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Aniversário de Escolas

Colégio Mauá comemora 150 anos: uma história de muito trabalho e conquistas

Com uma forte identidade comunitária, o Colégio Mauá, de Santa Cruz do Sul, nasceu no dia 27 de julho de 1870, como a Sociedade Escolar – Schulgemeinde (hoje, Sociedade Escolar de Santa Cruz), que tinha como objetivo oferecer educação de qualidade aos filhos dos imigrantes alemães que colonizaram Santa Cruz do Sul (Foto 1). Um grupo de imigrantes foi responsável pela fundação da instituição, que ser-

viu de auxílio ao pastor Hermann Jacob Bergfried, que criou, dois anos antes, sua escola particular com aulas nas salas paroquiais. Com isso, surgiu a Deutsche Schule (Escola Alemã), primeiro nome do educandário santa-cruzense que, quatro anos depois, passou a ocupar prédio próprio, com pequena torre, na rua da Colônia com Dom Pedro I, atualmente esquina das ruas Marechal Floriano e Borges de Medeiros. (Foto 2)

Anos depois, em 1892, aconteceu a instalação do internato. Em 1900, a escola começa a ser administrada pelo Sínodo Riograndense e assim segue por 14 anos. Após o período, a Sociedade Escolar Santa Cruz passa a operar novamente o educandário, que recebeu novo nome: Deutsche Evangelische Schule. Os prédios do internato masculino foram inaugurados em 1922 e, no ano seguinte, ocorreu o lançamento do internato feminino, mantido pela Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE) e instalado junto à casa paroquial. Em 1935, o nome da escola é modificado para Colégio Synodal, sendo alterado novamente em 1942 para Instituto Visconde do Mauá, durante o período da Segunda Guerra Mundial. Em 1949, com a presença do embaixador e secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Osvaldo Aranha, aconteceu a inauguração do auditório do educandário. Esse mesmo ano marca a atual denominação da instituição: Colégio Mauá. O ano de 1970 é destacado pela inauguração das novas salas de aula na rua Sete de Setembro. (Foto 3)

Quatro anos antes, no dia 20 de setembro de Quatro anos antes, no dia 20 de setembro de 1966, o Museu do Colégio Mauá foi aberto ao público. Ao longo desses quase 54 anos de atividades, o local tornou-se uma importante referência da preservação da história. Como é o único museu de Santa Cruz do Sul, o espaço salienta a importância histórica para todo o Vale do Rio Pardo.

Mudança para o prédio atual

O Lar do Estudante, sede do internato masculino, foi inaugurado em 1971. O novo ambiente, cercado de muito verde, era localizado na rua Cristóvão Colombo. O local recebeu, oito anos depois, o ginásio de esportes. Por sua vez, em 1981, o Lar do Estudante passou a ser a nova sede do Colégio Mauá, com a desativação dos internatos. (Foto 4)

O espaço que contempla hoje o Colégio Mauá, com uma área de 50 mil m2, é resultado da área de 22 mil m2 doada pelo senhor Augusto Hennig e de outros 21 mil m2 recebidos da Sociedade de Tiro ao Alvo, além das aquisições e contribuições efetivadas pela comunidade, pela prefeitura. Pessoas como o médico Ibanez Lara Filho, presidente da Associação de Pais e Mestres, em 1980 e 1981, o ex-prefeito Arno Frantz e o ex-diretor Osvino Toillier, junto com a mantenedora, foram responsáveis pela transferência do colégio do centro para a área onde hoje está o educandário.

Novo prédio

No dia 07 de março de 2019, o Colégio Mauá inaugurou o novo prédio do ensino fundamental da escola, um sonho realizado com a participação comunitária. A obra foi construída com recursos próprios, somados às doações da comunidade. O prédio de quatro andares, que conta com 4,6 mil m2 de área construída, abriga as turmas do 1º ao 6º ano, divididas em 24 salas de aula, além de salas de música, idiomas, artes, atendimento, coordenação e psicologia, biblioteca, laboratório de informática, cozinha, elevador, sanitários e cantina. (foto 5)

Expansão das atividades

Em 2019, o Colégio Mauá assumiu a gestão administrativa e pedagógica da Escola de Educação Infantil Criança & Cia, localizada na rua Osvaldo Cruz, 510. Com a mudança, a escola passou a usar a denominação Colégio Mauá – Educação Infantil – Unidade II. Atualmente, o Colégio Mauá possui 2.025 alunos, da educação infantil ao ensino médio, 128 professores e 108 funcionários. A direção geral é do professor Nestor Raschen, tendo como vice-diretor o professor Mártin Goldmeyer.

