Revista Arc Design - edição 77

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Foto cedida pela Fiemg

Eles estão em casa, na praça, no metrô, no consultório do dentista... Diferentes tipos de assento fazem parte da vida dos indivíduos. Tanto que, baseado em uma pesquisa desenvolvida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o curador e designer Sérgio Lourenço concebeu a mostra 1 Pessoa 10 Cadeiras, paralela à IV Bienal Brasileira de Design. “Há ao menos 10 assentos disponíveis para as pessoas em seu dia a dia”, explica ele, que é Superintendente de Desenvolvimento Empresarial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). A exposição foi realizada entre 4 e 23 de outubro de 2012, na Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte, estruturada em dez áreas expositivas. Durante o período, houve também, no local, palestras e mesas-redondas. O objetivo, segundo o curador, foi incentivar a discussão acerca da importância do mobiliário na sociedade. Da parte ao todo, usou-se a cadeira – mais emblemática peça de mobiliário, para não dizer do design em geral – como elemento-chave para refletir sobre a produção de móveis. O primeiro espaço, denominado Linha do Tempo, apresentou a evolução social no século 20 e, consequentemente, das cadeiras, apontando sua transformação quanto a materiais, formas e estilos. Essa parte da exposição foi produzida em parceria com a Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), por meio do Laboratório de Design Gráfico. Teve coordenação de Mariana Misk e curadoria de Giselle Hissa Safar, além da participação do professor convidado Alencar Ferreira e do aluno Fernando Dias. Com o mesmo título da mostra, a área 1 Pessoa 10 Cadeiras proporcionou a interação do público com 170 cadeiras, poltronas e bancos de tipos variados – como os de mobiliário urbano, de cinema e avião, peças típicas de parques de diversões e exemplares do passado. Ao “experimentar” os assentos, o público percebeu, por exemplo, diferentes relações ergonômicas e de bem-estar. Também houve manifestações emocionais. “Uma visitante ficou comovida ao identificar uma peça igual a que existia na casa de sua avó”, conta o curador.

Consumo e atualidade Da Madeira à Cadeira foi o terceiro campo, desenvolvido pelo SENAI e pelo Centro de Desenvolvimento Tecnológico da Madeira e do Mobiliário (CEDETEM). Peças produzidas por alunos dessa unidade do SENAI juntavam-se a painéis com informações sobre a mesma, além da marcenaria. Integrada ao local, estava a apresentação da pesquisa referente ao consumo de mobiliário pela classe C brasileira, desenvolvida pela rede SENAI, que gerou o livro Biomas do Consumo – Referenciais do Mobiliário, editado pela entidade.

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Acima, espaço Linha do Tempo, com a cronologia da sociedade e do mobiliário do século 20. Na pág. ao lado, cadeira Amor Próprio, assinada pelo designer Geraldo Coelho, exposta no setor Intervenção Artística Above, Timeline space featuring the chronology of the 20th century society and furniture. On the opposite page, Amor Próprio chair, designed by Geraldo Coelho, exhibited in the Artistic Intervention sector

O Mobiliário Atual também fazia parte da mostra. O arquiteto Cioli Stancioli expôs móveis que representam a produção atual de 13 empresas, caso de Giroflex-Forma, Prima Linea e Móveis Brum. Além disso, abordou-se a inovação dos assentos na área Novos Conceitos, dividida em três segmentos: propostas da indústria que incorporam sustentabilidade, acessibilidade e trabalho social; novidades apresentadas por designers brasileiros; e a exibição de produtos da empresa portuguesa Corque Design, ponto alto da mostra. Sua proposta recupera o uso da cortiça no mobiliário e tem à frente a designer Ana Mestre. Seus produtos revelam acabamento impecável, além de design original e peculiar em um viés sustentável. “Há outra questão bastante atual, que é o relacionamento entre arte e design: o que é o designer e o que é o artista”, comenta Lourenço. “Por isso, criamos o espaço Intervenção Artística”. Para compô-lo, 29 cadeiras idênticas, de um modelo básico de madeira lixada, foram destinadas a 29 artistas, como grafiteiros, escultores e designers de moda. Cada qual deu sua identidade à peça, em intervenções que exploravam abordagens diversas, da semântica à funcional.


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