Metrópole Magazine - Abril de 2018 / Edição 38

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MEI

ABRIL DE 2018 | Nº 38 R$ 21,90

VENDA PROIBIDA

Exemplar de cortesia

ISSN 2594-8180

solução ao desemprego Número de microempreendedores individuais na RMVale cresce 98%






EDITORIAL Diretora Executiva: Regina Laranjeira Baumann

Editor-chefe: Fernando Ivo Antunes QUEM CONHECE, CONHECE BDO Repórteres: Tânia Campelo, João Pedro Teles, Marcus

É preciso se reinventar

Alvarenga Uma das Big 5 Colaborador: Otávio Baldim Líder no middle market Estagiárias: Beatriz Plaça, Giovana Bertti, Nathalia Prado Fotografia: Pedro Ivo Prates escritórios Esta edição da Metrópole Magazine traz como reportagem de capa21uma análi- no Brasil Diagramação e Trat. de imagens: José Linhares | Tax | Advisory Arte: Bruno Santos se importante sobre como algumas pessoas passaram pela pior criseAudit econômica

do Brasil e se reinventaram em busca de trabalho e sustento. Com os dados do governo Federal apontando diminuição do emprego formal em toda a RMVale, uma das maneiras encontradas para sobreviver foi empreender, o que gerou crescimento de 98% no número de microempreendedores individuais entre 2013 e fevereiro de 2018. Ao ler a história das personagens que são citadas na matéria, vemos o quanto nossa população tem potencial de superar desafios e se reinventar. Se tivéssemos mais oportunidade de trabalho, investimento adequado em ciência e tecnologia e educação pública que funcionasse, seríamos um país mais desenvolvido.

Executivos de Negócios: Greice Kelly, Eduardo Rosa, Juliane Silveira, Dimas Ferreira Diretor de Relações Institucionais: Eduardo Pandeló Diretora de Comunicação: Elaine Santos Departamento Administrativo: Roseli Laranjeira, Patricia Vale EDIÇÕES ANTERIORES: http://www.meon.com.br/revista PARA ANUNCIAR: Ligue: 12 3204-3333

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Tel (55 12) 3941 4262 www.bdobrazil.com.br

Em nossa entrevista do mês, a conversa foi com o reitor da Universidade de Taubaté, que mostrou números para provar o quanto o problema da previdência atinge não só o Brasil, mas também a instituição. Dos quase R$ 10 milhões arrecadados por mês, 30% vai para o instituto que cuida da previdência municipal. De saída do cargo, José Rui Camargo cita esta questão como o principal problema que o próximo reitor terá que enfrentar.

Tiragem auditada por:

Meon Comunicação Ltda Avenida São João, 2.375 –Sala 2010 - Jardim Colinas –São José dos Campos - CEP 12242-000 -PABX (12) 3204-3333 Email: metropolemagazine@meon.com.br

Na editoria de Saúde, mostramos como a qualidade do sono pode interferir em nosso dia a dia. Para quem tem dificuldade de dormir, a leitura desta matéria é fundamental. Ainda tem reportagem sobre um estudante que está sem celular há um ano para se concentrar nos estudos. Boa leitura

Regina Laranjeira Baumann Diretora Executiva

A revista Metrópole Magazine é um produto do Grupo Meon de Comunicação | Tiragem: 15 mil exemplares

metr pole magazine A revista 15 mil exemplares 10 cidades 70 / 100 páginas

Auditada pela BDO, destacada no mercado nacional e internacional como a quinta maior empresa de auditoria e consultoria no Brasil.

Nosso público

Nosso foco é no Jornalismo, com conteúdo diversificado e aprofundado. Com isso, nosso público é o formador de opinião e influente. Faz parte das classes A e B, possui poder de compra, decisão e se interessa por política, economia e entende a importância das notícias locais.

Distribuição

Nos condomínios residenciais de São José dos Campos mais da metade (56%) das pessoas pertence à classe “A”. Mais de 60% dos domicílios apresentam renda superior a 10 salários mínimos e 80% das residências têm computador. É a maior concentração de casas com acesso à internet, e de automóveis. Cerca de 19% de seus domicílios dispõem de 3 carros ou mais.

9.000 S. J. Campos 2.500 Taubaté 1.000 Jacareí 1.000 Caçapava/Pinda Campos dos Jordão 1.500 Litoral Norte

Condomínios Assinantes Pontos fixos





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SUMÁRIO Divulgação

Matéria de Capa

26 Com queda recorrente no emprego formal, virar MEI tornou-se solução

EDUCAÇÃO 20ENTREVISTA 38 Estudantes José Rui Camargo deixa a reitoria da renunciam da rotina e Unitau e faz balanço dos oito anos de mandato

para aproveitar as belezas das cidades da RMVale durante suas férias Divulgação

Pedro Ivo Prates

Pedro Ivo Prates

adquirem técnicas para alcançar bons resultados e superar obstáculos educacionais e profissionais

PROGRAME SUAS FÉRIAS 47 Confira dicas de turismo

GASTRONOMIA 74 Bertolasse abre o diário de família e doa uma receita tradicional aos leitores

ESPECIAL SAÚDE 34 Indústrias brasileiras buscam entrar 42 Cada vez mais negligenciado, o no mercado global bilionário para proteger a cadeia produtiva da Embraer

18 70 80

frisson nas mídias nacionais e internacionais Gilberto Freitas

12 14

Artigo Espaço do Leitor Aconteceu&

Freepik

Pedro Ivo Prates

11

COLUNA SOCIAL 78 Conheça os joseenses que causam

sono é atropelado pela urgência dos afazeres e a obrigação da disponibilidade 24h

Frases& Arquitetura& Humor&


Abril de 2018 | 11

Artigo&

Do meu ponto de visto, a questão da identidade e, mais especificamente, a identidade cultural, é fundamental para a valorização e o consequente desenvolvimento de um povo. Uma confluência de fatores levou à criação de um estereótipo pejorativo em relação ao caipira, na passagem do século XIX para o XX, reforçado nas primeiras décadas do século XX em textos literários e jornalísticos. A figura mais expressiva foi a criação de Monteiro Lobato, o Jeca Tatu. Outro fator importante a ser considerado nessa discussão é a dualidade do processo de modernização que se observou no Brasil no início do século XX. Ao mesmo tempo em que a modernidade era representada pelo desenvolvimento urbano em detrimento do mundo rural e arcaico, que foi a base econômica do país durante os séculos anteriores, o desenvolvimento era financiado justamente pelo dinheiro oriundo principalmente dos grandes produtores de café. A criação e cristalização desse estereótipo como uma figura negativa fez parte desse processo, e o caipira teve sua imagem diretamente relacionada ao âmbito rural. Com o declínio do café, o desenvolvimento das cidades do Vale do Paraíba foi intensamente afetado, chegando mesmo

a provocar a “morte” de algumas delas, como asseverou Monteiro Lobato na obra “Cidades Mortas”. Esse foi mais um elemento que contribuiu para reforçar a pecha de atraso relacionada à economia centrada na agricultura e, consequentemente, às cidades e à população rural dessa região. De fato, esse assunto “dá pano pra manga”, como se diz, mas, por hora, é suficiente dizer e assumir que, apesar de ser acadêmica, professora, doutora... sim, eu sou caipira, assim como todos os habitantes da região do Vale do Paraíba, independentemente de morarem em cidades maiores ou menores, na região urbana ou na zona rural. Afinal, se eu não for caipira, eu sou o quê? A identidade é estabelecida necessariamente em relação ao outro. Assim, no Brasil, cada região tem a sua identidade cultural, que se constitui em função do percurso histórico, da relação com o espaço geográfico e aspectos culturais mediadores das relações socioculturais. Essa é a minha identidade cultural que dá sentido à minha forma, me relacionar com contexto do país e com a trajetória de sua formação histórica. Além disso, as identidades são múltiplas e isso significa que a identidade profissional não exclui a identidade cultural, nem as outras

Freepik

Eu sou caipira!

possíveis. Assim, eu posso ser professora e filha, acadêmica e caipira, etc. Hoje percebe-se mais claramente que o caipira não é o atrasado, o que está restrito à zona rural, o que usa roupas rasgadas, aquele que tem preguiça e que não trabalha, conforme o estereótipo que foi disseminado. A partir de estudos como o de Antônio Cândido (que eu tive o prazer de conhecer numa oportunidade sobre a qual eu gostarei de falar numa outra vez), em “Parceiros do Rio Bonito”, reconhece-se que as características do caipira mais se aproximam da solidariedade, da amistosidade, da religiosidade, entre outras. Reconhecer e assumir a identidade cultural é fundamental para valorizar a cultura e para promover o desenvolvimento, tanto econômico da região identificada com a sua identidade, quanto individual dos seres humanos que a percebem e assumem. Acredito que é necessário fazer um alerta: não basta nascer numa determinada região, cidade ou país para simplesmente absorver a identidade imanente e construída historicamente e refleti-la mecanicamente. É preciso ter consciência disso. E ter consciência significa pensar, conhecer e vivenciar. Por tudo isso afirmo: eu sou caipira. E reconhecer isso implica dizer que eu sei o meu lugar no mundo e identifico a relação que eu tenho com a história da região em que habito e com a dimensão coletiva de sua cultura. 

Rachel Duarte Abdala é historiadora e professora da UNITAU.


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Espaço do Leitor Edição 37 – Março de 2018

Feedback

RMVALE

Março de 2018 Ano 4 – nº 37

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A edição de março da Metrópole

folclóricas histórias de Ditão Virgílio,

Magazine trouxe uma reportagem ex-

morador de São Luiz do Paraitinga e que

plicando toda a polêmica que envolveu

afirma já ter visto saci. A entrevista do

o anúncio do corte de árvores do Bosque

mês foi com a prefeita de Piquete, Teca

da Tívoli, em São José dos Campos.

Gouvêa (PSB), que também preside o

Na foto utilizada na capa, duas árvo-

Codivap (Consócio de Desenvolvimento

res cortadas caíram no solo formando

Integrado do Vale do Paraíba). Ela falou

uma cruz. A discussão ainda é tema

sobre o trabalho desenvolvido para re-

de debate em vários setores da socie-

cuperar impostos e ajudar na arrecada-

dade e divide opiniões. Na editoria de

ção das administrações municipais que

Cultura, nossa reportagem mostrou as

pertencem ao órgão.

13/03/2018 14:22:09

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Thiago Azevedo Muito boa a história do saci. Sempre ouvi falar, mas conhecer o Ditão pela matéria foi muito bacana.

Educação&

Rafael Augusto Como corintiano, adorei ler essa reportagem. Carile é um grande treinador.

Fotos: Divulgação Poliedro

Dinheiro é assunto de criança Escolas de São José dos Campos utilizam aulas extracurriculares para ensinar educação financeira e empreendedorismo aos alunos

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Cultura&

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Esporte&

Alunos aprendem desde cedo a utilizar o dinheiro de forma adequada

Fotos: Pedro Ivo Prates

Fotos: Pedro Ivo Prates

O timoneiro do bando de loucos

Um caipira ensacizado

Tânia Campelo SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Poeta e contador de história, Ditão Virgílio observa Sacis desde a infância e garante que o personagem existe e está entre nós

E

mpreendedorismo e economia já não são mais assuntos de gente grande. Um número cada vez maior de escolas de ensino fundamental adotam programas extracurriculares para ensinar aos pequenos os fundamentos para um bom plano de negócio e os princípios da educação financeira. E as aulas vão muito além da teoria. Em São José dos

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Campos, estudantes de 10 a 12 anos aprenderam a transformar papel velho em produtos atraentes para vender, lucrar, pagar as contas do empreendimento e ainda destinar parte do lucro para ações sociais. E a garotada ainda conseguiu reverter uma pequena parte da renda em investimento no próprio empreendimento: uma Eco Papelaria. “A criança que participa de projeto de educação financeira e empreendedorismo na escola vai ter uma visão

Seguindo legado de Tite e Mano Menezes, Fábio Carille se firmou como ídolo instantâneo da torcida corintiana por montar time ‘raçudo’ e vencedor

diferente do dinheiro, da relação com o trabalho. Elas vão aprender que não tem sentido consumir mais do que precisam, vão querer investir no crescimento cognitivo. Enfim, esse novo jeito de pensar vai concebendo uma sociedade em transformação”, disse a psicopedagoga Carla Rezende Picone, colunista de Educação do Portal Meon. Segundo ela, a família também tem papel fundamental neste aprendizado e deve estar aberta para discutir e participar deste processo.

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Fábio Carille esteve em São José no mês de fevereiro

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Roseli Bonito Muito interessante esta matéria sobre as crianças que aprendem sobre a importância do dinheiro. Parabéns pela iniciativa!

João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O

técnico Fábio Carille, atual campeão brasileiro com o Corinthians, é, talvez, o principal expoente da geração de treinadores pós 7x1. Combinando desempenho e resultado, o jovem comandante levantou um time abalado pela saída de Tite para a Seleção Brasileira.

Carille soube esperar seu momento quando a diretoria optou por técnicos com mais nome, como Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira, que pouco fizeram em 2016. Assumindo o time com certa desconfiança da diretoria e a alcunha de quarta força do futebol paulista no início de 2017, o técnico se agigantou, montou um time praticamente imbatível e aumentou a coleção de títulos na sala de troféus do Timão.

Com temperamento inabalável, o treinador carrega um tom firme na fala, mas que não se altera sob as constantes intempéries, típicas do segundo time mais popular do Brasil. Tamanha segurança vem, talvez, do conhecimento de Corinthians. Carille, que chegou como auxiliar de Mano Menezes em 2008, completa, neste ano, 10 anos de clube. Nascido em São Paulo, em 1973, o treinador se mudou para Sertãozinho

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14 | Revista Metrópole – Edição 38

Aconteceu& Divulgação

Márcio França promete dar atenção para problema da balsa em Ilhabela

O vice-governador Márcio França (PSB) esteve em Ilhabela para inaugurar a nova unidade do Detran na cidade. Prestes a assumir a chefia do Palácio dos Bandeirantes após a renúncia de Geraldo Alckmin (PSDB) para concorrer ao Planalto, França falou sobre um dos problemas mais debatidos por turistas e moradores, a balsa. “Estamos ouvindo os pleitos dos prefeitos, vereadores e lideranças do Litoral Norte e vamos agir rapidamente, sobretudo no setor de infraestrutura urbana. Para Ilhabela daremos atenção especial à travessia de balsas e abastecimento de água. A questão da água também é essencial para todo o Litoral Norte”, afirmou o vice-governador. Em ritmo de campanha eleitoral, França buscará continuar como governador e se estrutura para disputar a campanha. O vice-governador já visitou a RMVale em fevereiro, quando teve o apoio declarado de diversos prefeitos da região. 

