. — Diabos, sim. Por quê? Angel deu de ombros. — É a forma como o irmão da Sarah a chama. Sal começou a colocar seus próprios óculos de novo, mas parou para olhar para Angel. — Procurou informações sobre este cara como disse que ia fazer? — Franzindo a testa, Angel olhou para se assegurar que Alex e Romero não estavam perto. Sabia o que esses dois diriam a respeito e não estava com humor para escutá-los. — Uma vez que seu irmão partiu para o México — Disse voltando a olhar para Sal. — Pensei que não havia pressa. Explicou como sabia que Leo estaria afastado por meses e, embora, nunca tenha deixado de se comunicar com Sarah desde que se foi, Angel estava ocupado com tantas coisas que pôs isso em segundo plano. A verdade era que Angel nem sabia por onde começar. Sim, pesquisou no


Google o nome do cara várias vezes, mas foi frustrante. Pelo que parece, o nome Leonardo Ortiz era bastante comum. Conseguiu muitas pistas, mas nenhuma delas tinha a ver com Leo. — Eu já disse que não a quero a sós com ele. — Disse enfaticamente. — Como planeja evitar que isso aconteça? É obvio que Sal traria à tona algo que ele não pensou. — Não o fará. — Disse se sentindo um pouco idiota. — Está vivendo fora do país. Se alguma vez ele quiser estar com ela, terão que planejar. Ela saberá que não deve planejar nada a menos que eu esteja lá. A carranca de Sal dizia tudo. Não estava impressionado com o plano pela metade de Angel. — Ele já não apareceu uma vez sem avisar? O que o impede de voltar a fazer? — Antes que Angel pudesse responder, Sal continuou e graças a Deus, porque ele não tinha nada a dizer. A ideia de que Leo pudesse aparecer em sua casa um dia e que ele não estivesse ali não tinha ocorrido. — Olha — Disse Sal negando com a cabeça. — Não estamos falando somente de um sujeito que pode estar tentando ganhar sua garota. Se tratasse disso, você me conhece, eu te diria que prestasse mais atenção e parasse de agir como Alex, porque não tem nada para se preocupar. Pode confiar em Sarah. Mas não é assim. Estamos falando de um sujeito que é conhecido por ser violento. Tem um irmão na prisão por assassinato e ele admite ter entrado e saído da prisão também. Pense nisso. Realmente acredita nessa história de que seu irmão está preso por brigar? — Ele matou um cara. — Angel lembrou. — Sim, bem, pelo que sei, é que não condenam a prisão perpétua por autodefesa. Tecnicamente, se a morte do cara foi resultado das feridas sofridas em uma briga, uma briga em que o cara morto foi um participante


voluntário,

então,

seu

irmão

poderia

ter

argumentado

autodefesa

facilmente. Não sou advogado, mas inclusive, eu teria aconselhado a fazer isso. Poderia continuar preso, mas não em prisão perpétua. — Sal balançou a cabeça novamente quando Romero os passou a toda velocidade e caiu de cara em uma pilha de neve. Riu entre os dentes antes de voltar a olhar Angel. — Por que ele foi para o México de qualquer maneira? Você tem certeza que ele não está na cadeia? Angel arregalou os olhos quando Sal o fez se sentir mais estúpido a cada minuto. Então lembrou. — Não te deixam fazer chamadas pelo Skype da cadeia. — Com a crescente incerteza na boca do estômago adicionou: — Certo? Sal terminou de colocar seus óculos e deu de ombros. — Não tenho ideia. Acredito que não, mas poderia depender do tipo de centro de detenção em que está e a razão pela qual entrou. Qual foi o motivo que ele deu para ir embora? — Trabalho de construção para a família no México. Contente pela distração de ter que colocar seus próprios óculos, Angel não olhou para seu irmão. Podia imaginar o que Sal estava pensando. Angel soava ingênuo inclusive para si mesmo. Agora que Sal abriu as portas para outro tipo de possibilidade do porquê um cara como Leo teria desaparecido por meses, todos tipos de coisa vieram à sua mente. Talvez ele estivesse fugindo. Talvez se encontrasse realmente no México, mas estava se escondendo ou denegrindo sua imagem. Quem sabia? Inclusive poderia estar fazendo tráfico ilegal de drogas. Quanto mais pensava, mais patético se sentia por não ter questionar desde o começo. Trabalho de construção em uma fazenda em pleno inverno? Estúpido. Estúpido. Estúpido.


Romero estava se aproximando deles agora. Angel terminou de pôr seus óculos, mas não olhou para Sal enquanto se preparava para pegar descer e disse em voz baixa: — Não vamos falar sobre isto na frente dele. — A que velocidade acredita que estava indo? — Perguntou Romero com um sorriso doído enquanto os alcançava, seus óculos torcidos e a metade de seu rosto coberto de neve. — Era muito rápido obviamente. — Disse Sal. — E seu nariz está sangrando, idiota. — Adicionou Angel. — Sério? — Romero tocou seu nariz. Eric e Alex os alcançaram e todos decidiram que, uma vez que baixassem, dariam por terminado o dia. Nenhum deles esquiava há muito tempo e, provavelmente, todos estariam doloridos amanhã se exagerassem. Era muito tarde para o Romero. Já estava fazendo caretas de dor quando alcançaram a parte de baixo da montanha. De volta à cabana, todos suspiraram pelo aroma do menudo5 que Sal deixou cozinhando na panela durante todo o dia. Tiraram as capas de roupa de neve e as penduraram. Angel observou enquanto Sarah se afastava para olhar seu telefone. O que leu a fez sorrir e, imediatamente, ele ficou aborrecido. Odiava este nível de paranoia. Já era suficientemente irritante que Sydney pudesse pôr um sorriso em seu rosto ou inclusive, lágrimas em seus olhos como fez no dia em que apareceu. Mas pensar que Leo também poderia, alguém que Angel estava certo que tinha outras intenções quando se tratava de Sarah, era muito mais irritante.

5

É uma sopa de tripa de vaca típica do México.


No momento em que estavam a sós, ele a puxou um pouco de lado. Eles foram os últimos na lavanderia onde todos penduraram suas luvas e gorros molhados, assim, ele fechou a porta quando ficaram sozinhos. — Você falou com ele hoje? — Quem? — Ela o olhou com curiosidade. — Leo. Sua expressão ficou em branco, mas negou com a cabeça. — Não, ele me mandou uma mensagem, mas eu não respondi. — O que ele queria? — Esta era a prova além da dúvida de que sua relação com Leo poderia chegar a ser um grave problema para Angel e Sarah. Antes de escutar o imbecil se referir a sua garota como baby e depois ter essa conversa profunda no caminho da cabana, Angel ficou bem com que enviasse mensagens e conversasse com ele, inclusive altas horas da noite. Agora, apenas a ideia do cara enviar mensagens o deixava louco. Se perguntava se ela aceitaria cortar toda comunicação com o rapaz. Angel entendia agora que não era mais com seu irmão que estavam tratando. Este era um homem indo atrás de Sarah e que não iria tê-la. — Apenas me perguntou como foi minha surpresa. Eu comentei que você me levaria a algum lugar, mas que era uma surpresa. Angel se apoiou na máquina de lavar roupa e a puxou para ele. Sabia que não deveria fazer isso agora. Não poderia apenas levá-la para sua casa como antes, quando tinham uma disputa ou desacordo e, ambos, poderiam adiá-la até dormir. Nenhum deles ia a parte nenhuma esta noite e não queria fazer com que o resto da noite fosse incômoda, nem tinha nenhuma intenção de ir para a cama zangado. Mas as coisas mudaram e estava cansado de ser deixado de lado aguentando tudo para evitar uma discussão. O que Sal disse hoje abriu seus olhos para outras coisas. As


infinitas possibilidades sobre a razão que fez Leo deixar a cidade por meses, agora, Angel questionava tudo. A única coisa que o acalmava era que ela admitiu que estava fazendo isso também. — Todas essas vezes que você e Leo conversaram até altas horas da noite, sobre o que exatamente estavam falando? — Primeiro de tudo, — Disse o olhando firmemente nos olhos. — Não foi um montão de vezes. Foi um par de vezes e não nos falamos a noite toda. Às vezes, ligava tarde, assim conversamos um pouco tarde da noite. Foi somente a primeira conversa que tivemos que falamos durante tanto tempo. — Seus lábios se contraíram para um lado em uma pequena careta enquanto passava a mão pelo cabelo. — Sei que tudo isto foi inquietante para você, mas está entendendo tudo errado, baby. Eu prometo que você não tem nada com o que se preocupar. Angel fechou os olhos, se concentrando no toque mágico de seus dedos contra seu couro cabeludo. Ela estava massageando suavemente da maneira que sabia que o acalmava. Então, respirou profundamente, mas não abriu os olhos. — Sobre o que falam? — Apenas coisas em geral. — Disse com uma voz tão calma que fez com que Angel abrisse os olhos. Ele olhou seus lindos olhos, feliz que tenha levado para este caminho em resposta às suas perguntas em vez da irritação, com medo de que pudesse acontecer. — Normalmente, ele me fala do que fez no dia. E eu conto o que fiz. Meu trabalho na escola. Seus trabalhos ocasionais. Esse tipo de coisas. — Só uma coisa — Disse com cautela. — E prometo que vou parar com isso, ok? — Ela assentiu com um sorriso assim que a beijou, agradecido de que estivesse sendo tão paciente com sua paranoia. — Além


dos nomes que te chama, ele te disse alguma vez algo que achasse estranho ou te fizesse sentir desconfortável? Qualquer outra coisa que escondeu de mim, porque não quis me perturbar? O sorriso desapareceu e quebrou o contato visual olhando para longe só por um momento, mas depois seus olhos voltaram para os seus. — Angel, ele diz um montão de coisas que acredito que sejam estranhas, não só sobre mim, sobre tudo. É apenas diferente. — Como o quê? — Angel pressionou. — Como a forma que se refere a todos seus amigos próximos como seus irmãos e o muito que os ama, apesar de não serem irmãos de sangue. Chama a sua mãe de “sua rainha” e só a forma em que chama as coisas em geral. — Isso não é o que quero dizer, Sarah. — Angel levantou uma sobrancelha. — O que mais ele te disse? — Ela rompeu o contato visual de novo e seu repentino desconforto era evidente. Desta vez, ela não o olhou quando começou a falar. — Ele tem esta forma de se expressar mais profunda que a maioria das pessoas. — Ela olhou para ele. — Acredito que, o que o faz parecer tão estranho ou raro é seu exterior firme. Quero dizer, sejamos honestos, Angel. Não é como se sua confissão sobre ter estado em uma gangue e passado um tempo na prisão fosse uma verdadeira surpresa, não é? É o que se esperaria de um cara que se pareça com ele, um cara com a palavra “fera” tatuada em seu corpo. O que não se espera é ouvi-lo dizer às coisas que diz da maneira que diz. Angel continuou olhando em silêncio, se preparando para o que ela poderia dizer a seguir, porque isso é o que sentia que ela estava fazendo: o preparando.


— Diz que sente que tem esta conexão comigo, uma que nunca sentiu com mais ninguém. — Os olhos de Sarah pareciam procurar os de Angel por uma reação enquanto continuava falando. — Diz que não pode explicar, mas que sentia isso antes mesmo de nos correspondermos por e-mail, apenas pelas fotos e os vídeos que viu de mim on-line. É por isso que estava tão ansioso em me conhecer. — E, novamente, você me escondeu tudo isso por que... — Não! — Disse e, finalmente, a irritação estava começando a se infiltrar através do comportamento tranquilo que, até então, conseguiu manter.

— Não estou te escondendo nada. Não pode esperar que me

lembre de tudo que me diz e depois te repasse literalmente. E ele não disse tudo de uma vez. Estou tentando pensar todas as coisas que me disse nos últimos meses que seriam estranhas, mas não necessariamente, significa que eu achasse que fossem. Talvez seja porque estou me acostumando a sua forma rara de ser franco em dizer as coisas. — Deu de ombros. — É um pensador profundo e não guarda para si mesmo o que está sentindo ou pensando. — Seus dedos acariciaram seu couro cabeludo de novo inclinando sua cabeça com um sorriso doce. — Talvez se tivesse ouvido a maneira como fala sobre as outras pessoas em sua vida, como chama a senhora mais velha, que viveu na casa de atrás de sua mãe desde antes de seu nascimento, de avó, porque essa é a conexão que sente por ela, talvez, então, as coisas que me diz não pareceriam assustadoramente estranhas para você. Angel não sabia como fazia, mas de algum jeito, ela sempre dizia a coisa perfeita no momento em que precisava ouvi-la. Apenas quando seu árbitro interno assobiava como um louco e atirava bandeiras de penalização em cada fodida direção, porque escutar que esse cara sentia uma conexão com Sarah o fez ir e acrescentar essa última parte. A puxando para ele e a


abraçando com força, manteve sua promessa de deixar esse assunto para depois da última pergunta. A verdade era que não fazia sentido discutir com Sarah sobre isso e não queria mais fazer isso. Sabia malditamente bem que, além de estar preocupado que ela passasse o tempo com alguém tão imprevisível e, possivelmente perigoso, sobre quem ainda não sabiam o suficiente, Sal estava certo. Não tinha nada para se preocupar. Inclusive se o homem se atrevesse a cruzar a linha, confiava que Sarah definiria os limites. A principal razão pela qual pediu a Sarah que falasse qualquer outra coisa que o homem poderia ter dito que fosse estranha, era para se certificar que não estava louco. Por mais que garantissem que o cara era apenas diferente, mesmo que consciente dos que os outros teriam sobre ele, o instinto de Angel sabia que havia mais. A segunda razão e uma que estava quase envergonhado de admitir para si mesmo era que ele queria uma confirmação mais profunda que podia confiar que Sarah diria toda a verdade sem se importar o quanto isso poderia o incomodar e é obvio que conseguiu. Então, depois de prometer novamente que seria menos paranoico com Leo, compensou a culpa que sentia a beijando quase violentamente. Eles pararam e ambos respiraram profundamente. Se as outras pessoas não estivessem a poucos metros de distância, ele poderia tê-la tomado sobre a máquina de lavar roupas. Em vez disso, eles foram até onde todos estavam comendo e falando sobre o quente menudo. Romero e Eric estavam discutindo sobre o filme que todos veriam. — Genial! — Disse Angel enquanto entravam na cozinha. — Inclusive mais opiniões desta vez sobre o que poderíamos ver. — Não é um filme para garotas. — Comentou Romero.


