Metrópole Magazine - Novembro de 2016 / Edição 21

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Novembro de 2016 – Ano 2 – nº 21 – Distribuição gratuita*

Paixão Nacional O carro continua sendo o objeto de desejo dos brasileiros

‘NOVO’ ENSINO MÉDIO

Reforma proposta pelo governo gera discussão entre pais, alunos e professores pág. 32

ENTREVISTA

Luiz Paulo Costa conta como enfrentou a ditadura durante o regime militar pág. 16


O espírito de Natal nós fazemos juntos!

Especial Natal

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6 | Revista Metrópole – Edição 21

EDITORIAL

A FORÇA DO MERCADO AUTOMOBILÍSTICO A edição de novembro da Metrópole Magazine traz luz ao setor que sentiu profundamente os reflexos da equivocada política econômica que concedeu benefícios de forma desenfreada, sem projetar as consequências futuras e que, no momento de crise, fez reduzir drasticamente as vendas de veículos, provocando demissões em massa e atingindo diretamente a economia da RMVale, onde encontram-se instaladas importantes representantes da indústria automobilística. Apesar disso, a força do setor encontra seu maior aliado na “paixão nacional” por carros. As mulheres também aparecem como fonte propulsora no fomento a este mercado que, como mostra o Salão do Automóvel deste ano, tem sempre novidades para tornar irresistível o desejo de adquirir um carro, seja ele novo ou usado. O final de ano provoca a sensação de renovação e a economia já mostra os sinais de aquecimento, na esperança com um novo governo federal, nas mudanças prometidas pela grande renovação no executivo e legislativo regional e a imprensa tem a função de jogar luz nos investimentos que vêm sendo realizados nas áreas de gastronomia, arquitetura, sem esquecer, é claro, do debate acirrado na área de educação. A entrevista com Luiz Paulo Costa, um político que na sua trajetória exerce um importante papel na sociedade joseense, relembra os horrores da ditadura. Uma leitura imprescindível para que os jovens, nascidos sob a égide da democracia, tomem conhecimento do que de fato aconteceu, sem dispersar um segundo sequer sobre a importância de lutar pela liberdade. Boa leitura.

Regina Laranjeira Baumann


metr pole magazine www.meon.com.br/revista Diretora-executiva

Regina Laranjeira Baumann

Editor-chefe

Eduardo Pandeló

Repórteres

Henrique Macedo Moisés Rosa Laís Vieira Laryssa Prado Murilo Cunha Rodrigo Machado

Revisão

Henrique Macedo

Departamento Comercial

Alyne Proa Fabiana Domingos Fabio Amarante Gilberto Marques Ademir Stéfano

Diagramação

Agência VOX3

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CHEGOU UMA NOVIDADE A PINDA COM QUASE 60 ANOS DE EXPERIÊNCIA A Faculdade Bíblica das Assembleias de Deus está de portas abertas para receber você! A instituição de ensino está amparada nos quase 60 anos de excelência e tradição do seu mantenedor IBAD e nasce com o compromisso de contribuir para o desenvolvimento educacional, cristão, científico e social dos seus alunos e professores e da comunidade.

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Idelter Xavier Marcus Alvarenga

Colaboradores

João Pedro Teles

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CM Pedro Ivo Prates (fotógrafo)

Rodrigo Ribeiro

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Arte

Giuliano Siqueira

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Mídias Sociais

Moisés Rosa Marcus Alvarenga CMY

Departamento Administrativo

Gabriela Oliveira Souza Larissa Oliveira Maria José Souza Roseli Laranjeira

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Tiragem auditada por:

262 m.br Metrópole Magazine Avenida São João, 2.375 –Sala 2.010 Jardim das Colinas –São José dos Campos CEP 12242-000 PABX (12) 3204-3333

/FaculdadeFABAD

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Email: metropolemagazine@meon.com.br

A revista Metrópole Magazine é um produto do Grupo Meon de Comunicação

Tiragem: 15 mil exemplares Distribuição gratuita * Permitida venda em estabelecimentos por R$ 3,00

Rua São João Bosco, 1.114 | Santana | Pindamonhangaba – SP | 12403-010


8 | Revista Metrópole – Edição 21

TURISMO Férias: turistas da RMVale preferem viajar para o Nordeste.

BLACK FRIDAY Nossa reportagem mostra como aproveitar as promoções e como se proteger dos falsos descontos.

24

16

CULTURA Corte de verbas cancela eventos e atividades culturais em São José dos Campos.

Pedro Ivo Prates

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Pedro Ivo Prates

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Sumário

ENTREVISTA Luiz Paulo Costa fala de liberdade, ditadura, política, tortura e revela como nasceu o esquema de corrupção implantado no Governo Federal.

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Idelter Xavier

ESPORTES Tiro com Arco atrai praticantes em todo o mundo, inclusive na RMVale.

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SAÚDE E BEM ESTAR Mercado da estética não para de apresentar novidades; especialistas explicam os novos procedimentos.

36 Pedro Ivo Prates

Carro paixão nacional Metrópole Magazine antecipa o Salão do Automóvel e desvenda o que pensa o consumidor, da escolha do modelo à decisão de compra. E mais, conheça os descontos especiais oferecidos pelas concessionárias.

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Espaço do Leitor Aconteceu& Frases& Cultura&

72 76 78 82

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EDUCAÇÃO Reforma do Ensino Médio proposta pelo governo, gera discussão entre pais, alunos e professores.

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20 Murilo Cunha

POLÍTICA Ortiz Júnior vence batalha judicial, reassume a Prefeitura de Taubaté e abre caminho para ratificar vitória nas urnas e garantir a reeleição.

Gastronomia& Social& Arquitetura& Crônicas&Poesia


“Eu quero ver

o ano novo. Me ajuda?”

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Nº do Documento 119

Uso do Banco 00018

Carteira 009

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Espécie doc. DM Espécie R$

Agência / Código Beneficiário Aceite N

Data processamento 28/10/2016

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Instruções

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Nosso número

7509-4/0027170-5

009/15052012175-1

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(-) Desconto / Abatimento (-) Outras Deduções

Controle participante: 15052012175 NAO RECEBER APOS 30 DIAS DO VENCTO/APOS O VENCTO SOMENTE NO BRADESCO EU QUERO VER O ANO NOVO - ME AJUDA - CAMPANHA REVISTA METROPOLE MUITO OBRIGADO POR ESTE ATO DE SOLIDARIEDADE VISITE NOSSO SITE WWW.GACC.COM.BR NAO DEDUTIVEL NO IR CONF. BASE LEGAL PRINCIPAL DECRETO 3000 DE 26/03/99 ART. 365

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Autenticação mecânica - Ficha de Compensação Alo Bradesco - SAC - 0800 704 8383 Cancelamentos, Reclamacoes e Informacoes Deficiente Auditivo ou de Fala - 0800 722 0099 Atendimento 24h, 7 dias por semana Ouvidoria 0800 727 9933 Atendimento de 2 a 6 feira das 8h as 18h, exceto feriados

Corte na linha pontilhada


10 | Revista Metrópole – Edição 21

Espaço do Leitor Edição 20 – Outubro de 2016 SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

www.meon.com.br

Feedback

A capa da 20ª edição da revista Metrópole Magazine trouxe fotos dos prefeitos eleitos das 39 cidades da RMVale. A matéria de capa mostrou o resultados das eleições 2016 e abordou a retomada do PSDB em Jacareí, São José dos Campos e outras 11 cidades da região. A edição também apresentou um Guia Saúde e Bem Estar, com os principais planos de saúde da RMVale, acompanhado de uma matéria especial com orientações e esclarecimentos sobre o tema. Também abordamos a

Outubro de 2016 – Ano 2 – nº 20 – Distribuição gratuita*

Os eleitos

PSDB reconquista São José e Jacareí. Com prefeitos em outras 13 cidades, ainda pode ganhar em Taubaté

ENTREVISTA

CONVÊNIOS MÉDICOS

Medalhista olímpico Wallace, que joga pelo Taubaté, fala sobre seus planos, trajetória e expectativas

O que você deve saber na hora de escolher o seu plano de saúde

GUIA Saúde & Bem Estar

pág. 42

São José dos Campos, outubro de 2016 | 63

62 | Revista Metrópole – Edição 20

Cultura&

SÉRIE&

O criador da Casa do Jazz Divulgação

Henrique Macedo SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

C

hico Oliveira, o ‘Chiquinho do Sexteto do Jô’, nasceu em Piedade mas adotou São José dos Campos, onde vive há mais de 30 anos. O trompetista, que já atuou e gravou com grandes nomes da música como Elba Ramalho, Jorge Ben Jor, Arthur Maia, Gonzaguinha, entre outros, também tem um trabalho de curadoria musical no Sesc São José. Ele é o mentor de um projeto que começou em 2010 e que apresenta ao público diferentes vertentes do jazz, em fusão com a bossa nova e a música latina. A banda de Chico Oliveira convida um músico diferente a cada encontro. “Começou com um projeto de cinco big bands que nós trouxemos de São Paulo para tocar no Sesc São José. Isso cativou e educou o público para escutar música instrumental. Nós começamos na Comedoria mas agora temos que fazer no Solário porque o público aumentou muito. E já tem um

pessoal que vai mesmo, independentemente do nome do músico. Chico explica que o Casa do Jazz é aberto e eclético, sem ficar preso apenas ao estilo instrumental. “Nós não temos preconceito, já chamamos cantor, baterista, sopro, guitarrista, baixista. E o interessante é que, da mesma forma que é divulgado entre o público que curte, isso também acontece entre os músicos. Eu recebo ligações de grandes músicos me cobrando, querendo ser convidados pra tocar no projeto. Na última edição tivemos Hamilton de Holanda, Oswaldinho do Acordeão, Léa Freire e Léo Gandelman. E esse pessoal já fica ‘agulhado’, querendo voltar”, conta. Para essa edição, Chico tentou trazer Hermeto Paschoal, mas ele está em estúdio. Na próxima edição, a ideia é convidar o ‘bruxo’ Hermeto e Yamandu Costa (violão). “A gente vai receber muita gente boa agora, como o guitarrista Ricardo Silveira, Carlos Malta (sax e flauta), o Eliomar Landim (acordeão), um músico jovem de São José, além do grande João Donato (piano)”.

Billions - Série na Netflix

12 12MENSALIDADES MENSALIDADESGRÁTIS GRÁTIS no noplano planoAbastece AbasteceAíAí

Casa do Jazz Carlos Malta – 7 de outubro | Eliomar Landim – 14 de outubro | João Donato – 20 de outubro Ricardo Silveira – 28 de outubro Gratuito, 19h30, no Solário do Sesc São José. Avenida Adhemar de Barros, 500 – São José dos Campos

KmKm

CINEMA& Depois do estrondoso sucesso de “O diário de Bridget Jones” (2001), e “Bridget Jones: no limite da razão” (2004), as aventuras e desventuras da loirinha retornam às telas com mais uma comédia. Bridget Jones (Renée Zellweger) e Mark (Colin Firth) se casam, depois de muitos desencontros. Mas eles acabam se separando. Em crise no trabalho, tentando manter uma boa relação com o ex e engatando um novo romance (Patrick Dempsey), Bridget descobre que está grávida - e não tem certeza sobre quem é o pai da criança. Dessa vez, Hugh Grant não quis participar da continuação (dizem que não gostou do roteiro) e surge Jack (Patrick

Erro

Um pouco escondida na enorme quantidade de séries e filmes disponíveis no Netflix, a série americana Billions é uma boa dica. No mundo das altas finanças de Nova York, o procurador de Justiça Chuck Rhodes (Paul Giamatti) bate de frente com o brilhante e ambicioso Bobby Axelrod (Damian Lewis). Apesar de às vezes esbarrar em diálogos com linguajar técnico demais, a série prende a atenção e faz você querer assistir todos os episódios de uma vez! A boa notícia é que o canal Showtime encomendou a segunda temporada da série criada por Andrew Ross Sorkin, Brian Koppelman e David Levien. Segundo nota divulgada pelo canal, a estreia da série, somada com a audiência de outras plataformas, registrou a média de 6.5 milhões de telespectadores.

Sem filas Sem em filas em pedágios pedágios e e estacionamentos estacionamentos

Dempsey), o americano que disputará com Mark Darcy o coração da loira e a paternidade do seu filho. Em cartaz na rede Cinemark e Kinoplex.

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52 | Revista Metrópole – Edição 20

NOTÍCIAS SAÚDE

Cuidado com as calorias!

Obesidade infantil não é mais um problema estético. É preciso readequar a alimentação e procurar um especialista

Recebi um exemplar da revista Metrópole Magazine em meu escritório e ao folheá-la inteira me interessei em três pontos principais: a entrevista com o jogador Wallace, que joga na minha cidade; a campanha para auxílio ao GAAC, o qual pagarei hoje o boleto de doação; e a reportagem sobre a Casa do Jazz, onde fiquei bastante animado com o evento que aconteceria dia 20 no SESC, conforme publicado por vocês. O show em questão seria no dia 21, e não no dia 20. Por sorte estava acontecendo um outro show de violão que também me interessou e acabei prestigiando para não perder a viagem. Bem, isso não fará com que eu deixe de ler a revista, mas deixarei de confiar piamente nas informações. Meu maior pesar é não ter conseguido ir ao show. Nicholas Charleaux - empresário, Taubaté.

Fotos: Pedro Ivo Prates

Crianças aprendem a readequear alimentação

Resposta

Moisés Rosa RM VALE E LITORAL NORTE

H

ambúrguer, batata frita e muito refrigerante. Quem não gosta? É difícil resistir a esses alimentos e produtos que são classificados como altamente calóricos quando vamos a uma lanchonete. Mas, é preciso alerta neste quesito, principalmente com as crianças e os jovens. A obesidade não é mais um problema estético. A saúde deles pode estar comprometida com o consumo excessivo de calorias. Os hábitos alimentares das crianças e jovens mudaram drasticamente nas últimas décadas. As frutas e legumes das refeições, que eram servidos durante o

almoço e o jantar, foram substituídos por salgados, doces e outros alimentos. A preocupação dos especialistas é que esta faixa etária entre 5 e 17 anos está deixando de lado a alimentação saudável nas refeições. Isso tem ocasionado os ‘quilinhos’ a mais, gerando sobrepeso ou até mesmo a obesidade infantil em um estágio mais avançado. Um estudo do Ministério da Saúde, com estudantes de 12 a 17 anos, mostra que as frutas sequer aparecem na lista dos 20 itens mais consumidos e que 56,6% fazem refeição em frente à TV. A pesquisa aponta que entre os 20 alimentos mais consumidos pelos adolescentes brasileiros, os refrigerantes estão entre os seis primeiros, à frente das hortaliças.

As frutas sequer aparecem na lista. A pesquisa revela ainda que 17,1% dos adolescentes de 12 a 17 anos estão com sobrepeso. Já 8,4% dos jovens avaliados estão obesos, com predominância de meninos.

Grupos Na região do Vale do Paraíba, em São José dos Campos, um grupo de pais e filhos se reúne toda semana para aprender e readequar a alimentação no dia a dia. O maior desafio para ambos é conseguir agregar uma alimentação nutritiva e saborosa e que mantenham as refeições corretamente. A biomédica Elisandra Vilas Boas, de São José dos Campos, tem dois filhos (de 6

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Por um erro de apuração junto ao Sesc São José, publicamos a data do show do dia 21 como sendo no dia 20. Pedimos desculpas ao leitor. Metrópole Magazine ANS - Nº 41327-5

pág. 16

O bebê de Bridget Jones

obesidade infantil e as ações da campanha “Outubro Rosa”, revelando nosso apoio para a divulgação da importância da prevenção do câncer de mama. Para cumprir seu papel de informar e prestar serviço, respeitando e valorizando as pessoas e as características das cidades de nossa região, é imprescindível a interatividade através deste espaço. Por tudo isso, contamos sempre com sua opinião. Envie sua mensagem por email que nós a publicaremos aqui. metropolemagazine@meon.com.br

Envie email contendo: nome, idade e profissão para metropolemagazine@meon.com.br ou por correio para av. São João, 2375 - sl 2010 - Jardim das Colinas - São José dos Campos - SP - CEP: 12.242-000. Em função de espaço, as mensagens poderão ser resumidas.

facebook.com/portalmeon

metropolemagazine@meon.com.br

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12 | Revista Metrópole – Edição 21

Aconteceu& Divulgação/Facebook

A sangue frio

O policial militar Wellington Aparecido Landim, de 24 anos, matou com um tiro a estudante de Direito Mariana Angélica Fidélis Damasceno, de 22 anos, durante uma festa universitária, no último dia 22, na região norte de São José dos Campos. Em seguida, o policial usou a mesma arma, uma pistola calibre ponto 40, para se suicidar. Wellington e Mariana se relacionavam desde 2013. De acordo com testemunhas ouvidas pelo Meon, o casal foi visto discutindo durante o evento. Em fevereiro deste ano, após terminar o namoro, a jovem registrou boletim de ocorrência na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de São José contra o rapaz, alegando estar sendo ameaçada. 

