Balata: Natureza e cultura de Monte Alegre

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O trabalho era pesado, e ainda tinha

A saúde ficava por conta de Deus. Sempre

muita onça! Era perigoso também.

acontecia de morrer gente,

Tantas coisas que a gente lembra...

e a gente enterrava. Quando adoecia,

Você enxergava até onde a vista desse.

era para morrer mesmo, porque não

Lembranças bonitas! Não era como o

dava tempo de levar para a cidade.

campo não, o campo é uma coisa que o

Minha última expedição foi em 1977,

homem faz. Já aquela coisa linda lá...

não fui mais desde então. Hoje eu sou

(Manoel de Cristo, Luci, balateiro)

aposentado, mas não pela balata. (Manoel dos Santos, Duca)

A fama também abandonou os balateiros. Não havia mais o prestígio e nem as comemorações de outrora, que eram feitas nas partidas e chegadas de suas expedições. Apesar do serviço duro e da exploração do seu trabalho, a saudade do balatal apertava o coração de muitos extrativistas que ficaram longe da floresta.

Pouco a pouco, os balatais onde haviam passado tanto tempo de suas vidas se tornavam locais ainda mais distantes e até inacessíveis, conforme os anos se passavam e a idade avançava.

Trabalhei por 28 anos na balata e há 40 anos não vou a um balatal. (Juraci da Silva, Paçoca, balateiro)


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