Postal 988

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10    |  20 de Maio de 2010

olhão

Época balnear arranca em Albufeira pág. 13

Semana recheada de actividades para mais jovens Casa da Juventude celebra aniversário em festa A Casa da Juventude de Olhão comemora este mês o

seu sexto aniversário e é este o mote para que se realize a 2ª Semana da Juventude. Desde a passada segunda-feira e até ao próximo domingo, vão ter lugar uma série de actividades dedicadas aos jovens olhanenses. Durante seis anos, passaram pela Casa da Juventude cente-

nas de actividades, convidando os mais novos a praticarem, aprenderem e terem objectivos de vida saudáveis. Para celebrar a data, durante uma semana repleta de actividades, a Casa da Juventude apresenta um espectáculo feito com a “prata da casa” e que promete surpreender jovens e menos jovens. Trata-se de “Alice no País das Ma-

d.r.

 O Auditório Municipal acolhe a peça “Alice no País das Maravilhas”, o ponto alto da Semana da Juventude

ravilhas”, produzido por Hugo Sancho. A apresentação desta peça de teatro terá lugar no Auditório Municipal de Olhão, às 16 horas de domingo. Durante toda a semana, destaque para outras iniciativas, como debates sobre a dependência, sexualidade e cidadania, que decorreram de segunda a quarta-feira, na Bi-

blioteca Municipal de Olhão, entre as 10 e as 12.30 horas. O Jardim Pescador Olhanense vai ser palco das mais diversas atracções, onde a música não podia faltar com o dj Luís Neves, as bandas Fora da Bóia, Hip-hop e Graffitis d’Olhão, que actuam nas noites de sexta-feira a domingo, a partir das 21 horas.

Sociedade Recreativa Olhanense

Boris Skossyreff é tema da próxima conferência da APOS

d.r.

 Mário Líster Franco, Boris, Francisco Lopes (da esq para a dir)

Boris Skossyref, aventu-

reiro de origem russa que se fez coroar Rei de Andorra em 1934 e passou por Olhão após ter sido preso e expulso, vai ser o tema da próxima conferência inserida no ciclo sobre personalidades olhanenses promovido pela Associação de Valorização do Património Cultural e Ambiental de Olhão (APOS), na Sociedade Recreativa Olhanense e que conta com a parceria do POSTAL. António Paula Brito, presidente da Associação, é o orador do evento marcado para as 15

horas do próximo sábado. Boris Skossyreff ocupou o poder no Principado de Andorra em 1934, como Rei Boris I. Depois de duas semanas de “reinado”, foi preso e expulso para Portugal, acabando por permanecer alguns meses em Olhão, em 1935, até sair para França. Este efémero “rei” teve uma vida deveras atribulada e nunca esqueceu a ajuda que muitos portugueses, particularmente os olhanenses Francisco Fernandes Lopes e Carlos Fuzeta, lhe prestaram nos momentos mais difíceis.

+ info

Boris Skossyreff: o homem que quis ser rei em Andorra e acabou mano-rei em Olhão!  Boris Skossyreff, nascido em Vilnius (naquele tempo território russo, sendo actualmente a capital da Lituânia) em 1896, pertencia a uma família da pequena nobreza russa que se tinha distinguido nos exércitos do Czar. Conhecem-se poucas notícias da sua vida aventureira antes da sua chegada a Andorra. Sabe-se que, ao estalar a revolução russa de 1917, era oficial do exército e procurou asilo político em Inglaterra, onde parece ter sido tradutor dos serviços militares britânicos. A distinção e empatia da sua pessoa, e o seu dom para as línguas garantiam-lhe facilmente uma grande simpatia. De acordo com alguns historiadores, Boris Skossyreff parece ter sido uma curiosa personalidade que misturou algumas mentiras, nas quais ele próprio acreditou, com muitas verdades e um sincero interesse em deixar uma boa impressão de si mesmo, assim como uma sincera vontade de mudar positivamente o sistema político andorrano. Aparentemente, terá tido os primeiros contactos com Andorra em 1927. Em 7 de Julho de 1934, Boris Skossyreff convence o Procurador-geral dos Vales de Andorra a convocar o Conselho General dos Vales na Casa dos Vales, onde este expõe o assunto: à semelhança do que se tinha passado noutros principados europeus, Andorra po-

