Metrópole Magazine - Fevereiro de 2018 / Edição 36

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Fevereiro de 2018 – Ano 3 – nº 36

Eles NÃO têm culpa

População associa transmissão de febre amarela a macacos e animais são vítimas de violência ESPORTES

Basquete de São José retoma atividade profissional na Liga Ouro de olho no acesso ao NBB pág. 64

ENTREVISTA

Jair Bolsonaro esteve em São José e falou sobre a eleição deste ano pág. 16






EDITORIAL Diretora Executiva: Regina Laranjeira Baumann

Editor-chefe: Fernando Ivo Antunes QUEM CONHECE, CONHECE BDO Repórteres: Tânia Campelo, João Pedro Teles, Marcus

A nossa parte!

Alvarenga Uma das Big 5 Colaborador: Otávio Baldim Líder no middle market Estagiárias: Beatriz Plaça, Giovana Bertti, Nathalia Prado Fotografia: Pedro Ivo Prates escritórios É comum e natural que os veículos de Comunicação cobrem o Poder21Público por no Brasil Diagramação e Trat. de imagens: José Linhares Audit | Tax | Advisory Arte: Bruno Santos trabalhos mais eficientes e eficazes, porém, em diversos momentos, é preciso

que toda a população pense em como tem agido para melhorar diversos cenários. É com esta linha de raciocínio que esta edição da Metrópole Magazine se constrói. Em nossa reportagem de capa, mostramos a nítida influência da sociedade na morte de alguns macacos, vítimas, tanto quanto nós, da febre amarela. A falta de informação e o medo da doença têm feito com que muitos animais sejam maltratados. Entender o processo que envolve a campanha de vacinação e como a febre amarela chega até nós é nosso dever e obrigação.

Executivos de Negócios: Greice Kelly, Eduardo Rosa, Marcelo Vinícius de Oliveira Diretor de Relações Institucionais: Eduardo Pandeló Diretora de Comunicação: Elaine Santos Departamento Administrativo: Larissa Oliveira, Roseli Laranjeira, Patricia Vale EDIÇÕES ANTERIORES: http://www.meon.com.br/revista PARA ANUNCIAR: Ligue: 12 3204-3333

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Na reportagem especial, tratamos sobre como devemos nos posicionar perante a política. O debate, na maioria das vezes, sempre gira em torno de temas nacionais, porém, no âmbito municipal, temos opções de nos posicionarmos e fazer com que nossa voz seja ouvida dentro do parlamento. A Tribuna Livre tem essa função. Em algumas câmaras da região este espaço é bastante utilizado, mas na maior cidade da RMVale este dispositivo democrático ainda é deixado de escanteio dentro do jogo político.

Tiragem auditada por:

Meon Comunicação Ltda Avenida São João, 2.375 –Sala 2010 - Jardim Colinas –São José dos Campos - CEP 12242-000 -PABX (12) 3204-3333 Email: metropolemagazine@meon.com.br

Nesta mesma linha de pensamento sobre fazer a nossa parte, a reportagem sobre intolerância revela como determinados grupos ainda sofrem com preconceito e analisa como as nossas atitudes são fundamentais para mudar este cenário. Regina Laranjeira Baumann Diretora Executiva

A revista Metrópole Magazine é um produto do Grupo Meon de Comunicação | Tiragem: 15 mil exemplares

metr pole magazine A revista 15 mil exemplares 10 cidades 70 / 100 páginas

Auditada pela BDO, destacada no mercado nacional e internacional como a quinta maior empresa de auditoria e consultoria no Brasil.

Nosso público

Nosso foco é no Jornalismo, com conteúdo diversifcado e aprofundado. Com isso, nosso público é o formador de opinião, infuente. Faz parte das classes A e B, possui poder de compra, decisão e se interessa por política, economia e entende a importância das notícias locais.

Distribuição

Nos condomínios residenciais de São José dos Campos mais da metade (56%) das pessoas pertence à classe “A”. Mais de 60% dos domicílios apresentam renda superior a 10 salários mínimos e 80% das residências têm computador. É a maior concentração de casas com acesso à internet, e de automóveis. Cerca de 19% de seus domicílios dispõem de 3 carros ou mais.