PEC de gastos públicos aprovada Foto: Agência Brasil

Por ordem do juiz federal Sérgio Moro, o presidente cassado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi preso em Brasília. A prisão foi decretada no âmbito da Operação Lava Jato, informou a Polícia Federal. A investigação contra Eduardo Cunha, sobre contas na Suíça abastecidas por propinas na Petrobras, estava sob responsabilidade do Supremo Tribunal Federal (STF). Cassado pela Câmara, o peemedebista perdeu o foro privilegiado perante a Corte máxima. 

Reprodução

Prisão de Cunha

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, com 359 votos a 116, a redação final da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que institui um teto de gastos públicos por 20 anos. Agora, a proposta segue para o Senado, onde também será apreciada em dois turnos. A estimativa é que a primeira análise do texto pelos senadores ocorra em 29 de novembro. A votação final deve ficar para 13 e 14 de dezembro. A PEC 241 vem causando polêmica. Em outubro, como forma de protesto à proposta de emenda, pelo menos 1.108 instituições de ensino foram ocupadas por estudantes, em 19 Estados e no Distrito Federal, de acordo com levantamento da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes). O Meon noticiou a ocupação do colégio Alcides de Castro Galvão, em Caraguatatuba. A ação contou com cerca de 50 alunos e durou dois dias. 


São José dos Campos, novembro de 2016 | 13

Divulgação

Mês da padroeira O dia da Padroeira do Brasil atraiu uma multidão para a missa solene e a abertura do Ano Jubilar, que comemorou os 300 anos do encontro da imagem da santa no rio Paraíba do Sul. A missa, celebrada pelo cardeal Dom Raymundo Damasceno, arcebispo de Aparecida, reuniu pelo menos 30 mil fiéis na Basílica por pouco mais de duas horas. O portal Meon realizou uma cobertura diferenciada, com repórteres que acompanharam a saga dos romeiros vindos de diversas cidades como: Jacareí, São José dos Campos, Mogi das Cruzes, Andradina e Sorocaba, além de países como Bolívia e Paraguai.  Confira a galeria de fotos

Divulgação

Violência na RMVale Dados divulgados pela SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado de São Paulo apontaram aumento de 12,2% nos casos de homicídios e latrocínios (roubo seguido de morte) nos primeiros nove meses deste ano na RMVale, Região Metropolitana do Vale do Paraíba. Foram 308 homicídios e 23 latrocínios. Jacareí segue na liderança de cidade mais violenta na região. Somente neste ano, foram 38 mortes classificadas como homicídios e latrocínios. As quatro cidades – Caraguatatuba, São Sebastião, Ubatuba e Ilhabela, contabilizaram queda de 14,8% nos casos de janeiro a setembro, com 69 registros. Em 2015, o Litoral Norte teve 81 mortes violentas no mesmo período. 


14 | Revista Metrópole – Edição 21

Frases& Ademir Brito

Queremos aproximar os prefeitos das soluções que podem gerar grande economia de recursos públicos, e essas tecnologias estão sendo desenvolvidas aqui na nossa região

Reginaldo Castro

Marcelo Nunes, Coordenador do TIC Vale, durante palestra com os prefeitos eleitos nas cidades da RMVale

Ele não violentou só a mulher. Ele violentou a família. Ele é monstruoso

Eu sempre era convidado a ministrar palestras. E as pessoas sempre me perguntavam sobre meu depoimento de vida, se eu tinha algum livro ou DVD

Vana Lopes, uma das vítimas de Roger Abdelmassih, médico condenado por estupro de suas pacientes

Mendes/Vergal

Samuel Abel Moody Santos, ex-catador de reciclável que virou alto executivo, ao lançar o livro “Apesar das forças contrárias”

Encarar uma plateia desse porte e com uma energia tão boa, poder fazer parte de uma produção desse tamanho, não tem preço

Renata Prôa, cantora joseense que dividiu o palco com Andrea Bocelli


São José dos Campos, novembro de 2016 | 15

A cada 63 dias a informação médica vai se duplicar. Impossível para um médico se manter atualizado. O Watson vai fazer esse trabalho pra ele

Izaias Santana (PSDB), prefeito eleito de Jacareí

David Melo, gerente sênior da IBM, sobre o supercomputador “Watson”

Divulgação

São vários os desafios que nós temos pela frente. As discussões e planos para a equipe do novo secretariado já estão sendo feitos. Jacareí quer e precisa também ser protagonista no Vale do Paraíba

Divulgação

O consumidor está naturalmente seletivo, ele quer o melhor negócio. E a gente oferece mais que vinhos, mas experiências aos clientes

Divulgação

Rodrigo Ferraz, empresário e sommelier

Ninguém falava inglês, então eles meio que aprenderam a linguagem, para brincar e fazer as coisas. A vida se concentrou nas suas partes simples. Para mim, era música e família

Ed O’Brien, guitarrista do Radiohead, sobre sua estada com esposa e filhos em São Luiz do Paraitinga


16 | Revista Metrópole – Edição 21

ENTREVISTA

Palavra afiada

Luiz Paulo Costa conta a sua luta contra a Ditadura Militar Henrique Macedo SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

os 73 anos, o jornalista e escritor Luiz Paulo Costa está muito ativo. Apesar de andar com alguma dificuldade, fruto de uma cirurgia no joelho da qual se recupera com sessões regulares de fisioterapia, Luiz Paulo nos recebeu com um largo sorriso em sua casa, num bairro tranquilo da zona leste de São José dos Campos. Apreciador de música, literatura e folclore, o jornalista acaba de lançar o quinto livro, “A sua Bênção, Chico Triste”, que conta a vida e a obra do jornalista e folclorista sergipano Francisco Pereira da Silva. Luiz Paulo tem uma longa trajetória na imprensa e na política de São José dos Campos. Foi redator da Rádio Piratininga, Rádio Clube e do antigo jornal O Valeparaibano. Também foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo. Ajudou a fundar o MDB na região e foi vereador de 1977 a 1996. Também foi auditor da Prefeitura de São José dos Campos. Como começou a sua relação com o jornalismo e com a militância política? Tinha um primo que trabalhava na gráfica do CTA [Centro Técnico Aeroespacial] e ele me avisou que havia um processo seletivo para ser datilógrafo. Eu tinha de 15 para 16 anos. Depois, fui para o Departamento de Relações Públicas e me enfronhei mais na questão do jornalismo porque a gente fazia os releases do CTA e eu mesmo levava esse material para a imprensa da cidade. Entregava os releases nos jornais e rádios e acabei conhecendo todo o pessoal da área de jornalismo. Na época tinha o Diário, do Nenê Cursino, a Rádio Piratininga, a Rádio Clube, o

Valeparaibano, o Correio Joseense, do Napoleão Monteiro.Na Piratininga, em 1961, conheci o Edward Simões, e o professor Francisco Pereira da Silva. Na política existia liberdade. Não era uma liberdade completa, porque nem todas as tendências podiam se organizar, havia algumas restrições ainda, mas era a Constituição de 1946, democrática, que garantia os direitos de todos nós. Era uma coisa natural a gente participar. Quando

“Eu sempre falava para os meus torturadores que nunca fui clandestino, sempre tive endereço, sempre lutei de peito aberto, eu sou contra a ditadura, eu não me escondo” fui para o setor de Relações Públicas do CTA, comecei a ter contato com os alunos do ITA [Instituto Tecnológico de Aeronáutica], e a participar do movimento estudantil, porque eu trabalhava com o pessoal do CASD - Centro Acadêmico Santos Dumont. Ali eu me envolvi mais com o jornalismo e com os movimentos estudantil e sindical. Como era a política de São José em 1960? Eu participei intensamente da campanha do candidato José Marcondes Pereira para

prefeito da cidade em 62, um político de esquerda, que tinha sido vereador pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro). E o Marcondes foi eleito. Quando ocorreu o golpe de 64, eles queriam cassar o mandato do Marcondes que se defendeu bem e eles não conseguiram. O governo, na época, não conseguiu o apoio do CTA para cassar o prefeito. Ele foi levando, mas não conseguiu terminar o mandato porque houve o Ato Institucional que acabou com os partidos políticos antigos e permitiu a criação de apenas dois: a Arena (Aliança Renovadora Nacional), do governo, e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que era o partido que eles criaram pra dizer que tinha um partido de oposição, pra efeito externo. Em 1966, o Marcondes convocou uma convenção para a constituição do MDB e eu participei, ele foi candidato a deputado estadual pelo partido e acabou eleito. Depois, foi cassado em 1968, na Assembleia. Isso foi um golpe muito grande para a cidade porque uma das principais lutas dele era pela preservação da autonomia política de São José. Porque a emenda constitucional da Junta Militar tinha criado uma nova constituição, e por essa nova constituição, de 1967, São José perdeu a sua automonia porque a cidade era considerada estância hidromineral natural, na verdade era estância climática, mas recebia verbas e recursos do governo do estado. Como foi a intervenção em São José? Em fevereiro de 1970 foi nomeado prefeito da cidade o brigadeiro Sérgio Sobral de Oliveira. Ele implementou na cidade a doutrina da Escola Superior de Guerra, no sentido de estabelecer um estado autoritário, tanto que extinguiu o Conselho Municipal de Cultura, o Departamento


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Municipal de Educação Física e Esportes. Mesmo assim, Sobral tinha alguma interlocução com setores da cidade. Com a cassação do Marcondes e a nomeação do Sobral, o MDB teve um forte impacto na cidade porque o prefeito nomeado conseguiu arregimentar três vereadores do partido para a Arena: Fauze Métene, Argemiro Parizotto e João Moreno. E o partido foi crescendo, em São José, no estado e no Brasil. Em 1972, nós conseguimos a maioria na Câmara de São José. Eram 17 vereadores no total e nós elegemos 9. Quando você começou a ser perseguido pela ditadura militar? Começou ainda no CTA. Eu tinha uma atividade mais frequente na cidade, mas como eu dava cobertura ao CASD e ao ITA, fiquei visado. Tanto que um dia depois do golpe de 64, quando cheguei para trabalhar, o meu chefe disse que teria que me apresentar em outro setor. Aquilo ali já me arrepiou. Na época, o diretor do CTA era o brigadeiro Casimiro Montenegro Filho e ele queria manter o CTA e o ITA, principalmente, fora desse negócio de perseguição, ele queria preservar o projeto do qual havia sido o mentor. Eu acabei sendo designado para outro setor e percebi que o negócio não estava muito bom, estavam começando a prender algumas pessoas e eu resolvi não ir trabalhar alguns dias. Quando eu voltei eles questionaram porque eu havia faltado. Falei que havia ficado chateado com a mudança de função. Não teve dúvida: no dia seguinte apareceu uma kombi do CTA em casa e me levaram para lá. Fiquei por uma noite e depois me levaram para a Base Aérea de Santos onde já estavam presos alguns alunos do ITA, principalmente os ligados ao CASD. E sem nenhuma acusação formal ? Era um absurdo. Eles achavam que nós tínhamos atividades subversivas. Eu fiquei 15 dias incomunicável lá, num quartinho que tinha dois metros por três, com uma cama de praia e um penico. Fiquei respondendo a um IPM (Inquérito Policial Militar), da Aeronáutica, eu era jovem

ainda e bocudo. Falava com o capitão Melo, que era o responsável pelo IPM: “E a nossa Constituição? Eu tenho direitos!”. E ele: “Nós já rasgamos isso tudo, não existe mais nada. Aqui você vai falar”. E eu retrucava dizendo que não tinha nada para falar. Eles queriam saber se eu tinha ligações com militares do CTA. De lá me levaram para o navio Raul Soares, um navio-prisão, no Porto de Santos. Ali eles pegaram muitos sindicalistas. Na verdade tinha gente da USP, professores, da Aeronáutica, muitos estavam lá. Fiquei preso um mês e meio, num cubículo na proa, junto com o presidente do Sindicato dos Estivadores, o Dominguinhos. De vez em quando, eles levavam a gente pro convés pra tomar um banho de sol e eu podia ver muitos guardas armados vigiando. De madrugada, eles passavam e acordavam todo mundo, tiravam das celas, pegavam os colchões pra ver se tinha alguma coisa. Depois me levaram para a Base Aérea de novo. Então, entre a Base e o navio, eu fiquei preso 117 dias. Um dia me pegaram na Base Aérea, passaram no navio pra pegar o Ariza, um colega que também estava preso lá e era de São José, e nos levaram para o Deops (Departamento de Ordem Política e Social) em São Paulo. Nos deixaram lá e disseram “pra deixar preso até mofar”. A sorte é que quem trabalhava no Deops era o delegado Waldy Simonetti, que era de São José dos Campos, e nos conhecia. Ele disse que ia ver o que tinha contra a gente e tal. Depois de uns quatro dias me chamaram pra interrogar e perguntaram sobre o prefeito Marcondes,

se eu havia tido alguma relação com a campanha, com ele. E o dr. Waldy me disse que não tinha nenhum inquérito contra mim. Até que eu e o Ariza formos liberados e voltamos pra São José. Voltei e fui exonerado do CTA. Aí comecei a procurar emprego na imprensa. Fui para a rádio Piratininga, no início de 1965, pra fazer o noticiário. A Rádio Clube também me chamou, na época pertencia ao jornal Valeparaibano. Depois que você é preso a primeira vez, toda hora tem que responder. Me chamavam para depor em São José e, às vezes no Deops, em São Paulo. E eu ia lá para depor, era mais pesado, você não sabia se iria voltar, né. Até o delegado que me atendia, depois de tantas vezes, me chamava de “o escritor maldito de São José dos Campos”. O que houve em 1975? Em 1975 o negócio foi sério, eu sabia que havia tortura, mas não imaginava que era tão pesado. E no DOI-CODI* [Destacamento de Operações Internas/Centro de Operações de Defesa Interna] a tortura estava institucionalizada. Eles imaginavam que estavam em guerra. Com o Ato Institucional


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número 5 - decreto que deu poderes quase absolutos ao regime militar, acabou com o habeas corpus e com as liberdades - alguns estudantes foram para a luta armada. Porque eles diziam que não tinha jeito de fazer política nesse país, não havia liberdade, o negócio era pegar em armas e eu achava uma aventura fora do comum. Como é que meia dúzia de gatos pingados iam lutar contra 100 mil homens armados? Era um absurdo. A gente não pode ir pro campo deles, a gente tem que chamar eles pra jogar no nosso campo. O nosso campo não é guerra, o nosso campo é política. Então nós temos que trazer para disputar politicamente, na eleição. E isso só atrasou o processo. Eu acho que a luta armada foi um atraso para o processo de redemocratização do país, porque isso foi um pretexto pra eles prenderem, torturarem. Em 1975 foram em casa, eu morava na Vila Maria. Eles se apresentaram como militares do 2º Exército, me algemaram e levaram para São Paulo. Eu vi que no banco de trás tinha um aluno do ITA, o Clóvis Goldemberg, filho do físico e ex-ministro José Goldemberg. E comecei a intuir a coisa. Na época eu era secretário do MDB e ‘puxava’ todo mundo pro partido, Marquei uma reunião com cinco estudantes do ITA pra convidá-los a entrar no partido. Eu já tinha sabido de outras prisões de estudantes do ITA e de pessoas de São José. Quando chegamos a São Paulo eles colocaram um capuz em mim. Chegamos a um lugar, me deram dois fios pra segurar e começaram a dar choques. “Fala aí o que você tem pra falar”, diziam. Eu respondia que não tinha nada pra falar. Depois de alguns minutos, me levaram pra outro local, disseram pra eu tirar a roupa. Aí um virou pro outro e disse: “Ele é novo ainda, aguenta bem”. Sentei numa cadeira metalizada, com espaldar alto. Me amarraram, colocaram pequenas garras em todo o corpo e começaram os choques e pauladas. E perguntando o que eu fazia. Eu dizia: “Coloquem o que vocês quiserem aí”. Mas o negócio era tão violento que eu, em alguns momentos, desmaiava, depois voltava. Eu imagino que fiquei lá a noite toda. Quando fui tentar sair da cadeira, caí no chão. Eles jogaram a minha roupa,

me puseram num colchonete e me arrastaram pra uma cela. Fui preso num domingo, em outubro de 75, e fiquei até quarta-feira. Fiquei nove dias lá. Nesse período só jogaram uma água em mim quando os próprios presos me puxaram pro chuveiro. Depois me levaram para um lugar que parecia mais com uma cela, com grades. A mesma turma que me torturou foi a que pegou o Vladimir Herzog [jornalista da TV Cultura que foi morto nas dependências do DOI-CODI], na mesma semana. Na segunda-feira, eles me arrastaram para um outro lugar, pegaram os meus óculos, me entregaram um papel e disseram que era para eu copiar o que havia no papel. Me recusei. Era uma confissão, eu assumindo, incriminando todo mundo. Depois de um tempo eles voltaram e disseram pra escrever o que eu quisesse. Escrevi uma lauda e meia. Mas eles disseram que não estava bom. Eu falei que era aquilo lá e eu não iria escrever mais nada. Pouco depois, me colocaram num carro. Fiquei preocupado achando que iam acabar comigo. Mas me levaram pra casa da minha sogra, em São José. Quando o pessoal saiu, disseram: “Olha, o Luiz Paulo está aqui. Mas se alguém falar alguma coisa, nós voltamos e levamos todo mundo pra lá”. Eu era correspondente do Jornal Estado de São Paulo e pedi pra ligarem lá e avisar que eu estava em São José naquela situação. O chefe de redação do jornal, Raul Martins Bastos, imediatamente, mandou me levar pro Hospital Beneficência Portuguesa para eu me recuperar. Depois fiquei sabendo que ali no hospital ainda estavam me monitorando. Eu estava com um medo desgraçado de eles me pegarem de volta. Porque eles tinham arrebentado meus dentes, estouraram meus tímpanos, minha coluna estava muito ruim. Da Beneficência eu fui para uma clínica de recuperação e fisioterapia, onde fiquei uns dois meses. E depois, você voltou para São José? Pensei até em ir pro exterior, em pedir para o Estadão me mandar como correspondente para algum país aqui por perto. Mas, acabei ficando em São José mesmo. Aí teve a renovação do diretório

