Metrópole Magazine - Fevereiro de 2017 / Edição 24

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Fevereiro de 2017 – Ano 2 – nº 24 – Distribuição gratuita

Entre o sagrado e o profano Imagem de Nossa Senhora Aparecida vai desfilar no sambódromo de São Paulo e com a bênção da Igreja Católica

CONHEÇA O LOWPOO

Nova técnica capilar conquista adeptos e promete benefícios para os cabelos e para o meio ambiente pág. 48

POLUIÇÃO VISUAL?

Urbanista Elisabete França fala sobre o excesso de placas de publicidade em canteiros ‘adotados’ pág. 26



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EDITORIAL

O GRUPO MEON COMPLETA 3 ANOS! O Grupo Meon de Comunicação nasceu com um único propósito: transformar informação em conhecimento! Acreditamos que só a educação constrói. Que é direito das pessoas e que aqueles que se propõem à tão digna tarefa, devem ter o orgulho de fazê-lo com responsabilidade. Nasceu de um ideal e se tornou realidade. Fazendo a cobertura de 39 cidades da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, que abarca mais de dois milhões de pessoas, em apenas 3 anos, é a maior redação da região, conquistou respeito e credibilidade. Mas um veículo de comunicação não se faz só de notícias, de um jornalismo sério, ágil e responsável. Um veículo depende do interesse da população em consumir essa informação. E esse é um dos motivos pelos quais a prosperidade da RMVale salta aos olhos do estado, do Brasil e do Mundo. Somos ávidos por informação e o Grupo Meon, através do Portal e da revista Metrópole Magazine, têm orgulho de estar entre os mais lidos, consultado quando a população quer conhecer um fato, saber de um acontecimento ou adquirir conhecimento sobre o que ocorre na região. Para completar, abastecemos o internauta com notícias nacionais e internacionais, obtidas através de parceria com a Agência Estado. Mas uma empresa jornalística deve contar também com empreendedores que sabem que associar a sua empresa a um veículo sério agrega valor à sua marca. Enfim, é tempo de comemorar e a revista traz nesta edição uma matéria que mostra o importante momento para os católicos, quando a igreja dá sua benção ao enredo de carnaval da escola de samba que irá homenagear a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. A recomposição da floresta, nativa ou através de reflorestamento e tantos outros temas que confirmam o potencial da RMVale. Boa leitura.

Regina Laranjeira Baumann


metr pole magazine www.meon.com.br/revista Diretora-executiva

Regina Laranjeira Baumann

Editor-chefe

Eduardo Pandeló

Repórteres

Henrique Macedo Moisés Rosa Laís Vieira Laryssa Prado Murilo Cunha Rodrigo Machado

Revisão

Henrique Macedo

Executivos de Negócios

Carlos Henrique Fabiana Domingos Fernando Maringo Greyce Candido Joice Martins Norival Silva

Foto Capa

Pedro Ivo Prates

Diagramação

José Linhares

NHECE, CONHECE BDO

e market no Brasil dvisory

Colaboradores

A Faculdade Bíblica das Assembleias de Deus está de portas abertas para receber você! A instituição de ensino está amparada nos quase 60 anos de excelência e tradição do seu mantenedor IBAD e nasce com o compromisso de contribuir para o desenvolvimento educacional, cristão, científico e social dos seus alunos e professores e da comunidade.

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Gustavo Nascimento

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Idelter Xavier

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João Pedro Teles

CHEGOU UMA NOVIDADE A PINDA COM QUASE 60 ANOS DE EXPERIÊNCIA

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Marcus Alvarenga MY

Pedro Ivo Prates (fotógrafo) CY

Arte

Giuliano Siqueira Luiggi Toledo

Mídias Sociais

Moisés Rosa e Marcus Alvarenga

Departamento Administrativo

Gabriela Oliveira Souza Larissa Oliveira Maria José Souza Roseli Laranjeira

CMY

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Tiragem auditada por:

262 m.br Meon Comunicação Ltda Avenida São João, 2.375 –Sala 2.010 Jardim Colinas –São José dos Campos CEP 12242-000 PABX (12) 3204-3333

/FaculdadeFABAD

www.fabad.edu.br

Email: metropolemagazine@meon.com.br

A revista Metrópole Magazine é um produto do Grupo Meon de Comunicação Tiragem: 15 mil exemplares Distribuição gratuita

Rua São João Bosco, 1.114 | Santana | Pindamonhangaba – SP | 12403-010


8 | Revista Metrópole – Edição 24

64

Pedro Ivo Prates

Pedro Ivo Prates

EDUCAÇÃO O crescimento da educação a distância na região possibilita o acesso da população ao ensino superior.

30

SEDENTARISMO Profissionais de educação física e fisiologia afirmam que a atividade física é fundamental para a boa saúde.

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Carnaval e religião: Metrópole Magazine mostra como a escola de samba Unidos de Vila Maria vai homenagear a imagem de Nossa Senhora Aparecida no Sambódromo do Anhembi em São Paulo.

Espaço do Leitor Aconteceu& Frases& Cultura&

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POLÍTICA A exemplo das prefeituras, PSDB elege presidentes nas Câmaras de São José, Taubaté e Jacareí.

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Pedro Ivo Prates

Matéria de Capa

10 14 16 60

Pedro Ivo Prates

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ENTREVISTA Entrevistamos Galvão Frade, um dos principais compositores de São Luiz do Paraitinga.

CULTURA Bandas de Rock da região fazem shows e se apresentam como as opções durante o Carnaval.

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Sumário

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Divulgação

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ECONOMIA Manutenção ou publicidade? Excesso de placas em canteiros ‘adotados’ gera polêmica em São José dos Campos.

Pedro Ivo Prates

TURISMO Trilhas adaptadas: idosos e pessoas com deficiência já podem visitar o Parque Estadual da Serra do Mar.

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O AVANÇO DA FLORESTA RMVale tem mais de 450 mil hectares de florestas nativas, um crescimento de 83%.

Gastronomia& Social& Arquitetura& Crônicas&Poesia



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Espaço do Leitor Edição 23 – Janeiro de 2017 SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Feedback

A edição de janeiro da Metrópole Magazine trouxe em sua matéria de capa as histórias de mulheres que sofreram algum tipo de violência obstétrica. A reportagem mostrou um tema pouco comentado, mas que vem atormentando mulheres em todo o Brasil. A reportagem sobre a “guerra silenciosa” entre as redes de drogarias mostrou um mercado que não tem crise e movimentou mais de R$ 32,5 bilhões de janeiro a dezembro de 2016. Na editoria de saúde abordamos a esclerose múltipla, uma realidade de milhões de

Janeiro de 2017 – Ano 2 – nº 23 – Distribuição gratuita

Violência obstétrica Uma a cada quatro mulheres já foi vítima de algum tipo de violência antes, durante ou depois do parto

CIAO, BRASIL!

A cada ano aumenta o número de brasileiros que buscam obter a cidadania italiana pág. 44

ENTREVISTA

Geovanna Tominaga: a japinha de São José sempre soube que queria ser artista

pessoas em todo o mundo, que enfrentam a doença e o preconceito. A edição nº 23 da Metrópole Magazine também trouxe reportagens especiais sobre a volta às aulas, os desafios dos novos prefeitos da região, e o aumento do número de brasileiros que buscam a dupla cidadania. Sem abandonar sua missão de informar e abordar temas relevantes para todas as 39 cidades da RMVale a Metrópole Magazine quer a sua participação. Sua opinião é muito importante. Participe enviando sua mensagem, crítica ou sugestão.

pág. 18

Ciao Brasil Tenho acompanhado a publicação da Metrópole Magazine e vejo que é uma revista séria. Li com interesse a reportagem Ciao Brasil, da edição nº 23. Tem várias dicas úteis para quem quer conseguir a cidadania Ciao, Brasil! europeia, mas notei que no texto todo e nas entrevistas cita101,5 FM das, só falaram dos benefícios, as vantagens. Q Ninguém mencionou, e o texto também não, os deveres desses novos cidadãos ao obter a tão sonhada cidadania. Acho que essas questões deveriam ser abordadas na reportagem e pensadas por todos aqueles que requerem uma outra cidadania. São José dos Campos, janeiro de 2017 | 45

44 | Revista Metrópole – Edição 23

NOTÍCIAS COMPORTAMENTO

Foto: Renato Manente

A cada ano aumenta o número de brasileiros que buscam obter a cidadania italiana

Henrique Macedo

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

ue tal viajar para 144 países sem burocracia, sem precisar solicitar visto de entrada, evitando aquelas filas enormes? Ou até mesmo morar, estudar e ter benefícios nos 27 países da União Europeia? Isso tudo é possível para milhões de brasileiros que são descendentes de italianos, portugueses e espanhóis e que têm direito à dupla cidadania. Muitos também vão atrás de suas raízes para encontrar parentes distantes. Destino de imigrantes europeus que chegaram ao país no século XIX, o Brasil acolheu levas de italianos, alemães, portugueses e espanhóis em busca de melhores condições de vida. A maior parte destes imigrantes acabou em plantações de café nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e regiões rurais do sul do país. Desde a década de 90, muitos descendentes começaram a procurar as

embaixadas, principalmente a da Itália em São Paulo, para adquirir a cidadania. Mauro Stangorlini atua nesse segmento há 10 anos. Ao lado da esposa Carla, que trabalha como tradutora juramentada, ele tem uma consultoria especializada em cidadania italiana em São José dos Campos. “A minha esposa Carla foi nomeada tradutora pública no ano de 2000 e a partir daí, com o nome divulgado na internet, as pessoas começaram a procurar. Muitos queriam saber como conseguir a cidadania italiana. Como eu já estava atrás disso desde o final dos anos 80, já tinha um conhecimento razoável do assunto, então passei a responder as perguntas dessas pessoas, tirar dúvidas à noite e aos fins de semana. E o que era hobby passou a ser profissão. Eu mesmo estou na fila de espera, desde 2007, para ter a minha cidadania italiana reconhecida. Levei muitos anos para descobrir qual era o meu sobrenome correto, que não é esse com o qual fui registrado. Eu

não conseguia achar onde meu avô nasceu na Itália, demorou uns 13 anos para descobrir. Isso me deu um conhecimento muito interessante de pesquisa de registros civis italianos”, disse. Entre as vantagens de obter a cidadania italiana, Mauro cita a possibilidade de trabalhar e estudar de forma legal na Europa. “Ser cidadão italiano é ser cidadão da União Europeia. Tem vários fatores positivos. Por exemplo, o jovem tem um mercado de trabalho mais amplo ou pode estudar a um custo muito menor do que no Brasil. Entrar numa universidade pública italiana é muito mais fácil do que entrar numa daqui do Brasil, pelo menos no sudeste. E o livre trânsito, seja para turismo, trabalhar para estudar, é muito facilitado para quem está na Europa. Para viajar para os Estados Unidos não há necessidade de visto. É só acessar o site de um órgão público americano e preencher um formulário on-line. Paga-se uma taxa de US$ 14 e pronto”, explica.

Para aqueles que pretendem mudar-se para os Estados Unidos a fim de montar um negócio também há benefícios. Alguns estados, como a Flórida, acenam com a possibilidade de um visto americano para investidores, o que permite que empreendedores cujos países fazem parte da lista de países do Tratado de Comércio com os Estados Unidos se estabeleçam no país para realizar investimentos com capital inicial bem mais baixo do que é exigido dos brasileiros. Mas nem tudo é fácil. Para o médico Paulo Gaia e sua esposa, Ana Paula, dentista, a saga para conseguir a cidadania italiana durou anos. Por ironia, Gaia não tem descendência italiana, mas adquiriu tanto conhecimento durante a epopeia para obter a cidadania da esposa e filho que se tornou um especialista no assunto. “Minha esposa tem direito à cidadania italiana porque ela tinha bisavós italianos. Por causa do nosso filho, eu resolvi correr atrás disso, porque é bastante interessante ter a dupla cidadania em termos de futuro, de estudo, ainda mais com essa crise no Brasil. Eu comecei a pesquisar pela internet, no site do consulado e acompanhando pessoas que já fazem esse trabalho. E eu mesmo fiz tudo:

desde a procura de documentos na Itália, parentes distantes lá e aqui no Brasil. Depois, fomos para a Itália para tirar a cidadania por lá. Foi mais fácil, porque um amigo italiano me ajudou lá na cidade de Carrara. Amigos nos receberam, nos levaram até a prefeitura para darmos entrada no processo. Eu não precisei fazer muitas coisas que os brasileiros necessitam. Porque, normalmente, o brasileiro que vai para a Itália precisa contratar um advogado lá para dar andamento ao processo. O nosso saiu muito rápido porque tivemos a ajuda de pessoas que moram lá. Os brasileiros que estão tentando tirar a cidadania na Itália estão levando até seis meses”, contou. Para Ana Paula, a cidadania foi uma forma de buscar as raízes da família e abrir horizontes para o filho. “Você abre várias portas, tanto para mim como para o meu filho, e a gente não sabe o dia de amanhã. E para o nosso filho também é interessante, caso ele queira fazer uma pós-graduação”. Mas quem pode requerer a cidadania italiana? Mauro explica. “Toda pessoa que pode provar por meio de documentos que é descendente de um cidadão italiano tem o direito, não há limite de gerações como Foto: Pedro Ivo Prates

O MELHOR DA MÚSICA E INFORMAÇÃO ONDE VOCÊ ESTIVER. Sintonize na

e viaje com uma

programação repleta de música, notícias

do Brasil e do mundo, boletins completos

de trânsito e um time

Parabéns!

Espero continuar recebendo as próximas edições da Metrópole Magazine, além de receber diariamente as notícias do portal Meon via WhatsApp. Aproveito para deixar meus parabéns para toda a equipe da revista que aborda com excelência todas as matérias publicadas em cada edição.

único de colunistas. ConectCar SP/RIO

101,5 FM. Há 5 anos

sua melhor companhia

na estrada e na cidade.

Wellington Marinho

Mauro e Carla trabalham com consultoria para cidadania italiana há 10 anos

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Érica Ambiel Pires Matsuo Envie email contendo: nome, idade e profissão para metropolemagazine@meon.com.br ou por correio para av. São João, 2375 - sl 2010 - Jardim Colinas - São José dos Campos - SP - CEP: 12.242-000. Em função de espaço, as mensagens poderão ser resumidas.

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VOCÊ SABE O QUE ACONTECE NA VIDA DA SUA CIDADE?

Acompanhe o trabalho dos 21 vereadores em São José dos Campos nas sessões plenárias, todas as terças e quintas-feiras às 17h30. Visite a Câmara ou, se preferir, acompanhe pela TV, internet ou redes sociais.

Canal 7 da NET e 9 da VIVO TV www.camarasjc.sp.gov.br /camarasjc /camara_sjc /camarasjc /camarasjc

CÂMARA MUNICIPAL SÃO JOSÉ DOS CAMPOS A vida da cidade passa por aqui


12 | Revista Metrópole – Edição 24

Artigo&

Prevenir e remediar shutterstock

C

aro leitor, a escolha da doença que vai nos matar é farta - câncer, doenças cardiovasculares, diabetes, osteoporose, quedas e fraturas, infecções, alcoolismo, demência, depressão... A lista parece interminável, podendo ser acrescida pela violência, acidentes naturais e por aí vai. Uma afirmação meio mórbida, mas das mais verdadeiras que você vai encontrar nesta revista. Como não temos pressa, porém, nada como conhecer o inimigo, suas táticas e artimanhas, para conseguir mantê-lo afastado o maior tempo possível. A doença que “elegermos” provavelmente já está conosco na vida adulta. Num determinismo difícil de aceitar (maktoub - está escrito, diria um árabe), vamos dando condições para ela se desenvolver. Senão, vejamos. Em geral, conseguimos conhecer nossos antecedentes familiares. Quais as doenças mais prevalentes em nossos pais, tios e avós, ou mesmo entre nossos irmãos. Há famílias em que a pressão alta ou a dislipidemia se desenvolvem precocemente e que têm história de vários antepassados mortos devido a um ataque cardíaco, derrame ou rotura de um aneurisma. Daí, investigamos, encontramos, por exemplo, um aneurisma, propomos uma cirurgia e, pimba! Aquele aneurisma inocente gera uma cirurgia e, quiçá uma complicação enorme, cardiocirculatória, renal, etc. Noutras famílias, há a manifestação do câncer de mama, próstata, intestino, etc. E também nesses casos é necessário muito bom senso, atualização, competência para não se diagnosticar nem tratar nem de mais, nem de menos. Noutras famílias, há casos de fraturas e a paciente já teve fratura na juventude.

A recomendação de rastreamento para osteoporose a partir dos 65 anos é clara, mas nem sempre realizada. Um pouco de capricho às vezes faz muita diferença. Esses antecedentes, juntamente com nossos hábitos, vão direcionar o médico ou outro profissional da saúde em relação aos cuidados preventivos mais importantes para cada um de nós. Claro, fumar é sempre um problema, mas se o antecedente familiar aponta para um infarto, a recomendação de cessar o tabagismo ganha um peso ainda maior, em qualquer idade, adicionando vários anos de vida com qualidade. Se minha família tem problemas reumáticos e minha atividade sobrecarrega as articulações, pode ser prudente (ou necessário) mudar minha atividade. O complicado, muitas vezes, não é saber o que nos faz mal, mas sim assumir isso como uma verdade e transformar esse conhecimento em uma atitude. Para isso é necessário perder o medo do futuro, encará-lo de frente, aumentando assim as chances de sucesso.

O primeiro mecanismo de defesa que lançamos mão diante de uma ameaça de perda é a negação. Tratase de um mecanismo poderoso que, quando bem empregado, nos salva, nos põe em marcha simplesmente porque negamos o futuro. A negação, a imprudência, a insensatez fazem verdadeiras maravilhas - quando dão certo... Mas não são boas normas de conduta para o dia a dia, mais ainda quando empregadas em excesso. Que tal temperar a vida com uma dose de realidade e com um pouco de negação, por exemplo, numa comemoração, quando abusamos dos doces, numa viagem, quando abusamos dos horários, etc.? Às vezes, o bem viver exige esse tempero, esse equilíbrio entre responsabilidade e pragmatismo. Aproveite a vida! Roberto Schoueri Jr Médico geriatra em São José dos Campos, trabalha no Hospital REGER e se interessa pelas questões mais comuns que ocorrem na velhice.



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Aconteceu& Pedro Ivo Prates

Posses dos prefeitos na RMVale

Prefeitos, vices e vereadores eleitos para o mandato nos próximos quatro anos nas 39 cidades que compõem a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte tomaram posse de seus cargos no dia 1º de janeiro de 2017. Os presidentes das Câmaras Municipais também foram escolhidos. O portal Meon acompanhou as cerimônias de posse e os primeiros dias de trabalho dos prefeitos da região, com dificuldades financeiras o discurso geral foi de corte de gastos e austeridade. 