9.000 S. J. Campos 2.500 Taubaté 1.000 Jacareí 1.000 Caçapava/Pinda Campos dos Jordão 1.500 Litoral Norte

Condomínios Assinantes Pontos fixos


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8 | Revista Metrópole – Edição 36

SUMÁRIO Fotos: Ricardo Martins

Matéria de Capa

22 População associa a transmissão de febre amarela a macacos e animais são vítimas de violência

EDUCAÇÃO 16 ENTREVISTA 44 Com Pré-candidato à presidência, deputadois milhões de brasileiros do federal passou por São José dos Campos em janeiro e falou sobre a eleição deste ano

apresentando deficiência auditiva severa, inclusão ainda é desafio em algumas escolas da RMVale

CULTURA 52 Bairro da zona oeste é o polo boêmio mais diversificado de São José dos Campos e cria roteiro cultural e gastronômico

Otávio Baldim

Divulgação

TURISMO 58 Arquipélago de Alcatrazes, em

São Sebastião, tem a fauna mais conservada e biodiversa da região Sudeste e Sul do Brasil

POLÍTICA 28 Tribuna Livre ainda é pouco explorada como instrumento de voz à população nas câmaras da região

desafio da profissão é aliar desenvolvimento tecnológico e humanismo

40 72 75

Pedro Ivo Prates

12 14

Espaço do Leitor Aconteceu& Frases&

dos Campos retoma as atividades profissionais na Liga Ouro em busca do acesso ao NBB 2018/2019 Pedro Ivo Prates

Foto: Divulgação

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ESPORTE 64 Equipe de basquete de São José

SAÚDE 48 Para acadêmicos da medicina,

Especial Meon 4 anos Gastronomia& Humor&


Fevereiro de 2018 | 9

Artigo&

Por dentro da economia da RMVale Freepik

O PIB (Produto Interno Bruto) representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, quer seja, países, estados ou cidades, durante um período determinado. Esse número é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região. O único problema é que a metodologia de cálculo do PIB feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) leva em consideração apenas as atividades formais (legalizadas) dos setores da indústria, serviços e agropecuária, por isso as informais (não legalizadas) não são absorvidas na sua totalidade. Neste sentido, quando existe uma taxa positiva do PIB, dizemos que houve crescimento econômico, mas, teoricamente, acontece um aumento da produção, que levará a mais produtos disponíveis no mercado e queda nos preços, fazendo com que empregos sejam gerados. Isso pode levar a um desenvolvimento econômico caso o resultado deste crescimento aumente a qualidade de

vida da população (logicamente esse aumento não acontece de forma igualitária, depende de como cada cidadão está inserido no sistema econômico). Portanto, é importante que cada cidadão fique atento às notícias sobre este indicador, não só do país, mas também de sua região e de sua cidade. A Região Metropolitana do Vale do Praíba e Litoral Norte é composta de 39 municípios e, segundo a Fundação SEADE (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), 5% é a participação da região no PIB Estadual, ficando atrás somente da Região Metropolitana de São Paulo (55%) e da Região Administrativa de Campinas (17%). Considerando o desempenho do PIB no período de 12 meses, terminados em março de 2017, o Estado de São Paulo apresentou uma retração de -2,2%, sendo -3,4% na indústria, -1,9% em serviços e 4,1% no setor da agropecuária e a Região Administrativa de São José dos Campos de -2,4%, sendo -6,7% na indústria, 1,6 em serviços e 0,5 na agropecuária. Entretanto, quando se compara o PIB

do 1º trimestre de 2017 com o trimestre imediatamente anteriormente (com ajuste sazonal), verifica-se que o Estado mostrou uma retração de -0,2%, sendo 0,1% na indústria, -0,1% em serviços e -0,3% na agropecuária, enquanto a Região Administrativa de São José dos Campos mostrou uma taxa positiva de 0,2%, sendo -4,0% na indústria, 2,5% em serviços e 8,6% na agropecuária. Os resultados acima, embora tenham melhorado na região, não deixam de ser preocupantes no sentido de que a nossa região é estritamente industrial (peso maior no PIB) e, devido à crise econômica, que vem se arrastando desde 2014, esse setor e concomitantemente a região são os mais prejudicados. Tanto que, de acordo com o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) em 2017 o Estado de São Paulo fechou 24.034 postos de trabalho (diferença entre admissões e demissões) e a Região Administrativa de São José dos Campos 3.168 postos.  Dr. Luiz Carlos Laureano da Rosa, professor e pesquisador da FAPETI – Fundação de Apoio à Pesquisa, Tecnologia e Inovação da UNITAU


