Pullsar 04

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ano I - nº 04 - ago/set 2012

Ivan Lins

Cidadão do mundo

A volta do vinil

O produtor e empresário João Augusto cria selo especial para os “bolachões” ago/set 2012

Música S/A

Gravadoras investem em tecnologia e redes sociais

Susana Baca

A força da África na música latino-americana

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Pullsar - nยบ 04


Fonte: tagWave | Período - 01/01/12 a 31/03/12

ANTENA 1. A RÁDIO ON LINE MAIS OUVIDA DO BRASIL. Segundo o IBOPE Tag Wave a Antena 1 é a emissora líder entre as rádios online do Brasil, chegando a quase um milhão de visitantes únicos a mais do que a segunda colocada, e a liderança não é só no Brasil, o sistema Shoutcast que monitora mais de 60.000 rádios on line ao redor do mundo aponta a Antena 1 como a mais ouvida entre todas as emissoras. www.antena1.com.br, a melhor programação musical, também na internet.

Antena 1 1.553.245 ago/set 2012

Emissora A 849.446

Emissora B 640.548

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ano I - nº 04 - ago/set 2012

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João Augusto

Renomado produtor musical torna-se empresário e aposta no ressurgimento do vinil

Ivan Lins

Cidadão do mundo

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Elifas Andreato

A mistura de ousadia e irreverência que revolucionou o visual da MPB

23 Pullsar - nº 04


Índice Tecnologia

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Oi FM

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Música S/A

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Estúdios e Home Studios

Agora só na web

Gravadoras apostam em redes sociais, tecnologia e novas parcerias

Low-Fi

No ar

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Perfil

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Por onde anda

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Itaú Cultural

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A rádio pública e a disputa de espaço

Social Brasil, incubadora de artistas nacionais e internacionais

Márcio Greyck - A volta do eterno romântico

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Programa Rumos completa 15 anos

Rock com swing

Direito Autoral

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Premiação

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Carreira

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Agenda

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Produtor

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Antônio Sérgio Moreira

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Perfil

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Com clic ou sem o clic?

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Compositor

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Música na internet

Rei dos festivais

Dudu Borges - Do gospel ao Sertanejo

Rose Pidner e os bastidores da produção musical

A infinitude da música na visão de Benjamim Taubkin

Prêmio da Música Brasileira chega a sua 23º edição e homenageia João Bosco

A cultura do Continente Negro

Instrumental

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A arte do marketing digital

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Mixando Notas

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Susana Baca

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Ricardo Herz divulga o CD “Aqui é Meu Lá” nos palcos brasileiros

A força da África na música latino-americana

Críticas

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Pedro Olivotto

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Estante

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Revelação

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Kiko Ferreira

Lançamento de livros

ago/set 2012

Um homem de cinema

Janaína Moreno

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A mais completa loja de tecnologia

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Pullsar - nº 04


Expediente Diretor-Geral Paulo Nazarito pnazarito@pullsar.com.br Editor Fábio Leite fabioleite@pullsar.com.br Coordenador Administrativo Paulo Oliveira paulo@pullsar.com.br Reportagem Lígia de Matos ligia@pullsar.com.br Helenice Pereira Direção de Arte Dornelas Comunicação Fotografia André de Jesus Jorge Rivera Nelson Simões Publicidade Jorge Ribeiro jorge@pullsar.com.br Comunicação/Marketing Glécia Faria glecia@pullsar.com.br Luciana Braga luciana@pullsar.com.br Colaboradores Edelson Rios, Ivan Chagas, Jandayra Guimarães Oliveira,Murilo Pontes Artigos e Noticias redacao@pullsar.com.br Atendimento ao Leitor cartas@pullsar.com.br PULLSAR é uma publicação bimestral da Naza Editora Rua Guajajaras, 1470/1407 Barro Preto – Belo Horizonte/MG CEP 30180-101 Tel. (31) 3032-9696 www.pullsar.com.br Impressão: Gráfica Del Rey Tiragem: 10.000 exemplares

ago/set 2012

Editorial

O mercado fonográfico e a distribuição digital Música e tecnologia sempre andaram juntas. Desde as primeiras invenções elétricas e a popularização dos objetos industriais, a música tem sido o setor do entretenimento que melhor usufrui dessas conquistas. E também a que mais incentiva e contribui para o desenvolvimento tecnológico no mundo das artes. Dos realejos para as pianolas, das partituras para os cilindros, dos fonógrafos para os toca-discos, do rádio aos players portáteis: em menos de 30 anos, no início do século XX, a música tornou-se o mercado mais sólido no mundo do entretenimento e suas conquistas foram ainda apropriadas por outros setores, como o cinema, o teatro, a dança, a performance. Como se sabe, foi a sonorização e não a colorização que mudou radicalmente a indústria cinematográfica. Ainda na primeira metade do século XX surgiram instrumentos eletrificados, e os estúdios de gravação foram ampliados em dimensões, recursos e possibilidades. Hoje, cem anos depois das primeiras revoluções, a música experimenta outras mudanças radicais: os estúdios são agora compactos, os shows são gigantescos e questões como distribuição e direito autorais ganham outras perspectivas. A Pullsar tem como objetivo não apenas divulgar os acontecimentos no mundo da música, mas também discutir e ajudar a entender, contribuindo dessa forma para o desenvolvimento de nosso mercado cultural. Nesta edição, destacamos algumas novidades no formato de distribuição e comercialização das produções fonográficas, a questão dos direitos autorais de obras veiculadas na internet e a assessoria aos artistas. As gravadoras e distribuidoras estão representadas por Allegra D’orazio, label manager da Believe, Luciana Pegorer, diretora executiva da Delira Música, e Raul Júnior, proprietário da Radar Records, que falam um pouco dos desafios e diferenciais de suas empresas. Um texto exclusivo apresenta a e-paraná, uma rádio diferenciada. Rose Pidner, produtora musical, sócia-diretora da Veredas Produções, de Belo Horizonte, conta sobre seu trabalho junto aos artistas. Por sua vez, Ângela Corrêa, apresenta a Social Brasil, organização do Terceiro Setor que auxilia o artista na viabilização de seus projetos. E André Cabelo revela segredos dos estúdios de gravação. A história (e o futuro) dos discos também estão contemplados neste número 04 da Pullsar. Em uma entrevista exclusiva, o artista gráfico Elifas Andreato fala de seu trabalho como criador de capas para LPs, os velhos “bolachões”. Elifas concebeu verdadeiras obras de artes para discos de vários artistas brasileiros, como Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Adoniram Barbosa e Chico Buarque. E o produtor João Augusto conversa sobre seu empreendimento mais ousado: a aquisição da Polysom, uma fábrica de discos de vinil. As novidades fonográficas também são diversas: Ivan Lins lança “Amorágio”, seu 39º álbum, além outros projetos no exterior; a banda mineira Low-Fi apresenta sua mistura singular de rock com soul music; e Benjamin Taubkin revela suas múltiplas atividades. O crítico Kiko Ferreira comenta lançamentos em CD: dos mineiros Tom Nascimento e Low-Fi e as oportunas homenagens a Sérgio Ricardo, João Donato e Walter Wanderley. Cinema, teatro e artes plásticas ganham espaço na revista. Pedro Olivotto, proprietário do cinema Usiminas Belas Artes, reflete sobre o presente e o futuro do cinema. A partir da próxima edição, o exibidor será também colunista da Pullsar.

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Perfil

João Augusto, o cara que ressuscitou o vinil no Brasil Os discos de vinil desapareceram do mercado por duas décadas, mas estão de volta e com força total. As famosas ‘bolachas’ estão sendo produzidas no Brasil desde 2009, mais especificamente na fábrica Polysom em Belford Roxo (Baixada Fluminense), pelas mãos do empresário e visionário João Augusto, dono também da gravadora Deckdisc. Lígia de Matos Daryan Dornelles

Renomado e respeitado no mercado musical, João Augusto deu início à sua carreira atuando em uma rádio, ainda nos anos 70. Entrou na ex-Polygram (hoje Universal Music) em 1978 e no ano seguinte fez sua estreia na produção musical com ninguém menos que a cantora Zizi Possi. Trabalhou depois com Angela Ro Ro, Emílio Santiago, Ivan Lins e Marcos Sabino e acompanhou os sucessos de Caetano Veloso (“Uns”), Erasmo Carlos (“Buraco Negro”), Marina Lima (“Fullgás”) e Eduardo Dusek (“Cantando no Banheiro”), no início dos 80. João foi diretor artístico também da EMI e Abril Music. Em 1998, abriu sua própria gravadora independente, a Deckdisc,. Hoje trabalha com uma mescla de artistas como a sambista Teresa Cristina, a roqueira Pitty, a dupla sertaneja Edson & Hudson e as bandas Falamansa e Revelação, apenas para citar alguns. Quando perguntamos a ele qual o segredo para descobrir grandes artistas, a sua resposta foi trabalho de equipe. “Não dá para dizer que ‘descobri’ ou ‘lancei’ artistas, porque há muita gente criativa e empreendedora envolvida em cada projeto que fazemos. Posso dizer que estava na hora certa no lugar certo e que certas ousadias ajudaram na contratação de artistas originais e talentosos. Mas isso faz parte de nossa profissão mesmo”, declara o empresário.

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O vinil é fundamentalmente uma experiência tátil, visual e auditiva

Pullsar - nº 04


Entre clássicos e inéditos O mais ousado entre os inúmeros projetos e realizações de João Agusto, foi a compra da fábrica Polysom, a única fabricante de vinis da América Latina. É uma empresa independente, pronta a atender todas as gravadoras e fazer o vinil voltar ao seu lugar de destaque no mercado musical. Reedições de clássicos de Jorge Ben, Ultraje a Rigor, Titãs, Tom Zé, Secos & Molhados, Rita Lee e Chico Science entre muito outros artistas já foram produzidas pela Polysom, mas o grande filão é o lançamento de trabalhos inéditos. João Augusto é um apaixonado pela media e defende sua volta definitiva com argumentos sólidos. “O vinil é fundamentalmente uma experiência tátil, visual e auditiva. Manusear as quase 200 gramas do disco nas mãos, colocá-lo no toca discos, observar magníficas artes estampadas em 31x31cm (contra os 12 cm do CD), ler o encarte e a contracapa, trocar de lado e ainda ouvir um som que tem vantagens cientificamente comprovadas sobre qualquer som digital, tudo isso faz com que o vinil seja encarado como um fetiche, um objeto de desejo. Enfim, não é apenas um sentimento que une todas as pessoas que gostam de vinil. Eu arrisco dizer que a qualidade do som, a beleza da capa e a deliciosa experiência de se colocar um disco no prato e a agulha para tocar é que fazem a diferença”. Muitos artistas já abriram os braços felizes pela volta dos LPs e a tendência é que a produção aumente cada vez mais ago/set 2012

e atinja carga total. “A Polysom começou o ano de 2012 em nova fase, estabelecendo definitivamente o vinil como um novo e viável formato no Brasil. O lançamento da discografia do Los Hermanos ajudou muito nessa reviravolta, atingindo vendas extraordinárias. Há vários lançamentos programados, todos eles muito importantes, adianta João. Sobre o futuro, o empresário quer investir pesado na Deckdisc e ganhar um destaque único no mercado. “Pretendo continuar com o projeto da Deck, ajudando a mantê-la como

gravadora independente que atrai artistas dos mais variados estilos, que lança projetos com dignidade máxima e que batalha num mar tempestuoso do mercado. Quero empreender uma importante reforma na sede da Deck e em seus estúdios no Rio de Janeiro; fazer dela, literalmente, a primeira “gravadora-boutique” do Brasil. E também, apoiar a Polysom para que o vinil ocupe definitivamente o posto de formato imprescindível para todos os artistas”.

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Tecnologia

Estúdios e Home Studios Denio Costa O universo digital transformou o formato de muitos segmentos, inclusive o de estúdios de gravação. Até pouco tempo eram necessários diversos racks com inúmeros pré-amplificadores, compressores, gates, enhancers, de-essers, processadores de efeitos, metros e mais metros de cabos, centenas de conectores, painéis de patch-bay, tie lines, mesas gigantescas e muito mais. A cada dia menos equipamentos (hardwares) estão disponíveis nos estúdios. Muitos estão reduzidos a uma interface de áudio, um computador, um cabo USB ou FireWire, alguns pontos de microfone e tie line na sala de gravação, monitores de referência e só. Os racks foram substituídos por plug ins que simulam seus antecessores físicos. As mesas de som já não são imprescindíveis em boa parte dos estúdios. Muitos investem em bons prés, interfaces com melhor qualidade de conversão e diversos modelos de microfone. Com a facilidade de acesso aos equipamentos e softwares, qual será o diferencial entre estes estúdios, já que a maioria está em formato similar ? Como sempre, está na “pecinha” que fica entre o teclado do computador e a cadeira; neste caso o engenheiro de áudio. Muitos acreditavam e ainda acreditam, que a tecnologia se auto-resolveria, mas isto não é verdade. As decisões ainda são humanas. Assim sendo, um bom engenheiro de áudio, conhecedor dos fundamentos físicos e acústicos, da tecnologia disponível em seu ambiente de trabalho e de posse de ferramentas básicas, pode obter resultados fantásticos. Do mesmo modo, estúdios repletos de recursos mas sem mão de obra adequada pode obter resultados decepcionantes.

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As mesas de som já não são imprescindíveis em boa parte dos estúdios

Não podemos nos esquecer de uma das partes mais importantes que é a fonte de áudio, no caso o músico e seus instrumentos. De nada adianta todo o aparato tecnológico se o músico, que terá seu som registrado, não for competente. Mais uma vez vale a regra da corrente. Sua força é medida pela força do elo mais fraco. O resultado do trabalho é dependente da qualidade de cada um dos pontos que o compõe. Em relação aos equipamentos, para a busca de sons distintos o maior diferencial estará nos microfones, pré-amplificadores e na interface de áudio. Lembrando que o fato de se adquirir uma interface de 24bits não significa que a gravação será nesta resolução. Esta resolução só é alcançada quando se trabalha em escala cheia (Full Scale). Outro detalhe interessante é que interfaces com a mesma resolução apresentam resultados diferentes. Isto se deve a qualidade dos componentes utilizados e, no âmbito digital, dos conversores AD/DA e algorítmos. Alguns sistemas de gravação utilizam o processamento da própria interface e outros utilizam o processamento do computador. Neste último caso o computador precisa ser muito poderoso para não ficar sobrecarregado e apresentar baixa performance.

Os monitores de referência, como o próprio nome diz, são importantíssimos. Não é raro ouvirmos frases como: “O som ficou lindo no estúdio mas em outros ambientes e equipamentos não soa da mesma maneira”. Claro que não soará igual, mas não deveria soar exageradamente diferente. As referências e as salas são distintas. Um micro system provavelmente não terá a mesma sonoridade de seus monitores de referência, muito menos do som do carro, do bar, da TV, do rádio, da boate etc. O que se busca é uma média para todas as mídias, usando uma referência que é a soma do monitor e da acústica da sala. Se o monitor de referência apresenta excesso na resposta em alguma região de frequências, provavelmente as gravações apresentarão falta nesta região. Também se o monitor apresenta falta em determinada região, é possível que as gravações apresentem excesso em outros equipamentos. Muitas vezes o monitor é equilibrado mas a sala não. Ela então irá interferir na resposta em frequências. Principalmente se a sala possuir pequenas dimensões. Neste caso os modos da sala irão alterar a resposta dos graves em função dos nodos e antinodos. Você não precisa investir em tudo mais caro, mas deve ter um equilíbrio entre Pullsar - nº 04


Caixa de Entrada todos os ítens que compõem seu estúdio. Uma boa sala, bons microfones, bons prés, boa interface, bom computador, bons monitores de referência, bons instrumentos, bons músicos e muita sensibilidade musical.

Interfaces: Avid, M-Audio, Roland, Tascam, Apogee, Presonus, Focusrite, Native Instruments, Line 6, Alesis, Propellerhead, Cakewalk, Lexicon, Akai, Steinberg, Mackie, Motu, Yamaha, Peavey, ESI Audio. Microfones:

Alguns produtos referenciais Softwares: Pro Tools (Avid), Sonar (Cakewalk), Garage Band (Apple), Logic Pro ( Apple), Mixpad (NCH), Quartz Audio Master (Digital Sound Planet), Audition (Adobe), Mixcraft (Acoustica), Anvil Studio (Willow Software), Vegas Pro (Sony), Music Studio Producer (Frieve), Kristal Audio Engine (Creative Groups), Ableton Live (Ableton), Fat Rock Studio (Mason Soft), Studio One (Presonus), N-Track Studio 7 (N-Track), Rose Garden Project (Rose Garden).