Divulgação

Previsões para 2017

O Meon conversou com a taróloga, Anita La Fey, de Jacareí, para saber quais serão as previsões para a RMVale. Segundo Anita, 2017 promete trazer dificuldade, mas principalmente, amadurecimento. A taróloga contou como será a política na RMVale. Em Taubaté, Anita diz que Ortiz Junior talvez ainda tenha que cuidar de algumas questões judiciais menores, mas que 2017 será um ano de muita razão, de equilíbrio e bom senso. De acordo com as cartas, Anita diz que a gestão de Jacareí será de boas parcerias, mas com alguns problemas de comunicação e certo isolamento entre os gestores que tomarão posse em 2017. Já em São José dos Campos, a nova gestão vai ter uma tendência a formar parcerias, principalmente de fora da cidade. “Será um governo baseado em estratégias, inteligência e gestão, primando pela qualidade de suas ações, mesmo que demorem a dar os resultados esperados. Há muita pressão e expectativas sobre o novo prefeito e sua equipe, o que ele contornará fazendo uso de sua experiência pessoal e profissional”, diz. 

O prefeito de São José dos Campos, Felicio Ramuth (PSDB), anunciou o fim do contrato com a Orquestra Sinfônica da cidade. O anúncio foi feito em uma transmissão de vídeo ao vivo na página do tucano nas redes sociais. O motivo alegado é o corte de despesas do município, já que a manutenção da Orquestra requer um gasto de R$ 2,5 milhões por ano, valor que seria incompatível com o atual momento econômico da cidade. O anúncio dividiu a opinião de internautas nas redes sociais. Parte concorda que a medida é necessária para preservar os cofres públicos, enquanto outra afirma que a cultura está sendo tratada com descaso. O regente da orquestra, Marcelo Stasi, também comentou a decisão: “A gente lamenta que as coisas tenham acontecido dessa forma. Ficamos tristes, porque é um projeto de vários anos, que vinha conquistando cada vez mais o apoio do público”. 

Foto: Murilo Cunha

Fim da Orquestra Sinfônica de São José dos Campos

Divulgação

Izaias Santana opta por não receber salário de prefeito O prefeito de Jacareí se viu obrigado a optar entre dois salários. Izaias Santana (PSDB) renunciou a remuneração de mais de R$ 19 mil que receberia como prefeito e optou por continuar recebendo como Procurador Jurídico do Município de São Paulo, cargo que ocupa desde março de 2004, cujo salário não foi revelado. O comunicado foi enviado por meio de ofício para a vereadora Lucimar Ponciano, presidente da Câmara Municipal. Durante quatro anos de mandato, o prefeito vai deixar de receber mais de R$ 1 milhão. 


São José dos Campos, fevereiro de 2017 | 15

Divulgação

Cai avião com o ministro Teori

Um avião de pequeno porte, que levava o ministro do STF Teori Zavascki e outras quatro pessoas, caiu no dia 19 de janeiro em Paraty, na região sul do Estado do Rio de Janeiro. Segundo a assessoria de imprensa da Força Aérea Brasileira, o avião saiu do aeroporto Campo de Marte, em São Paulo, às 13h (horário de Brasília). De acordo com funcionários do aeroporto de Paraty, a aeronave caiu no mar por volta das 13h30, momento em que chovia forte na região. Teori era o relator da Operação Lava Jato no Supremo. Estava prevista para fevereiro a homologação dos acordos de delação da construtora Odebrecht, uma das principais investigadas na operação. 

Meon

Novos quadros no Meon O Grupo Meon de Comunicação começou o ano com uma novidade. Após o sucesso das sabatinas com os candidatos a prefeito de São José dos Campos, transmitidas ao vivo do escritório do Meon, em janeiro foi a vez dos nossos parceiros da Rede Antena 1 e da Conectcar SP RIO FM participarem de entrevistas. Alexandre Del Cistia e Maurício Guisard falaram sobre a história do rádio e sobre como a tecnologia está mudando as formas de entreter e prestar serviços à população, seja no carro, no celular ou no rádio portátil. As entrevistas estão gravadas no portal Meon, no Youtube. Escaneie o QR Code ao lado para assitir aos vídeos. 

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As autoridades de segurança foram mais uma vez confrontadas com rebeliões prisionais, sangrentos acertos de conta entre presos de facções de narcotraficantes rivais e fugas em uma guerra que já deixou dezenas de mortos desde o início do ano. Com o domínio do narcotráfico, as prisões se tornaram o centro de uma batalha que está fora de controle. Pelo menos oito presídios do Brasil tiveram rebeliões ou mortes. Nos municípios da RMVale, são 12 unidades prisionais que abrigam 16.321 presos - o número é 55,58% maior que a capacidade (10.490 vagas). O portal Meon, noticiou um caso de agressão a três agentes penitenciários e a morte de um detento que teria sofrido uma parada cardíaca durante um dia de revista. Ambos os casos aconteceram no Centro de Detenção Provisória do Putim, em São José dos Campos. 

A Prefeitura de São Luiz do Paraitinga informou no final de janeiro, que a cidade não realizará o tradicional carnaval de marchinhas em 2017. O anúncio foi feito em uma audiência pública. De acordo com a prefeita Ana Lúcia Sicherle (PSDB), o município tem uma dívida de R$ 2.364.700, valor que compromete 12,78% do orçamento da cidade. Com isto, a prefeitura não consegue arcar com os custos da festa, estimados em R$ 800 mil. 

Divulgação

Carnaval em São Luiz do Paraitinga

Rebeliões nos presídios


16 | Revista Metrópole – Edição 24

Frases&

Quero muito ir para o exterior e trabalhar com grandes estilistas como Valentino Garavani. Mas nada é tão fácil quanto parece e preciso me capacitar mais e focar

Letícia Soares, 21 anos, de Jambeiro, descoberta por uma agência de modelos enquanto trabalhava em um shopping de São José dos Campos

Se Deus quiser, em alguns anos nós vamos conseguir recuperar a situação econômica da cidade para que a gente possa voltar a ter uma Orquestra Sinfônica

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Prefeito Felicio Ramuth, (PSDB), após anunciar o fim do contrato com a Orquestra Sinfônica de São José dos Campos

Foto: Pedro Ivo Prates


São José dos Campos, fevereiro de 2017 | 17

A pessoa não precisa de uma estampa no peito para mostrar sua personalidade, basta ser você

Marcos Fernandes

Afirma o estilista Marcos Fernandes, de Taubaté, sobre a modelo transgênero na prévia do desfile da coleção “Black Skin”, em Angra dos Reis - RJ

Temos a intenção de transformar o Litoral Norte num grande centro turístico, trabalhando em conjunto com São Sebastião, Ilhabela e Ubatuba

Cristian Bota, secretário de Turismo de Caraguatatuba, após encontro que reuniu os secretários de turismo das quatro cidades do Litoral Norte de São Paulo

A prefeitura está com muitas dívidas e o hospital não tem capacidade para aguentar a multidão de gente que chega na cidade. Eu concordo que, nesse ano, não dá pra fazer a festa

Vera Lúcia de Oliveira, balconista, moradora de São Luiz do Paraitinga sobre o cancelamento do tradicional Carnaval da cidade

O LIDE tem um legado transformador de desenvolvimento. Agrega os empresários em torno de temas úteis ao seu crescimento

Marco Fenerich, empresário e presidente do LIDE (Grupo de Líderes Empresariais) Vale do Paraíba, sobre os objetivos do grupo na RMVale

Divulgação


18 | Revista Metrópole – Edição 24

ENTREVISTA

Carnaval de Corpo Inteiro “O Rio pode até ser o berço, mas a Terra das Marchinhas é São Luiz”, afirma Galvão Frade, o Capitão da Maricota Murilo Cunha SÃO LUIZ DE PARAITINGA

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úsico, compositor e dono de um bom humor invejável. No primeiro ano em que São Luiz do Paraitinga cancela o carnaval por falta de dinheiro, a Metrópole Magazine entrevistou um dos principais compositores da pacata e charmosa cidade, em uma tarde cheia de música e risadas. Com 57 anos, Galvão Frade dedicou 36 ao ritmo mais simpático da região. Envolvido com a folia desde 1981, quando o carnaval voltou a ser realizado na cidade após décadas de hiato, ele é um dos responsáveis pela festa ser o que é hoje - ex-integrante do Grupo Paranga, uma das principais bandas da cidade, ele participou da organização dos primeiros Festivais de Marchinhas e compôs boa parte das músicas que são tocadas nas festividades de Momo. “Aos 11, 12 anos, comecei a tocar violão. Nesta cidade, dizem que, quem não toca, carrega o piano [risos]. É uma cidade muito musical, durante o ano inteiro você vê bandas nas procissões, no coreto, nas barracas de bingo, grupos de congada, moçambique… a música sempre foi muito presente na minha vida”, conta Galvão. “Comecei a aprender os primeiros acordes com o Negão [dos Santos, filho do compositor Elpídio dos Santos] e não parei mais”, completa. E não parou mesmo: ele estima já ter composto cerca de 200 músicas, entre marchinhas, músicas instrumentais e canções de MPB. Além disso, ajudou na fundação de pelo menos 14 blocos

carnavalescos e continua como responsável por três deles, o Lobisomem, a Maricota e o Bico do Corvo, que todos os anos encerra a folia luizense. Desde que a tradição começou, o carnaval só deixou de acontecer em 2010, por causa da enchente. Como você vê o cancelamento deste ano? É super chato, todo mundo fica entristecido. O nosso réveillon já é um “start” pro carnaval, geralmente tem a banda que toca marchinhas. Depois vem o Festival de Marchinhas, e nesse período todo, de janeiro a fevereiro, por onde você andar na cidade tem um grupo ensaiando. São 10 grupos ensaiando pela cidade, e isso cria um clima, que até para você compor, já é uma inspiração. Agora

“É, mamar na vaca você quer, quem que não quer? É! É! É! Mamar no boi você não quer, quem é que quer?” - Trecho da marchinha “Bloco Espanta-Vaca”, de autoria de Galvão Frade.”

a cidade está depressiva, porque os postes ficam apagados, as ruas escuras, chove todo dia, não tem nenhuma banda ensaiando... Se a prefeitura dissesse “olha, não tem condições de fazer como vinha sendo feito, vou fazer com a metade do orçamento do ano passado. As bandas que tocaram duas vezes, vão tocar uma vez só. Vamos tirar o caminhão de som, botar a banda no chao…”, ia enxugar o carnaval, mas com a crise todo mundo iria entender. As pousadas iriam manter o movimento, as pessoas iriam lotar as casas… Essa é uma festa que movimenta a economia local, e é muita gente envolvida. Só de músicos, são mais de 120 que trabalham no carnaval. São quase 600 casas alugadas, sítios… pessoas que são contratadas para trabalhar em restaurante, pousada, comércio ambulante, estacionamento, é muita gente... As pessoas esperam o carnaval, porque elas trabalham alguns dias e ganham um trocado a mais para sair do sufoco por alguns meses. É como o caiçara, que espera pelo verão para lucrar. Algumas pessoas já disseram que pretendem pôr o bloco na rua, mesmo com o evento cancelado pela prefeitura. E você? Essas manifestações espontâneas, de repente, podem até acontecer. Mas você vai sair num bloco com a cidade escura, sem nenhum enfeite? Não tem clima. Você pode até sair, mas é um bloco de curta duração. Ainda que fosse um carnaval menor, mas pelo menos enfeitado, com iluminação, todo aquele clima… Eu espero pra ver. Hoje, eu não colocaria o


São José dos Campos, fevereiro de 2017 | 19

meu bloco na rua. Qualquer problema que aconteça, o pessoal vai atrás do responsável pelo bloco. A Maricota vai sair na segunda feira em Tremembé e em Socorro. Estamos conversando com outras cidades também. A gente tem que trabalhar né... De onde você tira inspiração para compor? Eu acho que São Luiz propicia isso. A gente vive uma cidade em que as pessoas sempre falam de música, tem muita festa o ano todo. E é da pessoa também, eu acho que nasci pra isso. Cada pessoa vem pro mundo com uma missão, e eu acho que uma das minhas missões é compor. E é legal, porque eu sinto que a gente compõe muitas coisas e sempre tem feedback, as pessoas curtem, compartilham... no próprio carnaval, eu sempre digo que o maior prêmio para o compositor é ver as pessoas tocarem a música dele. Isso não tem preço que pague.

Fotos: Pedro Ivo Prates

O Bloco da Maricota completa 30 anos em 2017. Fale um pouco sobre a história dele. Eu sempre quis colocar alguns elementos do folclore no carnaval de São Luiz. A viola caipira é um instrumento que está em várias das minhas músicas, e a Maricota é uma congada. Na Festa do Divino, o primeiro grupo que abre a festa no Domingo de Pentecostes, às 5h da manhã, é um grupo de congada. A ideia era fazer um bloco com esse ritmo, para encerrar o carnaval. Durante vários anos, a banda acabava de tocar na praça e saía com o bloco, as pessoas

“ E já chamei a saideira pra ‘nóis’ tomar, quando caio na folia não consigo mais parar” - Trecho de “Sou Carnaval”, Galvão Frade.”

pegavam as latinhas vazias da rua e iam batendo, usando como percussão, e foi muito legal. Em 90 eu fui embora para a Espanha, onde morei por cinco anos. Em 93, eu vim para cá a passeio, e vi o bloco de madrugada, estava a maior zona, ninguém fazia o ritmo, o pessoal pegava as latinhas e passava fazendo barulho na janela, apertando as campainhas das casas... saiu de controle. Quando eu voltei para cá, mudei o bloco para domingo à tarde, para não perder a característica original. A Maricota voltou com muita força, e até hoje sai no mesmo horário.


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Dezenas de marchinhas foram gravadas em estúdio na própria casa do compositor

As suas marchinhas falam sobre todo tipo de assunto. De onde vêm tantas ideias? Pois é, agora surgiu uma banda nova na cidade, as “Despirocadas”, uma banda só de mulheres. A ideia delas é colocar no repertório só músicas com nome de mulher, e eu nem sabia que eu tinha feito tantas assim... Parei para pensar e tem Maricota, Helena, Maria Inês, Samaritana, Carolina, Catarina, Maria Rita... eu não sabia que tinha tantas [risos]. Helena, por exemplo, eu fiz num avião, em Barcelona, quando voltava para cá a passeio. As ideias simplesmente vêm. Teve um dedo seu na marchinha do Barbosa também, não teve? Teve, sim. Em 1999 aconteceu um evento chamado “Sesc Cai e Pira no Carnaval de São Luiz”. Foi um evento de 15 dias, com oficinas de máscaras, bonecos decorando a unidades, shows com outros cantores… Teve Emilinha Borba,

“Eu vou chamar o carnaval, eu vou chamar… porque ele começa quando ‘ocê’ quiser mandar, por favor, eu tenho pressa, tô cansado de esperar!” - Trecho da marchinha “De corpo inteiro”, de Galvão Frade” Tom Zé, Wanderléa, Suzana Salles, todos cantando marchinhas de São Luiz, foi muito bom. E nessas idas e voltas pra São Paulo, quem transportava a gente era o

Barbosa, que era um cara super mal-humorado. Numa dessas viagens, eu vim tocando violão de São Paulo a Taubaté, e os compositores se animaram e começaram a cantar. Acabou sobrando pro Barbosa. Eu comecei fazendo a música, outro cara sugeriu o “One, two, three, four”, outro cara deu outro verso… Quando gravei a música, creditei com o nome de algumas pessoas e “et sesc e tal” [risos]. Durante três anos eu estive no comando do bloco, que começou a crescer e o Barbosa ficou sabendo. Um certo dia ele foi na prefeitura e falou “Galvão, tá todo mundo na minha família comentando que o bloco tá um sucesso, e não sei o quê... você consegue fazer, via prefeitura, um ofício pra empresa me liberar no dia do bloco, pra eu poder vir?” Aí eu fiz o ofício, e ele foi e pirou. O bloco era menor, mas já tinha umas mil pessoas [risos]. Ele se transformou, mudou da água pro vinho e abraçou o bloco. Depois ele começou a fazer camiseta do bloco, acabou virando


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cantor e virou um popstar na cidade. Hoje ele trabalha fazendo transportes, e na época do carnaval, sai com o bloco até em outras cidades. Existe um movimento na cidade contrário aos rumos que o carnaval tem tomado nos últimos anos. Qual a sua opinião sobre isso? Eu costumo dizer que é o preço do sucesso. O sucesso enorme tem um preço. Torna-se mais caro, vc gasta mais com segurança, com som, hoje tem mais bandas... Eu adoro o carnaval, e eu sempre falo, quem não gosta, é muita gente, eu saia com o carrinho com o meu filho no bloco, então eu criei vários blocos. O Samaritana é um deles. No horário que sai o Barbosa, eu saio com o Samaritana pela contramão, nas outras ruas. Aí quem gosta, pode ir. Você tem que criar alternativa. Não adianta ficar lamentando, temos que criar novos espaços, e tem dado certo. O carnaval cresceu muito e a cidade não tem como bancar sozinha... Com que dinheiro, em uma cidade desse tamanho? É complicado. No ano que veio a Skol, eu achei que teve muito amadorismo do pessoal que estava à frente da prefeitura. Toda cidade vai atrás de patrocínio, não tem como São Luiz gastar 800 mil. Apareceu um patrocinador, mas ninguém vem de graça... Eles queriam trazer o Bonde do Tigrão, Jorge Ben Jor, um dj gringo que eu não lembro o nome... Mas nao era pra eles desfilarem, era pra ficarem em um espaço atrás da rodoviária, um lugar fechado, e vários blocos daqui estavam contratados para tocar lá dentro também, com cachê, empregando os músicos e a cidade ganhando uma verba. Aí começou aquele bochicho todo... A empresa manteve o patrocínio porque ia ficar ruim pra eles se espalhasse a notícia que eles saíram da cidade porque o povo não aceitou. Então eles não trouxeram as atrações, mas nós perdemos a oportunidade de ter um parceiro. É o preço do sucesso, se você quer ter alguma coisa, nao tem jeito. O carnaval chegou num ponto que cresceu muito, e quanto mais cresce, mais você gasta.

