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DESIGN DE INTERIORES // brinquedoteca


O PROJETO Projeto: Brinquedoteca Local: Museu do Folclore de São José dos Campos Este é um projeto desenvolvido pela turma do curso livre de Decoração Prática do Senac de 2013. Conceito Levando em consideração cada quesito solicitado pelo Museu do Folclore, o projeto de decoração da brinquedoteca leva em consideração quatro aspectos de grande importância: segurança, versatilidade, manutenção e baixo custo. Cada item deste projeto foi pensado com o intuito de não só de ornamentear este espaço como também proteger as crianças e oferecer um espaço que desperte o interesse das mesmas a estar neste ambiente.


Atividades que acontecerão neste ambiente: -espaço expositivo de brinquedos de barro e outros tipos de materiais delicados (serão vistos mas não serão tocados) -disposição de brinquedos de livre acesso das crianças -armazenamento de brinquedos que eventualmente serão levados para o exterior do espaço -armazenamento de livros (comlivre acesso as crianças) -espaço de contar estórias -espaço para leitura -exibição de vídeos Divisão de atividades: Este espaço é dividido então em quatro cantos de divisão conceitual que são definidos e denominados por quatro ações: assistir, apreciar, brincar e guardar.


GUARDAR Neste canto há prateleiras (de madeira Pinus) de cantos arredondados presas a paredes por mão francesa que armazenarão caixas de plástico coloridas que poderão ser levadas para a área externa com a ajude de um carrinho (55x60 cm) que será feito a medida também.


BRINCAR Na parede das janelas ficarão os brinquedos disponíveis para as crianças com uma ambientação de “feirinha” onde as crianças podem se “servir” livremente dos brinquedos disponíveis em suas caixas, assim como os devolverem quando preciso.


ASSISTIR Neste espaço acontecerão todas as atividades que exigem que a crianças esteja sentada e com a sua atenção focada. Nele encontra-se uma TV, um aparelho de som, uma cortina de fantoches (retrátil), alguns puffs de garrafa PET e um tapete de EVA para acomodar as crianças sentadas durantes as atividades que nele se darão. Abaixo da TV há um armário (trancado) onde ficarão guardados os CDs, DVDs e outros objetos que precisarão ser prootegidos.


APRECIAR Esta é uma vitrine de acesso limitado, localizado onde antes se encontrava um armário. Ela terá as suas portas removidas, seu interior pintado da cor azul anil e sua iluminação modificada para a valorização das peças nela contidas. Suas prateleiras de vidro ajudam a luz a se propagar melhor. Neste espaço ficarão os brinquedos frágeis do folclore do Vale do Paraíba que não terão o livre acesso das crianças funcionando com um pequeno museu dos brinquedos históricos. Para facilitar a sua instalação elétrica sem que seja preciso quebrar a parede, serão instaladas nos cantos (opostos a parede do fundo) lâmpadas tubulares. A sua instalação elétrica deve ser feita de forma extremamente segue para evitar possíveis acidentes.


BRINQUEDOS COMPRADOS






LEVANTAMENTO

552.00

389.00

93.00

122.00

110.00

60.00

396.00

24.00

162.00

122.00

70.00

70.00

164.00

60.00

203.50

69.00

69.00

197.00

18.00

160.00

Autor: Turma de decoração prática Senac 2012 Cliente: Museu do Folclore Data: Escala: 1 : 25

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MATERIAIS: Deve ser tomado um grande cuidado com as tintas utilizadas no pintura das paredes e dos objetos com a sua especificações para ambientes infantis. Tanto as prateleiras, quanto os móveis feitos a medida sugere-se que seja usado compensado de pinus com acabamento cru (não serão pintados e sim dados uma acabamento com a madeira aparente em tinta seladora e vernis transparente. As caixas de feira de plástico são a melhor opção devido ao seu peso, preço, durabilidade e facilidade de higienização. O piso será revestido com uma camada de “Ambienta” (em tom de madeira escura).