do MDB. Na convenção do partido, o dr. Tertuliano Delfim Júnior, que era vereador, me lançou candidato. No começo eu não quis, mas acabei encarando. E tive cerca de 1.400 votos, fui eleito, e fui vereador de 1976 a 1996. Como você avalia a ditadura e os métodos de tortura no regime militar? Não é possível que pessoas normais façam uma coisa dessas, ou que estejam num estado normal. É uma coisa extremamente desumana, não chega nem a se comparar a animal. Eu nunca podia imaginar. Acho até que essas pessoas eram psicopatas. Então a luta é pra que a gente resista a isso tudo. Porque quando saí da primeira prisão política em 64, eu fiquei com um objetivo: derrotar a ditadura. E derrotar no campo em que eu sabia atuar, na política. E eu achava que o principal instrumento para isso seria o MDB. O partido que foi criado pra ser um ‘faz de conta’, apenas fazer uma firula de que tinha oposição no Brasil, acabou se transformando no partido que convenceu a maioria da população que deveria voltar ao estado democrático de direito. Eu sempre falava para os meus torturadores que “eu nunca fui clandestino, sempre tive endereço, sempre lutei de peito aberto, eu sou contra a ditadura, eu não me escondo”. Em 64, nós fomos derrotados politicamente. Não perdemos militarmente porque não houve luta, guerra. Infelizmente, a maioria da população se colocou ao lado dos militares do golpe, e apoiou. Em 75 já tinham matado Lamarca, Marighela, prenderam, torturaram. E eles começaram a cair no nosso campo, o político. Eles levaram uma lavada, com a Diretas Já, que mobilizou o país de ponta a ponta. Eles montaram o Colégio Eleitoral e perderam. Tancredo Neves os derrotou. Você teve contato com muitos prefeitos de São José. Qual foi o melhor? Sem sombra de dúvida nenhuma, a administração de Emanuel Fernandes. Eu sou até meio suspeito pra falar porque participei diretamente como auditor-geral. O Emanuel é um político diferenciado.


Foto: Pedro Ivo Prates / Meon

São José dos Campos, novembro de 2016 | 19

“Na verdade, quem mandava na administração da Ângela era o Zé Dirceu.”

Dentro da proposta política dele tem que haver renovação. Foi uma administração com regras, objetivando o interesse público, o atendimento da população. Ele revolucionou a administração pública nesse sentido e foi muito bem sucedido porque a população reconhece isso até hoje. Antes dele, o PT já estava dizendo a que veio e tudo começou em São José. Eu lamento que tenha começado aqui e a prefeita era a Ângela Guadagnin [prefeita de 1993 a 1996]. O que nós passamos a enxergar no cenário nacional depois, nós vimos nascer aqui na cidade. Aqui foi uma incubadora desse processo todo. A Prefeitura de São José contratou a Contexto, uma agência de propaganda, sempre com valor absurdo, e essa agência contratou a TVT (Rede de Comunicação dos Trabalhadores), pra fazer as ‘novelinhas’ [uma série de comerciais de TV sobre ações da prefeitura veiculados na cidade]. A agência não fazia, contratava essa Rede dos Trabalhadores, que foi constituída pelo PT, inclusive eu tenho as atas das assembleias da qual participava o Lula. A prefeitura passava dinheiro público para essa rede fazer o programa, só que ela não tinha capacidade técnica para executar. Aí, a prefeitura contratou cerca de 30 jornalistas que trabalhavam

pra eles [agência], ganhando da Urbam e da prefeitura e eles desviando dinheiro. Então nasceu aqui. Eu fui presidente estadual do PSB e nós fizemos uma coligação com o PT, em 1992, e o Edmundo Carvalho entrou como vice da Ângela. Eu assisti isso lá dentro e rompi com tudo. Na verdade, quem mandava na administração da Ângela era o Zé Dirceu. O Paulo de Tarso Venceslau, que era secretário das Finanças, tá aí pra confirmar. Ele foi demitido pela prefeita a mando dele. Eu liguei pro Zé Dirceu e disse: “A prefeita acabou de contratar a agência de propaganda, uma coisa absurda, e nós precisamos parar com isso aí, romper esse contrato”. Ele falou pra mim: “Você está querendo ser oposição, Luiz Paulo ?” Aí eu disse que estava fora. O Edmundo era o vice e rompeu junto comigo. E a prefeita demitiu o Edmundo também do cargo de secretário de Planejamento. Era muito esquema? Nossa senhora! O Paulo Okamoto [presidente do Instituto Lula e indiciado na Operação Lava Jato] vinha toda a semana para saber quem eram os fornecedores da prefeitura para tentar fazer o esquema financeiro deles. Por que o Paulo de Tarso foi demitido? Primeiro porque ele

não dava a relação de fornecedores para o Okamoto. Até que o Paulo de Tarso comprou uma briga maior com o Roberto Teixeira [amigo e compadre de Lula], da empresa CPEM. A prefeitura de São José contratou essa empresa para aumentar a arrecadação de ICMS. O Paulo de Tarso mandou fazer uma auditoria e descobriu uma série de irregularidades. E quis romper com a empresa. Aí, ele foi demitido. Como você analisa o momento político? Eu lamento profundamente que todos os ‘mal feitos’, como a ex-presidente Dilma gostava de falar, que eles fizeram provocaram uma descrença na polítca. Porque tem político bom e ruim. E principalmente um sentimento na população que a democracia não resolve. A maioria da população não acredita na democracia. Eu sinto hoje, que apesar disso tudo, a maioria da juventude acha que a democracia é a alternativa, é o caminho. Eu sou de uma geração de jovens que lutou pelas reformas de base e perdeu a luta politicamente na época. Eu queria reformar o mundo e outros queriam a revolução.  Nota do Editor: * O DOI-CODI surgiu a partir da OBAN (Operação Bandeirante), financiada por empresários, para combater a luta armada. Era um órgão - subordinado ao Exército - de inteligência e repressão do governo brasileiro durante o regime militar de 1964.


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NOTÍCIAS POLÍTICA

Ortiz Júnior com tudo de novo

Após quatro anos, batalha de tucano na Justiça chega ao fim Murilo Cunha TAUBATÉ

O

slogan é das eleições passadas, mas continua bem atual. José Bernardo Ortiz Monteiro Júnior (PSDB) está mesmo com tudo: depois de passar dois meses afastado da prefeitura de Taubaté, após ter sido condenado por abuso de poder político e econômico, o tucano volta com quase 75 mil votos nas urnas e uma aguardada absolvição na Justiça, que deve reconduzi-lo ao cargo em breve. No último dia 25 de outubro, o Tribunal Superior Eleitoral encerrou um processo que se arrastava desde o pleito de 2012. Ortiz Júnior e seu pai, o ex-prefeito Bernardo Ortiz, foram denunciados pelo Ministério Público em setembro daquele ano, com as eleições

“Se esse processo todo acarretou alguma mácula, quem responde foram os 74 mil e 600 eleitores que votaram em mim” Ortiz Júnior, prefeito de Taubaté.


São José dos Campos, novembro de 2016 | 21

“Eu nunca abandonei nada, nunca desisti de nada na minha vida, e não seria agora que eu iria desistir” Ortiz Júnior, prefeito de Taubaté.

Fonte: TSE *O candidato não teve seus votos validados devido à sua situação jurídica

1,83%

1.339 votos

Donizeti Lousada - PSDC

2,04%

1.496 votos

Vera Saba - PMB

3,08%

votos

2.259

Prof Silvio Prado - PSOL

8.426 votos

11,50%

32,14%

Isaac do Carmo - PT

23.742 votos

49,14%

José Saud - PMDB

36.006 votos

Taubaté Pollyana Gama - PPS

Ortiz Júnior votou ao lado de sua esposa Mariah Ortiz

74.589 votos

Fotos: Murilo Cunha/Meon

Júnior foi absolvido das acusações pelo Tribunal de Contas do Estado e pela Justiça Criminal, no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Mesmo assim, em 2013 a Justiça Eleitoral de Taubaté cassou o mandato do tucano. Ele seguiu à frente do Palácio Bom Conselho por meio de liminares até agosto deste ano, quando acabou afastado do cargo pelo TSE. O retorno se deu por uma troca na composição da corte: a ministra Maria Thereza de Assis Moura, que havia votado contra Júnior, deixou o tribunal, sendo substituída por Napoleão Nunes Maia Filho, que acabou por ter um entendimento diferente do caso. Placar final: 4 votos a 3 pela absolvição. “Eu não tenho dúvidas de que, ao final, prevaleceu a coerência”, disse Júnior na primeira entrevista após o julgamento. “A presença do novo ministro, um ministro mais equilibrado, foi determinante”, completou. Agora, Ortiz Júnior aguarda a Justiça Eleitoral de Taubaté ser notificada para que ele volte à prefeitura. Ele também deve ser vitorioso no processo que barrou sua candidatura por estar enquadrado na Lei da Ficha Limpa. “Essa decisão foi um grande alívio. A gente lutou tanto porque entendia que essa decisão judicial era extremamente injusta. A reparação dessa injustiça é a realização do milagre de Deus, eu não tenho dúvida”, afirma.

Ortiz Júnior - PSDB *

ainda em curso. Eles eram suspeitos de facilitar a ação de um cartel formado por empresas que disputavam licitações da FDE (Fundação para Desenvolvimento da Educação), órgão ligado ao governo estadual que, à época, era chefiado por Bernardo Ortiz. Segundo o MP, Júnior receberia parte do valor dos contratos firmados para financiar sua campanha à prefeitura.


22 | Revista Metrópole – Edição 21

Ortiz Júnior cumprimenta eleitores em Taubaté

Para Júnior, o afastamento não trouxe prejuízos para a cidade. “A prefeitura tem uma coluna vertebral. O Paulo [Miranda, prefeito interino] não fez nenhuma modificação tão substancial. As secretarias que tinham uma obrigação principal, de prestar serviço para a população, tiveram seus serviços preservados. Ele fez a cidade continuar avançando”, avaliou. O tucano garante que não teme ficar marcado pelo escândalo. “Se este processo todo acarretou alguma mácula, quem responde foram os 74.600 eleitores que votaram em mim, mesmo sabendo de todas essas circunstâncias. As acusações apareceram em 2012, e a população me deu 49% dos votos no primeiro turno e 64% no segundo. Agora, me deram uma vitória expressiva já no primeiro turno. A imagem que fica é a de luta contra uma injustiça. Se tem alguém que insistiu, persistiu, e acreditou, fui eu”.

Um novo começo Júnior, que afirma ter realizado um governo bem sucedido (segundo ele, de 85% a 90% das metas foram cumpridas), disse enxergar o mandato de 2017 a 2020 como “um novo governo”.

“Tenho dito que se for para fazer mais do mesmo, não serve. Tem que ser um governo com inovação. Há uma síndrome do governo reeleito, são poucos os prefeitos que se reelegem e têm êxito no segundo mandato. É um espírito de realização consolidada”, avalia. Dentre as falhas do primeiro mandato, ele listou a inauguração do SAMU, da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Esplanada Santa Helena, e o Conjunto Habitacional do Francisco Alves Monteiro. O atraso, segundo ele, se deve a problemas nos consórcios com os governos federal e estadual. O apoio de outras lideranças políticas da cidade é esperado para reverter a situação nos próximos anos. “Uma coisa importante é administrar com os deputados da cidade. Se estiver disposto a ajudar, é evidente que a prefeitura tem que estender a mão. Padre Afonso, Davi Zaia, a própria Pollyana Gama, se ela realmente se tornar deputada, são pessoas que podem trazer emendas e estreitar o diálogo. As divergências têm que acabar no dia em que se encerra a eleição. Elas não devem ser levadas para a vida pessoal e muito menos para a vida pública”. 

“A cidade melhorou, é inegável. A gente ainda tem problemas e desafios, mas enfrentar os desafios a partir de agora é diferente de enfrentá-los a partir de fevereiro de 2013, quando a cidade estava completamente destruída” Ortiz Júnior, prefeito de Taubaté.


Sucesso de público, Sucesso de CRÍTICA. Novas leis, grandes debates, Portal da Transparência, avaliação de projetos no Vote, espaço para opinião, crítica e prestação de serviços no Fale Conosco. Está tudo ao seu alcance no site da Câmara. E tem mais: o site acaba de ser escolhido uma das cinco melhores páginas governamentais do país no 4º Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web. Ele foi concebido para que softwares de conversão de texto em áudio, utilizados por pessoas com deficiência visual, possam reconhecer mais facilmente os conteúdos*. É a Câmara mais acessível a todos. * Para saber mais sobre as ferramentas de acessibilidade disponíveis, acesse: www.camarasjc.sp.gov.br/acessibilidade

@ Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web

www.camarasjc.sp.gov.br O dia a dia da Câmara em um clique. CÂMARA MUNICIPAL SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Independente e democrática.


24 | Revista Metrópole – Edição 21

NOTÍCIAS ECONOMIA

Murilo Cunha TAUBATÉ

N

ovembro chega e, como já é tradição, o mercado se prepara para mais uma edição da Black Friday. A data, que se popularizou no Brasil nos últimos anos, já é uma das mais aguardadas para o comércio varejista. Pela internet ou pessoalmente, milhares de compradores aproveitam a chance de conseguir fechar negócio a preços baixos – em São José dos Campos e em Taubaté, os descontos em lojas e shoppings chegaram a 80% em 2015. A “sexta-feira negra” é praticada há anos nos Estados Unidos e se tornou famosa pelas imagens das lojas sendo invadidas por um mar de gente. No Brasil, a primeira Black Friday aconteceu em 2010 e foi exclusiva do

comércio on-line. Nos anos seguintes, a moda pegou e grandes redes de lojas físicas entraram no jogo – mas a internet continua sendo o meio mais usado: de acordo com uma pesquisa realizada pela E-Bit, consultoria especializada em comércio eletrônico, 84% dos consumidores devem participar da data em 2016. E as cifras são de encher os olhos: o faturamento estimado somente para o dia do evento é de R$ 2,1 bilhões. O número é 30% maior do que o do ano passado, em que as vendas atingiram R$ 1,6 bi. Os produtos eletrônicos são os que têm a maior intenção de compra: 34% dos compradores devem aproveitar para adquirir algum equipamento novo. Em seguida vêm os eletrodomésticos (28%), telefonia e celulares (27%), e informática (23%).

Tudo pela metade do dobro? Em meio à correria para aproveitar os preços baixos, uma das grandes preocupações dos consumidores é a de não ser passado para trás. O termo “black fraude” se consagrou nos últimos anos devido ao número de empresas que adotam práticas condenáveis para se aproveitar da data. Preços aumentados artificialmente dias antes para, na sexta, simular um grande desconto, e venda de produtos que não existem no estoque são algumas das artimanhas para levar o comprador ao erro. Todos os anos, os órgãos de defesa do consumidor já se preparam para uma enorme quantidade de reclamações a respeito das vendas irregulares. O portal Reclame AQUI, site especializado em auxiliar consumidores insatisfeitos e que conta com mais de 15 milhões de usuários cadastrados, monitorou o evento em 2015 e recebeu mais de 1200


São José dos Campos, novembro de 2016 | 25

DES CON TO

50 %

queixas – quase a metade delas, por propagandas enganosas. Infelizmente, a prática é tão corriqueira que, em uma pesquisa realizada pela entidade, 66% dos participantes afirmou que não acredita nos descontos oferecidos. A Fundação Procon também identifica os falsos descontos como o problema mais recorrente: quase 30% dos atendimentos realizados no plantão da Black Friday do ano passado foram por esse motivo. No site do Procon, é possível consultar uma lista com mais de 500 sites que devem ser evitados, pois foram notificados após reclamações e não deram nenhum tipo de resposta. Com tantas ofertas e tanta informação disponível, não tem porque não aproveitar e economizar um dinheirinho. A Metrópole Magazine preparou algumas dicas para você tirar o melhor proveito da data. Boas compras! 