Conte um pouco sobre a sua experiência com a enchente. A maior enchente que a cidade havia enfrentado, foi em 1995. Em 67 teve uma grande, que passou até na TV Tupi, mas a de 95 foi muito maior, a água chegou na porta de casa, mas não chegou a entrar nem na área. Agora nessa de 2010, a água chegou na área e eu pensei “nunca que passa dali”. A casa da minha mãe era a mais alta da rua Barão, e a água nunca chegou até a cozinha dela, que fica alta. Ela estava preparando o almoço do réveillon e disse “Galvão, pode ficar tranquilo”, mas a água começou a entrar na

“ Mas quando veio o mês de fevereiro, eu caí na estrada, subi aquele Morro do Cruzeiro só pra ver a batucada” - Trecho de “Because de Você”, Galvão Frade.”

cozinha. Colocamos as cadeiras em cima da mesa, a televisão em cima do guarda-roupas... em questão de uma hora, a água já estava na altura das coxas, subiu muito. Eu sempre digo que, dos desastres da natureza, o menos pior é a enchente, porque o terremoto não avisa a hora, quando você viu, já fez o estrago. Na enchente, a água vai entrando devagar, então você tem tempo de reagir - tanto que não morreu ninguém, graças ao pessoal do rafting também, que ajudou muito. Na virada do ano estava todo mundo dançando debaixo de chuva, e no dia seguinte foi entrando tudo... nós fomos pra casa da frente, que tem dois andares e o

sótão. Passou um vizinho de caiaque, e nós ficamos ali. Mas mesmo com todo esse desastre, tinha gente que não perdia o espírito brincalhão da cidade. Veio muita doação de Taubaté e de outras cidades, e quando a gente via alguém com uma roupa diferente, as pessoas brincavam que tinham adquirido no “Shop Enchente” [risos]. Uma coisa muito forte pro povo foi o Mercado Municipal, que na época só ficou com o quadrilátero da cumeeira fora d’água. Em maio teve a Festa do Divino, e o pessoal com aquela força, fazendo comida, distribuindo afogado pro povo… isso emocionou muito na época. A enchente marca, deixa uma cicatriz na gente. O pessoal fala que “São Luiz voltou”, mas não é a mesma coisa. Meu pai faleceu depois da enchente, minha mãe também. Não morreu ninguém na enchente, mas muita gente morreu depois e a enchente, com certeza, contribuiu. A própria Dona Cinira, viúva do Elpídio dos Santos, sempre foi uma pessoa muito alegre, mas com a enchente ficou baqueada... Você vê a sua casa no chão, com barro por todo lado... a tia da minha esposa, com 75 anos de vida, agora não tem nem uma fotografia 3x4 pra contar história. Perdeu tudo. Como você se sente quando chega o carnaval? Como eu me sinto? Pera aí. [pega o violão] Eu não consigo ficar longe da folia É fevereiro e não tem mais jeito Não posso mais viver assim nessa agonia Meu coração não tá batendo direito. Mas quando chega o carnaval Tudo volta ao normal Não tem mais disritmia. Não tô mais sentindo mal Meu remédio é carnaval, doutor, só alegria Meu coração tá bom demais, tá nota dez Acabou o meu stress, vou vestir a fantasia. É assim. Escrevi ontem [risos]. 


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NOTÍCIAS POLÍTICA

Os ‘donos da bola’ no Legislativo

PSDB elege presidentes nas Câmaras de São José, Taubaté e Jacareí

Laís Vieira RMVALE

A

ssim como as prefeituras, as Câmaras dos Municípios da RMVale também renovaram os líderes a partir dos vencedores das eleições realizadas em 2016. Janeiro é o mês em que os vereadores, recém empossados, elegem os membros da mesa diretora, composta por um presidente, um ou dois vice-presidentes, primeiro e segundo secretários, que irão comandar os Legislativos Municipais. A eleição para escolha dos integrantes da mesa diretora em cada Casa

Legislativa obedece a regras previstas em seu regimento interno que também rege algumas atribuições dos componentes da mesa (veja quadro). Não houveram surpresas nas eleições para as presidências das Câmaras nas 39 cidades da RMVale. Os partidos e coligações que elegeram os prefeitos e obtiveram maioria, também conquistaram o comando dos legislativos.

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS A Câmara de São José dos Campos elegeu o vereador Juvenil Silvério (PSDB) para a presidência do Legislativo no biênio 2017/2018, com 19 votos. O

parlamentar foi o único candidato para o cargo e volta para o comando quatro anos depois de seu primeiro mandato como presidente. Aos 46 anos e licenciado de um cargo público no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), ele tem importantes desafios pela frente. Com orçamento de R$ 56,7 milhões para este ano, o presidente e vereadores que compõem a mesa diretora já decidiram propor aos demais parlamentares reduzir 10% dos gastos com consumo de materiais de escritório, combustíveis e telefone. Foram eleitos ainda os vereadores Robertinho da Padaria (PPS) para o

Fotos: Pedro Ivo Prates

Juvenil Silvério (PSDB), presidente do legislativo de São José dos Campos


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Divulgação/CMT

Diego Fonseca (PSDB), presidente da Câmara de vereadores de Taubaté

cargo de 1º vice-presidente e Maninho Cem por Cento (PTB) como 2º vice-presidente. Já para os cargos de 1º e 2º secretários foram eleitos Rogério Cyborg (PV) e Amélia Naomi (PT), respectivamente. Todos os eleitos para os cargos não tiveram concorrência para se eleger. Nas cédulas de votação havia apenas o nome de cada vereador inscrito para o cargo, impressas minutos antes da votação. “A minha eleição foi construída por meio do consenso e isso é bom para a cidade, porque mostra que todos os vereadores estão alinhados ao mesmo projeto. Penso ainda que o fato de dois nomes do PSDB estarem à frente da Câmara e da Prefeitura só aumenta a responsabilidade do partido. É preciso considerar também que o PSDB conquistou esse espaço com o apoio da população, mas também com o de outras siglas que são parceiras nesse projeto de recuperar a cidade”, disse Juvenil.

Esta será a segunda passagem de Silvério pela presidência da Câmara. Sua primeira eleição aconteceu entre os anos 2011 e 2012. Sobre a oposição na Câmara: “Não é momento para diferenças políticas, mas para a recuperação da nossa cidade”, finaliza.

TAUBATÉ O vereador Diego Fonseca (PSDB) foi eleito o novo presidente da Câmara de Taubaté, após a cerimônia de posse do prefeito Ortiz Júnior (PSDB) e dos 19 vereadores eleitos. Ele exerce o segundo mandato como vereador e derrotou o vereador Orestes Vanone (PV) por 11 votos a 8, na votação pela cadeira do Legislativo. O placar foi definido após os vereadores Rodson Lima Júnior e Dentinho, ambos do PV, votarem contra o próprio partido. A Mesa ficou composta por: Nunes Coelho (PRB) como 1º Vice-presidente, o 2º Vice é Gorete (DEM), o cargo de 1º Secretário fica para Douglas Carbonne (PC do B) e o 2º Secretário é Dentinho (PV).

A lista Veja quem vai liderar as Câmaras Municipais nas cidades da RMVale: •• Aparecida - Adilson José de Lima Castro – PSDB •• Areias - Wagner da Cidinha – PDS •• Bananal - Eduardo Mattos de Paula - PPS •• Caçapava - Lucio da Pastelaria PSDB •• Cachoeira paulista - Breno Anaya - PSC •• Campos do Jordão - Luiz Filipe Costa Cintra – PHS •• Canas - Ricelly Augusto Isalino PSDB •• Caraguatatuba - Tato Aguilar - PSD •• Cruzeiro – Charles Fernandes PR •• Cunha - llson Gonçalves Ledoino – PSD •• Guaratinguetá - Marcelo Coutinho “Celão” PSD •• Igaratá - Moacir Aparecido Fernandes Prianti -PR •• Ilhabela - Nanci Peres de Araújo Zanato – PPS •• Jambeiro - Ronildo Aparecido Teixeira - PDT •• Lorena - Waldemilson da Silva – PR •• Monteiro Lobato - Ailton Rodolfo Martins – PR •• Natividade da serra - Roberto eliceu Avelino - PTB •• Paraibuna - André Vinícius de Moraes Sampaio - PSDB •• Pindamonhangaba – Carlos Moura – Magrão - PR •• Piquete – Mario Celso de Santana - PSD •• Redenção da serra – Benedito José Ramos - PR •• Roseira – José Altair da Silva Rangel – PR •• Santa Branca – Eder De Araujo Senna - PR •• Santo Antônio do Pinhal - Luiz Inácio Batista - PTB •• São Bento do Sapucaí – Fábio Luiz dos Santos Silva PSB •• São Luiz do Paraitinga - Marco Antonio dos Santos - PP •• São Sebastião - Reinaldinho Moreira - PSDB •• Silveiras - Sidnei Ferreira – PMDB •• Tremembé - Adriano dos Santos - PV •• Ubatuba - Silvinho Brandão - PSDB


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Diego em entrevista ao Meon também falou sobre o corte de gastos no Legislativo. “Precisamos fazer um raio-x para saber o que nós conseguimos cortar. Hoje, com 99% de certeza, devemos cortar alguns telefones da casa e reduzir a cota dos vereadores. O gasto com gasolina também deve ser reduzido. Pedimos para o financeiro fazer um levantamento do quanto é gasto atualmente, tudo será feito com um estudo técnico criterioso”. Em maior número na Câmara, os aliados do prefeito Ortiz Júnior (PSDB) garantiram todos os cargos da mesa diretora, além de terem maioria nas 12 comissões permanentes da casa. Porém, informou que fará um mandato independente. “Eu tenho uma relação boa com o prefeito, mas não é por isso que iremos receber ordens. Pelo contrário, a nossa nação é feita de três poderes, e aqui é o Legislativo. Nós vamos respeitar o Executivo, mas sempre pensaremos primeiro na cidade”, finaliza.

JACAREÍ Em Jacareí, assim como em São José dos Campos e Taubaté, o escolhido para ocupar a cadeira de presidente do Legislativo é do Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB. A vereadora eleita para o cargo, Lucimar Ponciano, marca a história política da

Divulgação/CMJ

Lucimar Ponciano (PSDB) presidente da Câmara de Jacareí

cidade, sendo a primeira mulher a assumir a presidência da casa. Apesar de ser seu primeiro mandato como vereadora, Lucimar foi eleita com oito votos. A disputa aconteceu com o vereador Fernando da Ótica (PSC), que obteve cinco votos. Lucimar reafirmou o compromisso com o dinheiro público e disse que garantiu os votos que a elegeram graças ao trabalho efetivo junto à comunidade. “A casa está organizada, eu estou esperançosa que vai ser um desafio bastante produtivo para a comunidade. Pretendo além de promover integração

entre os vereadores, abrir a casa para a população. Os cidadãos precisam saber pra quê serve a Câmara, qual é o papel dos vereadores e, principalmente, atuando com transparência”, comenta Lucimar. A vereadora destaca ainda a importância da TV Câmara, que é um meio de comunicação que esclarece diversos fatores para a população. “Na primeira sessão teremos pautas importantes, eu espero discussões produtivas para mudar os quadros políticos na cidade, discussões saudáveis serão bem-vindas”, finaliza. 

ATRIBUIÇÕES: MESA DIRETORA Cabe ao presidente dirigir os trabalhos legislativos e administrativos da Câmara, presidindo as sessões na casa. Além de autorizar a assinatura de convênios e contratos de prestação de serviço. Outras atribuições do presidente são representar a Câmara (inclusive judicialmente), conduzir as sessões plenárias e desempatar votações de projetos de leis e requerimentos nas sessões. Pode, ainda, assumir a administração do município, em casos de licença ou impedimento do prefeito e do vice. O primeiro-secretário responde pelos serviços administrativos; o segundo-secretário, pelos passaportes, estágio universitário e relações externas.

VEREADORES A principal atribuição dos vereadores é fiscalizar a atuação do prefeito e os gastos da prefeitura. São eles que zelam pelo bom desempenho do Executivo e acompanham a prestação de contas dos gastos públicos. Uma função importante dos vereadores também é atuar como uma ponte entre os cidadãos e o prefeito. COMISSÕES Também no início da legislatura cada Câmara Municipal decide quem serão os vereadores que ocuparão funções nas mais diversas comissões permanentes, que são as responsáveis por estudar projetos e manifestar opinião sobre aspectos técnicos e o mérito de cada lei.


almoço-debate MARCO FENERICH, Presidente do LIDE VALE DO PARAÍBA - GRUPO DE LÍDERES EMPRESARIAIS, têm a honra de receber para ALMOÇO-DEBATE LIDE:

ALEXANDRE DE MORAES Ministro da Justiça e Cidadania

17 de Março Sexta-feira, das 12h00 às 14h30 São José dos Campos - SP

TEMA: “A importância da Segurança e da Justiça para o Desenvolvimento” COMITÊ DE GESTÃO MARCO FENERICH Presidente do LIDE VALE DO PARAÍBA PATRICK SILVA Diretor da BASF

GETÚLIO ZAKIMI Presidente da ZAKIMI ASSOCIADOS

ALVARO CANINEO Presidente da DICON ASSOCIADOS

MÍDIA PARTNERS:

FORNECEDOR OFICIAL:

INICIATIVA:

FLÁVIO GARCIA Presidente da MBM BUSINESS SCHOOL


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NOTÍCIAS ECONOMIA

Poluição Visual?

Excesso de placas de publicidade em canteiros ‘adotados’ gera polêmica em São José dos Campos Rodrigo Machado SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

E

m meio a polêmica do ‘Cidade Limpa’ no primeiro mês da administração do prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), que começou a revitalizar áreas degradadas por meio de serviços de manutenção da limpeza de jardins, monumentos, calçadas, iluminação pública, asfaltos e bueiros, São José dos Campos, sob administração do colega de partido, prefeito Felicio Ramuth, tem chamado a

atenção com a quantidade de placas de propagandas espalhadas em canteiros e áreas públicas ‘adotados’ e comercializados por empresa especializada em jardinagem. Afinal, qual é a importância do paisagismo para o planejamento urbano e estético de uma cidade como São José? E quais os limites e regras para encontrar o equilíbrio para uma área verde bem cuidada e um canteiro com estruturas de ferro e madeira com propagandas que chegam a medir mais de um metro de altura?

Canteiro no Jardim Aquarius, também é reduto das placas

É só percorrer ruas e avenidas de alguns bairros como o Jardim Aquarius, Urbanova, Jardim Esplanada, Vila Adyana e Vila Ema, regiões nobres, que é fácil constatar quantas áreas são cuidadas a ‘troco’ de publicidade. A permissão, que atende diversas regras previstas na lei municipal 5.098, de 1.997, sancionada durante a gestão do exprefeito Emanuel Fernandes (PSDB) depois de aprovada pelos vereadores à época, instituiu o programa Nossa Praça para a conservação de espaços públicos em regime de colaboração de particulares.


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Fotos: Pedro Ivo Prates

Avenida Shishima Hifumi, um dos endereços das placas do programa Brasil Florido

A lei autoriza pessoas jurídicas e físicas na adesão ao programa para a conservação e melhoria de ajardinamento e tratamento paisagístico de praças e outros logradouros públicos. O 5º artigo diz que é ‘proibida a colocação, nos locais beneficiados nos termos desta lei, de placas publicitárias, exceto aquelas com a simples citação de nome, endereço e telefone dos colaboradores.’. Apesar da lei ser favorável para a manutenção desses canteiros, são as placas que acabam chamando a atenção e não as áreas cuidadas, promovendo poluição visual, principalmente, em áreas de grande circulação, segundo especialistas. Para a arquiteta, urbanista e professora da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado), Elisabete França, é importante, acima de tudo, entender que o espaço público é do conjunto dos moradores da cidade e não pode ser privatizado pela sua apropriação. A especialista afirmou que o gestor municipal tem como dever zelar pelo espaço público como o ambiente construído, o patrimônio histórico e, portanto deve incluir em seu programa de metas combater a poluição visual.

“Alguns municípios utilizam esse mecanismo que permite a propaganda desde que a empresa faça a gestão das áreas verdes. Não considero a melhor solução porque, em geral, as empresas só se interessam pelas áreas mais bem localizadas e a propaganda não é discreta”, disse. “Creio que devemos encontrar novos caminhos para a gestão dessas áreas focando na participação dos usuários, mas alguma experiência vem dando resultados”, completou.

Manutenção ou Publicidade? Segundo moradores, comerciantes e especialistas ouvidos pela Metrópole Magazine, o excesso de placas tem chamado a atenção de quem passa pelas avenidas Shishima Hifumi, Eduardo Cury, São João e Nove de Julho. A reportagem percorreu avenidas e ruas do Urbanova e contabilizou 28 áreas adotadas por empresas privadas e oito com estruturas fixadas prontas para receber a publicidade. Tudo certo se não fosse um problema: todas são coordenadas e mantidas por meio da empresa Brasil Florido, registrada como A.C. Gouveia Paisagismo & Construção Civil Ltda, para atuação

no comércio varejista, atividades paisagísticas, construção de edifícios e aluguel de máquinas do setor. Por telefone, uma atendente da empresa, que se identificou como Renata, respondeu alguns questionamentos sobre o funcionamento do serviço. “Você paga a manutenção mensal ‘pra’ gente. Os valores dependem de localização da área, tamanho, dificuldade de manutenção, então você vai ver que tem áreas que são mais baratas e outras que são pequenas e mais caras, porque a dificuldade de manutenção é maior”, disse. “É uma publicidade muito legal porque é bem mais barata que outdoor. No outdoor você vai pagar e terá a publicidade por quinze dias, no máximo um mês. A nossa fica 24 horas por dia, o nosso contrato é de 24 meses. A gente tem uma cláusula no nosso contrato que se o cliente quer cancelar, tem que nos avisar 30 dias antes, então você avisa por escrito ou por e-mail”, continuou ela por telefone. “A gente tem áreas de R$ 300, R$ 400 e R$ 500 por mês até área de R$ 50, R$ 60 mil, entendeu? Depende da área, da localização, de tudo isso,


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entendeu?”, completou a atendente durante contato. Procurada oficialmente pela reportagem, a Brasil Florido retornou por telefone e depois respondeu aos questionamentos via e-mail. O diretor da A.C. Gouveia, Ronaldo Pereira Chaves Filho, disse que a A.C. Gouveia Paisagismo & Construção Civil Ltda é uma empresa de prestação de serviços que se especializou em manutenção e conservação de áreas verdes e auxilia os adotantes tanto na parte burocrática quanto na manutenção da área adotada. “Nós não vendemos propaganda, e sim serviços de manutenção. A A.C. Gouveia tem 15 termos de cooperação atualmente onde divulga as atividades

Divulgação

que desempenha. O adotante tem o benefício de fixar uma placa em troca da adoção (manutenção e conservação) da área verde pública, pois se trata de uma parceria público-privada, conforme lei 5487/99. Constituída em 2008 atuamos nas áreas de paisagismo, construção civil e locação de máquinas e equipamentos. A A.C.Gouveia não explora áreas, e sim fornece material, mão de obra e ferramentas para efetuar as manutenções”, informou. Ainda segundo a empresa, conforme as diretrizes do programa Nossa Praça, o modelo é um só. “A estrutura de madeira foi uma sugestão que demos à SSM com o intuito de utilizar material de fontes renováveis. O adotante não paga por placa e sim por manutenção da área verde adotada. Temos uma inspeção semanal, e as manutenções têm um ciclo contínuo de 30 dias com intervenções sempre que necessário. O termo de cooperação é firmado entre a prefeitura de São José e o adotante”, informou. Questionado sobre os valores informados por telefone, Ronaldo afirmou que os custos são calculados conforme a área de cada logradouro e por metro quadrado. “Conforme a página do site oficial da prefeitura, a quantidade de placas é por metro quadrado, sendo um a cada 300 metros quadrados. Tomamos o devido cuidado de orientar os nossos clientes a não poluir visualmente o local e quem determina a quantidade de placas é a SSM Elisabete França, com uma vistoria prévia especialista em urbanismo e arquitetura do local”, finalizou.