Neumann, Shure, AKG, Sennheiser, Audio Technica, Rode, Blue, MXL, Samson, Avantone, CAD, Studio Project, ART, Audix, Avantone, Beyerdynamic, DPA, Electro Voice, Miktek, Mojave Audio, SE Electronics. Pre-amps e dinâmicos:

Foi criado o Oi Música, um selo voltado para a experimentação, que oferece diferentes formatos de distribuição musical, física ou digital. Pretende também ser uma nova plataforma para lançamentos de artistas. Oi Novo Som é outra grande aposta da empresa, que se destina a ser uma central de música independente. É um projeto com multiplataformas, com ago/set 2012

“Adorei a entrevista do Tavinho Paes!!! Realmente ele não tem meias palavras e acho isso muito bacana! O cara é multishow!!!!! E a Pullsar é uma excelente revista! Gostei demais! “ Renato Gandra, escritor , Sã o Paulo, Capital. “A entrevista de Tavinho Paes está um show!!!!! Não sabia que ele é um artista tão múltiplo! Parabéns à Pullsar que é uma revista única no mercado! Adorei a Revista! Obrigada.”

Focusrite, Avalon, Tubetech, ADL, Apogee, MXL, API, Avedis, LaChapell, Shadow Hills, Mortec, TC Electronics, Aphex, ART, Joe Meek, Studio Projects.

Adriana de Andrade, Publicitá ria, Belo Horizonte/ MG.

Monitores de referência:

Crowdfunding

Adam, Akai, Alesis, Dynaudio, Emes, Event, Focal Professional, Fostex, Avantone Pro, Emes, Ikey Audio, JBL, Klein & Hummel, KRK, M-Audio, Mackie, Samson, Tannoy, Toa Electronics, Yamaha.

“Gostei demais da revista inteira, matérias excelentes! Mas , como músico iniciante me chamou atenção a matéria sobre Crowdfunding, que não sabia exatamente do que se tratava e a Pullsar me esclareceu! Valeu!!! Estou aguardando o próximo número ansioso! Obrigado!” Duda Maia, Rio de Janeir/Rl.

Oi FM Agora só na web Com este slogan, a rádio Oi FM desapareceu do dial em 1º de janeiro de 2012 e chacoalhou o mercado radiofônico brasileiro. A rádio se transferiu inteiramente para a Internet, onde oferece - através de seu portal – músicas, notícias, vídeos, coberturas e transmissões ao vivo, entre outros serviços.

Tavinho Paes

Entrevistas objetivo de ampliar exponencialmente as oportunidades para novos músicos apresentarem seus trabalhos. Para participar, basta criar um perfil no portal; ele funciona como um hot site, onde é possível postar inúmeras fotos, músicas, vídeos, textos, releases para a imprensa, contatos, agenda etc. A popularidade pode ajudar um cantor ou banda a fazer sucesso, mas o projeto oferece também um conselho artístico formado por profissionais da Operadora Oi, do Selo Oi Música e do Oi Novo Som. Esse conselho escolhe as bandas que entram na coletânea Oi Novo Som e Selo Oi Música. Para mais informações,acesse o portal: http://mundooi.oi.com.br/

Amei a revista Pullsar inteirinha! Matérias interessantes com gente que entende do assunto como Roberto Menescal, Tavinho Paes, Nilo Romero, Manoel Pinto, Oswaldo Malagutti, Skowa etc ,etc. Parabéns!!!! Anette Heather, Advogada, Curitiba/ PR

Artistas Vai ser muito legal, sim, trabalhar com vocês da Pullsar. Vamos fazer um trabalho de qualidade e de boas propostas para os leitores e os artistas. Ronan Teixeira, banda Black Sonora. Belo Horizonte/MG.

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Música S/A

Gravadoras apostam em redes sociais, tecnologia e novas parcerias O mercado da música envolve muito trabalho, planejamento, dedicação e, principalmente, investimento. Grandes ou pequenas, multinacionais ou independentes, todas as empresas precisam estar antenadas às constantes mudanças e nuances para garantir sua sobrevivência. Lígia de Matos

Divulgação

A Pullsar procurou no mercado proprietários e representantes de gravadoras/distribuidoras para ouvir a voz de quem entende do mercado e descobrir alguns segredos do setor. Conversamos com Allegra D’orazio, label manager da Believe; Luciana Pegorer, diretor executiva da Delira Música e Raul Júnior, proprietário da Radar Records. Os três falaram um pouco da história, desafios e oportunidades e os diferenciais de suas empresas.

Ebis at volupta tissimp orepudit et,

Como funciona hoje o mercado de distribuição de músicas? Allegra - Esta é uma pergunta muito ampla, já que implica falar de modelos de distribuição, direitos autorais e inovação tecnológica. Todos estes aspectos são muito importantes e interligados entre si. A forma como a música é distribuída mudou drasticamente nos últimos anos e hoje, para compreender seu funcionamento, é essencial compreender dois fatores que estão moldando a indústria da música: acesso e apropriação. A ideia de acesso é que o consumidor não tem de possuir a música, mas usa um serviço de assinatura que irá disponibilizar o catálogo inteiro de graça (se o comprador não se importar com as propagandas) ou por uma taxa mensal/ anual, dependendo do modelo de negócio de serviços. A distribuição digital inclui várias maneiras de disponibilizar a música online. Ela

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Allegra D’Orazio :”A democratização que a tecnologia trouxe é surpreendente”

é liberada para streaming ou download e distribuída aos varejistas através de agregadores (Acredite Digital, Tunecore, IODA) ou negociação direta. Negócios diretos entre artistas e gravadoras com os varejistas são agora uma exceção. Devido à quantidade de pedidos de varejistas como o iTunes, hoje, aceitar acordos diretos acontece apenas em casos especiais (ou seja, um rótulo importante ou um artista super famoso). Outra nova ferramenta imprescindível na maneira como a música é consumida hoje é o Youtube. Ele se torna uma fonte muito importante de receitas,

desde que o conteúdo seja rentabilizado e gerido corretamente. Na Believe, o gerenciamento de canais como o Youtube é o responsável pelo crescimento e divulgação dos artistas online. A distribuição digital superou a distribuição física em muitos países do mundo desenvolvido. O mercado de negócios de música digital está crescendo rápido. Segundo o relatório da IFPI, no início de 2011, o serviço digital estava presente em 23 países e, um ano depois, em 58. Esta tendência está criando uma nova forma de desfrutar a música e também um novo conjunto de problemas. A dePullsar - nº 04


Divulgação

(ICMS estadual) para fomentar, além da industrialização de mercadorias na Zona Franca de Manaus, a circulação de mercadorias a partir do Estado do Amazonas. Desde então, o Governo do Amazonas concede uma devolução de 82% do ICMS arrecadado com distribuição de mercadorias. Com isso, houve um acordo entre as fábricas de Manaus e as gravadoras majors que passaram a distribuir seus produtos a partir de Manaus e a se beneficiar de parte dessa devolução de imposto. Hoje, existem pouquíssimas lojas especializadas em venda de música. A grande maioria que ainda vende música são também pontos de venda de equipamentos de áudio e vídeo e livros, além das lojas de departamentos que são, no geral, más pagadoras.

É preciso saber trabalhar as ferramentas de internet e redes socias, diz Luciana Pegorer

mocratização que a tecnologia trouxe é surpreendente, pelo menos para os jogadores independentes. A desvantagem disso é que há tanto conteúdo disponível que fica difícil ganhar visibilidade e as chances de ser descoberto em serviços de música são muito baixas. Há milhares de músicas ruins disponíveis e, portanto, é essencial para as etiquetas e os artistas trabalharem muito sua presença online para atingir novos fãs e espalhar a palavra. Na Believe, por exemplo, nós trabalhamos muito no aspecto promoção, ajudamos os rótulos a utilizar as mídias sociais e promover suas obras.

Luciana - Na era da música analógica, os processos eram bem lineares. Só existiam gravadoras multinacionais com seus próprios estúdios e fábricas e pelo menos 3.000 pontos de venda de discos (lojas). Os discos saíam das fábricas, normalmente em São Paulo, e eram distribuídos através de representantes comerciais, para essas milhares de lojas.

“Outra nova ferramenta imprescindível na maneira como a música é consumida hoje é o Youtube.”

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Quando os Estados da Federação, através do CONFAZ, criaram um artifício tributário para recebimento do ICMS na saída da mercadoria (ICMS Substituto), ficou Allegra D’orazio difícil garantir a circulação das mercadorias. Ao mesmo tempo, o Governo do Estado do Amazonas criou um incentivo fiscal estadual

Então, o cenário hoje é o seguinte, temos venda física e venda digital. A venda física é feita pelas fábricas de Manaus (Microservice, Sony, Sonopress) para as grandes empresas (multinacionais e nacionais de grande porte – ex: Som Livre, DeckDisc). Existem também distribuidores especializados como Tratore (trabalha basicamente com artistas independentes e selos pequenos) e Access. Os selos pequenos e especializados distribuem diretamente para seus clientes que são poucos (livrarias em sua maioria – Saraiva, FNAC, Travessa, Cultura) e em seus websites. Algumas gravadoras grandes têm distribuição própria (Biscoito Fino, Atração Fonográfica). A venda digital vem crescendo anualmente e cada vez mais acelerada. A entrada do iTunes no mercado brasileiro foi fundamental nesse crescimento. Outros serviços internacionais ensaiam sua entrada no mercado brasileiro. A distribuição digital é feita através de agregadores. No Brasil, existe um único agregador, o IMusica. Mas as gravadoras brasileiras trabalham também com agregadores estrangeiros: OneRPM, The Orchard, Believe. Júnior - Nossa distribuição do produto físico é feita por representantes em todo Brasil, para livrarias, hipermercados, dis-

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Música S/A Divulgação

dentes e artistas com grande potencial simplesmente não se preocupam muito com as novas ferramentas que a revolução digital está oferecendo. Isto é verdade especialmente para países como o Brasil, onde o digital é uma coisa nova e a pirataria ainda é tão forte. Na América Latina, me deparei com vários rótulos que, apesar de seu grande potencial no mercado externo, não se preocupam com o “caminho digital”, simplesmente porque no seu país não funciona, e que ainda estão usando o velho marketing e abordagem de distribuição. Hoje, para um rótulo é essencial ter uma estratégia de negócios online e saber o que está acontecendo em outros países. Não há mais separação entre o global e o local.

Raul Júnior, da Radar Records: “Acredito que as lojas vão existir ainda por um bom tempo”

tribuidores, lojas especializadas, lojas de pequeno varejo etc. No virtual, temos parceria com iTunes. Hoje, a Radar Records tem uma das melhores distribuições do mercado fonográfico, embora o número de lojas tenha diminuído e os espaços das lojas divididos; segundo pesquisas especializadas, as vendas cresceram em relação ao ano anterior, tanto no físico quanto no virtual.

cesso e sobreviver. A inovação tecnológica hoje é incrivelmente rápida e a coisa mais importante para uma empresa não é apenas estar ciente do que está acontecendo em todo o mundo enquanto ele está acontecendo, mas tentar antecipar as mudanças culturais que estas inovações vão trazer. Em minha empresa, por exemplo, Luciana Pegorer há uma abordagem muito inovadora para fazer as coisas e compartilhar ideias. Todo mundo é incentivado a experimentar novas ideias e ouvimos muito os nossos clientes.

“A venda digital vem crescendo anualmente e cada vez mais acelerada. A entrada do iTunes no mercado brasileiro foi fundamental nesse crescimento.”

Qual o diferencial que as empresas precisam ter para se destacar (ou até mesmo sobreviver) no mercado nacional e internacional? Allegra - Eu diria que a inovação e o conhecimento são as habilidades necessárias para as empresas de música terem su-

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Eu sou musicóloga e comecei a trabalhar na indústria da música porque estava tentando encontrar uma maneira mais eficaz para promover e ajudar a divulgar música que eu amava. Mas, depois de alguns anos, cheguei à conclusão de que muitas gravadoras indepen-

Luciana - Hoje em dia, um catálogo diversificado, organizado e grande, leva vantagem com relação aos demais por conta da distribuição digital. Quantidade de catálogo nessa era vale mais do que qualidade, embora popularidade também seja fundamental, uma vez que um artista popular que venda muito puxa todo um catálogo. Já era assim antes de existir o mercado digital. Para se destacar, hoje em dia, é extremamente importante saber trabalhar as ferramentas de internet e redes sociais. Júnior - Ter bons produtos, ter boa distribuição e um ótimo atendimento aos clientes. Quais os artistas e/ou estilos musicais com maior vendagem? Allegra - Bem, isso realmente depende do país, do ano, do rótulo, do horóscopo do artista... Eu acho que Adele fez muito bem ultimamente! Música nicho vende numa perspectiva global e é por isso que é tão importante para os artistas e gravadoras trabalhar junto com seus fãs e expandir a sua audiência. Em geral, música do mundo vende muito bem. Há um crescente interesse na música de culturas estrangeiras e a rePullsar - nº 04


volução digital deu as ferramentas para se lançar e ser descoberto e para os fãs de música aprenderem e entenderem o que eles estão ouvindo. Na verdade, se você está interessado em como o “mercado de música do mundo” mudou, e de todas as implicações dessas mudanças eu gostaria de sugerir que os leitores da Pullsar lessem alguns dos ensaios do grande etnomusicólogo Anthony Seeger e do musicólogo Keith Negus. Luciana - No Brasil, com certeza são os evangélicos, sertanejos e católicos. Júnior – Hoje, tem se destacado o sertanejo universitário, mas está surgindo uma tendência de tecnobrega. Destaco hoje a banda Calypso, ao vivo em Angola, que está sendo distribuído pela Radar com números bastante expressivos de venda. A tecnologia mudou drasticamente os processos e hegemonias no mercado musical mundial. Em sua opinião, quais os rumos que a distribuição musical vai seguir nos próximos anos? Allegra - Bem, é difícil prever pois cada

dia algo novo acontece. Trabalhando no setor independente, meu medo é que haja uma seleção darwiniana onde empresas cada vez menores lutem para sobreviver e os grandes jogadores tornem-se ainda mais poderosos. Mas se forem respeitadas as leis do capitalismo, empresas grandes vão continuar a aumentar a sua quota de mercado e acho que, para os jogadores independentes, é essencial se unir e criar uma alternativa para isso. Nós não queremos ficar para trás na história.

Luciana - A distribuição será cada vez mais digital. Novos serviços são lançados diariamente no mundo todo para que mais pessoas consumam música digitalmente sem piratear. Na medida em que mais indivíduos e países tenham acesso à banda larga, mais consumiRaul Júnior dores entrarão na rede e mais música será comprada. Os discos físicos, no entanto, ainda têm vida longa, sobretudo em países em desenvolvimento.

O futuro da distribuição estará também na diferenciação em termos de serviços oferecidos e novas parcerias com outros jogadores no setor de mídia. Não é mais suficiente que um distribuidor obtenha um catálogo e apenas disponibilize a varejistas online. O relacionamento com o cliente será essencial para qualquer desenvolvimento futuro, como o esforço de ambos os lados para o que realmente faz a diferença na

Júnior - Como não poderia deixar de ser, a tecnologia avança dia a dia e o mercado físico vem se adequando. Independente do que vem pela frente, acredito que por um longo período ainda as lojas vão existir. Estamos acompanhando de perto o desenvolvimento tecnológico e, seja qual for o formato, estaremos preparados para levar a boa música aos consumidores, onde quer que estejam.

“Ter bons produtos, ter boa distribuição e um ótimo atendimento aos clientes.”

Breve histórico das empresas A Radar Records iniciou suas atividades como gravadora e distribuidora em abril de 2009, com distribuição de vários artistas nacionais e internacionais, além de fechar parcerias importantes com emissoras de televisão e rádio, sempre em busca de novidades e novos talentos. Seu catálogo inclui nomes como Chitãozinho e Xororó, Roberta Miranda, Restart, Jesus Luz e Exaltasamba. Ao lado de de sua própria produção, faz ainda a distribuição, com milhares de pontos de venda em todo o Brasil, além dos canais online e distribuição digital via operadoras de celulares e I-Tunes, sem contar os parceiros para a divulgação de cada novo trabalho e tendência. A Believe é uma das líderes no mercado da distribuição digital e provedora de serviços para artistas e gravadoras inde-

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obtenção de boa música - que ela seja bastante ouvida e venda muito!!

pendentes na Europa. Possui uma ampla rede de lojas de música digital para sua distribuição mundial, que inclui lojas de internet de música digital como o iTunes e Virgin, bem como serviços móveis e de vídeo, tais como Vodafone, H3G, Orange, Telecom Italia, entre outros. Em seu catálogo estão artistas como Luciano, Ricardo Villalobos, Loco Dice, Bob Sinclar, Dj Cam, David Vendetta, Danton Eeprom, The Bucketheads, David Kane, Aswefall, Sex In Dallas, Sebastien Tellier e Chloé e selos como Cadenza, Versatile, Yellow Productions, Dj Center, Voice Production, Unique Records e Radio FG. Fundada em 2003, a Delira Música iniciou suas atividades como selo especializado no repertório jazz-clássico-instrumental. A partir de um catálogo inicial de 16 títulos, dedicou-se ao desenvolvimento do nicho de música instrumental e ampliou sua atuação no mercado. Seu selo conta hoje com um extenso catálogo de discos e conteúdo, composto por importantes trabalhos de grandes instrumentistas, arranjadores e autores brasileiros.