— Qual é o problema? — Eric sorriu enquanto se atirava no colchão junto a Sofie. — Não disse que não queria ver. Só estou dizendo que escolheu uma história de amor de três horas. Um filme de garotas. Romero virou para Sal que estava sentado na outra poltrona com uma bandeja na frente a ele. — Acredita que Titanic é um filme de garotas? As pessoas morrem e essas merdas. Há todo tipo de drama e não é chato. — Virou para Eric. — Nem sabia que durava três horas, porque não parece tão longo. — Sal encolheu os ombros. — Tecnicamente, é uma história romântica, mas está bem. Não me importo de assistir. Romero franziu a testa e continuou verificando o resto da lista de filmes pedidos. Um par de minutos depois, todos concordaram que veriam Titanic. Uma vez que Angel e Sarah terminaram de tomar sua sopa por volta dos primeiros quinze minutos do filme, subiram as escadas às escondidas para o quarto. Angel pensava que tentar persuadir Sarah não foi de todo mal. Não podia esperar estar debaixo dos lençóis aquecidos a abraçando. Mas manteve a outra razão para si mesmo. Titanic e qualquer outro filme de Leonardo DiCaprio estariam encabeçando a lista de filmes que nunca voltaria a ver. Cada vez que ele aparecia na tela, Angel não podia evitar pensar no maldito irmão de Sarah e a conexão que ele sentia com ela.

Todo o tempo que estiveram em Big Bear, Sarah manteve o mínimo de contato com Leonardo. Não tinha como negar o quanto Angel estava


aborrecido com ele, apesar de ter dito que manteria sua promessa de não ficar obcecado ou paranoico. Desde a conversa na lavandeira, cada momento que a viu enviando mensagens ou verificando seu telefone, não perguntou por isso. Também, não parecia feliz com isso. Realmente tornou as coisas mais fáceis e parecia ter desfrutado genuinamente o restante do tempo lá depois. De qualquer maneira, esperou estar em casa para responder as mensagens de Leo. Angel estava bem desde o dia que falaram sobre seu irmão e isso já tinha duas semanas. Claro, também podia ser porque Sarah não tinha muito para relatar. Quando voltou para a cabana, finalmente tinha liberdade de conversar on-line com Leo na privacidade de seu próprio quarto, mas notou rapidamente seu humor estranho. Sem querer, de forma alguma, assumir que ignorar suas mensagens ou suas ligações enquanto estava em Big Bear tinha algo a ver com Angel, explicou que a conexão wi-fi e o menor sinal de internet não estavam funcionando lá em cima. Não era exatamente verdade, mas surgiu que estar tão alto na montanha poderia fazer valer a desculpa. Ela imaginou que, desde que Angel não estava tão preocupado com Leonardo, a última coisa que precisava era que agora ambos tivessem rancor. Ao contrário de todas as vezes que conversavam e ele a mantinha no telefone mais do que ela planejava, ele desligou rapidamente dizendo que tinha coisas para fazer. Depois, ela não soube nada dele até um par de dias quando recebeu a ligação. Era uma ligação normal apesar de tudo. Ele perguntou como foi seu dia, depois contou um pouco do dele e logo soltou as notícias. — Vou ao México. — Disse de repente. — Desta vez será por um período maior e não terei serviço de internet. Então, eu acho que isso é um adeus.


Sarah percebeu o mesmo vazio que sentiu na primeira vez que disse que ia embora. Outra vez, soava tão decisivo. A expressão que usava era também esse sorriso que, raras vezes, via. — Adeus? — Perguntou tentando não soar tão chorosa como se sentiu de repente. — Você vai voltar, certo? Por quanto tempo você vai? — Sentou e notou que estava nervosa desde o começo de sua conversa, justo como a primeira conversa que tiveram meses atrás. — Você conhece minha situação, Sarah. Aproveito cada emprego que puder e este é longo, por isso, não sei, poucos meses? Talvez mais. — Mas você, uh... — ela engoliu em seco tentando não desmoronar. Ao contrário da primeira vez, nesta se sentia ainda pior. Desta vez, ele disse, realmente, as palavras que não disse, mas sentiu na última vez: este é um adeus. Pelo tom da sua voz, assim era. — Ligará quando voltar? — Quase tinha medo de perguntar, mas queria saber agora em vez de ficar se perguntando depois, porque realmente se sentia como se este fosse o final. — Não vai ser para sempre... não é? — Cruzou os braços olhando para o nada e não disse coisa alguma por muito tempo. De repente, ela se sentou. — Nah... nah, claro que não. Eu voltarei. Mas é apenas que, você sabe, isto é algo que eu tenho que fazer. Ela acenou novamente com muito medo de falar. O que finalmente foi capaz de silenciar, depois de meses, de repente voltou para à tona e quase a sufocou: a dúvida de que Leonardo, inclusive com todas suas imperfeições, comportamento questionável e aparência, era verdadeiramente real. Era seu irmão e, ao contrário de seu pai, queria ser parte de sua vida, recuperar todos os anos que perderam. Agora, estava dizendo adeus. Isto realmente foi grande demais para ser verdade. Desta vez, não se privou de dizer o que queria, porque algo em seu instinto disse que esta era realmente a última vez que estaria falando com ele.


— Eu vou sentir sua falta. — Ela conseguiu sussurrar. Sua cabeça caiu e olhou seu escritório sem dizer nada por um momento e foi aí que soube. Era um adeus real. Queria perguntar o porquê. Por que nem queria manter contato? Pensava que seria uma tarefa muito desagradável manter uma relação com sua irmã? Não entendia o que aconteceu. Se pudesse falar, ela o perguntaria. Perguntaria por que ficou tão impaciente e ansioso em conhecê-la e agora estava terminando as coisas. Mas com um grande nó em sua garganta, não pôde. Ao fim, ele levantou o olhar com a dor refletida em seu rosto: — Também sentirei saudades, baby. Sarah não respondeu a isso e soube que não havia maneira de que não pudesse ver a dor que inundava seus olhos. Foi por isso que quando ele disse adeus uma última vez e cortou tão bruscamente, a deixando olhando a tela escura, ela sentiu como uma bofetada fria no rosto.


CAPÍTULO VINTE E TRÊS

Indo pegar Sarah para o jantar do Dia dos Namorados, Angel se lembrou de seu primeiro Dia de São Valentim6. Foi um dia que nunca esqueceria. Ainda estavam no Ensino Médio e nenhum dos dois tinha celebrado a festividade antes. Enquanto ambos concordavam que São Valentim não era mais que uma estratégia comercial, representava algo diferente para eles. Seu primeiro São Valentim chegou no auge da relação, quando reataram. Assim, mesmo que Angel concordasse com Sarah que eles não precisavam de um dia especial do ano para demonstrar o amor um pelo outro, para ele, era um dia para celebrar, uma época do ano que sempre lembraria como o momento mais feliz de sua vida. Apesar das razões pelas quais todos os outros celebravam São Valentim, para Angel representava um novo começo em sua relação e uma nova consciência de que, sim, de fato era possível compartilhar Sarah com outro homem a certa distância. Por semanas antes daquele tempo, viveu com a dor de cabeça de acreditar que Sarah escolheu Sydney, seu amor de infância ao invés dele. Pensou que não tinha nenhuma oportunidade de competir com ele já que

6

Dia dos Namorados nos EUA e em vários outros países


ela, voluntariamente, decidiu que, não importava quão séria as coisas fossem entre eles, ela iria voltar para casa e por causa de Syd. Assim que sua decisão de ficar em La Jolla por Angel e escutá-la dizer que o amava pela primeira vez, depois que estar tão atormentado que não pudesse dizer por que estava apaixonada por Syd, seria para sempre a razão que celebraria este dia. Agora, ele decidiu que era um bom momento para adicionar outra razão. Não havia dúvida de que eles se casariam depois que se graduassem. Falaram disto abertamente, mesmo na frente de outros, muitas vezes. Eles teriam um grande casamento, não só porque era o que Sarah sempre sonhou, mas sim, porque já sabia que a sua família, mais particularmente a sua mãe, gostaria assim. Não era uma questão de e se. Não foi por anos. Nem era uma questão de quando. Aconteceria no verão depois de que se formassem, mas Angel queria torná-lo oficial. E faria esta noite. Embora estivesse certo de que Sarah estaria totalmente de acordo, seu estômago ainda estava em nós enquanto se aproximava mais de sua casa. No momento em que ela abriu a porta para ele com seu telefone no ouvido, sabia que algo estava errado. Apenas o reconheceu enquanto abria a porta, o deixando entrar e retomando para a sala de estar com o telefone em seu ouvido. — O que quer dizer com mentiu? Saiu faz cinco anos foi isso que Omar disse. — Levou sua mão para seu peito e parou no meio da sala. — E está absolutamente certo disto? — Esteve em silêncio por um momento e logo voltou a falar. — Mas disse que era o mesmo homem que se apresentou em sua casa e minha mãe disse que tinha certeza que era ele. — Sarah andava pela sala passando seus dedos pelo cabelo. Angel deu um passo para detêla por um minuto. — O que está acontecendo? — Ela negou com a cabeça e se virou andando na outra direção.


— Eu sei que sim, mas isso apenas foi porque se passaram vinte anos desde a última vez que o viu. É a única razão por que disse que não poderia estar cem por cento certa. E tudo o que disse foi que olhá-lo nos olhos era como olhar os meus. Como poderia parecer tanto comigo? Isso não faz sentido! O coração de Angel já estava acelerado, mas era por uma razão completamente diferente do que veio fazer aqui. Odiava ver Sarah tão irritada e não a viu assim em um longo tempo. — Não, eu não posso, Sydney, porque ela não está aqui agora. Saiu com o Elias. — Deixou sair um pesado suspiro. — Sei. Sinto muito. Sinto muito. — Negou com a cabeça. — Não quis te atacar, mas é loucura. Não... não mesmo... — finalmente parou e olhou para Angel, balançando a cabeça e os olhos começando a encher de lágrimas. — Meu pai ainda está preso. — Angel olhou para ela sem saber se chorava ou cuspia. — Ele esteve todo este tempo. Saiu faz cinco anos como disseram, mas voltou em um ano. Tudo o que disseram, Leonardo e Omar ou que demônio seja esse homem que fingiu ser meu pai, eram porcarias. Terminou de falar com Sydney e então disse a Angel tudo o que Syd disse. Aparentemente, Angel não era o único que suspeitava de Leo. Sydney fazia algumas investigações por si mesmo. Não foi capaz de encontrar algo sobre Leo, mas procurou sobre o pai de Sarah e o encontrou. Ainda estava cumprindo sentença na penitenciária estadual do Arizona. A pergunta de um milhão de dólares agora era quem era este homem que veio à procura dela e se Leo era mesmo seu irmão. Angel não diria logo, porque ela já estava bastante alterada, mas sabia muito bem a resposta da segunda pergunta. Fazia mais de um mês desde que Sarah disse a Angel que Leo ia embora e foi justamente a mesma quantidade de tempo desde que ficou preocupado com ele, pois não escutou sobre ele depois disso. Ele sabia que


Sarah estava um pouco chateada que ele a deixou por tanto tempo. Finalmente admitiu quando ele perguntou por que estava tão malhumorada. Queria acreditar que sua decepção era sobre nada demais. Disse que tinha a sensação de, como seu pai se desligou tão bruscamente de sua vida, Leo fez o mesmo também agora. A última coisa que queria era ver Sarah magoada. Foi exatamente o que temia quando disse pela primeira vez que tinha um irmão perdido. Como Sydney, seus esforços por conseguir algo mais a respeito de Leo foram em vão. Era quase como se o homem não existisse. Além de seu perfil no Facebook que foi criado recentemente, Angel não foi capaz de encontrar uma referência a outro Leonardo ou mesmo apenas Leo Ortiz que estivesse ligado a seu irmão. Inclusive, começou a se perguntar, sobre o sobrenome dele, mas Sarah assegurou a Angel que Leo disse que seu sobrenome era Ortiz. Agora, fazia sentido. Leo, provavelmente, não era nem mesmo seu nome. Nunca disse a Sal que desistiu de pesquisar sobre Leo, porque sabia que seu irmão nunca desistiria tão facilmente e talvez pensasse que Angel se esforçou pouco. Mas Sarah parecia tão convencida de que foi a última vez que ouviu sobre Leo e, ao contrário da primeira vez que foi ao México, não escutou nem um pio dele. Angel percebeu que era seguro assumir que, se este cara não iria retornar, não teria sentido tentar remoer cada canto para encontrá-lo. Agora, se aparecesse de novo, teria que passar por Angel até mesmo para ter uma palavra com Sarah. Angel abraçou Sarah enquanto caía exausta contra seu peito. Não estava chorando, mas Angel tinha a sensação de que ela estava se segurando. — Eu me sinto tão estúpida! — Murmurou.


— Não faça isso. — Disse, se afastando para olhá-la. — Todos caímos, Sarah. Apesar de nossas reservas, nós todos demos a ele o benefício da dúvida. Não só você. Eu fiz. Sua mãe o fez. Syd também. Porque isso é o que gente honesta faz. Nós esperamos que outros sejam honestos também. Pessoas desonestas que fazem este tipo de coisas, são profissionais, ok? Eles sabem como enganar as pessoas. Talvez tenham planejando isto por um longo tempo. Eles sabiam exatamente o que dizer. — Balançou a cabeça enquanto ela o olhava, seus olhos ainda cheios com a mesma confusão que ele sentia. — Não entendo por que fizeram isso. Eles nunca te pediram nada? Dinheiro? Qualquer informação pessoal sobre sua mãe ou seu pai? — Só o que eu disse sobre o Omar... — franziu a testa pressionando seus lábios juntos. — O que esse homem perguntou sobre o passado e as joias, mas eu não acredito que algo que eu disse ajudou, porque eu não sabia muito e Leonardo... — a dor brilhou em seus olhos enquanto juntava as sobrancelhas de repente. — Nunca me pediu nada. Nada pessoal, apenas sobre mim de modo geral, mas não posso pensar em nada que valesse a pena todas as mentiras. Tudo o que me disse pareceu tão sincero... um pouco estranho, mas sincero. — Olhou para outro lado baixando a voz. — Deus, eu me sinto estúpida. — Não deveria, querida. — Ele a abraçou forte. — Como diabos, você poderia saber? — Eu sabia. — Disse olhando para ele, a dor em seus olhos se transformando em raiva. — Eu sabia que algo não estava certo desde o começo, e, claro, ignorei seus avisos, porque estava tão desesperada para acreditar que tudo era verdade. Você também sabia — ela lembrou. — Você disse que não confiava nele. Mas eu queria.


