A dama da meia noite tessa dare

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“Isto nunca vai dar certo.” Ela esfregou a testa com uma mão. “Ninguém nunca vai acreditar que eu concordei em abandonar minhas amigas, meu trabalho, meu lar e meu país. Para quê? Para cruzar o oceano e estabelecer residência em uma cabana no meio do nada, com um homem que não consegue compreender o significado de amor? Em Indiana?” Ele a pegou pelos ombros, forçando-a a olhar para ele. “Nós não combinamos, eu sei disso. Eu nunca poderia fazer você feliz. Também sei disso. Eu não estou à sua altura. O melhor que eu poderia lhe oferecer seria uma fração mirrada do que você merece. Tenho consciência disso tudo. Não precisa ficar me lembrando.” O arrependimento suavizou os olhos dela. “Eu sinto muito. Sinto muito. Não deveria ter dito...” “Guarde seu pedido de desculpas. Você falou a verdade. Eu só estava concordando.” “Não... Não posso deixar você acreditar que eu...”, ela esticou a mão na direção dele. Santo Deus. Antes que ele pudesse se abaixar ou recuar, ou cair sobre sua espada para evitar, a mão enluvada dela estava em sua face. A palma pousou ali, quente e acetinada. Sensações sacudiram seu corpo. Quando ela falou, sua voz era baixa, mas forte. “Você não está abaixo de mim. Eu nunca pensaria isso.” Sim, você está abaixo dela, ele disse para si mesmo, controlando a alegria que corria por suas veias. E nunca se atreva a imaginar que um dia estará em cima dela. Ou curvado atrás dela. Ou dentro dela enquanto ela... Maldição. O fato de ele conseguir pensar nisso... Ele era rude, nojento. Não merecedor nem mesmo daquele leve carinho. O gesto dela nascia da culpa, e era oferecido como pedido de desculpa. Se ele tirasse vantagem daquilo, seria um demônio. Thorne sabia de tudo isso. Mas flexionou os braços assim mesmo, puxando-a para perto. “Você se preocupou em ter magoado meus sentimentos”, murmurou ele. Ela aquiesceu, só um pouco. “Eu não tenho sentimentos”, disse ele. “Eu me esqueci.” Espantoso. Ele ficou admirado com a ingenuidade dela. Depois de tudo o que ele lhe disse, Kate se preocupava com ele? Dentro daquela mulher pequena e frágil havia tanto afeto que ela não conseguia evitar despejá-lo em suas alunas, seus vira-latas e brutamontes indignos. Como seria, ele imaginou, viver com aquela estrela brilhante, incandescente, dentro do peito? Como ela fazia para sobreviver? Se ele a beijasse com paixão e a abraçasse apertado, será que um pouco desse calor passaria para ele? “Esperem”, veio um grito, ecoando vagamente à distância. “Segurem! Ainda não!” Talvez aquela voz pertencesse à sua consciência. Ele não conseguiu lhe dar atenção. Tudo o que ele sentia era o toque dela, seu carinho, e a força bruta, vibrante, de sua própria necessidade. Ele a puxou para mais perto. Kate arregalou os olhos. Estavam maiores e mais lindos do que ele jamais tinha visto. Todo um novo mundo de possibilidades se abria naquelas pupilas escuras. E


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