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Designer

A mistura de ousadia e irreverência que revolucionou o visual da MPB Na década de 70, ainda no reinado do vinil, Elifas Andreato mudou os padrões das capas de disco com seu expressionismo caboclo Lígia de Matos Divulgação

A história da música brasileira deve a Elifas Andreato uma substancial inovação: ele foi um dos criadores que se libertaram da ditadura da foto do artista na capa dos discos e transformaram as peças gráficas em atração a parte. Uma de suas criações mais celebradas é a capa do disco ‘Nervos de Aço’, de Paulinho da Viola, lançado em 1974, em que desenhou o cantor às lágrimas (No detalhe, abaixo). Outra obra marcante foi o realismo do vagão ferroviário na capa da “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque. Se olharmos os trabalhos de Elis Regina, Clementina de Jesus, Martinho da Vila, Caetano Veloso, Adoniram Barbosa, Sérgio Cabral, Tom Zé e Rolando Boldrin, por exemplo, percebemos logo a qualidade e a amplitude do trabalho do artista: não há quem não tenha sido agraciado com a arte de Andreato ou nela se inspirado. O designer bateu um papo com a Pullsar e adiantou alguns de seus atuais projetos, além de falar sobre o processo de produção e dar sua opinião sobre o que rola no mercado atualmente. Confira:

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Pullsar - nº 04


Como funcionava o seu processo de criação artística? Você tinha autonomia para criar uma capa ou recebia pedidos específicos? Elifas: Sempre tive autonomia para fazer o meu trabalho. É claro que sempre ouvi os autores das obras maiores que as minhas, pois esse é o meu trabalho: fazer com uma única imagem a síntese de obras complexas e grandiosas. O processo de criação sempre começou e começa com a reclusão e acompanhadora fiel solidão, parceira incansável de tudo que realizei.

Qual sua opinião sobre as capas dos CDs de hoje, em que a maioria dos artistas utiliza apenas uma foto estilo retrato ou uma panorâmica de algum show? Elifas: Tudo mudou. Hoje, nem gravadora temos mais. Com a redução do espaço gráfico, a camisa de força que é a caixinha plástica ainda necessária para CDs de grande tiragem e a idolatria - sobretudo com os personagens da pior música que ouvimos - agora é exigência de todos, a fotografia. Não há mais espaço para invenções e criatividade e não há também mais espaço para o artista gráfico, salvo algumas exceções em projetos alternativos.

“Não tenho preferência por nenhum trabalho; todos eles, cada um a seu modo e circunstância tem seu valor no balanço que faço da minha obra ”

As ideias sempre decidiram as técnicas, pois isso é um dos privilégios do artista gráfico. E livre para trabalhar com qualquer suporte e o resultado, no meu caso felizmente, sempre atendeu às expectativas dos meus parceiros. Sempre soube que o meu trabalho jamais seria maior do que os deles. A mim cabe apenas fazer o convite para que vejam, ouçam e leiam as obras maiores que o que eu posso fazer. Mesmo que seja quase impossível responder, há um trabalho ou trabalhos preferidos?

Elifas: Não tenho preferência por nenhum. Todos, cada um a seu modo e circunstância, tem seu valor no balanço que faço da minha obra. Os desenhos foscos e mal acabados dos tempos da censura hoje tem o valor dos documentos históricos embora sejam mal feitos. Sempre que respondo esta pergunta digo que alguns desenhos foram decisivos para a consolidação do meu trabalho e um deles é o que fiz para a capa do LP ‘Nervos de Aço’ de Paulinho da Viola, em 1974. ago/set 2012

O sambista paulistano Adoniram Barbosa , na concepção do artista

Quais são os seus novos projetos para o mercado musical? Elifas: Terminei uma homenagem a Vinícius de Moraes em parceria com grandes nomes da MPB e pintei as 13 estrofes do poema “O Haver”. Com os artistas, pintei um retrato do Vinícius e para cada um pedi uma música. Será uma exposição, um livro e um DVD que serão lançados em setembro.

Capa do LP “Clementina e Convidados”: a arte da resistência

Existe hoje, em sua opinião, algum designer que se destaca nesta arte? Elifas: Não sei se ainda hoje, pois não vejo muita coisa dele em CDs mas o Gringo Cardia é sem dúvida o grande criador de capas para CDs. Ele, com enorme talento, fez cenários magníficos e é também diretor. Enfim, um artista que admiro.

O “rei do baião” em um lançamento comemorativo: festa com participação de Andreato

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Destaque

Low-Fi Rock com suingue Tereza Marinho

Influências da Soul Music, estrutura do Rock n’Roll e muito suingue brasileiro. É essa a de seu primeiro CD “Ready for Rock”, que entre composições e releituras, demonstra originalidade e personalidade.

Giovanni Coimbra, Délio Esteves, Elio Silva e Del Cabral: na estrada para divulgar disco de estreia

“Nossa música tem influência direta do rock dos anos 70, da música da Motown, James Brown (e seu trio fundamental: Freddy Wesley, Maceo Parker e Pee Wee Ellis) e Tom Waits, além de muitas outras tendências trazidas por cada integrante”, detalha o vocalista e saxofonista Elio Silva. No palco, além dele, o Low-Fi é formado por Del Cabral (bateria e vocal), Giovanni Coimbra (baixo) e Délio Esteves (guitarra e vocal). Para Elio, a escolha do rock como matriz principal se dá pela sua independência e diferencial. “Não é o ritmo, nem o andamento. Acho que o principal diferencial do Rock frente a outros estilos é a atitude. Ele está certo do que quer, não é dado a concessões, faz o que acha que deve fazer e neste caminho arrebanha uma fatia de admiradores”.

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O som da banda não traz a tradição e a sonoridade das montanhas de Minas, mas o público tem suas próprias leituras e formas de sentir a música.“É interessante pensar nisso, porque depois de anos vivendo no Canadá e de volta ao Brasil, o saxofonista e amigo Marcelo Padre foi quem me alertou: ‘Veja esta célula em seu rock. Isso é samba! Sua música é brasileira mesmo quando você canta em inglês’. Esse feedback é sempre muito enriquecedor”.

Ready for Rock O CD tem participações especiais de Leo Lima e Marcos Pimenta, nos backing vocals de todas as músicas e do diplomata-músico francês Allain Sarragose, guitarrista na faixa “No Crime” ele enviou pela internet, direto da Es-

panha, onde estava morando. Deco Lima faz um rap na faixa “Sinceramente”; Paulo Costa, o Paulinho do Skank, toca trompete em “O Filho Predileto do Rajneesh” e em “I’m Shure” e Gabriel Guedes, guitarra na faixa “Divertir”. “Gabriel é um multi-instrumentista, talentosíssimo, mas, apesar de todo o bandolim e de toda a influência do Clube da Esquina, posso dizer que ele é roqueiro, sua alma é roqueira; acho que é reencarnação de algum daqueles malucos dos anos 70”, arrisca Elio. A estrutura da banda possibilita uma experiência interessante: trazer de volta ao rock o saxofone. “O instrumento foi fundamental nos primórdios do ritmo e, com ele mais que rock, nossa ideia é fazer música contemporânea com sabor vintage”, detalha. Pullsar - nº 04


O áudio foi captado e editado no REC Studio, de Belo Horizonte, por Alexandre Martins, responsável, por exemplo, pelo som do filme ‘Blindness’, que no Brasil levou o título “Ensaio sobre a cegueira”. A programação visual do CD foi baseada em imagens produzidas pelo fotógrafo Eustáquio Neves, premiado profissional que usa técnicas alternativas para manipular negativos e cópias. A foto da capa do disco do Low-Fi é da Série Caos Urbano. Premiada, faz parte da Coleção Pirelli/MASP de fotografia. (Confira crítica na página 31)

Rodrigo Dai

No CD, faixas como “Sinceramente”, “Seu Segredo” e “Divertir”, atestam o conceito Low-Fi, que se traduz também em releituras inusitadas, como a versão para “Negue”, música de Adelino Moreira e Enzo de Almeida, eternizada na voz de Nelson Gonçalves, e “O filho predileto do Rajneesh”, música de Rubinho Troll (gravada na década de 80 pelo Sexo Explícito) e regravada pelo Pato Fu.

No palco, a energia do Low-Fi empolga a platéia

ago/set 2012 Rua Dep. Cláudio Pinheiro de Lima, 1221 - Glória - BH - MG (31)2514-5200 / 2514-5300

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Direito autoral

Músic@ na Internet A internet é um veículo de comunicação, tal como o rádio e a Televisão. Tanto que a internet é classificada como serviço de telecomunicação, a teor da definição contida na Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997. Diferente é a classificação dada pelo sistema anglosaxônico, que entende ser a internet um veículo de distribuição, talvez porque a distribuição implique no pagamento de royalties (dinheiro) de cada uso autorizado, ou quando um endereço eletrônico está linkado em outro site com prévia autorização. Diversas são as partes das relações que têm lugar na internet. Além de terceiros (empresas que se divulgam nos banners), temos o Provedor de Serviço de Conexão a Internet (PSCI); Provedor de Serviço de Informações; Usuário de Serviço de Informações e Usuário de Serviço de Conexão a Internet (o Ministério das Comunicações, pela Portaria nº 148, de 31 de maio de 1995, definiu quais as partes que participam da internet). A publicação de uma obra na internet se submete aos princípios normais da publicação de uma obra intelectual no meio analógico ou tangível. Daí temos que qualquer uso de obra retirada da internet está sujeita às disposições da lei de direitos autorais, ou seja, depende de autorização previa e expressa do titular de direitos autorais (art.29 da lei 9.610/98), deve ser observado o respeito aos direitos morais do autor da obra intelectual (art.24 da lei 9.610/98), não se esquecendo que a obra intelectual da internet, mesmo sendo do gênero artístico, é protegida também como obra literária em razão da linguagem binária utilizada, que se converte em representação visual percebível pelo usuário (internauta). Três são as atividades na internet inerentes à obra musical: o upload, o download e a compra de CD e DVD. O upload musical

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coloca a música na internet. O download baixa a música da internet para o computador ou alguma mídia. A compra de CD e DVD, como ato comercial, acabou por ser mitigada em razão do acesso gratuito à obra musical através do download. O ato de permitir a disponibilização de obra musical em site, em tese, faz com que o provedor seja solidariamente responsável com o usuário identificado pelo IP – Internet Protocol. Sobre a identidade do internauta, vale citar: “O provedor de conteúdo é obrigado a viabilizar a identificação de usuários, coibindo o anonimato; o registro do número de protocolo (IP) dos computadores utilizados para cadastramento de contas na internet constitui meio de rastreamento de usuários, que ao provedor compete, necessariamente, providenciar”. A atividade de divulgação de um conteúdo pelo site, é tal e qual a do canal de TV quando divulgada uma imagem ou uma música, ou a do rádio, quando irradia uma crítica ou uma notícia. Ou, ainda, uma revista e um jornal, quando publicam algo ofensivo. Ocorre que isto só se dá no sistema em que se entende que a internet é veículo de comunicação, e não um veículo de distribuição. Todavia, o Superior Tribunal de Justiça brasileiro tem entendido que o provedor de serviço (youtube, google, dentre outros) não tem esta responsabilidade. Isso isenta de responsabilidade o provedor de serviço que disponibiliza o vídeo ou a música em seu site, responsabilizando apenas o usuário que fez o up-load. A propósito é o teor da decisão: “O dano

moral decorrente de mensagens com conteúdo ofensivo inseridas no site pelo usuário não constitui risco inerente à atividade dos provedores de conteúdo, de modo que não se lhes aplica a responsabilidade objetiva prevista no art. 927, parágrafo único, do CC/02. Ora, se isentam sites como youtube, google, dentre outros que são provedores de serviço, ao argumento de divulgarem o conteúdo que os internautas inserem mediante up-load ou disponibilizam (email), significa que estamos adotando o conceito norte-americano para a internet – um veículo de distribuição. É repetitiva a afirmativa, pelos tribunais, de que a fiscalização prévia, pelo provedor de conteúdo, do teor das informações postadas na web por cada usuário não é atividade intrínseca ao serviço prestado, de modo que não se pode reputar defeituoso, nos termos do art.14 do Código do Consumidor, o serviço prestado pelo site que não examina e filtra previamente os dados e imagens nele inseridos. A se confirmar essa tendência de adotar, no Brasil, esse conceito de veículo de distribuição, em breve deveremos estar pagando para divulgar um vídeo no youtube, ou para ter um email, ou para nos filiarmos a um site. Há que se pensar que nem todos conhecem a lei, embora, em termos legais, não possam alegar ignorá-la. Eduardo Sales Pimenta. Doutorando e Mestre em Direitos Autorais Jornalista.(sallespimenta@yahoo.com.br) Pullsar - nº 04


Carreira

Rei dos Festivais Divulgação

O compositor e cantor Zebeto Correa se destaca por um trabalho coerente e sólido, pautado pelo bom gosto de melodias, letras e arranjos

O belo-horizontino Zebeto Correa contabiliza mais de 300 premiações em festivais

O nome Zebeto Corrêa pode não estar presente na mídia com frequência, mas este cantor, compositor e instrumentista belo-horizontino é bastante conhecido do público, dos participantes e dos organizadores dos festivais de música brasileira espalhados por todo o país. Com mais de 30 anos de carreira, ele tem 10 discos e contabiliza mais de 300 premiações como compositor e intérprete, como o 1º lugar no Festival Viola de Todos os Cantos (EPTV, 2004, 1º lugar no FECANI-AM, em 2006 e 2010, e 1º lugar no Festival de Garanhuns (PE), em 2008. Zebeto começou sua trajetória musical com a banda Fogo no Circo, quando gravou seu primeiro disco, ainda no início dos anos 80. Em seguida, já em carreira solo, lançou os LPs “Muito Prazer” (1986) e “Cine Metrópole” (1992). ago/set 2012

No ano seguinte iniciou uma prolífica parceria com o cantor e compositor Bartholomeu Mendonça, que rendeu os CDs “Além da Curva do Rio” (1995), “Princípios” (1998) e “Alma Brasileira” (1999). Começou o século 21 estreando nova parceria, com o poeta mineiro Caio Junqueira Maciel, cujo trabalho pode ser conferido nos discos “Outro Lado da Noite” (2003) “Era uma voz - Sonetos só para netos” (2006) e “Trilhas de Literatura Brasileira - Ouvir para Ler” (2007), esses dois últimos dirigido ao público infanto-juvenil). Zebeto Corrêa participa também de 42 CDs coletivos, produzidos durante esses festivais de música. Agora o artista divulga seu último trabalho “Recados de Minas”, com músicas inspiradas no pão de queijo mineiro e nas belas cidades do interior do Estado.

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Produtor

Do Gospel ao Sertanejo Dudu Borges “Sufoco”, “Falando Sério”, “Senhorita”, “Não Posso Ter Medo de Amar”, “Campeões de Bilheteria”, “Chora, Me Liga”, “Ai, Se Eu e Te pego”... Estas são músicas sertanejas que estouraram nas paradas de sucesso, mas elas têm algo a mais em comum: todas foram produzidas pelo badalado e concorrido produtor musical Dudu Borges.

Divulgação

Não foi fácil alcançar o sucesso, mas Dudu nunca desistiu de seu sonho. “O maior e mais gratificante desafio foi acreditar em algo que estava dentro de mim, mesmo com todas as pessoas achando que era uma loucura e que seria impossível conseguir. Pois venci, e hoje mostro meu trabalho em todo o Brasil e tenho o respeito das pessoas que admiro”.

Ganhador do Grammy

Ele hoje é o responsável pelos arranjos de Michel Teló, Bruno e Marrone, Jorge e Mateus, João Bosco e Vinicius, Marcos e Belutti, Fiuk, Bruninho e Davi, Kleodibah e Rafael, George Henrique e Rodrigo e muitos outros artistas. Mas sua carreira teve início na igreja, aos 13 anos de idade, na companhia de músicos e cantores gospel. “Minha família é de músicos e sempre toquei, desde criança. Quando eu tinha 13 anos, meu primo montou um estúdio na rua da minha casa. Nunca mais saí de lá. Fiquei enlouquecido, apaixonado”, relembra Dudu.