Divulgação

Policiais escondiam drogas e armas dentro do Batalhão da PM em Taubaté

Pedro Ivo Prates

A Operação Urupês prendeu 20 policiais em três cidades da região e apreendeu maconha, cocaína e crack dentro de armários no 5º BPMI (Batalhão da Polícia Militar do Interior), em Taubaté. Os policiais são acusados de tráfico de drogas, corrupção, organização criminosa e peculato, entre outros crimes. A operação apreendeu ainda 731 munições ilegais, 12 armas, uma mira laser ilegal, 11 simulacros, estojos de munição de calibres variados e 14 rádios comunicadores, 41 celulares, um HD externo e um notebook, que foram encaminhados para perícia. Um dos policiais acusados é apontado como chefe do tráfico na região do bairro Alto do São Pedro, em Taubaté. Além dos PMs, mais quatro homens foram presos durante a operação, que fez buscas e apreensões em 42 endereços. A suspeita do envolvimento de policiais militares com o tráfico de drogas surgiu por parte da Delegacia de Investigações Gerais de Taubaté, que estava investigando um triplo homicídio ocorrido no dia 8 de fevereiro de 2017. 

Sem aferição do Inmetro, novos radares de São José estão inoperantes Os radares fixos instalados em vários bairros de São José dos Campos não estão habilitados para fiscalizar a velocidade dos veículos e, consequentemente, não geram multas. Segundo a prefeitura, somente dois radares móveis estão habilitados para fiscalização. A administração municipal iniciou a instalação dos novos radares no dia 15 de janeiro. A meta da Secretaria de Mobilidade Urbana era colocar em operação 178 radares fixos e móveis até o final de maio. Desde agosto do ano passado, São josé dos Campos está sem radar de fiscalização eletrônica. Em dezembro, a empresa Fotosensores venceu a licitação para instalar e operar os equipamentos fixos durante dois anos. Porém, como os radares não têm aferição do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) não podem gerar multas. De acordo com a legislação, a aferição do radar pelo Inmetro é elemento essencial do auto de infração. 


Reprodução Facebook

Acidente com lancha em Angra dos Reis mata turista de São José dos Campos

Após reclamações, empresa diz que vai refazer grafite apagado em Taubaté

PIB da RMVale cresceu 3,6% enquanto Brasil atingiu 1%, aponta Meirelles O Produto Interno Bruto (PIB) da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte (RMVale) cresceu mais do que o triplo do PIB brasileiro, de acordo com o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Durante evento realizado em São José dos Campos, o pré-candidato ao Planalto apontou melhorias da economia nacional e citou dados da região. “Em 2016 o Vale teve uma queda maior do que a economia nacional, mas em 2017 a região mostrou uma recuperação. A produção de veículos, por exemplo, teve crescimento de 12% em 12 meses e a metalurgia melhorou em 10% no último ano”. Segundo Meirelles, a RMVale fechou 2017 com PIB de 3,6% enquanto que o enriquecimento nacional teve aumento de 1%. No encontro com empresários, o ministro enalteceu os dados positivos obtidos pelo governo Temer e comparou a recessão de 2015 e 2016, quando o Brasil teve queda de 7% no PIB, com a crise americana de 1929. 

Após gerar protestos ao apagar parte de um grafite na avenida Marechal Artur da Costa e Silva, em Taubaté, a Corretora Rodrigo Camargo prometeu que irá rever sua posição. Por meio de um post em sua página no Facebook, a empresa afirma que o espaço receberá uma nova arte. Na rede social, a critica foi muito forte. A polêmica começou quando uma postagem revelou que a arte foi apagada pela metade para que fosse colocada, em seu lugar, uma publicidade da corretora. A foto com o antes e o depois do muro, postada no Facebook no mesmo dia, foi compartilhada por cerca de 800 pessoas. No post em que tenta se retratar com os moradores insatisfeitos, a corretora afirma que errou ao apagar o grafite. “Erramos ao tentar pintar a memória de uma cidade. Erramos ao fazer sobressair o marketing à arte. Erramos”, afirma. Proprietário da empresa, Rodrigo Camargo afirma que já entrou em contato com o artista que fez a o desenho para realizar uma nova arte no local. 

Divulgação

Pedro Ivo Prates

Uma turista de São José dos Campos e um do Rio de Janeiro morreram e outros dois ficaram feridos após um acidente envolvendo uma lancha em Angra dos Reis, no dia 30 de março. A joseense fazia um passeio de escuna pela Lagoa Azul, ponto turístico da cidade carioca. Com a embarcação parada, alguns dos turistas mergulharam no mar. Foi quando uma lancha, aparentemente desgovernada, atropelou quatro banhistas do grupo. De acordo com o Corpo de Bombeiros, Alexandre Silva Leite, do Rio de Janeiro, morreu no local. Já Walquíria de Almeida Barros chegou a ser levada para o Hospital Geral de Japuíba, mas não resistiu aos ferimentos. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o motorista da lancha prestou socorro e foi levado para a delegacia. No local, ele foi submetido ao teste do bafômetro, que deu negativo, e a documentação para dirigir a embarcação estava em dia. 



161 anos e uma vocação. A grandeza. Grandes projetos, realizações e um grande orgulho do que Caraguatatuba está rapidamente se tornando: uma referência. Nossa cidade não pensa pequeno, inclusive na hora de celebrar suas conquistas. Teremos uma semana de festa com toda a nossa riqueza artística e convidados muito especiais. Vamos comemorar juntos o aniversário da cidade amada por todos. Aproveite!

www.caraguatatuba.sp.gov.br gente que cuida da gente


18 | Revista Metrópole – Edição 38

Frases& Os gestores, de todos os lugares, não vão olhar “ para a violência contra a mulher enquanto não acontecer dentro da casa deles ” Maria Isabel, diretora da ONG SOS Mulher, sobre encerramento das atividades da organização.

A mulher representa hoje uma força-motriz da economia. Sua sensibilidade, ética e dedicação são importantes para arejar o mundo dos negócios” Paula Dal Belo, presidente da ACI Mulher de São José dos Campos.

Divulgação

Uma boa piada é uma arma política. E ela vale tanto para se posicionar politicamente quanto para dar uma amenizada em tempos difíceis Clarice Falcão, cantora e atriz pernambucana, em palestra no Colinas Shopping.


Divulgação

Abril de 2018 | 19

Começo a sentir saudade do tempo que eu fazia campanha para deputado federal. Percorria todos os municípios e frequentava muito Caraguá e Ilhabela. Toda vez que venho aqui me sinto em casa

Michel Temer, presidente da República, em visita a Caraguatatuba no mês de Março.

Divulgação

Obrigada a todos que torceram por mim. Realmente não foi fácil chegar até aqui, já me sinto mais que vitoriosa. Gratidão. Quero agradecer a vocês que sempre que precisei me apoiaram.

Thainá Yara Cordeiro, Miss Ilhabela, que agradeceu no Facebook aos fãs após ficar no Top9 no concurso Miss São Paulo 2018


20 | Revista Metrópole – Edição 38

ENTREVISTA

Fotos: Pedro Ivo Prates Fotos: Pedro Ivo Prates

A Previdência Municipal é nosso maior problema, diz reitor da Unitau José Rui Camargo completa oito anos à frente da Universidade de Taubaté e faz balanço dos oito anos de mandato Fernando Ivo Antunes TAUBATÉ

A

pós oito anos à frente da Universidade de Taubaté, o professor José Rui Camargo deixa a reitoria antes do prazo final do mandato, que se encerra em julho. A saída antecipada será para cumprir a exigência da lei eleitoral. Recém filiado à Rede, partido que pode ter Marina Silva como candidata a presidente, José Rui se posiciona como pré-candidato a deputado estadual. Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Itajubá em 1977, é doutor em Transmissão e Conversão de Energia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, em 2003. Natural de São Bento do Sapucaí, ingressou na Unitau como professor em 1981, passando por diversas áreas administrativas até chegar à vice-reitoria, em 2006, e assumindo o posto mais alto da autarquia em 2010. O agora ex-reitor recebeu a reportagem da Metrópole Magazine em uma sala do prédio onde fica a Rádio e TV Unitau. Durante e entrevista, José Rui fez um balanço sobre o tempo em que ficou como reitor e dos projetos que deixa em aberto, das dificuldades financeiras da instituição durante o período de crise econômica, dos desafios para quem assumir a cadeira e dos problemas com a Justiça e com a Câmara Municipal, que já abriu duas comissões de investigação contra a universidade.

O Tribunal de Contas do Estado acionou o Ministério Público Estadual para tomar medidas cabíveis sobre improbidade administrativa por ocasião da contratação de professores em 2013 sem concurso público. Como analisa esses apontamentos? A alegação do Tribunal de Contas é que não foi feito concurso na contratação desses professores. Na verdade, foi feito o concurso. Eu peguei toda a relação de

Não vejo interferência política na Unitau, mas sim acordos políticos. Assim como todo cargo político, procuro trabalhar em comum com a Câmara e prefeitura”

professores e cada processo interno de professor. Juntei todos esses documentos, entre processo seletivo, homologação, encaminhamentos internos e portaria de nomeação. Esses processos todos que o Tribunal de Contas diz que não existe. Eu juntei tudo isso e mandei scanear. Foi feito tudo de acordo com a Lei 282/2011, que é Estatuto do Magistério Superior, que regulamenta toda a carreira universitária, temos as deliberações necessárias. Tudo isso foi inserido em nossa defesa. Em 2012 chegamos a ter quase 200 professores temporários em função da implantação da semestralidade dos cursos, que foi uma medida importante pra diminuir a inadimplência, mas que trouxe a necessidade de contratação imediata de professores. A partir desses apontamentos, nós começamos a reduzir os temporários e atualmente não temos nem 30. Os que temos são para suprir necessidades emergentes, como a licença-médica e aposentadorias, quando não há tempo de fazer o processo seletivo. Como é a inadimplência na universidade? O senhor passou por uma das mais graves crises econômicas do Brasil. Como foi este período e como está a situação financeira da Unitau? Quando eu assumi em 2010 a inadimplência estava em 30%, que é um patamar praticamente impossível de se administrar e gerir algo. Fizemos várias ações para reduzir este número, como programas de bolsas, projetos de


Abril de 2018 | 21

recuperação de crédito e isso fez com que nós tivéssemos um controle maior, chegando em 2012 com 15% e mantivemos esse índice até 2015, quando chega a crise de forma mais intensa. A partir dai essa porcentagem começa a subir e atingimos a pior crise da universidade. De julho até novembro de 2016, o Fies deixou de repassar valores e a inadimplência voltou em 30%. Tínhamos três mil alunos com Fies nesta época e não recebíamos. Mesmo assim, com toda a crise dos últimos três anos, nunca deixamos de pagar salários dos professores e funcionários. Tivemos, claro, que fazer cortes de despesas, mas sempre honramos com nossos compromissos salariais. Criamos um sistema em que a universidade busca emprego para pais de alunos desempregados, como forma de ajudar a diminuir a inadimplência. Atualmente, voltamos a trabalhar com o dado de 15%. Na faixa entre 10% e 15% já é algo administrável. Transformar o curso em semestral também ajudou, pois agora o aluno não fica mais devendo o ano todo, pois quando vai se matricular no próximo semestre precisa quitar a dívida ou fazer um novo acordo. Justamente nessa época a Câmara de Taubaté abriu uma Comissão Especial de Inquérito (CPI) para investigar a Unitau sobre queda de receita e problemas na universidade. Neste ano, outra foi aberta. Como vê essas investigações? Essas investigação não são referentes à universidade, mas sim à Funcab (Fundação Professor Carlos Augusto

José Rui Camargo deixa a reitoria antes do fim do mandato para concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa

Bittencourt), que é quem concede os benefícios, como cesta básica e vale transporte. A primeira CPI foi falta de transferência financeira para a Fundação. Toda a transferência de repasse fora do orçamento tem que ser aprovado pela Câmara. Em 2014, na época da primeira CPI, nós vimos no recurso financeiro disponível que não daria pra fazer o repasse para a Fundação. Mandamos essa solicitação de remanejamento de repasse para a Funcab e para o Legislativo, no fim de junho, quando houve recesso parlamentar e ficou travado. Interesses políticos seguraram a votação dessa questão. Agora é exatamente a mesma coisa, mas essa CPI que abriu esse ano é totalmente sem sentido. Todos os benefícios estão sendo

pagos. Essa nova comissão de investigação aberta na Câmara tem claramente um interesse político. Não existe falta de benefício para os nossos servidores. Há pessoas dentro da Câmara que claramente querem prejudicar a universidade. Não há sentido querer investigar algo que está regular. É comum e natural a politização da Unitau por ser autarquia municipal. O cargo de reitor depende de amarrações políticas. Existe interferência política na Educação da universidade? É importante salientar que sempre defendi, e sempre vou defender, a independência da universidade. Pela própria constituição federal, a universidade tem autonomia administrativa,


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José Rui tem projeto de criação de cidade universitária para a Unitau

pedagógica, patrimonial e financeira. Temos que prezar e defender isso sempre. O processo de nomeação do reitor passa pelo Executivo. No caso da Unitau, temos um processo interno, com toda comunidade universitários, com peso de 70% do voto dos docentes, 20% dos técnicos administrativos e 10% dos alunos. Após isso, é feito uma reunião entre conselhos dessas três áreas, que votam nos nomes disponíveis, formando uma lista tríplice, que então é levada ao prefeito, que escolhe entre os três nomes. Eu não vejo isso como ingerência política e a própria Câmara tem o papel de fiscalizar. Eu só espero e prego que toda fiscalização seja feita dentro de normas técnicas e não políticas. Forças políticas não podem ter força própria dentro da universidade. Mesmo a fiscalização do Ministério Público é legítima. Não vejo interferência política, mas sim acordos políticos. Assim como todo cargo político, obviamente, procuro trabalhar em comum com a Câmara e prefeitura. Eu não vejo ingerência dentro da Unitau. Qual balanço o senhor faz desses oito anos à frente da Unitau?