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26 | Revista Metrópole – Edição 21

BALANÇO PROCON 2015

Atendimentos: 1.184 (622 pelo site e pelo telefone 151; 562 pelas redes sociais) Descontos forjados:

28.3% Produto indisponível:

26%

Mudança de preço ao finalizar a compra:

16.4% Site congestionado:

5.1% BALANÇO

RECLAME AQUI 2015 Descontos forjados:

43% Site congestionado:

9% Produto indisponível:

8% Divergência de valores:

7,7%

Cinco dicas para não se dar mal nas compras 1. Selo Black Friday Legal Ficou na dúvida se pode confiar num determinado site? A Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net) concede o Selo Black Friday Legal para as lojas virtuais associadas que cumprem boas práticas de e-commerce. Dentre os pontos observados, estão a disponibilização de informações como CNPJ e endereço da empresa. 2. Faça uma lista de compras Com tantas ofertas, é normal perder o foco e acabar deixando alguma coisa escapar. É recomendado fazer uma lista dos produtos desejados para garantir que nada vá ficar para trás na hora de fechar o carrinho de compras. 3. Natal é agora A Black Friday funciona como um aquecimento para a principal data do varejo, o Natal. Mas vale ficar de olho para já garantir as compras do final de ano, ainda mais se os preços estiverem vantajosos. Com isso, o consumidor pode evitar a correria de última hora no mês seguinte. 4. Compare os preços A mais famosa das dicas de economia continua valendo: pesquise! Mesmo com a maioria dos sites oferecendo descontos, ainda é possível encontrar variação de preços para um mesmo produto em diferentes vendedores. Além disso, vale ficar atento para a famosa ‘pegadinha’ dos falsos descontos: os valores são aumentados perto da data do evento para, no dia, voltarem ao normal e serem vendidos como promocionais. A má prática foi a principal queixa dos consumidores em 2015. 5. Denuncie Se tudo o mais falhar e você acabar sendo lesado, denuncie. Os canais de defesa do consumidor estão atentos para a data, que sempre rende uma chuva de reclamações. O site Reclame AQUI, por exemplo, tem um aplicativo próprio para receber as queixas, inclusive com imagens. O app, disponível para celulares com Android e iOS, também permite pesquisar a reputação de mais de 70 mil empresas. Já pelo Procon, é possível fazer o atendimento eletrônico diretamente pelo Facebook (@proconsp) ou Twitter (@ proconspoficial) da instituição.

LÍDERES DAS RECLAMAÇÕES 2014

2015

B2W (Submarino, Shoptime, Saraiva)

B2W

Saraiva

Grupo Pão de Açúcar



28 | Revista Metrópole – Edição 21

ESPECIAL SAÚDE

Pedras preciosas e detox são apostas para a estética

Mercado da estética não para de apresentar novidades; especialistas explicam os novos procedimentos Fotos: Idelter Xavier / Meon

Moisés Rosa SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Moisés Rosa SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

T

er uma pele bonita é o desejo de vários homens e mulheres, ainda mais na temporada quente: o verão. Exibir uma pele bonita requer alguns cuidados que, segundo especialistas, podem ser feitos durante este período. Novas técnicas estão sendo utilizadas, desde a limpeza ‘tissue’ a máscaras com pedras preciosas. O mercado da estética não para de apresentar novidades. Mas é preciso estar atento às

restrições e seguir as recomendações. A pressa para conquistar uma pele bonita pode ser prejudicial e trazer danos à saúde. Por isso, escolher um bom especialista é o primeiro passo. De acordo com a biomédica Fernanda De Polli, antes de iniciar qualquer tipo de tratamento, o ideal é fazer uma limpeza de pele para remover os comedões, conhecidos como ‘cravinhos’. Para esta temporada, uma nova técnica está sendo utilizada: o ‘tissue’, um tipo de adesivo colado. “Essa limpeza remove os comedões e a técnica não deixa marcas na pele. Ela pode ser feita até mesmo em paciente

gestante, além de deixar a pele iluminada e limpinha. Isso serve para preparar a pele para os demais procedimentos. É um tratamento base para qualquer outro. O ideal é estar com a pele uniforme, para não deixar manchas”. Partindo para os tratamentos que oferecem hidratação, as clínicas da região têm investido em máscaras que possuem diversas composições e aplicações. A mais nova no mercado é a máscara de rubi, uma das pedras mais valiosas no mundo, e que promete o rejuvenescimento. Ela é caracterizada pela cor avermelhada e possui alto teor de ferro e minerais que


vmp8.com

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servem para estimular a produção de colágeno. No mercado, há ainda máscaras de ouro, diamante e pérola, e cada uma possui uma particularidade para atuação. O valor nas clínicas varia de R$ 39 a R$ 150. “As máscaras são uma ótima forma de tratamento para a pele, pois ‘acalmam’ e podem ser feitas em qualquer época. No caso da máscara de rubi, ela serve para desintoxicar, dar maciez, além de uma hidratação bem mais profunda. A de ouro melhora o volume da face, a de diamante acalma e hidrata, saindo com muito brilho. A de pérola oferece nutrição, proteção e hidratação. Outra novidade é o uso do detox na estética, com técnicas manuais e que associa a reeducação alimentar”, explica Patrícia Abreu, fisioterapeuta dermato-funcional. Outra técnica que pode ser usada é o peeling de diamante, pois provoca uma pequena esfoliação. “Não agride tanto e não é necessário se ‘esconder’ do sol, apenas tomar os cuidados essenciais e passar protetor”, acrescenta. A joseense Patrícia Ariane de Lima, 25 anos, que realiza tratamentos estéticos, diz que opta por técnicas que não agridam tanto a pele e procura os especialistas para manter os cuidados essenciais durante o ano e, principalmente, para o verão. “Antes fazia apenas o uso de protetor solar e não realizava os tratamentos estéticos. Agora, estou me cuidando ainda mais e fazendo aplicações de máscaras, já que não agridem e não são prejudiciais”, comenta.

Cuidados A biomédica Natalie Lucasech alerta para os cuidados essenciais e afirma que o uso de ácidos e clareadores pode trazer uma ‘grande dor de cabeça’. “É preciso tomar cuidado com a utilização de ácidos e de clareadores, já que possuem ações que não podem ser associadas com a radiação”.

ISO 9001: 2008


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Uma dica da especialista é o uso da água termal para a hidratação. “Ela [água termal] vem com muita força e está sendo bastante explorada, pois repõe alguns sais essenciais para a pele. Por exemplo, após a praia ou a piscina, é indicado o uso da água para borrifar no rosto e até mesmo no cabelo”. Na clínica em que atende, em São José dos Campos, a especialista destaca a procura pelas máscaras que, segundo ela, são a ‘sensação do momento’ e não possuem restrições. Ela alerta para a importância de suspender o uso de ácidos e outros tipos de tratamentos que sensibilizem a pele. “Tratamentos que podem sensibilizar a pele devem ser evitados, como peeling químico e o laser fracionado. Não é hora de clarear as manchas e sim de evitar. O que está liberado é o peeling de cristal e o de diamante”. Já em relação às máscaras, Natalie destaca que podem ser feitas em qualquer época, além de outros procedimentos. “Pode fazer massagem, drenagem, botox e preenchimento, que são comuns nesta época do ano e isso é liberado sem problema nenhum”. As máscaras estão liberadas, já que possuem o

efeito de hidratação e podem ser feitas a cada vinte dias. “As máscaras possuem nanopartículas de ativos e são muito utilizadas na

estética”, completa a especialista. Essas máscaras podem estar associadas a peptídeos, que possuem ação comprovada na melhora da longevidade. 

Dicas: Evite o sol diretamente e principalmente entre 10h e 16h, quando a radiação está mais intensa O uso excessivo do sabonete resseca muito a pele. Dois banhos por dia já são suficientes para manter a pele limpa

“Pode fazer massagem, drenagem, botox e preenchimento, que são comuns nesta época do ano e isso é liberado sem problema nenhum” Natalie Lucasech, BIOMÉDICA

Se sua pele for oleosa e com tendência à acne é importante usar produtos como sabonetes, tônicos, adstringentes indicados para esse tipo de pele. E com os filtros solares é a mesma coisa. Opte pelas versões em gel, mousse e que sejam livres de óleo (oil free). Capriche também na limpeza da pele e remova totalmente o protetor à noite. Beba dois litros de água por dia e use hidratantes naturais, além de utilizar sempre protetor solar ao sair de casa.



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NOTÍCIAS EDUCAÇÃO Fotos: Pedro Ivo Prates

Principal proposta do MEC é para que o próprio aluno monte sua grade curricular

‘Novo’ Ensino Médio

MEC propõe mudanças para o Ensino Médio em todo o país. Medida gera discussão entre docentes e alunos, sobre a real eficiência da reforma Idelter Xavier RMVALE

U

m dos assuntos mais debatidos nos últimos tempos é a reforma do Ensino Médio em nosso país, proposta pelo Governo Federal por meio de uma medida provisória, publicada no Diário Oficial em 22 de setembro deste ano. De acordo com o MEC (Ministério da Educação), o objetivo principal desta mudança é a flexibilização do currículo escolar, deixando a critério do aluno escolher as matérias que queira estudar. Além disso, outra prioridade é que as escolas passem a ter ensino integral.

A intenção é manter as 13 disciplinas tradicionais, que hoje são obrigatórias: português, matemática, inglês, espanhol, química, física, biologia, artes, educação física, história, geografia, filosofia e sociologia. Porém, os alunos só serão obrigados a estudarem essas matérias até a metade do Ensino Médio, ou seja, a partir do segundo semestre do segundo ano do Ensino Médio, os estudantes poderão montar sua grade curricular de acordo com a sua própria vontade, escolhendo entre cinco grandes áreas: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Formação Técnica e Profissional.

Segundo o secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Rossieli Soares, nenhum conteúdo será excluído do currículo do Ensino Médio, seja na parte comum e obrigatória ou na parte flexível. Em relação ao conteúdo, ele afirma que a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) segue responsável por elaborar e estabelecer os conhecimentos fundamentais que os estudantes brasileiros devem ter acesso, da educação infantil até o Ensino Médio. Porém, a tal medida provisória, que promete melhorar a qualidade do Ensino Médio, vem causando uma grande discussão entre pais, alunos e professores de todo o país. Que a educação no


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Brasil não é destaque mundial e que precisa ser reformulada, todos sabem, mas, o que mais chama a atenção é o fato da proposta ter sido publicada no Diário Oficial como uma medida provisória, portanto, deve ser aprovada em até 60 dias pelos congressistas, podendo ser prorrogada apenas uma vez, por mais 60 dias. De acordo com a historiadora e doutora em História pela PUC-SP, Zuleika Stefânia Sabino Roque, de 37 anos, que atua no magistério há 20 anos e reside em São José dos Campos, as propostas realizadas pelo MEC não são positivas. “Não acredito que as propostas sejam boas, pelo simples fato de se tratar de uma reforma que está sendo sugerida com urgência, como uma medida provisória. Uma medida provisória é um ato unipessoal e demonstra pressa”. E essa velocidade para a aprovação das mudanças vem causando descontentamento de muitos profissionais da educação, pelo fato das propostas não terem sido debatidas e exploradas

anteriormente. Existe um projeto de lei de 2013 que vinha sendo discutido por diversos especialistas desde sua criação, mas que agora, provavelmente, será deixado de lado com a aprovação da nova medida provisória estabelecida pelo MEC. “Não vejo com bons olhos o fato de, na atual conjuntura política brasileira, pessoas que não são da área da educação opinarem sobre o assunto. Quem sabe da sala de aula é o professor, é o aluno, é o pai do aluno. São esses os atores, são esses os que a cada 50 minutos vivenciam as verdadeiras mazelas e sucessos da educação”, afirma Zuleika. Para o estudante do segundo ano do Ensino Médio, Giordan Moraes, de 16 anos, também de São José dos Campos, o atual método utilizado não é agradável. “Eu não gosto do atual método de ensino porque é totalmente voltado para o vestibular. Acredito que estudar as matérias que tenho mais afinidade seria excelente, pois teria um melhor direcionamento. Acho que eu aprenderia mais sobre os assuntos que eu mais gosto e não apenas

o que cai nos principais vestibulares”. “Agora, falando sobre o sistema de ensino integral, eu acho que ele é muito cansativo. Deveria haver atividades físicas e psicológicas para melhorar o desempenho do aluno. Algo para quebrar a rotina cansativa de exercícios para o vestibular e não só passar o dia inteiro na sala de aula estudando. Um esporte ou uma atividade diferente, às vezes, ajuda a relaxar”, completa o estudante. Segundo Zuleika, mudanças são necessárias, mas é preciso que uma série de fatores sejam melhorados antes para que isso aconteça de forma eficiente. “Que o sistema de ensino precisa de mudanças, sabemos, a questão é o que mudar, quando e como. Um problema crônico não se resolve com ‘milagres’. O aluno construir seu próprio itinerário de acordo com seu gosto é uma escola ideal. É bom ter claro que há a escola legal, a ideal e a real. Ampliar a carga horária, por exemplo, não significa necessariamente mudar a qualidade da educação, até por que se o professor continuar sendo


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desvalorizado e o aluno tratado como número, não haverá avanço”. “Na minha opinião, a solução está na valorização do professor, o investimento nas licenciaturas de modo que os professores fossem encorajados a muito mais do que dar aula: a pesquisar. Esse modus operandi de dar aula em várias escolas, correndo de um lugar pra outro para compor jornada, tira toda potencialidade que tem a escola como espaço de construção de conhecimento. Outra mudança importante é compreender a sociabilidade dos jovens do século XXI, respeitar as várias identidades que estão dentro da escola, proporcionar discussões contextualizadas e ouvir os alunos. Afinal, se o aluno não vê sentido no que está sendo exposto, ele não participa, ou faz sua participação de forma que não atenda às expectativas do docente”, finaliza a historiadora.

Menos professores A proposta do MEC também faz menção à queda no número de professores, que é cada vez maior no país. Visando reduzir a falta de professores durante a implementação das mudanças, a formação

dos docentes também será flexível, permitindo a contratação de profissionais com “notório saber”, ou seja, sem formação em licenciatura ou pedagogia. De acordo com Zuleika, esse é um dos principais problemas das mudanças anunciadas. “Abrir precedentes para a contratação de pessoas de ‘notório saber’ talvez seja o ponto mais polêmico desta reforma. O que determinará esse reconhecimento? Que tipo de escola está a se planejar e qual o papel do licenciado, educador nesse contexto?”. Todo e qualquer tipo de reforma deve ser debatida e discutida antes de entrar em vigor. Ouvir os principais envolvidos, alinhar pontos cruciais e definir estratégias, baseadas em estudos e análises, é fundamental. Na atual situação em que o Brasil se encontra, ocupando a 60º posição no ranking mundial de educação, a mudança é necessária, porém, deve ser feita de maneira inteligente e efetiva.

Período integral A principal meta do MEC com relação ao ensino integral é que ele corresponda a 25% das matrículas no Ensino Médio no prazo de oito anos. Atualmente

a carga horária é de apenas quatro horas diárias, chegando a 800 horas anuais, totalizando 2.400 horas nas três séries. A medida leva em consideração que muitos jovens trabalham durante o dia e frequentam a escola no período da noite e, por isso, foi estipulado o período de adaptação, para que essa mudança aconteça de forma gradativa. A medida provisória prevê um investimento de R$ 1,5 bilhão para que aconteça a conversão das escolas para o período integral. As mudanças devem acontecer a partir do primeiro semestre de 2017 e os colégios serão escolhidos pelas secretarias estaduais. Cada unidade irá receber, por ano, R$ 2 mil por aluno.

Formação técnica Outra opção que foi proposta pelo Governo na reforma do Ensino Médio é em relação ao ensino técnico. Atualmente, é necessário que o aluno curse, além das 2.400 horas do Ensino Médio, mais 1.200 horas do ensino técnico. A ideia é que, caso o sistema de ensino tenha condições, o estudante conclua o ensino técnico junto às 2.400 horas do Ensino Médio. 

Medida autoriza que pessoas sem formação em licenciatura ou pedagogia sejam contratadas



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NOTÍCIAS ESPECIAL

Salão do Automóvel 2016 traz novidades em ano de crise

Setor passa por período conturbado e queda nas vendas

Henrique Macedo SÃO PAULO

Q

uem gosta de novidades na área automotiva e aguarda ansioso pelo Salão do Automóvel, vai gostar da edição deste ano. De casa nova - agora no São Paulo Expo Exhibition & Convention Center, antigo Pavilhão de Exposições Imigrantes - depois de 46 anos no Anhembi, o Salão traz as novidades do setor que vive uma das piores crises dos últimos anos. O novo espaço tem ar condicionado, possui 90 mil m² e uma área externa para test drives de 20 mil m². O São Paulo Expo também tem um estacionamento coberto com 4.500 vagas. São esperados 800 mil visitantes no evento, que acontece de 10 a 20 de novembro.

Crise A crise que afeta o mercado automotivo não tem precedentes. Até setembro, as vendas tiveram o pior desempenho desde 2006. De acordo com dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a produção recuou ao nível de 2003. A previsão é que a indústria feche 2016 com menos de 2 milhões de carros produzidos. Mesmo assim, as montadoras continuam investindo em novos modelos e apostando no reaquecimento da economia. Confira as principais novidades:

Volkswagen A montadora alemã mostra uma reestilização do Up para tentar reverter a perda de share no mercado de pequenos. A picape Amarok (foto) também vem

com novo motor - um V6 de 3 litros, com potências entre 163 cv e 224 cv. Na parte estética, a picape apresenta novos faróis.

Ford Deve mostrar versões do esportivo Mustang (uma V8, de 435 cv, e outra de 533 cv), além do superesportivo GT, com 600 cv. Sem previsão de venda no Brasil. Quem pode ser vendida no mercado nacional é a Ranger Wildtrack. Trata-se de uma versão com visual aventureiro que já é comercializada em mercados europeus e asiáticos. Traz motor 3.2 turbodiesel de 200 cv.


