O Cinema Brasileiro no Mundo

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Resultados de exportação das produtoras brasileiras

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O CINEMA

BRASILEIRO NO MUNDO

Cinema brasileiro teve grande desenvolvimento nos últimos anos e, agora, começa a se inserir no mercado internacional

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os últimos anos, o cinema brasileiro cresceu e demonstrou sua qualidade técnica e artística. Hoje, se consolida no mercado nacional e desponta no mercado externo. Há um aumento crescente de frequentadores nas salas de cinema no Brasil para assistir aos filmes nacionais - de aproximadamente nove milhões de pessoas em 2008, para 15,5 milhões em 2012. Ao mesmo tempo, filmes, diretores, produtores e técnicos brasileiros se destacam nas principais premiações do mundo. Uma evidência dessa nova fase do cinema brasileiro foi a presença de 175 representantes da indústria cinematográfica internacional no Les Pavillons de Bercy, em Paris, França, em setembro de 2012, no evento Momento Brasil. Produtores brasileiros participaram da ação de aproximação com distribuidores de filmes, agentes de vendas e representantes de alguns dos mais importantes festivais internacionais de cinema, sendo 150 franceses e 25 de outros países europeus. Eles são responsáveis pela inserção de filmes nos mercados de distribuição e de exibição.

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OPORTUNIDADES

Clique nos vídeos abaixo para assistir os depoimentos de participantes do evento Momento Brasil

Os avanços econômicos e sociais registrados no Brasil nos últimos anos levam a um ambiente favorável aos negócios em áreas distintas, com oportunidades que se abrem também para os segmentos da economia criativa, especialmente a indústria audiovisual. Leis de incentivos e novos mecanismos de apoio governamentais dão impulso à diversificação dessa indústria. Para o presidente da Apex-Brasil, Mauricio Borges, “incentivar a internacionalização do setor é uma forma de promover a cultura brasileira, divulgar a imagem do País e incentivar uma indústria que investe em tecnologia e geração de emprego”. Um dos principais desafios para a inserção internacional do cinema brasileiro é despertar o interesse dos distribuidores internacionais e agentes de vendas para que apresentem as produções brasileiras aos seus públicos. O cinema brasileiro, sem dúvida, está em desenvolvimento. Além dos diretores mais famosos, há muitos outros interessantes e que temos que observar de perto Marco Valerio Fusco, IntraMovies (Itália), empresa de agenciamento de vendas e distribuição de filmes

A evolução do cinema brasileiro é bastante óbvia. Tecnicamente, o Brasil já está perfeito. Está quase tudo pronto, precisamos trabalhar muito em cima de roteiro, e, acima de tudo, promover o nosso cinema, com muito orgulho David Schurmann, produtora Schurmann Film Company (Brasil)

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MOMENTO BRASIL O Momento Brasil é uma ação da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e do Programa Cinema do Brasil – parceria do Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo (SIAESP) com a Agência. A iniciativa inovadora tem por objetivo divulgar e consolidar o posicionamento da produção audiovisual brasileira e estimular a realização de negócios. A próxima edição será realizada durante o Festival de Cannes (França), em maio deste ano, e deverá proporcionar ao público do festival uma experiência brasileira que, além do cinema, terá também ações de promoção de outros setores, como alimentos, bebidas e moda. “Nosso objetivo é sensibilizar o público que trabalha com o cinema sobre a criatividade e o estilo de vida brasileiro, que estão refletidos não só no cinema, mas em uma série de produtos e serviços do país”, explica Vinícius Estrela, coordenador da Unidade de Imagem e Acesso a Mercados da Apex-Brasil.

O Momento Brasil contou com show de Jorge Benjor, que encantou e envolveu o público

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ENTREVISTA EXCLUSIVA COM FERNANDO MEIRELLES

Cineasta brasileiro reconhecido internacionalmente, diretor de filmes como Cidade de Deus (2002), O Jardineiro Fiel (2005) e Ensaio sobre a Cegueira (2008), fala sobre sua experiência no mercado internacional e os desafios e perspectivas para o cinema brasileiro. Para ele, coproduções e atrações de filmagens para o Brasil são um bom negócio, com grande potencial de crescimento. E o poder público, na opinião do cineasta, tem um importante papel ao promover acordos de cooperação com outros países.

