Princípios, Volume 09, Números 11-12

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parte." 52 0 mesmo deve ser dito em relacao a essa suposta "razao suprema": "gracas a essa analogi a, resta urn conceito de ser supremo suficientemente determinado para nos", isto e, determinado "relativamente ao mundo e, por conseguinte, a nos, e nada mais nos e necessario." Os "ataques de Hume" aos raciocinios ampliativos se desvanecem a medida que se retira 0 "antropomorfismo objetivo [dogmatico] do conceito do ser supremo.v'? Assim, 0 ponto crucial da replica de Kant atinge igualmente a Filo e a Cleantes; diz respeito ao "rnetodo de raciocinio" que ambos compartilham, a "analogia". Para Kant, a analogia nao estabelece apenas uma "semelhanca imperfeita entre duas coisas, mas uma sernelhanca perfeita de duas relacoes entre coisas inteiramente dissemelhantes. "54 Assim entendida, a analogia nos permite supor que "a causalidade da causa suprema e, em relacao ao mundo, 0 que a razao humana e relativamente as suas obras de arte.?" o traco mais caracteristico das analogias teleologicas kantianas e que elas dizem respeito exclusivamente as relacoes e nao as qualidades dos seres envolvidos nesse tipo de raciocinio." Relacoes pressupoem totali dade dinamicas, isto e, que os relata sejam possiveis como tais em virtude da propria relacao. Nao se pode, entao, pensar a "existencia" de cada uma das partes de uma relacao sem pensar antes a propria relacao como urn todo: a casa nao pode ser representada sem 0 arquiteto, nem esse sem aquela. Mas, quando se trata de relacoes que nenhum dos nossos conceitos possa representar como objetivas, 0 que nos resta para distingui足 las de meras criacoes arbitrarias da imaginacao? Em particular, esse e 0 caso da propria relacao que Kant pretende estabclecer entre 0 mundo e a sua conformidade a fins: conhecemos as obras de arte e os designios humanos dos quais elas resultam, mas nao temos nenhum conceito empiricamente determinado da totalidade do mundo nem de urn designio que seja suficiente para a sua producao, Recorrer a experiencia e aos seus "metodos de raciocinio" para suprir essa necessidade e incorrer em peticao de principio, pois a totalidade que se busca ea unica capaz de conferir aos dados da experiencia 0 estatuto de partes e, portanto, deve ter

Principios

UFRN

Natal

v.9

n2>. 11-12

p. 145-178 Jan.lDez.2002


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