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GM

Fiat

Nissan

A gigante americana vai mostrar a nova geração do muscle car Camaro. A versão escolhida a ser disponibilizada no Brasil será equipada com motor V8 de 455 cv e câmbio automático de oito marchas. A GM já confirmou o Cruze Sport6, hatch baseado no novo Cruze. Ele também terá motor 1.4 turbo. A Tracker (foto) vem reestilizada e também deve usar o mesmo motor 1.4 turbo.

A marca italiana vai oferecer uma nova opção de motorização para a picape média Toro. O propulsor escolhido é o 2.4 de 186 cv da família TigerShark. As versões com esta motorização serão posicionadas entre o 1.8 flex e o 2.0 diesel.

Para quem gosta de picapes, a japonesa vai apresentar a nova Frontier com motor 2.3 de 190 cv a diesel. Ela dividirá as atenções com o icônico esportivo GT-R (foto), com motor V6 biturbo de 572 cv. Pedidos sob encomenda. Preço: R$ 900 mil.

Honda A marca japonesa vai mostrar o SUV WR-V (foto), menor que o HR-V, líder de vendas no segmento. O WR-V usará a plataforma do Fit e será uma opção mais em conta do que o HR-V.

Toyota A fábrica japonesa apresenta uma versão conceitual do C-HR (foto), futuro rival do SUV HR-V, da Honda. O modelo tem linhas futuristas e ainda não tem previsão de chegada ao Brasil.


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Renault

Jeep

O Kwid (foto) vai substituir o Clio. Terá motor 1.0 de três cilindros e 75 cv. Concorrerá com Fiat Mobi e Volkswagen Up. Já o SUV Captur vai concorrer diretamente com Honda HR-V e Jeep Renegade.

Depois do Renegade, sucesso de vendas, a Jeep quer emplacar o Compass (foto), SUV um pouco maior e mais sofisticado. Com preços entre R$ 99.990 e R$ 149.990, brigará com Hyundai ix35, Kia Sportage e até os SUVs compactos premium, como BMW X1, Audi Q3 e Mercedes GLA. Deve ser uma das estrelas do Salão. 

Hyundai A coreana confirmou o lançamento do SUV compacto Creta. Segundo a marca, ele será vendido com motor 1.6 de 128 cv do HB20. É mais um modelo no disputadíssimo mercado de SUVs compactos, que já tem Honda HR-V, Jeep Renegade, Nissan Kicks, Ford EcoSport, e outros.

Chery A chinesa, que tem fábrica em Jacareí, vai mostrar o SUV compacto Tiggo 2, um pouco menor do que o Tiggo.

Peugeot A montadora francesa deve mostrar o 3008 para testar a receptividade do público. O modelo foi renovado e ficou com um desenho mais ousado.

Serviço: Salão do Automóvel 2016 São Paulo Expo Km 1,5 da Rodovia dos Imigrantes 10 a 20 de novembro Horário: no primeiro dia, das 14h às 22h Nos dias seguintes, das 13h às 22h No último dia, das 11h às 19h Preço dos ingressos Para comprar o ingresso o melhor é utilizar a internet. Os preços variam bastante: 10 de novembro (quinta-feira) - R$ 40,00 11 de novembro (sexta-feira) - R$ 70,00 12 a 15 de novembro (sábado a terça) - R$ 95,00 16 a 18 novembro (quarta a sexta) - R$ 70,00 19 de novembro (sábado) - R$ 95,00 20 de novembro (domingo) - R$ 70,00 Estudantes têm direito a pagar meia entrada. Em cima destes preços há mais uma taxa de 10% cobrada pela empresa Tickets For Fun, que vende os ingressos pela internet.



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NOTÍCIAS ESPECIAL

É burocrático, mas vale a pena Pessoas com deficiência, taxistas e empresas podem ter até 25% de desconto na compra de um carro novo

Rodrigo Ribeiro SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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um país onde existe imposto sobre imposto, quem é que não quer um desconto de até 25% na compra de um veículo 0 km? No Brasil, PCD (Pessoa com Deficiência), taxistas, empresas, locadoras, associações, pacientes oncológicos, entre outros, podem ter as isenções, no entanto, precisam de uma boa dose de paciência para conquistá-las. Acredite, até pessoas que não possuem membros, por exemplo, precisam passar por um médico e apresentar um laudo para comprovar a deficiência. E essa é apenas uma das etapas – para PCDs – de um roteiro recheado de comprovantes e idas e vindas ao Detran (Departamento de Trânsito), Receita

Federal, Secretaria da Fazenda e é claro, à concessionária. Na RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte), diversas concessionárias, inclusive de montadoras com unidades na região, oferecem os descontos, cada uma com seu modelo de plano. Para PCDs, o valor total do veículo não pode ultrapassar R$ 70 mil. No caso dos PCDs, a regra costuma ser padrão. O deficiente físico condutor está isento de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços), IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e rodízio municipal, que acontece na cidade de São Paulo, por exemplo.

A pessoa com deficiência física, visual, mental, não condutora, ou seja, que terá um representante legal habilitado terá isenção de IPI, ICMS e rodízio municipal. Já os descontos e planos para empresas, produtores rurais, taxistas, podem variar de acordo com a concessionária. (Veja no final desta matéria a lista de quem pode ter o desconto em cada um dos casos e exemplos dos benefícios aplicados). A moradora de São José dos Campos, Rosana Selicani, de 50 anos, possui deficiência física e comprou seu último carro com 23% de desconto. “Como eu mesma fiz toda a ‘papelada’ demorou muito, sete meses. Cada concessionária tem os modelos a serem oferecidos. Para adquirir outro com isenção, só depois de dois anos e o IOF só pode ser usado uma única vez na vida”, conta.


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Para Rosana, todo o procedimento é muito burocrático. “Mesmo com minha deficiência permanente e visível, tenho que apresentar documentação provando a deficiência. Até entendo que precise, porque infelizmente moramos num país que tem muitas pessoas querendo inventar deficiência para adquirir um carro”, diz. “Mas acho que no meu caso poderia ser rápido”, completa. Segundo Rosana, outro problema é a ausência de carros populares e 1.0 nas opções para compra com desconto. “Não podemos adquirir 1.0, isso eu acho injusto, nunca podemos escolher o que queremos”, explica. Algumas concessionárias oferecem a opção de 1.0. Apesar de toda burocracia, Rosana diz que vale a pena esperar. “O principal ponto positivo é o desconto mesmo, principalmente do IPVA, ajuda bastante.

O meu carro na tabela normal era mais ou menos R$ 68 mil e saiu por R$ 52 mil, cerca de 23% de desconto”, conclui. Já Eduardo Damião dos Santos Moura, de 54 anos, possui deficiência visual e comprou por duas oportunidades um veículo com desconto para PCDs. “Na primeira vez, em 2013, levei oito meses para pegar o carro, dei entrada em janeiro e peguei o carro em agosto. A segunda foi neste ano, dei entrada em agosto de 2015 e peguei o carro em fevereiro de 2016”, detalha. O morador de São José dos Campos precisa da esposa ou filhos como condutores para ir à igreja, sua segunda casa, ministrar palestras e demais atividades do dia a dia. “A documentação foi realizada por meio de um processo com documentos pessoais e o laudo médico do perito do INSS (Instituto Nacional


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do Seguro Social) comprovando a deficiência. A burocracia é grande, o tempo é demorado, mas vale a pena quando se consegue pegar o carro dos sonhos”, diz Eduardo. Normalmente, as concessionárias possuem um setor ou funcionário específicos para tratar das vendas diretas, seja para PCD, empresas, taxistas ou frotistas. “A parte boa são os descontos de IPI e ICMS, com aproximadamente 25%, dependendo da concessionária”, conta Eduardo, que critica o limite de R$ 70 mil para a compra. “Muitos carros já passaram deste valor. Existe um projeto, há anos, para que aumente para R$ 90 mil, mas até agora não foi aprovado”, completa. “Outro ponto negativo é que o deficiente visual e algumas outras deficiências não têm direito ao desconto de IPVA, como um deficiente cadeirante. Nós, deficientes visuais temos que entrar com

um processo na Justiça para receber esse desconto, mas temos que gastar mais dinheiro com advogado, em torno de R$ 3 a R$ 4 mil”, afirma Eduardo. O primeiro carro comprado nas condições de PCD por Eduardo, um Honda Fit, tinha o valor de R$ 59 mil e com os descontos ficou em cerca de R$ 45 mil. Já o segundo veículo, um Honda City, foi adquirido de R$ 69.980 mil por cerca de R$ 53 mil. “Apesar dos pontos negativos como em qualquer outra situação, estamos felizes, pois podemos pegar um carro com mais conforto e segurança, que antes não podia”, conclui Eduardo. As pessoas que não têm muita paciência ou simplesmente preferem “terceirizar” o trabalho para conseguir o desconto, podem contratar empresas e profissionais especializadas nesse trâmite. Claro que com os gastos para isso, o desconto para a compra do carro será menor.

Quem pode ter isenções de imposto* Pessoas com deficiência De acordo com a Concessionária Daitan Honda, de São José dos Campos, todas as pessoas com deficiência física, mental (severa ou profunda), visual (definidos em lei), autistas, ou portadoras de sequelas provenientes de cirurgia - definidas em lei -, ou o seu representante legal habilitado, têm direito a isenções fiscais. Algumas doenças que poderão se enquadrar nestes benefícios são: amputações, artrite reumatoide, artrodese, artrose, AVC, AVE (Acidente Vascular Encefálico), câncer, coluna, doenças degenerativas, doenças neurológicas, encurtamento de membros e más-formações, esclerose múltipla ou acentuada, linfomas, mastectomia, nanismo, neuropatias diabéticas, paralisia,

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“O principal ponto positivo é o desconto mesmo, principalmente do IPVA, ajuda bastante”



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paraplegia, Parkinson, poliomielite, próteses internas e externas, renal crônica, síndrome do túnel do carpo, talidomida, tendinite crônica e tetraparesia.

CNPJ Segundo a Capricho Veículos, concessionária da Chevrolet com unidades na RMVale, nesta categoria de vendas com descontos estão os microempresários, autoescolas, pequenos frotistas, sindicatos, associações, etc. A quantidade mínima de compra e condições varia em cada concessionária.

Produtor rural Na Veibras, outra concessionária da Chevrolet na RMVale, o produtor rural tem direitos a descontos exclusivos com faturamento direto da fábrica. A compra é limitada a duas unidades por ano

por inscrição de produtor, sendo necessário permanecer seis meses com o veículo. Para o trâmite, o produtor precisa apresentar o número da inscrição estadual; número do NIRF – deve estar no mesmo CPF da inscrição estadual (constante na guia de ITR); comprovante de residência original em nome do comprador. A exceção fica por conta de contratos de arrendamento e/ou condomínio rural estabelecido.

Táxi Nesta categoria entram taxistas autônomos, empresas de táxi, associações e cooperativas, que podem ter isenções fiscais. Na Capricho Veículos, por exemplo, são concedidos a cada dois anos incentivos fiscais do IPI e ICMS. Para se enquadrar nesta categoria, deve ser providenciado o RG, CPF,

comprovante de residência, original da isenção de IPI e original da isenção de ICMS, se houver.

Corpo diplomático e governo As concessionárias e montadoras também costumam apresentar descontos e isenções para órgãos e setores do governo.

Locadoras de veículos e locadoras afiliadas ABLA Locadoras diversas e as associadas à ABLA (Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis) podem ter isenções para compra de veículos.  *Informação não abrange todas as concessionárias e montadoras e planos existentes no mercado. Cada uma possui um plano/programa, com suas respectivas características, benefícios, etc. É importante o consumidor consultar as concessionárias.

Exemplos de descontos* Capricho Veículos (PCD) Onix 1.0 LS Flex 2016 Preço Público R$ 39.190,00 Total IPI + ICMS + Adicional Fábrica R$ 27.973,80 Trailblazer 3.6L V6 Gasolina 4x4 2016 Automático Preço Público R$ 163.790,00 Total IPI + Adicional Fábrica R$ 113.589,90 Capricho Veículos (Taxista) Prisma 1.4 LT Flex 2016 Branco Preço Público R$ 50.875,00 Preço à vista R$ 33.554,00 Cruze 1.4 Turbo Ecotec Flex 2017 Automático Branco Preço Público R$ 90.640,00 Preço à vista R$ R$ 69.220,00 Capricho Veículos (Para CNPJ e Produtor Rural) Onix 1.0 LS Flex 2016 Preço Público R$ 39.190,00 Preço à vista R$ 34.487,20 S10 Cabine Dupla LT 2.5 2017 Flexpower 4x2 Preço Público R$ 97.890,00 Preço à vista R$ 88.101,00

Daitan Honda (PCD) FIT DX MT (Câmbio Mecânico) (cor sólida) Preço Público R$ 58.690,00 Com isenção de IPI R$ 55.409,33 Com isenção de IPI e ICMS R$ 47.438,08 CITY DX MT (Câmbio Mecânico) (cor sólida) Preço Público R$ 61.890,00 Com isenção de IPI R$ 54.417,47 Com isenção de IPI e ICMS R$ 46.431,14 Daitan Honda (Taxista) FIT LX MT (Câmbio Mecânico) (cor sólida) Preço Público R$ 63.090,00 Com isenção de IPI e ICMS R$ 47.275,19 CITY DX MT (Câmbio Mecânico) (cor sólida) Preço Público R$ 61.890,00 Com isenção de IPI e ICMS R$ 46.213,95 Daitan Honda (Frotista) FIT LX MT (Câmbio Mecânico) (cor sólida) Preço Público R$ R$ 63.090,00 Frota de 0 a 30 veículos R$ 60.237,00 Frota acima de 30 veículos R$ 59.305,50 CITY DX MT (Câmbio Mecânico) (cor sólida) Preço Público R$ 61.890,00 Frota de 0 a 30 veículos R$ 57.855,00 Frota acima de 30 veículos R$ 56.941,50

Daitan Honda (Diplomatas) FIT LX MT (Câmbio Mecânico) (cor sólida) Preço Público R$ 63.090,00 Preço para diplomata R$ 47.438,08 CITY DX MT (Câmbio Mecânico) (cor sólida) Preço Público R$ 61.890,00 Preço para diplomata R$ 46.431,14 TDrive Toyota trabalha com o modelo Corolla para as vendas diretas. Consultar preços com a concessionária. Veibras A concessionária possui planos com preços diferenciados para frotista, locadoras e locadoras afiliadas ABLA, empresas de táxi, taxista autônomo, PCD, produtor rural, centro de formação de condutores, corpo diplomático e veículos funcionais. Consultar preços com a concessionária. Original Veículos (Volkswagen) A concessionária possui planos com preços diferenciados para PCD, microempresa, frotista, locadora, taxista, auto escola, pós-vendas corporativo e governo. Consultar preços com a concessionária. *Informação de concessionárias da RMVale



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NOTÍCIAS ESPECIAL

Novo ou seminovo? Eis a questão! Mercado de carros passa por transformação no país

“Garantia de recompra com a melhor avaliação na troca”, garante Bruno Valle, consultor de vendas no Colinas Veículos

Rodrigo Machado SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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scolher um carro para comprar parece ser tarefa simples, mas a partir do momento que você começa a visitar concessionárias e lojas, surgem os desafios na hora de fechar o negócio. Escolher a marca e o modelo do veículo, acessórios e a cor, pagar à vista ou dar uma boa entrada e financiar o valor restante, quais são as melhores escolhas? E diante da crise econômica enfrentada pelo país que afeta tanto as linhas de produção e o mercado de compra e venda nos últimos dois anos - o que escolher? Um modelo zero km ou bater o martelo para aquele seminovo?

A Metrópole Magazine conversou com algumas concessionárias e lojas de vendas de novos, seminovos e usados, e, claro, consumidores. Afinal, são eles que decidem na hora de fechar o negócio. E se o carro for para atender toda a família, de quem é a palavra final na hora da compra, do homem ou da mulher? O assunto foi até tema de um mestrado numa universidade de Minas Gerais e apontou que a família tem grande influência no comportamento do comprador. A mulher do século 21 é mais descolada, detalhista, observadora e, acima de tudo, atenta ao que fazem e o que passa ao seu redor. Diante desse novo perfil, muitas vezes o seu poder de decisão é superior ao do homem,

principalmente nos dias de hoje, onde as facilidades para adquirir produtos estão cada vez maiores. “No momento da decisão sobre que tipo de carro comprar é importante levar em consideração a necessidade da família toda e ninguém melhor do que a mulher para pensar em tudo que é necessário e que caiba no bolso. Tem questões técnicas que, normalmente, são avaliadas pelos homens, mas no final das contas o fundamental é que a relação custo-benefício da realização deste sonho aponte para um carro que agrade a maioria”, diz a contadora Rubia Simões Santos, de 37 anos. Segundo ela, por muito tempo eram poucos os privilegiados que



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podiam desfrutar dos benefícios que um carro pode oferecer. “Entretanto, com o passar dos anos ter um carro passou a ser mais acessível, e isso para muitos de nós gera um sentimento de vitória e de poder conquistar um bem que nos torna independentes dos serviços públicos, que não eram e continuam não sendo eficientes. Atualmente, com a velocidade com que as coisas acontecem e os inúmeros compromissos que temos, um carro torna-se um bem totalmente necessário”, afirmou.