“Creio que devemos encontrar novos caminhos para a gestão das áreas” Elisabete França ESPECIALISTA EM URBANISMO E ARQUITETURA

Corte de grama

A Metrópole Magazine apurou ainda quanto custa cuidar ou manter uma área verde de 50 metros quadrados em alguns bairros da cidade para fazer um paralelo do custo de manutenção de uma área verde. O preço pode variar de acordo com o estado de conservação da área, locação de equipamentos para o trabalho, entre outros. O jardineiro Thiago Amaral de Souza, de 29 anos, é um dos cinco profissionais autônomos cadastrados no Banco de Profissionais, da Prefeitura de São José dos Campos, pronto para receber a ligação e trabalhar na manutenção de terrenos, jardins e paisagismo. O canal serve para promover o contato direto entre os empregadores que buscam profissionais qualificados e os candidatos a uma vaga de emprego no mercado de trabalho. Os currículos ficam disponíveis para serem consultados por empresas. “Sou cadastrado no banco e recebo ligações para fazer um trabalho ali, outro lá”, disse por telefone. “Se for só para cortar a gramar e limpar a área faço por R$ 60, é uma média para uma área de 30 metros quadrados. Trabalho há bastante tempo, ‘mais de anos’”, disse Souza, morador do bairro Alto da Ponte, na zona norte da cidade. A Metrópole Magazine também entrou em contato com a Natus Garden, da Vila Letônia, empresa especializada em projetos de paisagismo e solicitou um orçamento de corte de grama. Por


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e-mail, a reportagem mostrou interesse em contratar o serviço de manutenção para uma área verde de 50 metros quadrados no Jardim Aquarius, com mato com 70 centímetros de altura. “O nosso serviço de manutenção tem um custo mínimo de R$ 250, tendo a necessidade de analisar o espaço a ser executado. Esta análise determina o valor da manutenção. Temos por contrato ou diária, essas opções ficam a critério do cliente”, informou. “Com os dados informados o jardim terá um custo sem contrato de R$ 300, uma manutenção por mês. Tendo contrato de um ano esse valor cai um pouco mais, porém há a necessidade de analisarmos o jardim”, completou. Procurada para comentar a reportagem, a Prefeitura de São José não respondeu aos questionamentos sobre os programas Nossa Praça e o Banco de Profissionais até o fechamento desta edição. Entre os pontos questionados no contato com a prefeitura, a Metrópole Magazine quis saber se a Brasil Florido tem exclusividade no programa Nossa Praça, se houve algum processo de licitação que contemplasse a empresa, o número total de áreas adotadas na cidade e se houve redução nos custos do município com serviço de manutenção de áreas verdes adotadas. 

Avenida Shishima Hifumi, em frente ao condomínio Jardim do Golfe

Publicidade ou mato alto? As placas espalhadas nos canteiros por meio do programa municipal Nossa Praça dividem opiniões entre moradores e motoristas que trafegam pelas ruas e avenidas próximos às áreas. Nas redes sociais, o público promoveu um debate sobre o tema. “É uma vergonha para a cidadania da cidade e choca frontalmente com aspectos de preservação da beleza natural da paisagem urbana, sem dizer que os valores de exposição destas marcas em espaços extremamente nobres e de grande circulação representam preços extremante superiores aos custos de manutenção das áreas”, disse o empresário Mario Sarraf. “Excesso de estímulos desviam a atenção. Poluição visual pode atrapalhar motoristas e causa irritabilidade a todos”, disse a internauta Vera Bayerlein. “Na verdade acho que tem coisa bem pior neste sentido, o retorno na Avenida São José, em frente aos novos quiosques do Banhado, tem uma caixa de linhas telefônicas colocada após as obras de reforma do centro, e tira totalmente a visão de quem vai acessar rua Sebastião Humel”, postou Eduardo Ribeito Malungo. “Acho que polui o visual demais, existem várias formas de manter essas áreas

limpas sem deixar feia”, disse a aposentada Maria José Carvalho. “Várias dessas placas estão colocada em locais que atrapalham a visão de outros carros e pedestres. A ideia é boa, mas foi feita sem estudo. O princípio é o mesmo da proibição dos cavaletes de propaganda política. Deveriam rever todas”, contou Hugo Dutra.


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NOTÍCIAS SAÚDE

Sedentarisno X Atividade Física

Como viver mais e melhor

Fotos: Pedro Ivo Prates

Mitos e verdades sobre a prática de exercícios físicos; veja o que dizem os especialistas


São José dos Campos, fevereiro de 2017 | 31

Henrique Macedo RMVALE

P

ara alguns, a prática regular de exercício físico não vai alterar a longevidade do ser humano. Outros alegam justamente o contrário: temos que nos exercitar, correr, nadar, pular. Afinal, quem tem razão? O médico José Roiz (já falecido) dizia que “o homem não foi feito para correr”, uma das muitas colocações polêmicas que ele fez no livro “Esporte mata!”, publicado em 2004. Ele também citou que a humanidade se divide em dois grupos: os longevos e os não-longevos (que são minoria!). Ou seja, para alguns, não adiantaria nada malhar, correr, nadar, pular: seu coração já nasceria programado para bater alguns bilhões de vezes e, pronto! Um dia ele vai parar, mesmo...

Esse músculo, do tamanho de uma mão fechada, bate mais de 2,5 bilhões de vezes durante 70 anos – tempo médio de vida de um ser humano – e bombeia 224 milhões de litros de sangue. Polêmicas à parte, hoje médicos e profissionais ligados à área de educação física e fisiologia do exercício concordam que a atividade física é fundamental para a boa saúde. O conhecido médico Dráuzio Varella diz claramente: “A vida sedentária é muito ruim, faz muito mal para o organismo. Essa coisa de passar o dia inteiro sentado, andar um pouquinho, sem estimular, sem forçar os músculos, sem pedalar ou nadar, qualquer tido de exercício, é muito ruim pro corpo. A atividade física melhora o funcionamento do organismo como um todo. Melhora a função

cardiovascular, a circulação, acelera o metabolismo. Você fica com mais dificuldade de ganhar peso ou com mais facilidade para perder o peso que foi acumulado excessivamente. E além de tudo, o que eu acho que é o máximo da atividade física é que ela faz bem para o espírito”. O cardiologista Carlos Expedito Leitão reforça a tese e dá algumas dicas. “Esse boatos que a gente ouve ‘que está com a vida programada, que quem anda mais morre mais’ é tudo balela de internet, mito. O recomendado é que se faça atividade física. Já foi até o tempo das três vezes por semana. Hoje, já recomendamos cinco vezes por semana, de 50 a 60 minutos”. O professor de educação física Adriano Rennó trabalha diretamente com a área de fisiologia do exercício.

Professor Adriano Rennó atua com musculação terapêutica para pessoas com limitações


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Ele explica os benefícios de evitar o sedentarismo. “Existem estatísticas que apontam que a atividade física aumenta a estimativa de vida, desde que com orientação. A ciência mostra que há melhora de alguns níveis de hormônios positivos e uma resposta anti-inflamatória. Hoje a neurociência também aponta que a atividade física pode melhorar o funcionamento do cérebro, aumentando as conexões neurais e a quantidade de neurônios”. O professor também atua com musculação e musculação terapêutica para pessoas condicionadas, com limitações, doenças e terceira idade. Rennó conta que o retorno tem sido positivo. “Nossa especialidade na academia é musculação. Então, todos os alunos praticam musculação com uma base de fortalecimento. Começamos com trabalhos aeróbicos

“Criou-se aquele mito que musculação é um negócio pesado, que só os jovens fazem e não é assim. Você pode colocar um idoso para fazer um trabalho resistido, que vai dar mais qualidade de vida pra ele, por exemplo, pegar o neto, algo no armário, tomar banho” Fabiano Souza COORDENADOR DO CURSO DE ED. FÍSICA DA UNIVAP

que, normalmente, tem uma sobrecarga corporal que nem todos estão preparados. Por exemplo, uma pessoa obesa, sedentária, pode ter problemas na articulação do joelho e em outras articulações. Se ela tem obesidade mas tem força, possivelmente não vai se machucar”. O funcionário público federal João Ávila, 54 anos, ficou anos sem fazer atividade por problemas de saúde. Agora, retomou os exercícios sob orientação. “Eu tive algumas intercorrências de ombro esquerdo e direito com lesão pós-cirúrgica e uma pequena artrose no ombro esquerdo. Por ter ficado muito tempo sem atividade física, você vai notando perda de massa muscular, vai se sentindo mais cansado e eu achei melhor ter um acompanhamento com um personal para não ter mais nenhum tipo de lesão”, explica.

Estatísticas apontam que a atividade física, sob orientação, aumenta a estimativa de vida.


“Eu tive algumas intercorrências de ombro esquerdo e direito com lesão pós-cirúrgica e uma pequena artrose no ombro esquerdo. Por ter ficado muito tempo sem atividade física, você vai notando perda de massa muscular, vai se sentindo mais cansado e eu achei melhor ter um acompanhamento com um personal para não ter mais nenhum tipo de lesão.” João Ávila, FUNCIONÁRIO PÚBLICO FEDERAL

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João voltou a fazer exercícios com orientação de um profissional

Já a professora aposentada Míriam Santos Araújo, 72 anos, tinha muita dor nas costas e já havia tentado outras atividades. “Fiz yoga, tai chi, mas musculação foi a primeira vez. Faço remada, levantamento de peso. Tenho visto que isso é fundamental. Não tenho carro e faço tudo a pé. O que eu estou fazendo na academia está me ajudando para tudo. Minha vida mudou. Moro sozinha, cuido do meu apartamento, subo escadas”, conta. O preconceito que existia sobre musculação - no sentido que é uma atividade apenas para jovens - tem diminuído. Novos estudos apontam que ela pode auxiliar a turma da terceira idade. “Criou-se aquele mito que musculação é um negócio pesado, que só os jovens fazem e não é assim. Você pode colocar um idoso para fazer um trabalho resistido*, que vai dar mais qualidade de vida pra ele, por exemplo, pegar o neto, algo no armário, tomar banho”, afirma Fabiano Souza, coordenador do curso de educação física da Univap e especialista em fisiologia do esforço. Fabiano explica que está comprovado que as doenças cardiovasculares

“Fiz yoga, tai chi, mas musculação foi a primeira vez. Faço remada, levantamento de peso. Tenho visto que isso é fundamental. Não tenho carro e faço tudo a pé. O que eu estou fazendo na academia está me ajudando para tudo. Minha vida mudou. Moro sozinha, cuido do meu apartamento, subo escadas” Míriam Santos Araújo

PROFESSORA APOSENTADA

acometem aqueles que, por um motivo ou outro, têm um quadro de sedentarismo associado a outros problemas de saúde, causados principalmente pela falta de atividade física, como obstrução de veias, alimentação inadequada, estresse, tabagismo, levando a doenças que podem ocasionar problemas no coração. Ele orienta também como vencer a resistência daqueles que não querem fazer exercícios. “O que eu sempre falo para os meus alunos é tentar explorar ao máximo aquilo que a pessoa gosta de fazer como atividade física. Primeiro é preciso criar o hábito, que é a maior dificuldade. Quando você consegue aliar com aquilo que você gosta, aí os resultados podem surgir”. E continua: “O exemplo dos pais também é muito importante. Não adianta ficar no sofá falando pros filhos irem pra academia, nadar, correr, caminhar. Tem que fazer também”.  *Exercícios resistidos são aqueles realizados contra alguma forma de resistência graduável à contração muscular. Na maioria das vezes, a resistência são pesos.


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NOTÍCIAS EDUCAÇÃO

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Educação sem fronteiras

Crescimento da educação a distância na última década possibilita o acesso da população ao ensino superior Idelter Xavier RMVALE

E

mprego, família, atividades físicas, amigos, namoros, despesas, trânsito, vida social, aulas de inglês e mais uma infinidade de coisas. Arrumar espaço na agenda para frequentar a faculdade ou um curso tecnólogo é cada vez mais difícil no cotidiano caótico dos grandes centros urbanos, o que tem levado a aumentar exponencialmente o surgimento de instituições que oferecem cursos superiores na modalidade EAD (Educação a Distância). Tais cursos começaram a ficar conhecidos no Brasil no início da década passada e continuam ganhando cada vez mais espaço. Faculdades especializadas no segmento, avaliadas pelo MEC (Ministério da Educação) e reconhecidas pelo Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), se multiplicaram e até mesmo

as universidades convencionais aderiram à EAD para algumas graduações. Não à toa, é a modalidade de ensino que mais cresce em nosso país. De acordo com dados do MEC (Ministério da Educação), das 3,3 milhões de matrículas no ensino superior registradas entre os anos de 2003 e 2013, um terço corresponde a cursos a distância, sendo a maioria na rede privada. De 49.911 alunos matriculados na EAD em 2003, o número saltou para 1.153.572 em 2013, com 86% correspondendo a instituições particulares. Segundo o último censo divulgado pela ABED (Associação Brasileira de Educação a Distância), em 2015, mais de 5 milhões de pessoas estavam matriculadas em cursos na modalidade. No censo de 2014, o número apresentado era de 3,8 milhões. O líder de matrículas são as licenciaturas, seguidas dos cursos mistos de licenciatura com bacharelado e dos tecnólogos.

A psicopedagoga Terezinha Bertuzzo, de 57 anos, trabalha há 12 anos com o sistema de ensino EAD e atualmente é coordenadora pedagógica do Centro Universitário Uninter, em São José dos Campos. Ela se diz encantada até hoje com as possibilidades que a tecnologia aliada à educação proporciona aos alunos que optam por esse método. “Fui chamada para uma entrevista e escolhida para ser, na época, tutora de alguns cursos EAD. Sendo algo novo para mim, passei a estudar e me inteirar de como funcionava a educação a distância e como seria acompanhar os alunos que procuram este sistema de ensino”. “Em pouco tempo fui me encantando e percebendo que os recursos tecnológicos, a flexibilidade de horários, o acesso às informações e o preço acessível faziam do EAD uma realidade possível e que não deixava a desejar em nada em relação a qualquer outro método de ensino.


São José dos Campos, fevereiro de 2017 | 37

Murilo Cunha

Percebo que os alunos que buscam a EAD se tornam melhores pesquisadores que os alunos convencionais, com muita autonomia na busca de resultados e conhecimentos”, completa Terezinha. E foi exatamente essa busca por conhecimento que levou Ivana Gonçalves, de 22 anos, que é formada em Relações Internacionais e trabalha com Suporte de Sistemas em São José dos Campos, a fazer sua segunda graduação, desta vez no modelo EAD. “Eu resolvi fazer uma segunda graduação para ampliar minha área de atuação, adquirindo conhecimentos extras para minha formação profissional. Eu me formei em 2016 e decidi já emendar os cursos para conseguir mais rápido uma vaga no mercado de trabalho na área administrativa, além de aproveitar a vantagem de eliminar algumas matérias do curso, terminando em menos tempo. Outra coisa que me motivou foi dar apoio para minha mãe, que irá começar sua primeira graduação neste ano, aos 56 anos de idade”, diz. Para Ildamare Lima, mãe da Ivana e auxiliar administrativa em um escritório de advocacia, a oportunidade de cursar uma faculdade após os 50 anos de idade é algo jamais imaginado antes, mas que está se tornando possível este ano.

“Minha filha me apoiou para que eu concluísse o ensino médio no ano passado, depois de décadas sem estudar. Nunca imaginei que conseguiria. Terminá-lo era algo muito distante na minha cabeça e já me senti muito realizada em poder concluir” Ildamare Lima, 50, AUXILIAR ADMINISTRATIVA

“Minha filha me apoiou para que eu concluísse o ensino médio no ano passado, depois de décadas sem estudar. Nunca imaginei que conseguiria. Terminá-lo era algo muito distante na minha cabeça e já me senti muito realizada em poder concluir. Quando surgiu essa oportunidade de fazer faculdade no modelo EAD e minha filha se propôs a fazer junto comigo para me dar suporte, eu nem acreditei. Mas uma coisa é certa: tenho certeza que estou pronta para o desafio”. “Eu escolhi a EAD pela disponibilidade dos horários, para conseguir conciliar os estudos ao meu horário de trabalho e aos afazeres domésticos. Acredito que além de estar me capacitando para o mercado de trabalho em que atuo, possuindo um diferencial entre os profissionais com a minha idade, em primeiro lugar vem a minha autoestima, o enriquecimento de conhecimentos e a minha vontade de estar sempre aprendendo. É a realização de um sonho que deixei lá atrás, quando jovem ainda, e isso não tem preço”, conta. No caso do aposentado Jorge dos Santos, de 53 anos, de São José dos Campos, a EAD apareceu em um momento propício em sua vida, em 2007.


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“Eu precisava cursar o Ensino Superior para me manter no meu serviço e foi quando descobri a EAD. Cursei em uma instituição de Jacareí e foi muito bom, pois não pesou no meu bolso e por ser uma vez na semana não impactou muito no meu convívio com a família”, disse. “No fim das contas eu me mantive no emprego até me aposentar. Acredito que ter feito faculdade aumentou meu campo de visão sobre como desenvolver meu trabalho, pois aprendi novas técnicas e me tornei mais crítico em relação ao trabalho. Além de tudo isso, a população te enxerga de forma diferente quando possui um curso superior”, finaliza.

Qualidade de Ensino Apesar de ser um método antigo, com registros históricos de cursos que podiam ser realizados via carta desde o século XIX, a EAD voltou a ficar em evidência no início da década passada, quando foi reformulada devido ao crescimento e a cada vez maior disponibilidade da tecnologia. Porém, mesmo assim, talvez em virtude do pouco conhecimento a respeito da educação a distância, muito se questiona sobre a qualidade e os resultados do sistema de ensino. E mesmo tendo se formado no estilo tradicional, Ivana escolheu cursar uma graduação no modelo a distância. “Assim como os cursos presenciais, a EAD é o que o aluno está disposto a fazer dela. Se o aluno quer realmente um diploma e fazer dele seu aliado, tem que se dedicar e ter disciplina, a EAD exige tudo isso. Também possui controle de faltas e avaliações que testam com seriedade o conteúdo disponibilizado”, afirma. “Os cursos são divididos por módulos e a cada módulo os alunos têm um grupo de disciplinas a serem desenvolvidas. Estas disciplinas ficam acessíveis no ambiente virtual em vídeo aulas, material para leitura, links para pesquisas e complementação dos conteúdos, fóruns de debates, tutoria para

dúvidas, simulados e atividades. Além disso, a cada 15 dias acontecem aulas ao vivo transmitidas simultaneamente em todos os polos do país. São feitos também grupos de estudos e plantões de dúvidas, além de usos da biblioteca local. Ou seja, o aluno pode estar no polo de apoio no dia e horário que sentir necessidade para seus estudos”, explica Terezinha. “Com certeza terei um período de adaptação, pois estou acostumada há quatro anos com a presença dos professores e colegas, mas depois tirarei apenas vantagens com a possibilidade de estudar em qualquer horário e em qualquer lugar”, finaliza Ivana.

Estado O Governo do Estado de São Paulo anunciou em 2008 que seria criada a Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), tendo em vista o momento de grande crescimento da educação a distância no Brasil. O projeto saiu do papel e a universidade foi fundada em 2012, com o objetivo de utilizar a tecnologia a serviço da educação e da cidadania por meio da educação de qualidade. O primeiro vestibular aconteceu em 2014 e até o momento mais de quatro mil vagas foram oferecidas. Atualmente a Univesp disponibiliza seis cursos de graduação: Engenharia de Computação, Engenharia de Produção, Química, Física, Biologia e Matemática. Também existem cursos de pós-graduação para formação docente. 

