Boletim Informativo da Campanha de Mobilização pela Recuperação do Rio Doce
OS COMITÊS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE
LUTAM PELA RECUPER AÇÃO DO N OSSO RIO!
Cenário de destruição: o que restou de Bento Rodrigues após o rompimento da barragem de Fundão
Uma tragédia, várias histórias
a serem reescritas
O rompimento da barragem de Fundão, em novembro de 2015, devastou rios e povoados e arrastou consigo sonhos e esperanças de centenas de pessoas. Quem visita Bento Rodrigues (a 35 km de Mariana) tem a impressão de estar em um cenário de guerra. Zezinho do Bento, morador de Bento Rodrigues há 32 anos, lembra que a maior parte dos habitantes assistiu à chegada da lama das partes altas do vilarejo. Após a passagem da enxurrada, 17 pessoas morreram e duas permanecem desaparecidas. “Essa é uma perda que nunca vamos superar, mas conseguimos salvar dezenas de pessoas que estavam flutuando na lama”, conta. Para Benedito dos Santos, antigo morador, o reencontro com amigos tem um gosto amargo: “Você sabe no que todo mundo está pensando. Que perdemos tudo”. A tragédia trouxe, ainda, outras consequências. “O comércio de Mariana sentiu o impacto. Empregados da Samarco estão inseguros, por não terem ideia de como ficará seu futuro”, comenta o prefeito Duarte Júnior, que complementa: “Vamos tentar reescrever essa história para que não sejamos mais tão dependentes da mineração”.
O futuro do Doce passa pelos afluentes Leonardo Deptulski, presidente do CBH-Doce
Carlos Eduardo Silva. presidente do CBH-Piranga
Celeste Stoco, presidente do CBH-Pontões e Lagoas
A fim de garantir o acesso a informações corretas, desde o dia da tragédia, os Comitês trabalharam na articulação com órgãos oficiais e especialistas para auxiliar na agilidade da divulgação de dados, além da utilização dos canais próprios de comunicação (sites e Facebook) para retransmissão dos conteúdos. Após o período inicial, o dimensionamento do desastre deixou clara a necessidade da realização de ações de curto, médio e longo prazos para a recuperação da bacia. “A calha do Rio Doce precisa de reparações nos locais em que a lama passou, e é necessário aumentar o fluxo de água limpa que chega ao Doce”, avalia Leonardo Deptulski, presidente do CBH-Doce. O presidente do CBH-Piranga, Carlos Eduardo Silva, explica que o acidente transformou o nascedouro do Rio Doce. “No alto da bacia [junção dos rios Gualaxo do Sul, do Norte, do Carmo e Piranga, formando o Doce] observa-se a devastação causada pelo rompimento da barragem, com destruição da mata ciliar e de algumas nascentes. Nesse cenário, os tributos são importantes para a revitalização da bacia”. Felipe Benício, presidente do CBH-Santo Antônio, aponta: “Qualquer ação para recuperar o Rio Doce tem que passar primeiro pela revitalização dos afluentes”. Para os Comitês, é imperativo pensar a bacia como uma integração entre os rios. “O Comitê está lutando para implantar ações que tenham impacto positivo na recuperação do Doce”, pondera Ronevon Huebra, presidente do CBH-Caratinga. Celeste Stoco, presidente do CBH-Pontões e Lagoas, concorda que o maior desafio é manter a perenidade do rio: “Os afluentes também servem de berçário para espécies da fauna e da flora que foram perdidas com a onda de lama. Assim, poderemos manter o rio vivo”.
Dolores Colle presidente do CBH-Barra Seca e Foz do Rio Doce
Felipe Benício, presidente do CBH-Santo Antônio
Ronevon Huebra, presidente do CBH-Caratinga
Como o CBH-Doce atua Articulação dos diversos atores sociais: poder público, usuários e sociedade civil. Aprovação do Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (PIRH-Doce). Deliberação da cobrança pelo uso da água. Estão sujeitos à cobrança os prestadores de serviços de saneamento urbano, as indústrias, as mineradoras, os irrigantes, entre outros. Consolidação do PIRH-Doce e hierarquização de projetos que beneficiem o rio e seus usuários, como o Programa de Universalização do Saneamento.
