Livro Uma Graça que Poucos Desejam - Caio Fábio

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critério último para nortear a visão econômica dos crentes, da igreja e da sociedade como um todo: Quem precisa de mais pode ter mais, Mas não de-mais; Quem necessita de menos pode ter menos, Mas não de-menos. Se assim pensássemos, outra seria a fisionomia social da igreja, outra seria nossa influência na sociedade, e outra seria a situação das missões no Brasil e no mundo.

Não adianta que essas verdades estejam escritas na bíblia. Elas precisam ser encarnadas num projeto histórico concreto o mais rapidamente possível. E o lugar onde isso precisa começar a ser vivenciado é na igreja. Desse modo a igreja será a sociedade alternativa e não a sociedade paralela àquela maior e circundante, e a qual Deus só se refere como injustiça.

NONO PRINCÍPIO As contribuições para a obra de Deus devem ser criteriosamente administradas e abertas a auditorias cristãs.

Você deve ter notado que no oitavo princípio nossa reflexão saiu do âmbito estritamente eclesiástico e açambarcou o que nós poderíamos chamar “rápidas considerações sobre a filosofia da política econômica do Reino de Deus”. Talvez – apesar de termos sido exíguos e excessivamente simples – alguns tenham achado que saímos muito de nossa proposição inicial. É possível que sim. No entanto, creio que só estaremos aptos para entender certas realidades específicas, com seus mecanismos peculiares e aparentemente não necessitados de explicações, se tivermos compreendido alguns aspectos gerais e mais amplos de uma realidade maior, que tanto introjeta pequenas maquetes suas nas pequenas sociedades (no nosso caso, a igreja é a pequena sociedade), quanto realimenta sua própria mega-estrutura da micro-instrutura sobre a qual ela influi. Trocando em miúdos: vale estudar a sociedade secular e seus fenômenos (sociologia), por que ela muitas vezes (infelizmente) tem delineado o perfil sociológico da igreja. Isso é parte do que o Novo Testamento chama de “mundanismo”. Além disso, a igreja quando se torna um pequeno modelo interno, tanto econômica, quanto social e administrativamente falando do mundo que acerca, passa a alimentar – juntamente com dezenas de outras pequenas sociedades – o monstro da injustiça que cruelmente tira sua energia dessas milhares de células sociais diminutas. Isto posto e explicado, voltemos às considerações específicas a respeito do nosso tema propriamente dito: As contribuições para a obra de Deus devem ser criteriosamente administradas, e abertas a auditorias cristãs. A preocupação de Paulo com este aspecto do processo da contribuição é simplesmente extraordinária. Ele diz que Tito estava incumbido de levar a oferta dos macedônios à Judéia (II Cor. 8:16-18), como também de apanhar a oferta dos coríntios (II Cor. 9:2-5) e dar a ela o mesmo justo destino. Todavia, ao afirmar isso, nos faz uma das mais belas lições sobre a cautela de um homem de Deus na administração dos recursos da obra do Senhor: “E com ele (Tito) enviamos o irmão cujo louvor no evangelho está espalhado por todas as igrejas. E não só isso, mas foi também eleito pelas igrejas pra ser nosso companheiro no desempenho desta graça ministrada por nós, para a glória do próprio Senhor, e para mostrar a nossa boa vontade;


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