“Assim como os cursos presenciais, a EAD é o que o aluno está disposto a fazer dela. Se o aluno quer realmente um diploma e fazer dele seu aliado, tem que se dedicar e ter disciplina, a EAD exige tudo isso. Também possui controle de faltas e avaliações que testam com seriedade o conteúdo disponibilizado” Ivana Gonçalves, 22, ALUNA EAD

Faixa etária De acordo com o último censo da Abed, de 2015, os alunos matriculados em cursos de ensino a distância tendem a ser mais velhos do que os alunos de cursos presenciais. Os estudantes da educação presencial se concentram na faixa entre

21 e 30 anos, correspondendo a 63,23% do total, enquanto o corpo discente dos cursos a distância se encontra na faixa entre 31 e 40 anos, com 49,78% das matrículas.



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NOTÍCIAS MEIO AMBIENTE

A floresta avança Mais de 450 mil hectares de florestas nativas, um crescimento de 83% em toda a RMVale

Confira no portal Meon imagens feitas pelo repórter-fotográfico Pedro Ivo Prates

Fotos: Pedro Ivo Prates


São José dos Campos, fevereiro de 2017 | 43

Moisés Rosa RMVALE E LITORAL NORTE

M

uitos não sabem a importância, mas ter uma região reflorestada pode trazer diversos benefícios à qualidade de vida dos seres humanos. Um estudo inédito feito pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) na RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba) mostra que 34 dos 39 municípios tiveram um feito histórico: o acréscimo de florestas nativas. Os dados tiveram como cobertura as áreas de floresta nativa, pastagens e reflorestamentos de eucalipto. A área total é de 1,4 milhão de hectares. Com exclusividade à Metrópole Magazine, a Embrapa, órgão ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, divulgou o levantamento específico em algumas cidades. O que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi a recuperação das áreas de forma natural. Os dados comparados levam em consideração os mapeamentos realizados entre 1985 e 2015, 30 anos de comparação das imagens captadas. O órgão também acredita que houve aumento florestal nas outras cinco cidades. O pesquisador Carlos Ronquim explicou que alguns fatores contribuíram para esse fenômeno. Entre eles, áreas que eram antes utilizadas pelos fazendeiros e posteriormente deixaram de ser cultivadas. O abandono de determinadas partes da propriedade favoreceu o retorno da vegetação florestal nativa. “A partir da década de 80, a baixa rentabilidade do setor leiteiro, além de outros fatores como o aumento das exigências de padrão de qualidade por parte das indústrias de laticínios, a dificuldade em contratar e de encontrar mão-de-obra qualificada, dificultou a permanência dos proprietários rurais na atividade leiteira. O menor investimento dos proprietários visando conter gastos contribuiu para o abandono de áreas menos aptas ao pastoreio pelos animais,

como os topos de morros e encostas mais íngremes e isto favoreceu o retorno da vegetação nativa”.

Maiores áreas Na região, três cidades (São José do Barreiro, Monteiro Lobato e Bananal) possuem floresta nativa em mais da metade da área do município, sendo respectivamente 63,7%, 55,3% e 53,4%. Jacareí apresenta 17,7%, Taubaté tem 19,4%, Pindamonhangaba 27,5% e São José dos Campos 31,1%. Por outro lado, o município que possui a menor parcela de mata nativa, referente aos dados de 2015, é Potim. A cidade tem apenas 2,8%. Canas vem em seguida com 8,2% da área. Em toda a RMVale, os estudiosos observaram o avanço das áreas regeneradas, principalmente, naquelas

“A partir da década de 80, a baixa rentabilidade do setor leiteiro, além de outros fatores como o aumento das exigências de padrão de qualidade por parte das indústrias de laticínios” Carlos Ronquim, ENGENHEIRO AMBIENTAL

porções antes ocupadas por pastagens – vegetação utilizada para a alimentação do gado. O salto de recuperação foi de 250 mil para 455 mil hectares, acréscimo de 83% de floresta nativa. Cada hectare equivale a 10.000 metros quadrados. O feito, segundo os pesquisadores, pode ser comemorado. Mas o que isso de fato interfere no nosso dia a dia? De acordo com o pesquisador, um terreno reflorestado contribui para amenizar a temperatura da microrregião, formar corredores para a conservação da biodiversidade, fornece alimento e abrigo para a fauna, ajuda a diminuir a poluição, diminui a erosão do solo entre outros benefícios. “A surpresa nesse estudo é que houve uma recuperação da área florestal por meio de forma natural. A importância de se recuperar as áreas é que elas aumentam o ‘sequestro’ de carbono [onde o processo captura o carbono e lança oxigênio na atmosfera]. Para o Vale do Paraíba, que está localizado no eixo São Paulo-Rio de Janeiro, a regeneração contribui para o aumento da biodiversidade, para a diversidade de espécies de animais, regulação da temperatura e umidade do ar, proteção do solo e ajuda a manter a qualidade da água”, relatou. Além de ter esses benefícios, as cidades que tiveram regeneração florestal podem apostar nos atrativos turísticos. “As novas florestas que surgem ajudam a formar paisagens sustentáveis que se constituem em mosaicos de áreas de vegetação nativa e áreas de cultivo agrícola que maximizam os benefícios econômicos, ecológicos, socioculturais e turísticos. Muitas cidades do Vale desenvolvem o turismo e se favorecem ainda mais desse fenômeno do retorno da vegetação nativa. O reflorestamento aumenta a vocação turística dos municípios, como é o caso de Cunha, São Luiz do Paraitinga, Monteiro Lobato e tantas outras. A cidade pode investir em atividades ligadas ao meio ambiente”, contou.


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Em valor Segundo especialistas do setor, reflorestar um hectare pode custar até U$ 5.000 (cerca de R$ 15 mil). Na região, a área recuperada naturalmente foi de 200 mil hectares, nos locais onde a agricultura e a pecuária não são competitivas. Ronquim ressaltou que o relevo estimulou esse bom resultado para o meio ambiente. “A característica do relevo da região é um ponto importante. O Vale do Paraíba está situado entre duas formações montanhosas, a Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar. Mais de 50% de sua área total, calculada em quase 1,4 milhão de hectares, é dominada por terrenos com grau de declividade acima de 20%, um relevo acidentado que dificulta a ocupação por culturas agrícolas e o uso de mecanização e irrigação”.

Tipos de áreas Nesses 30 anos a pesquisa observou que as pastagens – áreas voltadas para produção de carne e leite – representam maior cobertura, com 651 mil hectares. Entretanto, houve redução deste tipo de área em 32% no período analisado e quase da metade do pasto que ainda existe na região (cerca de 40%) foi identificado com estágios de regeneração, ou seja, poderá formar novas florestas. As áreas de pastagens cederam espaço para os

“Fazemos o mapeamento das áreas levando em consideração as plantas que serão inseridas. Trabalhamos em duas frentes: na captação de recursos e na restauração das propriedades rurais. Nessas áreas colocamos plantas frutíferas, após a autorização da Cetesb” Luis Sabbado, DIRETOR TÉCNICO DO CORREDOR ECOLÓGICO

reflorestamentos de eucalipto, que ocupam 114 mil hectares, representando 8,1% da área na região. “O retorno da vegetação nativa não afetou a produção agropecuária. Além dos benefícios proporcionados pela vegetação nativa ao meio ambiente e mesmo a agropecuária, as produções de leite e carne aumentaram nos últimos 30 anos. A produção de carne passou de 731 mil para 2,9 milhões de arrobas e a produção leiteira saltou de 187 mil para 206 mil litros, mesmo com um rebanho leiteiro menor. Apesar do menor número de produtores na região, aqueles que se mantiveram na atividade

aumentaram a produtividade com investimentos em tecnologia”. “A população vê a produção de eucalipto crescendo na região como algo sempre maléfico ao meio ambiente, ao êxodo rural e outros problemas polêmicos, mas sem bases científicas comprovadas e descartando alguns benefícios proporcionados. Os eucaliptais somente ocupam áreas antes cultivadas com pastagem e não com florestas nativas. Muitos acreditam que as áreas de pasto, que formam as maiores paisagens da região e que são substituídas pelos eucaliptais, são nativas da região e não percebem que as pastagens são exóticas (vindas de outro país) como as culturas de eucalipto”, acrescentou Carlos Ronquim. “A produção de eucalipto ainda proporciona recursos aos agricultores, pois o setor investe em tecnologias e mesmo em terrenos tão declivosos consegue gerar lucros com uma produção toda mecanizada. A eucaliptocultura ocupa o terceiro lugar na geração de renda da bacia e em pouco tempo ocupará a segunda posição ultrapassando a produção leiteira. Nas propriedades cultivadas com eucalipto há maior preservação ou recuperação das florestas nativas, pois a certificação ambiental obriga as empresas a atuarem de acordo com a legislação ambiental”, completou.

Conexões ecológicas Um projeto que envolve diversas empresas propõe a recuperação e reflorestamento no chamado “Corredor Ecológico”, desde 2009 no Vale do Paraíba. Só nos últimos quatro anos, a recuperação foi de 400 hectares com a plantação de diversas mudas. Cada hectare é equivalente a um campo de futebol.


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Segundo o diretor técnico do Corredor Ecológico, Luis Sabbado, a intenção é fazer a conexão, o planejamento da paisagem, criar linhas de conectividade, além de preservar as áreas com ganhos ambientais (a fauna já está inserida em ganhos ambientais). As áreas consideradas de proteção ficam protegidas e o proprietário fica responsável por fiscalizar. O apoio das empresas é também uma contrapartida para a construção de alguma obra/empreendimento, aprovada pelos órgãos competentes de regulação. “Fazemos o mapeamento das áreas levando em consideração as plantas que serão inseridas. Trabalhamos em duas frentes: na captação de recursos e

na restauração das propriedades rurais. Nessas áreas colocamos plantas frutíferas, após a autorização da Cetesb”. É realizado um raio-x nos locais que serão implementados e os técnicos acompanham o processo de regeneração e desenvolvimento. “O produtor assina um contrato e essa área não pode ser degradada. No período de dois anos, após o restauro, fazemos o monitoramento da área e na maioria dos casos a recuperação é bem sucedida”, destacou Sabbado.

Tecnologia Ao longo dos anos os projetos de reflorestamento contaram também com um aliado fundamental: a tecnologia

de ponta. A Metrópole Magazine visitou a unidade da Fibria em Jacareí, para entender como funciona o processo de cultivo das mudas, a identificação das áreas e o acompanhamento. A empresa produz celulose de fibra curta de eucalipto e utiliza mecanismos permanentes para a atuação em áreas na região e em todo o país. Os plantios, segundo a empresa, são feitos em locais próprios, arrendados ou com parcerias com produtores rurais. A área total de plantio de eucalipto da Fibria no Vale do Paraíba é de 39.348 mil hectares, de acordo com o último dado divulgado em fevereiro de 2016. Para o cultivo do eucalipto, a empresa usa o seu manejo florestal e


São José dos Campos, fevereiro de 2017 | 47

Áreas de pastagens cederam espaço para os reflorestamentos de eucalipto

“O programa de reflorestamento da empresa está entre os mais reconhecidos e temos até 2025 o desafio de restaurar mais 2.800 hectares. Desde 2010 já foram 6.500 hectares em áreas que não tinham floresta nativa” Juliano Ferreira Dias, GERENTE DE SILVICULTURA

faz plantios renováveis. De acordo com o gerente de silvicultura Juliano Ferreira Dias, a empresa teve 15% de participação na recuperação e povoamento de plantas nativas na região, com base nas informações da Embrapa. “O programa de reflorestamento da empresa está entre os mais reconhecidos e temos até 2025 o desafio de restaurar mais 2.800 hectares. Desde 2010 já foram 6.500 hectares em áreas que não tinham floresta nativa”. Antes de qualquer intervenção os especialistas fazem um monitoramento da área, um “check-up geral” para avaliar as condições e as formas que irão atuar. Os primeiros trabalhos

em relação ao reflorestamento no país aconteceram no ano de 1981, em Paraibuna. A Cesp (Companhia Energética de São Paulo) iniciou os testes para a implantação de reflorestamento, com preparo de solo, produção de mudas e outras etapas. Sobre o plantio de eucalipto, o gerente destacou que são respeitadas as diretrizes da lei. “O plantio só pode ser feito na área agrícola e que já foi ocupada anteriormente. O eucalipto, apesar de existir alguns paradigmas, é uma cultura denominada de matriz permeável. Ou seja, quando há eucalipto, o animal se sente mais confortável, pois a arquitetura é florestal”, destacou. 


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NOTÍCIAS COMPORTAMENTO

Foto: Pedro Ivo Prates

Você sabe o que é Low Poo? Com benefícios para os cabelos e para o meio ambiente, a técnica capilar tem conquistado muitos adeptos Da esquerda para a direita: Larissa Menegaldi, Jéssica Martins Pedro e Janny Mota

Laryssa Prado RMVALE

S

e você sempre está conectado às redes sociais e internet já deve ter se deparado com o termo ‘Low Poo’. A técnica capilar que promete recuperar a saúde dos fios tem feito a cabeça de homens e mulheres de todo o mundo, inclusive do Brasil e da RMVale. De acordo com Carlos Souza, proprietário, cabeleireiro e maquiador do Studio Aquarius Hair & Nail Bar, os cosméticos usados na técnica ‘Low Poo’ visam a limpeza capilar sem utilizar agentes químicos que acabam agredindo os cabelos. “Eles limpam os fios de forma natural”, diz. Mas que agentes são esses? “Os produtos ‘Low Poo’ não apresentam tensoativos (detergentes) como sulfatos (lauril sulfato de sódio), além de petrolatos e silicones. Estes componentes geram uma película protetora que

impede que os nutrientes penetrem no cabelo. Além disso, eles também geram falso brilho, maciez e suavidade, mas depois entopem os folículos e prejudicam o crescimento dos fios, podendo ainda irritar o couro cabeludo, aumentar as caspas e piorar a oleosidade”, conta a professora Neiva Ambrósio, coordenadora do curso técnico de Química do Colégio Univap. O cabeleireiro e terapeuta capilar Anderson Matsuno explica que essa reação se chama ‘efeito rebote’. “A maioria dos cosméticos capilares limpam muito o fio e couro cabeludo. Quando se limpa demais, sem preservar os óleos naturais do cabelo, o nosso corpo entende que tem que repor com urgência essa camada podendo causar o excesso de oleosidade e o acúmulo de resíduos”. Traduzindo: o ‘Low Poo’ é uma técnica em que não se usam sulfatos agressivos, apenas sulfatos mais leves e outros agentes limpantes que retiram

as impurezas, mas não afetam a boa oleosidade, natural e cheia de nutrientes do couro cabeludo, além de petrolatos (presentes nos cremes e condicionadores) e alguns silicones insolúveis.

Menos espuma O lauril sulfato de sódio, citado por Neiva Ambrósio, é a substância responsável pela produção de espuma durante a lavagem, o que para muitas pessoas é sinônimo de limpeza - mais espuma seria consequência de uma lavagem bem realizada. Mas não é bem assim. “O fato do lauril ser um sal derivado da combinação de ácido sulfúrico e hidróxido de sódio (soda cáustica) acaba causando danos aos cabelos”, diz o professor Guilherme Costa Matsutani, coordenador dos Cursos de Farmácia e Radiologia da Universidade de Mogi das Cruzes. A não utilização desse componente dá nome à técnica capilar: ‘Low Poo’, ‘menos espuma’, e consequentemente, menos sulfatos.


São José dos Campos, fevereiro de 2017 | 49

Produtos Low Poo Muitas empresas de cosméticos já têm criado linhas próprias para o uso da técnica capilar, entretanto outros shampoos e condicionadores que já estão há anos no mercado também podem ser usados, como é o caso de algumas linhas infantis. Assim, ao aderir ao ‘Low Poo’ a leitura de rótulos da composição dos produtos se torna uma regra, pois só assim é possível saber se o produto está mesmo dentro das exigências. Entretanto, o professor Matsutami faz um alerta: é preciso atenção para não substituir os cosméticos por outros que também causam danos aos fios. “Outros componentes como o sal (cloreto de sódio), e os parabenos, conservantes muito tóxicos, com alegações de que até causam alterações na parte hormonal, também podem causar desidratação. Os derivados de ureia e quaternários, usados para dar maciez, são liberadores de formol e assim, geram danos semelhantes. Sem falar em muitos perfumes e corantes, além de óleos de característica mineral, que podem estimular dermatites e outras irritações no couro cabeludo”, diz Matsutani. Para ele a melhor proposta acaba sendo a busca por produtos que usem menos substâncias de origem sintética e a substituição por componentes de

característica mais natural. “Daí, filosofias como a vegana (produtos que não usam componentes de origem animal) ou holística (terapia capilar como elementos naturais), que têm ganhado adeptos”, completa.

Meio ambiente O uso de petrolatos, sulfatos, e outras substâncias presentes nos cosméticos podem ter consequências além da não hidratação e limpeza natural dos fios. “Toda e qualquer substância química, dependendo da concentração, pode causar danos à saúde e meio ambiente. Nos rios e lagos, os agentes tensoativos diminuem a quantidade de oxigênio do meio, comprometendo a vida da flora e fauna, e ainda são fontes para o desenvolvimento de algumas bactérias”, diz a professora e coordenadora do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Univap (Universidade do Vale do Paraíba), Valdirene Aparecida da Silva. Os compostos que contém amônio e seus derivados, que são fontes de nitrogênio, interferem na nitrificação (transformação do nitrogênio em nitrato) de lagoas biológicas e podem até causar mutações no sistema reprodutivo de peixes machos, segundo Valdirene. “E além de causar falência do meio, em grandes quantidades, esses compostos Foto: Pedro Ivo Prates

Janny Mota é adepta da técnica há um ano


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tornam o custo do tratamento de água muito elevado”, ressalta a professora. De acordo com Lucas Ramos, engenheiro bioquímico e mestre em química, esses componentes ainda podem provocar a eutrofização (aumento de matéria orgânica na superfície), impedindo a passagem da luz solar, o que também prejudica a biodiversidade do lugar afetado.

um livro sobre o assunto, Curly Girl: the Handbook, publicado em 2010. Mais tarde, em parceria com o brasileiro Denis da Silva, a inglesa criou uma linha de produtos com objetivo de cuidar de cabelos crespos, mas não por meio do alisamento, e sim, tornando-os saudáveis e naturalmente bonitos. Junto com a linha de cosméticos nasceu também

mas eu indicaria para qualquer tipo de cabelo, inclusive masculinos, desde que tenha uma avaliação correta para indicar a melhor marca ou linha de produtos. Depois do período de adaptação é visível a melhora da saúde dos fios, em textura, brilho, manutenção da cor natural e cosmética”, diz o cabeleireiro Anderson Matsuno.

Consumo de água

Quem faz

Com a lavagem dos fios de forma adequada, a limpeza dura mais tempo e o número de vezes em que é preciso lavar os cabelos diminui. Se adotada por um considerável número de pessoas, a técnica ‘Low Poo’ poderia significar ainda uma significativa redução no consumo de água. De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), um banho de 15 minutos consome 135 litros de água. Já em um banho de 5 minutos são gastos 40 litros.