Clique aqui para assistir à entrevista com o cineasta

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om foco na promoção comercial e de imagem setorial, o Programa Cinema do Brasil – parceria Apex-Brasil e SIAESP apoiada pelo Ministério das Relações Exteriores - contribui para os bons resultados do cinema brasileiro, tais como o aumento de 20%, desde 2006, do número de produções nacionais selecionadas nos festivais de Cannes (França), Berlim (Alemanha) e Veneza (Itália). As coproduções com empresas estrangeiras também deram um salto: de cinco filmes produzidos em 2005, para 20 filmes em 2011, de acordo com a Agência Nacional de Cinema (Ancine), vinculada ao Ministério da Cultura. Distribuidores e especialistas do setor apontam que uma das razões para a evolução da produção cinematográfica brasileira está no surgimento de talentosos profissionais, entre cineastas, produtores, atores, diretores, roteiristas e técnicos especializados na indústria do cinema. Além disso, o aprimoramento da técnica cinematográfica, a adoção de linguagem e temáticas universais, projetos cada vez mais competitivos e parcerias com produtores estrangeiros também contribuem para essa evolução. O produtor e diretor brasileiro, Fabiano Gullane, considera que a indústria brasileira de cinema já atingiu a maturidade necessária para o mercado internacional. “Temos projetos cada vez melhores e mais competitivos, e os produtores já têm mais compreensão de como funciona o mercado mundial”, diz.

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Nos últimos quatro anos, foram realizados 44 lançamentos de filmes brasileiros em 18 países, por meio do Prêmio de Apoio à Distribuição, uma das ações do programa Cinema do Brasil. Desde 2009, o Prêmio incentiva distribuidores estrangeiros na divulgação e promoção de filmes brasileiros nos mercados onde eles serão lançados. Entre os filmes exibidos recentemente no exterior, está o documentário Lixo Extraordinário, codirigido por Karen Harley, João Jardim e Lucy Walker e produzido por Fernando Meirelles, que chegou às salas de cinema dos Estados Unidos. Indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2011, ficou entre os cinco finalistas. O filme “Os famosos e os duendes da morte” (The Famous and the Death, em inglês), com direção de Esmir Filho, foi selecionado para participar de nove festivais internacionais e lançado em 2009 na França, em Portugal e no Japão, tendo sido o primeiro filme brasileiro apresentado ao público japonês depois de dez anos. Mauricio Borges, presidente da Apex-Brasil, avalia que “esta ação do Programa Cinema do Brasil, muito bem sucedida, confirma a importância de termos uma estratégia específica e bem direcionada para a internacionalização do setor”. “A procura pelo Prêmio de Apoio à Distribuição tem crescido a cada edição e muitos distribuidores já planejam lançar filmes brasileiros anualmente. Com isso,

o Brasil entrou no calendário dos distribuidores internacionais”, explica o cineasta André Sturm, presidente do SIAESP (Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo) e do Programa Cinema do Brasil. O diretor Fabiano Gullane enfatiza a necessidade de trabalhar cada vez mais a questão comercial. “É preciso agregar valor ao filme brasileiro para que ele seja comprado lá fora. O Prêmio de Apoio à Distribuição vai exatamente nesta direção”, comenta.

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Novas ações A aproximação com distribuidores e agentes de vendas é uma abordagem recente e determinante para a inserção internacional do cinema brasileiro, pois são eles os responsáveis por colocar os filmes nos mercados de distribuição e exibição. Com esse objetivo, duas novas ações do Programa Cinema do Brasil foram anunciadas durante o evento Momento Brasil, em Paris, em setembro de 2012.

Nos últimos anos, percebemos uma grande energia vinda do Brasil no campo do cinema e há muitos filmes bons sendo lançados agora. Para nós, é importante termos contato com as pessoas e nos aproximarmos mais da indústria brasileira do cinema Rémi Bonhomme, Organizador da

Semana da Crítica, do Festival de Cannes (França)

Outra iniciativa é o apoio aos agentes de vendas que tenham filmes brasileiros na seleção oficial dos principais festivais internacionais em 2013. O objetivo é contribuir para a consolidação da carreira internacional dos filmes das produtoras associadas ao projeto, em função da visibilidade nesses festivais.

Resultados

Os famosos e os duendes da morte

A Copa dos Distribuidores visa capitalizar a realização da Copa do Mundo FIFA 2014 no Brasil, trazendo ao país distribuidores estrangeiros que já tenham inserido filmes brasileiros no mercado internacional para participar de agendas de negócios durante esse grande evento mundial.

Com resultados expressivos para a internacionalização do setor, o Programa Cinema do Brasil promove, além do incentivo à coprodução e à distribuição, a vinda de formadores de opinião e compradores estrangeiros ao país, bem como a participação nas principais feiras internacionais e ações de capacitação. Entre janeiro de 2010 e dezembro de 2012, as empresas participantes fecharam negócios superiores a US$ 140 milhões.