Linha do tempo

1870: Fundada a Sociedade Escolar (Schulgemeinde) para auxiliar o pastor Bergfried na manutenção da sua escola particular. Dificuldades econômicas surgem nas primeiras décadas da instituição, mas foram superadas com o auxílio de pessoas que queriam a continuidade do educandário. 1874: Então chamado de Deutsche Schule, o Colégio Mauá passa a ocupar um prédio próprio, na esquina das ruas São Pedro e Colônia, hoje, Marechal Floriano e Borges de Medeiros. 1922: Inaugurados os prédios do internato masculino na rua Borges de Medeiros. O internato feminino, mantido pela OASE, é instalado junto à casa paroquial. 1949: Inaugurado, com a presença do embaixador Osvaldo Aranha, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o auditório do Colégio Mauá. 1966: Criado o Museu do Colégio Mauá. 1970: Inauguradas novas salas de aula na rua Sete de Setembro. Festejos do centenário do colégio. 1971: Inaugurado o Lar do Estudante na rua Cristóvão Colombo, atuais dependências do Colégio Mauá; acolhe o internato feminino nas instalações do centro da cidade. 1979: Inaugurado o ginásio de esportes junto ao Lar do Estudante. 1981: O Lar do Estudante transforma-se na nova sede do Colégio Mauá. 1990: Inaugurada a pista de atletismo. 2001: Inaugurado o moderno Teatro do Mauá. 2006: Adquirida uma casa junto ao colégio com 900 m². Hoje, utilizada para o turno integral. 2012: Concluída a ampliação do refeitório. Iniciam-se as obras do novo ginásio de esportes. 2013: Inauguração do segundo ginásio de esportes. 2015: Inaugurado novo espaço exclusivo para a educação infantil. 2019: Inaugurado o novo prédio do ensino fundamental e incorporação das atividades da Escola Criança & Cia, que passa a chamar-se Mauá – Educação Infantil – Unidade II.

Construção da primeira igreja em Santa Cruz do Sul – O primeiro prédio próprio, inaugurado no dia 31/10/1874, quatro anos após a criação da escola. Um prédio com torre que servia de templo também. No tempo do Império e a católica era a religião oficial. Os templos de outras religiões não podiam ter aparência de igreja, ou seja, ter torre, por exemplo.

Escola Duque completa 170 anos

A Escola Duque é a instituição mais antiga de Sapiranga, seguida da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, que foi sua mantenedora por diversas décadas e sempre a considerou como sendo a escola da comunidade. Ela foi criada no primeiro semestre de 1850 por iniciativa das famílias de imigrantes alemães que organizaram uma associação escolar (Schulverein). A igreja é do segundo semestre do mesmo ano. Na época de sua criação, a localidade pertencia à Feitoria de Linha Cânhamo, pois São Leopoldo ainda era um povoado, que viria a ser município apenas em 1846. Ou seja, a escola surgiu no tempo em que as principais questões políticas, econômicas e judiciais dependiam da Corte, no Rio de Janeiro, numa época em que as vias de transporte internas eram muito precárias. É possível dizer que os colonos, suas instituições e seus empreendimentos estavam num “fim de mundo”. A escola expandiu suas atividades junto com a localidade. Acompanhou e sofreu os efeitos das suas dificuldades, dos seus avanços e dos seus recuos, seja do ponto de vista material ou sociocultural. A título de exemplo, a Revolta dos Muckers interferiu diretamente na vida da escola, pois os filhos de Jacobina e de outras famílias Muckers estudavam na escola. Esse conflito perpassou todas as estruturas sociais da localidade, e a escola sofreu todos os seus impactos. Por outro lado, a estrutura da escola cresceu junto com a expansão da indústria calçadista de Sapiranga, muito em função dos convênios que mantinha com as empresas para conclusão de estudos por pessoas adultas por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Nesse sentido, a escola surgiu em um mundo rural, de agricultura de subsistência. Consolidou-se em um mundo de pequenos empreendimentos familiares que não existem mais, numa lista extensa de ferrarias, curtumes, molarias, alambiques, moinhos, tecelarias, joalherias, armazéns e principalmente atafonas. A título de ilustração, segundo o professor Lúcio Fleck, em 1922, em Sapiranga, havia, entre outros, um dentista,

Alunos, alunas, professores e professoras em frente à escola, em 1942, na Av. João Corrêa, 1413. No canto inferior, à direita, a segunda diretora (mulher) da escola – Ecilda Niederauer dois médicos, três alfaiatarias, cinco açougues, cinco ferrarias, sete moinhos, 13 modistas, 14 comércios e preparos de couro, 14 fábricas de móveis, 22 casas comerciais e 122 atafonas. Outra curiosidade é que, em 1930, havia um criador de porcos com três mil cabeças, que consumiam trinta cargas de mandioca por dia. A localidade teve altos e baixos, mas sempre foi próspera e a escola cresceu com ela, num mundo de expansão da indústria exportadora de calçados. O nome Escola Duque de Caxias só passou a ser usado no período da nacionalização, de Getúlio Vargas, entre 1937 e 1945. As escolas foram proibidas de ensinar em língua alemã, nas colônias alemãs, e em italiano, nas colônias da serra gaúcha. Era necessário escolher um nome que homenageasse alguém importante para o Estado brasileiro. Duque de Caxias, como patrono do Exército Brasileiro, foi quem resolveu um problema sério dos imigrantes alemães aqui da região do Vale dos Sinos. Os imigrantes que chegaram à região entre 1824 e 1845 (ano do fim da Guerra dos Farrapos) não haviam recebido sua “carteira de identidade”, prometida por D. Pedro I e pela princesa Leopoldina. E foi o general Duque de Caxias, a pedido do diretor da colônia alemã, Dr. Johann Daniel Hillebrandt, que resolveu a situação. Hoje, ao completar 170 anos de história, a escola possui duas unidades de ensino e extensa área física, com 545 alunos e alunas e 78 professores, professoras, funcionários e funcionárias atuando em toda a educação básica, desde zero ano de idade até o ensino médio, incluindo a EJA e cursos técnico-profissionalizantes, em parceria com o poder público municipal. Oferece mais de uma dezena de atividades complementares, características da Rede Sinodal de Educação, tendo atuação expressiva nos principais conselhos e fóruns municipais.

Diretor Sérgio Ervino Michels Centro Sinodal de Ensino Médio Sapiranga Sapiranga/RS

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