Se por um lado o consumidor sabe o que busca no que diz respeito à modelo, cor e marca, por outro é preciso se atentar na hora de escolher a forma de pagar o futuro bem. Economistas apontam que o mercado de seminovos tem se destacado diante de um cenário econômico ‘frio e congelante’, por meio de diversas formas. Entre elas estão a valorização do carro usado no momento da troca, acessórios como ar condicionado, direção hidráulica, sensores, entre outros, que acabam chamando

a atenção, além da pouca quilometragem rodada. “Do mesmo modo com que está acontecendo com outros produtos, o mercado de carros novos também foi prejudicado com a crise. Por mais que as montadoras e as lojas facilitem, o mercado ainda não conseguiu se recuperar. São montadoras dispensando funcionários, poucos conseguem trabalho novamente, mas as pessoas pensam e precisam manter um veículo. O mercado de seminovos subiu porque é mais viável economicamente.


São José dos Campos, novembro de 2016 | 49

O mercado de usados acabou sendo aquecido com esse novo comportamento”, disse o economista e professor da Univap (Universidade do Vale do Paraíba), Roque Mendes. Ele aponta ainda que em São José dos Campos, por exemplo, há lojas de carros usados e seminovos que estão facilitando para movimentar o mercado, inclusive, pagando o preço de tabela do usado na hora de vender um seminovo. “A crise inverteu a situação. Antigamente, as lojas pagavam valores abaixo da tabela para carros

usados. Com a mudança, as concessionárias de seminovos estimulam a compra de um seminovo, mas mesmo assim a situação ainda não está boa”, aponta Mendes. As vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos no Brasil recuaram 20% em setembro, na comparação com o mesmo mês em 2015, segundo dados divulgados pela Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores), em outubro. Em setembro, foram emplacadas 159,9 mil

“No momento da decisão sobre que tipo de carro comprar é importante levar em consideração a necessidade da família” Rubia Santos, CONTADORA


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unidades novas no país. Com relação a agosto, que registrou 178 mil unidades, houve queda de 13%. No acumulado do ano, o mercado brasileiro encolheu 22,7%, de 1,95 milhão para 1,5 milhão, na comparação de janeiro a setembro do ano passado. Nessa época onde se tem tanta desconfiança no mercado em geral, as lojas e concessionárias acreditam que as ferramentas mais usadas possam ser o desconto e alguns brindes como tanque cheio, transferência gratuita de documentação e garantia de recompra com a melhor avaliação na troca, garante o consultor de vendas no Colinas Veículos, Bruno Valle, de 30 anos. “Outro fator determinante que sempre usamos a nosso favor é que o cliente está comprando o seu veículo em uma loja que está há 20 anos no mercado e estabelecida no mesmo endereço não tendo nenhum tipo de reclamação nas redes sociais nem em sites especializados. A avaliação que faço hoje do

mercado seria que aos poucos notamos uma melhora e percebemos uma expectativa muito grande de melhora após o período de eleição”, disse. Mas como driblar a crise? “No nosso caso, acredito que o que foi determinante passar por ela foi exatamente fazer uma negociação vantajosa ao cliente e sadia para a loja. Acreditamos que quando o cliente sai satisfeito da loja, ele sempre nos indica e assim mantemos nossa vendas, alcançando nossas metas”, completou Bruno. O empresário Antônio de Pádua Costa Maia, de 56 anos, está no mercado de novos e usados há 40 anos e contou que a venda de usados e seminovos nas lojas do grupo Tony Veículos é o que o

público tem procurado para comprar. “Os veículos novos hoje estão com menos procura, com vendas em baixa. Para driblar a crise investimos em propagandas e facilidade nos financiamentos. As vendas continuam no mesmo patamar, mas o cliente está mais atencioso ao adquirir um carro. Mas quando um casal vem até a loja, é a mulher quem tem a maior decisão na escolha do modelo e, principalmente, no valor”, contou.


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Próximo Ano A venda de automóveis e comerciais leves novos no Brasil deve crescer 5% em 2017 na comparação com 2016, segundo estimativa do presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr, nas primeiras projeções da entidade para o próximo ano. A previsão da Fenabrave para o segmento de autos e leves neste ano é de 1,99 milhões de unidades, queda de 19,5% em relação à produção em 2015. Segundo Assumpção, o mês de outubro apresentou, considerando todos os segmentos, um ritmo diário de vendas de 7,6 mil unidades, semelhante à média de setembro. Para novembro e dezembro, ele acredita que o mercado deve superar os resultados de iguais meses do ano passado. “O pessoal (das concessionárias) está tendo mais confiança. Mesmo que não esteja realizando negócios, está sendo mais procurado. As lojas, ainda que em um patamar muito pequeno, estão sendo mais visitadas”, afirmou. 

O novo consumidor - busca por mais informação constante sobre o mercado automotivo; - ter um carro é associado à liberdade; - o consumidor discorda que se trata de um gasto desnecessário; - a internet é o meio de informação mais usado para conhecer modelos; - mulheres buscam por preços e condições de pagamento melhores que os homens; - o novo comprador vê no carro um papel funcional e preza a economia; - se o modelo atende ou não à família; - o veículo tem que ser bonito, por fora e por dentro; - elas valorizam aparência externa, mas também o conforto e espaço interno do carro; - novos ou seminovos, a preferência hoje é comprar um carro mais completo, com itens de segurança e conforto como arcondicionado.



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NOTÍCIAS COMPORTAMENTO

Conheça o universo geek, o ‘nerd’ mais social Viaje pelo mundo e paixões de geeks e cosplayers da região Rodrigo Machado SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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e você começou a ler esse primeiro parágrafo é porque se interessou pelo título e por um assunto que ganha cada vez mais espaço: o universo geek. Ser um nerd dos tempos modernos é o orgulho contemporâneo daqueles que um dia foram motivos de piadinhas, de forma estereotipada e quase sempre com conotação depreciativa por conta da capacidade intelectual e o interesse por descobertas. Geek é um dos termos utilizados para se referir a nerds - crianças, jovens e adultos adoradores de tecnologia, informática e quadrinhos, retratados em filmes, principalmente na década de 80, com óculos de grau e espinhas na cara. Três décadas depois, o termo se torna popular sob um novo conceito com a explosão de adaptações das histórias em quadrinhos em sagas cinematográficas, séries ligadas aos universos de super-heróis e inteligência artificial, games, RPGs, animes e mangás, supercomputadores e novidades cibernéticas. Se há diferença entre geek e nerd, isso não importa no momento. Há artigos na internet que dizem sim, há diferença entre essas duas ‘categorias’. Alguns sugerem que o geek é mais

Foto: Arthur Goulart

Joyce Ariela, conhecida como Miho

sociável do que o nerd, que tem em sua personalidade o interesse natural por estudar com mais profundidade o assunto de interesse. Afinal, ser nerd ou geek quase que se tornou uma moda, legal e inteligente. Quer uma comparação simples? O mundo do poker, esporte criado no século 19 nos Estados Unidos e praticado por homens barbudos e broncos do velho oeste americano, hoje é praticado por pessoas consideradas ‘cools’, bacanas e estrategistas. A palavra geek em si, teve seu primeiro registro em 1876, sendo designada para artistas de rua que faziam performances bizarras na Europa. Logo, a palavra começou a ser designada para o ‘comedor’ de computadores. Richard Clarke, um antigo funcionário do governo americano, dizia que a diferença entre nerds e geeks é que os ‘geeks fazem acontecer’. Adeptos do modo de vida dos geeks os definem como “alguém que é um autodidata, alguém apaixonado pelo que faz e entende”, escreveu a jornalista Vivian Vardasca em seu artigo ‘Mas afinal, o que é ser geek?’, publicado pelo Cultura Livre SP, da PUC-SP. Podemos dividir os tipos de geeks em várias categorias baseadas naquilo que eles gostam como, por exemplo, as séries ‘The Big Bang Theory’, ‘How I Met Your Mother’, ‘Star Trek’, entre tantas outras, como as atuais ‘Demolidor’, ‘Luke Cage’, ‘Jessica Jones’, ‘Agents of


São José dos Campos, novembro de 2016 | 55

Foto: Divulgação

A body piercer Vanessa (à esquerda) durante apresentação em São José

Shield’, ‘Stranger Things’, ‘Arqueiro’, ‘Flash’ e a recente estreia no Brasil, ‘Supergirl’, além das produções cinematográficas ‘Assassin’s Creed’, ‘Warcraft’. Outro fator do cotidiano que define um geek é o videogame. RPGs e jogos, sempre baseados em quadrinhos. Os geeks sempre necessitam ter os melhores equipamentos com recursos gráficos, são apaixonados por animes e mangás. Em alguns casos tornam-se cosplayers (vestem roupas idênticas às usadas pelos personagens favoritos). É um mundo novo para algumas pessoas, para outras são só os nerds evoluindo. A Metrópole Magazine conversou com alguns geeks. Eles se preparam para o maior evento no país sobre esse universo: a Comic Con Experience 2016, que está em sua terceira edição e acontece entre os dias 1º e 4 de dezembro, em São Paulo. O elenco de convidados chama a atenção dos fãs. Já foram divulgadas dezenas de nomes para painéis, debates e uma exposição inédita das doze Armaduras de Ouro dos Cavaleiros do Zodíaco. Neste ano, o evento terá a presença de Karl Urban, o Dr. Leonard McCoy de ‘Star Trek’, e o produtor norte-americano Jim Michaels, famoso por produzir alguns dos programas e das séries como a ‘Supernatural’. Mas afinal, o que é ser e viver o mundo geek?

O estudante de publicidade e propaganda Arthur Goulart, de 24 anos, além de ser apaixonado pelo universo geek, virou fotógrafo de cosplayers, promovendo e apoiando encontros dessa galera em São José dos Campos. “Minha paixão é desde pequeno, sempre gostei de ficção-científica e quadrinhos, porém em 2009 uma amiga começou a me mostrar o universo dos animes. A partir daí comecei a ir aos eventos em São Paulo”, disse. Arthur é viciado em Star Wars e responsável por manter um blog geek com amigos desde 2010. “Os primeiros filmes não consegui ver no cinema, mas sempre acompanhei a saga, tanto que quando um cinema fez uma sessão especial em 3D do episódio 4 faltei no serviço para ir com meus amigos”, disse. “O último filme que saiu fui ver com eles na pré-estreia, mesmo sabendo que talvez tivesse que ficar de madrugada no ponto de ônibus esperando o corujão [ônibus] para ir embora. Chorei tanto quando começou... Amo o R2-D2 e o BB8”, contou. Ele chegou a promover encontros de fãs e reuniu cerca de 270 pessoas no Parque da Cidade, na zona norte de São José. “Já cogitei fazer alguns cosplays, até comecei a confeccionar um deles, mas aí vi que isso não era para mim, porque sou muito tímido e o que eu gostava de fazer nos eventos era fotografar. Minha família

já se acostumou com meus amigos cosplayers, no começo eu era muito zuado por andar com eles, mas hoje em dia é tão normal que ninguém liga mais”, disse Arthur, que está ansioso para as atrações da Comic Con. “Anunciaram a Evanna Lynch, atriz que vive Luna Lovegood nos filmes da franquia Harry Potter. Eu quase pirei quando soube, pois sou fã da saga.”

Cosplay Desde pequena, a body piercer Vanessa Piercer, de 39 anos, gosta de filmes, desenhos e super-heróis, mas começou a viver esse mundo quando conheceu games e séries. “Sou fã de Supernatural e de games, que é de onde tiro as ideias para a maioria de meus cosplays. Filmes de heróis e anti-heróis me fascinam. Adoro ir a eventos geek, sempre que possível. Vou a quase todos, faço sessões de fotos com os cosplays que crio e isso é bom, algo que me faz sentir que a vida também pode ser sim um conto de fadas. Você pode tornar seus sonhos realidade nem que seja por poucas horas, é gratificante ver o reconhecimento e a alegria das pessoas ao se depararem com seus personagens favoritos” disse. Vanessa conta que isso ajuda muitas pessoas com problemas emocionais a se divertirem e a se identificarem com os personagens. “Essa minha paixão


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por fazer cosplays começou em 2012, com minha filha que é fã de animes. Fiz um cosplay de uma personagem de anime que ela gostava e ela pediu para que eu a acompanhasse. Eu já gostava muito de games e me perguntei por que não fazer um ‘cos’ nesse tema?”, se questionou à época. “Foi aí que fiz meu primeiro ‘cos’ (simples), da Lara Croft, de Tomb Raider. Fomos a um evento e então comecei a confeccionar nossas roupas, armas e acessórios e não paramos mais de ir. Faço questão de eu mesma fazer tudo, desde a roupa até sapatos, armas e acessórios necessários. Só compro o que não posso fazer, como lentes e perucas”, contou. Ela também arrasta o marido para os encontros de cosplayers. “Minhas companhias são meu marido, nerd de carteirinha, e minha filha, que agora está com 20 anos. Eu e minha família somos felizes pelo simples fato de terminar um jogo, acompanharmos um seriado juntos, ir ao cinema e assistir a filmes de super-heróis tão esperados. Temos, como todo

mundo, nossas obrigações, mas nem por isso deixamos nossa paixão pelo universo geek de lado”, explicou. Joyce Ariela, de 22 anos, mais conhecida como Miho, nome que ganhou por causa da Azuki Miho, do anime Bakuman, passou a infância e a adolescência lendo quadrinhos e mangás. “Como gostava de desenhar me aprofundava mais e mais para saber como tudo isso funcionava. Acabou que não saí mais desse mundo. Sou muito fã de um mangá e anime chamado Katekyo Hitman Reborn, já é meio antigo, mas sempre amei inclusive por ser uma história direcionada a homens, mas feito por uma mulher. Acho muito interessante”, disse. “Vi algumas pessoas fantasiadas de personagens que eu gostava, achei interessante e logo pensei por que não fazer também. E é o que mais amo fazer”, completou. A empresária Marjorie Castro, de 28 anos, de São José, é apaixonada pelo mundo geek desde a infância. Com um irmão mais novo, mas com pouca

diferença de idade, desde pequenos gostavam de assistir juntos desenhos e programas como Power Rangers, Jaspion e Cavaleiros do Zodíaco. “Ganhamos um Playstation, e foi aí que começou a paixão por games. Minha família já está acostumada, eu e meus irmãos , somos todos geeks. Também sou apaixonada por Star Wars, que vim conhecer já adulta”, lembrou. “Havia assistido um filme ou outro na infância, mas não entendia muito bem. Quando resolvi assistir de verdade ‘maratonei’ a saga e aí a paixão começou. Hoje, sem dúvidas nesse universo geek, minha maior paixão é o Star Wars”, contou. “Vou desde a primeira edição da Comic Con e não abro mão. Para mim é o melhor evento para os aficionados por tudo, desde games, quadrinhos e séries, até grandes sagas. Quando se iniciam as vendas eu já garanto meu ingresso, mesmo sem ainda saber quais serão as atrações, porque sempre é épico. Também não perco as premières de filmes geeks e feiras de games”, completou. 

Foto: Arthur Goulart

Foto: Arthur Goulart

Foto: Daniel Deak

Comic Con 2015 atrai milhares de visitantes em São Paulo

Evento reúne apaixonados por games

Nick Wilde, de Zootopia



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NOTÍCIAS CULTURA

Corte de verba coloca cultura em xeque

Últimos meses da gestão Carlinhos Almeida (PT) amargam fim de projetos e diminuição de atividades culturais

João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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epois de divulgados os dados das eleições 2016, que consolidaram a vitória do candidato Felicio Ramuth (PSDB) no primeiro turno, os últimos meses de gestão do prefeito Carlinhos Almeida (PT) estão marcados, no âmbito cultural, pelo arrocho nas verbas, encerramento de contratos e diminuição das atividades culturais na cidade. As situações mais críticas envolvem o encerramento do contrato dos convênios para a manutenção do Coro Jovem, Orquestra de Viola Caipira, e Cia. Jovem de Dança. A FCCR (Fundação Cultural Cassiano Ricardo) não deve renovar o contrato dos projetos em questão, o que causou comoção por parte dos participantes. Ao todo, contabilizando contratados, bolsistas e voluntários,

as atividades contam com 140 pessoas envolvidas. O convênio para a manutenção dessas atividades custa, de acordo com a FCCR, R$ 130 mil mensais aos cofres públicos. O contrato vence no dia 30 de novembro. Até lá, os participantes prometem pressionar o poder público em busca de uma renovação contratual, o que garantiria a prorrogação das atividades. No dia 18 de outubro, cerca de 30 membros representantes dos três programas, foram até a Câmara de São José dos Campos para fazer um ato contra o encerramento dos contratos e pela manutenção das atividades culturais da FCCR. O grupo foi recebido por vereadores e recebeu o apoio de parte do Legislativo no intuito de pressionar a Fundação a renovar os convênios. Giulia Scarpa, que integra tanto o time do Coro Jovem quanto a Cia. Jovem de Dança, explica que, em outras mudanças de gestão, o contrato era

prorrogado até o começo de fevereiro para que depois disso o próximo governo assumisse as ações. A cantora e dançarina afirma que lamenta a situação em que se encontram atualmente os três projetos, já que, ela mesma, é um exemplo da força destas atividades para a cultura em São José dos Campos. “São projetos reconhecidos internacionalmente. Eu sou uma das pessoas que foram para fora (do país) por causa dos projetos. Eu era só da Cia. de Dança na época, ganhei uma bolsa para o Canadá. Mas há vários outros. Tem integrantes que foram do Coro e acabaram assinando contratos na Alemanha, ou representando o Brasil em países como a Inglaterra. São projetos que capacitam jovens, tiram pessoas da periferia”, comenta. “Fora isso, também precisamos da bolsa-auxílio para participar das atividades. São possibilidades para pessoas que não poderiam estar fazendo essas


São José dos Campos, novembro de 2016 | 59

aulas na rede particular. Com certeza São José fica mais forte com esses projetos”, completa. Em nota, a FCCR alega que o prazo de encerramento do convênio já estava previsto pelo contrato e que “a data foi firmada para que as entidades parceiras tenham o mês de dezembro para realizar suas prestações de contas”. A entidade afirma ainda que realizou ajustes em obediência à legislação e ao Tribunal de Contas, com diálogo constante com os coordenadores e membros desses grupos. “Inclusive alertando sobre prazos dos contratos. A partir de janeiro do próximo ano passará a vigorar uma nova legislação que trata sobre as parceriascom o terceiro setor, em que os convênios deverão ser feitos por seleção pública”, diz a nota. “Além disso, de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, no último ano de mandato, os contratos assinados após o 1º quadrimestre devem ser

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encerrados ainda em 2016. E esse foi o caso do contrato do Coro Jovem”, segue o documento.