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Clique aqui para ver mais trailers de filmes produzidos em 2012

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No Brasil, as oportunidades se abrem para os segmentos da economia criativa, especialmente a indústria audiovisual. No mercado internacional, o cinema brasileiro atrai a atenção de públicos específicos, concorrendo principalmente com países latino-americanos e europeus, cujas produções são referência no cenário mundial. Um dos principais desafios é despertar o interesse dos distribuidores internacionais e agentes de vendas para que apresentem as produções brasileiras aos seus públicos. Entre os fatores que atestam a evolução do cinema brasileiro estão o aprimoramento da técnica cinematográfica, hoje

equiparada às melhores do mundo, a produção de filmes com temas universais, além de iniciativas diversificadas para a promoção dos filmes no exterior. “As temáticas dos filmes brasileiros estão cada vez mais diversificadas. O esforço é para aumentar o número de produções, assim como ter roteiros que possibilitem transformar boas histórias em filmes interessantes e atrativos”, comenta Christiano Braga, gestor do Programa Cinema do Brasil, na Apex-Brasil. Ele pontua que “atualmente, as produtoras já se preocupam com a carreira específica do seu filme no exterior”.

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s coproduções internacionais são instrumentos importantes para o desenvolvimento da indústria cinematográfica e para a internacionalização das produções nacionais. Os filmes coproduzidos têm acesso aos benefícios públicos oferecidos pelos países parceiros e mais facilidade para trabalhar a distribuição naqueles mercados. O intercâmbio profissional e cultural entre os produtores e, também, entre os públicos, é outro aspecto positivo das coproduções.

Acordos com outros países O Brasil participa de 11 acordos internacionais para facilitar a realização de coproduções. Os acordos garantem ao produtor estrangeiro acesso aos mesmos benefícios concedidos aos produtores do país parceiro. No Brasil, eles são realizados pelo Ministério da Cultura, por meio da Ancine - Agência Nacional do Cinema, e pelo Ministério das Relações Exteriores. Há acordos vigentes com a Argentina, Canadá, Chile, França, Índia, Itália, Alemanha, Espanha, Portugal, Venezuela e Colômbia. Em setembro de 2012 foi assinado um acordo com o Reino Unido, que agora aguarda ratificação do Congresso Nacional. Outros três acordos, com China, Israel e Rússia, estão em fase de negociações.

Clique aqui e conheça algumas coproduções recentes

O Brasil também é signatário de tratados multilaterais, como o Tratado Ibero-Americano de Cinema e da Integração e o Acordo Latino-Americano de Coprodução Cinematográfica, dos quais participam a Argentina, Cuba, México, Venezuela, Colômbia, Equador, Nicarágua, Peru e República Dominicana. O Brasil integra, ainda, o Programa Ibermedia, financiado por 18 países por meio de cotas anuais pagas à Conferência de Autoridades Cinematográficas Ibero-americanas (CACI), organismo multilateral que mantém quatro programas de apoio à produção audiovisual nos países signatários: Apoio à Coprodução de Filmes Ibero-americanos; Apoio à Distribuição e Acesso a Mercados; Desenvolvimento de Projetos de Cinema e Televisão Ibero-americanos; e Apoio ao Programa de Formação de Profissionais da Indústria Audiovisual Ibero-americana.

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Apex-Brasil, em parceria com o SIAESP e com o Núcleo de Estudos em Indústria, Tecnologia e Economia Internacional (NETIT) da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), realizou uma pesquisa com produtoras participantes do programa Cinema do Brasil, sobre a internacionalização dessas empresas. A pesquisa aponta um grande interesse das produtoras pela inserção no mercado internacional. Dentre as 65 empresas entrevistadas, 35 delas (54%) afirmam ter um plano estratégico geral de posicionamento internacional. Ao mesmo tempo, 50 empresas (77%) possuem este tipo de planejamento especificamente para um filme ou projeto que executa. Os resultados de exportação têm sido bastante positivos. Em 2011, mais da metade (55%) das empresas entrevistadas exportaram algum filme. Dentre as que não exportaram, a maioria informou que está com projetos em andamento ou em fase de finalização e início da comercialização (em 2012 e, portanto, fora do escopo da pesquisa). Quanto à realização de coproduções, dentre as 65 empresas entrevistadas, 30 delas (46%) fizeram parcerias entre os anos de 2010 e 2011. Dentre os países com os quais mais se firmaram parcerias, seja por meio de coproduções ou por licenciamento de projetos prontos, destacam-se: Argentina, França, Espanha, Estados Unidos, Colômbia e Portugal.

Desafios A pesquisa também buscou avaliar quais são os principais desafios no processo de inserção no mercado internacional. O desconhecimento sobre os mercados, a falta de apelo internacional dos filmes brasileiros e a burocracia foram apontados pelas produtoras como maiores entraves - com 16%, 15% e 15%, respectivamente. Os itens “desconhecimento da produtora internacionalmente” e “dificuldade de acesso a canais de distribuição no exterior” foram apontados em 9% das respostas.

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