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Dudu era muito conhecido e admirado pelo seu trabalho no meio gospel, desde 1999, pois além de produtor musical é também tecladista, compositor e arranjador. Ele é dos integrantes da banda Resgate, com mais de 20 anos de estrada e precursora do rock gospel no Brasil. Sua música mescla baladas, canções românticas, louvor e adoração com uma pegada rock’ n´roll e estilos alternativos. Sua primeira oportunidade ‘sertaneja’ foi dada pelo parceiro e amigo Michel Teló, no Grupo Tradição. A partir daí, ele começou a tocar e trabalhar nos arranjos das músicas românticas da banda. O primeiro álbum inteiro assinado por Dudu foi o “Curtição”, da dupla João Bosco & Vinícius, em 2009; desde

então sua carreira decolou. “A melhor recompensa é sair na rua e ver as pessoas ouvindo, cantando e comentando uma música que produzi. Essa sensação maravilhosa não tem preço”. Seu sucesso se mistura ao dos artistas que produz. Dudu até ganhou um blog, criado por fãs do seu trabalho, intitulado Comunidade Oficial Dudu Borges (http://duduborgesoficial. blogspot.com.br). Por ele, é possível acompanhar os passos do produtor e saber mais do dia a dia do profissional. Um dos posts mais lidos é o que explica como funciona o trabalho de um produtor musical. Dudu concorreu três anos seguidos ao Grammy Latino e ganhou este ano o prêmio de Melhor Álbum Sertanejo de 2011 com o “9º João Bosco e Vinícius”. Além dos artistas já citados, Dudu Borges também já produziu Katinguelê, Grupo Rhass, Patrícia & Adriana, Lucas e Luan, Janaynna Targino, Suellen Santos e Vinícius Loyola. E sabe que o trabalho de um bom produtor é buscar sempre criar e inovar. “Graças a Deus minha demanda é grande e tenho muitas responsabilidades. Existe muita pressão em fazer parte de um processo tão importante para os artistas, sua carreira e a vida de tantas pessoas que também estão envolvidas no trabalho”. Pullsar - nº 04


Ivan Lins Cidadão do mundo

Nelson Simões

Capa

Cantor e compositor carioca lança “Amorágio”, seu 39º trabalho, e anuncia diversos projetos internacionais Lígia de Matos

É o brasileiro vivo mais gravado no exterior, detentor de diversos Grammys, reconhecido por sua harmonia diferenciada, pelos arranjos refinados e ao mesmo tempo fáceis de gostar. O artista deu uma pausa nos trabalhos para contar as novidades aos leitores da Pullsar ago/set 2012

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Divulgação

Outra pergunta impossível: o público sempre demonstra suas preferências por certas músicas e álbuns, mas quais os seus preferidos? Os do coração? São as minhas canções sertanejas e as que fiz para a Valéria, minha esposa (escrevi cerca de 30 músicas para ela). Essas são as do coração. Seus últimos CD foram o “Perfil” e “Íntimo”, lançados em 2010. Já existe algum novo projeto? Muitos. Está saindo na Espanha “Intimate”, totalmente em espanhol, com convidados hispânicos (cinco ao todo); e, na Itália, “Inventario incontra Ivan Lins”, um disco praticamente todo em italiano, com a banda Inventario e outros sete convidados italianos e três brasileiros; no Japão, outro CD com minhas músicas e vários intérpretes internacionais, em formato mais dançante (hip-hop, disco, funktech);e finalmente, agora,meu novo CD brasileiro, “Amoragio”,com inéditas e alguns “lados B” de trabalhos mais antigos, pela Som Livre. No final do ano (ou começo de 2013), sai mais um CD internacional, gravado na Alemanha,com a Stuttgart Big Band, semi-instrumental, também só com músicas minhas,algumas inéditas.Devo acrescentar que essa quantidade de projetos sendo lançados pelo mundo é parte de uma estratégia de dar mais foco no compositor Ivan Lins, para ver se o direito autoral melhora, já que os ganhos neste quesito,com o tempo, serão a minha aposentadoria. E pelo que se recebe hoje,com a péssima distribuição do Ecad, pelo problema dos downloads piratas, ficar parado só piora os prognósticos de futuro.

Sua carreira é marcada por inúmeras músicas, prêmios e sucessos. Esta pode ser uma pergunta quase impossível de ser respondida, mas você consegue dizer qual o seu momento mais marcante? Na verdade, posso citar vários momentos: a minha consagração no V Festival Internacional da Canção (1970), no Maracanãzinho (Rio de Janeiro), quando 25 mil pessoas cantaram comigo “O amor é o meu país”; minha primeira parceria com Vitor Martins, com o lançamento da canção “Abre-alas” (1974); o lançamento, em 1977, do disco “Somos todos iguais nesta noite”; as 100 mil pessoas, em Lisboa, cantando comigo “Antes que seja tarde”, com isqueiros acesos, pedindo para que eu ficasse mais, em 1981; as 200 mil pessoas me aplaudindo na segunda noite do primeiro Rock in Rio, em janeiro de 1985; o recebimento do prêmio Álbum do Ano, no Grammy Latino, em 2005 (por Cantando Histórias), em frente a uma plateia de cinco mil pessoas totalmente estupefatas, no teatro Kodak, em Los Angeles, Califórnia...foi lindo e engraçado.

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Retrato do artista quando jovem, nos tempos da ditadura militar: rebeldia e bom humor

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Nelson Simões

O cantor e compositor carioca está na estrada para divulgar seu mais recente álbum, “Amorágio”

Com todos esses lançamentos simultâneos e parcerias, como está sua carreira internacional? Quando foi a última turnê e por quais países passou? A minha carreira internacional vai bem.Não tão bem quanto há 10 anos, mas apesar da crise internacional,ainda temos trabalho fora que nos remunera decentemente. Estive recentemente no Japão, na Alemanha e nos Estados Unidos. No início da década de 90, você fundou a gravadora Velas. Quais seus maiores trunfos e descobertas? E hoje, quais seus projetos? A Velas hoje é só um selo, não me pertence mais (vendi a minha parte há 14 anos), e hoje tenho meu próprio selo, que é distribuído pela Som Livre. Naquele tempo, tivemos a felicidade de lançar Guinga, Lenine, Chico César, Zizi Possi, trazer de volta Edu Lobo, Leny Andrade, Nana Caymmi, além de outros trabalhos bastante significativos para a história fonográfica brasileira. A felicidade durou até 1996,quando sofremos um golpe financeiro de um de nossos funcionários, e caímos nos bancos. Daí pra frente, nada mais funcionou direito. Ainda mais em um mercado cada vez mais reacionário e mercantilista, onde a boa música acabou perdendo espaço e vendas. Você já trabalhou com diversos e renomados artistas nacionais e internacionais. Quais foram os projetos mais desafiaago/set 2012

dores? Com quem você ainda não teve a oportunidade de trabalhar e gostaria? Nunca tive um projeto que me fosse desafiador. Minha intuição e musicalidade sempre me socorreram bem. Trabalhar com outros que nunca trabalhei não é uma coisa que penso.Tudo na minha vida veio por confluência de diferentes fatores.Sou comprometido com a beleza. Outras pessoas também.No fim, acabamos nos esbarrando...naturalmente. Prefiro deixar assim. O destino ajuda a quem confia nele. Em “Saudades de Casa”, você gravou com o Cláudio Lins e a repercussão foi muito boa junto ao público. Existem outros projetos para repetir esta parceria? Realmente, o garoto tem talento e tem mística.Ele é multifacetado. Faz teatro e faz música. Portanto, nossos encontros só são possíveis nas fases em que ele está disponível para a música, o que não é sempre. Ainda mais agora que ele vai ser pai (vem aí o Mariano Lins), a coisa vai ficar difícil. Mas sempre temos em mente fazer mais alguma coisa juntos. Só pra dar uma água na boca: neste novo meu CD, ”Amoragio”,temos uma composição juntos, em homenagem ao nosso dançarino maior -Carlinhos de Jesus -que este ano faz 30 anos de carreira: um xote moderno chamado “Carrossel do bate-coxa”,onde o tratamos como um “santo” padroeiro dos pés-de valsa. Muito legal. Vocês vão adorar.

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Perfil

Rose Pidner, do palco para os bastidores da produção cultural O produtor cultural precisa ser dinâmico, corajoso, teimoso e ter um coração forte! A atividade é cheia de incertezas e de uma maneira geral os planejamentos estão sempre precisando de ajustes. Para atuar na área é necessário gostar muito de produzir e, é claro, ter conhecimento do ramo no qual se deseja atuar. Lígia de Matos

Rose começou sua vida profissional como cantora e instrumentista. Estudou piano, teoria musical, canto e violão. “Casei-me com um músico e tive de aprender a fazer produção por uma questão de sobrevivência. Mais tarde, quando resolvi criar minha empresa de produção, fui estudar Administração de Empresas para conhecer e utilizar as leis de incentivo àcultura. Hoje, a Veredas Produções tem 17 anos de atuação no mercado culturalde Minas Gerais e do Brasil”. Ela também já foi jurada em diversos festivais e curadora em inúmeras mostras de música, além de ser uma das criadoras e gestoras do Fórum da Música de Minas Gerais, onde desenvolveu por três anos o programa Música Minas. Desde 2009, é um dos membros das Câmaras Setoriais Paritárias do Fundo Estadual deCultura. Em entrevista à Pullsar, Rose contou um pouco dos segredos de sua profissão como, por exemplo, o que aconte-

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ce nos bastidores de grandes eventos. “Tudo depende do artista em questão. Existem os que são fáceis de lidar e outros muito exigentes.O bom andamento do trabalho de produção depende muito também da produção do artista e aqui é a mesma história: existem produtores super tranquilos e parceiros e outros estressados e chatos. Alguns artistas também se escondem atrás de uma produção linha dura para posar de ‘gente boa’. As demandas também são coisas individuais de cada um, explica.

Maria Tereza Correia/EM/D.A Press

Quem melhor para explicar o dia a dia de um produtor cultural do que uma das profissionais mais bem conceituadas do mercado? Rose Marie Pidner (também conhecida como Zabelê) é produtora musical com 28 anos de experiência, sendo 12 na Europa. Sócia-diretora da Veredas Produções, é administradora com foco em Gestão em Marketing e atuou como cantora, violonista e percussionista durante 20 anos. Sua trajetória artística inclui Brasil, França, Japão, Alemanha, Dinamarca, Noruega, Áustria, Itália, Suíça,Bélgica, Espanha e Portugal.

Criada em 1995, a Veredas Produções já nasceu com a marca da qualidade e da ousadia. Voltada prioritariamente para eventos culturais e artísticos, a empresatem como filosofia propiciar um completo trabalho na área de produçãofonográfica, realização de shows, elaboração e execução de projetosatravés das Leis de Incentivo à Cultura, apresentações teatrais e de dança. Com livre trânsito junto a artistas brasileiros e internacionais, Rose Pidner usa sua experiência artística emcentenas de shows produzidos no Brasil e na Europa para criar umaponte eficiente com artistas nacionais e internacionais de primeira linha. Entre os artistas que já produziu estão Duo Assad, Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Madredeus, Sérgio Santos, Bill Evans, O Mistério das Vozes Búlgaras, Joe Anderson, Joe Zawinul Syndicate, Betty Carter,Olívia Byington, Zé Miquel Wisnik, Paulo Bellinati, Pau Brasil, NelsonAyres, Rosa Passos, Ná Ozzeti, Quinteto Villa Lobos, Mônica Salmaso, Antônio Meneses, entre outros.

Rose Pidner é sócia-diretora da Vereda Produções, de Belo Horizonte

“Posso dizer que enfrentamos muitos desafios no passado e ainda hoje continuamosa enfrentar. É um mercado muito dinâmico, com muitas variantes e de muitasincertezas. É difícil conseguir fazer projeções e planejamentos a longo prazo.A recompensa vem quando o teatro está cheio, o som e a luz funcionando muito bem e os artistas estão felizes. Poder proporcionar um belo espetáculo para opúblico é o que há de mais gratificante para mim”. Pullsar - nº 04


Com ou sem o clic? Uma pergunta que ouço muito no estúdio: qual é melhor, gravar com ou sem o metrônomo? André Cabelo Muitas vezes, respondo esta pergunta com outra: -Vocês ensaiam com o metrônomo? Tocar respeitando o rigor de um andamento é uma coisa fundamental em qualquer composição, porém, é muito importante que a banda tenha familiaridade com o metrônomo, o que normalmente requer estudo e muitas horas de ensaio. O processo começa já na construção de um arranjo. É bom definir logo o andamento, pois isso irá facilitar bastante o trabalho. A medida que o arranjo evolui, é sempre bom experimentá-lo com pequenas variações de tempo. Uum pouco mais ou pouco menos muitas vezes deixa sua execução mais confortável, o que influi bem o resultado final. São muitas as vantagens de se executar uma música regida por um metrônomo. Tambem do do ponto de vista técnico o resultado é significativo. Com o andamento firme e preciso, o processo de edição fica bem mais eficaz, uma vez

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que podemos substituir trechos e assim obter uma melhor execução final. Porém, como disse, a familiaridade com o metrônomo deve existir para que a música fique natural e com swing. De nada adianta seguir o clic sem imprimir sem emoção, principalmente no que diz respeito aos bateristas! Portanto, caso não ocorra esta familiaridade, prefiro mil vezes sem o metrônomo! Gravar sem o metrônomo torna o processo um pouco mais cuidadoso, pois temos que ficar atentos se os deslizes podem ser corrigidos ou se são aceitáveis, uma vez que a edição fica mais limitada nestes casos. Para uma boa execução musical nada mais importante que estar tranquilo, relaxado e bem ensaiado. Ao entrar em estúdio para gravar, a banda ou artista deve estar preparado para mudanças repentinas. Muitas vezes é preciso alterar o andamento de uma música para se obter um melhor resultado e novamente, ter familiaridade com o metrônomo é fundamental.

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Compositor

A infinitude da música na visão de Benjamim Taubkin Tim Ferguson

O talentoso e incansável artista está à frente de vários projetos, como a Orquestra Popular de Camara e a gravadora Núcleo Contemporâneo, além de sua carreira de concertista

Benjamin Taukin, que já gravou mais de 70 discos com música brasileira, é também autor de um livro sobre as peculiaridades do ofício

Pianista, compositor, arranjador e produtor musical de raro talento, Benjamim Taubkin é conhecido também por sua multiplicidade de projetos. Ele está à frente da gravadora Núcleo Contemporâneo, da Orquestra Popular de Câmera, atua como curador de festivais de música, foi um dos idealizadores da ABMI - Associação Brasileira da Música Independente e agora acrescenta também o título de escritor.

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Como concertista solo, Benjamim Taubkin vem se apresentando no Brasil e no exterior em casas de jazz, como o Vortex Jazz Club (Inglaterra); no Festival Lifem (Inglaterra) e no festival Ruta del Cisten (Espanha) para mostrar seu mais recente trabalho, o CD “A Pequena Loja da Rua 57 (Adventure Music – EUA/ Núcleo Contemporâneo-Brasil), gravado na casa de pianos Fazioli, em Nova York.

Em relação à Núcleo Contemporâneo, é uma gravadora e produtora de música, (fundada em 1996) com diferentes projetos na área, que se movimentam pelas artes plásticas, dança, teatro e vídeo, dentro do universo da cultura popular, tradicional e erudita. Já lançou mais de 70 CDs de música brasileira, instrumental em sua grande maioria. Além disso, desenvolve e realiza projetos de curadoria, pesquisa e programação musical e concertos. Pullsar - nº 04


A seguir, trechos da conversa de Taubkin com a Pullsar sobre seus diversos projetos, antigos trabalhos, experiências pelo mundo e perspectivas de mercado. Confira! Como estão seus projetos à frente da gravadora Núcleo Contemporâneo. Quais as novidades? Hoje, me vejo mais ativo do que nunca. Estou envolvido em pelo menos 10 projetos diferentes de música - todos atuantes. Só para você ter uma ideia vou listar alguns: Criamos um Centro Cultural dedicado à música - a Casa do Núcleo, com shows, apresentações diversas, lançamentos, exibição de documentários e muitas outras atividades. Tem também o Trio + 1, formado por mim, pelo Sérgio Reze e o Zeca Assumpção. A ideia é a criação de uma música brasileira original, a partir da formação do trio piano, bateria e contrabaixo. O resultado é uma sonoridade sofisticada em choros e canções brasileiras frutos da experiência, do estudo e do improviso. Já o Moderna Tradição é um grupo de choro, onde toco com o bandolinista Izaías Bueno de Almeida, o violonista Israel 7 Cordas, o acordeonista Lula Alencar e o percussionista Guello. Aqui mostramos a atualidade e a modernidade desse gênero musical, sendo um dos estilos mais apreciados pelo grande público.

Você tratou do trabalho e dos sonhos dos músicos em seu livro, mas nos diga, em sua opinião, quais são as maiores dificuldades para a música instrumental no Brasil? Há espaço no mercado? Existem oportunidades para os novos e também para os músicos experientes? Creio que são as mesmas de sempre. Há que se buscar espaço, produzir, formar público. Saber trabalhar coletivamente. Mas sempre foi possível sobreviver como músico criativo desde que você se dedique de fato à criação e tenha uma boa cabeça. Hoje, há vários festivais no país.

“Mas sempre foi possível sobreviver como músico criativo - desde que você se dedique de fato à criação e tenha uma boa cabeça”

Lancei no ano passado o livro ‘Viver de Música – Diálogo com artistas brasileiros’, no qual entrevistei 18 artistas brasileiros consagrados que me falaram a respeito das peculiaridades e dificuldades de seu ofício. Sobre os caminhos que podem se abrir para os jovens que desejam ser músicos hoje e como viver dela. Falo das expectativas pessoais e também das do mundo ao redor como fama, sucesso, dinheiro etc. A ideia é mostrar que há um espaço inteligente, onde o músico pode construir algo significativo, viver e sobreviver fazendo música que tenha sentido para ele e também para os outros. As pessoas se focam muito no mercado, mas há também uma vida inteira além disso. É preciso ter sonhos, pois a música é infinita. Este ano saem os CDs que gravei em um projeto de colaboração com o Bongar, um grupo de côco de Olinda e o do duo com o talentoso percussionista Adriano Adewale, gravado em Londres. Na gravadora, estamos lançando ‘Arranjadores - um panorama da história do arranjo no país’ - uma caixa com três CDs. E posso adiantar que, no dia 16 de setembro, faremos um concerto especial no Auditório Ibirapuera - para ago/set 2012

celebrar os 15 anos do Núcleo. Reuniremos vários destes projetos no palco.

