TRECHO DE ORLA INTERDITADO Rafaela Izeli
Imagens foram gravadas no final da tarde de domingo (22). Apesar da faixa de areia da praia ter ficado vazia por causa da fiscalização, calçadão ficou lotado e situação preocupa autoridades. 23 de novembro de 2020 | Redação G1 BA
COM AREIA TRANQUILA, TARTARUGA MARINHA DESOVA EM PRAIA DA BARRA Vazia, sem 'um pé de banhista', a areia da praia da Barra, em Salvador, atraiu outro tipo de visitante. 17 de junho de 2020 | Redação CORREIO
21 de março de 2020 Redação G1 BA
Rafaela Izeli Salvador, 2021
CARYBÉ. As Sete portas da Bahia. Rio de Janeiro: Record, 1987.
“Trecho de orla interditado” é sobre um estado de suspensão; é sobre o bloqueio físico e sensível entre o sujeito e o mar durante o fechamento da orla da Barra, em Salvador, na pandemia do Covid-19, em 2020. Tapumes impediram o acesso à praia, tendas policiais estabeleceram regras de circulação no calçadão, cones e barreiras ordenaram o fluxo de pedestres, afetaram o cotidiano, desestabilizaram a memória coletiva e contribuíram para a construção de novos imaginários. Transitamos entre a dureza da interdição do espaço físico e os desvios e as brechas possíveis nas subversivas aproximações com o mar. Entre o inchaço e desinchaço das
águas; a intensificação e o afrouxamento das medidas restritivas; as formas de apropriação desordenadas e cuidadosas. Um rearranjo espacial agressivo e uma ruptura repentina do tempo; um momento de delicadeza, riso e respiro. No vai e vem das ondas, no movimento constante entre fixos e fluidos, imaginamos, criamos, esperamos. Este fotolivro registra experiências, entremeia o desafio e o afago, o cansaço e o sonho em tempos tão ásperos. Ele é o meio do mar, o limiar, o incerto. A zona de transição indefinida entre a proibição e o desvio; a aglomeração no calçadão e a praia deserta; a fiscalização intensa e o esgarçamento das regras. O tapume transposto e a barreira movente. Fique em casa e trisque os pés na água. Lamente e ria. E “talvez esse riso tenha aqui e ali um som bárbaro”. (BENJAMIN, 1987, p. 119)
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987.
O mar ritmando. Azul. Se inchando e desinchando por amor de Lua, o mar, morada de Yemanjá, mãe dos peixes, noiva dos afogados e dona das águas, bate espumas na areia branca. Para ser mais exato é o fim do mar. O fim do mar é em todas as praias do mundo. O começo ninguém sabe. (CARYBÉ, 1987, p. 17)
“Trecho de orla interditado” é um projeto financiado pela PROEXT (PróReitoria de Extensão Universitária) da Universidade Federal da Bahia e apoiado pelo Programa de PósGraduação em Arquitetura e Urbanismo e pelo Laboratório Urbano. # Rafaela Izeli é arquiteta e urbanista pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos da Universidade de São Paulo (IAU-USP/2009). Possui mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA/2019), é doutoranda pela mesma instituição e é membro do Grupo de Pesquisa Laboratório Urbano (PPG-AU/ FAUFBA).
Apoio:
Formato Papel Tiragem
130 x 210 mm miolo: pólen bold 90g/m2, kraft 110g/m2, color plus 120g/m2 | capa: color plus 180g/m2, jornal 40g/m2 100 exemplares
TRECHO DE ORLA INTERDITADO Rafaela Izeli