Sobre o número de alunos, desde 2010, nós mantivemos a média de 10 mil estudantes. Em 2018 temos 9.600 e com o vestibular do meio do ano espero recuperar os 400 perdidos e voltar ao patamar médio. Na questão financeira,

Os nossos prédios hoje estão sucateados e não há como fazer manutenção predial. Não temos outra opção e precisamos que partir para um novo modelo”

nós saímos de um orçamento de R$ 118 milhões em 2010 para R$ 213 milhões em 2018 e aumentamos isso em grande parte oriundo de prestação de recursos para várias instituições e prefeituras. A inadimplência oscilou nesses anos, mas agora estagnamos em 15% e espero manter isso. Nós fizemos uma expansão grande na pós-graduação, oferecendo atualmente 10 cursos de mestrado com avaliação de nota 4, um doutorado nota 4 um pós-doutorado nota 4. Atendemos quase 25 mil pessoas por ano nos laboratórios para a comunidade. No Ensino à Distância, nós saímos de três polos em 2010 e hoje temos 25 polos credenciados e avaliados, em diversos estados. Uma característica da Unitau são os polos espalhados pela cidade. Existe algum planejamento para se criar um campus único? A primeira bandeira da minha campanha em 2010 foi a criação de uma cidade universitária e ainda acredito nisso. Os nossos prédios hoje estão sucateados e não há como fazer manutenção predial. Não temos outra opção e precisamos partir pra um novo modelo. Acredito que os candidatos a


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CÂMARA MUNICIPAL SÃO JOSÉ DOS CAMPOS A vida da cidade passa por aqui


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Ex-reitor é graduado em Engenharia Ambiental e professor da Unitau desde 1981

novo retiro tenham como projeto criar três campus aproveitando o que nós já temos. Um seria no Bom Conselho, levando toda a parte de ciências pra este local, a parte de ciências exatas na Juta, e a área de Humanos na região da reitoria. Hoje temos mais de 40 prédios espalhados pela cidade. Nesses oito anos tínhamos outra prioridade e isso parou. O Renato Teixeira, cantor de Taubaté, me procurou há uns três anos, com um projeto chamado Trilha da Imaculada. Nós começamos a trabalhar nisso com alunos de História, Geografia, Engenharia e Arquitetura, em uma linha de Caçapava Velha até Guaratinguetá. Uma consequência desta trilha era criar o Parque da Romaria, um local temático, em Taubaté, e ter neste espaço áreas de museu, centro de convenções, o estádio do Esporte Clube Taubaté, além da cidade universitária. Tudo isso num mesmo local. O projeto está pronto e agora está em fase de negociação com a prefeitura para conseguir uma área. Quais problemas e dificuldades de gestão da Unitau ficam para o próximo reitor? Um dos maiores problemas, assim

como no Brasil, é a Previdência. Desde que assumi, em 2010, tínhamos uma dívida de repasse ao IPMT (Instituto de Previdência Municipal de Taubaté) de R$ 62 milhões. Nesses oito anos, passei praticamente renegociando esse valor, mas pagamos sempre os acordos. É uma dívida que precisa ser sanada. Ela cresce cada vez, pois o que se aporta não é necessário. É preciso reformar o IPMT. Hoje, o que o instituto arrecada não é suficiente para pagar os aposentados. Assim como a previdência brasileira, em Taubaté vai ter que ser feito alguma coisa, caso contrário não vai sobreviver. Servidor público precisa ter um teto de aposentadoria e se quiser receber mais pagar um valor superior e criar uma previdência complementar. É fundamental que o próximo reitor trabalhe nesta questão. Para tentar amortizar parte da dívida, eu já disparei uma ação de alienação de alguns imóveis da universidade. Já temos pareceres jurídicos possibilitando a venda para quitar essa dívida. Há uma comissão que está estudando e avaliando essa questão. Fazendo a cidade universitária, por exemplo, sobrarão imóveis. Todo esse planejamento é interligado. Em curto prazo, a questão do

Hospital Universitário é fundamental. Hoje o custo é de R$ 6 milhões por mês para manter a unidade, com o governo do Estado repassando metade. Pra se ter uma ideia, por mês, repassamos R$ 3 milhões ao IPMT e mais R$ 3 milhões para o Hospital. Com 10 mil alunos, temos R$ 10 milhões por mês, sem considerar a inadimplência. A Previdência absorve um valor muito grande. O senhor é pré-candidato a deputado estadual e recentemente se filiou à Rede. O que espera nesta eleição e como projeta um possível mandato na Assembleia? Meu mandato acaba dia 2 de julho e vou sair do cargo porque pretendo concorrer a deputado estadual. O que eu tenho certeza é que não ficarei em casa dormindo. Uma oportunidade de contribuir para a Educação e para a cidade é participando da vida política. Pretendo ter uma vida ativa. Por ser engenheiro mecânico, minha linha de trabalho, caso consiga ser eleito, será atuando por energia renovável e limpa. Posso atuar tanto nesta questão como na área de Educação. Como gosto de escrever, posso trabalhar na questão de Turismo e Cultura. 


OS MAIORES

ESTÃO AQUI LARA LUISE ZAGO DIREITO 10º - UFF E USP

DE

PEDRO HENRIQUE SIMÕES MEDICINA 2º - UEMG

560 APROVAÇÕES

RAFAEL CARNIELLO

ENG. DE COMPUTAÇÃO 7º - PUCCAMP FÍSICA USP, 11º - UFSCAR E 8º - UNESP CURSÃO 51- UNICAMP


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MATÉRIA DE CAPA

Fotos: Pedro Ivo Prates

Número de microempreendedores individuais cresce 98% na RMVale Com queda recorrente no emprego formal, virar MEI tornou-se opção

Gabriella e Felipe Schulz se tornaram MEI após decidir abrir uma empresa

Marcus Alvarenga RMVALE

A

crise econômica atingiu grande parte da população brasileira e o impacto regional pode ser visto pela sequência de meses em que os números das oportunidades de emprego seguiram

em queda. Com o mercado cada vez mais fechado e as possibilidades de trabalho tornando-se escassas, o sonho de conquitar uma colocação profissional com carteira assinada tem ficado cada vez mais distante. Porém, enquanto alguns seguiram em busca da segurança dos direitos trabalhistas assegurados pela CLT

(Consolidação das Leis Trabalhistas), muitos encontraram no cenário negativo o momento de mudança e partiram para o empreendedorismo. A Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte possui atualmente 90 mil microempreendedores individuais (MEI) que atuam em diferentes áreas, entre construção civil,


Abril de 2018 | 27

vestuário, alimentação, educação e outras atividades. Em 2017, São José dos Campos, por exemplo, teve crescimento de 18% no número de microempreendedores, atingindo 28.041 profissionais na cidade no fim do ano passado. Em Taubaté, este crescimento foi de 16% e em Jacareí 17%.

Ao decidir que iria virar um negócio, me formalizei como MEI e segui trabalhando no crescimento da empresa” Gabriella Schulz, EMPRESÁRIA

Desde 2013, o crescimento de MEI em toda a RMVale foi de 98%. Este avanço contrasta com os dados do Ministério do Trabalho, que revelam 1.895 postos de trabalho formal perdidos em São José dos Campos durante o ano passado. Jacareí também teve queda, com saldo negativo de 677, pouco mais do que Taubaté, que também fechou no vermelho, perdendo 455 empregos formais no ano passado. “Uma série de fatores corrobora para a que o MEI ainda permaneça em ascensão, como a diminuição da burocracia, o atendimento direcionado feito por algumas prefeituras, a formalização do ofício e o baixo custo de todo o processo”,

declara Rodrigo Matos do Carmo, gerente do Sebrae da RMVale. Em 2012, quando o perfil do MEI ainda era pouco conhecido e adotado por poucos profissionais, Gabriella Schulz já estava inserida no mercado e se deparou com o crescimento da empresa e a necessidade de buscar a formalização do projeto, que iniciou ainda na época da faculdade. “Comecei com uma brincadeira, vendendo alguns acessórios para completar a minha renda. Só que foi crescendo, e de alguns itens passou para um mostruário, depois montei uma mala, posteriormente uma mala de carrinho e assim foi evoluindo. Logo nesse período montei a primeira loja dentro de uma sala comercial, em São José dos Campos. Ao decidir que iria virar um negócio, me formalizei como MEI e segui trabalhando no crescimento da empresa”, conta a fundadora e sócia proprietária da empresa homônima, que atualmente conta com duas unidades na cidade e clientes por todo o Brasil e em outros países. “A empresa cresceu, aumentou a carta de clientes e tivemos que nos enquadrar outra vez, deixando de ser MEI. No nosso projeto de crescimento, vamos expandir o leque de produtos da marca, trazendo uma confecção de calçados e ainda queremos fornecer a linha para lojas de micro e pequenos empresários para revenda. Nós sabemos o quanto eles sofrem e queremos tentar ajudar. Queremos ter um formato para eles, pois sabemos o que esses pequenos empresários estão passando. Quero fortalecer o mercado, suprir a necessidade deles e junto expandir e aumentar a visibilidade da marca”, explica Filipe Schulz, sócio proprietário da empresa. Gabriella era uma das 11 mil pessoas que tinham o registro de MEI em São José dos Campos em 2013. E em apenas cinco anos, o número de microempreendedores individuais na cidade já chegou a 28 mil. Mas para o diretor do Sebrae


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Comparativo do crescimento do MEI

28.903 28.041

30.000 25.000

23.685

20.000

19.600 15.776 11.786

Jacareí Caçapava

7.018

5.265 2.916

São José dos Campos 2013

11.752 6.929

5.752

4.737

3.781

15.000

13.356

11.153

9.053

6.049

10.000 5.000

2014

2015

2016

2017

Amigas estavam desempregadas e se uniram para criar empresa de venda de roupas

fev/18


Abril de 2018 | 29

regional, os números de novas empresas deve continuar crescendo, porém, de forma mais lenta a partir deste ano. “Até o fim desse ano ainda teremos essa crescente de MEIs, mas a crise está mais controlada. O pior dos negativos já passou e agora entramos numa fase de recuperação. Por isso, a adesão será menor com relação aos anos anteriores, mas sempre terá crescimento porque tem gente que ainda está na informalidade e entende os benefícios do MEI ou vê a migração como oportunidade e não mais uma necessidade. E empreender por oportunidade é muito bom, pois é um serviço

ocupando uma falha que não está sendo atendida”, explica o representante regional do Sebrae. Os milhares de novos empresários da região, em pouco tempo, saíram do quadro de funcionários formais para o cargo de proprietários, mesmo com pouca experiência e conhecimento de gerência, liderança e administração. Entretanto, como muitos especialistas destacam, a necessidade transforma as pessoas e traz novas oportunidades. “A Hadassa se deu em um momento de crise, onde a gente se viu desempregada em meados de outubro de 2015. Juntas nós pensamos em uma forma de como ganhar dinheiro e a primeira ideia foi fazer o que gostávamos, onde decidimos vender roupas, pois sempre tivemos esse gosto e aproximação pela moda. Eu até pensei em ser empreendedora outras vezes, mas tinha medo de arriscar e não ter alguma

RMVale registra

98%

no número de abertura de microempresas individuais entre os anos de 2013 e 2017 certeza. Foi um risco que nasceu de um risco, pois aquele era o momento e não tínhamos nada a perder”, conta Daniela Souza, sócia proprietária da empresa de vestuário junto com a amiga de infância, Adriana Viana. Enquanto já era esperado o crescimento de microempresas nas maiores cidades da região, os menores municípios surpreenderam as expectativas com o quadro de crescimento em profissionais à frente do próprio negócio. Dessas cidades, as que

Caçapava Anos

Celebramos mais um ano de conquistas para nossa cidade, e nossa inspiração é você! Buscamos sempre avançar e desenvolver nossa cidade, para proporcionar cada vez mais qualidade de vida a todos os Caçapavenses. Organizamos as contas e conseguimos importantes avanços na saúde, educação, obras e cultura. Preparamos uma programação repleta de alegria para comemorarmos juntos os 163 anos de Caçapava. Veja a programação completa no site da prefeitura: www.cacapava.sp.gov.br

PROGRAMAÇÃO DIA 14 - DESFILE CÍVICO - MILITAR DIA 15 - MANHÃ SAÚDE - PARQUE DA MOÇOTA DIAS 13, 14 E 15 - FESTIVAL GASTRONÔMICO RURAL DIAS 14, 21 E 28 - ABRIL DIVERTIDO DIAS 11, 18 E 25 - CINE BAIRRO

PRA FRENTE COM A NOSSA GENTE.


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Novos empresários da região, em pouco tempo, saíram do quadro de funcionários formais para se tornarem proprietários

apresentaram o maior aumento de microempresários nos últimos cinco anos foram Areias, com 209 MEIs; Jambeiro, com 188; Roseira, com 394; e Santo Antônio do Pinhal, com 339. “Os fatores são muito localizados e às vezes existem situações de oportunidade do negócio que as pessoas recorrem à abertura da MEI. O que alavancou o número na maioria das cidades foram setores em que o custo de abertura e investimento inicial eram baixo e que as pessoas já tinham o know how”, diz Carmo. A RMVale registrou crescimento de

98% no número de abertura de microempresas individuais entre os anos de 2013 e 2017, passando de 45.523 para 90.158 microempreendedores individuais. Todos estes profissionais possuem registro e nomenclatura diferenciada para sua empresa por cumprirem alguns requisitos específicos, como ter um faturamento limite de R$6.750 mil ao mês e R$ 81 mil por ano e contratar no máximo um funcionário. Porém, existem algumas restrições para a formalização, como não ser permitido se tornar MEI para pensionista

15 cidades com o maior número de MEIs 3.606 CRUZEIRO

2.946 CAMPOS DO JORDÃO

4.995

3.851 GUARATINGUETÁ

PINDAMONHANGABA

1.592

6.049

1.732

LORENA

APARECIDA

TREMEMBÉ

23.903

3.239

2.851 11.752 CAÇAPAVA

TAUBATÉ

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

JACAREÍ

UBATUBA

4.072

2.931

5.071

CARAGUÁTATUBA

SÃO SEBASTIÃO

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

ILHABELA

1.925

Cidade com maior abertura de MEIs da RMVale

23.903


Abril de 2018 | 31

e servidor público federal, estrangeiro com visto provisório, sócio, administrador ou titular de outra empresa, aposentado por invalidez. E aos profissionais que recebem o seguro desemprego e o auxilio doença, ao se formalizarem perdem o direito do benefício. “Todo o processo pode ser realizado pela internet, no Portal do Empreendedor. Mas todos devem conhecer a legislação local do próprio município e Estado, que podem variar, pois cada cidade pode ter um processo diferente do alvará e ela que define a forma de avaliação e fiscalização”, orienta o gerente do Sebrae. Rodrigo ainda destacou quatro pontos cruciais para que os profissionais informais busquem a formalização e se tornem MEI: as prefeituras desburocratizando os processos, a evolução da legislação federal, pagamento de imposto único de R$ 47 a R$ 51 por mês e a profissionalização e capacitação do empresário brasileiro. “Esses fatores ajudam a criar um ambiente favorável para se formalizar, pois a pessoa sabe que vai ser rápido e prático. E o valor pago, 90% volta como benefício, porque ele está incluso diretamente na previdência social, tem direito a licença maternidade, auxílio por acidente de trabalho e ele permanece trabalhando por conta própria”, conta o gerente, que ainda fala sobre o investimento feito pela entidade nestes empresários iniciantes. “Temos vontade de ver o crescimento deles, buscando administrar melhor a empresa por meio de um aprimoramento técnico e gestão. A formalização é um item do processo, mas o MEI que não busca avançar em capacidade de gestão provavelmente não verá o desenvolvimento da própria empresa. Por isso que oferecemos diversos programas de capacitação em que se fomenta a participação no aperfeiçoamento dos produtos e serviços, como ensinando conhecimento básico de atendimento, financeiro, marketing e outros pontos de importância”, declara Carmo. 




