Revista ARC DESIGN Edição 27

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Maria Helena Estrada

A Região do Rio São Francisco, no trecho que divide os Estados de Alagoas e Sergipe, próximo à Hidrelétrica de Paulo Afonso, tem um nome acolhedor – Xingó. E nesta região o rio preguiçoso vai plantando povoados de um lado e outro de sua margem. Mas é do lado de Alagoas que se encontram as bordadeiras e rendeiras, que conservam intacta uma tradição vinda com a colonização, ou melhor, com os colégios de freiras que educavam moças da sociedade para as prendas domésticas – entre elas, o bordado. Esta, de acordo com Lia Mônica Rossi, designer e engenheira de produção dedicada à pesquisa da tradição do bordado no Brasil, é a origem das comunidades de bordadeiras e rendeiras do Norte e Nordeste brasileiros, que não é tão antiga quanto se poderia pensar. “As comunidades dedicadas ao bordado e à renda não têm mais do que meio século”, afirma a designer, embora na verdade não se saiba com certeza quando as populações ribeirinhas e do litoral nordestino começaram a exercer essa atividade de forma continuada. “As nossas rendas vieram de Portugal, que as recebera de Flandres, da França e da Itália, centros já notáveis desde meados e fins do século XV.

Na pá gi na ao lado, bor da dei ra de En tre mon tes com bas ti dor. No alto, da esquerda para a direita: a Casa do Bordado de Entremontes; vista da cidade com a igreja e, ao fundo, o Rio São Francisco. Acima, Cabeça de Frade, cac tus da região, do qual se faz o famoso doce de Piranhas. À direita, detalhe de toalha com pontos típicos do redendê, corruptela de renda de dedo, ponto nórdico com mais de 500 anos, denominado originalmente hardanger


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