A bióloga Louise Alissa, 23 anos, tem cabelos enrolados e aderiu à técnica em março de 2016. A jovem de Taubaté passou dois meses lendo a respeito do tema, impulsionada por um problema de queda de cabelo. “Além disso, eu estava com vontade de mudar meus produtos para marcas mais naturais, veganas e ‘cruelty free’ (produtos que não são testados em animais). As diferenças apareceram com uns 20 dias, meu cabelo estava bem mais brilhoso e domável”. Louise ainda diz que aliou à técnica uma mudança alimentar. “Acredito que foi uma influência conjunta”, conta. Brenda Costa, 20 anos, é de São José dos Campos e aliou a técnica ao seu processo de transição capilar. “Deixei de fazer tanta chapinha, e comecei a deixar de fazer progressiva e aceitar meu cabelo mais enrolado. O ‘Low Poo’ ajuda na auto estima e a cuidar do cabelo como ele é, de dentro pra fora”, diz. A técnica não tem sido uma escolha apenas de mulheres. A autoestima de Alanderson Tomaz Silva, joseense de 23 anos, também melhorou muito depois do uso dos produtos ‘Low Poo’. “Eu me conheci melhor, como pessoa negra e crespa, em um mundo de propaganda para cabelos lisos e chapinha. Sempre tive meu cabelo raspado, pela vontade dos meus pais. Agora, quanto mais meus cachos crescem, e de uma forma saudável, mais me conheço e me apaixono por ele”. Jéssica Martins Pedro, 23 anos, é de Jacareí e já é adepta do ‘Low Poo’ há um ano. Também cacheada, para ela a técnica é como um filosofia. “Vejo o ‘Low Poo’ mais do que só um método de lavar

Histórico A iniciativa ‘Low Poo’ partiu da cabeleireira inglesa Lorraine Massey, dona da empresa Deva Curly. Desde a infância, Lorraine se questionava sobre a origem de seus cabelos cacheados em uma família com tradição de cabelos lisos, o que a influenciou na escolha da profissão e no processo de empoderamento capilar: ela abriu um salão especializado e escreveu

“Eu me conheci melhor, como pessoa negra e crespa, em um mundo de propaganda para cabelos lisos e chapinha”

O cabelereiro Anderson Matsuno afirma que a melhora nos fios é visível

Alanderson Tomaz Silva Pedro Ivo Prates

Arquivo Pessoal

uma técnica capilar (Curly Girl Method, ou Método da Garota Cacheada) que incluía a abolição de componentes como petrolatos e sulfatos, uso de toalhas diferentes para secar o cabelo (como uma camiseta de algodão ou toalha de microfibra) e a substituição de escovas por pentes de dentes largos. Com o tempo a técnica se popularizou também entre os fios lisos. “Geralmente, são produtos para cabelos naturalmente secos ou muito secos,


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Muitas empresas de cosméticos já tem linhas “Low Poo” o cabelo. Se você não assume toda uma prática de vida mais leve, não adianta só tirar o sulfato do shampoo. É clichê chamar de estilo de vida, mas é algo que você tem sim que levar para fora do chuveiro”.

Como começar Para quem quer colocar em prática a técnica, a jacareiense Janny Mota, 25 anos, adepta do ‘Low Poo’ há um ano, dá a dica. “Acredito que é essencial fazer algumas pesquisas, saber quais são

as substâncias liberadas e as proibidas. Você pode até salvar as tabelas no celular para ter mais facilidade, e começar a ler os rótulos de cosméticos que você tem em casa mesmo. Eu comecei com produtos mais baratos e experimentei outros até me sentir totalmente adequada”, diz. Larissa Menegaldi, 23 anos, também de Jacareí, está acompanhando o resultado no cabelo de algumas amigas e pretende começar a técnica em breve. “Estou bastante animada”, diz. 

E o ‘No Poo’? Ao contrário do ‘Low Poo’, o ‘No Poo’, técnica também criada por Lorraine Massey, dispensa totalmente o uso de xampu e de silicones insolúveis em água. A lavagem é feita somente com o condicionador, em um processo conhecido como co-wash (do inglês conditioner washing ou ‘lavagem condicionante’), que limpa e hidrata ao mesmo tempo.

“O ‘Low Poo’ ajuda na auto estima e a cuidar do cabelo como ele é, de dentro pra fora”

“É clichê chamar de estilo de vida, mas é algo que você tem sim que levar para fora do chuveiro”

“As diferenças apareceram com uns 20 dias, meu cabelo estava bem mais brilhoso e domável”

BRENDA COSTA, ESTUDANTE

JÉSSICA MARTINS PEDRO, ESTUDANTE

LOUISE ALISSA, BIÓLOGA


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NOTÍCIAS ESPECIAL

Fotos: Pedro Ivo Prates

É a primeira vez que a Igreja Católica dá seu aval na maior manifestação cultural brasileira

Entre o sagrado e o profano

Imagem de Nossa Senhora Aparecida vai desfilar no sambódromo de São Paulo com a escola de samba Unidos de Vila Maria e com a bênção da Igreja Católica Rodrigo Machado SÃO PAULO

P

assistas e fiéis unidos na avenida. O Carnaval 2017 de São Paulo vai marcar a história da maior festa popular do Brasil com uma homenagem especial aos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida às margens do Rio Paraíba do Sul, em Aparecida. Com o enredo “Aparecida - a Rainha do Brasil, 300 anos de amor e fé no coração do povo brasileiro”, a escola de samba paulistana Unidos de Vila Maria teve o aval do comando da Igreja Católica e a benção do arcebispo de São Paulo,

cardeal dom Odilo Scherer, para celebrar a santa considerada a padroeira do país. Mas Carnaval e religião juntos? O assunto é polêmico e sempre foi evitado em todos os níveis da igreja. Algumas tentativas de retratar a fé na avenida foram frustradas como aconteceu em 1989 no Rio de Janeiro. Um cardeal proibiu a imagem de Jesus Cristo no desfile da Beija-Flor de Nilópolis e o carnavalesco Joãosinho Trinta cobriu a estátua com um pano preto em forma de protesto. No lugar uma faixa estampava: “Mesmo proibido, olhai por nós”. Para tentar convencer o alto escalão da Igreja Católica, o presidente da

Unidos de Vila Maria, Adilson José de Souza, se reuniu com dom Odilo para apresentar a proposta da homenagem, ter o aval da igreja e pedir consultoria para a elaboração de toda a produção do Carnaval ao longo dos últimos meses. Depois da visita, dom Odilo apresentou o pedido feito pelo presidente aos cardeais. O assunto entrou em votação e por unanimidade os representantes da maior igreja do país deram sinal verde para a homenagem à padroeira. Mas o aval da Igreja veio com um pedido especial de dom Odilo à escola: mulheres e homens sem nudez e o retrato fiel de Nossa Senhora Aparecida. Será um desfile bem tranquilo e comportado,


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sem a exibição de cenas de nudismo nem erotismo, como pediram bispos e cardeais, segundo Adilson José. “A homenagem aos 300 anos da imagem surgiu em uma conversa com o parceiro de Carnaval Renato Cândido, que trabalha com captação e desenvolvimento de projetos. Vimos a grandeza da ideia e o quanto seria honroso desenvolver o projeto”, disse Adilson. Segundo ele, a igreja teve uma aceitação positiva sobre a homenagem à santa. “É claro, no início ficaram apreensivos, mas viram como a escola é responsável. Somos todos responsáveis e estamos fazendo um projeto muito positivo”, disse. “A ideia foi aprovada por unanimidade para a nossa alegria e também para o povo brasileiro. Conseguiremos colocar essa história na avenida, mostrando o quanto amamos a Nossa Senhora, o quanto ela fez por nós e continuará fazendo”, completou. Um misto de prece, adoração e celebração ao amor pela santa serão traduzidos com respeito, devoção e oração em

pleno sambódromo paulistano, garante o presidente. No ano passado, a escola teve as lendas e histórias de Ilhabela como tema do desfile “A Vila Famosa é mais Bela, Ilhabela das Maravilhas”. A escola conseguiu conquistar o quinto lugar. Como no enredo, os sambistas Leandro Rato, Zé Paulo Sierra, Almir Mendonça, Vinicius Ferreira, Zé Boy e Silas Augusto pedem para iluminar com fé a jornada na primeira noite de desfile do grupo especial de São Paulo, no dia 24 de fevereiro. Adilson explicou que a Unidos de Vila Maria teve o aval de Roberto Carlos, devoto da padroeira do Brasil, para usar trecho da canção Nossa Senhora na largada ao samba-enredo. A escola não vai ter rainha. “Neste ano, entendemos, que num reinado só cabe uma única rainha e a nossa não será de bateria, mas sim de toda a nossa escola, de toda uma nação”, disse. “Nossa Senhora Aparecida irá abençoar o nosso Carnaval. É o

conjunto perfeito, não? Neste momento, com a visibilidade do Carnaval e com a força da santa e a grandeza que ela tem sobre nós, será um feito muito especial.” Uma das novidades no elenco da Unidos de Vila Maria neste ano foi a chegada do carnavalesco Sidnei França, que depois de 12 anos na Mocidade Alegre e ter participado da conquista de seis títulos, promete levar aos fiéis e até mesmo quem estiver em casa - a emoção de estar na avenida. “Além de falarmos de religiosidade e fé, estamos contando um pouco da história do país durante esses 300 anos. O brasileiro toma algumas decisões baseadas na fé em Nossa Senhora. Alguns milagres, ações e liberdade de expressão, fatos importantes e até desconhecidos serão colocados na avenida para que todos entendam a força da santa”, contou França. Segundo ele, a igreja acompanhou todos os preparativos, desde a confecção das fantasias até a montagem dos

Ensaio na quadra da escola; Enredo traz os 300 anos de amor e fé no coração do povo brasileiro


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Divulgação

Carnaval X Religião

A atriz Isabel Fillardis terá um papel de honra representando a ‘Mãe Negra’

carros alegóricos. O carnavalesco lembrou que a igreja solicitou três pedidos para o desfile. “Nos locais em que Nossa Senhora fosse representada não existisse qualquer tipo de manifestação, que não fossem feitas associações da santa com outras religiões e que não tivesse sensualidade. Com isso, as fantasias não vão marcar os seios das passistas, por exemplo, e nenhuma menina sairá nua. Todas as roupas vão ser mais fechadas, estamos tratando tudo com respeito”, contou França. O carnavalesco disse ainda que o enredo traz uma reponsabilidade muito grande e todos os colaboradores tomaram diversos cuidados para não fazer uma ‘Torre de Babel’, porque se de alguma forma não tivesse o controle racional e emocional, a escola poderia se perder diante da vaidade e orgulho do Carnaval.

Produção Com 3.500 componentes e 25 alas, a Unidos de Vila será a terceira escola no desfile de sexta-feira (24). Serão cinco carros alegóricos, além da comissão, três casais de mestre-sala e porta-bandeira, a velha guarda, a ala das baianas e bateria. “É um contingente grande, que formará uma procissão durante o desfile. Entre os destaques está a ala das baianas. Serão 60 logo no início do desfile. O veludo azul é a representação do manto azul e os detalhes em dourado remetem diretamente à imagem da Nossa Senhora Aparecida”, contou. Outra ala emblemática é a dos redentoristas, padres enviados da Alemanha pelo Papa Paulo VI, que ajudaram na coroação de Nossa Senhora como Padroeira do Brasil. A Unidos de Vila Maria ainda preparou uma ala com a Estrada de Ferro do Norte, linha férrea que ligava São Paulo ao Vale do Paraíba,

O tabu do uso de imagens de santos e Jesus Cristo em escolas de samba chegou ao fim. A homenagem da escola de samba Unidos de Vila Maria à Nossa Senhora Aparecida marcará a história da maior festa popular do país. A imagem da santa desfilará no Sambódromo do Anhembi, com a bênção do arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, e o aval de bispos e cardeais. A Metrópole Magazine conversou com o reitor do Santuário Nacional, padre João Batista de Almeida, sobre a presença da imagem de Nossa Senhora Aparecida no Carnaval paulistano.

A Igreja aceitou a homenagem da escola de samba. Como foram os primeiros contatos e a experiência? A escola de samba Unidos da Vila Maria pediu à Arquidiocese de São Paulo no início de 2015 a licença para em 2017 prestar homenagem à Nossa Senhora Aparecida durante o desfile do Carnaval. A partir daí, a Unidos da Vila Maria veio até o Santuário através do cardeal dom Odilo e apresentou a proposta na reunião do Conselho Episcopal, que é responsável pelo Santuário Nacional, e foi acolhida com muita alegria por parte dos bispos e cardeais. Pela primeira vez na história a escola de samba não terá nudez em seu desfile. Foi a própria escola que propôs isso, não foi a igreja que pediu. As escolas de samba estão cada vez menos utilizando desses recursos, parece que houve uma saturação do nu no Carnaval, pelo menos é isso o que eles nos disseram. E pelo fato do tema ser religioso e as pessoas geralmente vão à igreja com roupa apropriada, ‘roupa de missa’ como nós dizemos. Então a escola de samba achou por


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Como foram os primeiros contatos da escola de samba quando mostrou interesse em homenagear a padroeira do país? Para nós, do Santuário Nacional, foi muita alegria, nós não iríamos imaginar uma homenagem assim, nós não seríamos ousados em buscar uma escola de samba para fazer uma homenagem à Nossa Senhora Aparecida, até porque existe ainda um preconceito reinante nas nossas cabeças e, às vezes, até em nossos corações em achar que os foliões e carnavalescos são todos pagãos, o que não é verdade. Como será a participação do Santuário Nacional de Aparecida no desfile? A participação do Santuário é mais em assistir, porque a homenagem é da escola de samba Unidos da Vila Maria. O Santuário Nacional apenas está ajudando a escola a fazer um Carnaval de acordo com aquilo que é devoção à santa, no que diz respeito à história e à espiritualidade. A participação do Santuário Nacional vai ser também como espectador. Nós vamos assistir ao desfile de uma escola de samba na avenida homenageando Nossa Senhora Aparecida. Como a igreja tem abordado a homenagem da escola de samba com os fiéis? Existe, por exemplo, um estímulo para a torcida à escola? Não cabe a nós fazer isso. O Carnaval tem também esse quesito, que é uma competição entre as escolas, aquela que melhor desfile. Há também esse lado competitivo, o que para nós não interessa. O que vai interessar é a homenagem que a escola vai prestar. Claro, a gente acaba torcendo pela escola por aquilo que vai oferecer. É um presente que os foliões e carnavalescos e a própria escola estão oferecendo aos devotos de Nossa Senhora, não ao Santuário Nacional. Todos aqueles que são devotos de Nossa Senhora Aparecida vão se sentir presentes ali. A gente acaba entrando na festa, não fisicamente, mas

espiritualmente, torcendo para que seja um bom desfile, para que seja um momento de devoção. Para que as pessoas que estejam na arquibancada respeitem os foliões e o que estão representando. Não é algo qualquer, é um símbolo religioso do mais alto nível.

Vaticano, é estar presente no mundo e ser uma ponte entre as pessoas e Deus. Como é que essas pessoas que participam do Carnaval vão chegar a Deus se na hora do Carnaval a gente fecha a porta para ela? Deus também está presente naquele momento.

Representantes da escola de samba têm participado de encontros, missas, eventos no qual a santa é reverenciada. Comente, por favor, a cultura popular e a fé. Nós descobrimos que muitos foliões vêm ao Santuário. Acabamos entrando em contato com esse mundo que até então era desconhecido, achávamos que o Carnaval era coisa pagã como a maioria do brasileiro acha, e descobrimos que não. O Carnaval é uma festa popular e há milhares, se não milhões de católicos fervorosos praticantes, gente que labuta na igreja no dia a dia e está ali na escola de samba. É também um espaço onde as pessoas vivem seu apostolado, podemos dizer que é um espaço missionário da igreja. Isso vai ser muito bom, vai quebrar um pouco os paradigmas com respeito, a delimitação entre o sagrado e o profano.

O que achou do samba-enredo? Quando participamos do lançamento da sinopse para os compositores, já sentimos que o carnavalesco estava pedindo que os compositores compusessem não uma música qualquer, mas uma oração. Ele dizia que o Carnaval de 2017 para a Vila Maria seria uma grande procissão na avenida. E em procissão a gente reza e canta. Acaba sendo uma grande prece que o povo brasileiro - através de um samba - vai dirigir a Nossa Senhora Aparecida, contando um pouco da história e da certeza que o devoto tem na intercessão dela. É uma prece que será cantada e assistida por milhares de pessoas.

Comemoração dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba. Um ano de homenagens. Qual é a importância para a fé dos católicos e fiéis ligados à igreja? Eu creio que é desmistificar um pouco aquilo que se diz profano. O profano e o sagrado se misturam, eles estão presentes um no outro. E isso, claro, mexe um pouco com algumas pessoas que acham que a coisa tem que haver separação. O que a igreja tem feito, seguindo o

Algum representante da igreja participará dos ensaios ou encontros com a escola de samba? Oficialmente nós não temos ninguém que vai tomar parte disso. Temos alguns colaboradores do Santuário que pediram. Não estão representando o Santuário Nacional, não estão representando a igreja, estão como pessoas que gostam do Carnaval e gostam também de Nossa Senhora. É importante dizer também que o Santuário, desde o começo, se propôs apenas a assessorar a escola no que diz respeito a conteúdo. O Santuário Nacional de Aparecida não está e não subsidiará financeiramente a escola de samba Unidos de Vila Maria.  Thiago Leon/Santuário Nacional Aparecida

bem que as fantasias tivessem muito recato no que diz respeito à exposição do corpo. Mas isso não foi uma exigência da igreja. Foi a própria escola que sugeriu e se comprometeu com isso.


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e que transportou muitos devotos de trem ao encontro da santa. “A cidade de Aparecida e a cultura regional são destaques na ala folclore e cultura do Vale do Paraíba. O carro abre-alas contará o início do mistério de Nossa Senhora Aparecida, onde teremos pescadores e tropeiros que originaram toda essa história”, afirmou.