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ESPECIAL

Divulgação

De olho na ‘fatia do voo’

Indústrias brasileiras buscam entrar no mercado global bilionário para proteger a cadeia produtiva da Embraer

Tânia Campelo SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

E

mpresas do Cluster Aeroespacial Brasileiro decidiram unir forças para proteger a cadeia produtiva da Embraer e, futuramente, penetrar num mercado global que movimenta cerca de US$ 60 bilhões ao ano. O objetivo do grupo é sensibilizar o Governo Federal sobre a importância da parceria entre a fabricante brasileira e a Boeing e garantir voz aos fornecedores nas discussões para arremate do acordo. As negociações entre a

Embraer e a gigante norte-americana foram anunciadas em dezembro do ano passado, porém nenhum detalhe sobre as propostas em discussão foi revelado até o fechamento desta edição da Metrópole Magazine. A previsão era que a proposta fosse apresentada ainda este mês ao Governo Brasileiro. A União detém ações da Embraer chamadas golden share, que permite vetar a parceria. Batizado de ‘Arena Cooperativa’, o movimento dos empresários está sendo articulado com apoio do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo)SJC, do Parque Tecnológico São José

dos Campos e do Instituto Invoz. A iniciativa reúne não apenas os 70 fornecedores da Embraer, mas todo o Cluster Aeroespacial Brasileiro, que hoje conta com 94 indústrias, grande parte com sede em São José dos Campos e região. Para Marcelo Nunes, coordenador do Cluster Aeroespacial Brasileiro, o acordo entre a Embraer e a Boeing vai ampliar a capilaridade das indústrias brasileiras dentro do mercado global aeronáutico. “Boa parte dos negócios Boeing poderiam começar a ser acessados pelas empresas do cluster. Um percentual bem pequeno desse mercado [de US$ 60 bilhões] já seria significativo. Não só no


Abril de 2018 | 35

sentido de que alguns itens podem ser fabricados no Brasil, como os próprios produtos Embraer podem ser comercializados pela Boeing. De uma forma ou de outra, eleva a produção [da cadeia produtiva]. ”, disse Nunes.

Arena Cooperativa Atualmente, o Cluster emprega mais de 5.000 trabalhadores e registra um faturamento anual de US$ 700 milhões, segundo dados da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). Dentre as 70 indústrias que estão na cadeia produtiva da Embraer, os principais são fornecedores de aeropeças, serviços de engenharia (projetos e desenvolvimento) e sistemas eletrônicos e aviônicos. Poucas atuam no mercado internacional e muitas ainda dependem apenas da fabricante brasileira e podem, a médio prazo, ser engolidas após a concretização do acordo entre Embraer e Boeing. “Não vejo risco da cadeia produtiva ser trocada por fornecedores da Boeing. Pelo contrário considero uma oportunidade para as empresas brasileiras se tornarem fornecedoras dela. Isso porque as empresas brasileiras já são certificadas como fornecedoras da Embraer. Ademais, os empresários brasileiros estão atentos para essa oportunidade”, disse o empresário Manoel Oliveira, presidente do Instituto Invoz e ex-diretor financeiro da Embraer. Segundo ele, foi a partir da análise desse cenário que os empresários decidiram lançar o movimento ‘Arena Colaborativa’, no final de março, impulsionados por dois fatores. “Primeiro os empresários ‘acordaram’ para a oportunidade de exportar, reduzindo assim a sua dependência confortável de fornecedores da Embraer. Segundo, finalmente as empresas do setor decidiram se unir para defender uma estratégia conjunta de explorar o mercado global’, disse Oliveira. Com esta empreitada, os membros do Cluster Aeroespacial reivindicam ao

governo que implemente ações visando o futuro da indústria aeroespacial brasileira. Uma das reivindicações é a garantia que, após a Boeing apresentar o formato do acordo ao governo Federal, a cadeia produtiva participe das discussões para finalização da proposta. Dessa maneira, os empresários poderiam encontrar formas para assegurar a sobrevivência e alinhavar planos para penetração no mercado global. A outra frente tem relação com carga tributária e política de fomento à indústria aeroespacial. “O Cluster não quer ‘proteção’ do Governo, quer apenas competir com semelhança de condições com os principais players do mercado, como o México, Coreia do Sul, Marrocos etc. Estamos ainda realizando uma pesquisa entre as empresas para definir as principais barreiras à exportação, no entanto, já durante o primeiro encontro, percebemos que o excesso de burocracia e os altos impostos na importação de matéria-prima é um dos entraves. Por exemplo, 50% do custo de uma peça usinada corresponde à matéria-prima”, disse Oliveira. Segundo ele, recentemente um engenheiro da cadeia produtiva visitou o Cluster da Coreia do Sul, um dos nossos principais concorrentes, e ficou impressionado com a organização e as facilidades que eles têm na importação de máquinas. “Uma das empresas visitadas informou que obtém financiamentos a taxas baixíssimas e carência de cinco anos nesses financiamentos! O resultado é um crescimento fantástico de sua indústria, uma vez que só iniciam pagar quando a produção já está a plena carga”, disse Oliveira. Marcelo Nunes ressalta que o Cluster já conta com apoio do governo, por meio da Apex e da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), mas concorda com Manoel Oliveira que serão necessárias medidas urgentes para desburocratizar, reduzir a carga tributária e fomentar a produção da cadeia produtiva. “Quando começar a atuar no mercado global, as empresas terão que adquirir


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a própria matéria-prima para fornecer para a todos os mercados. Isso, num primeiro momento, talvez seja impactante. Impactante em termos de investimentos em torno de adequação às tarifas e impostos dessa matéria-prima. De alguma forma, o governo terá de apoiar essa ação para que a gente consiga reduzir a carga tributária em cima da matéria-prima desses fornecedores”, afirmou Nunes. Segundo ele, as empresas da cadeia produtiva hoje são beneficiadas pelo drawback [suspensão ou eliminação de tributos incidentes sobre insumos importados para utilização em produto a ser exportado]. “Mas há um excesso de regras complexas e muitas empresas não conseguem acessar”, disse.

Política de Fomento Para o consultor Marcelo Vitali, diretor executivo da Orbis Desenvolvimento de Negócios e Projetos Internacionais, o movimento lançado pelo Cluster é válido. Ele acredita que a associação entre Embraer e Boeing causará um impacto positivo, mas ressalta que é preciso elaborar urgentemente uma política de fomento para o setor, a longo prazo, para garantir a sobrevivência da cadeia produtiva. Vitali destacou a qualidade do trabalho desenvolvido pelo Parque Tecnológico ao longo da última década, para qualificação e preparação das empresas brasileiras, mas ressaltou que essas ações não bastam para inserção dessas indústrias no mercado global. “O Parque tem feito um trabalho espetacular, principalmente considerando os recursos e a estrutura que tem. Mas não é possível pensar o mercado internacional de forma imediata. As empresas e o governo devem preparar uma política a longo prazo, alinhando todos os atores, definindo as linhas de financiamento, programa de fomento à pesquisa aeroespacial, entre outras iniciativas. O problema não é apenas a carga tributária. É preciso uma política industrial aeroespacial séria”, disse o consultor. Vitali lembrou ainda a política

“Os que não atingiram a meta foram excluídos da cadeia” conclui.

Governo

O Cluster não quer ‘proteção’ do governo, quer apenas competir com semelhança de condições com os principais players do mercado, como o México, Coreia do Sul e Marrocos” Manoel Oliveira, EMPRESÁRIO

agressiva adotada pela Boeing para redução dos custos, exigindo redução de até 15% nos preços de todos os fornecedores.

Procurada pela Metrópole Magazine, a ABDI informou que, desde meados de 2012, coordena e impulsiona a cadeia de fornecedores do setor aeroespacial por meio do PDCA (Programa de Desenvolvimento da Cadeia Aeroespacial), executado em parceria com a Embraer, considerada a âncora do setor. “Tendo em vista o atual cenário do setor, a ABDI aguarda as definições do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e do Ministério da Defesa (MD) para, então, formatar uma nova proposta de programa buscando atender às novas necessidades da cadeia produtiva”, informou a Agência por meio de nota. A agência informou que o PDCA fortaleceu a cadeia produtiva do setor aeroespacial, fazendo com que os fornecedores diversificassem suas atividades e portfólio de clientes, tornando-se mais globais e menos dependentes da companhia líder. Foto: Pedro Ivo Prates

Marcelo Nunes, coordenador do Cluster Aeroespacial Brasileiro



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Educação&

Fotos: Pedro Ivo Prates

Abdicação e otimização no estudo pré-vestibular

Estudantes renunciam da rotina e adquirem técnicas particulares para alcançar bons resultados nos vestibulares e superar obstáculos educacionais e profissionais

Pedro Figueiredo deixou de utilizar o celular para focar nos estudos e não pensa em comprar um novo smartphone

Marcus Alvarenga SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O

joseense Pedro Figueiredo, de 19 anos, passava a maior parte do dia com a atenção voltada para os diversos aplicativos do smartphone. Mas um acidente foi o ‘estopim’ para que o vestibulando descobrisse um desejo incondicional pela

leitura e os estudos, levando-o a ficar afastado do celular e suas tecnologias há mais de um ano. “Eu estava no Carnaval, em fevereiro de 2017, quando derrubei e quebrei o meu celular. Até pensei em comprar outro no momento, mas acabei decidindo permanecer sem, pois vi uma vantagem no estudo. No começo foi difícil, mas depois ficou ótimo e eu não pretendo voltar

a ter um telefone tão cedo. Troquei o celular pelo livro”, conta o estudante, que segue se preparando para o vestibular de Direito da USP (Universidade de São Paulo). A descoberta do interesse pelo estudo de Figueiredo é o desejo de muitos jovens que estão em busca de uma boa colocação em concursos para ingressar na universidade ou mesmo em objetivos que


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passem por uma prova que vai avaliar os conhecimentos específicos e gerais do candidato. Segundo os especialistas, mudar a rotina e tomar novas atitudes são fatores consequentes para a melhor atuação do aluno. “Todo estudante precisa fazer uma escala de prioridade, chamado de metacognição, onde cognitivamente as pessoas aprendem de forma diferente, então, cada um vai ser organizar de forma particular para alcançar seu objetivo. O caso de abrir mão do celular é um, mas temos alunos que abrem mão de academia, festas, lazer e outras atividades para poder alcançar o preparo para enfrentar a dificuldade que vai encontrar pela frente. O que a pessoa almeja deve ser proporcional à renúncia que deve fazer”, explica Rene Mansueli, professor e coordenador pedagógico. A abdicação de uma rotina para empenho total aos estudos de nada vale se a forma de aprendizado não está trazendo resultados ou assimilação do conteúdo. Por essa razão, que ao conhecermos

Giovana esclarece as próprias dúvidas ajudando os colegas

estudantes com altas pontuações no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e outras provas nos deparamos com técnicas de estudos particulares e muitas vezes diferentes, mas que foram a solução para eles. “Eu precisava de um método que fosse mais prático. Comecei a perceber que os resumos que fazia nos anos anteriores, não estavam mais atendendo a minha necessidade. Assim acabei conhecendo os ‘Flash Cards’, que me ajudaram nas revisões pré-vestibulares no fim do ano e acabei adotando essa tática. É mais prático e posso levar para qualquer lugar para estudar, seja no ônibus, viajando com a família ou na sala de recepção do médico”, conta Larissa Fabião da Fonseca, de 17 anos, que está cursando o 3º ano do Ensino Médio e busca fazer a graduação em Ciências da Computação. A técnica do ‘Flash Card’ possui diferentes variações e cada aluno pode adaptá-la para ter melhor performance no estudo. Os cards podem ser detalhados com desenhos, palavras-chave. Também


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há os que são produzidos apenas para uma rápida revisão de matéria. “Geralmente, depois do fim da aula ou da matéria da semana eu pego o caderno e vou separando os tópicos mais importantes e resumo na ficha, de forma organizada, para olhar e lembrar o que foi estudado em aula. Geralmente, quando faço uma lista de exercício ou revisão, eu busco olhar para eles e lembrar os dados extras e esclareço minhas dúvidas”, explica Larissa, que tem uma rotina movimentada por atividades extracurriculares e encontrou a técnica como melhor forma de estudo. Mas nem todos os alunos conseguem facilmente identificar o melhor método para ajudar nos estudos. “Eles têm muitos estímulos e conseguem dar conta de muitos deles ao mesmo tempo. Não é incomum vermos um menino estudando de fone de ouvido, com a página de um site aberta, um livro na mão e ao mesmo tempo no vídeo game. Mas tudo vai depender do objetivo de cada aluno. Se é para passar de ano, muitas vezes é alcançado, mas ao conhecer os níveis de vestibulares de grande concorrência e dificuldade, sabe que poucas horas de estudo por dia não são suficientes. O estudante percebe que se não alterar as ferramentas, vai colher resultados ruins, então, ele começa a desenvolver uma série de instrumentos de estudo particular. Em casa, ele começa a buscar banco de questões, organiza o quarto de uma forma diferente, muda a rotina e logística da família, se aprofunda em exercícios ou resumos e outras formas”, explica o coordenador pedagógico. Com foco no curso de Medicina da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) ou da Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto), Giovana Oliveira da Silva, de 17 anos, uniu em sua rotina de estudos diferentes técnicas que estão sendo precedentes para o propósito de todo o esforço que vai além da frase ‘aula dada é aula estudada’, utilizado por grande parte dos colégios pré-vestibulares.