Hiato Esse cenário preocupa os integrantes dos projetos envolvidos, que temem o hiato de um longo período de inatividade até que os trâmites sejam realizados para que, caso a próxima gestão se interesse pela continuidade do projeto, os programas voltem à ativa. “É muito tempo para que se façam o orçamento, chamada do grupo, e todas as questões burocráticas que envolveriam a volta do coro à ativa”, explica Giulia. Outra questão que preocupa os coristas é a agenda, que, de acordo com eles, vai até o dia 21 de dezembro e, ao parar no dia 30 de novembro, o grupo teria que desmarcar compromissos já firmados. A FCCR nega o conflito de agendas: “quem faz a agenda de apresentações é a direção cultural da Fundação Cultural Cassiano Ricardo. Não há qualquer compromisso agendado para depois do término destes convênios”, afirma em nota.

Procurada, a assessoria do PSDB, partido que assume a prefeitura em 2017, afirmou que tratará sobre o assunto com sua equipe de transição. Até o fechamento desta reportagem, o grupo havia enviado 29 questionamentos à atual administração sobre questões que abrangem diferentes segmentos da cidade e que, após a resposta da prefeitura, o tema entrará em debate durante reunião entre membros da FCCR e da equipe de transição.

Centro da Juventude Um dos espaços mais promissores da cidade em termos de crescimento de público também sofre com o clima de “fim de festa” nestes últimos dois meses de gestão. No dia 10 de outubro, o Centro da Juventude anunciou que estava diminuindo a sua programação cultural. Projetos como o “Segundas no Quiosque”, que reuniam bandas da cena regional às segundas-feiras, foram suprimidos. À época, a Secretaria de Promoção da Cidadania, pasta que administra o espaço, emitiu uma nota na qual coloca o corte de atividades como parte de uma reprogramação que “busca

promover um melhor aproveitamento dos recursos financeiros diante da queda na arrecadação que tem atingido todos os estados e municípios”. A AJFAC (Associação Joseense de Fomento da Arte e da Cultura), entidade que realizava as atividades canceladas, informou que as ações da associação seguirão concentradas no Parque Vicentina Aranha, que é administrado pela entidade. Em agosto, o Centro foi destaque da reportagem “O Triunfo dos Espaços Públicos”, publicada pela revista Metrópole Magazine. Na ocasião, a secretária de Promoção à Cidadania, Silvia Satto, ressaltava o crescimento de 200% no número de visitantes em um espaço de três anos. Se o corte de verbas tem diminuído as opções culturais do joseense neste período de transição de governos, alguns artistas regionais também sofrem com o enxugamento proposto pela prefeitura. Segundo apurado pela Metrópole Magazine, a FCCR chegou a cancelar o apoio de estrutura e espaço que ofereceria a um show por falta de verba para pagar a hora extra dos funcionários. 


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Cultura& Maria Gadú Henrique Macedo Divulgação

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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la surgiu como destaque na cena musical brasileira em 2009, com a música “Shimbalaiê”, tema de uma novela da Rede Globo. Maria Gadú virou ‘queridinha’ de famosos como Caetano, Gil, Milton Nascimento e Lenine. A cantora vem a São José dos Campos apresentar as canções de Guelã, álbum lançado em maio de 2015 e indicado ao Grammy Latino na categoria “melhor álbum de Música Popular Brasileira”. Em seu terceiro trabalho autoral, a artista traz novas sonoridades, sustentadas por uma obra bem amarrada pelas músicas e um belo projeto gráfico. No show, Maria Gadú fará novas leituras de músicas de discos anteriores e algumas surpresas. O show, gratuito, conta também com o percussionista Felipe Roseno. Maria Gadú Sesi São José dos Campos 12/11 - 20h / Livre / Gratuito Avenida Cidade Jardim, 4389 Bosque dos Eucaliptos Informações sobre ingressos: (12) 3919-2000 www.sesisp.org.br/meu-sesi

SOM&

Fresno – “A Sinfonia de Tudo que Há” A Fresno lançou seu mais novo trabalho de estúdio no mês de outubro. O disco, intitulado “A Sinfonia de Tudo Que Há”, é o sucessor do “Infinito”, lançado em 2012, e mostra claramente a evolução da banda, tanto nas composições, quanto na produção das músicas. As cordas do disco ficaram por conta de Lucas Lima, da Família Lima, e Caetano Veloso faz uma participação especial na faixa “Hoje Sou Trovão”.


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CINEMA& Animais Fantásticos e Onde Habitam Divulgação

A legião de fãs da saga Harry Potter está em êxtase. Estreia no dia 17 de novembro: ‘Animais Fantásticos e Onde Habitam’, primeiro de cinco filmes da nova franquia, com direção de David Yates. As duas primeiras continuações têm estreias previstas para 2018 e 2020 e os outros ainda não têm data de lançamento. A escritora J.K. Rowling assina o roteiro. A história mostra as aventuras do excêntrico escritor Newt Scamander (Eddie Redmayne) na comunidade secreta de bruxos e bruxas de Nova York, setenta anos antes de Harry Potter ler seu livro na escola. Ele chega à cidade de Nova York com sua maleta, um objeto mágico onde carrega uma coleção de fantásticos animais do mundo da magia que coletou durante as suas viagens. Em meio a comunidade bruxa norte-americana, Newt precisará usar suas habilidades e conhecimentos para capturar uma variedade de criaturas que acabam saindo da sua maleta. Lançamento no dia 17 de novembro nas redes Cinemark e Kinoplex.

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NOTÍCIAS ESPORTES

Tiro com arco

Um dos esportes mais antigos da história, modalidade atrai praticantes em todo o mundo, inclusive na RMVale Idelter Xavier SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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onge de todos os holofotes e do glamour das outras modalidades esportivas, o tiro com arco é um dos esportes mais antigos da história e possui praticantes por todo o mundo. Os equipamentos utilizados pelos atletas são nada menos que um dos primeiros instrumentos usados pelo homem para a caça e para combates nas guerras: o arco e a flecha. Apesar de existirem registros de pessoas praticando o tiro com arco de forma recreativa desde o século XVI, a primeira associação de arqueiros só foi criada no ano de 1828, nos Estados Unidos, realizando campeonatos apenas de nível nacional. O esporte só virou modalidade olímpica em 1900, na Olimpíada da França, antes mesmo da criação da Fita (Federação Internacional de Tiro com Arco), fundada em 1930. A Fita foi responsável por definir as regras oficiais do esporte e organizar o primeiro campeonato mundial de tiro com arco, que aconteceu na Polônia, em 1931. Mas o tiro com arco só chegou às terras tupiniquins nos anos 50, por

meio de um comissário de bordo brasileiro que passou um tempo baseado em Portugal, chamado Adolpho Porta. Fascinado pelo esporte que havia conhecido em Lisboa, Porta trouxe para o Brasil, no ano de 1955, arcos, flechas e alvos, com o objetivo de disseminar o esporte por aqui. Ele procurou parceria com alguns clubes do Rio de Janeiro, inclusive com o Fluminense Futebol Clube, para divulgar o esporte, criando a primeira associação no país, a Federação de Arco e Flecha. O esporte foi ficando conhecido em outros estados e outras associações foram surgindo, até que algumas delas foram se filiando à Fita, no início dos anos 70, quando brasileiros começaram a participar de campeonatos internacionais. Devido ao crescimento das federações estaduais, foi criada, em 1991,

a Confederação Brasileira de Tiro com Arco, com o objetivo de criar condições para o desenvolvimento do esporte de maneira mais efetiva.

RMVale A Região Metropolitana do Vale do Paraíba, assim como em diversos locais do mundo, também é reduto de amantes do tiro com arco. Em São José dos Campos fica localizado o único centro de treinamento especializado da região, sediado dentro do Colégio Elo. O dono e diretor da instituição, Sergio Molines, é instrutor autorizado e capacitado pela Confederação Brasileira de Tiro com Arco. “Tudo começou há uns cinco anos. Uma pessoa me ligou, dizendo que não era daqui da região e que queria realizar um evento de tiro com arco no ginásio do


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Fotos: Pedro Ivo Prates

O único centro de treinamento especializado na região fica em São José dos Campos

“O meu aluno mais novo tem 8 anos de idade, enquanto o mais velho tem 68. ” Sergio Molines, INSTRUTOR DA CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA

colégio, se era possível eu alugar o espaço para ele. Na hora eu disse que sim, mas que tinha a condição de que eu queria participar também, pois sempre foi um esporte que me chamou a atenção. Depois desse primeiro contato eu criei gosto pelo esporte e comecei a fazer aulas em Campinas. A ideia desde o início era trazer o tiro com arco para São José, então fiz as aulas e, posteriormente, fiz os cursos necessários para me tornar um instrutor autorizado”, disse Molines. Atualmente, cerca de 30 alunos praticam o tiro com arco na cidade, entre crianças e idosos, de diversos municípios da região. “O meu aluno mais novo tem 8 anos de idade, enquanto o mais velho tem 68. É um esporte que abrange qualquer idade, sem preconceitos. A maioria das pessoas matriculadas no curso é de São José, mas tem gente de Pindamonhangaba,

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Cruzeiro e outras cidades aqui da região. Já tive aluno até de Ubatuba, que vinha para cá todo sábado de manhã fazer aulas”, informa o instrutor. Um desses alunos é o representante comercial Ronan Schreiner, de 38 anos, que mora em São José dos Campos e pratica o tiro com arco há um ano e meio aproximadamente. “Quando eu conheci o esporte eu decidi fazer apenas por lazer, mas foi questão de pouco tempo para eu me apaixonar e começar a levar a sério os treinamentos. Eu era atleta de jiu- jitsu, tive que parar com o esporte, mas sentia necessidade de praticar algo. Como minha família é do Sul e sempre tive uma certa afinidade com esportes de tiro, resolvi tentar”. “Me dediquei bastante aos treinamentos e me tornei um atleta federado e confederado. No ano passado, participei do campeonato paulista e fiquei entre os 15 melhores arqueiros. Eu levei quatro meses para começar a competir e acredito que o principal motivo de gostar tanto do tiro com arco, é devido à disputa interna que acontece com você mesmo. Você treina para se superar, para aumentar sua técnica e seu equilíbrio. Atualmente tenho pegado mais leve com os treinos, porque estou estudando para um concurso público, mas com certeza é um esporte que quero continuar praticando”, afirma Ronan. “No início o aluno aprende bastante sobre postura e respiração, a forma certa de puxar a corda do arco e coisas do tipo, mas depois disso, somente a prática e a persistência fazem você melhorar seus resultados. Por se tratar de um esporte individual, o praticante do tiro com arco não precisa do outro. É você e você apenas, ninguém vai vir te ajudar e ninguém vai vir te atrapalhar. Você precisa se virar com seu treino e melhorar sua pontuação. Na minha opinião, isso é o que me deixou mais empolgado com o esporte, porque se você se dedica, a evolução é bem clara”, complementa Molines.

Alunos praticam a modalidade: indoor, onde o alvo fica há 18 m de distância

Regras e equipamentos Existem duas modalidades do tiro com arco: a ‘indoor’, praticada dentro de locais cobertos, como ginásios e quadras, e a ‘outdoor’, que é realizada ao ar livre. “Aqui nós só praticamos a modalidade ‘indoor’, no ginásio do colégio, onde o aluno treina a uma distância de 18 metros do alvo. Nossa maior dificuldade atualmente é para conseguir um espaço para praticarmos o outdoor, onde atiramos a uma distância de 70 metros. Infelizmente já tentamos várias vezes com a prefeitura, mas não conseguimos nada”, afirma Sergio. Os arqueiros realizam 60 disparos em uma competição, divididos em duas séries de 30 cada. A cada três flechas lançadas existe um descanso para o atleta se preparar para a próxima sequência de disparos. Os atletas devem conseguir obter o máximo de pontos possível acertando o alvo, que contém dez faixas circulares. A faixa mais afastada do centro do alvo vale apenas um ponto, enquanto o centro vale dez. Em casos de empate, quem tiver acertado o centro do alvo mais vezes ganha a disputa.

“Em relação ao equipamento, ele é todo importado. Existem algumas marcas nacionais, mas nada confiável ainda. Para se iniciar, o aluno gasta aproximadamente, com o arco e as flechas, cerca de R$ 700. O equipamento para competir é um pouco mais caro, passando um pouco de R$ 2.000. Mas o preço varia muito, pois tudo é comprado em dólar. O preço parece caro, mas é o tipo de coisa que você leva para a vida, a manutenção é mínima”, explica o instrutor.

Curiosidade Assim como em qualquer outro esporte, os praticantes do tiro com arco também realizam testes antidoping antes de um campeonato. A diferença é que as principais substâncias que não podem ser ingeridas são álcool e cafeína. “Essas duas substâncias são relaxantes musculares, ou seja, ajudam a fazer com que uma pessoa trema menos. Mas também são substâncias que saem logo do nosso organismo, então basta não consumi-las no dia em que for competir”, finaliza Molines. 



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NOTÍCIAS TURISMO

A preferência dos turistas da RMVale Cidades do Nordeste estão entre os destinos mais vendidos nas agências de viagens. Turistas procuram praia, calor e estrutura de alto nível Marcus Alvarenga RMVALE

O

verão e as férias são os períodos de alta nas vendas de pacotes de viagens, mas a decisão para o próximo destino é definida com alguns meses de antecedência. A opinião de outros turistas e comentários sobre as viagens são grandes influenciadores nas tomadas de decisão. Em uma pesquisa informal nas agências de São José dos Campos e de outras cidades da RMVale, a preferência dos turistas é por destinos clássicos. O maior número de vendas até setembro de 2016 foi para cidades do Nordeste do Brasil e para o estado da Flórida, nos Estado Unidos, principalmente em Orlando, onde estão os mais famosos parques temáticos do mundo. Segundo a gerente geral da CVC do Vale do Paraíba, Daniela Cristiane Gabriel, os brasileiros gostam dos atrativos do verão, fatores que definem os destinos e viagens. “Neste período de final do ano, as praias do nordeste são sempre bastante Galés de Maragogi, no estado de Alagoas

procuradas por oferecer o que os brasileiros mais gostam: praia e sol. Já Orlando, a magia da terra do Mickey, é o destino mais procurado pelos brasileiros pelo clima bem ameno neste período, sem contar que os preços estão mais em conta”, explica. O conforto e o bom atendimento são outros itens decisivos que fizeram a aposentada Terezinha Gonçalves de 58 anos, e a filha, Diane Gonçalves, de 23 anos, conhecer quatro destinos do nordeste em dois anos e já estarem com uma viagem agendada para Punta Cana, no Caribe, para o réveillon. “Eu gosto de conforto, de beleza e gosto de ser bem atendida. Você sai da sua casa para ficar em um ‘muquifo’, não compensa. Se tem uma coisa que recomendo é Fortaleza e Maceió, lugares maravilhosos e que possuem resorts que ao abrir a boca, tem três para te servir”, lembra a joseense apaixonada por viajar. Terezinha começou o seu tour pelas cidades nordestinas na Páscoa de 2015 quando conheceu Natal. “Ali eu gostei de conhecer o maior cajueiro do Brasil, as praias e é um ótimo lugar para fazer

compras. Uma antiga cadeia pública agora é o Centro de Turismo de Natal, onde se encontra muito artesanato e trabalho de rendeiras”. A segunda viagem, em junho de 2015, levou mãe e filha para Porto Seguro. Na cidade das cabanas de axé, a dupla ficou impressionada com a estrutura para receber os turistas. “Em Porto Seguro, como em outras cidades a recepção é maravilhosa. Mas em Porto, os ônibus levavam e buscavam para todos os passeios e em todos os lugares havia guias auxiliando”, conta. Neste destino os turistas conhecem a comunidade indígena de Santa Cruz de Cabrália, a mesma em que os atletas da Alemanha estiveram e ajudaram durante a Copa do Mundo de 2014. No roteiro está incluído um dia em Trancoso, uma cidade vizinha, onde a beleza da natureza é indescritível e muitos artistas, políticos e empresários possuem residência. Já em 2016, Terezinha esteve em Fortaleza, na praia de Cumbuco. O destino é reconhecido pela prática esportiva do kitesurf, uma espécie de surfe com auxilio de uma pipa.