Respeito à natureza
Antônio Demoner, presidente do CBH-Santa Maria
Ana Paula Bissoli presidente do CBH-Guandu
Para a presidente do CBH-Barra Seca e Foz do Rio Doce, Dolores Colle, “devem ser tomadas medidas que protejam o manancial, a fim de que a natureza tenha tempo e espaço para agir por si própria”.. Essas medidas, para Antônio Demoner, presidente do CBH-Santa Maria do Doce, devem manter o foco “na recuperação de nascentes e matas e evitar poluir os rios”. Senisi Rocha, presidente do CBH–Manhuaçu, acredita que os Comitês devem manter seu compromisso com o Rio Doce. “Durante anos, planejamos ações para regenerar a bacia. Com a tragédia, podemos priorizar o que foi estudado.” O presidente do CBH-Suaçuí, William Cardoso, reitera: “Todas as medidas a serem tomadas devem estar sintonizadas com as diretrizes traçadas pelos CBHs”. A presidente do CBH-Guandu, Ana Paula Bissoli, reforça: “Minha expectativa é que todos mantenham o mesmo foco – a recuperação do Doce e de seus afluentes – e que não se percam no caminho por interesses individuais”. Flamínio Guerra, presidente do CBH–Piracicaba, observa: “É lamentável que um acidente dessa proporção aconteça em pleno século XXI. Agora é hora de rever os planos e as ações e cuidar do meio ambiente.”
Senisi Rocha, presidente do CBH–Manhuaçu
William Cardoso presidente do CBH-Suaçuí
Flamínio Guerra, presidente do CBH–Piracicaba
Integração no Doce O CBH-Doce é um órgão colegiado, composto por dez comitês regionais – seis em Minas Gerais e quatro no Espírito Santo –, e possui atribuições normativas, deliberativas e consultivas em toda a Bacia Hidrográfica do Rio Doce. Responsável legal pela gestão das águas, tem poder de Estado para atuar em favor da preservação do manancial.
Representantes dos CBHs visitaram o distrito de Bento Rodrigues e a Usina Risoleta Neves, a 100 km de Mariana
Quer saber mais, ter orientações e tirar dúvidas? Entre em contato! Representantes dos CBHs visitaram o alto da bacia do Rio Doce, em dezembro de 2015, na ação Missão Mariana
Plano de Aplicação Plurianual da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (PAP) 2016-2020 Os Comitês já se mobilizam para pôr em prática o PAP 2016/2020, focado em programas hidroambientais, como recuperação de APPs e nascentes; contenção de atividades geradoras de sedimentos, por meio de terrações, caixas secas e barraginhas, e apoio à construção adequada de estradas rurais, para prevenir o assoreamento de rios; e saneamento. Para este período, estão previstos investimentos de aproximadamente R$ 174 milhões.
Principais programas desenvolvidos com recursos da cobrança pelo uso da água Universalização do saneamento Incentivo ao uso racional da água na agricultura Recomposição de áreas de preservação permanente e de nascentes Produtor de água Fortalecimento dos Comitês Incremento da disponibilidade hídrica Convivência com as cheias Educação ambiental Comunicação social
CBH-Doce (33) 3212-4350 www.cbhdoce.org.br/ cbh-doce CBH-Piranga www.cbhpiranga.org.br/ CBH-Piranga CBH-Piracicaba www.cbhpiracicabamg.org.br/ CBH-Piracicaba CBH-Santo Antônio www.cbhsantoantonio.org.br/ CBH-Santo Antônio CBH-Suaçuí www.cbhsuacui.org.br/ CBH-Suaçuí CBH-Caratinga www.cbhcaratinga.org.br/ CBH-Caratinga CBH-Manhuaçu www.cbhmanhuacu.org.br/ CBH-Manhuaçu CBH-Guandu www.cbhguandu.org.br/ CBH-Guandu CBH-Santa Maria do Doce www.cbhsantamariadodoce.org.br/ CBH-Santa Maria do Doce CBH-Pontões e Lagoas do Rio Doce www.cbhpontoeselagoas.org.br/ CBH-Pontões e Lagoas do Rio Doce CBH-Barra Seca e Foz do Rio Doce CBH-Barra Seca e Foz do Rio Doce
Publicação especial dos Comitês da Bacia Hidrográfica do Rio Doce para a Campanha de mobilização – O Doce não morreu | Fevereiro de 2016 Produzido por Prefácio Comunicação – www.prefacio.com.br | (31) 3292-8660
Este material foi elaborado com a verba doada pelo América Futebol Clube para auxiliar na recuperação do Rio Doce.