Não é incomum vermos um menino estudando de fone de ouvido, com a página de um site aberta e ao mesmo tempo no vídeo game” Rene Mansueli, COORDENADOR

“Quando eu decidi por Medicina e vi aquela frase, entendi que não seria o suficiente e comecei a adotar mudanças no meu estudo. Diariamente eu leio a matéria do dia, o caderno, faço o livro de complemento da aula, exercícios e resumos, releio o meu caderno de tópicos estudados, faço

muitas questões de vestibular e também gosto de explicar a matéria para amigos para fixar o conteúdo e identificar o que ainda não aprendi. Esse é o meu sonho e eu preciso me esforçar, não bastam apenas bons resultados. Para fazer Medicina eu preciso de mais”, descreve a aluna de São José, que ainda ajuda os colegas. “Eu sempre falo para os meus amigos: ‘o que você fez no 1º e 2º ano, adiantou?’ Se não, eu oriento a começar aos poucos, ficar mais tempo na escola estudando, seja um dia e depois ir aumentando, até ir criando o hábito de estudar. Eu já tenho esse ritmo desde o 8º ano do Fundamental, quando fiz cursinho para o Colégio da Embraer, mas cada um tem o seu tempo”, conta Giovana, bolsista do IEF (Instituto Empreendedor do Futuro). A distância dos aplicativos após ter o celular quebrado também levou Pedro a aprimorar uma de suas habilidades, a leitura. O vestibulando leu mais de 40 livros em 2017 e apenas nos três primeiros meses de 2018 ele já havia finalizado a leitura de nove livros, entre contos, clássicos obrigatórios em vestibular e títulos especializados em Psicologia e Sociologia. “Eu não sei se conseguiria ficaria sem o celular caso ele não tivesse

Cartões com resumos e conteúdos de vestibular podem ser solucão para estudante com um rotina intensa


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quebrado. Eu ia com o telefone até para diversão, utilizar das redes sociais e o banheiro. A decisão de focar no esrelaxar no momento de lazer. Mas a tudo seria bem diferente. Sem querer, renúncia integral pode ser prejudicial foi uma das coisas que me ajudaram e desserviço aos objetivos do aluno, muito, minhas notas de Humanas saíram de 6 para 9, até que fechei o terceiro ano antes do fim do ano letivo. Além disso, alcancei uma pontuação de 820 na prova de Ciências Humanas no Enem 2017”, relata Figueiredo. Neste período de estudos, os jovens e adolescentes não devem ficar totalmente imersos nos livros e cadernos. O tempo livre para refrescar o pensamento e garantir experiência é essencial para um melhor desempenho. “Eu não sou partidário de que a pessoa tenha que abdicar completamente daquilo que faz. É uma questão de priorizar e estabelecer um horárioMeon para os relacionamentos sociais e - Atendimentos Univap.pdf 1 02/04/2018 15:28:23

Distância dos aplicativos após ter o celular quebrado também levou Pedro a aprimorar uma de suas habilidades, a leitura

podendo fazer até uma analogia ao vício”, destaca Rene Mansueli. Por essa razão que Pedro aderiu à rotina a ida para a academia, acompanhado do som das músicas preferidas no Ipod; que Giovana sempre busca ir à praia, ver filmes e encontrar os amigos; e Larissa optou por estudar novos idiomas e estar mais próxima da família e dos amigos. “Quando conseguimos exercitar o pensamento nos alunos que se eles tiverem bons desempenhos no 1º e 2º anos, eles mesmos vão ganhar muito no futuro. O autoconhecimento é essencial, e a partir disso, estabelecer metas e objetivos claros para a vida deles, que vai além dos estudos, é um valor de vida para formarmos um bom filho, irmão, amigo, profissional e uma boa pessoa”, conclui Rene. 


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Saúde&

Cada vez mais negligenciado, o sono é atropelado pela urgência dos afazeres e a obrigação da disponibilidade 24h

Freepik

Dormir bem: um privilégio para poucos


Abril de 2018 | 43

Beatriz Plaça e João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

“C

om um crepúsculo verde, espera-nos um bosque onde o musgo macio consola nossos pés, onde o frescor delicioso rodeia nossa testa com a paz do lar e braços envolventes. Com a cabeça pendendo para trás, com lábios abertos e olhos cerrando-se felizes, entramos na sua deliciosa sombra”. O trecho do ensaio “Doce Sono”, publicado pelo escritor alemão Thomas Mann, em 1934, descreve o deleite que é uma boa noite de sono para corpo e mente cansados dos afazeres diários. Crítico voraz da ascensão do nazismo e do regime de Hitler na Alemanha, o autor do clássico “Morte em Veneza” talvez não contasse que, mesmo décadas após a derrocada do Führer, ainda há muitas razões para perder o sono em nossa vida contemporânea. São tantos esses motivos que os transtornos do sono já atingem uma em cada três pessoas nas grandes cidades. Deitar à noite e aproveitar um sono revigorante é privilégio para poucos em tempos em que as tarefas se multiplicam e que o modus operandi exige estar disponível o máximo possível por meio das redes sociais. A evolução nas relações pessoais cobra a conta: doenças em franca ascensão, como a depressão, síndrome do pânico, obesidade e estresse estão relacionadas com a pouca importância que se dá ao descanso. Dormir é uma das atividades mais importantes para a saúde que exercemos durante o dia. No sono de qualidade, os batimentos se tornam mais lentos, a pressão sanguínea cai, mas o cérebro não para e trabalha tranquilo em questões como a construção da memória, deletando o que não interessa. O cérebro também inibe certos hormônios e produz outros, como o IGH, hormônio

do crescimento que, nos adultos, atuam na renovação tecidual. O sono é separado em ciclos. De modo geral, é dividido em NREM (Sem Movimento Rápido dos Olhos) e o REM (Movimento Rápido dos Olhos). O primeiro deles representa cerca de 75% do tempo que dormimos. Ele também é dividido em estágios. No primeiro é quando é liberada a melatonina, hormônio do sono. Depois disso, no estágio dois, os batimentos caem e os músculos relaxam. Já no estágio três o sono é mais profundo e a respiração se mantem leve e lenta. O estágio quatro é semelhante

Lugares expostos à luz, como computador, televisão e celular, bloqueiam a produção de melatonina. Isso representa sono mais conturbado” Dinália Nascif, ESPECIALISTA EM DOENÇAS DO SONO

ao três, mas com sono ainda mais profundo. O sono REM é aquele de atividade cerebral mais alta. É quando ocorrem os sonhos. Trata-se do sono

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Dicas para dormir bem

Não consumir alimentos pesados antes de dormir, pois prejudica a qualidade do sono

Estabeleça um horário para dormir, isso é importante para ter um sono revigorante

Evite o uso de aparelhos eletrônicos à noite

restaurador. Ele corresponde a cerca de 25% do tempo em que dormimos. Nesta fase também são liberados hormônios sexuais, entre tantos outros. Na teoria, o ciclo funciona perfeitamente, garantindo um despertar com mais disposição e saúde. Na prática, entretanto, há diversos ‘vilões’ do sono de qualidade. Televisão, computador, alimentos estimulantes, cigarro e celular inibem a qualidade do sono, causando, a médio e longo prazo problemas graves de saúde. “Como normalmente ficamos muito em lugares expostos à luz, como computador, televisão e celular, aí ocorre um bloqueio da produção de melatonina. Isso representa um sono mais conturbado e, a medida que isso vai se repetindo, o problema leva à privação do sono no final

das contas”, afirma a pneumologista e especialista em doenças do sono, Dinália Nascif. Uma das questões mais importantes

Estímulos que inibem a qualidade do sono podem causar problemas graves de saúde para entender e respeitar o ciclo do sono é entender que, diferente de uma máquina que desliga ao apertar de um

botão, o corpo precisa de um tempo para ir se desligando dos afazeres diários e, aos poucos, caindo no sono. Mas quem consegue desacelerar quando se há tanto para resolver? O celular, por exemplo, é item que, via de regra, vai para a cama conosco e nos mantém conectados àquele e-mail que chegou da diretora, às mensagens do grupo da família no Whatsapp, ou uma discussão irresistível no Facebook. E sabe aquela impressão de cair na cama como uma pedra e dormir no ato? Pois, de acordo com médica, essa não é, necessariamente, a ideia de uma noite revigorante. Isso porque o sono é uma iguaria a ser degustada lentamente. E, neste contexto, o adormecer é praticamente tão importante quanto o sono profundo. Portanto, para chegar lá, é preciso dar um tempinho para que nossa máquina esfrie, entre no clima para, enfim,


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cair nos braços de Morfeu. Uma série de hábitos simples é capaz de dar ao corpo o descanso que ele merece. A esses hábitos dá-se o nome de ‘higiene do sono’. “É o conjunto de afazeres que, somados, proporcionam um sono de qualidade. Começam com a alimentação adequada. Também é importante tentar estabelecer um horário para dormir, não ficar na cama se não for para dormir, deixar para antes ou depois do sono as preocupações com o dia seguinte e desligar os aparelhos eletrônicos na cama. É uma questão de hábito”, conta.

Trocando o dia pela noite A corrida constante contra o tempo faz com que nosso relógio biológico pare de agir por sua natureza – em alerta durante o dia e descansando e recuperando o vigor durante a noite – e se adeque aos novos horários impostos, em razão de trabalho e estudo. Além dos atrativos tecnológicos, que pioram a qualidade do sono, o horário de trabalho algumas vezes é o principal obstáculo para um período de sono revigorante. Um porteiro, por exemplo, que trabalha de noite e dorme de dia, necessita de atenção redobrada. A mudança drástica no relógio biológico é um perigo para corpo e mente. No caso de Celso Rodrigues, porteiro em um condomínio no Jardim Aquarius, zona oeste de São José, as 8 horas de sono diárias são fundamentais para suportar a inversão de horário, realidade que, em seu caso, já dura cinco anos. “Faço essa rotina umas três vezes na semana. O dia a dia me acostumou assim. Quando comecei a trabalhar à noite foi bem difícil, principalmente nos três primeiros meses. Não estava acostumado a dormir durante o dia e a rua em que eu morava era bem barulhenta. Mas hoje o sono já esta normal, parece que meu corpo se acostumou, embora ainda existam algumas dificuldades”, finaliza Celso. Por mais que o descanso seja


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recompensado durante o dia, o sono diurno não tem os mesmos benefícios do noturno, e independente da profissão o ideal sempre são as 8h de sono durante a noite. “O ser humano é de hábito diurno e sono noturno, com a correria do dia a dia, as pessoas tentam inverter isso, mas o metabolismo não pode ser invertido. Existem hormônios, como o TSH (tireóide), que são produzidos só durante uma noite bem dormida”, explica a doutora.

Conflito de gerações Tecnologia, novas relações trabalhistas e familiares fazem com que a atual geração durma consideravelmente pior do que a geração anterior. De acordo com a médica, hoje

dorme-se duas horas a menos do que há algumas décadas. Essa realidade se reflete no cotidiano de Dinália. A procura dos pacientes cresceu nos últimos dois anos. Na maioria das vezes, os problemas são parecidos: sono de má qualidade durante a noite e sonolência de dia. “Na nossa geração já ficou meio que estabelecido que seis horas de sono está bom. Se você dorme menos do que a necessidade, você está fadado a ter muito mais problemas de saúde que vão se desencadeando a longo prazo, pessoas que têm insônia têm quatro vezes mais chance de desencadear a depressão , obesidade , questão de ansiedade... Vira um ciclo vicioso”, afirma. Parte deste problema, entretanto,

está ligado à falta de conexão entre o ritmo biológico e o ritmo exigido no trabalho ou estudo. Isso porque cada indivíduo possui seu próprio horário de produtividade. Querer dormir até mais tarde, para a médica, nem sempre significa preguiça de ir trabalhar ou de frequentar a escola. “Tem uma parcela das pessoas que possue o que chamamos de avanço de fase: eles dormem cedo e acordam cedo. E tem aquela outra turma que dorme tarde e precisa acordar mais tarde. Isso causa um grande sofrimento. Muitas vezes a pessoa é tachada de preguiçosa, mas só tem um ritmo um pouco diferente. O ideal seria que escolas e trabalhos respeitassem o relógio biológico de cada um”, conclui. 


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Ar, mar

Em Caraguá tem passeio para todos os gostos

P

oucos são os turistas que conhecem as mil maravilhas que a cidade de Caraguatatuba tem para oferecer. Passeios de escunas ao redor das ilhas, voos panorâmicos de asa delta, direto do Morro do Macaco, e trilhas ecológicas que apresentam a beleza rústica da Serra do Mar. Veja nosso roteiro especial.

Terra

Caraguatatuba tem trilhas que ressaltam a beleza da mata virgem da Serra do Mar. Trilha do Poção no Parque Estadual da Serra do Mar – Cruzar rios e corredeiras é parte da aventura proporcionada a quem percorre a Trilha do Poção disposto a desfrutar

a paisagem ou banhar-se na cachoeira de mesmo nome. A trilha, de nível de dificuldade médio, tem 3,5 km (ida e volta) e leva aproximadamente quatro horas para ser concluída, onde os visitantes podem tomar banho. Durante o percurso é possível avistar vários animais e árvores como jequitibás, figueiras-brancas e canelas. Trilha dos Tropeiros no Parque Estadual da Serra do Mar – Tem cerca de 8 km de extensão e grau de dificuldade alto. A trilha refaz um caminho histórico, trajeto que foi muito utilizado pelas tropas de muares durante os ciclos do café, açúcar, do ouro e também como rota clandestina para tráfico

de escravos. Ao longo do percurso é possível encontrar vestígios dessa época, como muros de pedras do século XIX, feitos para segurar as encostas, e fornos para produção de carvão. Outros atrativos que podem ser contemplados durante o percurso são as belezas naturais, como jequitibás com mais de 300 anos, corredeiras e a possibilidade de observar avifauna de espécies raras. Trilha do Jequitibá no Parque Estadual da Serra do Mar – Com pouco mais de 1 km é fácil de ser percorrida, tem grau de dificuldade baixo. Caminhadas pelo interior da floresta e refrescantes banhos em piscinas naturais de águas cristalinas são alguns dos atrativos das Trilhas do Jequitibá. Ao percorrê-la, o visitante irá observar pássaros e encontrar muitas espécies de árvores como guapuruvus e jequitibás centenários.


Ar

Voo panorâmico - No Morro de Santo Antônio, uma rampa a 340 metros de altitude atrai adeptos do voo livre com asa delta ou parapente. O local oferece uma vista privilegiada da enseada de Caraguatatuba, São Sebastião, Ilhabela e do Oceano Atlântico. O acesso ao Morro é feito pela Estrada da Serraria, no bairro Sumaré e limitado a 18 veículos por vez (com permanência de 15 minutos). Por isso, muitos visitantes preferem deixar os carros ao longo da rodovia e sobem a pé até o topo do morro. Ao todo são 7 as empresas que oferecem esse tipo de serviço, todas com certificado de segurança e avaliações da Prefeitura Municipal.

Mar

Visite as ilhas Cocanha e Tamanduá. O passeio oferece sempre o contato com uma paisagem exótica.