Em São Paulo, por exemplo, cresceram os espaços para esta música. Creio que há maiores possibilidades também pra se disseminar esta produção a partir dos vários espaços digitais - mas eles não são suficientes por si só. Eis uma compreensão que eu acho que tem faltado. O digital por si só não resolve, mas ajuda. Em suas andanças pelo mundo você esteve na Áustria, na Coreia e vários outros locais. Como foram essas temporadas em países tão distintos? O que esta troca cultural trouxe ao seu trabalho?

Tenho viajado muito. Na verdade, desde 1998 tenho estado em diversos lugares do mundo. Seja para participar de encontros ligados à música, seja para tocar. Em alguns destes países, convivi e criei com músicos locais - como na Coreia e no Marrocos. Essas colaborações vêm sendo parte da minha vida toquei e gravei também com músicos da Índia, África do Sul, Israel, e de diversos países da América Latina. Você esteve à frente do Projeto Rumos do Itaú Cultural e desenvolveu, na época, um trabalho de pesquisa sobre os ritmos tradicionais brasileiros. Como foi essa experiência? Foi uma vivência especial. Naquele momento (1999), pouco se sabia da realidade da produção musical em todo o país, especialmente as regiões Norte, Centro-Oeste, parte do Nordeste e Sul. Convidamos músicos e produtores dessas várias regiões para atuarem como curadores. Identificamos pelo menos 300 trabalhos com bastante qualidade nos vários locais. Promovemos discussões, estimulamos trocas. Foi, enfim, um momento de muito entusiasmo e descobertas, em grande parte compartilhadas.

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Critica

Sambabook João Nogueira Uma série de songbooks, pelo recém criado selo Musikeria, pretende reunir o acervo de alguns dos principais compositores do gênero. Na linha de produção estão Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Almir Guineto e Paulinho da Viola.

Samba Metal Huaska Capaz de provocar reações apaixonadas, contra e a favor, para seu mix de metal, samba e bossa nova, o quinteto conta, no novo trabalho, “Samba de Preto”, com duas adesões de peso. Eumir Deodato toca piano em duas faixas e rege cordas e metais em três faixas: e Elza Soares empresta a voz para a faixatítulo. A fusão de samba com metal e rock com suingue de samba remetem a cruzamentos hipotéticos, como Toquinho & Vinícius com Faith No More, Pixies e Cartola, João Gilberto e Los Hermanos. Na faixa de abertura, “Ainda Não Acabou”, uma guitarra rascante toma o lugar do violão e dialoga com percussão de samba e piano de MPB, sobre um tema de amor e dor. Em “Foi-se”, predominam voz e violão e o mesmo tom na letra: “viver de amor é morrer de amor”. E no “Samba de Preto”, com Elza Soares,o amor se veste de luto e dor. O tom “metaleiros também amam” muda na futebolística “Gávea”, que narra com humor um jogo de várzea; mas volta, em em “O Mar”. “Let´s Bossa” abre caminho para o peso de “Otelo”. O final é de arrepiar puristas: “Chega de Saudade” com cordas feéricas e trechos que lembram bandas de metal comum.

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O primeiro volume, “Sambabook”, dedicado a João Nogueira (1941-2000), reúne um caprichado álbum com seis dezenas de partituras, um livro com a discobiografia, dois CDs com 24 canções e um DVD, com depoimentos e registros das gravações. O filho de João, Diogo Nogueira, ajuda a conduzir a homenagem. No projeto, suas músicas ganham interpretações, no mínimo, interessantes e renovadoras. Ivan Lins lembra seu trabalho com a música de Noel Rosa em “Eu, Hein, Rosa!”; Djavan soa como no início de carreira na suingada versão de “Nó na Madeira”, e Lenine fica à vontade na temperada “Pimenta no Vatapá”. A turma tradicional do samba ataca com “Poder da Criação” (Beth Carvalho), “E Lá Vou Eu” (Jorge Aragão), “João e Maria” (Martinho da Vila), “Do Jeito Que o Rei Mandou” e (Zeca Pagodinho), entre outras. Marcelo D2 esquece o hip hop em “Baile no Elite”, e Diego Nogueira mostra o hino do Clube do Samba.

Sem Moldura Ive A cantora Ive chega ao segundo disco apostando na porção compositora e em parcerias ilustres. A bela moça, que assinou Greice Ive no CD de estreia, “Ao Som de Greice Ive”, tem agora como trunfo as belas interpretações que fez de “Quase Um Segundo” e “ Meu Erro”, no especial Som Brasil, da TV Globo, sobre os Paralamas do Sucesso, e as inclusões de “Até Você Passar” e “Seu Olhar” nas novelas “Passione” e “Seu Olhar”. Filha de músico, ela fez sua estreia no circuito de bailes aos 16 anos, em Brasília. Em 2002 foi para o Rio, onde participou de shows ao lado de Jorge Vercillo, Dudu Falcão e Ivan Lins, entre outros. A produção e os arranjos de Márcio Brito deixam a moça à vontade. O instrumental, que tem participações de nomes conhecidos como Téo Lima (bateria), Jessé Sadoc (trompete) e Torcuato Mariano (guitarra), também funciona corretamente para seu pop descomplicado. No repertório do CD é possível apreciar o estilo de Ive a partir da descontraída versão de “Descobridor dos Sete Mares”, na balada “Até Você Passar”. e nas lentas “É o Que Me Interessa” e “Nas Margens” . Pullsar - nº 04


Kiko Ferreira

Ready For Rock Low-Fi O primeiro e os últimos versos de “Ready for Rock”, do quarteto mineiro Low-Fi são sintomáticos. O álbum começa com “I´m ready for love” (“estou pronto pro amor”) e termina com “se você não entende nada/ você não esteve aqui”. É que o som do grupo não sugere indiferença, nem trilha para ambientes esterilzados ou artistas com muita pose ou pouca consistência. “Mais primitivo, mais emocional e menos intelectual” do que boa parte do rock atual, o trabalho de Elio Silva (sax tenor e voz), Délio Esteves (guitarra e voz), Fernando Righ (baixo e voz) e Rogério Daros (bateria e voz) traz no DNA boa parte do rock independente mineiro das décadas de 80 e 90. Os integrantes estiveram ligados, de alguma forma, a grupos importantes da cena de Belo Horizonte, como O Grande Ah!, Gardenais, Freak Brothers, Sexo Explícito e Divergência Socialista. E ainda recriam uma das múscas mais sintomáticas do outsider Rubinho Troll, “O Filho Predileto de Rajneesh”, que o público nacional conhece do registro do Pato Fu. Tendo o sax de Elio como elemento de condução, o Low-Fi soa como uma banda de rua de New Orleans, com a veemência necessária para provocar a plateia com uma energia que, infelizmente, não se usa mais. A curiosidade do disco é a versão para “Negue”, de Adelino Moreira e Enzo de Almeida, um super hit da carreira de Nelson Gonçalves que aqui, soa como uma canção de estrada, como se fosse um lamento de Tom Waits e Sam Shepard.

Funke-se Rock-se Tom Nascimento Ex-integrante do Berimbrown, Tom Nascimento lançou um CD em 2000, com tiragem pequena.Mas foi nma excursão pela Itália, em 2008, que começou a pensar no primeiro CD oficial. “Funke-se, Rock-se” foi registrado ao longo de 2011, no estúdio Abre Alas, em Santa Luzia. Com direção musical e produção de Tattá Sapalla e arranjos do próprio Tom, o CD é variado como a carreira do artista: tem samba, salsa, funk, salsa, boss,a gospel e rock´n´roll. Com participação dos músicos da banda de Seu Jorge (Adriano Trindade, Sidão Santo e Claudinho), o álbum abre com “Pros Que Vêm de Fora”, um funk que trata da diversidade. e emenda com “Nuca Preta II”, sobre um personagem que nasceu no morro e sonha com vida melhor. Com Dokttor Bhu e Shabê, a faixa-título defende a mistura de ritmos e gêneros., e “Unauaiaí” prega a diversidade e a união. Com parte da letra em inglês, “Assim Não”, tem potencial para funcionar lá fora. A surpresa é a releitura R&B de “Cadê Você’ (Odair José), que dá charme extra do brega de raiz. Parceria com o italiano Silvano Manco, “La Formica Tereza” é uma salsa bilingue, e e o mix de blues, gospel e suingue, “Você Pode” prega a união ecumênica, com o cantor Play garantindo dueto eficiente. A turbinada “Mama África”, tem participação especial do autor, Chico César.

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Critica

Kiko Ferreira

Festas Dançantes vol. 1 e 2 Walter Wanderley Quem viveu os bailes da vida sabe que foi o organista Walter Wanderley quem colocou o teclado na linha de frente da música dançante nos anos 50 e 60. Seu estilo único, suingado, que usava as teclas de uma maneira inédita, com viés percussivo, conquistou brasileiros e americanos. Pernambucano, com um casamento cheio de polêmicas e rusgas com Isaurinha Garcia, Walter Wanderley (1912-1986) começou a despontar na vida noturna da Recife na década de 1950. Com o samba como prato principal, ele tocava também xote, bolero, tango e o que estivesse na moda. Quando a BN virou moda na América, ele emigrou e lá se tornou um ótimo vendedor de discos. Foi Wanderlei quem lançou Marcos Valle e seu “Samba de Verão” nos EUA. As duas caixas (com quatro discos cada) de “Festas Dançantes” apresentam os álbuns que ele gravou entre 1959 e 1963, antes de se aventurar no mercado internacional. A primeira traz “Eu, Você e Walter Wanderley” (59), “Feito Sob Medida” (59), “Sucesso Dançantes em Ritmo de Romance” (60) e “O Sucesso é Samba” (60). A segunda tem “O Samba é Samba” (61), “O Samba é Mais Samba” (62), “Walter Wanderlei e O Bolero” (62) e “Samba no Esquema de Walter Wanderley” (63), últimas bolachas nacionais, antes de ser contratado pela Verve e se tornar americano honorário. Ou embaixador do samba na terra do jazz, como preferir o ouvinte.

Sérgio Ricardo Cineasta, compositor, violonista, pianista e cantor, Sérgio Ricardo volta a ser assunto com a comemoração de seus oitenta anos, no dia 18 de junho. Além de estrear, nos palcos cariocas, a peça “Bandeira de Retalhos”, e ter sido homenageado pela Academia Brasileira de Letras, o autor de “Calabouço”, “Beto Bom de Bola” e “Zelão” tem lançados em CDs três de seus melhores discos. Em mais uma edição caprichada do selo Discobertas, saíram o raríssimo “Arrebentação”, de 1971, a trilha sonora de seu ótimo filme “A Noite do espantalho”, de 1974, e a “Estória de João-Joana”, de 1985, em que ele transforma em música uma rara obra em cordel de Carlos Drummond de Andrade. O artista, que começou a ser conhecido ao substiuir Tom Jobim em uma casa noturna, é muio lembrado pela cena em que protagonizou no Festival da Record de 1967: revoltado com as vaias á sua “Beto Bom de Bola”, quebrou o violão e atirou-o no público, abandonando o palco e entrando para a história. O melhor do pacote é a trilha de “A Noite do Espantalho”. Responsável pela trilha do clássico “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha, ele mostra ter digerido bem as lições do mestre, tanto nas telas quanto na trilha. As presenças de Geraldo Azevedo e Alceu Valença ajudam ampliar o interesse pelo disco. Já “Arrebentação”, há muito fora de catálogo, traz como atração extra os temas feitos para a trilha do filme “Terra dos Brasis”, de Maurício Capovilla.

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Em 2012 as edições dos programas de auditório das rádios e-Paraná fazem homenagens a grandes nomes da MPB. Confira as datas e programe-se.

10/03 – Elis Regina 14/04 – Noel Rosa 12/05 – Cartola 09/06 – Tim Maia 14/07 – Clara Nunes 11/08 – Vinícius de Moraes15/09 Adoniran Barbosa 13/10 – Lupicínio Rodrigues 10/11 – Ari Barroso 15/12 – Tom Jobim

Programas de rádio com auditório, transmissão ao vivo, músicos e plateia. Você é nosso convidado, traga outro!

16h, no Canal da Música a g o /Entrada s e t 2 0 1 gratuita 2

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Estante

Posicionamento – A Batalha Por Sua Mente Al Ries e Jack Tout “A batalha do marketing é travada dentro da mente do consumidor”, afirmam os autores Nesta publicação direcionada a profissionais e estudantes de marketing, vendas e áreas correlatas, Al Ries e Jack Trout ensinam como estabelecer, com competência, “posicionamento competitivo” de seus produtos, marcas e empresa.

Por Encanto Aída Couto Publicação traz informações sobre técnica vocal indispensáveis a cantores profissionais e aspirantes ao canto Com uma forma original e divertida de ensino, o livro consta de 10 capítulos com conceitos relativos a respiração, funcionamento do trato vocal, articulação, ressonância, aquecimento e desaquecimento vocal, vocalizes, registros vocais e os cuidados que todo cantor precisa conhecer para proteger a sua voz. Figuras ilustrativas exemplificam os conceitos em técnica vocal e os conceitos relativos a anatomofisiologia do trato vocal. O livro contém ainda dois CDs com exercícios vocais A autora é cantora popular e professora de canto e técnica vocal desde 1991. Outras informações : 2551-2766/8876-7066 e www.aidacouto.com

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Posicionamento é um conceito a ser aplicado em um produto, um serviço, uma empresa, uma instituição ou até mesmo em uma pessoa. Segundo os autores, posicionamento não é o que se faz com um produto mas o que se pode fazer com a mente de seu potencial cliente. Ou seja, posicionar o produto na mente do potencial consumidor. A teoria do posicionamento competitivo é hoje aplicada em todas as ações, estratégias empresariais e pessoais. (Mbooks editora, R$ 75,00)

Cá entre nós Rosangela Guimarães Délio Campos Relacionamento entre jornalistas e assessorias de imprensa é discutido pelos autores Os dados e depoimentos coletados a partir da pesquisa foram utilizados como subsídio para a produção do livro “Cá entre nós”, escrito pelos jornalistas Rosangela Guimarães (editora no jornal Hoje em Dia) e Délio Campos (diretor de atendimento na Interface Comunicação Empresarial). A obra aborda processos e atividades que permeiam o trabalho dos profissionais de ambos os lados. Além disso, contempla depoimentos de jornalistas de rádio (Sônia Pessoa), TV (Marina Victal), jornal (Cássia Eponine, Marta Vieira, Queila Ariadne e Rachel Botelho) e agências de comunicação (Admilson Resende, Denise Menezes e Rodrigo Mourão), que exemplificam esse relacionamento.. (Asadepapel, R$ 30)

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O Som da Revolução Rodrigo Merheb Jornalista mineiro faz um mapeamento histórico do Rock nos anos psicodélicos de 1965 a 1969 Escrito pelo crítico e diplomata Rodrigo Merheb, o livro aborda os principais embates estéticos e políticos de um dos grandes movimentos culturais contemporâneos. Em meio a um quadro de intensa turbulência social, as aventuras eletrificadas de ícones de várias gerações como Jimi Hendrix, Beatles, Rolling Stones, Bob Dylan, Pink Floyd, The Doors, Led Zeppelin, Eric Clapton e Velvet Underground se interligam numa narrativa envolvente que compõe um painel extenso e detalhado sobre a trilha sonora da contracultura. Rodrigo Merheb é pesquisador, oficial de chancelaria e jornalista. Foi colunista do jornal O Tempo, de Belo Horizonte, e vice-cônsul do Brasil em Chicago. (Civilização Brasileira, R$ 55,90)

Chicletes, Lambidinha e Outras Crônicas Ana Elisa Ribeiro Cronista da revista eletrônica Digestivo Cultural lança coletânea de textos autorais e divertidos Para comemorar os dez anos de sua coluna no site, a autora fez uma seleção das crônicas mais divertidas e acessadas em Chicletes, Lambidinha & outras crônicas, que sai pela editora Jovens Escribas, de Natal (RN), com ilustração de capa do quadrinista Guga Schultze. A coletânea apresenta 47 crônicas, em pouco mais de duzentas páginas de bom humor e sensibilidade. “Os textos são muito acessados na web, mas trazê-los para o livro impresso é, também, alcançar um outro tipo de leitor. Livros de crônicas são queridos, são guardados. Minha ideia é ser lida em situações descontraídas, nas férias, no avião, no ônibus, sem precisar de tomadas e baterias”, diz Ana Elisa. Autora de três livros de poesia (entre eles, Perversa, pela editora paulistana Ciência do Acidente) e de alguns livros técnicos da área de linguagem e tecnologia (o mais recente é Novas tecnologias para ler e escrever, pela RHJ), Ana está à vontade para transitar entre os gêneros e se prepara para mais uma coletânea de crônicas em 2013. É ler o Chicletes enquanto se espera pelo próximo volume. (Jovens Escribas, R$ 28)

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No Ar

A Rádio pública e a incrível tarefa de disputar espaço no mercado Você é um ouvinte de rádio que percorre o dial atrás do que mais combina com seu gosto? Se você respondeu sim, provavelmente já percebeu como as emissoras se parecem. Adriana Sydor As grandes redes têm sua parte de responsabilidade nessa massificação de operação. Como elas ocupam grande fatia do mercado, têm que encontrar um jeito de se comunicar com o maior número e o mais variado tipo de pessoas, usando o mínimo possível de recursos e profissionais. Claro! As grandes redes pensam no sustento e prosperidade de seus negócios, o que está certo, certíssimo – todo negócio tem que ser lucrativo! Por isso criam modelos que podem (?) ser repetidos pelo país todo e seus comunicadores conseguem falar tanto para quem trabalha no centro de São Paulo como para quem está no interior do Piauí. É uma linguagem e conteúdo únicos, que apesar de não ser de nenhum lugar, não choca, não causa um sentimento de estranhamento e acaba até soando familiar, entrando naturalmente nas casas, nos carros e em todos os outros lugares em que o rádio esteja ligado. Pois bem. Um pedaço do rádio é utilizado pelas redes de comunicação. E o outro? Por políticos, igrejas, empresários, governos, universidades e toda sorte de proprietário ou dirigente. E o que faz essa outra fatia do bolo? Como ocupa o mercado? Usando o modelo criado pelas grandes redes, cada uma em seu segmento. Imita-se voz, jeito, forma, conteúdo. O grande dita e o pequeno vai atrás.