Roteiro para uma proposta de ação educativa para o público infantil O Museu parece, por todas as observações dos técnicos, ter como público mais frequente o escolar, e, do que foi possível depreender nessa curta visita, tem como prioridade o trabalho direto com os estudantes, e mais secundariamente os professores. Considerando a demanda da equipe do Museu quanto à necessidade mais premente de qualificar o atendimento do público da educação infantil, passamos a fazer algumas considerações. Diferentemente das turmas de maiores, os meninos e meninas compreendidos nessa faixa precisam de atividades diferenciadas para uma visita a museus. Jogos e brincadeiras precisam ser a tônica, de modo que sejam provocados a exercer sua curiosidade numa fase em que estão descobrindo o mundo a sua volta. Descobrir a cultura popular, nesse sentido, pode ser instigante na medida em que as expressões próprias desse universo são mesmo um convite a brincar. Seja pelos brinquedos populares, seja pelas histórias, contos e lendas, é possível trabalhar uma visita ao museu numa perspectiva mais afetiva, em que o brincar, o aprender e o ensinar vão se misturar. Em seu livro A paixão de conhecer o mundo, a educadora Madalena Freire propõe exatamente que o conhecimento seja produzido por alunos e professores; transpondo essa ideia para o museu e a relação de seus guias com os visitantes, cremos que se pode inferir as mesmas questões: o museu proposto como um lugar de aprendizagem e de prazer não só para o público, mas para sua equipe técnica; um lugar de troca de saberes. Nessa linha, a cultura popular é terreno privilegiado para o campo da educação. Os temas são muitos e muitas são também as possibilidades de trabalhar o assunto em sala de aula. E assim como as bibliotecas, podemos dizer que os museus também são memória do mundo e, ainda que recortados por temas e delimitados pelos acervos, garantem parte da memória da cultura, que permanece viva e em transformação.


No caminho para a infância “A infância não é apenas uma questão cronológica: a infância é uma condição da experiência”1. Por essa razão há que se ter em conta que a aprendizagem é processo, não um acumular de fragmentos de conhecimentos. À medida que vamos crescendo, reunimos nosso aprendizado acumulado ao longo da vida. Conectamos o que vimos e conhecemos, relacionamos as coisas que têm importância para nós e que fomos guardando, usando e mesclando com outras, e aí vamos formando aquilo que somos. Nesse sentido, processos de descoberta e de pesquisa na infância, associados a uma relação prazerosa de busca, são determinantes para a formação e o desejo pelo conhecimento. A visita a um museu pode ser um desses momentos de investigação prazerosa, em que pese o fato de que se trata de uma visita que dura apenas uma ou duas horas. De fato não se pode ter a pretensão quanto à capacidade dessa visita de determinar o quanto de conhecimento será absorvido pelos meninos e meninas visitantes, mas é certo que se pode preparar uma visita que, no mínimo se torne memória afetiva sobre a cultura popular, que amplie seus repertórios visual, sonoro e estético, que contribua enfim para a apropriação daqueles bens culturais por parte das crianças. Pensar então numa visita ao museu para escolares dessa faixa etária de público requer como quesito inicial práticas associadas aos acervos que instiguem os visitantes a trabalharem em grupo, compartilhando suas descobertas. Assim, leituras em grupo, contações de histórias, jogos e brincadeiras populares seriam experiências educativas que deveriam estar associadas à visita.


Vamos lá Reunir num único projeto educativo o conjunto de informações que o museu possui a partir de suas coleções nem sempre é tarefa fácil. Há um universo interminável de possibilidades, e na medida em que selecionamos, corremos o risco de restringir as possibilidades de conhecimento. Assim, todo cuidado é pouco; sugerimos constituir um projeto ou programa que reúna opções de estudos e pesquisas que sejam, na verdade, pontos deflagradores do desejo de compreender a cultura popular. Nesse sentido também há que se ter cuidado para que o excesso de informação não ofereça risco de pulverizar por demais o trabalho que já é delimitado por uma única visita daquele grupo ao Museu. Aproveitar o tempo, potencializar o conteúdo que o Museu oferece deve ser a estratégia. Nossa proposta é então instituir uma brinquedoteca para esse segmento de público com acervos que vão desde os brinquedos tradicionais àqueles alternativos, feitos de sucata ou de materiais recicláveis, ou ainda na linha pedagógica, de madeira e papel. Junto com os brinquedos, uma coleção de livros de literatura relacionados à cultura popular, de cds, dvds e de fotografias. Claroque também selecionaríamos livros de apoio para professores e monitores do Museu. Cristina Laclette Porto, educadora que idealizou a Brinquedoteca Hapi, que funcionou por longo tempo em alguns museus do Rio de Janeiro, afirma que as brinquedotecas refletem ideias sobre a infância, o brinquedo e o ato de brincar e se revelam específicas do momento atual, marcado pelo surgimento irreversível da sociedade de consumo. São lugares sociais onde o brinquedo atua como o principal mediador entre a criança e o mundo, e onde se instaura uma prática educativa institucionalmente organizada que favorece a socialização, processo pelo qual o indivíduo se torna membro de uma sociedade.2 Espaço privilegiado de convívio e de troca de vivências, uma brinquedoteca, quando associada a um museu de cultura popular, pode potencializar as coleções museais e trazer novas e ricas ex-