— E isso é normal. Claro que você queria acreditar nele. Sarah, você me conhece. Eu suspeito de todos. — Ergueu o queixo dela e a beijou. — Quando se trata de qualquer rapaz, homem, tentando se aproximar de você, faz com que minhas suspeitas sejam piores. Mas nós dois sabemos que isso não me faz o melhor juiz de caráter. Apenas significa que eu sou meio paranoico. Isso não é algo que você quer se tornar. Ela balançou a cabeça com firmeza: — Preferia ser paranoica que estúpida. — Para de dizer isso. Você não é estúpida. — Olhou em seus formosos e feridos olhos desejando poder fazê-la se sentir melhor magicamente e sabendo que, se esses filhos de puta voltassem a aparecer, ele os faria pagar no inferno. — Seu coração é doce e puro mesmo depois de ter passado por tudo o que aconteceu. Ainda quer acreditar no melhor das pessoas. Isso é algo bom. — Sorriu. — Sim, mas o que isso faz de mim? — Se afastou de seu aperto olhando ao redor. — Como Leonardo disse. Sua meia-irmã e eu, se é que tem uma meia-irmã realmente, somos alvos fáceis. — Você não fez nada de errado, querida. — Angel assegurou enquanto a observava pegando seu telefone. — Você deu a ele o benefício da dúvida, mas foi cuidadosa. É tudo o que poderia ter feito. Ela pressionou algo em seu telefone e logo o levou ao ouvido. Um segundo depois bufou de frustração: — Seu correio de voz ainda diz Leo. — Ela desligou e começou a escrever algo. Angel a olhou em silêncio enquanto seus dedos teclavam furiosamente. Não foi até que terminou e elevou o rosto que ele viu as lágrimas e cortou seu coração. — Querida... — começou a dizer dando um passo em direção a ela.


Seu rosto se contraiu, mas ergueu a mão para cobrir os olhos. — Eu preciso de um minuto, por favor. — Disse se apressando para o banheiro. Com seu coração sofrendo por ela enquanto batia a porta do banheiro para fechá-la, respirou fundo e focou sua atenção no telefone de Sarah. Ela o deixou no balcão da cozinha. Nunca foi daqueles que verificam as mensagens ou os e-mails, mas se sentia tão desesperado por saber as palavras certas para dizer neste momento. Ele precisava saber, exatamente, o que estava se passando pela sua cabeça. Olhando de novo para o banheiro, foi até o telefone e o pegou. Na tela, ainda estava o texto que ela mandou, então leu.

Não sei por que estou tão surpresa de que seja uma completa fraude e um IMBECIL! Só não entendo como pessoas como você e esse homem astuto que se fazia passar por meu pai podem viver com vocês mesmos. Você falou sobre o tipo de pessoas que tentam abusar de pessoas inocentes como eu e sua outra suposta irmã. Bem, suponho que você sabia exatamente o que estava fazendo, porque realmente me fez querer acreditar em cada uma das palavras que me disse. Você me dá nojo!

Angel colocou o telefone no lugar e foi para a porta do banheiro tentando se acalmar pelo bem de Sarah. Ele bateu de leve e esperou. — Você está bem, querida? — Uh-huh. — Sua voz parecia tensa e soube que ainda estava chorando. Era tudo o que podia fazer para evitar abrir um buraco na porta. Sabia desde o princípio, que havia uma possibilidade de que se machucasse. Mesmo que tivesse advertido que não criasse grandes expectativas a respeito, poderia ter feito muito mais. Inferno! Como não


pensou em procurar por seu pai na cadeia, confirmar se, de fato, foi solto ou não? — Escuta, Sarah. Você tem todo direito de estar decepcionada com eles, mas não com você, está bem? — Pôs uma mão na porta lutando para não esmurrar. — Pelo que sabemos, eles poderiam ter planejando isso por anos. A porta se abriu de repente e ela parou em frente a ele enquanto olhava seus olhos tristes. Apesar de estarem secos agora, ainda estavam inchados e vermelhos. Imediatamente, ele a puxou para si e a abraçou bem forte disposto a levar toda sua dor. — Eu estou bem. — Sussurrou em seu ombro. — É que por um momento, eu me senti realmente estúpida. Inclusive discuti com Sydney por estar errado. Angel se afastou suavemente para olhá-la. — Isso não é estúpido, baby. Foi uma ilusão. Eu só esperava que eu estivesse errado. Não há nada mau nisso. Franzindo a testa, balançou sua cabeça e olhou para outro lado. — Durante toda minha vida, fiquei bem em não ter irmãos. — Disse olhando para ele novamente, sua voz quase um sussurro. — Não foi até que a possibilidade de ter um irmão que a ideia começou a me entusiasmar. Então, eu acho que foi muito diferente do que eu imaginei que seria. — Deu de ombros fungando. — Suponho que esperava alguém mais normal e de aparência comum, não uma sem graça como eu. — Você não é sem graça e muito menos tem uma aparência comum — Disse Angel erguendo uma sobrancelha. — Você sabe a que me refiro. — Sorriu sem alcançar os olhos. — Não estava esperando ninguém como Leonardo. Foi realmente estúpido, mas


quando falamos pela primeira vez, tinha certeza de que teríamos pouco ou nada em comum. A nossa primeira bem longa conversa deveria ter sido meu primeiro sinal de que tudo era uma farsa. Fez tantas perguntas. — A tristeza em seus olhos era tão devastadora que Angel não pôde evitar interrompê-la com um beijo e um forte abraço até que se apartou com um leve sorriso. — Não quero que isto arruíne nossa noite. Eu estava a ponto de me trocar quando Sydney ligou. Meu cabelo e minha maquiagem. — Franziu a testa. — Do contrário, já estaria pronta. Me dê um minuto para retocar minha maquiagem. — Leve seu tempo. — Disse beijando a testa uma última vez antes de deixá-la ir para seu quarto. Minutos depois, Angel se sentou e passou aleatoriamente os canais da TV na sala da frente, pensamentos sobre no que Leo e Omar poderiam estar atrás. Por que tiveram tanto trabalho e depois só desapareceram? Sarah saiu de seu quarto em um vestido vermelho quente que abraçava seu corpo e uns saltos altos. Ele disse que a levaria a um lugar agradável para jantar e como nunca a viu nesse vestido antes, só poderia supor que o comprou para esta ocasião. Esta seria a noite perfeita para fazer o que, originalmente, planejou, mas devido às circunstâncias, não tinha certeza se seria uma boa ideia manchar sua proposta com a lembrança de que a realidade de seu quase irmão veio à luz. Angel se levantou, apreciando de cima a baixo e sorriu. — Você está linda! Justo quando ela começou a sorrir, seu telefone tocou. Viu seu telefone, então o pegou de volta e qualquer sinal de um sorriso desapareceu. Com passos, que pareciam quase calculados, Sarah foi até


seu telefone e pegou. Tocando a tela, ela leu a mensagem, mas não disse nada e Angel andou até ela lentamente. — É de Leo? — Perguntou cuidadosamente e, para sua surpresa, ela assentiu, mas seus olhos estavam ainda presos à tela. Sentindo que suas entranhas esquentavam de novo, perguntou com calma: — O que ele disse? — Estava perto o suficiente agora e quando ela inclinou a tela em sua direção, pôde ver as únicas duas palavras que Leo respondeu: Sinto muito. Angel olhou para ela e viu que os formosos olhos verdes já estavam nadando em lágrimas frescas. Rapidamente esmagou uma lágrima que escapava do canto do olho e, em seguida, começou a responder. — O que você está...? — Antes que pudesse terminar de perguntar, ela mostrou a tela com sua resposta.

Foda-se.

Sem hesitar, pressionou enviar e logo respirou profundamente enquanto guardava seu telefone. Ela olhou para ele com um sorriso determinado e notou que as lágrimas que começaram a encher seus olhos se foram. — Eu não sei você, mas eu poderia tomar uma bebida forte agora. Colocando sua mão na dela, Angel beijou sua testa e assentiu: — O que quiser. Sim, uma proposta romântica esta noite não ia acontecer.


Em sua quarta volta na pista ao redor da marina, Sarah refletiu a respeito dos acontecimentos dos meses anteriores. Fazia mais de uma semana desde que respondeu a mensagem de desculpa de Leonardo. Não ouviu falar dele de novo e, depois de sua resposta, não esperava isso. Nem se deu ao trabalho de entrar em contato com o homem que afirmou ser seu pai e, embora não tivesse admitido a ninguém, sim, olhou a página do Facebook de Leonardo, depois que ele sumiu todo o perfil foi excluído. Era oficial. Leonardo Ortiz não existia. Sarah não poderia se sentir como uma idiota maior, mas já se cansou de imaginar por que tudo isto aconteceu em primeiro lugar. Sua mãe ficou lívida. Culpava a seu verdadeiro pai, dizendo que ele devia ter algo a ver com isso. Mesmo assim, como todo mundo, não podia entender ou imaginar quais poderiam ser suas intenções. Sarah se sentia mal a respeito de estar tão brava com Sydney quando ele informou que seu pai ainda estava na cadeia, porque percebeu que deveria confirmar muito além de que suas descobertas estavam certas. Disse que se sentia horrível por arrebentar a bolha de Sarah de forma tão abrupta e que não se deu conta que ficaria tão chateada. Se Sarah fosse honesta consigo mesma, ela também não. Mas ela explicou como fez com Angel. A emoção de ter um irmão em sua vida foi mais do que imaginou e se permitiu ser sugada pela ideia. Havia uma coisa que guardou para si mesma, porque sabia que em lugar de ajudá-lo a entender, possivelmente só o confundiria mais e talvez fizesse Angel ficar ainda mais irritado. Ter um irmão como Leonardo era emocionante. Exceto quando estava sendo superprotetor e no seu lado assustador, ele era o completo oposto do que esperaria dele dada a sua aparência. A doce maneira, embora fosse um pouco estranha, como falou, a


tocou. Então, quando o tapete foi puxado, foi doloroso saber que alguém que parecia tão genuinamente doce mentiu tão descaradamente. Apenas estava agradecida de que aconteceu o quanto antes. Foi difícil não desmoronar tentando não deixar Angel mais irritado do que estava. Quanto mais tempo estivesse perto, mais difícil seria para ela. Uma coisa ainda a incomodava. Embora todos dissessem que não devia se sentir humilhada, não poderia evitar. Ela se sentia assim. A maioria das pessoas passavam suas vidas inteiras sem que algo assim acontecesse. Era a segunda vez em sua vida que foi traída por alguém em quem confiou, mesmo que desta vez tenha sido mais cautelosa na confiança. Realmente, Leonardo era tão bom ou ela era muito estúpida? Tentada a parar para tomar um café, Sarah decidiu que era melhor ir embora e tomar um pouco em casa. Sua aula de duas horas naquela tarde foi cancelada, assim decidiu usar o tempo para correr. Sempre foi tão terapêutico e precisava de um tempo sozinha para pensar. Angel iria buscála na mesma hora de sempre para seu turno da noite no restaurante. Ela diminuiu a velocidade até estar quase a alguns metros de onde estacionou seu automóvel. Era o estacionamento apelidado como o mais seguro por Angel e seus irmãos, porque era o mais próximo a todas as lojas e fast foods que frequentavam sempre. Onde se encontrava com Sofie e, muito frequentemente, se encontravam com conhecidos. Nesse mesmo dia, quando chegou ali, viu o pai de Eric saindo do estacionamento e uma das senhoras que viviam no mesmo lote de apartamentos que ela. Respirando lenta e profundamente e diminuindo sua velocidade de forma despreocupada, se concentrou em se acalmar antes de entrar no carro ou estaria encharcada no momento em que se sentasse. A brisa fresca em seu rosto parecia muito boa, então parou, a alguns metros de seu


automóvel, fechando os olhos e deixando entrar o ar profundamente através de suas narinas. — Sarah. Seus olhos se abriram ao som da voz do Leonardo e ficou surpresa ao vê-lo na parte da frente de seu carro. Estava usando jeans e uma camiseta preta apertada. Suas duas mãos estavam em seus bolsos dianteiros. Instintivamente, se aproximou da porta do automóvel e olhou ao redor para ver quem mais estava no estacionamento. Ainda era cedo o suficiente e havia muita gente circulando para dentro e fora do estacionamento. — Só quero falar com você. — Disse dando um passo atrás. No momento em que a mão dela agarrou a maçaneta da porta, ela ergueu o olhar para vê-lo com as mãos no ar, a expressão em seu rosto tão cheio daquele lado doce e vulnerável dele que estavam usando com ela durante meses. Instintivamente, o medo se transformou em dor e odiava que ainda se importasse em ver que este menino, o menino que não tinha nada para falar novamente, pudesse seguir a afetando. — Eu não tenho nada para te dizer. — Sarah disse abrindo a porta de seu automóvel. — Tudo bem. Você não tem que dizer nada. Eu vou falar. — Não. — Disse entrando no carro e batendo a porta e ligando o motor. Ela não pôde ouvir o que ele disse por que suas janelas estavam fechadas, mas sustentou suas mãos no alto, junto à sua boca em um gesto de súplica. Colocando o carro em marcha ré, começou a arrancar enquanto ele levantava suas mãos no ar fazendo gestos para que ela parasse. — Que colhões de ferro desse homem... — começou a murmurar quando, de repente, seu automóvel repentinamente bateu em alguma coisa. Seu coração quase parou enquanto freava e olhava pelo espelho retrovisor para


o automóvel atrás do dela e para o menino irritado nele sacudindo sua cabeça. — Merda! — Golpeando seu volante, deixou o automóvel em ponto morto e saiu. — Que diabos, homem! — Escutou dizer ao menino alto e magro do outro automóvel enquanto saía do seu para dar uma olhada nos danos do seu para-choque dianteiro. — Ouça! — Leonardo já estava indo com força sobre ele. — Foi um acidente. Cuidado com a sua maldita boca! O menino no outro automóvel parou no momento em que colocou seus olhos no Leonardo: — Tudo bem. Apenas estava dizendo... — Disse assinalando uma fenda pequena em seu para-choque dianteiro. — É um arranhão. — Disse Leonardo com uma careta. Sarah se inclinou até seu automóvel para pegar sua bolsa: — Te darei os dados de meu seguro... — O quê? Por isso? — Leonardo apontou a fenda. — Isso é merda. Posso arrumar neste momento. Não precisa envolver o seu seguro. O menino do outro automóvel, que já tinha se afastado uns passos para seu próprio carro desde que viu Leonardo indo contra ele, sacudiu sua cabeça. — Tudo bem. Não preciso dos seus dados. — Você tem certeza disso? — Perguntou Sarah tirando seu cartão do seguro de sua carteira. Ela o agitou para o rapaz. — Você não tem que escutá-lo. O menino voltou a olhar para Leonardo que ainda estava em seu modo intimidante:


— Nah, eu estou bem. — Disse entrando em seu automóvel. Em uns instantes, ele foi embora. Eles chamaram a atenção de gente o suficiente para que Sarah se sentisse segura ali com Leonardo. Então, no lugar de entrar em seu automóvel e partir imediatamente, como sabia que deveria fazer, ela ficou ali parada olhando fixamente ao Leonardo. — Como pôde ser tão insensível? — Disse sentindo um caroço irritante em sua garganta aumentando a cada respiração que tomava, mas não era somente dor que sentia agora. Ela estava furiosa. — Eu sinto muito... — Você já disse isso e minha resposta segue sendo a mesma. — Sarah engoliu em seco, com força, tentando manter a compostura, mas quanto mais o olhava, mais estúpida se sentia. — Só me diga o porquê. O que você e esse outro bastardo queriam de mim? — Nada... — Besteira! — Ela disse fazendo com que as cabeças de uns quantos pedestres se virassem para eles. — Tudo bem, ele sim queria. — Ele disse rodeando o automóvel e se aproximando dela. — Mas eu não. Eu te juro e estou aqui para te explicar isso. — Então, explique — Disse levantando a mão para que ele não desse um passo mais. Ele parou e elevou suas mãos. — É uma longa história. Vamos a algum lugar... — Não! — Disse começando a sentir como se fosse enlouquecer. — Não preciso de desculpas elaboradas! — Ela se conteve o quanto pôde, mas já estava começando a sentir as lágrimas quentes em seus olhos e ficou mais irritada.


