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política
Nós estamos aí sim! ação política?
Vamos falar sobre particip
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uvimos muito que os jovens não estão nem aí para nada. Mas será que fomos convidados a expressar nosso ponto de vista? E quando falamos, será que nossa opinião é levada a sério? Será que sabemos as consequências para nossas vidas de quando não participamos de momentos importantes de decisão? Sabemos que há muitas coisas na vida que não estão em nossas mãos: - a família e cidade em que nascemos; - o nome que recebemos; - os muitos acontecimentos políticos, ambientais e culturais do nosso país; - o passado; Na verdade, esta lista vai longe e deve sempre ser levada em consideração não para nos desanimar, mas para valorizarmos e fazermos aquilo que, sim, está em nossas mãos e pode transformar nosso presente, futuro e de quem está ao nosso redor. “Participar” é uma das coisas mais importantes para que a gente seja responsável por nossas vidas. A participação nos permite viver segundo nossos valores, o que é muito importante, pois a sociedade brasileira ainda tem muitas injustiças e desigualdades sociais. Isso tem muito a ver com a forma como nos organizamos. Tem a ver com quem toma as decisões sobre coisas essenciais que vão definir a situação das cidades, do trânsito, da saúde, da educação, da cultura... Quanto maior a participação das pessoas, dentro da família, na escola, no bairro, na cidade ou no país, mais chances teremos de garantir que nossas opiniões e escolhas façam diferença em situações que nos afetam direta ou indiretamente. A palavra “participação” pode se tornar cada vez mais presente nas ações do nosso dia a dia. É claro que cada pessoa pode escolher os espaços nos quais se sente mais motivada a participar com maior intensidade. O importante é poder criar junto o rumo de processos seja na família, na escola, na cidade ou no país. Para cada espaço em que decidimos participar, temos que saber se já há órgãos representativos, reuniões, espaços onde se pode dar opiniões.
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O que é política, afinal? Política é muito mais que nossos representantes escolhidos pelo voto: é o meio pelo qual nos relacionamos em sociedade. A relação que temos com a família, a escola, o trabalho, onde precisamos dialogar, fazer escolhas, acordos ou até mesmo entrar em confronto. Estes exemplos do dia a dia têm algo em comum: duas ou mais partes com vontades diferentes negociando entre si para estabelecer um acordo final que seja bom para todos ou que pelo menos diminua um conflito. A política é justamente o espaço em que a gente se mobiliza para participar, intervir e transformar as questões relacionadas à vida da sua comunidade, cidade e país.
Participar- Um pouco de história A palavra é comum, mas seu sentido no Brasil parece novo. Até não muito tempo atrás, quem participava e divergia dos modelos estabelecidos pelo governo ou pela elite, era considerado subversivo e acabava perseguido e morto. E olha que isso não é privilégio dos nossos trinta anos de ditadura, mas de toda a história do país, construída sob as bases da repressão e da censura. A participação no Brasil é coisa nova e começa a surgir nos fins da década de 1970 e início dos anos 1980, marcados pela redemocratização e abertura política. Os movimentos sociais ganham força, muitas vezes ligados às pastorais das igrejas, aos movimentos de base, à luta pela terra, à educação popular. Tempo de consolidação dos direitos civis, políticos e sociais, como a liberdade de circulação e de expressão, de escolha dos dirigentes por meio do voto direto, e também o direito de organização e associação, que levam à criação de novos partidos políticos e entidades voltadas a questões sociais. A Constituição promulgada em 1988 é um dos mais belos documentos construídos a partir da nova concepção de país e do desejo popular. E um dos primeiros direitos assegurados pela Constituição é o de participação política da sociedade civil nas questões que envolvem o interesse coletivo. Pela primeira vez temos como princípio a noção de democracia participativa. Isto significa que participar politicamente já pode ser uma prática.