periências de convívio. A nossa cultura popular (...) produz brinquedos lindos, coloridos, simples no seu material e riquíssimos em suas possibilidades de brincar gostoso. Ah, as bonecas de sisal, os cavalinhos de corda, as bonecas todas feitas de palha de milho, os carrosséis feitos com canudos e aproveitando latas e madeira, os guarda-chuvas trançados de lãs coloridas, os caminhões e os carros de lata e toda sucata sobrante, os carrinhos de rolimã, as pipas de seda imensas e pequeninas cheias de graça e de imaginação, as bruxinhas de pano... Um repertório imenso, um painel diversificadíssimo de materiais e de respeito ao brincar...3 É então a cultura popular tema privilegiado para trabalhar o brinquedo e as brincadeiras, e num Museu como o de São José dos Campos, onde os módulos de apresentação de sua exposição de longa duração são um convite ao exercício do imaginário, as salas de tecnologia, de religiosidade, das identidades, por exemplo, ensejam jogos e trocas de experiências entre os meninos e meninas visitantes que podem encontrar, ali, lugar de fazer conviver suas diferenças e suas identidades. “O brinquedo é dotado de um forte valor cultural, se definirmos cultura como conjunto de significações produzidas pelo homem.”4 Nesse sentido, uma brinquedoteca é um espaço privilegiado de socialização, em que a apropriação do conhecimento por parte das crianças se dá de modo especial, seguindo o ritmo próprio de cada uma, não podendo de modo algum ser diretivo. A aprendizagem acontece por meio da brincadeira, do jogo, e requer do monitor o entrar no jogo e brincar igualmente, na informalidade que um projeto dessa ordem requer. É fundamental, portanto, que os monitores e orientadores não se sintam na obrigação e no dever de uma ação mais direta, mas se mantenham na condição de quem observa e pode ser propositivo e orientador. Nesse conceito de jogo, de brinquedo, está também a questão do livro, da leitura, do ler e do contar histórias, enfim.


Como prática que nos devolve à infância, contar histórias permite partilhar as impressões que temos sobre a vida, sobre o outro e sobre nós mesmos. A literatura é poderosa, estimula nosso imaginário, nos provoca e nos instiga. Disponibilizar livros para formar jovens leitores é portanto essencial. Livros de imagens, livros com belos desenhos e ilustrações, mas com textos que permitam a constituição e seleção de repertórios, que contribuam para formar os saberes dos meninos e meninas que frequentam o Museu. Mãos à Obra Os primeiros brinquedos, livros, cds e dvds seriam adquiridos na implantação do projeto, seguindo uma orientação voltada para as culturas populares, cuja seleção seria proposta pelo CNFCP e discutida com o Museu de São José dos Campos. A partir dessa coleção inicial, propomos que o Museu faça uma campanha prioritariamente junto às escolas frequentadoras para a doação de outros brinquedos, livros, etc. Com isso, vislumbra-se a possibilidade de crescimento da coleção, sempre respeitada a temática proposta. Considerando a incrível área de lazer ao redor do Museu, a frequência nos finais de semana por famílias vizinhas ao parque, pensamos a possibilidade de se criarem mecanismo para que os moradores do bairro (as crianças) possam se associar à brinquedoteca, com pagamento de anuidade, e cuja inscrição seria a doação de um brinquedo também. Com isso, tais sócios podem brincar sempre ou fazer empréstimo de brinquedos e livros e levar para casa Os acervos seriam listados e catalogados com fichas individuais, com a descrição da história do brinquedo, o tipo, material de que é feito, e quem fez a doação. Cada um teria também uma ficha de controle de empréstimo, assim como uma pequena história dos muitos usos e brincadeiras das quais/ participou. Por sua vez os pequenos sócios também teriam fichas de inscrição, onde se


poderia ter seu perfil. Então... Nossa proposta é: - indicar e selecionar acervos, orientando o Museu na aquisição de livros, jogos, brinquedos, cds e dvs; - propor oficina com especialista para conversar com os técnicos do Museu e preparar a estrutura da brinquedoteca a ser criada; - oferecer suporte conceitual (bibliografias) e consultoria no desenvolvimento da proposta, realizando encontros periódicos com a equipe do Museu caso se faça necessário.

Rio de Janeiro, março de 2012 Lucia Yunes e equipe do Setor de Difusão Cultural CNFCP/IPHAN


1 Kohan, Walter O. A infância da educação: o conceito devir-criança. In: Lugares da Infância: filosofia. Walter O Kohan (org). Rio de Janeiro, DP&A, 2004. 2 Porto, Cristina Laclette. Brinquedo e brincadeira na Brinquedoteca. IN: Infância e Produção Cultural. Sonia Kramer e Maria Isabel leite (org). Campinas, Papirus, 2005. 3 Abramovich, Fanny. O estranho mundo que se mostra às crianças. São Paulo, Summus Editorial, 1983. 4 Brougère, Gilles. Brinquedo e Cultura. São Paulo, Cortes e Moraes, 2004


PEDRO ÁVILA


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