— Só me explique por que seria suficientemente cruel para entrar em contato comigo com uma mentira descarada e fingir durante todos estes meses... — Eu nunca quis te fazer mal. — Disse ele dando mais um passo em direção a ela. Ela o fulminou com o olhar balançando a cabeça em confusão e raiva que a inundavam enquanto as lágrimas caíam pelo seu rosto. — O quê! O que quer dizer com isso? O que importa para você os sentimentos de alguém? Você é só uma fraude! — Não, eu não sou. — Disse soando realmente ofendido. — Claro que o é! — Ela gritou agora. — Talvez você faça isto o tempo todo. Vocês provavelmente planejaram durante meses, talvez anos. Apenas me diga o que queriam ou o que ainda querem já que voltou. — Não quero nada. — Insistiu. — Então por que está aqui? — Perguntou, suas emoções saltando de dor à raiva novamente, mas pelo menos já não estava desmoronando. A raiva ultrapassou suas outras emoções agora. — Que porra é essa que você quer de mim? — Foi ideia do Joseph, não minha. — Quem diabos é Joseph? — O homem que fingiu ser seu pai. — Disse, falando mais rápido e mais alto. — A ideia foi toda dele. Ele queria aquela joia de sua mãe. Um anel. Isso é tudo. Nem queria ter contato com você. — Mas fez isso! — Eu sei e posso explicar. — Disse dando outro passo em direção a ela. — Apenas vamos a algum lugar aonde possamos falar com calma, aonde possa...


— Não! — Gritou mais uma vez dominada pela emoção. — Só me diga por que você fez isso! — Porque me apaixonei por você, maldição! Sarah olhou para ele, seu peito sacudindo para cima e baixo, mal conseguindo entender o que Leonardo acabava de dizer.


CAPÍTULO VINTE E QUATRO

Mais mentiras. O rapaz era incrível e Sarah deu o benefício da dúvida. Não era ingênua. Soube todo o tempo que havia muito mais do que se via quando se tratava

do

Leonardo,

mas

isto?

Esperava

que

acreditasse

nisto?

Obviamente, o rapaz não tinha intenção de dizer toda a verdade. Ela começou a entrar em seu carro, sabendo que ficar lá escutando a merda do Leonardo por todo esse tempo faria Angel ficar furioso. — Sarah, espere — Disse Leonardo. — Provavelmente Leonardo não seja seu nome. E quão estúpida eu sou? — Perguntou, puxando a porta para fechá-la, mas ele a manteve aberta — Não me faça gritar — advertiu. — É a verdade — Disse, segurando a porta aberta — Joseph não é seu pai, mas é seu tio. Ele é o irmão de seu pai. É por isso que tem os mesmos olhos. É a cara de seu pai e pelo que sabia, poderia se passar por ele. Ele soltou a porta, mas Sarah não a fechou. Sentou ali sentindo o seu coração bater como se tivesse corrido uma maratona. — Entrou em contato meses antes que se apresentasse na casa de seu amigo no Arizona — continuou rapidamente, mas sua voz era um pouco


mais tranquila agora que não estava fugindo — Não precisou que seu amigo dissesse onde te encontrar. Já sabia, mas disse que seria mais confiável se fizesse dessa forma e você tivesse que entrar em contato com ele. Ele me disse para te vigiar e começar a fazer minha lição de casa sobre você. Sarah olhou para frente, pensando na facilidade com que permitiu dar a oportunidade de entrar em sua vida. Se sentia ainda mais estúpida, mas não se atrevia a fechar a porta e sair. Queria toda a verdade. Realmente, seu pai tinha algo a ver com isso, como sua mãe pensava? — Seu pai falou das joias e o quanto valia por anos, mas não foi até o início deste ano que mencionou que as joias ainda poderiam estar por aí, que deu à mulher que teve sua filha. Joseph disse que agora precisava do dinheiro para pagar algumas dívidas. Estava desesperado, disse que iria morrer se não pagasse. Pensou que alguém próximo a sua idade, com quem você pudesse se relacionar teria uma melhor chance de obter informação. A princípio, eu recusei. Não queria ter nada que ver com isso. Não tenho tempo para isto. Tinha minha própria merda acontecendo. Mas então, uma noite... — Ele fez uma pausa e Sarah finalmente olhou para ele — uma noite, por curiosidade, te vi. Fui pego olhando através de todas suas fotos e vídeos, mas mesmo assim, não ia fazer. Ele ofereceu uma parte do que as joias valessem se ajudasse a conseguir e ainda assim recusei, mas então já estava viciado olhando suas fotos — ficou agachado, por isso estava mais perto de seu rosto, ao lado do carro, agarrado à porta — Não menti a respeito de meu irmão e não menti a respeito de meu primeiro nome. Meu irmão Felipe está na prisão e realmente meu nome é Leonardo. Ele explicou sobre Felipe estando nas mesmas instalações que seu pai e como e quando ele foi espancado quase até a morte na prisão. Seu pai, que estava lá dentro por muito mais tempo, tinha conexões e influências que poderiam proteger o seu irmão lá. Joseph se ofereceu para falar com o


verdadeiro Omar para ajudar a proteger Felipe, mas mesmo assim, Leonardo disse que não queria se meter nisso. Então, mais tarde ele ouviu na rua que Joseph estava procurando contratar alguém para se passar por seu irmão e eram caras implacáveis e perigosos. Como Felipe ainda estaria tanto tempo na prisão, Leonardo decidiu fazer. Impediria Joseph de enviar outra pessoa atrás de Sarah e poderia fazer chegar um pouco de proteção para seu irmão na cadeia. — Outra coisa que não menti para você foi quando te falei que sentia uma conexão com você, mesmo antes de te conhecer. Eu realmente fiz. Juro que alguns dos vídeos que tinha, especialmente aqueles em que você estava correndo, devo os ter visto umas vinte ou trinta vezes. Havia algo em você que me tocou tão profundamente. — Pare — sussurrou, sacudindo a cabeça. — Até mesmo os que você está com Angel, eu os vi uma e outra vez. — Pare. — Depois de meses te observando, sentia que eu precisava te conhecer. — Chega, Leonardo — Disse, saindo do carro, já não sendo capaz de sentar. — Eu preciso que entenda por que fiz isso — Disse, seguindo à parte traseira de seu carro. — Não quero escutar isso — Disse, sacudindo a cabeça e levando as mãos a sua testa — Tudo é mentira. É o que você faz. Você não... — Sim, eu fiz! — Disse, cara a cara com ela — Me apaixonei por você. — Disse com tanta convicção que quase acreditou, mas não conseguiu. Já foi bastante estúpida. Quem se apaixona por alguém antes de conhecê-lo?


— Você está mentindo! — Não, não estou! — Deu um passo mais perto dela — Eu estou, Sarah. Só que não sabia até começar a falar com você. Supus que isto não ia durar muito tempo. Quando era óbvio que não sabia nada das joias, que não era de nenhuma ajuda, disse a Joseph que terminou. Tínhamos terminado. Isso é o que deveria ter feito. Era para ter terminado logo. Eu ameacei que se continuasse em contato com você, viria para ele, mas então, não pude me afastar. Disse que se ficasse com você só uma vez, tiraria do meu sistema e então me afastaria, mas passei um tempo com você no Havasu, então quando tentei... — Ele tomou uma profunda respiração e depois bufou, balançando a cabeça — quando me despedi àquela primeira vez, era para sempre, mas não consegui. Sarah olhou fixamente para ele, se lembrando de todos os doces nomes de que ele a chamou, a forma que cuidou dela no Havasu e até mesmo a forma em que falava as coisas quando conversavam online. Se o que estava dizendo agora era verdade, Angel tinha razão. Leonardo deu mais um passo para ela e ela se inclinou em seu carro, seus olhos baixando para ver seus braços, esses grandes braços tatuados que a fascinaram a primeira vez que viu sua foto. Ela levantou o olhar e se deu conta de que ele estava a olhando e os olhos dele olharam o lugar que ela observava: a tatuagem dos dois L que aparecia por debaixo da manga de sua camisa. A tatuagem que o fez mudar de assunto tão abruptamente no Havasu. Sarah levantou a manga da camisa para ter uma melhor visão enquanto a realidade de quão ingênua foi se encaixava nela. — Essas são seus iniciais? — Sim — Disse suavemente — Ledesma é meu sobrenome. Quase disse isso em Havasu. Eu juro que fui com toda a intenção de contar tudo. Pensei em te dizer a verdade sobre meu irmão primeiro para ver como


reagia. Mas você começou a se alterar antes que te dissesse qualquer coisa, por isso, quando disse isso, você já estava tão nervosa que decidi que não poderia. Depois da minha primeira tentativa de cortar todos meus laços com você e não poder decidi que só te diria a verdade — Sacudiu a cabeça, olhando para outro lado com a testa franzida e depois voltou a olhar para ela — Pensei que no pior dos casos, me diria que fosse para o inferno e que isso seria o fim de tudo, mas uma pequena parte de mim pensou que tinha visto algo em seus olhos. Talvez, só talvez entendesse e me perdoaria. Talvez pudesse inclusive fazer que se apaixonasse por mim também. Segui inventando desculpas para adiar dizer isso. Não queria arruinar suas férias e então, não queria arruinar seu aniversário, mas eu realmente ia te dizer depois do ano Novo. Depois, você saiu e não soube de você por dias e comecei a ficar um pouco louco. E depois vi as fotos do que fez esses dias na neve, os dias que me disse que a internet era tão ruim que não podia me ligar ou escrever, mas foi capaz de colocar essas fotos online sem nenhum problema. Olhou para ela por um momento, completamente aturdido. Esta era a razão de ter ficado estranho todo esse tempo. De verdade pensava que podia fazer com que se apaixonasse por ele? Esse era o motivo, por isso usava essas frases tão profundas e estranhas quando falava com ela. Todos esses nomes carinhosos que agora sabia, não só eram estranhos a não ser asquerosamente inapropriados e Angel tinha toda a razão em odiá-los. — Depois de ver suas fotos e vídeos com Angel, eu percebi que estava em negação. A conexão que senti com você antes de te conhecer foi pura fantasia, uma fantasia que, mesmo depois de decidir que me afastaria ainda segue viva — Seus olhos baixaram para seus lábios — A fantasia de que algum dia poderia te beijar embora fosse só uma vez.


Sem fôlego no momento, Sarah percebeu que a forma que ele a estava olhando todo o tempo era a mesma forma que a olhou quando estava em Havasu, a mesma forma em que olhou quando disse adeus na última manhã que ela estava lá. Não sabia como acreditou que a olhava assim, porque ele era diferente e profundo. Se o que acabou de contar era verdade. Estava apaixonado por ela. Ao menos ele acreditava que estava. E agora, estava de pé tão perto dela, virtualmente dizendo que queria beijá-la, só uma vez. Por um instante, a conversa que teve com Sofie veio a sua mente, quando perguntou a Sarah se alguma vez esteve tentada a beijar um cara atraente só por curiosidade. Seus olhos olharam para seus lábios por um momento enquanto ele os lambia e só uma palavra gritou em sua mente. Nunca! Os olhos dele viajaram de seus lábios para seus olhos, surpreendidos e isso a deixou mais zangada. De verdade acreditava que era tão estúpida? — Jamais, nem em um milhão de anos — Disse com a fúria correndo por suas veias — Como é que pôde pensar... — Sacudiu sua cabeça, em desgosto — Como é que em algum lugar dessa suja e retorcida mente que tem pôde existir a ideia de que poderia te incluir na minha vida, sendo um completo estranho e simplesmente fazer com que me apaixonasse por você e que deixasse tudo com Angel. — Só pensei que talvez... — O que viu em meus olhos, Leonardo, foi esperança — Disse, quase através dos dentes — Esperança, porque tinha razão. As pessoas como eu, como sua irmã, se é que tem uma, não podemos entender sua retorcida mentalidade. Confiei em você, porque de verdade, estava animada por ter um irmão e você tirou vantagem disso por suas próprias razões egoístas. Você me deixa enjoada.


O som da buzina de um carro próximo assustou a ambos e se viraram para ver o Romero estacionando seu carro atrás do dela. Não foi até esse momento que se deu conta do quão perto esteve o seu rosto do Leonardo. Romero tirou uma câmera, fez uma foto e sorriu, levantando uma sobrancelha. — Isso é tecnologia — Disse, olhando ao Leonardo de cima abaixo da mesma maneira suspeita que fez a primeira vez que se encontraram no porto. Depois olhou a Sarah — Estou testando antes de decidir se quero gastar todo esse dinheiro com isso ou devolvê-la — Tirou outra foto deles antes de acrescentar — Esta tem uma tecnologia inovadora. Posso fazer aproximações de quilômetros de distância, Sarah — O carro atrás dele buzinou e fez gestos para ela em torno dele e depois olhou para Sarah de novo — Então, onde está Angel? — Na escola — Disse, seu coração pulsando a mil por hora, mas agradecida de que Romero não soubesse a verdade sobre Leonardo e seu suposto pai. Pelo menos, Angel não mencionou que contou. Sabia que se Romero soubesse, já teria saído de seu carro e estaria sobre o rosto do Leonardo, não ficaria sentado aí só nos observando. — Você não tem aulas hoje? Sacudindo sua cabeça, se afastou de Leonardo, sabendo muito bem que Romero não estava nem aí para mostrar sua câmera. — Minhas aulas foram canceladas, por isso vim correr. Olhando Leonardo uma última vez, Romero baixou a câmera, assentindo. — Bom. Deveria voltar para o trabalho — Disse aparentemente indiferente — Diga a Angel para me ligar.