deria tornar-se num dos centros empresariais mais importantes do mundo mas em troca de assegurar a felicidade do povo andorrano, Boris pedia que o Conselho Geral o proclamasse Príncipe de Andorra. A proposta de Boris teve a adesão quase total da Câmara, excepto dum representante, o presidente do município de Encamp, Cinto, que no dia seguinte põe o Bispo de Urgel (co-príncipe de Andorra) ao corrente da situação. Este, em 21 de Julho, com a ajuda das autoridades espanholas, manda-o prender e extraditá-lo em Novembro para Portugal. Em Lisboa permanece cerca de quatro meses, tentando em vão que o deixem partir para França. Apercebendo-se que do Algarve poderia alcançar Marrocos (então território francês) por via marítima, em Maio de 1935, este rei-caricatura que foi um autêntico rei por 14 dias, chega a Olhão, onde acaba por passar alguns meses da sua vida até abandonar o País. São muitos os olhanenses mais velhos que ainda se lembram deste príncipe, que deixou aliás uma imagem de respeito e simpatia. Era frequente ver Boris ir à ilha do Coco para dar algumas braçadas. O marítimo CortaMachados (alcunha) era o dono da embarcação a remos que levava Boris, e Corta-Machados, quando sentia que Boris não o

acompanhava no remar, dizialhe de forma bem olhanense: - Rema daí, mano Rei! – e assim se reforçou a crença que os olhanenses, no seu modo próximo de tratar os outros, até tratavam os reis por manos… Mas Boris queria voltar a ser um rei a sério e ansiava por regressar a Andorra. Acreditava que se conseguisse chegar a França, este país lhe daria um passaporte e autorização de residência. Assim, com a ajuda do advogado olhanense Carlos Fuzeta, consegue um passaporte para sair de Portugal para França. No entanto, em França não só se recusam a dar-lhe um passaporte como lhe apreendem o seu único passaporte português, apesar da intervenção do cônsul português de Marselha. Boris escreve aflito a Francisco Fernandes Lopes para este contactar o então ditador português - Oliveira Salazar - para que este intercedesse diplomaticamente por ele, o que parece ter sucedido. A partir daqui Boris foi sempre tratado como um empecilho pelas autoridades francesas, espanholas e até portuguesas, tendo sido preso e expulso várias vezes destes países até ao início da 2ª Guerra Mundial. Depois da Ocupação de França pelos nazis, Boris continua prisioneiro até Outubro de 1942, data em que foi libertado pelos alemães ocupantes.

Com a vitória dos aliados, Boris é primeiro preso em Berlim pelos americanos, depois pelos franceses e finalmente, provavelmente para se encontrar com a sua mulher, deslocou-se a uma zona controlada pelos soviéticos em 1948, onde acaba preso e deportado para um campo da Sibéria. Foi libertado em princípio de 1956. Passa a residir em Boppard (Alemanha Ocidental) com a sua mulher e aí terá vivido. Em 1958 escreve a Francisco Fernandes Lopes dando algumas destas informações e solicitando que este lhe enviasse toda a sua documentação para escrever uma autobiografia. Terá morrido só em 27 de Fevereiro de 1989 e a sua sepultura está em Boppard. Francisco Fernandes Lopes privou com este “mano-rei”, e escreveu um artigo dividido em pelo menos seis números de “O Diabo” em 1935, e que está exposto no sítio da APOS (http://www.olhao.web.pt). Atendendo a todas as informações inéditas que a APOS encontrou nas suas pesquisas, o embaixador de Andorra, Jaume Gaytan, veio a Olhão no dia 19 de Maio de 2008 visitar muitos dos locais que Francisco Fernandes Lopes refere nos seus artigos. António Paula Brito (APOS) Fonte: Página Web da APOS


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