Existe um fenômeno muito interessante nessa história toda que atinge diretamente muitos assuntos, mas que aqui, pinço a música como exemplo. Nas últimas décadas a MPB tem sido influenciada por dois movimentos distintos. Pode ser detectada uma invasão em rádios, auditórios, canais de TV e espetáculos de produções com baixo teor de qualidade, visando simplesmente os números de venda, tentando massificar a cultura musical brasileira. Em contrapartida, a cada ano, novos públicos, desinteressados por essa oferta, procuram movimentos alternativos em que a qualidade esteja em primeiro lugar. Estes dois movimentos – cujas causas profundas, apesar de tanta citação, eu resisto em discutir aqui – têm importância significativa sobre a vida cultural do país. É necessário, portanto, ações, canais que criem e ofertem ao público interessado possibilidades de acesso ao que de melhor existe na produção nacional. E é pensando nisso que a emissora pública e educativa do Paraná, hoje e-Paraná, montou sua grade de programação. Com o compromisso, vontade e força para se tornar uma referência na comunicação educativa nacional, a 97.1 FM (Curitiba/PR) vai ao ar todos os dias, exibindo uma grade que consegue desfilar bom gosto, responsabilidade, variedade e compromisso com a qualidade. Colocar no ar um conteúdo dessa variedade precisa de alguns pormenores que são enfrentados com criatividade para driblar limitações da estrutura e com a dedicação de jornalistas, músicos, maestros, compositores, produtores, profissionais de alta categoria que trabalham mais pela causa que pelo sustento. O outro desafio é se colocar no mercado de maneira expressiva. Se não houver atenção ao público final e os olhares ficarem para dentro da emissora, um trabalho que tem tão fina tapeçaria corre o risco de acabar circulando apenas entre os pares, se destinando aos músicos e produtores da cidade.

Adriana Sydor, da e-Paraná (Curitiba, 97.1): compromisso com a qualidade musical e o intercâmbio de conhecimentos

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Para sair para o mercado, encontrar público, comunicar com ouvintes, a e-Paraná tem encontrado soluções interessantes e resultados positivos. A marca da qualidade é o primeiro Pullsar - nº 04


aval para isso: uma pessoa conta pra outra, a notícia se espalha e a programação agradável e fácil acaba sendo espalhada de forma natural. Outra providência foi encontrar espaços em outras mídias para noticiar a grade de programação, os profissionais, o trabalho como um todo. Por se tratar de uma emissora pública, é de interesse geral de outras rádios, jornais, etc., saber e reportar o que está sendo feito com o dinheiro público nessa área. Por termos no quadro de colaboradores profissionais respeitados e que sempre estão envolvidos em outros projetos, eles conseguem se colocar em outros meios e acabam divulgando o trabalho dentro da rádio. Há o apoio da televisão e-Paraná, que faz parte do mesmo complexo; um acordo com alguns lugares, instituições e secretarias, que deixam seus espaços sonorizados em nossa sintonia. E, para coroar tudo isso, desde o ano passado, a rádio promove, mensalmente, encontros entre o público, músicos locais e a estrutura interna (apresentador, produtor, etc.) em programas de auditório, que a cada edição cresce e traz mais gente, mais ouvinte, mais público para a rádio. As fórmulas atingem, hoje em dia, quem já tem uma disposição para MPB, jazz, música erudita e todo o leque de variações que apresentamos (tango, música italiana, americana, francesa, literatura, poesia, etc.), agora, o desafio, o incrível desafio, é chegar até as pessoas que não têm o hábito desse tipo de consumo. O estudo atual se concentra em encontrar uma maneira de vestir o outro traje a que é destinada a rádio, o de cumprir, sem presunção, o papel educativo, atraindo e revelando para novos ouvintes essa programação pensada nos mínimos detalhes. A e-Paraná está aberta para o intercâmbio com outras rádios públicas, tem espaço e vontade de trocar figurinhas. Deixa a sua grade disponível para transmissão em outras emissoras e abre espaço para programas de outros lugares. A troca fortalece. ago/set 2012

Apresentações ao vivo fazem parte do cardápio da e-Paraná

Horário

Descritivo

06:00 às 18:00 (6/9h – 9/12h – 12/15h – 15/18h) de segunda à sexta-feira

Quatro programas (Boca de Hortelã, Café Requintado, Torresmo à Milanesa e Chiclete com Banana) servem de guarda-chuva para a rádio, oferecendo um cardápio variado de MPB, de alta qualidade e características próprias para cada horário.

18:00 às 19:00 de segunda à sexta-feira

O Jambalaia encerra as tardes do dial com jazz nacional e internacional.

20:00 às 22:00

Programas com repertório erudito se intercalam na grade, oferecendo variação e qualidade (Sacro e Profano, Grandes Ciclos da Música, Música da Atualidade, Audição Nacional, Falando de Música, Conversas com Norton e O Maestro Explica)

todos os dias

todos os dias, em programas de uma hora

40 programas diferentes se debruçam em estilos específicos, pesquisando e apresentando histórias, curiosidades e músicas de determinadas culturas e estilos, alguns: e-Instrumental, Klezmer, Va Pensiero, Poemoda, Night Club, Tangueria, Instrumental&Tal, Samba de Bamba, Cinemascope, Seresta Brasileira, Grandes Maestros e Suas Orquestras Maravilhosas, Venas Abiertas, Choro Vivo.

programetes durante toda a programação

As programações são recortadas com programetes e spots que dão colorido estético e informam, alguns: Romeu e Julieta – onde o popular e o clássico se encontram, Entre Aspas, 61 Segundos, Um Minutinho de História, Retratos da MPB, Quaquaraquaquá – o humor na música brasileira, Vinil no Ar.

segundo sábado de cada mês, 16:00 às 18:00

O Programa de Auditório tratando temáticas musicais ou grandes compositores da MPB a cada edição, proporciona um encontro entre ouvinte, emissora e artista.

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Perfil

Social Brasil, incubadora de artistas nacionais e internacionais Promover, ajudar, viabilizar, organizar, divulgar e por a mão na massa é a razão de ser da OTS Social Brasil. Em uma definição mais formal, podemos dizer que é uma Organização do Terceiro Setor, sem fins lucrativos, que visa contribuir para o desenvolvimento social, cultural e educacional dentro e fora do território brasileiro, promovendo cultura, assistência e ação social, educação, esporte, direitos humanos e preservação do meio ambiente através de iniciativas próprias ou em parceria com outras instituições. Lígia de Matos “Éramos originalmente uma associação voltada para ajudar artistas, músicos, e atores. Mas hoje, temos em nosso quadro mais de três mil associados em todo o país entre grafiteiros, diretores, produtores, jornalistas, biólogos, pedagogos, artesãos, atletas e diversos outros profissionais”, detalha Ângela Corrêa, Presidente da SB. Em 2008, ao lado de Madalena Ferreira, Ângela fundou a Social Brasil com objetivo inicial de ajudar cantores e bandas a realizar shows, viabilizar projetos e conseguir divulgar seus trabalhos. Hoje, a Social Brasil também ajuda na divulgação e captação de recursos para a produção de demos e até CDs. “Para realizar uma apresentação, por exemplo, um cantor precisa de CNPJ, de nota fiscal e de todo um aparato burocrático que a maioria nem nunca pensou em ter. É aí que nós entramos. A Social Brasil assume o compromisso, para que o artista possa fazer o que sabe de melhor: encantar seu público”, explica Angela. Segundo a presidente, os associados não precisam pagar mensalidades e/ ou anuidades para a OTS. “Eles repassam, a título de doação, uma pequena porcentagem do cachê; e é com esse recurso que é feita a manutenção da associação e a realização/viabilização de todos os projetos. Essas doações também estão abertas para os que desejam ajudar; precisamos fazer campa-

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nhas para melhor divulgar essa ação, já que, por lei, essas doações podem ser descontadas em imposto de renda e muitas pessoas não sabem dissol”.

Projetos e prêmios Em quatro anos de vida, a Social Brasil já realizou inúmeros shows, ajudou a lançar novos músicos e bandas, patrocinou atletas em suas diferentes modalidades de atuação, colaborou para campanhas ecológicas e criou cursos de aperfeiçoamento profissional (inglês, auto-maquiagem, violão, cavaquinho, canto coral, etiqueta social no trabalho etc). Um dos próximos a ser lançado é o curso de precificação, para ensinar os profissionais (de qualquer área) a cobrar por seus trabalhos. “Por incrível que pareça, eles não sabem fazer isso e pecam muitas vezes pela falta ou pelo excesso. Teve uma vez que aconselhamos um músico a rever seu cachê, ao descobrir que ele gastaria mais da metade do valor em transporte. Ou seja, ele quase pagou para trabalhar”, relembra. Hoje, a OTS patrocina dois atletas profissionais. Laerte Soares de Andrade, mais conhecido como Grilo, é corredor profissional e já ganhou diversas medalhas em competições pelo país. O outro é o campeão brasileiro de luta de braço (ou queda de braço), André Luiz de Borracha.

Na área de meio ambiente, alguns projetos em ainda estão em fase de desenvolvimento e outros já em execução, mas a Social Brasil já apoia, há mais de um ano, associados que realizam projetos sustentáveis como palestras educativas, programas de coleta seletiva e de reutilização de materiais. Agora em maio, a Social Brasil comemorou o primeiro lugar no 2º Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileiras com a exposição “Objeto / Oriki: Corpus e Habitus = Arte”, de autoria do artista plástico e curador Antônio Sérgio Moreira, também superintendente da Social Brasil. Ele ficou em primeiro lugar entre 400 inscritos e a realização foi do Centro de Apoio do Desenvolvimento Osvaldo dos Santos Neves (Cadon), em parceria com a Fundação Palmares e patrocínio da Petrobrás. Segundo Antônio Sérgio, a Social Brasil ainda possui diversas iniciativas na área educacional. “Celebramos contratos com aproximadamente 48 escolas estaduais e municipais da região metropolitana de Belo Horizonte. Temos parceria com a ONG Pedra Viva - que atende crianças de comunidades carentes – para que os professores deem aula de música, culinária, dança, informática e apoio aos estudos, após as aulas normais. A ideia é manter as crianças ocupadas em horário integral ao invés de ficarem nas ruas e se enPullsar - nº 04


Divulgação

Ângela Corrêa, da Social Brasil: parceiros de artistas na viabilização de projetos

volverem com o que não devem”, explica Antônio Sérgio. Para um futuro próximo, a Social Brasil planeja programas para melhor informar e divulgar seus trabalhos e incrementar o processo de captação de recursos. “Não posso adiantar detalhes, mas estamos desenhando plataformas internacionais na área de artes cênicas. A fase agora é de negociações”, segreda Antônio. Outra iniciativa é a abertura de filiais nas cidades do Rio de Janeiro e Recife, o que deve acontecer até 2013.

Artistas e parceiros Entre os artistas que a Social Brasil já apoiou estão Saulo Laranjeira e seu Programa Arrumação, o ator Carlos Faria, a cantora Dona Jandira, os ago/set 2012

cantores Pereira da Viola, Mamour Ba, Marcinho Nagô, Leci Strada, João Araújo e Tatto Costa e o bailarino e coreógrafo Rui Moreira, além de centenas de outros profissionais. A instituição também já articulou inúmeras parcerias com outras entidades como FIP – Fundação Israel Pinheiro, Casa FIAT de Cultura, Fundação Clóvis Salgado -Palácio das Artes, FCRCN – Fundação Centro de Referência da Cultura Negra, SESCs BH/MG/RJ/ SP, Oi Futuro, CEMIG, Colégio Loyola, MASP/SP, APPA, IBRAM –Instituto Brasileir de Museus, FUNDEP, Fundação Municipal de Cultura, Secretaria Estadual de Cultura, AMM –Associação Mineira de Municípios, Fundação Roberto Marinho, Associação Querubins, Instituto USICULTURA, Cria Cul-

tura, Veredas Produções, Jardim Produções, além de Prefeituras de Minas Gerais e outros Estados. Os interessados em conhecer um pouco mais sobre o trabalho desenvolvido pela Social Brasil podem acessar o site: www.socialbrasil.org.br ou pedir informações pelo: socialbrasil@socialbrasil.org ou telefone: (31) 3238-1900. O endereço do escritório é Avenida Afonso Pena, 867, salas 2212/2214 (edifício Acaiaca) – Centro – Belo Horizonte – Minas Gerais.

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Por onde anda Divulgação

Márcio Greyck A volta do eterno romântico Lígia de Matos “Não, eu não consigo acreditar no que aconteceu. É um sonho meu. Nada se acabou...Não, é impossível, não consigo viver sem você, volte e venha ver, tudo em mim mudou”. Quem tem coragem de dizer que não suspirou em algum momento, ao ouvir esse trecho inicial de um dos clássicos da MPB, cantado e recantado por diversos artistas? Amúsica Impossível acreditar que perdi você volta agora às paradas de sucesso, em uma nova versão, para a trilha sonora da novela “Cheias de Charme”. A música, todos conhecem, mas por onde anda seu autor, o cantor e compositor Márcio Greyck? A Pullsar fez uma pesquisa e descobriu que após um longo período, ele está de volta ao cenário musical brasileiro, ativo e feliz, rodando o país com o show “No Tempo, no Ar e no Coração”, ao lado do seu novo grupo – A Banda dos Corações Repletos de Sentimento Puro. Conversamos com Greyck sobre sua vida, carreira e a volta triunfal: Por onde você andava, Márcio Greyck? Depois de um hiato de quase 15 anos, por conta de uma forte desmotivação (hoje estou totalmente recuperado dela), estou em Belo Horizonte, onde resgato minha cidadania, após viver no Rio de Janeiro por quase 30 anos e também em São Paulo. Com minha nova banda, viajo pelo Brasil atenden-

do a convites para me apresentar em eventos diversos. Além dos shows, quais outros projetos você desenvolve? Estou também no elenco de um longa-metragem do diretor cearense Halder Gomes - “Cine Holliúdi”, filmado no Ceará, no qual faço uma participação especial e que deverá ser lançado no segundo semestre deste ano em todo o país. Hoje, possuo um pequeno home studio digital em minha casa, e é nele que eu tenho feito as minhas experiências com novas composições. Já tenho umas 30 prontas e pretendo lançá-las, ainda este ano, em um novo CD, juntamente com a edição de um livro que escrevi e que está em fase final de revisão, sobre a minha infância e juventude até os 18 anos. O título é: “O menino que eu fui...”

Saiba mais Para quem não se lembra, Márcio Greyck é dono de uma das carreiras de grande sucesso como cantor e compositor. Iniciou sua trajetória em 1967, quando gravou suas primeiras músicas, fez participações especiais em filmes e apresentou um programa na extinta TV Tupi – O Mundo é dos Jovens. Em 1970, quando gravou seu primeiro maior hit, “Impossível acreditar que

perdi você”, composta em parceria com o irmão Cobel, alcançou vendagem recorde de discos (mais de 500 mil cópias) e se manteve em primeiro lugar no topo das paradas de sucesso por mais de seis meses. Entre os artistas que regravaram a canção estão: Wilson Simonal, Rosana, Gilliard, Perla, Os Vips, João Mineiro e Marciano, Joelma, Agnaldo Rayol, Trio Esperança, Jerry Adriani, Fernando Mendes, Conjunto Lafaiete, Orquestra Caravelli da França e Fábio Jr. etc. Sua carreira ascendente continuou com “O mais importante é o verdadeiro amor”, também primeiro lugar em todas as paradas, o mesmo acontecendo com “O infinito”, “Quando me lembram você” e “Não sei onde te encontrar”. Em 1984, resolveu parar com tudo e só retomou a carreira no final da década de 90.