Ele se afastou e Sarah soube que tinha que sair dali, precisava chegar a Angel antes que Romero o fizesse, porque esse último comentário a respeito de pedir a Angel que ligasse era pura merda, como se Romero não pudesse ligar ele mesmo para Angel e dizer, "Me ligue. Tenho algumas fotos que quero te mostrar". Como se Sarah não soubesse que Romero provavelmente já tinha tentado falar com Angel e possivelmente, não foi capaz de fazer. Posso fazer aproximações desde quilômetros de distância, Sarah. O coração de Sarah acelerou de novo. Romero não era nada mais do que óbvio. — Tenho que ir — Disse, se afastando de Leonardo. — Sarah, espera — Disse a segurando pelo braço. — Tire suas mãos de mim! — Sarah puxou sua mão fora e o empurrou. A nevoa de fúria que tinha antes que Romero chegasse, de repente, piorou dentro dela, deu a volta e o empurrou com ambas as mãos. Logo, fez algo que nunca fez antes, deu uma tapa... forte. — Confiava em você — Disse, elevando a voz — Queria tanto acreditar que você era meu irmão e sabendo disso, usou isso contra mim, bastardo! Eu te odeio! Se manteve firme sem se mover, mas não levantou uma mão para bloquear qualquer outra coisa que ela pudesse lançar. — Sinto muito — Disse — de verdade. Eu só... — Vá para o inferno! — Disse ela, se afastando de novo. Precisava sair dali antes de gastar outra grama de sua energia nele. Não merecia. Nunca mereceu.


— Eu realmente lamento tudo — insistiu Leo, levantando sua voz, mas sem segui-la — Nunca quis acontecesse isso. Eu juro. Mas há algo mais que acho que você precisa saber. É por isso que estou aqui. Sarah nem se incomodou em olhá-lo. Não queria saber a respeito de como este louco pensava que estava apaixonado por ela. Por que pensou que era uma razão suficientemente boa para vir e virar sua vida ao avesso, jogar com suas emoções e logo só se afastar e deixá-la pendurada quando se deu conta que seu plano demente não ia funcionar, não tinha nem ideia. Já tinha terminado de escutá-lo e de choramingar internamente a respeito da outra família que fantasiava tanto. Por anos foram só ela e sua mãe e estava bem com isso. Por que no mundo pensou que de repente precisava de mais era apenas egoísta. Muitos outros tinham menos. — É a respeito de seu pai, Sarah — Disse, a fazendo parar na porta de seu carro, mas se negou a olhá-lo — Seu verdadeiro pai.

Saindo rapidamente do estacionamento da escola, Angel leu a mensagem que Sarah enviou mais cedo. Sua aula da tarde foi cancelada e foi correr na marina. Tinha outras três mensagens, todas de Romero. Podia ver que a última tinha arquivos anexos. Não importa quantas vezes disse a Romero que não podia responder o cara mandava mensagens e muitas vezes, quando ainda estava sentado na sala de aula. Normalmente, o segundo e o terceiro soavam chateados, porque não tinha respondido ao primeiro. Angel franziu a testa, lendo a primeira das mensagens do Romero.

Me ligue logo que puder. Preciso te contar algo.


Angel desceu para ler a segunda mensagem antes de ver qualquer das estúpidas fotos que poderia ter enviado no terceiro.

O irmão de Sarah.

Era tudo o que Angel pôde ler do segundo, porque a tela se iluminou com uma chamada de ninguém menos que Romero. Angel revirou seus olhos, sabendo que o burro impaciente de Romero provavelmente estaria irritado que passou mais de quarenta minutos desde que enviou a primeira mensagem e Angel ainda não tinha respondido. Então respondeu, preparado para escutar a boca do Romero. — O que? — Ouça homem — Romero começou sem demora — Não me importa o que diga do irmão de Sarah. O tipo é suspeito. Eu não gostei de sua aparência no primeiro dia e não estou falando de suas tatuagens e outras coisas. Falo da maneira em que estava no rosto dela até que você chegou e foi sentar com eles. Angel queria ir e perguntar ao Romero o que havia falado naquele dia quando disse que estavam sendo amigáveis, mas esqueceu a respeito disso. Agora, odiava dizer a Romero as duas palavras que raramente dizia, mas não tinha opção. — Tem razão — Disse, entrando em seu carro e atirando os livros no assento do passageiro. — Ele era suspeito. — Por que diz que era?


— Digo que acabou por não ser seu irmão depois de tudo. Era tudo pura merda, mas se foi agora. — Foi aonde? — Fora de sua vida. — Angel ligou seu carro — Não se falam agora. — Sabia! Então o que aconteceu hoje? — O que você quer dizer? — Angel perguntou confuso. — Não viu as fotos que te enviei? Estiveram juntos na marina — Angel congelou por um momento, enquanto se preparava para pôr o carro em movimento — Não é para estar com raiva nem nada, mas se viam malditamente amigáveis de novo. Certo que exagero tudo o que quero, mas as fotos não mentem e tenho mais se precisar ver mais. Sabe que pensei que esse maldito se parecia muito... Angel afastou o telefone de seu ouvido e revisou as mensagens, logo abriu as fotos que Romero mandou. O fio de esperança que tinha que talvez Romero estivesse errado a respeito disso, foi esmagada no momento no que viu a primeira foto. Era de Sarah, de pé perto de seu carro, falando com Leo. Com seu primeiro pensamento sendo que talvez estivesse em perigo, falou para o celular: — Ainda está lá com ele? Ele ouviu Romero dizer que ela se foi, então passou a seguinte foto. Leo estava agachado junto à porta de seu carro, falando com ela e parecia que Sarah estava tentando fechar sua porta. O alívio o alagou, afogando a irritação que começou a sentir dela se relacionando com o tipo, mas foi momentâneo. Nas duas fotos seguintes estava fora de seu carro, apoiada


contra a parte traseira e Leo estava de pé muito perto dela. As revisando mais rapidamente agora, seus olhos estavam fixos nas expressões de Sarah. Primeiro, estava olhando o seu braço e logo a outra quase o deixou sem ar em seus pulmões. Estava tocando seu braço, levantando sua camiseta e olhando uma de suas tatuagens e Leo estava o suficientemente perto para beijá-la. — Ele a beijou? — Perguntou Angel, querendo um aviso antes de passar a próxima foto. Levou o celular a seu ouvido, porque seu coração precisava de uma pausa. Não poderia suportar mais fotos se ficassem piores. — Não, mas certo como o inferno que parecia que ia acontecer. — Romero falou — Por isso é que te mandei todas essas, porque sabia que diria que estava exagerando. Sabe que se soubesse que estava cheio de merda, eu teria dito alguma coisa. Eu estava lá! E me importa uma merda a respeito de quão grande ele é. Você me conhece. Ele teria um galo na cabeça com uma maldita chave se tivesse que fazer. Só não fiz... Angel baixou o celular, a ponto de passar através das fotos de novo, enquanto Romeo seguia destrambelhando, quando o indicador de uma segunda chamada entrante piscou. — Te ligo, mais tarde — Disse ao Romero — É Sarah na outra linha. — Tenho mais fotografias. Quer que te envie mais? — Me envie todas — Disse enquanto tirava as chaves da ignição. Saiu de seu carro e levou todo o tempo necessário para encher seus pulmões de ar, tentando desesperadamente apagar a imagem de Sarah tocando o braço do cara. Sem importar quanto esforço fizesse no pouco tempo que tinha, não podia e isso só o enfureceu mais. Sabia que isso ia afetar a forma que


lidaria com isto. Por um segundo, considerou deixá-la ir para caixa postal até que se acalmasse, porque já sentia que ia se descontrolar. Mas indo contra seu melhor julgamento, respondeu de todos os modos. — Sarah, o que aconteceu? — Perguntou, andando e respirando profundamente. — Onde está? — Perguntou. — Na escola ainda. O que aconteceu? Só o fato de que ela não mencionasse Leo em primeiro lugar já o deixou nervoso. Nunca deveria ter atendido. — Com o que? Eu só... — O que quer dizer com o que? — Espetou — Com Leo, Sarah. Esteve com ele no porto. Quer me falar sobre isso? — Sim, ia fazer. Quer vir me buscar? — Não. Diga agora — Disse enquanto a maldita imagem o assombrava uma e outra vez — Quero saber agora. — Ele estava ali quando terminei de correr. Queria me explicar isso tudo. O porquê que mentiu. — E por que o fez? — É uma longa história... — É sério? — Perguntou, com seu estômago revirando agora — Você esteve por lá por um tempo com ele? — Não muito tempo. Então, levou tudo o que ele tinha para não amaldiçoar.


— Então, o que foi que ele disse? Por que mentiu? Me dê a versão curta. Pode me dizer o resto depois. Quero saber qual foi sua desculpa de merda. — Ele disse... Escutou-a respirar, mas a paciência se acabou. — Ele disse o quê, Sarah? — Disse que se apaixonou por mim — Ela fez uma pausa por um momento, mas pela primeira vez desde que ele atendeu, Angel ficou sem fala.

— O que me disse antes a respeito de sentir uma conexão comigo

antes que nós tivéssemos nos conhecidos? Disse que tudo era verdade, só que se tratava de uma conexão mais íntima da que admitiu no início. Logo, depois

que

começamos

a

conversar,

seus

sentimentos

por

mim

simplesmente cresceram ainda mais. E se tratava das joias. Angel escutou em silêncio à medida que ela falava o resto. Como ela não queria nem escutá-lo em primeiro lugar. Mas então o fez. Explicou por que Joseph se parecia tanto com ela e o seu pai e como Leo originalmente não queria participar do golpe, mas em seguida, o fez soar como se o fizesse por seu bem, para protegê-la de outro pedaço de merda potencialmente perigoso que Joseph poderia ter contratado em seu lugar. Todo o tempo, Angel não conseguia superar a ideia de que ela poderia, na realidade ter acreditado na merda de Leo. A única razão que fez Leo seguir com isso, era por seus sentimentos por ela, sentimentos que sentia antes que inclusive a conhecesse. Como temeu por sua segurança e como ameaçou Joseph sobre não ficar em contato com ela, depois que descobriram que não tinha essas joias. Mas a pior parte ainda estava gritando em sua cabeça e por mais que tentasse se acalmar permanecendo


em silêncio sem interrompê-la, simplesmente se fazia mais forte com cada palavra que dizia, soava como uma justificativa para as ações de Leo. — Deixa eu ver se entendi, Sarah. Este imbecil, mentiu durante meses sobre algo fodidamente importante como sua identidade, apareceu hoje e explicou que está apaixonado por você? — Não — Disse ela rapidamente — Isso não é o que... — E então — Disse Angel, completamente consciente de que estava elevando a voz até o ponto de que poderia começar a gritar, mas já não importava uma merda porque estava furioso — E logo depois que ele explicou tudo isto, decidiu ficar por aí e deixar que se aproximasse o suficiente para te beijar? — O que? Quem disse...? — Vi fotografias! — Explodiu — De você e ele contra seu carro. Seu rosto perto o suficiente para tocar o seu e você tocou nele. Admita Sarah. Se sente atraída pelo homem e o fato de que diz que fez isto, é porque está apaixonado por você faz tudo melhor! — Não! É obvio que não! Eu... — O quê? Vocês dois vão ser amigos agora? — Angel, fique calmo, por.... — Vão, Sarah? Agora está colecionando melhores amigos que estão apaixonados por você? Ela não disse nada e ele sabia que estava sendo um idiota agora, mas não podia evitar. O ciúme o estava comendo vivo. Ficou e permitiu a este homem, que não merecia nem um minuto de seu tempo, permanecer assim perto dela. Um homem que admitiu estar apaixonado por ela. Ficou ali e admirou seus braços e suas tatuagens e depois malditamente o tocou!


— Tenho que ir! — Disse, clicando no botão de finalizar a chamada de seu celular antes que esmagasse a maldita coisa em sua mão. Ele ficou ali parado, balançando de um lado para o outro em uma tentativa desesperada de se tranquilizar, mas não conseguiu. O celular em sua mão tocou e ele o silenciou, depois o jogou pela janela aberta de seu carro. Desta vez, sabia que era melhor não atender. Passando ambas as mãos por seu cabelo, se apoiou em seu carro e fechou os olhos. — Dia difícil? Angel abriu os olhos para ver um rosto familiar sorridente. Bruxa, uma garota da equipe de torcida, de pé atrás de seu carro estacionado no espaço junto ao dele e abrindo o porta-malas. Ela lançou sua mochila dentro do portamalas e o fechou, logo fez um beicinho de brincadeira para ele. — Parece que você poderia tomar uma bebida. — Na verdade sim — Disse ele. Suas sobrancelhas se elevaram pela surpresa, provavelmente, porque era uma das várias garotas da equipe de torcida que o paqueraram muito forte no início de seu primeiro ano apesar de saber bastante bem que ele estava em uma relação. Ela foi bastante descarada sobre flertar com ele, inclusive quando sabia que Sarah estava perto ou nos degraus observando. — Bom, vamos — Ele sorriu maliciosamente — Vou pagar a primeira rodada. — Angel a olhou de acima a abaixo. Era o que Romero muitas vezes se referia como "definitivamente digna de ser fodida". Se perguntou se era assim que Alex tinha um acordo com Valéria. Estar com alguém mais, embora só temporário e sem sentido, realmente ajudava a diminuir a dor? A mesma dor que estava sentindo agora ao saber que sua Sarah na realidade poderia estar sentindo algo por Leo?


CAPÍTULO VINTE E CINCO

Angel nunca se apresentou para seu turno no restaurante. Alex teve que cobri-lo e não estava muito feliz por isso. Tudo o que ele disse foi que Angel ligou no último minuto para dizer que não chegaria a tempo, porque aconteceu algo e que explicaria mais tarde. Ambos, Alex e Sofie estavam surpreendidos de que Sarah não soubesse onde estava, mas não explicou a respeito de sua briga. Não queria falar com ninguém sobre isso até que falasse com ele em primeiro lugar, apesar de ter ligado para Sydney entre lágrimas antes de seu turno. Tentou localizar Angel e enviou várias mensagens até que finalmente desistiu, mas estava começando a se preocupar agora. Era a hora de fechar e ninguém ouviu falar dele ainda. — Ainda não falou com Angel? — Perguntou Alex, entrando no quarto traseiro — Vocês dois tiveram uma briga ou algo assim? — Não, não falei — Disse Sarah fechando o armário onde acabava de colocar seu avental, logo virou para Alex que estava inclinado sobre o balcão comprovando algo no computador — E algo assim — finalmente admitiu.


Alex olhou para trás onde ela estava e ficou olhando durante um momento; então seu rosto azedou. — É disso que se trata tudo isto? — Eu não sei — Disse se arrependendo rapidamente, porque inadvertidamente podia ter deixado Angel com a corda no pescoço — Tivemos uma discussão por telefone, mas não sei por que não está aqui ou onde está. A pedra que começou a se formar em seu estômago no momento que discou o número de Angel hoje, era agora uma rocha insuportável. Esqueceu quão intenso podia ser quando estava zangado. Alex começou a dizer algo quando seu telefone tocou no escritório o distraindo. Uns segundos mais tarde, seu próprio telefone tocou em sua bolsa e ela escavou pegando rapidamente. Era uma mensagem de Angel e exalou com alívio enquanto abria. Era uma foto, a foto que Romero, aparentemente, tirou dela e de Leo no momento em que ela tocou na sua tatuagem. Deste ângulo, pareciam estar de pé muito perto e seu estômago revirou ainda mais. Chegou outra mensagem de Angel e logo outra e outra até que teve ao redor cerca de seis com a mesma maldita foto. Com seus olhos começando a turvar, respondeu com calma.