A Ilha do Tamanduá é a maior do município de Caraguatatuba e seu acesso é feito por barco desde as praias de Tabatinga, Cocanha, Mococa e Massaguaçu. O local é repleto de belezas naturais e é ideal para a prática de pesca esportiva. Parcéis e rochas submersas reúnem grande variedade de fauna marinha e completam o ambiente, perfeito para o mergulho livre. Mas o visitante deve se preparar. Não há nenhuma infraestrutura no local. É importante levar sacos plásticos para carregar de volta todo lixo produzido durante o passeio. Afinal, proteger este paraíso natural é obrigação de todos os visitantes. Durante a temporada são realizados passeios de escuna, barco ou moto aquática e o aluguel desses aparelhos pode ser feito nas praias de Tabatinga, Mococa, Massaguaçu e Martin de Sá.

Divulgação

e terra

Já a Ilha da Cocanha é uma pequena porção de terra que fica bem em frente à praia da Cocanha e tem entre seus atrativos a exuberância da Mata Atlântica e a rica fauna marinha que a circunda, ótimo local para prática do mergulho livre. No ilhote o visitante pode optar por fazer uma caminhada leve e visitar o antigo casarão que existe ali ou apenas mergulhar. Como mantém sua cobertura de floresta nativa, a pequena ilha recebe a visita de pássaros típicos da região, como bem-te-vi, gaviões, tié sangue, entre outros. Barcos que ficam na Cocanha fazem a travessia para o local. É só procurar o rancho dos pescadores que fica na praia. Mais informações podem ser obtidas ali. O local também é conhecido pela tradicional travessia de nadadores da chamada Prova Natatória Ilha da Cocanha, que tem 1.200 metros de extensão e reúne nadadores de várias partes do país. 


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Campos do Jordão em A

1.630 metros de altitude, incrustada na Serra da Mantiqueira, Campos do Jordão ganha um colorido único durante o outono. Os tons avermelhados dos seus plátanos colorem a cidade criando um cenário que não se encontra em outra cidade paulista. A beleza dessa paisagem e o clima temperado, associado aos preços mais acessíveis em hotéis e restaurantes, são um convite para visitar a cidade durante a estação. No final de abril, apesar do sol ainda demonstrar sua força, ventos mais frios começam a atingir a cidade, garantindo temperaturas mais amenas durante o dia. À noite, porém, o frio garante o prazer de sentar-se ao lado de uma lareira com uma boa taça de vinho ou de saborear deliciosos fondues. O movimento turístico em Campos ganha força após o

feriado de Corpus Christi, que este ano será celebrado no dia 31 de maio. O ápice acontece em julho, quando ocorre o tradicional Festival de Inverno. No ano passado, a cidade bateu recorde de visitantes durante a temporada: mais de 800 mil turistas passaram por Campos do Jordão em julho. O número é o dobro da média mensal registrada durante o outono. De acordo com a Prefeitura de Campos do Jordão, entre abril e junho deste ano cerca de 1,2 milhão de turistas devem visitar a cidade. A rede hoteleira até registra uma boa taxa de ocupação aos finais de semana de outono, mas nos dias úteis o movimento é baixo. Para tentar atrair maior fluxo de turistas no outono, principalmente nos meses de abril e maio, o Comtur

(Conselho Municipal de Turismo) e empresários do setor de turismo estão unindo esforços para divulgar os potenciais e vantagens atrativos da cidade neste período. “Eu, particularmente, considero o outono a melhor estação para passear em Campos do Jordão. A temperatura durante o dia é amena, é possível andar pelos pontos turísticos sem aquele frio severo, sem tantos casacos. E quando começa a anoitecer as temperaturas caem, permitindo que o turista curta a cidade como no inverno, até mesmo ao lado de uma lareira”, disse Pedro Luiz Nathan, presidente da Asstur (Associação de Hotéis e Pousadas) . A empresária Karine Iglesias, sócia da Pousada Chateu Colinas, instalada no Alto do Capivari, afirma que os turistas que visitam Campos do Jordão no


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qualquer estação outono sempre ficam satisfeitos com o passeio. “Nossos hóspedes costumam destacar que a cidade neste período é mais tranquila, não tem tanto barulho nos restaurantes, no comércio e nas ruas, além da beleza da vegetação. Todos gostam muito”, disse Karine. No outono, Campos tem como principal atração em seu calendário a Festa do Pinhão, que está em sua 57ª edição este ano, que vai de 20 de abril a 1º de maio. O evento acontece na Praça do Capivari, com shows, atividades culturais e tendas gastronômicas, todas com pratos que utilizam pinhão na receita. Durante a festa, realizada pela Associação Comercial e Empresarial de Campos do Jordão, haverá um concurso para premiar o maior pinhão da estação e um dia voltado apenas ao rock e outro à moda de viola tradicional.

Cenários Cinematográficos Os amantes da fotografia e aqueles que adoram postar fotos de paisagens nas redes sociais encontram cenários únicos em Campos do Jordão. As opções são muitas e vão dos trens da EFCJ (Estrada de Ferro Campos do Jordão) às alamedas cobertas de plátanos avermelhados, dos pratos bem elaborados às fábricas de chocolates, além de mirantes que possibilitam registrar uma alvorada ou um pôr-do-sol diferente a cada dia. Para as fotos do nascer e do pôr do sol algumas paradas são praticamente obrigatórias. O Pico do Itapeva, que oficialmente está localizado no município de Pindamonhangaba, mas informalmente é considerado um patrimônio turístico de Campos, é um desses locais. A 2.035 metros de altitude e distante 14 quilômetros do centro do Capivari,

o Itapeva é o quinto pico mais alto do Brasil. No ano passado, o local ganhou um parque que conta com lavandário e outros atrativos. Do alto do topo do Pico do Itapeva é possível ter uma visão panorâmica de boa parte do Vale do Paraíba --só para ter uma ideia, a vista vai da ponta da região leste de São José dos Campos até Guaratinguetá. Quando a visibilidade está boa, é possível até enxergar a Basílica de Aparecida. Outros dois picos devem ser incluídos na agenda dos amantes de belas paisagens --o Imbiri e o Diamante que também podem render muitos ‘cartões postais’. E curtir tudo isso sem o peso dos casacos indispensáveis no inverno rigoroso de Campos, reforça que outono é a melhor estação para visitar a charmosa ‘Suíça Brasileira’. 


A

Bananal: cultura

ventureiros, românticos, apaixonados pela natureza e aficcionados em história. Qualquer que seja o perfil do turista ou a época do ano, o município de Bananal não decepciona. Cercada pela Mata Atlântica, entre as serras da Mantiqueira e Bocaina, a cidade conta com piscinas naturais de águas claras e fundo de areia branca e picos ideais para prática de voos livres e de rapel. Suas dezenas de cachoeiras, como a do Bracuí e a Sete Quedas, também são um convite aos praticantes de ecoturismo. O município abriga a Estação Ecológica de Bananal, com 884 hectares, que tem como principal objetivo inicial a proteção dos remanescentes de Mata Atlântica do Estado de São Paulo e da Serra da Bocaina, servindo como área de pesquisa para diferentes profissionais e estudantes da área de meio ambiente.

Um passeio pelo passado Quem chega a Bananal volta no tempo, entrando no mundo das “Cidades Mortas” evocadas por Monteiro Lobato. O conjunto arquitetônico colonial do município é preservado pelo Condephaat. Diversos dos imóveis típicos da chamada “Arquitetura do Café”, do século XIX, ficam na Praça da Matriz (Praça Pedro Ramos), como a casa de dona Laurinha , o Hotel Brasil e a bela Igreja Matriz. Nessa praça, um chafariz e um antigo coreto, do início do século XX, reforçam o ar provinciano de Bananal e atraem turistas para fotos. Certas fazendas históricas antes habitadas pelos barões do café estão em lamentável estado, enquanto outras, bem conservadas, foram transformadas em hotéis. Se você considerar que no valor das diárias estão incluídas refeições, verá que os preços são razoáveis pelo conforto que oferecem. Os hóspedes são alojados na própria sede da fazenda ou em chalés vizinhos. As opções de lazer são variadas, de banhos

de piscina ou de cachoeira a caminhadas e passeios a cavalo. Você pode sentar-se na varanda e saborear um café, vendo a tarde cair, como faziam os barões nos tempos do Império. Outro exemplo de riqueza histórica de Bananal é a farmácia mais antiga em funcionamento no país. Fundada em 1830 por um farmacêutico francês, é cuidadosamente preservada, com piso de mosaicos franceses, balcões em pinho de riga, antigos frascos, caixa registradora do tempo do onça, balanças de precisão e outros aparelhos utilizados na preparação de remédios, móveis e compêndios de medicina, a maior parte em francês. Bananal é rica em artesanatos em cerâmica e madeira, mas sua maior especialidade é o crochê. A cidade fica a 160 km do Rio de Janeiro e a 310 km de São Paulo. Para chegar até o município, uma sugestão é ir pela via Dutra até Barra Mansa (RJ) e pegar a saída para Bananal. Por este caminho, a estrada apresenta boas condições.


Solar Aguiar Valim Construído no século XIX por volta de 1860 é um dos prédios mais importantes do município. O Solar Aguiar Valim evidencia o período do café.

Igreja da Matriz Construída em 1811, sua arquitetura é caracterizada pela simplicidade da fachada. Dedicada ao Senhor Bom Jesus do Livramento. Destaca-se na praça Monsenhor Cid França Santos.

Estação Ferroviária Importada da Bélgica pelos Barões do Café, é a única no gênero nas Américas, construída em sua totalidade em placas de metais almofadadas foi inaugurada em 1º de janeiro de 1889.

Santa Casa de Misericórdia Construção de 1851 e de relevante interesse arquitetônico, possui nítidas características neoclássicas, como fachada em “U”, pátio interno e janelas em arco pleno.

Igreja Nossa Senhora do Rosário De planta retangular e arquitetura simples, esta igreja tem data de construção incerta, sendo citada em documentos de meados do século XIX. Era utilizada para a celebração de missas para os escravos. Localizada na Praça Rubião Júnior, no Centro Histórico.

Serra da Bocaina Com vales, montanhas, rios e cachoeiras, a Serra da Bocaina tem pontos que chegam a 2.000 metros de altitude, ostenta um cenário de rara beleza, que pode ser admirado através de vários mirantes. A Serra da Bocaina guarda uma infinidade de cachoeiras, muitas ainda desconhecida de boa parte da população, algumas dessas cachoeiras não estão geograficamente dentro do município mas é através de nossas estradas que se tem acesso a estas preciosidades da natureza.

Estação Ecológica de Bananal A Estação Ecológica é uma das mais importantes unidades de conservação do Estado de São Paulo, possui 884 hectares de f loresta atlântica com inúmeras espécies de fauna e f lora, algumas dessas encontradas somente aqui. A EEB abriga ainda a Cachoeiras 7 quedas, uma das mais visitadas do município.

Pedra do Frade Embora localizada no município vizinho de Angra dos Reis esse paraíso para os amantes do trekking tem o início da caminhada por Bananal, o percurso dura aproximadamente 8 horas e é de extrema dificuldade exigindo o acompanhamento de guias da região. O pico registra altitude de 1750 e proporciona uma vista sem igual das florestas da Serra da Bocaina e da Bahia de Angra dos Reis. 

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e turismo radical


Lazer pra você e par

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e que adianta férias sem reunir a família? E se você é daqueles que tem entre os entes queridos um ser de quatro patas que não larga por nada, a solução é procurar por hospedagens que aceite seu cão. Em São José dos Campos o hotel Ibis oferece além de hospedagem, cuidados especiais. Cama, espaço higienizado e claro, o conforto de estar sempre junto ao tutor. “Aqui temos toda a preocupação que o pet merece. Há regras a serem seguidas mas, há muita dedicação por parte de toda a equipe. O objetivo é fazer com que os hóspedes sintam-se a vontade para

curtir o momento sem preocupação”, afirma o gerente geral Rodrigo Chediek.

Confira dicas para preparar a mala de viagem do seu dog: Não esqueça de levar todo o kit de higiene do seu cachorro como tapetes higiênicos e saquinhos para recolher a sujeira. · Verifique se a carteirinha de vacinação está em dia e não se esqueça de levá-la. Sua apresentação é obrigatória no ato do check-in. · Se julgar necessário, leve um brinquedo ou uma caminha para que o seu cão fique mais confortável no quarto do hotel. ·

Viaje com seu cão o Ibis é Pet Friendly! O Hotel é Pet Friendly, ou seja, os clientes podem hospedar-se juntos com seus pets, desde que esses tenham até 15 quilos. Necessário apresentar a carteira de vacinação na chegada. O hotel oferece pelo custo de R$ 60 o Kit Pet, composto por uma Sweet Pet(cama), comedouro e tapete higiênico. · Bar 24 horas · Fliperama no lobby · Contrato 15 minutos – resolução de problemas dentro de 15 minutos ou o serviço não é cobrado.


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Cultura&

Os dons que preservam a cultura Moradores da região dedicam talento e inspiração para o resgate e a continuidade da cultura local

Tadeu Gomes

Otávio Baldim JACAREÍ

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or trás dos óculos, o olhar minimalista de um devoto da santa arte. O talento foi dádiva divina, talvez, obra do destino. Ele leva nas mãos a vocação de preservar a cultura que cresceu admirando. Contar a religiosidade dos moradores mais antigos da redondeza foi a forma que o ceramista Magela Borbagatto, de Jacareí, encontrou para retribuir a inspiração que recebeu. O autodidata moldou a própria história e outras tantas que conheceu ao logo do tempo, como a mais famosa delas, o nascimento de Cristo. Os presépios são suas obras preferidas. Considerado especialista num estilo de imagens sacras batizado de “Paulistinhas”, datado do final do século 18 e herdado dos portugueses, como quase tudo naquela época, ele retrata a devoção. São peças rústicas, com poucos detalhes, modeladas na argila, queimadas à lenha, a 800 °C, com acabamento sem muitos ornamentos, cores sóbrias e ocas por dentro, essencialmente simples. Sagradas esculturas feitas com capricho enquanto o artista aprecia uma prosa. “Essa simplicidade marcante dos traços presente nas peças que representam os mais diferentes santos remete às características da cultura caipira, algo intimamente ligado as nossas raízes, a nossa identidade local. Eles se contentam em ser apenas um santinho simples, legítimo e verdadeiro, de poucas palavras, mas presente junto ao público devotado”, diz Borbagatto.