Artistas A Unidos de Vila Maria convidou diversos artistas devotos de Nossa Senhora como o próprio rei Roberto Carlos. A

presença ou não do cantor será uma surpresa. Entre outros artistas estão a apresentadora Claudete Troiano, além da madrinha de bateria, a modelo Dani Bolina e a miss bumbum Erika Canela, evangélica e que vai desfilar toda coberta. A atriz Isabel Fillardis será o destaque da escola. Isabel, que é mãe de três filhos e devota de Nossa Senhora, terá um papel de honra representando a “Mãe Negra”, que ilustrará o sentimento do povo brasileiro pela rainha e padroeira. “Ao receber o convite refleti e no início fiquei pensativa, mas depois vi a forma como

Ala das baianas em homenagem à santa

tudo estava e seria conduzido, o respeito à Nossa Senhora, e aceitei com muita felicidade. Aparecida é a mãe do Brasil, com muitos devotos. É algo muito especial para mim e me sinto feliz em ser escolhida”, disse. Ela contou que representar a mãe negra que protege e ama os seus é muito forte, tanto para os fiéis quanto para quem gosta da festa. Isabel disse ainda que o samba-enredo deste ano retrata também o dia a dia em sua casa. “Minha mãe (Sônia) me protege dia e noite. Ela está sempre comigo. É um presente de Nossa Senhora na minha vida”, contou a atriz, que também desfila na Viradouro, no grupo especial do Carnaval carioca. “Estou muito honrada com o convite da Unidos de Vila Maria, que é uma escola de samba que vai muito além do Carnaval, por conta de todos os projetos sociais que ela desenvolve. Sei o tamanho da responsabilidade de valorizar a fé do brasileiro, inclusive a minha. Fui algumas vezes para Aparecida. É uma renovação espiritual. Na avenida, o povo terá uma festa linda”, finalizou.  Confira no portal Meon o ensaio feito pelo repórter-fotográfico Pedro Ivo Prates


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“Aparecida - A Rainha do Brasil, 300 anos de amor e fé no coração do povo brasileiro” Presidente: Adilson José de Souza Carnavalesco: Sidnei França Compositores: Leandro Rato, Zé Paulo Sierra, Almir Mendonça, Vinicius Ferreira, Zé Boy e Silas Augusto

Pagando promessas em oração Negra mãe divina liberdade Do impossível és a salvação O cortejo vem te receber E eu já posso ouvir a cantoria É gente abraçada a chorar Vila maria abençoada vem pedir Pátria mãe gentil Não deixe de exaltar a padroeira Pro bem do meu país Nos de a paz bendita e verdadeira

Pedi aos céus para iluminar essa jornada Seguir com fé, na caminhada Santa aparecida dessas águas Fez a nossa rede prosperar Virgem conceição imaculada Os teus feitos vão se revelar Num choro incontido, o nó na garganta A história marcada em devoção Jóia da princesa pra te coroar Presente que acalanta o coração Oh senhora, oh senhora Reluz teu manto azul bordado em ouro A benção de viver a tua glória Milagre... É lindo ver o povo venerando

(bis)

Aos teus pés vou me curvar Senhora de Aparecida A prece de amor que nos uniu Salve a rainha do Brasil

(bis)

Acesse o samba-enredo da Unidos de Vila Maria


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NOTÍCIAS CULTURA

Fotos: Divulgação

Carnaval, cerveja e Rock’n Roll Região tem opções roqueiras para quem não quer sambar no feriado João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

C

onfetes, serpentinas, cerveja e rock’n roll. É neste espírito que os roqueiros foliões do Vale do Paraíba vão encarar os dias de festa durante este Carnaval. A região, conhecida por festas regidas à marchinhas e hinos carnavalescos, poderá contar com um circuito alternativo, no qual o rock é o ritmo predominante. O cardápio roqueiro traz, desde trio elétrico ganhando as ruas ao som de heavy metal até programações em clubes de rock, com bandas de peso do cenário nacional. Um prato cheio para quem se cansou de passar as madrugadas do feriado dormindo enquanto a televisão, no mute, transmite uma noitada de desfile de escolas de samba. Mais emblemática das empreitadas roqueiro-carnavalescas da região, o bloco Carna Maiden arrasta, desde 2014, uma multidão de fanáticos pela banda inglesa. Em cima de um trio elétrico que percorre as ruas de Paraibuna, os músicos da banda Ilha 13 se juntam a um time de percussionistas para tocar os sucessos da Donzela de Ferro em pleno sábado de Carnaval.

Dead Fish

Este ano o bloco está marcado para às 14h30. Porém, em alusão a um dos hits da banda, “Two Minutes to Midnight”, os membros preferiram anunciar um horário mais identificado com os fãs: 14h28. Baterista da banda, Marcelo Gomes explica que a ideia de montar o bloco surgiu como surgem a maioria dos projetos de quem é roqueiro de carteirinha: na mesa do boteco, já no alto de uma bebedeira. “A gente estava no bar, Carnaval já chegando, quando o Emerson (Silva, vocalista da banda) veio com essa ideia. No começo soou um pouco estranho, mas logo a gente embarcou na viagem dele. Imagina, tocar Iron Maiden em cima do bloco durante o sábado de Carnaval? Logo a gente começou a tirar a ideia do papel, fomos para os ensaios e, à medida que as versões foram ficando legais, a gente se empolgava ainda mais com a ideia. Quando finalmente tínhamos certeza de que o bloco seria uma experiência musical interessante, fomos até à Fundação Cultural de Paraibuna, que também adorou o inusitado da proposta e no ato nos colocou como atração no circuito do Carnaval da cidade”, explica.

Metaleiros da avenida Depois de uma estreia triunfal pelo circuito carnavalesco de Paraibuna e de conseguir convencer até mesmo os mais convictos metaleiros da cidade, o grupo virou notícia na região e os blocos passaram a atrair até mesmo quem não é fã declarado da banda inglesa de heavy metal. Mas se durante a festa o figurino exige fantasias ou abadas, o uniforme dos seguidores do bloco é mesmo a camisa preta. Independente do calor de fevereiro, os cabeludos não se importam em passar calor para levar no peito as suas bandas

Carna Maiden preferidas. Anualmente o bloco também disponibiliza seus “abadas” com o boneco Eddie, símbolo da banda inglesa, carregando adereços carnavalescos. “Nosso público é bem variado. A gente tem as pessoas que gostam só de heavy metal e vão pra rua apenas para nos ouvir, tem as famílias que gostam de rock e levam os filhos para curtir o Carnaval e há aqueles foliões que nem roqueiro são, mas identificam-se com a diversão. O mais legal é o espírito de festa e de confraternização entre todo mundo”, explica. Depois de três anos arrastando os foliões de Paraibuna, em 2017 o Carna Maiden vai expandir as fronteiras da avenida. O bloco será atração em, pelo menos, quatro eventos de Carnaval para os handbangers entediados de marchinhas. O grupo está fechando agenda em clubes de São José dos Campos, Caraguatatuba e Taubaté.

Dead Fish e CarnaRock Uma dessas casas que já garantiu a presença do tributo carnavalesco do Iron Maiden é a Haus Bier, em São José dos Campos. Nos dias 25 e 26 de fevereiro, respectivamente sábado e domingo de Carnaval, o estabelecimento promove o CarnaRock Haus Bier, que terá como principal atração o


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hardcore do Dead Fish, uma das mais importantes bandas do cenário independente do rock nacional. Os músicos sobem ao palco no dia 25. Os grupos Bonanza e Apto Vulgar abrem o show. Cervejeiro e um dos proprietários da casa especializada em cerveja e Rock’n Roll, Pedro Moura explica que o feriado do Carnaval é uma festa plural, sem regras e que abriga diferentes ritmos e expressões culturais. De acordo com ele, há uma demanda reprimida de pessoas que querem se divertir, mas que não gostam do modelo do Carnaval com a predominância de ritmos tradicionalmente ligados à data, como as marchinhas, axé e sambas-enredo. “A questão não é querer mudar o jeito que o Carnaval é feito desde sempre, mas sim derrubar essa ditadura de ritmo que acontece nessa época do ano. O Carnaval tem essa fama de samba, mas não é só

disso que se trata. O espírito é de um feriado a felicidade e a alegria. A gente só uniu isso ao rock e à boa cerveja”, explica. Este é o segundo ano que a casa promove um evento roqueiro durante o Carnaval. Em 2016 o sucesso foi tão grande que os organizadores decidiram investir para uma festa ainda maior para 2017. “Tem gente que vai para o clube um ou dois dias e depois quer ouvir um rock, então acaba vindo pra cá. É bem legal ver que cada vez mais gente consegue aproveitar o feriado, mesmo não curtindo muito as músicas que normalmente tocam em Carnaval”, afirma.

ritmos durante o Carnaval vem ao encontro da proposta de brasilidade que a festa carrega em sua essência. “O Carnaval é Brasil, país da diversidade, então nada mais democrático que o rock também ter espaço. Somos a favor das marchinhas, a gente corre atrás de bloco, gosta de bonecão, dos pereirões, tudo isso. Mas nada mais justo do que rolar um dia dedicado ao rock. Tem tempo e tem espaço pra todo mundo nesses quatro dias de festa”, explica o vocalista.  Bonanza

Democratização Além do Haus Bier, o Hocus Pocus e o Moto Café também devem confirmar programação para os roqueiros da região. De acordo com o vocalista do Bonanza, Bruno Mantovani, a democratização dos

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Cultura& Ao som de Françoise

Após 50 anos de carreira, atriz sonha viajar levando sua arte pelo país Foto: Marcus Alvarenga

Marcus Alvarenga SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

F

Cena do espetáculo ‘Um Amor de Vinil’

a mesma dedicação e exigência no teatro infantil interpretado em Brasília. “Tive o privilégio de estar próximo dessas pessoas, mas não tinha condições financeira. Posso dizer que me profissionalizei fazendo, para depois estudar”, afirma a atriz que ainda sonha em viajar levando a arte para todos os cantos do país.

“Não sei como, mas quero estar nesses lugares todos, podendo trocar experiências com pessoas através da arte e sempre aprendendo. Estou muito feliz de que essa pode ser a minha contribuição ao mundo”, sonha a atriz que acredita que o teatro tem a função de tocar as pessoas.  Divulgação

CINEMA&

BELEZA OCULTA O filme tem recebido diversas críticas, mas o elenco de Beleza Oculta (Collateral Beauty, Warner Bros.) chama a atenção. Depois de passar por uma tragédia familiar, Howard (Will Smith) entra em depressão e passa a escrever cartas para a Morte, o Tempo e o Amor. Para surpresa dele, as três resolvem responder. A Morte (Helen Mirren), o Tempo (Jacob Latimore) e o Amor (Keira Knightley) vão tentar sensibilizar o protagonista. O drama é dirigido por David Frankel e traz ainda no elenco nomes como Edward Norton, Kate Winslet, Michael Peña e Naomie Harris. 

Divulgação

rançoise Forton Viotti, prestes a completar 60 anos não perde a delicadeza de menina ao subir ao palco. A atriz esteve em São José dos Campos durante os fins de semana de janeiro com o espetáculo ‘Um Amor de Vinil’, onde ela divide com a platéia a história de Amanda ao som de músicas clássicas da MPB. Em 2015, a atriz completou 50 anos de carreira e trouxe ao teatro uma versão do sucesso de 1976, “Estúpido Cúpido”, que volta a estar em cartaz a partir de junho no Teatro Imperator, no Méier, na cidade do Rio de Janeiro. Em meio desse momento musical de Françoise, a música “Começar de Novo”, que compõe o repertório do espetáculo que chegou na RMVale, é uma das canções que marcam o momento de sua trajetória. “E gostaria que fosse mais ouvida e lembrada por nós brasileiros. No momento que estamos é ‘começar de novo’, buscando ter generosidade, criatividade, perseverança e sobreviver a tudo”, afirma. A história da atriz na dramaturgia começou ainda criança, onde pequena dividiu experiências e o palco com grandes nomes como Natalia Timberg e Paulo Autran. “A minha infância e adolescência foi atípica, fui conhecer e convier com pessoas muito mais velhas. Aos 11 anos eu estreio com Paulo Autran e depois começo a passar as minhas férias de verão e inverno no Rio de Janeiro com Glauci Rocha, minha grande musa”, relembra. As experiências que Françoise adquiria ao lado de grandes artistas serviu de exemplo para que a adolescente tivesse


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NOTÍCIAS ESPORTES

De olho nos lances Treinadores e dirigentes apresentam expectativas para o esporte regional Bruno Castilho/E.C.Taubaté

Murilo Cunha TAUBATÉ

O

início das competições oficiais traz novas oportunidades para o esporte da RMVale. A Metrópole Magazine apresenta para o torcedor um panorama geral sobre as expectativas, investimentos, promessas e esperanças para a temporada 2017 no futebol profissional e no vôlei da região. Principais forças nessas modalidades, Taubaté e São José dos Campos se destacam, mas em situações opostas.

E.C. Taubaté Principal promessa do esporte na região, o Burro da Central tem a chance de, finalmente, voltar à elite do futebol estadual depois de 32 anos. O time vem embalado desde 2015, quando foi campeão da série A-3 em uma final dramática contra o Votuporanguense: a equipe rival havia vencido o jogo de ida por 3 a 0, mas foi goleada por 4 a 0 no jogo de volta, no Joaquinzão. Em 2016, o Taubaté fez uma boa campanha na primeira fase da competição, encerrando a etapa em quinto lugar, mas acabou eliminado pelo Barretos

Burro da Central quer brigar pelo acesso à série A-1 do Paulistão nas quartas de final. Agora, com reformulações no elenco e na diretoria, o time se prepara para tentar novamente o acesso à série A-1 - e começou fazendo o dever de casa, ao bater o Mogi Mirim por 2 a 1 dentro de casa. “A gente montou a equipe com o objetivo de ser campeão. Esse será um ano difícil na A-2 por uma questão de desequilíbrio, já que tem muitos times que disputavam a A-1 e agora caíram. A crise também atrapalhou, porque os investimentos diminuíram. Além disso, agora vão cair dois times e subir dois. Mas não estamos pensando na possibilidade de Divulgação

Bicampeão da Copa do Brasil, Vôlei Taubaté segue na disputa pela ainda inédita Superliga

apenas ficar nessa série, montamos o time para subir”, afirma o presidente do clube, Waldir Attili. A equipe está com 26 atletas inscritos e cinco patrocinadores. O Taubaté procura ainda apoio para melhorar as condições de iluminação no Estádio Joaquim de Morais Filho. “O refletor queimou no ano passado. Com a Copinha, houve a necessidade de colocá-los novamente para funcionar, para podermos realizar jogos à noite, e eles foram arrumados. Não é o ideal, mas também não é uma iluminação ruim, tanto que vamos mandar alguns jogos à noite. Vamos procurar apoio para melhorar”. A área coberta do estádio, que sofreu danos com as chuvas, está passando por reparos e deve ficar pronta até a metade de fevereiro.

Vôlei Taubaté Tricampeão paulista e, agora, bicampeão da Copa do Brasil, o Funvic Vôlei Taubaté agora está totalmente focado na Superliga 2017. Até fechamento desta matéria, a equipe estava na terceira colocação do campeonato, com apenas


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dois pontos a menos que o rival Sesi-SP - contra quem o Taubaté venceu a final da Copa do Brasil em janeiro deste ano. De volta ao Ginásio do Abaeté contra o Canoas, o técnico Cezar Douglas afirmou que queria agradecer à torcida pelo apoio na conquista recém-obtida. “O time e a torcida estão em sintonia. Nessa volta pra Taubaté, a gente queria mostrar o nosso melhor para agradecer todo o entusiasmo e a energia que eles têm passado nas nossas vitórias. Nesse título (da Copa do Brasil) não foi diferente. Tivemos uma torcida um pouco menor em Campinas, mas muito barulhenta e que fez a diferença para nós”, disse. Para a Superliga, Cezar Douglas afirma que a torcida pode esperar por mais bons resultados. “Teremos jogos difíceis pela frente e precisamos de bons resultados para ter vantagem no play-off. Mas temos aberto os portões para o torcedor assistir os treinos e acompanhar a evolução da equipe”.

São José Esporte Clube O São José vive uma das realidades mais dramáticas dentre os times profissionais da região. Após terminar o campeonato pela série A-3 do ano passado em 15º lugar - cortesia do rival joseense, o São José dos Campos F.C., que se salvou da degola na última rodada, a Águia do Vale foi rebaixada para a segunda divisão e agora passa por uma reestruturação total. “O São José, em qualquer competição que participe, sempre vai visar o acesso”, afirma o técnico José Oliveira, “mas o primeiro grande objetivo é reestruturar o time. Vamos acabar com a situação de ter jogador que não recebe, que não tem alimentação, moradia... vamos reestruturar o nosso clube e, dentro da nossa realidade financeira, tentar montar um time competitivo e chegar ao acesso”, completa. O clube realizou uma “peneira” de 10 dias, na qual foram avaliados mais de 800 atletas. “A gente não impôs limitação de idade ou de qualquer tipo.

Destes, tiramos 25 para serem avaliados juntamente com os atletas já contratados, que são oito para dar o início a pré-temporada. Essa avaliação deve durar até metade de fevereiro, e já estamos em negociação com outros atletas também”, afirma Oliveira. O campeonato paulista da segunda divisão começa no dia 9 de abril, mas até o fechamento desta edição, a chave com os times ainda não havia sido divulgada pela Federação Paulista de Futebol.

São José dos Campos F.C. O outro clube da cidade, o São José dos Campos F.C., conseguiu escapar do rebaixamento na última rodada do campeonato, em um suado empate por 3 a 3 contra o Nacional. Após reformulações na diretoria e na equipe, o clube encara 2017 como um “ano de estudos”. O objetivo é voltar para a série A-2 num prazo de dois anos e, para a A-1, num prazo de cinco anos. Após o término da temporada 2016, o clube foi assumido pelo ex-jogador e empresário Manoel Monteiro, o Café. “Ele, por ser ex-jogador, objetivou um trabalho diferenciado. Trouxe o Sérgio, ex-goleiro do Palmeiras, montou uma comissão técnica de bom nível

e está tentando trazer novos jogadores. Nosso trabalho começou em dezembro. Fizemos uma pré-temporada com um número limitado de atletas, porque as transferências passam pela burocracia dos clubes. Hoje, começamos com somente 16 atletas, sendo só um atacante específico e dois meia-atacantes. O resto, é tudo do sistema defensivo”, explica o técnico da equipe, Paulo Campos. O Tigre estreou a temporada 2017 com o pé esquerdo, perdendo por 1 a 0 para o Monte Azul dentro de casa. Para o técnico, a falta de opções no elenco foi um problema, mas o que prejudicou mesmo a equipe foi a arbitragem. “A equipe sentiu o gol sofrido, mas voltou dominante no segundo tempo. Infelizmente, tivemos um pênalti muito claro, mas que o árbitro interpretou como ‘bola na mão’. Aconteceu a derrota, mas pude notar muitas coisas positivas sobre a equipe”, afirma Paulo Campos.

São José Vôlei O São José Vôlei não está participando da Superliga 2016/2017. A equipe não conseguiu apoio privado para bancar os custos da competição após perder a verba proveniente da prefeitura.  Tião Martins/T.M.Fotos

O São José dos Campos F.C. se livrou do rebaixamento e agora passa por uma reestruturação


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NOTÍCIAS TURISMO

Com trilha adaptada, Parque Estadual pretende atrair novos visitantes ao litoral Totalmente acessível, Trilha das Palmeiras terá percurso pela Mata Atlântica e será um diferencial da unidade de conservação localizada em Caraguatatuba Gustavo Nascimento CARAGUATATUBA

O

passeio por dentro de uma das maiores reservas da Mata Atlântica da RMVale e Litoral Norte será uma realidade também para idosos e pessoas com deficiência. Isso porque o Núcleo Caraguatatuba do Parque Estadual da Serra do Mar, no coração do Litoral Norte, vem com novidades para 2017. Trata-se da Trilha das Palmeiras, um atrativo que terá 470 metros de extensão. O trajeto começa no centro de visitantes, por um trecho da Mata Atlântica, com passagem sobre o Rio Santo Antônio e chegada na “prainha” – uma piscina natural. A ideia é que este caminho seja percorrido com facilidade principalmente por idosos, gestantes e pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. O objetivo é apresentar também a este público a biodiversidade da Mata Atlântica,

além de oferecer atividades de educação ambiental, lazer e contemplação. À Metrópole Magazine, a Fundação Florestal disse que as obras estão praticamente prontas e que a previsão é que sejam terminadas até meados deste ano. Para finalização, o Estado fará instalação de guarda-corpos, sinalização e construção da ponte sobre o rio Santo Antônio, para facilitar o acesso dos veículos que transportarão os cadeirantes até o início da Trilha das Palmeiras. “A execução da trilha com acessibilidade foi proposta pela gestão da unidade de conservação como uma das condicionantes do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas, firmado com a empresa Massaguaçu S/A”, explicou a Fundação Florestal em nota.