Onde está? Temos que conversar.

— É Angel? — Perguntou Alex. Ela assentiu, mas não quis levantar a vista para que não visse seus olhos cheios de lágrimas. — Não dê bola. Está bêbado.


Agora, ela elevou o olhar, mas Alex estava olhando suas mensagens de seu telefone. — Está enviando mensagens para você também? — Não, Romero — Disse sem levantar a vista — Vou ter que recolher a sua bunda bêbada e o levar para minha casa. Minha mãe se assustará se o vir tão bêbado como Romero diz que está. Seu telefone tocou com outra mensagem de Angel e a abriu, esperando ver outra estúpida imagem de novo, mas era um texto.

O ama também?

Levou sua mão à boca quando a emoção a invadiu. — Vou com você — Disse a Alex enquanto respondia à mensagem de Angel.

Amo você.

Limpando as lágrimas de seus olhos, olhou para Alex, que franziu a testa. — Pedi que ignorasse, querida. Não quer estar ao seu redor neste momento. Confie em mim. Romero diz que está irritante — Sorriu, colocando seu telefone no bolso — E se Romero disse isso, só posso imaginar quão estúpido está. — Mesmo assim quero ir — Disse. — Por favor? — Alex apertou os lábios, mas assentiu.


— Ok, mas se te disser algo estúpido, eu vou ter que chutar seu traseiro. — Sarah se deu conta do tamanho disto enquanto recolhia suas coisas. Angel estava tão zangado com ela que precisava de um tempo longe dela hoje. E se estava, inclusive, mais zangado do que pensou no princípio? Nunca fez nada como isto antes, não aparecer para seu turno porque estava zangado com ela e logo ficar tão bêbado que alguém tivesse que ir buscá-lo. E se precisasse de mais que um dia longe dela? E se ele pedisse um tempo, porque

não

podia

suportar

estar

ao

redor

dela?

Vendo

a

foto

comprometedora, agora entendia por que estava tão chateado. Provavelmente, ficou obcecado com isso durante o dia todo como ela sabia que teria feito se fosse ele e outra garota. E se precisasse de mais que uma pausa? Nunca superaria algo assim. Engolindo os pensamentos assustadores todo o tempo enquanto Alex fechava tudo às pressas, o seguiu até seu carro com um enorme nó na garganta. — Então, isto foi uma grande briga ou o quê? — Perguntou Alex enquanto saíam à rua. — Sim — sussurrou, olhando pela janela, mas não ofereceu nada mais. Em retrospecto, agora entendia perfeitamente por que Angel ficou tão chateado. Agora, estava envergonhada por não ter dito a Leonardo simplesmente para ir para ao inferno. Então, recordou que sim, tentou isso. Mesmo assim. Devia ter partido no momento que bateu no outro carro, se afastou. Por que ficou? Por que precisava saber por que fez isso? Valia tão pouco a pena.


Felizmente, Alex não a pressionou por mais. Tinha certeza de que as lágrimas escorrendo pelo seu rosto tinham muito a ver com isso. Chegaram à casa de Romero. Como Alex, Romero havia se mudado recentemente para o seu apartamento de solteiro. Romero abriu a porta com um sorriso. A música estava alta e Sarah acreditou ouvir Angel cantando. Romero ria, mas no momento em que viu Sarah, deixou de sorrir. — Amigo — Disse a Alex — Não é boa ideia, homem. Alex se virou para Sarah com um olhar de preocupação e, em seguida, virou para Romero. — Está assim tão ruim? — Sim! Angel cantava junto com a música que estava tocando e tanto Romero como Alex se olharam durante um sério momento e logo em seguida, começaram a rir. Sarah também poderia ter rido se suas entranhas não estivessem completamente agitadas. Nunca viu Angel tão bêbado. Entender as letras que ele estava destroçando só a fazia se sentir pior. Ele só fez uma parte bem, mas foi suficiente. — Causar este momento poderia significar o adeus! Romero riu de novo, mas depois ficou todo sério quando Alex começou a andar com Sarah ao lado dele. — Estou dizendo a você, homem, ele vai perder a cabeça quando a vir. — Não, ele não vai — Disse Alex, andando. Tendo dúvidas a respeito de estar lá, Sarah permaneceu na porta. Angel debruçado sobre o balcão de Romero se virou assim que viu Alex e sorriu. Logo viu Sarah e seu sorriso se apagou imediatamente.


— Por que ela está aqui? — Perguntou a Alex, logo se virou para Sarah e perguntou ainda mais forte — Por que está aqui? — Porque... — Começou a dizer, mas antes de dizer algo, exigiu ainda mais forte, voltando o olhar para Alex. — Não sei o que ela procura aqui. — Cala a boca! — Disse Alex, o empurrando. — Não a quero aqui — Angel repetiu as palavras ofensivas e logo virou para Sarah — Me escutou? Não quero vê-la agora! — Sim, bom este não é seu lugar — espetou Alex de volta — E Romero não quer seu traseiro bêbado aqui. Pegue suas merdas e vamos. Sarah pegou seu telefone, se sentindo como uma idiota por ter insistido em vir com Alex... Claramente Angel não estava em condições de falar. Este era um lado dele que nunca viu e sentiu o coração dilacerado ao escuta-lo falar desta maneira. Não tinha como ir no mesmo carro com ele. Se afastou da porta para ligar para Valéria. — Onde ela vai? — Ouviu Angel perguntar ruidosamente. — Você disse que não a quer aqui, imbecil — Disse Alex. Ela ligou de novo, mas o ignorou e continuou andando. — Sarah — chamou Angel novamente um pouco mais forte e ela virou para a porta para vê-lo. — Para quem você está ligando? — Valéria — Disse, secando as lágrimas de seu rosto. — Por quê? — Assim ela pode vir me buscar. Ele correu em direção a ela e Alex saiu do apartamento atrás dele.


Sarah colocou seu telefone para baixo antes de discar para Valéria, esperando por ele, mas não sabia o que esperar. A expressão rígida de Angel se suavizou ao chegar perto o suficiente para vê-la melhor no escuro. — Por que está chorando? — Porque você acha? — Disse, tratando de não soar muito zangada, mas era só o que estava sentindo. Ele deu um passo adiante. — Por que veio aqui? — Porque quero falar com você, mas... — A respeito do quê? A respeito dele? — Perguntou Angel, mas não soava tão zangado como estava antes no telefone ou quando disse que não a queria ali. Soava temeroso agora. — Não, sobre nós. — Ela engoliu em seco por trás da emoção, feliz que Alex ficou para trás com Romero e estava dando um momento a eles. — Quanto a nós, o que acontece? — Perguntou Angel, com seus olhos um pouco selvagens. — O que está dizendo? — Nada mal. — Disse, estendendo a mão para tocar seu rosto e imediatamente a atraiu para ele, a abraçando tão forte e beijando o lado de sua cabeça. — Você me ama? — Perguntou freneticamente. — Sim! — Disse — É obvio que amo. — Você tem sentimentos por ele? — Não! — Se afastou, assim poderia olhá-lo aos olhos quando afirmasse isso — Não, não, não.


Queria perguntar como poderia pensar isto, mas sabia por que e não queria lembrar das imagens. Este poderia ser o pior momento para tratar sobre o tema. Olhou para ela por um momento, logo a abraçou de novo fortemente. — Não ligue para Valéria — sussurrou contra seu ouvido — Retorne a casa de Alex e passe a noite comigo. — Tudo bem. — Disse Alex atrás deles — Tudo melhor. Vamos... Não tenho a noite toda. Sarah, querida, você precisa de uma carona de volta para o restaurante para pegar seu carro ou ...? — Não — Disse Angel, virando para encará-lo. — Ela vai comigo para sua casa. — Ele se virou para Sarah. — Correto? Alex riu entre dentes quando abriu a porta de sua caminhonete — Sério? Porque o que disse... — Cala a boca. — Disse Angel, mas mantendo seus olhos em Sarah. Este era o Angel que conhecia e amava e não pôde evitar sorrir, um pouco aliviada e logo assentiu com a cabeça. Ver o grande sorriso em seu rosto e sentir seus grandes braços ao seu redor de novo a fez se sentir melhor, mas sabia que ainda tinham muito o que conversar. O álcool obviamente afetou sua reação impulsiva ao vê-la e logo não queria sair do seu lado. Amanhã de manhã, quando ele estivesse pensando claramente, seria quando seus sentimentos reais e tudo o que ela sabia que o álcool camuflou agora, sairia. Sarah estava certa sobre eles não conseguirem falar algo produtivo ontem à noite. Para começar, ele desmaiou no meio do caminho de volta para a casa de Alex. Logo o acordaram para que saísse da caminhonete para entrar no apartamento e estando ali, a olhou com desconfiança como


se soubesse que estava zangado com ela, mas não podia lembrar porque, para dizer quanto a amava logo repetindo: Vou mata-lo, uma e outra vez, mas ela não se atreveu a responder. Ele se manteve assim até que finalmente desmaiou pelo resto da noite. Ela passou a maior parte da noite dando voltas no futon, até que finalmente o esgotamento a venceu. Ambos tinham apenas uma classe na sexta-feira e estava bastante segura que não iriam hoje. Acordou cedo e escapuliu da cama, deixando uma nota que estava saindo com Alex para o restaurante, assim podia pegar seu carro e voltar para ele. Ela parou ao longo do caminho para pegar o café da manhã, sanduíches e café, porque Alex avisou que ele ainda não tinha uma máquina de café. Quando retornou à casa de Alex, o futon estava na vertical e as mantas que foram utilizadas estavam cuidadosamente dobradas. Angel estava no chuveiro. Imediatamente, seu estômago era um nó de novo. Tão bêbado como estava a noite anterior, em certo modo esperava que esta manhã estivesse fora muito mais tempo. Sustentando o pequeno sanduiche enquanto permanecia na cozinha, pensando em sua conversa iminente com Angel, Sarah se perguntou por que

se

incomodou

em

comprar

comida.

Tinha

zero

apetite

e

o

pressentimento de que o estômago de Angel não estaria se sentindo melhor. A água da ducha fechou fazia um momento e ouviu a porta se abrir. Em segundos, Angel estava na cozinha atrás dela, envolvendo seus braços ao redor de sua cintura e se apoiando em seu pescoço, mas não disse nada. Sarah respirou fundo e esperou.


— Sinto se fui um idiota ou algo assim ontem à noite. Não lembro de muito, mas Alex me enviou uma mensagem me dizendo que deveria me desculpar. Ela negou com a cabeça. — Não há necessidade. Alex me disse que provavelmente não era uma boa ideia que fosse com ele, sabendo o muito que bebeu. — Não acredito que alguma vez fiquei tão bêbado — Disse, se encolhendo. — Minha cabeça está me matando. — Deveria ter ficado na cama. — Virou para olha-lo de frente, tocando ligeiramente sua têmpora — Pode ter aspirinas em minha bolsa. Angel negou. — Já tomei duas. — Pegou o copo de café do balcão, se afastando dela. — Ouça, nós precisamos conversar. — Sei — Disse, surpreendida pela rapidez com que ele tocou no assunto. — Eu tenho que explicar... — Fui tomar uma bebida com a Bruxa ontem depois de falar ao telefone com você. A boca de Sarah se abriu e deu um passo longe dele. — Bruxa? — Sim — Disse, estendendo a mão para ela, mas ela se afastou. — Foi estúpido. Estava com raiva e precisava de uma bebida. Ela... — A puta que disse à amiga de Valéria que foderia vocês, em qualquer lugar, a qualquer hora, com uma namorada ou não? — Enviei uma mensagem a Romero — Disse rapidamente, ignorando seu comentário e deu outro passo em direção a ela, mas ela levantou a mão com um olhar assassino, por isso se deteve — Enviei uma mensagem para


que fosse me buscar antes de chegar ao bar. Tomei uma bebida com ela antes dele chegar e então eu fui. Sinto muito, tudo bem? Não estava pensando bem, mas não tinha intenção de fazer nada com ela. Juro. Só a ideia de saber que Angel, obviamente, pulou no carro dessa cadela dado que Romero teve que ir busca-lo, deixou Sarah se sentindo doente. Mas entendeu. Acreditava que não estava pensando com claridade. Ontem, a dor de sua voz foi algo que pôde sentir, inclusive através do telefone. Era por isso que esteve tão assustada pensando que talvez pediria um tempo ou algo mais. Com seu estômago se revirando e desejando que isto não ficasse pior, Sarah decidiu que não ia parar e poderia também terminar com isto agora. — Essa foto que viu — Disse e o pânico em seu rosto foi substituído imediatamente por um olhar duro — em que eu estou tocando seu braço não é o que está pensando. Angel olhou para outro lado, pondo ambas as mãos em sua cabeça e começou a andar. Isso é o que o fez ficar ontem como um macaco de merda e precisava se explicar. — Vi a foto, Sarah. Você levantou a camisa dele e tocou seu maldito... — Quando estava no Havasu — Disse em voz alta antes que se zangasse muito — Perguntei sobre a tatuagem em seu braço. Duas letras L. Disse que tinha algo a ver com a gangue em que estava há muito tempo. Ontem, quando me disse a verdade sobre tudo, fiquei chocada. Por incrível que pareça, também me senti realmente estúpida. Estúpida por ter acreditado tão facilmente em tudo o que me disse. Ontem, quando eu vi a tatuagem em seu braço novamente, percebi que não tinha nada a ver com uma gangue. De repente, ficou claro para mim e tive que dar uma olhada mais de perto, porque eu não podia acreditar que nunca percebi de que


eram suas iniciais. — Essa é a primeira coisa que qualquer um pensaria se visse duas letras como aquelas tatuadas em qualquer pessoa, mas não eu, é óbvio, isso significaria que seu sobrenome não era Ortiz. Eu só... — Sacudiu sua cabeça, olhando para longe se sentindo novamente zangada com ela mesma — Acreditei em tudo que me disse com tanta facilidade. Mas agora sei por que fiz isso. Queria acreditar. Se não o fizesse, então estaria admitindo que talvez não fosse verdade. Nem sei por que desejava tanto. A ideia de ter mais família apenas cresceu em mim tão rápido e quando Omar desapareceu, estava querendo que Leonardo não sumisse também. Deu um passo cauteloso para frente, temendo que ele a afastasse. Não o fez, assim que se aproximou o suficiente para alcançar sua mão a pegou. Deixou cair sua mão e logo envolveu seus braços ao redor de seu pescoço tão rápido que a sobressaltou, mas envolveu seus braços ao redor dele e devolveu o abraço com tanta emoção. Acabou. Não queria brigar nunca mais, pelo fato de não ter um irmão e que seu pai realmente não veio procurá-la, ou inclusive, passar outro minuto especulando sobre quais eram as verdadeiras intenções de Angel quando decidiu tomar uma bebida com a Bruxa no momento que estava tão consumido por sentimentos de ira e dor. Só importava que não fez e que Sarah agora poderia apreciar completamente o que tinha e teve por anos. Algo que muitas pessoas no mundo não tinham. Tinha Angel e todo seu amor por ela. — Sinto que isto tenha acabado dessa forma — Disse, beijando o flanco de sua cabeça — Realmente sinto. Não importa quem acabou por ser Leo... ou por que realmente queria estar perto de você, eu realmente sinto que isto não terminou conforme o esperado. — Se inclinou para trás para olhar para ela, movendo uma mecha do cabelo para retira-lo do seu rosto — Inclusive, quando estava me incomodando, nem uma vez desejei que as