Magela Borbagatto, artista plástico e mestre em cultura popular



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Os santinhos eram a proteção que os mais pobres recorriam em busca da intercessão nos apuros. Sem condições de comprar as requintadas peças importadas de Portugal ou as luxuosas imagens feitas no nordeste e em Minas Gerais, obras primas do Barroco, os moradores da região preenchiam os oratórios de madeira com as “Paulistinhas”. E graças a elas, o barro ganhou a forma da fé. O ofício entrou em extinção e poucas mãos estão habilitadas para continuar essa missão que leva alma do povo vale paraibano. Borbagatto tenta criar uma nova geração de santeiros que possa levar adiante o legado deixado por ele e por um pequeno grupo remanescente de artistas que ainda se dedica a produção artesanal das peças na região. Ele decidiu ir para a sala de aula ensinar a bendita arte da devoção. “Precisamos incentivar essa criançada a manter essa tradição que descreve partes importantes do nosso passado e mostrar para eles que existe um mundo que pode ser contado e transformado com as nossas mãos”, acredita. O artista plástico Fábio Scarenzi mora no distrito de Quiririm, reduto dos descendentes de italianos, como a família dele. Um lugarzinho agradável e charmoso que só construído aos pés da Serra da Otávio Baldin

Fábio Scarenzi, artista plástico de Taubaté

Poucas mãos estão habilitadas para continuar essa missão que leva a alma do povo valeparaibano Mantiqueira, com lindas floreiras no caminho e ruas cercadas de casas coloridas. Com lápis de cor e tinta, ele pinta o que as palavras contam e retrata as obras do mestre Monteiro Lobato, que conheceu ainda menino. Os livros da boneca que falava pelos cotovelos acompanharam a infância do ilustrador, que cresceu encantado com o que leu. E o dom de desenhar que recebeu

do universo, dedica ao criador do fantasioso mundo do “Sítio do Picapau Amarelo”. Ele coleciona um extenso acervo com mais de 100 obras delicadamente pintadas à mão, todas com a temática lobateana. Com uma sensibilidade ímpar e incrivelmente admirável, ele proporciona, numa única ilustração, a leitura de um livro inteiro, tamanha a fidelidade com as histórias do escritor que reverencia, revelando uma capacidade rara de interpretar uma arte com outra. Parece que Fábio pediu licença para entrar na mente de Monteiro Lobato e ao sair de lá desenhou o que viu e sentiu, ressuscitando a alma do artista. “Eu acho que por meio dos meus desenhos eu crio mais um meio para eternizar as obras de Monteiro Lobato, que merecem ser imortalizadas, principalmente, pela característica atemporal que se encaixa a qualquer época, sempre atual. Personagens criados anos atrás ainda encantam, mesmo competindo com a tecnologia. Quando uma criança visita uma exposição que eu participo e depois de ver as minhas ilustrações pede para os pais o livro das histórias que ela conheceu, o objetivo mais nobre do meu trabalho foi alcançado: estimular a leitura e conquistar novos leitores para Lobato”, diz Scarenzi.



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Pausa para a eternidade O olhar apurado espera pacientemente o encaixe das cenas. O momento certo para criar uma composição extraordinária e emoldurar o tempo numa foto cabe em fração de segundos. Generosa, a arte da fotografia registra o que os olhos do artista testemunham atrás da câmera. Os álbuns da família guardam os primeiros registros. Com a máquina fotográfica empunhada, aos 7 anos, ele disparava os flashes nos eventos que reuniam os parentes. O menino cresceu e o talento estava predestinado ao futuro dele. Poucos compartilham da sensibilidade do repórter fotográfico Gustavo Chicarino, de Cruzeiro, um artista que retrata a realidade. “Eu encaro a fotografia como uma dádiva, um dom que estabelece um diálogo sincero com a luz e eterniza instantes decisivos. E, acredite, uma fotografia nunca mente”, define. Pelas bandas do interior, os sobreviventes de importantes manifestações culturais ainda resistem. E arte continua, mesmo enfraquecida pela Gustavo Chicarino

Gustavo Chicarino, fotógrafo de Cruzeiro

Eu acho que por meio dos meus desenhos eu crio mais um meio para eternizar as obras de Monteiro Lobato” Fábio Scarenzi, ARTISTA PLÁSTICO

falta de herdeiros dispostos a prosseguir com o legado cantado pelos antepassados. Gustavo achou que seria injusto privar as próximas gerações de um relato mais fiel a realidade dos personagens precursores dessas tradições. Ele decidiu livrar o futuro do arrependimento de guardar essas histórias apenas nas lembranças e começou um trabalho para documentar os festejos de São Luiz do Paraitinga, o cotidiano do tropeiro e o retrato da simplicidade de um povo marcado pelo trabalho e pela religiosidade. “Eu acredito que a gente tem a responsabilidade de contar a nossa história, de resgatar a nossa cultura e apresentar para as pessoas esses costumes com um olhar que encante. Com o avanço da tecnologia, estamos perdendo as nossas tradições e corremos um sério risco com isso”, defende o fotógrafo.

O artista das montanhas O ateliê, encravado nas montanhas da Serra da Mantiqueira, conta

com um repertório único durante o expediente, a cantoria dos passarinhos compõe a trilha sonora daqui, escolhida a dedo pela natureza. E eles nem se incomodam com o raro barulho causado durante a produção das peças, feitas pelas mãos do artista plástico Eduardo Miguel, que prefere um acabamento completamente manual. Ele vive na simpática Santo Antônio do Pinhal, charmosa e muito menos badalada que a vizinha Campos do Jordão, os moradores escolhem a cidadezinha pela calmaria que ela oferece. Eduardo exerce um ofício que nasceu intuitivo, cria peças a partir do reaproveitamento de madeira. E nada escapa do olhar deste artista. “Eu, mesmo sem formação ou qualquer experiência anterior, mas sempre muito observador, fui aos poucos, por tentativas, erros e acertos, desenvolvendo algumas técnicas e leitura de um trabalho que hoje é chamado de: autoral. Sem pregos ou parafusos, ele é feito com encaixes, cavilhas e travamentos aproveitando a própria forma curva dos galhos. E tudo é feito com respeito aos detalhes, nada de química, só lixa e a legítima goma laca indiana aplicada como acabamento final”, explica Miguel. Criações do artista, que recriam utilidades para resíduos descartados, decoram sofisticados restaurantes, casas luxuosas, com reconhecimento, inclusive, em premiações nacionais e internacionais. São obras inspiradas nas belezas da Mantiqueira que gentilmente nasceram a partir da genialidade de um mestre que aprendeu fazendo. “O fato principal desse trabalho é conduzir a um profundo processo de reflexão entre um conceito de rever o que é o lixo ou o que de fato tem ou não valor. O que podemos ou aonde podemos chegar com tudo que procuramos olhar com boa vontade e criatividade”, provoca. 


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DE SEGUNDA A SÁBADO DAS 17H ÀS 22H30


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Comportamento&

Foto: Pedro Ivo Prates

Pochetes: a volta da praticidade

Acessório volta à moda e tem aumento de 30% nas vendas neste ano.

Beatriz Plaça SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

moda se reinventa a todo instante e toda estação sempre apresenta novas tendências. Além de se reinventar, ela traz para os dias atuais estilos que marcaram história. As pochetes fazem parte desta longa história. Segundo um artigo publicado no site de moda Fashion Bubles, o item surgiu há muito mais tempo do que se imagina. No século XI as pochetes se encontravam

em forma de bolsas penduradas nos cintos, usadas por homens e mulheres para carregar apetrechos distintos. No século XII, as ‘pockets’ começaram a se modernizar, sendo apresentadas de forma mais elaborada. Já em meados do século XVII o acessório teria sido notado e conquistado seu valor no mundo fashionista. O Item começou a ser utilizado para compor looks nos anos 1980 e 1990. Após a má aceitação das pessoas, a bolsinha presa na cintura começou a ser tachada como um apetrecho

cafona e “brega”, sendo removida da lista de tendências. Sua primeira aparição neste retorno ao Brasil foi no desfile de inverno do São Paulo Fashion Week de 2016. O acessório apareceu no modelo piton de Helô Rocha e logo após foi dando as caras novamente e ganhando visibilidade por marcas americanas famosas como Chanel, onde o item apareceu no desfile do verão de alta-costura da marca em 2016, além de ganharem destaque no formato de mini-mochilas pelo francês Alexes



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Mabille, também no verão de 2016. No verão de ano passado, a pochete brilhou um pouco mais. A marca Empório Armani teria transformado o item em uma “mochileira” feita de couro. O estilista Alessandro Dell’Acqua misturou bordados e rendas com o item apresentado em versões esportivas. Neste ano não tem sido diferente. As pochetes estão ganhando cada vez mais espaço e, desta vez, estão sendo destaque no verão de 2018. As queridinhas do momento reinaram nas passarelas por várias marcas famosas como Marc Jacobs, que apresentou uma coleção de looks repleta de cores vibrantes no desfile da marca em Nova York, com o item sendo usado de formas ousadas em volta da cintura, marcando a presença de cores diversificadas e chamativas. Uma outra marca que aderiu a tendência no desfile de verão deste ano foi Fanty x Puma que levou para as passarelas de Nova York looks esportivos com o acessório em tamanho grande com diversos compartimentos, usado na cintura e na transversal. Com o sucesso nas passarelas de todo mundo, o acessório ganhou, novamente, espaço e valor na moda e na inovação, passando a possuir um design diferente do modelo bruto dos anos 1980 e 1990. Agora, o acessório tem personalidade diferente, cores chamativas, muito glitter, tamanhos e formatos distintos, além de cores vibrantes. “As pessoas buscam praticidade no dia a dia e a pochete voltou com esse intuito de ser prática e confortável. Ela foi se reinventando aos poucos e hoje é um porta acessórios mais sofisticado”, diz Èllder Anunciato, consultor de moda em São José dos Campos, que enxerga a pochete como um item da moda que teve o seu retorno, mas não durará muito. Segundo o consultor, nos anos

A pochete voltou com esse intuito de ser prática e confortável. Ela foi se reinventando aos poucos e hoje é um porta acessórios mais sofisticado” Èllder Anunciato, ONSULTOR DE MODA

1980 as grandes marcas como Gucci e Prada não fabricavam a pochete, sendo um item totalmente masculino e desinteressante por ser grosseiro. Nesta volta, o acessório chegou sendo ícone chamativo nas passarelas, passando de um item masculino para feminino e delicado. “Com certeza o acessório teve evolução. A pochete é utilizada como acessório pelos formadores de opinião. Um acessório , que na década de 1980 grandes marcas não fabricavam e agora ela vem como acessório de luxo, são mais delicadas. Antes eram mais grosseiras e era um item estritamente masculino. Nos anos 1980 as mulheres mostraram força por meio das pochetes e agora veio renovada, com aplicações de franja e paetês, se tornando um item estritamente



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feminino” explica Anunciato. “O modo de usar o acessório também é muito discutido. A pochete foi criada para ser usada na cintura. Com sua volta surgiram inovações de como usar. Há novos modelos para usar na transversal do corpo e também como se fosse uma bolsa de ombro”, afirma Guilherme Oliveira, estudante de Design de Moda na Universidade do Vale do Paraíba. Ele confirma que a tendência é usar o acessório na transversal, como já apareceu em vários desfiles no verão de 2018. “Prefiro usar na transversal, pois ela foi feita para usar na cintura. Esse é um modo de usar lá dos anos 1980 e 1990 e agora a tendência é usar mais como uma bolsa, um acessório para aparecer cada vez mais no look”, concluí o estudante. O crescimento das vendas também é outro fator que comprova todo esse sucesso. Na RMVale uma das lojas do setor apresenta um crescimento de 30% em cima da venda das pochetes neste mês de fevereiro de 2018. A procura foi tanta que a empresa criou modelos novos e diferentes de acordo com o que o público fashionista está aderindo, com itens coloridos, glitter e aplicações diferenciadas para suprir a busca pelo produto. O consultor de Moda Éllder Anunciato dá algumas dicas de como usar o acessório e em quais ocasiões ele se torna mais cobiçado. Segundo ele, no Carnaval e em festas que contém um número grande de pessoas, como baladas e shows, a pochete é totalmente recomendada, pois se torna um item de segurança, sendo perfeita para guardar apetrechos básicos como celular, documentos, dinheiro e cartões. A dica muda em relação às ocasiões mais formais, como por exemplo um jantar ou um casamento. “Não aconselho o uso da pochete em ocasiões mais formais, como

Uma das lojas mais conhecidas do setor de acessórios apresenta crescimento de 30% nas vendas de pochete neste ano

em casamentos ou formaturas, a não ser que você utilize uma pochete da Gucci ou Chanel para o evento. Ai não tem problema nenhum”, completa Anunciato. O valor do produto é outra vantagem que agrega ao acessório. O consultor afirma que o preço depende muito da marca e que todo público pode estar aderindo por seu custo ser flexível em diferentes lojas. O preço médio fica entre R$ 49,90 e as mais personalizadas chegam a R$ 79,90, além das altas costuras, como a marca italiana Prada, que hoje tem pochetes que chegam até R$ 7.000. 



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Arquitetura&

Fotos: Carla Albuquerque

Henri Castelli reforma duplex com inspiração pop art assinada por Júnior Pacheco

Ambientes ganharam toques contemporâneos e ousados, inspirados na obra de Andy Warhol Elaine Santos SÃO PAULO

A Estante desenhada exclusivamente para o espaço. A cor preta estrategicamente usada para dar neutralidade ao projeto onde o destaque maior é para o Juke box e para a geladeira retrô vindos especialmente de Miami, Flórida.

tor convidou o designer de interiores Júnior Pacheco, com escritório em São José dos Campos, para mudar a decoração do duplex com cerca de 500 metros quadrados, no Morumbi, bairro nobre de São Paulo; ambientes ganharam toques contemporâneos e ousados, inspirados na obra de Andy Warhol. Com um olhar acima de tudo contemporâneo, o projeto apresenta ambientes cheios de personalidade e ousadia. Segundo o designer o grande desafio foi valorizar cada espaço usando as referências e objetos de viagens sem pecar no exagero. “É o trabalho mais contemporâneo do escritório. Os detalhes são surpreendentes, peças adquiridas em viagens como a mesa que veio de navio direto

da Tailândia, o jarro Egípcio, a escultura feita exclusivamente para o ambiente externo assinada pelo artista plástico Fabiano Britto e claro a peça única Juke box que é o charme do ambiente mais usado da casa a sala-bar”, afirma Júnior Pacheco. “Estou muito feliz com o resultado da decoração. Júnior possui muito bom gosto e se destaca por seus projetos que associam linhas clássicas e harmoniosas a referências extravagantes. Ele é muito profissional, possui um extremo bom gosto e decorou cada canto de meu apartamento exatamente como eu queria”, comentou o ator. Baiano de nascimento, Júnior Pacheco está atualmente estabelecido em São José dos Campos (SP), onde coordena uma equipe que projeta interiores no Brasil e no exterior. É conhecido especialmente pela ousadia que


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imprime aos seus trabalhos. Dono de uma mente inquieta, ágil e extravagante, o designer é uma das certezas mais promissoras do design nacional e

internacional por justamente abandonar o lugar-comum e buscar incessantemente o novo. Paralelamente ao trabalho em São Paulo, Júnior também cuida

da repaginação da casa da dançarina e modelo Scheila Carvalho, que é casada com cantor Tony Salles. Eles moram em Lauro de Freitas, Salvador (BA). 