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As joseenses escolheram ficar especificamente nessa praia para desfrutar de acomodações confortáveis e o resort localizado em Cumbuco era a escolha certa. “Sabe aquele estilo de viagem em hotel cinco estrelas? Esse era o perfil do Vila Galé em Cumbuco”, destaca Terezinha. O destino ainda é atrativo por estar apenas a 35 km da capital e estar próximo de outras praias famosas, como Iracema, Futuro, Canoa Quebrada e Morro Branco. Existem famílias que também optam pelo Beach Park, o maior parque aquático da América Latina. Terezinha e Diane aproveitaram uma estrutura completa oferecido pelo Vila Galé Cumbuco, que é um “resort all inclusive”, com três restaurantes, três bares, SPA, os desportos náuticos, a piscina, a jacuzzi, o passeio de buggy e até um banho turco. A acomodação em um apartamento, suíte ou chalé, com toda a estrutura do resort para duas pessoas no mínimo de três noites tem valor entre R$ 2.800 e R$ 4.400.


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No caminho entre as cidades nordestinas, o último destino conhecido por mãe e filha foi a cidade de Maragogi, localizado na Costa dos Corais entre os estados de Alagoas e Pernambuco. As duas viajaram em junho de 2016, no mês de aniversário de Terezinha, para o “nosso Caribe”, segundo citação da própria aniversariante. “Eu planejei uma estadia de oito dias, mas o lugar é tão maravilhoso que tentei esticar para 15 dias, mas o resort estava lotado e acabei esticando apenas para dez dias”, conta. Ela gostou também da capital alagoana. “Em Maceió se faz o dobro dos roteiros por um custo menor, muito abaixo de Natal e outras cidades”. Um dos roteiros que encantou as joseenses foi o passeio de catamarã, que leva os turistas por toda a extensão dos recifes de corais da APA (Área de Proteção Ambiental) nas praias de Maragogi. “Você vai para o alto mar, onde vai mergulhar com os peixinhos coloridos, ver

o fundo do mar em uma água tão cristalina. São mais de duas horas por cerca de R$ 50, vale muito a pena”, destaca a aposentada. As opções de roteiro, além das piscinas naturais, são as nove praias com diferentes atrações, que vão desde o largo horizonte da praia de Peroba à integração do Rio com o Mar na praia de São Bento; a pequena Vila de Maragogi que esconde delícias, como a bolacha de sete capas e os famosos bolinhos de goma; e a Fazenda Marrecas, um antigo engenho de cana-de-açúcar, que oferece um passeio pela história do Nordeste, com visita ao casarão-sede construído no século XVIII. Elas ainda contam que Maragogi é muito calma e limpa, o que atrai os turistas que respeitam a natureza e buscam tranquilidade. “A cidade é muito linda, oferece um atendimento vip, e as pessoas são muito receptivas, além de uma

gastronomia sensacional”, aponta. A dupla ficou acomodada no Salinas do Maragogi All Inclusive Resort, que fica localizado à frente das Galés, com vista para o mar e as piscinas naturais, em uma área com cerca de 66.000 m², cortado pelo rio Maragogi. O hotel oferece ao hóspede uma estrutura com três bares e um SPA com espaço de massagens, banhos e beleza. A estadia por uma noite no resort, em um apartamento ou suíte de frente para o mar, para duas pessoas, pode variar entre R$ 999 e R$ 2.500. O próximo destino de Terezinha e da filha é o Caribe. Elas vão passar a virada de ano nas praias de Punta Cana. Mas conhecer mais cidades nordestinas ainda está na lista delas. “Pra mim é indiferente o lugar, eu gosto de viajar. Mas não tenho vontade de conhecer o sul ou lugares frios, por isso estou indo para o Caribe. No Brasil, as próximas da lista são Porto de Galinhas, Recife e Sergipe”. 

Igreja do Quadrado em Trancoso, Porto Seguro (BA)



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Gastronomia&

Tem um jardim no meu jantar Fotos: Luis Lima Jr

Bistrô em Campos do Jordão promove Slow Food e encanta o paladar

A ideia inicial era criar um café para a malharia Genéve


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Laryssa Prado

CAMPOS DO JORDÃO A gente preza para que as pessoas tenham uma experiência, não só uma refeição”. É assim que Thiago Fegies, chef de cozinha e um dos proprietários, descreve o Sans Souci (sem preocupação, em francês), mix de bistrô, café e restaurante, que fica em Campos do Jordão e foi inaugurado há pouco mais de um ano. Entender o tipo de experiência a que ele se refere não é muito difícil depois que se conhece o espaço. O ambiente é acolhedor e até as cadeiras estão protegidas do frio da Serra da Mantiqueira: elas usam meias. O cardápio também surpreende. Flores e brotos deixam as receitas, além de saborosas, agradáveis aos olhos. Tudo isso se deve à influência de um movimento que começou em 1986, na Itália: o Slow Food. Como o nome sugere, o objetivo é promover a apreciação da comida, tornando as refeições um momento de tranquilidade. Fundado por Carlo Petrini, o Slow Food se tornou uma associação internacional sem fins lucrativos em 1989 e hoje conta com mais de 100 mil membros distribuídos em países como a Alemanha, Suíça, Estados Unidos, França, Japão, Reino Unido e Brasil. Thiago Fegies é um dos associados e trouxe essa ideologia para o Sans Souci. O movimento acontece através de um credenciamento pessoal e é regional, dividido em convívios, neste caso, o convívio da Mantiqueira. O bistrô conta com uma horta própria e um método único de inserir os clientes nesse universo. Quem escolhe o lugar para um jantar, por exemplo, recebe antes de todos os pratos um ‘amuse bouche’, divertir a boca em francês, composto por brotos de cebolinha, gelatina de espumante e crocante de laranja. “A intenção é instigar a curiosidade da pessoa pela refeição. O efeito explosivo do crocante de laranja causa

O subchef Daniel Trefiglio e o chef Thiago Fegies


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um sentimento de nostalgia inconsciente”, diz o chef. Depois disso é servida uma porção de pipoca, que traz a sensação de conforto de casa, tranquilidade e sossego. “Você tá preparando a pessoa psicologicamente, você mostra pra ela como comer. As pessoas chegam aqui cansadas, estressadas, e precisam se desligar do que está lá fora para se envolver com a refeição”, conta Thiago. Só aí entram os pratos principais, um espetáculo de cores e novos sabores. “Nosso foco são os produtos e técnicas bem executadas. Focamos em produtos

que a gente quer ter e que são difíceis e caros de serem encontrados. Todas as flores, brotos, tomates, cenouras coloridas, cerefólios, capuchinhas, rúculas selvagens, couves albinas, azedinha, beterrabas coloridas, essas coisas que não tem no mercado, a gente produz aqui. Você acaba tendo uma variedade de ingredientes sem agrotóxico, sem fungicida e sem pesticida. A gente não usa nada além de água e terra”, aponta o proprietário. O Slow Food incentiva o trabalho com iguarias de cada época, o que faz com que a lista de pratos seja

constantemente atualizada. O Sans Souci tem um cardápio fixo e um outro composto por especiais. “Sempre fazemos teste para novas receitas com coisas da época, da estação, produtos que estejam à disposição. Depois tiramos do cardápio e passamos a trabalhar com outro ingrediente daquele momento”. O bistrô serve café da manhã, almoço e jantar e também oferece produtos de panificação, charcutaria e confeitaria.

O Sans Souci O Sans Souci foi inaugurado em


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Salada de folhas, brotos e legumes cultivados na horta

O Sans Souci tem um cardápio fixo e outro com receitas sazonais 2014, mas suas atividades começaram em 2012 como um café da Malharia Genève, a mais antiga de Campos do Jordão. Por ficar localizado fora da região central da cidade, o café foi pensado como um espaço destinado aos maridos, para que eles deixassem as esposas comprarem em paz. Mas o movimento cresceu rapidamente, assim como a credibilidade do bistrô. O chef Thiago Fegies tem passagem por restaurantes do Brasil, Estados Unidos e da França, como o EAU do Hotel Grand Hyatt SP. 

Atum selado com crosta de tâmara servido com purê de batata, wasabi, legumes grelhados e tartar de atum com guacamole


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Social& por Laís Vieira Funk é coisa séria

Foto: Carlos Junior

A banda Serial Funkers nasceu em São José dos Campos e completou dez anos de estrada. Para dar início às comemorações, a banda escolheu fazer um show intimista para amigos e familiares no Teatro Colinas. O baterista Luguta conta que a experiência os deixou mais maduros e preparados para aproveitar as oportunidades, focando em uma fase totalmente autoral. Para 2017, o Serial Funkers pretende lançar o segundo álbum, com a participação de convidados. Os músicos Herbert Medeiros, Luciano Ribeiro, Luguta e Regis Paulino apresentaram músicas do álbum Porque Funk é Coisa Séria em uma mistura de R&B, soul, samba e “funk de raiz”, e também clássicos da música brasileira e internacional que marcaram o repertório da banda nesta década de existência.

Foto: Arquivo pessoal

Dr. José Cláudio comemora 50 anos! Em festa realizada no dia 8 de outubro, no sítio Portal dos Peixes, em Paraibuna, o casal Jaqueline e José Cláudio, e os filhos Claudinho, Graziella e Matheus, receberam os amigos mais próximos para comemorar os 50 anos do médico que é unanimidade entre os pacientes. Em tom de brincadeira, alguns temiam que, eleito vereador, ele deixasse de atuar como médico. A admiração e reconhecimento pelo Dr. José Cláudio repercutiram na votação que obteve - 3.664 votos como candidato a vereador pelo DEM em São José dos Campos. Ainda que expressivo e superior a outros eleitos, o número de votos não garantiu a cadeira no legislativo. Sua bela esposa preparou uma festa com riqueza de detalhes, para torná-la realmente inesquecível. “Hoje, só quero brindar esses 50 anos de muito trabalho e amor à família e aos amigos”, discursou emocionado.


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Carpe Mundi O sonho de trabalhar com moda, desenhar, criar e ver aquilo sair do papel fez com que as sócias Carolina Muta e Renata Pontes decidissem empreender em uma marca com a cara delas. Carolina comenta que tudo está sendo feito “do nosso jeitinho”, com estampas alegres e com essências, valorizando a identidade olfativa. A novidade é a linha personalizada Bride and Friends, para despedidas de solteira e pré-wedding. As jovens empresárias perceberam um nicho de mercado em ascensão e resolveram apostar em desenhos e peças exclusivas. A marca vai trabalhar por meio de loja virtual, vendas por atacado, representação e até no mercado internacional,

Foto: Reprodução

Foto: Laís Vieira

moda masculina

estudando possibilidades de difundir a brasilian ware em países como Itália e Austrália e na Califórnia. “Estamos trabalhando diversas plataformas, sonhando grande e focando em tornar tudo isso real. Trabalhar com noivas é trabalhar com os sonhos.”, diz Carolina.

Nasci para cantar

Cecília Militão contabiliza oito reality shows em sua carreira, o mais recente o X Factor Brasil, da TV Band. A cantora é reconhecida pela voz potente e por escolher clássicos do R&B. “Todas as participações me trouxeram aprendizado. Sem contar que conheci pessoas incríveis, as quais trago com muito carinho. A Cecília do Faustão e a Cecília do X Factor são diferentes.”, explica. Para 2017, a cantora está em fase de escolha de repertório para trazer um trabalho inédito.

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Arquitetura& Por Moisés Rosa

Detalhes em um espaço único

Projeto foi elaborado para um estabelecimento de moda infantil em Jacareí

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abe aquela emoção em viver cada detalhe? Assim, o arquiteto de São José dos Campos Marcelo Guedes descreve o projeto que elaborou para um estabelecimento comercial do ramo infantil em Jacareí. São detalhes pequenos e uma sensação única ao projetar todo o espaço que, segundo ele, oferece um local diferenciado. Foram três meses de trabalho até o projeto ser concluído. Partindo da ideia de despertar emoções, Guedes explica que a loja foi pensada para levar conforto, simplicidade e a importância da vida. À Metrópole Magazine, o arquiteto, que possui diversos projetos em seu currículo, ressalta alguns detalhes que fizeram a diferença na proposta. Logo na entrada, o espaço conta com uma luminária de cristal que foi instalada para ‘receber a todos com leveza e transparência’. Ele também apostou em cores neutras voltadas para o azul celeste em peças funcionais que remetem ao céu. Essa tonalidade convida para uma tranquilidade em cada cantinho da loja. “Partindo desse princípio

[vivenciar cada detalhe] foi dado o início para concepção de um espaço diferenciado, porém, cada item deveria ter a sua importância única”. De acordo com o arquiteto, o espaço se destaca pela simplicidade e a integração. “Despertar emoções, criar conforto, desejo na simplicidade das cores e das formas, além de integrar o brilho da iluminação. Este foi o grande desafio para ter funcionalidade e ser original”, diz.

Especial No coração da loja foi projetado o ‘espaço real’, com um berço emoldurado de iluminação cintilante e que dá o toque para o cantinho mais charmoso do estabelecimento. Os papéis de parede também foram escolhidos com muito carinho e criam um ambiente especial, desde o caixa de atendimento até o espaço da amamentação. Poltronas espalhadas pelo estabelecimento contribuem para a harmonia do lugar e criam funcionalidade e aconchego. As roupinhas, acessórios, presentes e novidades tornam ainda mais interessantes as prateleiras iluminadas que contribuem para tornar esse local cheio de emoções. 


Fotos: Arquivo pessoal

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Projeto do arquiteto Marcelo Guedes, em Jacareí. Destaque para a luminária de cristal


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Detalhes simples fazem parte da proposta, tornando o local aconchegante

Arquiteto apostou em cantinhos para agradar o público infantil e os papais


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Crônicas & Poesia Seres folclóricos Por Alexandre Corrêa Lima Ao longo dos anos, minhas retinas cansadas foram catalogando uma infinidade de seres folclóricos, inusitados, histriônicos, fora da curva. Quase toda cidade tem pelo menos um ou dois tipos do gênero. Conheci um andarilho (porque “mendigo” seria um termo incompatível com o esmero do seu style), que a população apelidou de Xóia (porque cumprimentava todo mundo como “Jóia”, mas num sotaque carioca bastante arrastado, no qual o J soava quase como CH), uma figura excêntrica, parecida com um astro decadente dos anos 70. Sempre de jaquetão (mesmo quando o sol fritava cérebros), medalhão desbotado e correntes sem vergonha que pendiam de seu peito esquálido. Um astro do rock sem teto. Era como se o Jimi Hendrix tivesse ficado congelado desde 1970, e ressuscitasse aqui no Brasil, pedindo moedas para sobreviver. Conheço também um senhor que faz da própria casa um templo de adoração aos clubes de futebol que torce. O time que cultua hoje é o Barcelona. Digo que cultua hoje, porque até uns anos atrás a adoração era ao São Paulo Futebol Clube. Mas com os resultados medíocres do time nos últimos anos, deve ter resolvido adorar uma agremiação mais vencedora. O ritual é impressionante. O velhinho consegue pendurar duas bandeiras gigantes na fachada da casa (daquelas que se destacam até mesmo em transmissões de TV), enfeites, banners enormes de Messi e Neymar, faixas e cartazes. Nem o estádio do Barcelona é tão enfeitado quanto aquela pequena fachada. E não é só. Ele se veste inteirnho como jogador de futebol, e fica em sua

cadeira de balanço na calçada, vendo o movimento passar, com duas caixas de som em plena rua esgoleandro o hino do clube. Quase uma atração turística. Conheci também um outro ser, possivelmente com algum parafuso a menos, que perambulava pelas ruas da cidade vestido de juiz de futebol, e escolhia pessoas arbitrariamente (sem trocadilhos), para expulsar ou punir com cartões amarelos e vermelhos. Sempre tive vontade de perguntar quais os critérios das expulsões, mas como temia a humilhação de ser expulso em plena praça pública, nunca ousei cruzar seu caminho. Mas me diverti muito com suas expulsões enérgicas, como se tivesse apitando a final

do Barcelona contra o Real Madrid em pleno Camp Nou. Há mais exemplos, claro, mas me limito a esses por ora. Bem sabemos, a vida é feita, de verdade, pelo exército invisível de pessoas comuns, milhões de formigas em marcha incansável na labuta do dia a dia. E há extraordinária beleza no ordinário, nas coisas comuns, na familiaridade do cotidiano. Mas o que foge ao ordinário, ao comum, costuma dar um colorido todo especial a fauna humana. Folclóricos, mas demasiadamente humanos.  Alexandre Corrêa Lima é administrador de marketing e pesquisas, palestrante e escritor diletante. Escreve semanalmente para o portal Meon.


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