I SALONI 2015 SALONE UFFICCIO
“D
esign after Design” é o título da mostra na Trienal de Milão, que inaugurará o Salão 2016. Nada mais coerente com este artigo. No universo do que se convencionou chamar “design”, o grande espetáculo, a parte final do show, é a razão pela qual hoje 450 mil pessoas se acotovelam durante uma semana para ver tudo, ver mais. Em 1954, ano do primeiro Salão, foram mil visitantes. Exemplo do orgulho italiano na conservação desse patrimônio? Uma grande empresa do setor de luminárias acaba de ser vendida, mas seus proprietários só o fizeram quando encontraram uma empresa, também italiana, para comprá-la. “Somos gazelas seguidas por leões”, comenta Roberto Snaidero, presidente do I Saloni 2015, “não podemos afrouxar o passo”. ARC DESIGN inicia sua visita ao I Saloni 2015 pela mais visível das portas – e pela mão, ou “cabeça”, do arquiteto e designer Michelle De Lucchi, o cidadão de longas barbas (para não ser confundido com o irmão gêmeo, segundo ele). De Lucchi, que afirma no livreto sobre o Salone Ufficcio 2015, La Passeggiata, que “é preciso ficar de pé, caminhar e pensar. Não é necessário saber a meta, talvez seja melhor mover-se sem objetivo: é necessário perder-se para descobrir alguma coisa nova (...) Flanar pelos estreitos caminhos da inovação é o que anima todos os Silicon Valley do mundo”. De Lucchi começou sua carreira de grande visibilidade na Memphis, com a cadeira First (1983), e é o autor da famosíssima – até hoje – luminária Tolomeu, prêmio Compasso d‘Oro 1985. Ele é da geração de designers que se dispunham a derrubar o estabelecido e instaurar o novo. La Passeggiata expõe um dos recorrentes temas do design, mola propulsora para seu avanço: o projeto filosófico, algumas vezes ancorado nas artes, outras na tecnologia e, sempre, uma “pré-visão” do futuro; neste caso, o do trabalho. O movimento leva a uma mudança, explica De 24
Em sentido horário: vista parcial do Salone Ufficcio; planta do pavilhão; Michele De Lucchi
“
Caminhar para pensar. Pensar para melhorar. Melhorar para mudar. De Lucchi
Lucchi, exemplificando sua teoria com a frase “Caminhar para pensar. Pensar para melhorar. Melhorar para mudar”. O instrumento eficaz para operar mudanças? A pesquisa e uso de
”
novos materiais, que levam a novas tecnologias de produção e, possivelmente, a novas formas – tudo sem esquecer os preceitos da boa qualidade ambiental e dos serviços que o design deve prestar.