Antena 1 continua conquistando ouvintes Uma das empresas de radiodifusão mais inovadoras do país, a Antena 1 marcou a história da cultura radiofônica brasileira. Foi a primeira rede de emissoras FM do Brasil a operar de forma automática via satélite, transmitindo a mesma programação em “real time”, por 24 horas. Hoje, a empresa soma 20 emissoras espalhadas pelas principais capitais brasileiras, abrangendo cerca de 700 municípios. Faz também parte do

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Grupo a Radio Antenna Uno, de Roma, na Itália. Em Belo Horizonte a Antena 1 é a emissora com maior identificação junto ao público adulto da classe AB. Em 2012, a Antena 1 Belo Horizonte continua conquistando ouvintes, por meio de ações direcionadas, promoção dos grandes shows internacionais, com passagem por BH, e através da interação direta pelo perfil no twitter: twitter.com/antena1bh. Pullsar - nº 04


Programa Rumos Itaú Cultural completa 15 anos

Novos formatos de distribuição digital

Em 2012, o Programa Rumos Itaú Cultural completa 15 anos de apoio à produção artística e intelectual, durante os quais colaborou para o fomento e o desenvolvimento de centenas de obras e de artistas das mais variadas expressões e regiões do país. Nesse período, foram incentivados e divulgados os trabalhos de músicos, cineastas, escritores,coreógrafos, artistas plásticos, jornalistas e pesquisadores. Os produtos gerados pelo programa são distribuídos gratuitamente a instituições culturais e educacionais e disponibilizados para emissoras de TV e rádios. Com esse programa, realiza-se também um trabalho sistemático de mapeamento, fomento e difusão de talentos fora do eixo RJ-SP, para que se integrem ao circuito da indústria cultural, chegando a todos os públicos. O Rumos tem caráter contínuo e abrange várias áreas de expressão como Arte Cibernética e Artes Visuais, Cinema e Vídeo, Dança, Educação, Jornalismo Cultural, Literatura, Música e Pesquisa Acadêmica e Teatro. Sendo um programa aberto, o Itaú Cultural lança anualmente editais públicos para que artistas e pensadores de todoo país inscrevam seus projetos. As propostas são julgadas por comissões de profissionais independentes. Os selecionados recebem apoio para produzir suas obras e, ao final do ciclo, o Instituto se encarrega da difusão junto ao grande público e meios especializados. Até hoje, o programa já recebeu cerca de 24 mil inscrições e apoiou mais de mil trabalhos, levando as obras selecionadas a quase seis milhões de pessoas em todo o país. Esses trabalhos foram divulgados, ainda, por mais de mil emissoras de rádio e televisão parceiras. O investimento no Rumos em 2011 foi acima de R$ 8 milhões. Além disso, o programa emprega recursos para a produção e difusão destas obras, por meio de exposições, CDs, DVDs, espetáculose outros produtos. Os interessados podem obter mais informações no site: www.itaucultural.org.br

Dez anos depois do surgimento das primeiras lojas online nos EUA e Europa, o mercado continua em franca ascensão, oferecendo a cada momento novas possibilidades aos consumidores. Hoje, já existem mais de 500 sites especializados em música online oferecendo um catálogo com mais de 20 milhões de títulos. A Apple segue na frente com o lançamento do iTunes Match, que permite ao usuário o acesso a um vasto catálogo, reunindo várias companhias, ao preço de US$25 por ano. Outras grandes companhias não ficam muito atrás. A Google lançou, nos EUA a Google Music, para a plataforma Android. Ao contrário do que se pensava há alguns anos, a distribuição online não está privilegiando o single, em detrimento do álbum. A venda de álbum cresceu, nos últimos anos, chegando a 19% nos EUA e 27% na Inglaterra. Os fatores são vários: campanhas promocionais bem feitas, preço especial e material extra O sistema de assinaturas é outro formato que está se impondo no mercado. Estima-se que em 2011 houve um aumento de 65% no número de assinantes, ultrapassando 13 milhões de pessoas no mundo inteiro. O sistema de música por assinatura, que obteve aumento substancial principalmente na Suécia e na França, não é mais um “conceito abstrato”, como afirma Edgar Berger, da Sony Music. “Hoje os operadores do mercado sabem melhor como trabalhar e mostrar ao consumidor como ele pode se beneficiar com o sistema de assinatura”. “Subscribing to music used to be quite an abstract concept – but now it has become a practical concept. The mass market understands how it works and consumers see the huge benefits,” O sistema de música por assinatura oferece ao artista é à gravadora um modelo diferente de recuperação do investimento. Enquanto no sistema “a La Carte” um álbum ou faixa é comprado e baixado (o ouvinte torna-se “dono” da música), no sistema por assinatura, cada audição é computada e taxada. A longo prazo, o lucro do artista e da companhia tende a ser maior.

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Comemoração

Prêmio da Música Brasileira chega a sua 23º edição e homenageia João Bosco Cerimônia contou com a presença grandes nomes da MPB Divulgação

Helenice Pereira

A baiana Ivete Sangalo abraça o mineiro João Bosco, que comemora 40 anos de carreira

O cantor, compositor e violonista mineiro João Bosco, que acaba de lançar seu mais novo trabalho, “40 Anos Depois”, foi o homenageado do 23º Prêmio da Música Brasileira, evento que em todos os anos celebra o que é há de melhor na MPB com premiação em diversas categorias. O encontro aconteceu no dia 13 de junho, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Na festa apresentada pela atriz Luana Piovanni o rapper Criolo subiu ao palco três vezes para levantar seus troféus: revelação do ano, melhor álbum e cantor de hip hop. Alcione e Dori Caymmi venceram em duas categorias. Don Salvador, Mundo Livre S/A, Zimbo Trio, Hamilton de Hollanda foram outros vencedores. O tributo a João Bosco veio no momento em que o músico João lança “40 anos depois”, em CD e DVD. Gravado ao vivo no estúdio em fevereiro deste ano, o álbum apresenta

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releituras de algumas de suas composições e de canções de seus ídolos. A obra conta com a presença de outros ilustres da MPB como João Donato, Chico Buarque, Toninho Horta e Milton Nascimento. O título do álbum faz referência a data de lançamento do primeiro compacto simples lançado em 1972, como parte do jornal “O Pasquim”, que tinha João de um lado e Tom Jobim de outro. A música apresentada era “Agnus Dei”, que abre “40 anos Depois”. No mesmo ano Elis Regina gravava “Bala com bala”, que foi um grande sucesso. O Prêmio da Música Brasileira foi lançado em 1987 com a intenção de premiar artistas nacionais consagrados e incentivar novos talentos. Já teve o nome de Prêmio Sharp e Prêmio Tim de Música. O júri formado por 26 pessoas e composto por críticos, jornalistas e músicos tem a função de definir os selecionados e os três finalistas de cada categoria. Pullsar - nº 04


Os vencedores do 23º Prêmio da Música Brasileira ARRANJADOR

Grupo: Mundo Livre S/A / “Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa” Cantor: Criolo / “Nó na Orelha” Cantora: Marisa Monte / “O que Você quer Saber de Verdade”

Gilson Peranzzetta - álbum “Iluminado”, de Dominguinhos

REGIONAL

MELHOR CANÇÃO

Álbum: “Não Me Peçam Jamais Que Eu Dê De Graça Tudo Aquilo Que Eu Tenho Para Vender”, de Herbert Lucena.

“Sinhá”. Compositores: João Bosco e Chico Buarque. Intérpretes: Chico Buarque e João Bosco, em “Chico”

Produtores: Herbert Lucena e Alexandre Rasec

PROJETO VISUAL

Dupla: Kleuton e Karen / “Genuinamente Caipira”

Herbert Lucena - álbum “Não Me Peçam Jamais Que Eu Dê De Graça Tudo Aquilo Que Eu Tenho Para Vender”. Projeto: Evandro Borel

Grupo: Ponto Br / “Na Eira”

REVELAÇÃO Criolo CANÇÃO POPULAR Álbum: “Duas Faces - Jam Session” , de Alcione. Produtor: Alexandre Menezes

Cantor: Herbert Lucena / “Não Me Peçam Jamais Que Eu Dê De Graça Tudo Aquilo Que Eu Tenho Pra Vender” Cantora: Socorro Lira / “Lua Bonita - Zé do Norte 100 anos” SAMBA Álbum: “Nosso Samba Tá Na Rua”, de Beth Carvalho. Produtor: Rildo Hora

Dupla: Chitãozinho & Xororó / “Sinfônico 40 anos”

Grupo: Fundo de Quintal / “Nossa Verdade”

Grupo: Banda Calypso / “Meu Encanto Vol.16”

Cantor: Arlindo Cruz / “Batuques e Romances”

Cantor: Cauby Peixoto / “Cauby Ao Vivo – 60 Anos de Música”

Cantora: Fabiana Cozza / “Fabiana Cozza”

Cantora: Alcione / “Duas Faces – Jam Session”

ÁLBUNS ESPECIAIS

INSTRUMENTAL

DVD: Chitãozinho & Xororó - “Sinfônico 40 anos”.

Álbum: “The Art of Samba Jazz”, de Dom Salvador Sextet. Produtor: Dom Salvador

Diretor: Cassio Amarante

Solista: Hamilton de Holanda / “Brasilianos 3”

Produtores: Beto Callage e Carlos Badia

Grupo: Zimbo Trio / “Autoral”

Erudito: “Liszt: Harmonies Du Soir” - Nelson Freire.

MPB Álbum: “Poesia Musicada”, de Dori Caymmi. Produtor: Dori Caymmi

Língua estrangeira: “Goodnight Kiss” - Delicatessen.

Produtor: Dominic Fyfe Infantil: “Embolada” - Rita Rameh e Luiz Waack. Produtores: Luiz Waack e Rita Rameh

Grupo: Passo Torto / “Passo Torto”

Projeto especial: “O Samba Carioca de Wilson Baptista” Vários artistas.

Cantor: Dori Caymmi / “Poesia Musicada”

Produtor: Rodrigo Alzuguir

Cantora: Mônica Salmaso / “Alma Lírica Brasileira”

Eletrônico: “Lá Onde Eu Moro” - João Hermeto.

POP/ROCK/REGGAE/HIPHOP/FUNK Álbum: “Nó na Orelha”, de Criolo. Produtores: Marcelo Cabral e Daniel Ganjaman ago/set 2012

Produtor: João Hermeto E no Concurso Vale Cantar Noel, quem ganhou foi Thiago Miranda. Um novo talento revelado!

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Agenda

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01 - 42º Festival Nacional da Canção - FENAC 17 e 18 /08 - Pouso Alegre 24 e 25/08 - de agosto – Guapé 31/08 e 01/09 - Varginha 6, 7 e 8/09 – Boa Esperança www.festivalnacionaldacancao.com.br 03

02 - Ney Matogrosso 17 e 18/08 - Centro Universitário Senac - SP www2.uol.com.br/neymatogrosso

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03 - Maria Gadú 18/08 - Fundição Progresso - RJ www.mariagadu.com.br 04 - Alexandre Pires 19/08 - Distrito de Maragogipe Praça Pública São Roque do Paraguaçu - BA alexandrepires.uol.com.br

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05 - Elba Ramalho 23/08 - Sesc Palladium BH www.elbaramalho.com.br 05 06 - Raimundos

23/08 - São Paulo - SP www.raimundos.com.br 07 - Lulu Santos 24/08 - Teatro Castro Alves Salvador – BA www.lulusantos.com.br

08 - Paula Fernandes 24/08 - Chevrolet Hall 07 www.paulafernandes.com.br

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09 - Luan Santana 24/08 - Parque de Exposições Conselheiro Lafaiete – MG www.luansantana.com.br 10 - Jota Quest 25/08 - Mix Festival Marina da Glória - RJ www.jotaquest.com.br 11 - RPM 25/08 - Curitiba / PR www.rpm.art.br 11

12 - Banda Eva 25/08 - Arena Anhembi Axé Brasil São Paulo www.atrasdotrio.com.br 13 - Megadeth 5/09 – São Paulo/SP (Via Funchal) www.megadeth.com 14 - Gaby Amarantos 21/09 - Fortaleza – CE www.gabyamarantos.com

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Helenice Pereira Divulgação

A cultura do Continente Negro na obra de Antônio Sérgio Moreira

“Objeto oriki: corpus e habitus = arte” em João pessoa, no Museu Assis Chateaubriand, a partir de setembro

A ancestralidade, as heranças e valores culturais africanos, filtrados por um olhar contemporâneo definem a obra do artista plástico belo-horizontino Antônio Sérgio Moreira, que há mais de vinte anos pesquisa a cultura afro-brasileira e seus aspectos míticos-religiosos, como a religião Nagô e o culto aos orixás. O expressionismo oriundo do Continente Negro surge como a principal fonte de inspiração do artista, que considera sua obra uma arte provocante que extrapola fronteiras. “Sou cidadão do mundo, meu ateliê é um transatlântico”, afirma o artista, que atua também como curador. Em 2003 sua exposição Árvore da Memória, fez parte da segunda edição do FAN, Festival de Arte Negra, e foi instalada na antiga Casa do Conde, na capital mineira, onde hoje funcionam as atividades da Funarte. Através da obra Réplica e Rebeldia, Antônio realizou sua primeira mostra internacional coletiva, organizada pelo Instituto Camões de Portugal, ao lado de artistas de Angola, Moçambique e Cabo Verde. As obras foram exibidas na África, no MAM de Salvador e do Rio de Janeiro e no Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília.

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Com o tema “invocação aos Orixás”, o artista inaugurou em 2010 a instalação Objeto Oriki: corpus e habitus = arte, no Centro Cultural da UFMG. Posteriormente, a exposição seguiu para o Museu da Abolição da Cidade de Recife. Com curadoria de Raul Lody, antrópologo, pesquisador e curador da Fundação Pierre Verger, o trabalho lhe rendeu o II Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras –Edição 2011/2012. Em 2011 fez sua primeira mostra individual internacional em Paris intitulada “Le Roi et la Reine”. Para este ano está prevista a exposição virtual no site da Galerie Ricardo Fernandes de Paris e outra exposição individual em 2013 na mesma galeria. A música é outro aspecto importante que norteia sua obra. Em seu ateliê, localizado no bairro Venda Nova, zona norte de Belo Horizonte, além dos experimentos, pode-se ouvir muita música; negra principalmente. Das caixas de som ecoam músicas de Gilberto Gil, Baaba Mal, Seal, Ayo, samba e rap. Em setembro, o artista estará com a exposição “Objeto oriki: corpus e habitus = arte” em João Pessoa, no Museu Assis Chateaubriand da Universidade Estadual da Paraiba Pullsar - nº 04


SรกloaFarah BOSSA NOVA SAMBA MPB

Blog: http://saloafarah.zip.net Site oficial: www.saloafarah.com.br

ago/set 2012

Contato para Shows (21) 7876-0959 ID 88*5194 contato@capimlimaoproducoes.com.br 47 www.capimlimaoproducoes.com.br


Instrumental

Ricardo Herz divulga o CD “Aqui é Meu Lá”nos palcos brasileiros Violinista de carreira internacional, o paulista Ricardo Herz divulga atualmente pelos palcos brasileiros seu mais recente álbum, “Aqui é Meu Lá”. Assim como nos outros três CDs lançados por Ricardo, a reinvenção do violino fica em evidência. A técnica desenvolvida pelo violinista leva ao instrumento o resfolego da sanfona, o ronco da rabeca e as belas melodias do choro tradicional e moderno. Para completar, a influência de Dominguinhos, Luiz Gonzaga, Egberto Gismonti, Jacob do Bandolim, entre outros, resultam em uma mistura de ritmos brasileiros e africanos, com espaço, também, para a sua experiência musical de nove anos na França.

Graduado em violino erudito na Universidade de São Paulo (USP), com formação na Berklee College of Music (EUA) e na escola do francês Didier Lockwood, Ricardo Herz já apresentou-se na Holanda, Rússia, Israel e Dinamarca. Em 2004, ele foi vencedor do Prêmio Visa instrumental. Antes de “Aqui é o Meu Lá”, Ricardo Herz produziu “Violino Popular Brasileiro” (2004), “Brasil em 3 por 4” (2007) e “Ricardo Herz para Crianças,” (2009) Ale Gonçalves

O violinista passou por Belo Horizonte no final do mês passado, apresentando-se na série Domingo no Museu., acompanhado por Pedro Ito (bateria e percussão) e Michi Ruzitschka (violão 7 cordas).

Esse estilo original de experimentar as possiblidades sonoras do violino e a popularidade de gêneros musicais brasileiros é reconhecida por ícones da MPB. De acordo com Dominguinhos, Ricardo é um excelente músico,. “Tem um ‘molho’ único tocando violino no forró. Ele toca um instrumento fino, de música erudita brasileira, no forró, que poucos músicos com essa formação se aventuram em tocar”, afirmou.

Herz tem um ‘molho’ único tocando violino no forró, elogia o mestre Dominguinhos.