Dados O Parque Estadual possui mais de 57 mil hectares e abrange os municípios de Caraguá, Paraibuna, Natividade da Serra e São Sebastião. Mesmo com todo Foto: Miguel Nema Neto

Cachoeira Pedra Redonda destino final para quem faz a trilha do Poção

o progresso e avanços no desenvolvimento da RMVale e Litoral Norte, mais de 80% da Mata Atlântica que ocupa a área total de Caraguatatuba está preservada na unidade de conservação. O relevo montanhoso do Parque Estadual reúne diversas formações vegetais em harmonia com cachoeiras e visão panorâmica do mar ao chegar no alto de suas escarpas.

O que fazer As trilhas são indicadas para todos os gostos e tribos, a do Jequitibá, por exemplo, é destinada às famílias pelo seu nível de facilidade. Com extensão de apenas 1km pela mata, os visitantes podem observar as mais diversas espécies de flora e fauna. No final, se estiver muito calor, a boa pedida é um refrescante banho na piscina natural do rio Santo Antônio. Já a trilha do Poção exige um pouco mais de experiência e acompanhamento de um monitor. Tem cerca de 3,5 km de extensão e pode durar até quatro horas dependendo do grupo de visitantes. Nela, o interessado poderá cruzar rios e corredeiras e aproveitar, no final do percurso, a cachoeira Pedra Redonda. Já o Mirante da Tropa integra a Trilha dos Tropeiros, um caminho histórico utilizado na década de 30 pelos engenheiros que construíram o primeiro traçado da Rodovia dos Tamoios. O trajeto começa na


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Foto: Miguel Nema Neto

Base Graví, em Natividade da Serra, e termina na sede do Núcleo Caraguatatuba.

O que levar Para sua aventura ser perfeita, não descuide da saúde. Leve sempre água e lanche saudável para repor as energias. Na mochila, lembre-se de incluir repelente contra mosquitos, protetor solar, toalha e celular carregado para que a câmera não te deixe na mão no melhor momento do passeio. 

Serviço

Endereço: Rua do Horto Florestal, 1200 – Rio do Ouro – Caraguatatuba – SP Ingressos: R$ 13 (Crianças de até 12 anos, adultos com

Divulgação

Ao final da Trilha das Palmeiras uma surpresa aguarda os visitantes

mais de 60 e pessoas com deficiência não pagam ingresso. Estudantes pagam meia entrada, mediante apresentação de documento)

Funcionamento: De terça a domingo, das 8h às 17h Telefone: (12) 3882-5999 E-mail:pesm.caragua@fflorestal.sp.gov.br

Divulgação

Divulgação

A Trilha das Palmeiras foi adaptada para idosos e pessoas com deficiência

Fotos: Miguel Nema Neto

Parque Estadual da Serra do Mar


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Gastronomia&

Fotos: Pedro Ivo Prates

Parrilla argentina Churrasco dos hermanos enche os olhos e derrete na boca

Prato com bife chorizo com acompanhamentos

Laís Vieira CAMPOS DO JORDÃO

O

Churrasco no Brasil é muito mais que uma tradição culinária, é um evento social onde comemos, bebemos e comemos mais um pouquinho. Salvo raras exceções - os vegetarianos, por exemplo, não gostam de ‘beliscar’ uma carne, petiscar pãezinhos de alho e se deliciar com vinagrete e todos os acompanhamentos da preparação de uma boa carne. Nossos irmãos, vizinhos da Argentina, também apreciam e muito a prática do churrasco. Se engana quem pensa que churrasco é a mesma coisa em qualquer canto do

mundo. Cada país tem suas particularidades e curiosidades na hora de preparar um almoço de domingo e convidar os amigos para partilhar momentos e muita carne! As principais diferenças entre o churrasco no Brasil e na Argentina estão na maneira de cortar a carne, temperar e assar. Parecem simples detalhes, mas que fazem toda a diferença na hora de saborear a tradicional parrilla argentina. Na Argentina, as churrascarias são casas de parrillas onde se preparam asados. A explicação pela fama das carnes suculentas e saborosas dos hermanos começa lá no pasto com o modo de criação dos bovinos, que são de cruzamentos europeus e angus, criados em pastos

planos, muitas vezes em confinamento, para não se exercitarem muito. “A gente tem uma preocupação grande com a origem da carne, o gado argentino não trabalha muito, tem pouca musculatura, o que torna a carne mais macia, com menos músculos e mais gordura entremeada”, explica João Batista Matias Zeferino, que trabalha com manuseio de carnes e em tradicional restaurante argentino há 29 anos. São técnicas sutis, tais como salgar apenas com sal fino, e não com sal grosso, o ponto da carne é mal passado, já que o tempo de assar é de apenas 20 minutos. E que a preferência é “vermelha, sangrando”, como conta João.


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Um dos pratos mais pedidos no restaurante em que João é gerente, assim como na Argentina, é o bife de chorizo, o contrafilé. E um dos segredos para garantir a maciez é a forma como ele é manuseado o corte deve ser feito contra as fibras. O resultado é uma carne tenra e que desmancha na boca. Somos semelhantes na forma como montamos nossas mesas no churrasco, tem entradas como pão de alho, salada, queijo provolone (lá, eles assam o queijo na brasa com orégano e azeite), vinagrete, e logo seguimos para o prato principal, a carne! Além dos acompanhamentos, outro destaque para dar mais sabor à carne é o chimichurri. “O molho que vai bem com tudo. É um molho frio para temperar a carne pronta, e vai muito bem com pão, na salada”, diz. Veja os ingredientes no box. Para quem deseja provar um pouco de cada tipo de carne, os restaurantes oferecem a parrillada, com picanha, bife de chourizo, fraldinha, costela, bife ancho, e tradicionalmente, vem os miúdos do boi, cheio de texturas e sabores diferentes. “Do boi argentino, tudo se aproveita. No momento da desossa, há a separação de cada parte do boi e nada é dispensado”, conta João. Além dos acompanhamentos: papas fritas, purê, saladas e espeto de legumes, que é como uma salada assada, com cebola, pimentão e tomate, e serve para complementar o tempero pra carne, como se fosse um vinagrete assado.


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E tem também as achurras, que são os miúdos do boi, normalmente servidas em parrilladas ou entradas, mas que não caíram muito no gosto dos brasileiros. Por exemplo: os riñones são os rins do boi, chinchulines é o intestino delgado, morcilla é o chouriço brasileiro e a molleja, que é uma glândula localizada na garganta do boi. “A molleja se assemelha ao fígado de frango, em aparência e textura, mas o sabor é diferente. É uma iguaria porteña, bastante apreciada pelos visitantes da unidade do restaurante em Florianópolis. Em Campos do Jordão, a moda não pegou. Assim como o chinchulines.” E completa: “A gente trabalha com o morcilla, que é o chouriço brasileiro, mas utilizamos ervas frescas, como o tomilho e a pimenta calabresa”. A morcilla tem o formato de uma linguiça e é recheada com sangue e gordura de porco, com farinha ou arroz. A aparência escura causa certa estranheza, mas a sugestão é que não se deixe levar pela aparência e prove. Para acompanhar, nada melhor que uma cerveja bem gelada, como estamos acostumados. A cerveja Quilmes feita com água da Patagônia, por exemplo, tem uma aceitação muito boa no Brasil. Mas os argentinos também consomem com frequência o vinho. “Eles têm a cultura de tomar vinho diariamente. Os brasileiros consomem mais em ocasiões especiais, em média, 6 litros por ano, enquanto os argentinos tomam, em média, 30 litros por ano”, diz.

E para finalizar em grande estilo, o doce de leite não poderia ficar de fora. A panqueca argentina com doce de leite e sorvete faz sucesso e além de ser um prato lindo, é incrivelmente delicioso.

Churrasco ao vivo A história do argentino Juan Carlos Levin culmina na abertura de dois restaurantes especializados em parrillas. Tudo começou em Florianópolis, onde vendia o choripan, o pão com linguiça, alface, tomate e cebola, que rapidamente caiu no gosto dos brasileiros. Juan decidiu, em 1988, montar a primeira churrascaria na Ilha da Magia, o Churrasco ao vivo vendia cortes de carnes especiais e fazia na hora, por isso o nome. Em 2002, a Serra da Mantiqueira ganha seu representante, em Campos do Jordão/SP.

Atualmente, o público em Florianópolis é de 70-80% de argentinos e uruguaios. E em Campos do Jordão há uma mistura maior de culturas, já que o público é muito variado. Por isso, alguns pratos mais típicos são exclusividade do restaurante florianopolitano. João comenta que apesar do crescente número de boutiques de carnes vendendo carnes argentinas, a qualidade do produto final depende muito do manuseio, já que é uma carne que exige cuidados na hora do descongelamento. E explica: “Primeiro a carne sai do congelador onde está a -10ºC, passa para o refrigerador a 5ºC e depois segue o descongelamento in natura. E ainda tem a gramatura padrão que dá textura e qualidade ao corte, que é de 400g, o resultado é um corte alto, bonito e bem assado”. 

Chimichurri: Mix de ervas frescas ••

Orégano

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Pimenta Domo

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Pimenta Calabresa

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Adobo uruguaio

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Pimenta do reino

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Pimentão

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Cebola

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Azeite

Panqueca de doce de leite



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Social& por Laís Vieira

Divulgação

André Fleming e Lucas Funchal

Point exclusivo no Litoral Norte

O Litoral Norte tem novo endereço para diversão e gente bonita. As festas de Réveillon e os primeiros fins de semana do ano movimentaram a nova casa de eventos Praia 9, em Ubatuba. Localizada na praia das Toninhas, o Praia 9 foi a opção para quem estava aproveitando a estação mais quente do ano no litoral. A programação inclui Djs para os amantes de música eletrônica e nos lounges é possível aproveitar o pôr do sol nas espreguiçadeiras. Os bangalôs são assinados pela Chandon. Além da alta gastronomia, drinks e o melhor - de frente para o mar. Os empresários André Fleming e Leandro Camargo são os responsáveis pela casa.

Jéssica Hernani, uma das convidadas

Um artista. Assim podemos definir o trabalho do criativo de moda Pedro Korshi, de 22 anos, o morador de São José dos Campos que está participando do concurso ‘41ª Casa de Criadores’, maior evento de novos estilistas da moda brasileira. Pedro começou a trabalhar com moda em um blog quando morava na Inglaterra e logo foi convidado a participar de mini coleções de marcas italianas e japonesas. Criou peças versáteis, que podem ser usadas de diferentes formas. O macacão vira casaco, o vestido se transforma em jardineira. O joseense foi escolhido entre os 20 finalistas que participam de uma votação online. Serão escolhidos 3 estilistas que terão suas peças inlcuídas no desfile da edição Primavera/Verão de encerramento do evento.

Divulgação

Estilista de São José entre os melhores do país

Modelo veste peça desenhada por Pedro Korshi


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O convite para Sophia Abrahão visitar a ONG Jacareí Ampara Menores veio da tia Madalena, que é vice-presidente da organização. A atriz e cantora não hesitou em aceitar e se comprometeu a realizar um show na região em prol da ONG (ainda sem data, mas a espera é grande). “Eu tomei uma decisão esse ano que eu queria ajudar uma causa, queria ser mais próxima e mais ativa. E quero fazer esse trabalho aqui no Vale do Paraíba”, comenta Sophia. A família dos pais de Sophia mora na cidade e acompanhou o tour que a atriz fez na instituição, em especial o avô Geraldo Abrahão, que não desgrudou da neta em todo o passeio.

Lais Vieira

Beleza e solidariedade

Sophia Abrahão

Ídolo do surf cria instituto para atender atletas mirins em São Sebastião

Fábio Maradei

O campeão mundial de surf Gabriel Medina e sua família compartilhavam o sonho de montar um lugar onde fossem preparadas crianças e adolescentes com a mesma estrutura técnica, física e médica do atleta. Da força de vontade de Medina e do apoio da família foi inaugurado na Praia de Maresias, em São Sebastião, o Instituto Gabriel Medina. O IGM pretende ser referência no Brasil e até no exterior e vai atender 40 atletas mirins selecionados no Circuito Medina. Os professores terão à disposição, todo o aparato com foco no desenvolvimento esportivo dos atletas. Medina programou uma grande festa para abrir as portas do Instituto, com direito a shows com Gabriel, O pensador, Thiaguinho e a dupla Bruninho & Davi. Veja cobertura completa da inauguração do Instituto no Meon.

Os primeiros alunos do Instituto Gabriel Medina


Fotos: Ronaldo Rizzutti

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Arquitetura& Por Moisés Rosa

Casa de campo na Mantiqueira

Residência é aconchegante e integrada à natureza

A

encantadora região da Serra da Mantiqueira serviu como inspiração para os arquitetos Aline Lobo e Flávio Mourão, de Taubaté, executarem este projeto residencial em Santo Antônio do Pinhal. O município é considerado uma das doze estâncias climáticas do Estado de São Paulo, com clima agradável de montanha. Para a elaboração do projeto, os profissionais levaram em consideração os hábitos dos proprietários, materiais naturais e o local de construção da residência, que tem uma vista exuberante. A casa de 270 m² possui dez cômodos e aspectos diferenciados que compõem a sua estrutura e o partido do projeto. A iluminação natural combinada com a artificial traz aconchego aos espaços. “A inspiração vem do próprio local onde a residência está inserida, uma região fascinante, onde a vista de quase 360 graus foi elemento determinante no momento de projetar”, explicou a arquiteta. Os ambientes projetados favorecem os moradores e seus visitantes constantes, acomodando-os com conforto e funcionalidade. A integração entre cozinha, living e varandas foi uma opção acertada. “Os clientes têm o hábito de receber com frequência os amigos e familiares. Portanto um setor social que privilegiasse este aspecto foi essencial”, diz a arquiteta. No setor íntimo, os quartos do casal e de hóspedes estão

ligados a uma varanda e têm uma vista deslumbrante. Os arquitetos revelaram que uma das premissas do projeto foi pensar numa arquitetura ‘limpa’. “Arquitetura de traços retos e equilibrados, além do uso de materiais naturais locais, como madeira e pedras, são características marcantes do projeto. É importante destacar a integração que quase todos os cômodos têm entre si e com a abundante natureza no entorno”. À Metrópole Magazine a arquiteta ressaltou um aspecto da residência: “Destaco o living, pois é um convite natural à contemplação e ao convívio, unido à confortável cozinha por meio do fogão à lenha, que também serve como lareira, e às varandas por meio de grandes portas de correr”, disse.

Sobre Aline Lobo é nascida em Taubaté. Graduou-se em 2001 em Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Taubaté e em Design de Interiores pela Escola Panamericana de Artes. Atua há 15 anos em projetos residenciais, comerciais e corporativos. Flávio Mourão possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e mestrado pela Universidade de São Paulo. Também possui experiência na área de Planejamento e Projetos do Espaço Urbano. 

Flávio Mourão e Aline Lobo


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Ambientes da casa contam com a utilização de materiais naturais. Cozinha, living e varandas são integrados. Fogão à lenha, na foto no centro, oferece conforto ao espaço


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Pedro Ivo Prates

Crônicas & Poesia O passarinho não pode mais cantar Por Neide Pereira Pinto O bairro Vila Ema de São José dos Campos sempre teve um som: o canto de um passarinho. O canto começava longe e baixinho, mas aos poucos se aproximava e a melodia se intensificava. O ritmo do passarinho era marcado pelo ‘tectec’ da bengala que abria o caminho e ajudava a identificar os obstáculos. Era impossível não parar o que estávamos fazendo e procurar com o olhar a direção do som. Quando, finalmente, o passarinho chegava, o seu canto era tão intenso e melodioso que ninguém notava a falta de brilho dos seus olhos, que nada viam mas tudo enxergavam na ponta da bengala. No seu destino final, bem em frente a um supermercado da região, o passarinho se acomodava encostando em uma parede e continuava cantando para chamar a atenção dos transeuntes e ganhar um troco para as suas necessidades básicas. Com os anos, tornou-se parte de um cenário e o som de um bairro. A cada moeda que ouvia tilintar na sua caneca, retribuía com palavras de profunda gratidão e um sorriso nos lábios. Único momento em que se calava o passarinho e dava lugar às palavras de um ser humano que a vida privou de bens materiais mas foi generosa na resignação e na fé. Como se chama? Onde mora? O que sente? Provavelmente ninguém sabe, nem mesmo eu sei. Será que isso importa para as pessoas que passam sempre

com muita pressa e sem tempo para conversar? Afinal ele nos alegra com seu canto e nós retribuímos com moedas, e a vida segue seu curso. Mas como toda história tem os seus senões, o passarinho parou de cantar. Ficou apenas o ‘tectec’ da sua bengala e a figura encolhida encostado na parede. Para os mais atentos, ele ainda é a mesma pessoa com as mesmas necessidades, então as moedas continuam caindo na sua caneca. Para os mais apressados, o canto do passarinho faz falta para chamar a atenção. Quantas vezes passei por ali sem notar que o passarinho não mais cantava? Não faço ideia! Até o dia em que parei a seu lado e pedi para ele cantar. Em resposta ouvi que não era possível porque havia perdido seus dentes, e com os dentes a sua capacidade de imitar os pássaros. O nosso passarinho cantador não pode mais cantar! Por um instante quem ficou muda fui eu! Perdi a voz e a reação, porque não esperava por essa resposta. O silêncio foi quebrado pelo próprio passarinho

quando disse ter fé que um dia alguém haveria de lhe dar novos dentes para voltar a cantar. O que fazer naquele momento? Promessas vazias que provavelmente seriam esquecidas no primeiro assunto que se fizesse mais urgente? Pedir para ele manter a sua fé em que um dia alguém lhe daria novos dentes? Desnecessário, para quem a fé nunca abandonou. Coloquei umas moedas na sua caneca, recebi seus agradecimentos e segui meu rumo com muitas perguntas para as quais tinha poucas ou nenhuma resposta. O nosso passarinho perdeu os dentes e o canto, e nós perdemos o som do bairro. Podemos mudar essa situação? Claro que sim! Temos disposição e disponibilidade para isso? Tenho minhas dúvidas.  Neide Pereira Pinto é arquiteta, empresária e membro da Academia Joseense de Letras. Escreve roteiros de HQ e livros sobre Meio Ambiente e cidadania para o público infanto juvenil.


PODE COMPARAR, NENHUMA OUTRA RÁDIO TOCA TANTA MÚSICA COMO A ANTENA 1.



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