coisas terminassem desta maneira. Se fosse seu irmão, apesar do estranho que seria, teria lidado com isso. Você sabe disso, certo? A última coisa que queria é vê-la machucada. Ela sorriu, vendo empatia genuína em seus olhos que só a alguns instantes tinham um brilho tão feroz como pareciam ontem. — Estou bem com isso agora — assegurou — Para ser honesta, nem sei o que estava esperando. Que ele, Omar e eu estaríamos tirando retratos de Natal juntos ou fazendo algo ridículo? Não sei. Falou de mim tendo outros tios e tias e primos e isso me emocionou. Suponho que eu apenas pensei que depois de ser apenas minha mãe e eu toda a minha vida, isso seria uma coisa boa. Angel assentiu, mas esse olhar de empatia que viu em seus olhos faz apenas um segundo, se foi de repente e essa intensidade familiar estava de volta. — Entendo, de acordo? E não menti quando disse que aceitaria Leo se fosse seu irmão. Mas me deixe te perguntar algo — parou e mordeu o lábio inferior quase como se quisesse ter certeza sobre o que ia perguntar — Não está pensando em permanecer em contato com Leo, ou está? Imediatamente, negou com a cabeça. — Não — Disse e viu o alívio imediato em seus olhos e o sentiu exalar. — Bom — Disse, mas a intensidade ainda seguia ali — Não quero que isto seja um problema no futuro, assim quero que fique claro agora, Sarah. Aceitarei Syd. — A intensidade suavizada por um momento fugaz enquanto puxava o canto de seu lábio — Bem, vamos tentar isso com ele, estou disposto a tentar. Mas Leo... — seus olhos se abriram com força de novo — Isso nem está em discussão. Se souber que está respondendo a suas mensagens ou seus e-mails...


— Não o farei — Disse, tocando seu peito, porque a ruga entre suas sobrancelhas se aprofundava com cada palavra que dizia e não queria que se zangasse sem motivo. — O bloquearei se for necessário. Já pus a maioria de minhas coisas on-line como privadas — encolheu seus ombros. — Fiz isso depois que Leonardo me disse que viu todas as minhas fotos e viu a maioria dos meus vídeos várias vezes antes mesmo de entrar em contato comigo. Foi algo arrepiante saber que qualquer estranho poderia vê-los. Mas depois de ontem — Ela inclinou o rosto contra seu peito e escutou o ritmo acelerado de seu coração — Nada valeria o suficiente para voltar a passar por isso de novo. Este não era o momento para começar um debate, então não o faria, mas isto era completamente diferente da sua relação com Sydney. Inclusive Sydney a advertiu ontem, quando disse que sua despedida com Leo terminou com ele dizendo que não era um estranho e que escrevesse se alguma vez precisasse conversar, que se ela ligasse seria desastroso. Agora, Angel não deixava dúvidas de que sim, seria. Angel fez uma careta, tocando sua têmpora com a testa franzida e em princípio, Sarah pensou que talvez não acreditasse nela. Mas logo se deu conta que estava fazendo uma careta de dor. — Ainda dói muito a cabeça? — Ele assentiu, sustentando suas mãos em cada lado da têmpora — Não tinha que levantar tão cedo. — Não podia dormir, sabendo que tínhamos que conversar. — Bem, nós já conversamos bastante por agora — Disse ela, o levando pela mão para o sofá, mas deu um puxão. — Alex estará fora o dia todo — Disse. — Acredito que não se incomodará se usarmos sua cama se a arrumarmos depois — o seguiu, pegando sua mão — e lavarmos os lençóis.


— De maneira nenhuma — ofegou, puxando sua mão. Virou para olhar para ela, enquanto iam para o quarto de Alex e pela primeira vez nesse dia, suas covinhas apareceram. Mas não foi por muito tempo, porque instantaneamente franziu a testa como se sorrir fizesse com que doesse a cabeça. — Só nos deitaremos um momento, mas na realidade preciso liberar todo este estresse acumulado — Sorriu enquanto levantava a colcha da cama de Alex. Sarah tirou os sapatos mas não se deitou, porque uma foto em um quadro de cortiça que Alex tinha em seu dormitório escassamente mobiliado chamou sua atenção. Tinha só mais algumas coisas no quadro, mas esta estava bem no meio. Era uma foto dele e Valéria na praia com sua jaqueta de atleta. Ainda a tinha em sua posse. — Isso foi no secundário? Angel a olhou, entortando os olhos. — Essa é Valéria? Sarah inclinou sua cabeça, o fulminando com o olhar. — Sim, é ela. Sorrindo, Angel fez uma expressão exagerada de dor e a deitou com ele. — É esta dor de cabeça — Disse, a beijando brandamente — Acredito que está afetando minha visão. Sarah ficou com olhos brancos, mas envolveu seus braços ao seu redor, feliz que tivessem superado o incômodo tema Leonardo, mas ainda


queria adicionar uma última coisa esperando que isto fechasse este tema de uma vez por todas. — Meu pai está morrendo — Disse, fazendo com que Angel congelasse e a olhasse fixamente. — Ao menos isso foi o que me disse Leonardo. Disse que Joseph disse que estava em uma etapa avançada de câncer de próstata e não queria que fosse tratado, por isso não viverá muito tempo. — Sinto muito — Disse Angel e ela podia ver que ele não sabia de que maneira responder a isso. — Foi o homem que me gerou, Angel. Isso não o faz meu pai e embora sinta por que esteja doente, não estou triste a respeito disto. Por anos nem tive certeza que ainda estivesse vivo — encolheu os ombros — De qualquer forma, Leonardo pensou que poderia gostar de saber. Que talvez eu quisesse conhecê-lo antes de morrer ou talvez para ir ao funeral. Talvez poderia conhecer algum dos outros familiares. Mas não quero. Eu não tenho a menor vontade de conhecê-lo. — Tem certeza? — Perguntou Angel. Assentiu, tocando o colar ao redor de seu pescoço que ganhou há muito tempo. Raramente o tirava. — Depois de pensar o dia todo ontem, decidi que não preciso procurar por parentes que me conhecem desde que nasci, mas não me procuraram nem uma vez. Por que ia querer conhecer um homem que não me importa? Tenho tudo que preciso na minha vida agora e realmente sinto que sou a garota mais sortuda do mundo. — Bom, se mudar de opinião... — Não mudarei — Disse com um sorriso — Fui uma idiota ao pensar que precisava de mais. — Te amo — ele sussurrou e beijou sua mão — Sempre e para sempre.


— Sempre e para sempre — sussurrou de volta.

Como a intuição de Angel estava certa a respeito de Leo, tinha certeza que também estava certo a respeito de Sydney, só que desta vez, estava determinado a não falar nada por enquanto. Desta vez, estaria preparado. Continuava dizendo que precisava enfrenta-lo, de homem para homem e agora que superaram todo o pesadelo do falso irmão de Sarah, Angel queria que os problemas com o seu "quase-irmão" também fossem resolvidos. Depois que Sarah mencionou uma vez que ficou acordada até tarde falando com o Syd sobre alguns problemas com sua ex e sua nova vida em Los Angeles, Angel decidiu que era suficiente. Podia aguentar que Sarah estava aí para seu bom amigo como ela explicou que frequentemente ele esteve por ela... enquanto não tivesse que se preocupar que houvessem outras razões por trás das chamadas irritantes e frequentes de Sydney. Ele e Sarah ficaram ao telefone até tarde da noite quando, novamente, Syd ligou na outra linha. Sem querer soar muito irritado, Angel desligou, mas disse para enviar uma mensagem quando terminasse com o telefonema. Quase quarenta minutos mais tarde, finalmente recebeu a mensagem dela dizendo que terminou a ligação e para dizer boa noite. Angel pegou o telefone e discou. Chega de enrolar. Ia terminar com isso esta noite. Sydney atendeu depois do primeiro toque. — Angel, o que aconteceu? Sabia que Sydney devia estar se perguntando por que ligou tão tarde. — Tenho que falar com você.


— Sim, sim — Disse, parecendo preocupado — Está tudo bem? — Tudo está bem... eu acho — Disse Angel, logo fez uma pausa — Sei que você e eu conversamos sobre isto há anos, na vez que veio ao restaurante e me assegurou que não tinha nada com que me preocupar no que se referia a você e a Sarah. Disse que sua relação com Sarah sempre foi platônica. E embora a quisesse, é diferente de estar apaixonado por ela. Angel esperou uma resposta em vão. O fato de Sydney não falar nada o deixava nervoso. Pensou que, possivelmente a esta altura, já teria interrompido e dito algo para reafirmar o que disse da outra vez. Mas não o fez, por isso Angel continuou. — Tenho que te dizer cara, estou sendo honesto, eu nunca engoli essa merda nem por um segundo. Assim, quando ela me contou que você deixou sua garota por ela, você sabe o que eu pensei, certo? — Sim — Disse finalmente Syd e Angel esperou, mas Sydney não disse mais nada. — Tenho razão? Não houve um imediato "não" de Syd e Angel se levantou de onde estava sentado. Sabia. Porra! — Olhe Angel — Disse Syd, exalando — Vou ser honesto com você agora. Depende se você quer saber. Pessoalmente, eu não acho que seja uma boa ideia, mas vou deixar em suas mãos. Está bem? Syd esperou, como se esperasse uma resposta de Angel, assim balançou a cabeça em confusão. — Está bem?! — Homem, claro que estava apaixonado por Sarah. Como podia não estar? — Angel congelou, completamente sem palavras — Quando se


mudou para La Jolla, tinha a intenção de esperar que retornasse para contar. Estava passando por tanta merda que não queria acrescentar mais complicações na sua vida, porque era muito insistente de que éramos irmão e irmã. Inclusive, no início, admiti a Carina que estava apaixonado por Sarah, mas quando ela começou a sair com você, pude ouvir na sua voz como a fazia se sentir. Disse que a pior época de sua vida passou a ser a melhor devido a você, nesse momento, descobri que esperei demais. Ou dizia que estava apaixonado por ela e que não podia suportar vê-la com outra pessoa e perder o que tínhamos durante tantos anos ou mantinha minha boca fechada e aceitava. Aceitar que jamais seria minha e manter a melhor amiga do mundo. — Então, ainda está apaixonada por ela? — Angel quase se arrependeu de perguntar. Jamais considerou a possibilidade de que Sydney admitisse — É por isso que você terminou com Carina? — Não, cara, eu amo Sarah sim, mas Sarah é apaixonada por você, nunca desejei que algo desse errado entre vocês, porque sei que ficaria miserável e jamais iria querer isso para ela. Admitir para Carina antes de ficar sério com ela, que estava apaixonado por Sarah, foi meu maior erro. Ela nunca superou. Olhe — Disse, de repente soando sério — não desejo nada, salvo a felicidade de Sarah e de verdade, espero que fiquem juntos para sempre, porque sei que é o que ela quer. Mas me deixe ser claro em uma coisa, Angel. Não vou a lugar nenhum. Assim, depende de você contar tudo que acabo de te dizer e abrir uma lata de vermes ou simplesmente acreditar em mim quando digo que não tem nada com que se preocupar. Sarah te pertence, homem. É sua desde o primeiro dia e sempre será. Não tenho ilusões de pensar que isso vai mudar. Angel ficou de pé, mudo. Estava zangado? Estava preocupado? Não tinha certeza de como se sentia a respeito.


— Huh — Disse, porque era a única coisa que podia pensar em dizer. Sydney riu. — Sempre soube que teríamos esta conversa algum dia e sempre imaginei que teria algo a dizer a respeito — ria — Mas vejo que não é assim. Angel sentou na cama, sentindo como se precisasse fazer alguma ameaça, advertir Sydney que se alguma vez mudasse de ideia, iria atrás dele, mas com Sydney parecia desnecessário. —Sarah me contou sobre você, então acredito que está tentando decidir se deveria me matar ou não — Sydney riu — Direi uma coisa. Por que não fala com seu travesseiro? Tenha isto na mente enquanto tenta se decidir. Mesmo que terminem amanhã, não sonharia tentar nada mais com ela do que tenho agora e não é por medo de arruinar nossa amizade. Pensando bem, talvez tivesse uma oportunidade antes que te conhecesse, embora arriscasse nossa amizade. Mas agora não o faria. Sabe por quê? — Por quê? — Perguntou Angel, ainda sem ter certeza de como se sentia a respeito. — Porque, quando te conheceu e se apaixonou por você, soube que nunca poderia competir. Não se compete com o amor da vida de outra pessoa e você é seu amor. Acredite em mim quando digo que conheço Sarah. Está bem? Jamais te esquecerá. Se visse tão claramente como eu vejo, saberia. Ela pertence a você, homem. Toda sua. Para sempre. Angel levantou, se sentindo quase aturdido. Sabia durante anos que Sarah era o amor de sua vida e nunca a esqueceria. Não importa quantas vezes disse, parecia impossível acreditar que pudesse sentir por ele tudo o que ele sentia por ela. Não esperava que outra pessoa dissesse que sem dúvida era assim. Muito menos Sydney.


Para sua surpresa, quando se olhou no espelho, tinha um sorriso torto. — Para sempre minha — Disse sem pensar. — Sim — Disse Syd soltando um suspiro de derrota ou possivelmente, de satisfação — para sempre sua.


CAPÍTULO VINTE E SEIS

A turma decidiu fazer uma última viagem para Big Bear antes que a temporada de inverno acabasse. Passaram o dia nas pistas e logo percorreram os arredores da aldeia pitoresca, fazendo algumas compras e bebendo chocolate quente. No caminho de volta à cabana depois de um exaustivo, mas satisfatório dia, Romero insistiu que conduzissem pelos arredores para ver se conseguiam dar uma olhada no complexo de treinamento de Félix Sánchez, o atual campeão peso leve de boxe. — Não vai ser capaz de ver merda nenhuma — Disse Alex enquanto virava na estrada que Romero pediu para entrar — Provavelmente será uma estrada longa e seu complexo está no topo da montanha. — Nunca saberá. Escutei que sua propriedade se estende por hectares. Alguma parte pode ser visível. Também escutei que treina no inverno. Pode ser que esteja por aqui agora. — E o que? — Perguntou Eric do assento do meio da abarrotada caminhonete — Realmente pensa que vai vê-lo? — Ei — Romero golpeou o assento diante dele — O que há com essa negatividade? — Disse — Nunca se sabe! Sarah estava sentada no colo de Angel no banco de trás e estava surpresa de como ele convertia cada pequeno beijo que dava em um longo beijo sem fim que a fazia estremecer no veículo lotado.