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Mercado

A Arte do Marketing Digital Grande parte dos fãs do Take That é formado por mulheres entre 30 e quarenta e poucos anos e de perfil mais conservador em relação à tecnologia. Tanto que à época de seu lançamento, o CD “The Circus” (2008), teve apenas 4% de suas vendas computadas aos canais digitais. Foi quando a Universal Music da Inglaterra percebeu que precisava atrair o público ao formato digital, segundo conta o Paul Smernicki, um dos diretores da empresa: “Sentimos, então, a necessidade de levar o público do Take That ao universo da internet”. A partir de um trabalho de divulgação inédito, feito em conjunto pela dupla e a gravadora, através das redes sociais e sites, as vendas digitais (downloads) passaram de 200 mil para mais de um milhão no álbum seguinte, “Progress”, lançado em 2010. O selo da banda, Polydor, criou um aplicativo que foi baixado por mais de 500 mil usuários. A estratégia de divulgação incluiu, entre outros itens, distribuição online de fotos exclusivas e mensagens antes do lançamento do álbum. Com isso, 20% da venda de “Progress” foram através de downloads. Mesmo em mercados onde a tecnologia digital ainda é incipiente, artistas e gravadoras estão investindo com criativida-

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de e inovação. A Sony Latin America lançou o Music Ticket + , uma dobradinha ingresso + download, que dá direito à entrada ao show e também a um código para baixar as músicas do artista. O cantor porto-riquenho Chayenne vendeu mais de 350 mil Music Ticket + em sua turnê latina, além de 25 mil cópias de seu álbum apenas no Brasil. Um número significativo num mercado devastado pela pirataria. Ao acessar o site, o consumidor é saudado pelo próprio Chayenne, que agradece e incentiva a compra de produtos oficiais. Por sua vez, a criação do Corona Music Channel, no México, beneficiou vários artistas e bandas, como Pearl Jam, que chegou a vender 25 mil cópias digitais antecipadamente.

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Mixando Notas Jorge Rivera

Show de Maria Rita em BH No dia 8 de abril, a cantora Maria Rita esteve no Parque das Mangabeiras, em Belo Horizonte, para a realização do show “Viva Elis”, com entrada franca. Foi uma tarde especial, em que ela encantou um público de oito mil pessoas com os sucessos da “Pimentinha”. Em um macacão branco coberto por uma capa transparente, ela se transformou em Elis ao usar e abusar da coreografia de braços que era marca registrada de sua mãe.

Guto Muniz

Pedro Mendes

A apresentação fez parte do projeto itinerante em homenagem a Elis Regina, criado e produzido pelo irmão João Marcelo Bôscoli. A turnê passou nas cidades de Porto Alegre, Belo Horizonte, São Paulo, Recife e Rio de Janeiro.

Grupo Galpão comemora 30 anos Em comemoração aos seus 30 anos, o Grupo Galpão remonta seu espetáculo mais conhecido, “Romeu & Julieta”, de William Shakespeare. A montagem mineira,

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que tem concepção e direção geral de Gabriel Villela, participou do FIT-2012 e foi apresentada nas principais cidades do país. Pullsar - nº 04


Nelson Simões

Festival Natura Musical reúne vários artistas em Belo Horizonte

André de Jesus

A capital mineira recebeu 30 artistas no Festival Natura Musical, que aconteceu no mês de junho, em três espaços da cidade: as praças JK e Duque de Caxias e no Expominas. A programação variada contou com a presença de Tartistas conhecidos e admirados como Tom Zé (foto), Seu Jorge, Vander Lee, Roberta Sá, Thiago Delegado e Flávio Renegado. A grande atração do festival foi a projeção holográfica de Gilberto Gil, que acaba de completar 70 anos. O cantor se apresentou no palco do Expominas.

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Susana Baca registra a força da África na música latino-americana Cantora peruana lança no Brasil seu 16º disco, “Afrodiaspora”, uma seleção de ritmos das três Américas que se unem através da raiz africana Forte e suave, leve e poderosa, carismática e divina. Esses adjetivos traduzem apenas uma parte do universo musical que é Susana Baca, cantora afro-peruana, compositora, mestra, pesquisadora. Além de tudo isso, ela possui uma voz que encanta ouvintes pelos quatros cantos do planeta. Ganhadora de um Grammy Latino, ela veio ao Brasil apresentar sua nova criação, o álbum “Afrodiaspora”, uma ode à africanidade dos países latino-americanos.

Para Susana, esse álbum é uma celebração da presença africana nas Américas. Em sua pesquisa, ela viajou para lugares muito pobres, esquecidos e negligenciados pelos governos. Há exclusão social, mas ao mesmo tempo uma grande força espiritual para expressar a presença africana. Em entrevista à Pullsar, Susana Baca deixa clara a paixão pelo que faz e pela importância da música. “Sou uma mulher de nosso tempo e a música tem raízes próprias em diversos países e lugares do mundo. Como em outras Jorge Rivera

“Afrodiaspora” é seu 16º álbum e traz uma seleção de gêneros musicais das Américas do Sul, Central e do Norte que se unem através da raiz africana, como a cumbia colombiana, o forró brasileiro, a plena de Porto Rico e o

guanguncó de Cuba. Neste trabalho, Baca fez uma homenagem aos ritmos que celebram a vida dos africanos, apesar de tanta dor e dificuldades, a partir de sua própria visão e experiência.

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Jorge Rivera

A cantora criou, no Peru, nos anos 90, um centro de formação musical

instâncias culturais, ela é universal. Em meu show, faço esta viagem musical por vários países, mas sempre mesclando esses ritmos e acordes com minhas raízes peruanas. Interpreto músicas populares de diferentes nações, mas sua razão de ser é a mesma em todas as pátrias. A música deve cumprir seu papel de unir e não de separar. Escuto muitas músicas e todas têm esse espírito, essa força valiosa que me transporta e me completa. A música é a música”, declara a cantora.

Negrocontinuo Na década de 90, a cantora criou no Peru o Instituto Negrocontinuo, um centro experimental para a música e a formação acadêmica de jovens sem recursos. “Já trabalhei com músicos das mais variadas procedências, muitos com estudos clássicos e acadêmicos e muitos autodidatas, que traziam a tradição familiar em suas raízes. O uso dessas linguagens tão diferentes, para sentir e desenvolver a música, me levou a fundar o Instituto, um lugar onde os populares poderiam se misturar aos acadêmicos e fazer essa troca tão rica e maravilhosa em prol do desenvolvimento ago/set 2012

da música peruana como um todo. Sou professora e sempre tive uma vocação para ensinar e aprender”. Hoje, o Negrocontinuo se tornou um espaço de investigação dirigido a muitos jovens artistas. Com o tempo, ele constituiu uma ampla biblioteca com acervo editorial, coleção discográfica e banco de imagens que tem servido de fonte de trabalho para novos músicos peruanos, estudiosos e investigadores locais, além de referência para pesquisadores de outras nacionalidades que o visitam. “A lista de artistas é enorme. De alguma forma, todos eles têm contribuído para divulgar, junto a outras comunidades, a música afro-peruana”, comenta Baca. Em sua apresentação, além da forma como Susana consegue envolver e encantar a plateia, surge também uma curiosidade: ela canta e dança descalça. “Eu faço isso porque sempre senti que os sapatos me prendem, me amarram. Agora (e sempre) preciso me sentir livre enquanto canto; a liberdade não usa sapatos. Não é uma superstição ou ritual, apenas um desejo de me sentir diretamente ligada à terra”.

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Cinema

Pedro Olivotto um Homem de Cinema Referência nacional no circuito cinematográfico, Pedro Olivotto é proprietário e programador do Cine Usiminas Belas Artes, o principal exibidor de filmes de arte de Belo Horizonte

Por que você vendeu o Belas Artes? E porque resolveu tomá-lo de volta? Estou presente na direção do Belas desde 1995. Tomei a atitude de vendê-lo por razões de ordem pessoal e física. Passava, em 2009, por um problema de saúde bastante sério e resolvi vendê-lo para tentar um tratamento radical, do qual, aliás, saí completamente curado.

O Belas Artes, hoje, é o único cinema de rua e que exibe filmes de repertório em BH. Quais os prós e contras dessa situação? É melhor ser o único, ou isto dificulta o seu trabalho? Não existem prós e contras. Tudo é um grande aumento de responsabilidade, cujo júbilo de ser o último representante e o peso de tentar dar vazão às produções criam um universo pessoal único: o de conviver com o serviço de utilidade pública e cultural e o prazer e a dificuldade de, às vezes, conseguir e outras de não concretizar essa função.

“Ir ao cinema é uma atitude social imorredoura, como ir aos templos”.

Resolvi lutar para retomá-lo em função do não cumprimento das obrigações do comprador e por ter finalmente compreendido que essa casa não pode pertencer a alguém que a veja apenas como projeto financeiro. Seu objetivo maior é o de ser útil, como intermediário da cultura cinematográfica e de realização existencial, pois não se trata de um simples cinema, mas de um patrimônio cultural da cidade de Belo Horizonte.

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Quais os critérios que você usa para elaborar sua programação?

Frequento anualmente os principais festivais internacionais, como Berlim, Cannes, Veneza e assisto, como regra geral, a todos os filmes antes de exibi-los.

ta, depois da explosão do áudiovisual. Todas as outras formas tendem a ser vistas, assistidas, como a literatura, a música e as artes plásticas, assim como a arquitetura e o design. Com o fechamento de salas de filmes ‘de arte’ em todo o Brasil, como está hoje este mercado específico? A produção e a distribuição desses filmes sofreram mudanças? Essa afirmação não é completamente verdadeira. Insisto que, na ausência de oferta, a demanda não pode ser definida. O Reserva Cultural em São Paulo é um cinema de rua, em plena avenida Paulista, tem as maiores taxas de ocupação do Brasil e sua programação é essencialmente de repertório. A quantidade de produções nessa seara cresceu muito em todo o mundo a ponto de fazer com que até o Oscar –maior prêmio do cinema puramente industrial - pre-

Divulgação

Nascido em Extrema, interior de Minas Gerais, Pedro OLivotto formou-se em odontologia, antes antes de se dedicar ao cinema. Mas, depois que se envolveu com a sétima arte, nunca mais dela se separou. De 1994 a 1999, foi sócio do Cineclube Unibanco Savassi e do Usina Unibanco de Cinema, dando assim início à carreira de exibidor. Em entrevista à Pullsar, Olivotto fala um pouco sobre sua paixão pelo cinema e sobre o mercado cinematográfico, local e internacional.

Hoje, em Belo Horizonte, teria lugar para mais salas de filmes ‘de arte’? Certamente que sim. Não se pode medir a demanda sem que exista a oferta e sei e sinto que, a cada dia, assim como cresce a cultura de massa (banalizada), cresce também a busca da qualidade pelo con hecimento e por tudo que existe fora do monopólio cultural. O cinema talvez seja a forma de expressão artística mais abrangente do plane-

Olivotto: uma vida dedicada ã sétima arte

Pullsar - nº 04


Divulgação

O Belas Artes é mais que um simples espaço de exibiçào, é um patrimônio cultural de Belo Horizonte, na opiniào de Pedro Olivotto

mie filmes de arte, como em sua última edição e, em consequência, a distribuição acompanhe esse movimento. Como você vê o futuro próximo do cinema? O 3D vai ser um formato popular? Você pretende instalar 3D em suas salas? Vejo o futuro do cinema, sem ao menos ser otimista, sorrindo, pois não se reinventa a roda. Assim como diziam que a TV iria fazer com que o rádio desaparecesse, o telefone com o telégrafo, a TV também com o cinema e depois o ago/set 2012

vídeo, a TV via cabo, o web livro com o livro impresso e um sem fim de promessas de mentes apocalípticas. O cinema continua a crescer no mundo todo, porque é a única forma sociabilizadora de se conhecer a vida, todas as vidas, todos os momentos, todos os lugares, todas as dimensões dos sentimentos, através da imagem. Ir ao cinema é uma atitude social imorredoura, como ir aos templos. Além do Belas, vocês está envolvido em algum outro trabalho ou projeto?

Sim, me considero um homem de cinema. Ele é, digamos, o amor da minha vida. Portanto, estou metido na produção de mostras, festivais, produção de um filme, roteiro e tudo aquilo que faz, como disse o Truffaut, o cinema melhor que a vida A partir de nossa próxima edição, Olivotto será articulista da Pullsar e trará aos nossos leitores o melhor do cinema, seus bastidores, lançamentos e peculiaridades. Aguardem!

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Bares e Restaurantes

Caribbean Disco Club

Imponente e deslumbrante, o Caribbean Disco Club é inspirado nas vibrantes baladas de Cancun e da Europa. Com capacidade para 1.500 pessoas. Rua das Acacias, 549, Vale do Sereno – Nova Lima/MG www.caribbeandiscoclub.com.br

Cultural Bar

Considerada uma das mais belas casas de eventos do país, o Cultural possui um espaço amplo e moderno, que conta com pista de dança, mezanino, deck, cinco bares, além da área de estacionamento, proporcionando assim uma noite com mais conforto e segurança. Av. Deusdedith Salgado, 3955 – Teixeiras / Juiz de Fora / MG www.culturalbar.com.br

Lapa 40º Graus

O estabelecimento traz para o público um ambiente de sinuca e gafieira com programação de shows e bar. Rua Riachuelo, 97 – Lapa – Rio de Janeiro/RJ www.lapa40graus.com.br

Nuth

IUma das boates mais badaladas da noite carioca, a Nuth atrai um público bastante variado e jovem em dois andares decorados e projetados pelos arquitetos Cláudio Bernardes e Paulo Jacobsen. Inaugurada há sete anos, a casa tem sua noites embaladas por muita música dançante. Av. Armando Lombardi 999 - Barra da Tijuca - Rio de Janeiro/ RJ www.nuth.com.br

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Rey Castro

Rio Rock & Blues

R. Ministro Jesuíno Cardoso, 181 - Vila Olímpia – São Paulo/SP www.reycastro.com.br

Rua Riachuelo, 20 – Centro – Rio de Janeiro/ RJ www.riorockebluesclub.com.br

Troppo

Scuna Bar

Com o slogan “sus noches más calientes”, o Rey Castro SP, localizado na Vila Olímpia, conta com programações repletas de música cubana, salsa, merengue e bolero para animar seu público

O Troppo se destaca na avenida Goiás, dadas as poucas opções de casas noturnas que priorizam a dança em São Caetano do Sul. Forró, samba e ritmos latinos animam a pista de dança. No local, o público pode fazer aulas de ritmos como salsa, merengue, samba-rock, entre outros. Av. Goiás, 1462 - São Caetano do Sul/ SP www.troppo.com.br

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Primeira casa do chamado “quarteirão do rock”, o Rio Rock and Blues Club vem como opção para aqueles que querem curtir muito jazz, rock e blues.

O Scuna Bar surgiu em 1994. O prédio histórico data de 1907 e foi sede do 1º Porto de Florianópolis. Ele sofreu várias reformas para hoje ser o que é: a casa noturna mais tradicional da Ilha. Rua Osvaldo Rodrigues Cabral, 1251- Beira Mar Norte – Centro - Florianópols/SC www. scunabar.com.br

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Revelação

Janaina Moreno Helenice Pereira

Musicalidade A cantora Janaina Moreno se autodenomina “humilde serva do samba”. Não é por acaso que sua musicalidade é baseada nas diversas vertentes do ritmo como a chula e o samba-canção: suas raízes sonoras vêm desde os folguedos e congados de Minas, com grande referência na cultura afro-brasileira. Mas o estilo versátil da artista inclui outros ritmos brasileiros, como o coco, o maracatu, o baião e canções do folclore nacional.

Repertório

Dona de excelente voz e carisma, Janaina Moreno leva aos palcos um show alegre e descontraído, um sincero convite à diversão. Com seu samba autêntico, a cantora vem conquistando cada vez mais os cariocas e se apresentando nas principais casas de samba da do Rio, cidade onde mora.

Resenha Janaina canta desde os sete anos, quando integrava um grupo infantil em sua cidade natal. Formou-se em teatro e venceu o concurso “Novos Bambas do Velho Samba” da casa noturna Carioca da Gema. Participou do documentário As batidas do samba e do show Panoramas da Lapa com outros artistas da atual cena do Rio. A cantora está trabalhando na produção de seu primeiro disco. Eny Miranda

O atual repertório de Janaina é baseado do show Festeira - “uma festa para os ritmos da música”. Nas suas apresentações ela interpreta composições próprias e músicas dos parceiros Makely Ka,Chico Saraiva e Beto Saroli entre outros. Homenagens a Itamar Assumpção, Ná Ozzetti, Chico Buarque e Cartola também fazem parte do seu set list.

Performance

Presença constante nas casas de samba do Rio, a cantora carioca está preparando seu disco de estreia

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Preparando artistas e bandas para o desenvolvimento de carreiras sustentáveis.

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Nosso trabalho objetiva aumentar o potencial lucrativo de cada artista, através dos diversos canais de comunicação para garantir sua máxima exposição e conquistar o seu público-alvo.

31 3032-9696 - www.nazamusic.com - contato@nazamusic.com ago/set 2012

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Guarani fm 96,5

Em sintonia com os mElhorEs artistas do brasil.

Samuel roSa

“Sou um ouvinte da Guarani. me identifico tanto com a proGramação da rádio, que àS vezeS parece que fui eu que eScolhi. novidadeS, cláSSicoS, tudo com muito bom GoSto. coiSa rara hoje na rádio braSileira. a Guarani paSSeia pelo que exiSte de melhor na múSica, razão pela qual conSeGue aGradar tanta Gente.”

Faça como o samuel rosa e sintonize na guarani Fm.

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@guaraniFm guarani.com.br

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