1. peça exclusivamente importada do Egito para compor a decoração da sala de estar. Ao fundo uma tapeçaria italiana do século XVI avaliada em 70 mil reais

1.

2. Mesa veio de navio direto da Tailândia para compor a decoração do apartamento. 3. Henri Castelli e Júnior Pacheco, parceria que deu certo.

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4. 3.

4. Área externa com vista para estádio do Morumbi leva escultura assinada exclusivamente pelo artista Fabiano Britto, premiado em Milão e Casa Cor.



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Gastronomia&

Foto Pedro Ivo Prates

O chef Alexandre Bertolasse brinca com seus ingredientes na cozinha SCA, em São José dos Campos


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Um chef com coração saboroso! Bertolasse abre o diário de família e divide receita tradicional com leitores Elaine Santos SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

E

le é paulistano com uma daquelas histórias que todo mundo gosta de ouvir. De família humilde e cheio de sonhos se agarrou em uma oportunidade e seguiu em frente. Hoje Alexandre Bertolasse é um dos chefs de cozinha mais procurados no Vale para assinar o menu de eventos corporativos e festas particulares sempre respeitando estilo do cliente. “O que mais me preocupo é fazer com que o cliente não se preocupe (risos). Tudo tem que dar certo e até me canso de tanto que saio do gabarito cozinha, mas isso é coisa de aquariano, queremos sempre o melhor”, afirma. Com 22 anos na gastronomia ele carrega em experiência a bagagem de 60 cursos na área, cinco deles internacional, com passagens importantes pela Europa. Sem contar com os estágios em restaurantes requintados como Da Vittorio, em Bergamo, entre outros. “Minha ideia que está sendo trabalhada é até a Copa ter um espaço

gastronômico onde as pessoas possam degustar minhas receitas e levar para casa. Gosto da ideia de estar presente em mais lugares ao mesmo tempo, só que em marca, Bertolasse é um só!”, disse. Uma das grandes marcas do chef é unir o sabor único da alta gastronomia com ingredientes populares. Com isso ele apresenta receitas diferentes que cativam o paladar que remetem a infância de cada um que experimenta. “Na verdade sigo esse linha não só na gastronomia mas sim na vida. Eu dou ‘sabor’ a tudo que faço. Me dedico ao que aprendi com minha família, respeito, humildade afeição e bondade. Ajudar ao próximo nem que seja apresentando um prato de comida bem feita é o melhor que cada um pode fazer!”. E é nessa pegada de alta gastronomia popular, que Bertolasse apresenta em especial para os leitores da Metrópole Magazine sua receita para o dia das Mães. Um prato típico brasileiro que variado os acompanhamentos não custará mais que 50 reais para uma família. 


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Divulgaçã

Maminha de vaca com água de coco INGREDIENTES: 2 kg de maminha limpa e magra 4 cenoura 2 folhas de louro 2 dentes de alho 2 cebolas roxas picada 2 alho poró 10 tomates sem pele e sem semente 1/2 xícara de chá de molho de soja 1 vidros de leite de coco (½ litro) 1 limão siciliano espremido 2 colheres de sopa de páprica picante ou chilli em pó Sal e pimenta do reino a gosto 2 litros de caldo de carne 1 litro de agua de coco

Modo de preparo: Tempere a carne com sal e pimenta do reino e deixe tomar gosto por 30 minutos. Numa panela de ferro, coloque a carne temperada, cebolas cortadas, dentes de alho picados, cenouras picadas, folhas de louro, o alhos poró picado e cubra com caldo de carne. Deixe cozinhar por 1 hora ou até ficar macia. Depois de cozida, tirar a carne da panela e reservar o caldo do cozimento. Numa panela grande reduza por 20 minutos o caldo da carne, a água de coco o molho de soja (shoyo) e o leite de coco, coloque a carne. Doure de todos os lados. Misturar tudo muito bem. Se optar em colocar a pimenta fresca, este é o momento. Diminuir o fogo e deixar cozinhar até o molho ficar espesso. Sirva com arroz branco.


IN FO RM E PU B LIC ITÁ R IO

365 DIAS DE UTI EM ILHABELA O QUE PARECIA “IMPOSSÍVEL” VIROU REALIDADE

Há 15 anos, a comunidade fazia essa reivindicação.

Os pacientes se deslocavam para outros municípios para serem atendidos. Com a entrega da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Municipal “Governador Mario Covas Junior”, isso não acontece mais.

A UTI do Hospital “Mario Covas” representa um grande avanço para a saúde da nossa gente.

Equipada com quatro leitos, a UTI atende a população de Ilhabela por meio de oito médicos, seis enfermeiros e oito técnicos de enfermagem. Esses profissionais trabalham organizados por plantões, salvando mais de 90% dos pacientes acolhidos na unidade.

É ASSIM QUE OFERECEMOS UMA SAÚDE DIGNA A TODOS!


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Elaine Santos Social

Mini Wedding

Lucas Lima

Jéssica Gomez faz sucesso no instagran com a divulgação das fotos do seu vestido de noiva assinado pela estilista Isabella Narchi, queridinha de celebridades como Patrícia Abravanel e Paula Fernandes. O casamento da blogueira joseense com o piloto de Stock Car, Felipe Lapenna aconteceu em janeiro, um Mini Wedding para 50 convidados em Campos do Jordão. Mas Jê só divulgou nas redes sociais esse mês. Já foram mais de 1 milhão de visualizações e comentários pedindo referências. “Resolvi ter um momento meu, bem particular, por isso, reservei os detalhes para um pós lua-de-mel. E deu certo, agora consigo interagir com os leitores e dar total atenção para quem gosta das minhas postagens”, disse Jéssica que agora se dedica integralmente ao trabalho com a moda via instagram. “Vou deixar ainda o blog em stand by, mas continuo falando de moda e apresentando tendências nas minhas redes sociais conto com mais de 300 mil seguidores e gosto de dar atenção ao que faço”.


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Ponto Alto

Gilberto Freitas

Júlia Silva lança o livro ‘Quero ser uma youtuber’ em Portugal

A youtuber mirim de São José é sucesso garantido até na Europa Ela é um fenômeno mirim, soma mais de 2 milhões de seguidores em seu canal no youtube e no instagram! Júlia, a menina de São José dos Campos, ganhou o mundo e hoje mora no Canadá com a família. É dela um dos livros de maior sucesso de vendas no Brasil em 2017 e agora chega a Portugal como promessa de bater recorde. ‘Quero ser uma Youtuber’ foi lançado pela editora Porto, uma das empresas do Grupo Porto, considerado a maior do país.

Os meninos da F3 aprontam mais um vez será no Biffet Torres. Até lá, vão acontecer festas particulares no apartamento do casal, todas com assinatura F3.

divulgação/Ricardo Cintra

S

ão José dos Campos ficou pequeno para esses empresários da balada de luxo e estilo. Fabiano Fredy e Felipe foram os escolhidos para assinar a pista do casamento mais falado pela mídia esse ano, o da cantora Lexa e MC Guimê, dia 22 de maio em São Paulo. Pensa na responsabilidade desse trio joseense, a festa é para 400 convidados, todos formadores de opinião forte no quesito som, festa, picapes. Frio na barriga é pouco! Entre os famosos: Neymar, Xuxa Meneghel, Bruna Marquezine, Gabriela Pugliesi Emicida, Kondzilla, Carla Prata e Mayra Cardi. A cerimonia será no Mosteiro de São Bento, já a festa, apelidada de ‘casamento ostentação’

Ensaio pré-casamento Lexa e MC Guimê

Em seus canais, a menina recebe milhares de postagens e seus vídeos superam a marca de 100 milhões de visualizações. Júlia fala de brinquedos, moda, artesanato, viagens e muito mais. “Quero Ser Uma Youtuber” é o segundo livro da jovem, o primeiro, “Diário da Júlia Silva”, foi lançado em 2016, também e já teve mais de 40 mil exemplares vendidos.


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Humor& Tapa Olho Experimental Política valeparaibana Notícias com um só ponto de vista Bolsonaro quer comprar Cavex e fazer intervenção militar na avenida do povo Na semana passada a cidade de Taubaté recebeu a visita do pré-candidato a presidência, Jair Bolsonaro (PSL), que conheceu o Comando de Aviação e disse repetidamente em claro e bom tom: “Não estou conseguindo conter a emoção em ver essa base militar. Não estou conseguindo conter a emoção” . Bolsonaro chegou a oferecer 1 Milhão de bitcoins para comprar o Cavex e ainda disse que a avenida do povo seria uma ótima base para iniciar a intervenção militar no Brasil. Apesar de vários fatos surpreendentes, o que mais chamou a atenção dos jornalistas foi: O que Bolsonaro não conseguiu conter?

Tremembeenses fazem passeata contra a prisão de Lula...na cidade A passeata encabeçada por Jaime Guedes, presidente da Ong Net (Nerds Extremistas), iniciou ontem as primeiras manifestações contra a possível vinda de Lula para o presídio que reside em Tremembé. “Suzane Richthofen tudo bem, mas Lula?! Tudo tem limite” disse Jaime, em um tom de revolta enquanto procurava o sinal do 2G em seu Alcatel 1 chip.

Foto Pedro Ivo Prates

Pesquisas em São José, feitas no Jardim Aquarius e Urbanova, daria a presidência para Doria em meio turno. “Precisamos de um presidente que olhe pra gente, que saiba das nossas dificuldades, por exemplo, o trânsito. Como é possível ainda não existir um corredor exclusivo para carros automáticos?” disse Evandro Justus, que exalava Two and Two em seu escritório Triplex.

Polêmica: “Nossa Senhora de Aparecida no céu e Luciano Huck na Terra” A Aparecidense Dona Germânia, de 74 anos, é uma desenvolta fã da vida de Luciano Huck e acredita fielmente que ele arrumará o Brasil. “Você imagina o ‘Minha casa, Minha vida’ nas mãos dele. Os banheiros tudo com pastilhas, o puxadinho desenhado pelo Rosebaum, a roupinha do Botijão de Cetim. Seria um Brasil perfeito” afirmou Dona Germânia depois de me vender um aparelho que desbloqueia canais (inclusive adultos) em sua lojinha no Box 118. Dividido em 3x no cartão. Ligue: 12 98788-01 e peça já o seu.



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Crônicas & Poesia

Reforma da despedida Divulgação

Eu estava chegando em casa e, no quadro de avisos do elevador, dei de cara com um comunicado do síndico: “A partir deste mês, por motivo de redução de despesas, o condomínio não enviará mais coroa de flores para os moradores que falecerem” Essa é uma ação política que eu queria ver mais representantes com coragem para fazer. Quase uma “reforma da despedida”, enquanto a “da previdência” causa polêmica por aí. E alguns idosos do condomínio já estão arrumando briga porque não vão receber coroa a partir de agora. Muita gente está morrendo no prédio. Edifício antigo é assim. O segundo mais antigo da cidade. A maioria dos moradores deve ter comprado o imóvel na planta, lá em mil novecentos e bolinha. Minha mãe, quando era jovem e morava aqui com a mãe dela, minha avó, já brincava com os netos dos primeiros proprietários. E eu comecei a sentir isso pelo quadro de avisos do elevador. Se enviarmos coroa de flores para um, precisaremos enviar para todos. Logo, o dinheiro em caixa vai diminuir.

E é preciso arrumar o elevador, instalar bebedouro na área de lazer, tirar a infiltração da casa das máquinas... Eu cresci indo ao apartamento da minha avó. Quando tinha uma nota de pesar no elevador, já batia aquele frio na barriga: “Quem foi desta vez?”. Tentava reconhecer pelo nome. Depois pelo apartamento. Se não sabia quem era, perguntava pra alguém, alguma referência, algum sinal. Poderia ser aquela senhora do perfume forte que atacava minha rinite toda vez que subia o elevador comigo, ou aquele senhor que conversava horas e horas com o porteiro todo santo dia. O pai do amigo dos meus pais e até o pai de um amigo. E teve a vizinha da minha avó, mas ela não morreu no prédio. Ela esperou se mudar e morreu um mês depois. Se ficasse aqui, talvez pudesse aguentar mais um tempo e ainda ganharia uma coroa de flores. No fim, foi só a nota de pesar no elevador. Os avisos, conforme eu fui crescendo, foram aumentando. E o tempo de elevador era o mesmo. Fui lidando com a morte com mais naturalidade.

Dias desses, faleceu uma senhora que quando me via no elevador falava sempre a mesma coisa: “Você é o neto da Mirtes, do 43B? Ah, eu vi você pequenininho, gordinho, jogando bola. Olha que coisa mais linda que você está. Prazer em revê-lo”, era sempre assim o discurso. Vou sentir falta de escutar. Vou sentir falta de lembrar que eu era criança e vou passar a lembrar que a vida voa. Tem gente que eu tenho até vergonha de encontrar no elevador. É o caso de uma senhora, daquelas pessoas que se mantêm intactas, sem nenhum sinal da partida, nem com a comum falta de memória. Lembra tudo do meu passado infantil e de toda a molecada do prédio. Não tem uma vez que eu entre no elevador e ela não relembre um episódio, jogando na cara e dando o troco da bronca que não foi dada na época, como se fosse adiantar alguma coisa. Por dentro, eu dou risada. Por fora, finjo que não lembro do que ela está falando. O que seria da minha infância sem isso? Se não tivesse zoeira, não seria infância. E parece que foi ontem. Sim, parece que foi ontem que era raro encontrar uma nota de pesar no elevador. Agora já é comum, o índice de mortalidade cresce exponencialmente no “Edifício Mansão do Vale”. E, quando menos esperamos, as surpresas podem vir durante uma viagem de elevador. Apesar de eu ser do tipo que sempre se prepara para o “impreparável”, vou pedir para que deus não mexa com a pessoa do apartamento 43B, por gentileza. Não estou preparado para essa nota de pesar, nem que eu suba todos os dias de escada para não ter que vê-la.  Guilherme Mendicelli – Escritor e Jornalista



20 de

maio

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