— Pare — ela sussurrou contra seus lábios tão baixo quanto podia, porque Romero estava bem ao lado deles. Se inclinando no seu ouvido, ele sussurrou: — Está me excitando. — Se retorceu e lambeu seu pescoço a fazendo rir. — Hey — Romero finalmente parou de discutir com Alex e Eric tempo suficiente para notar Sarah e Angel. — Vocês dois estão embaçando os vidros. Sofie, que estava sentada na frente deles, começou a rir em voz alta. — Vejam vocês mesmos — Disse Romero, limpando uma das janelas e apontando. — Que dia....? — Disse Alex, baixando a velocidade devido ao repentino tráfego. Havia equipes de televisão e vans de notícias alinhadas ao longo da estrada. Alguns carros foram deixados de lado para obter uma foto em frente a porta de entrada. — Eu disse que ele estava por aqui — Disse Romero — Provavelmente estão acampando aqui fora, tentando conseguir uma foto dele. Tem uma grande luta se aproximando. Finalmente puderam atravessar o desastre do tráfego com Alex murmurando todo o tempo a respeito da ideia estúpida de Romero de ir ver o complexo. Eric e Romero debateram todo o caminho a respeito que se alguém como Sánchez apreciava esse tipo de atenção ou não. Eric achou que era horrível não ser capaz de sair e fazer uma refeição sem ser assediado. Romero dizia que vinha com o pacote e insistiu que por todas as fotos e filmagens que ele viu, o cara parecia gostar de estar no olho do público.


Quando finalmente chegaram à cabana, Sarah esperava escapulir para o quarto e terminar o que Angel iniciou na caminhonete, mas Sal recordou que era sua vez de cozinharem. — Deixa que eu faço, baby — Disse Angel já tirando as coisas do refrigerador. — Não, posso ajudar — Disse, se sentindo inútil já que Angel era melhor cozinheiro. — Está tudo bem. — Disse, pegando as sobras do frango grelhado que Alex e Valéria fizeram na noite anterior, algumas tortilhas e um grande saco de queijo — Pegue os abacates da geladeira e faça um guacamole. Sarah sorriu agradecida, porque ele deu uma tarefa fácil. Beijou sua bochecha e logo tirou os abacates do refrigerador. No tempo que levou para cortar os abacates, cortar em cubos e misturar, Angel já tinha preparado rapidamente para todos queijadinhas de frango. Colocaram tudo em cima da mesa e todos atacaram. Quando todos estavam satisfeitos, Sarah pensou que talvez pudesse escapar por um momento, mas então, Sal anunciou que encontrou alguns vídeos antigos e pensou que todos gostariam de uma viagem ao passado, assim se reuniram em torno da TV e olharam o vídeo começar com os três irmãos quando eram muito jovens olhando para um berço. Angel era o menor na ponta dos pés, tentando dar uma olhada melhor. — Aw — Disse Sarah, sorrindo amplamente — Que lindo, sendo todo curioso! — Sim — Valéria riu — Inclusive nesse tempo já estavam todos metidos nos assuntos de Sofie. Havia mais imagens dos três irmãos tonteando por ali e logo Sofie como a pequena princesa, dançando em seu disfarce de princesa da Disney.


Estavam todos rindo enquanto os vídeos mostravam várias etapas da vida dos irmãos. Sarah não podia acreditar o quanto os três meninos se pareciam com seu jovem pai. Também havia filmagens de Romero quando era muito mais jovem e todos estavam em suas bicicletas saltando de uma rampa em seu pátio dianteiro. Romero acelerou frente à câmera várias vezes. — Lembram isso? — Perguntou Sal, mostrando a rampa. — Não acredito que tivemos uma rampa que você não caiu. — Ou quebrou — Disse Alex com uma careta. O vídeo mostrava os anos se passando: os treinos de sua pequena liga de futebol e inclusive, um vídeo de Eric e Sofie passando um tempo à margem enquanto as crianças jogavam no parque na Páscoa. Sarah riu internamente como os irmãos foram ignorantes a respeito de Sofie e Eric se apaixonando inclusive naquele tempo. Logo havia um vídeo de Sarah em sua primeira Ação de Graças com os Moreno. — Oh!! — Levou sua mão a boca — Nem lembrava de alguém gravando. Trocou olhares com Angel, lembrando que naquela noite, foi a sua primeira vez. Tinha cenas dela e Sofie correndo em vários de seus campeonatos na escola em seu último ano. Alguns deles fizeram Sarah corar, porque ganhou em vários e todos estavam torcendo agora como se tivesse acabado de acontecer. Todos eles estavam igualmente emocionados de como estavam no vídeo naquele tempo. Logo estava a graduação seguido pela festa no restaurante. Tinha um montão de pequenos vídeos de todos em seu


restaurante, no Andolini's, no beco de boliches, na praia e muitas de suas fogueiras... Os vídeos pareciam intermináveis, mas trouxe consigo muitas lembranças: algumas delas inclusive a deixaram atordoada. Os vídeos avançaram para aqueles do Facebook e Instagram, alguns que Leonardo disse que viu: Sarah e Valéria brincando na frente da webcam, em seguida, Sarah e Valéria tonteando frente à câmera. Logo, Sarah e Angel fazendo um tola Tag de namorados no Youtube na qual Sarah estava rindo alto e corou. Sarah não percebeu que havia música tocando ao fundo. Ela estava tão ocupada e encantada com todas as velhas memórias que não notou a estranha escolha de música para os vídeos dos velhos tempos com os amigos "My Girl" do The Temptations. Ficou um pouco mais forte com cada página e vídeos que foram mostrados e notou que muitos deles eram apenas dela ou dela e Angel sendo carinhoso e se beijando. Virou para olhar para Angel, querendo saber agora se ele montou o vídeo e um pouco envergonhada por ter feito a todos se sentarem e assistirem, o que tinha certeza que todos pensavam, pois os vídeos e slides eram enjoativos. Finalmente, acabou e se sentiu um pouco aliviada, apesar de que com certeza pediria uma cópia. — Quem armou isso? — Perguntou. — Tem mais — Disse Sal, golpeando algumas teclas no tablet conectado à TV. Um vídeo mais recente de todos eles começou a se reproduzir, incluindo a Ação de Graças e o Natal, logo a grande festa de aniversário de Sarah e Angel com toda sua família. Inclusive os que viviam fora da cidade estavam presentes. O vídeo tinha Sofie e Sal na frente de uma webcam, recordando a sua grande família. Como todos eles tinham suas peculiaridades, mas nunca trocariam nada disso. Logo se reproduziu um vídeo das mímicas de Romero e todos eles quase caíram de seus


assentos de tanto rir. Quando sua parte terminou, foi para um curto dele falando com sua escova de dentes na boca e olhando para a câmera. — Só queria dizer que apesar de ter crescido como filho único nunca me senti dessa maneira. Cresci com meus irmãos e irmã, os Morenos e meu menino Eric. Estou loucamente apaixonado por todos vocês. Sarah virou para o Romero, que tinha um grande sorriso, obviamente contente com sua imagem no vídeo, logo notou Sofie secando uma lágrima. O próximo foi um vídeo deles na última vez que foram esquiar faz só umas semanas e a música começou de novo. "We Are Family" misturado com algo mais, mas quem fez a mescla não fez um grande trabalho, porque havia dois tempos totalmente diferentes até que "We Are The Family" foi desvanecendo e tudo o que ficou foi a outra canção. "Marry You" do Bruno Mars era a única tocando agora e o vídeo mostrou os pais de Angel sorrindo e apontando para a câmara. — Menina linda — Sua mãe mandou um beijo com a mão e depois seu pai sorriu e disse: — Diga que sim. Aí foi quando uma mescla de confusão e nervosismo começou a revirar o estômago de Sarah e olhou ao redor, mas estranhamente, todos estavam olhando diretamente para a televisão. Os seguintes foram Sofie e Eric na webcam novamente: — Sempre sonhei em ter uma irmã. E você é um sonho transformado em realidade — disse, agarrando o coração com um grande sorriso — Então diga sim! Sarah sorriu e instantaneamente se surpreendeu. Logo estavam Alex, Romero e Valéria no restaurante, parados atrás da barra, sustentando uma taça com um grande sorriso.


— Diga sim — Disseram todos simultaneamente enquanto a música se tornava ainda mais forte. O golpe final foi ver o rosto de Sydney na tela na frente de sua webcam e agora Sarah agarrou seu coração, reprimindo as emoções. — Sabe que jamais iria guia-la para uma cilada, Lynni. Sempre soube como me sinto a respeito de você sendo feliz. Então diga sim. Sarah apertou os lábios trêmulos juntos, enquanto o próximo começou. Era Sal, o Sr. Seriedade, em frente da webcam do que parecia ser a sala dos fundos do restaurante. Ele sorriu, mostrando suas covinhas. — Preciso de outra irmã mais nova, querida. A que eu tenho está ficando muito mal-humorada. Diga sim. Sarah era um desastre agora, inclusive enquanto ria, afastando as lágrimas. O rosto de sua mãe na tela fez ser impossível conter o pranto. — Oh meu Deus — ofegou Sarah, trazendo ambas as mãos para sua boca. — Olá querida. — Sua mãe tentou sorrir — Tentamos isso muitas vezes e arruinei cada uma das tomadas com minhas lágrimas, então isso é o melhor que você vai conseguir — Soluçou e começou outra vez, sua voz voltou a quebrar. — Não há dúvidas em minha mente que será muito feliz e isso é tudo o que sempre quis para você. — Ela parou e tratou de se recompor e então, conseguiu cuspir a última parte. — Então diga que sim. A última tomada tinha todos nela, não só sua família completa a não ser seus pais, sua mãe, tia, tio, inclusive Manny e Max e toda a família acrescentada, a turma do restaurante, sentados e parados ao redor de uma mesa no restaurante.


Sarah afastou as lágrimas que estavam nublando sua visão, porque não queria perder um segundo disso. A câmara focou em todos saudando e lançando beijos. Logo Angel apareceu na imagem. — Só se lembre, baby. Se disser que sim, está dizendo sim a.... — Seus olhos se abriram amplamente enquanto a câmara focava a multidão a sua volta — todos nós! — Gritaram em uníssono. — Então, diga que sim! A televisão se apagou e Sarah ficou feliz de ver que não era o único desastre choramingando. Sofie e Valéria estavam em prantos enquanto todos se viravam para ver Angel ficar de joelhos em frente a ela, sustentando um anel. — Agora que foi amavelmente advertida, faria minha vida completa e se tornaria parte desta louca família? — Sarah mal podia ver o anel, sua visão estava imprecisa. — Você quer se casar comigo, Sarah? Assentindo como uma louca para corrigir o fato de que não podia falar, observou quando colocou o diamante em seu dedo e logo envolveu seus braços em seu pescoço quase o nocauteando. — Rebobina para a parte onde eu estou — Disse Romero — Estou muito bem. Acho que estou no negócio errado. Sarah riu, finalmente sendo capaz de se recompor para dizer o que queria dizer. — Sim, sim! Um milhão de vezes sim! — Virou para o resto deles — Para todos vocês. Muito obrigada! — Olhou ao redor e virou para Angel e quase

se

quebrou

novamente

Obrigada

sussurrou,

sabendo

exatamente por que agiu desta maneira e fez assim. — Não acreditava que fosse possível te amar mais do que já o faço. Muito obrigada.


Depois de ser rasgada e quase sufocada por Valéria, Sofie e logo abraçar o resto dos membros de sua família, genuinamente felizes, estava finalmente livre para abraçar seu noivo novamente. Caíram de novo no sofá rindo e se beijando. Angel a segurou fortemente por um longo tempo e em seguida inalou profundamente. — Obrigado por dizer sim — sussurrou em seu ouvido. — O dia que você se casar comigo minha vida estará completa. Sarah o segurou, nunca querendo deixa-lo ir, mas finalmente teve que se afastar. — Agora nós podemos escapar? — Sussurrou. Angel saltou, pegando sua mão e apressaram seus passos em direção as escadas. — Falando a respeito de ser discreto — Disse Sal em tom de brincadeira enquanto se apressavam e passavam por ele. Angel olhou para trás, rindo. — Desde quando alguém desta família é discreto? — Sim — Sarah riu — E foram vocês meninos, que insistiram que eu dissesse sim. Possivelmente, Angel esqueceu de mencionar que posso ser tão odiosamente indiscreta como o resto de vocês, mas é muito tarde. Estão presos comigo agora. Dobraram a esquina e podiam escutar Romero rir. — Caso você não tenha notado, Manny e Max também estavam nesse vídeo. Há! Agora, quem está rindo?


A risada de Sarah parou na metade das escadas para beijar Angel. Esteve tĂŁo preocupada em ter uma famĂ­lia maior e por anos, teve uma o tempo todo. E amava a todos e cada um deles. Inclusive Manny e Max. Fim ...


SOBRE A AUTORA

A respeito de mim? Bom, nasci e cresci e continuei vivendo no ensolarado sul da Califórnia. Estou casada e tenho dois maravilhosos adolescentes. Meu amor pela escrita começou quando eu era só uma menina, entretanto, nunca tive realmente algum sonho ou aspirações de fazer isto para viver. Então chegou a época dos eReaders e vi a oportunidade de escrever para o mundo que lê sem saltar através de aros e ir além da burocracia de tratar de ser publicado tradicionalmente. A série Moreno Brothers mudou literalmente minha vida. Agora me levanto para ir trabalhar a poucos metros de minha cama. 5th Street é minha segunda série com 2 livros de Noah e Gio e dois mais por vir. Atualmente estou tomando um descanso de 5th Street para trabalhar em minha próxima série Fate, um spin-off da série Moreno Brothers. O primeiro da série Fate (Vince e história de Fazer You Mine de Rose) será lançado este ano. Eu adoro escutar os meus leitores e trato sempre de responder logo que me é possível, mas se houver uma pergunta que se faz uma e outra vez, em vez de responder vinte vezes a vou publicar em minha página de perguntas frequentes a fim de comprová-la frequentemente! O Final deste ano será uma loucura para mim entre me manter em dia com a resposta ao MYM e me preparando para o tour do meu blog, estarei muito ocupada assim por favor tenham paciência comigo se não ser rápida em responder a suas mensagens/comentários.


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