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Espaço do Leitor Edição 35 – Janeiroro de 2018

Feedback

RMVALE

e Jaques Wagner cio França

Janeiro de 2018 – Ano 3 – nº 35

PARA ONDE VAMOS? Eleição deve ser a mais acirrada da história, com judicialização, discursos polarizados e guerra declarada entre as militâncias nas mídias sociais ENTREVISTA

Márcio França assumirá o governo paulista após Alckmin deixar o posto para a disputa presidencial pág. 16

ESPECIAL

São José e Taubaté se unem em torno da polêmica Escola Sem Partido

A primeira edição da Metrópole

joseense. Professores, vereadores e es-

Magazine de 2018 traz na reportagem

pecialistas deram panorama de como o

de capa uma análise de como está a po-

assunto foi tratado na região e as pers-

lítica regional neste início de ano eleito-

pectivas de votação para o retorno das

ral. A matéria retrata os principais can-

sessões parlamentares. Na entrevista do

didatos da RMVale e como os partidos se

mês, o vice-governador Márcio França

mobilizam para tentar conquistar o voto

falou sobre as políticas que pretende im-

do eleitor. Também na esfera política, a

plantar na região após assumir a chefia

Escola Sem Partido foi um dos temas da

do Executivo com a programada renún-

revista, mostrando a situação do projeto

cia de Geraldo Alckmin para concorrer

que tramita no legislativo taubateano e

ao Planalto.

pág.22

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Vitória Lima Muito esclarecedora a entrevista com o Márcio França. Ele deu um bom panorama da eleição presidencial. Gostei.

MATÉRIA DE CAPA

Alexsander Santos Dei muita risada com esse texto. Adoro o Tapa Olho!

Fotos: Divulgação

Para onde vamos em 2018?

Eleição deve ser a mais acirrada da história, com discursos polarizados, judicialização e guerra declarada entre militâncias nas mídias sociais

Janeiro de 2018 | 69

Humor& Tapa Olho Experimental

Janeiro de 2018 | 17

terá problema e cada um fará o seu trabalho eleitoral. Eu tenho longa carreira política, mas que foi construída no litoral santista, entretanto, na condição de vice-governador, apesar de comandar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, você não fica tão conhecido. As pesquisas mostram que apenas 8% me conhecem. Portanto, na medida em que o Alckmin renunciar, eu suponho que ficarei mais em evidência e ai será minha oportunidade de ser conhecido. Com isso, teremos uma eleição democrática e sem qualquer tipo de problema. É notório que Doria tentou ser candidato a presidente. Muitos tratam isso como uma traição dele com Alckmin, que foi padrinho político dele. Você considera o não apoio do PSDB a sua

candidatura como uma traição política, depois do tempo em que esteve ao lado do Alckmin? Cada partido tem o seu desejo e modo de agir. Respeito isso. Nosso apoio ao Alckmin não é condicionado ao apoio dos tucanos à minha candidatura. Acredito que o João Doria cumprirá a promessa que fez para o povo de São Paulo no sentido de concluir seu mandato até o fim. Eu mesmo ouvi este compromisso dele. Ele é um homem de palavra e ficará até o final do seu mandato. Tanto que assim foi em relação à Presidência da República. Ele já deu total apoio ao Geraldo Alckmin. Ele tem condições de ser o melhor prefeito da história de São Paulo. É honesto e trabalhador. Eu fui prefeito de São Vicente por duas vezes e eu era muito

orgulhoso de ter esse cargo. É um compromisso de quatro anos. Imagino que o Doria tenha esse sentimento também. O que eu digo é que sempre que você apoia uma candidatura presidencial é natural que o partido do presidente faça a reciprocidade. Com essa disputa eventual entre PSB e PSDB, como ficará a questão dos secretários, que hoje são da confiança de Alckmin? Ao afunilar a campanha, vai trocar os secretários que apoiarem a candidatura tucana? Teremos uma relação respeitosa e coerente com os secretários que estão no Governo. Como se posicionar em um eventual embate eleitoral com o PSDB? Irá criticar o modelo tucano e se colocar como opção, mesmo tendo feito parte do governo Alckmin? Como imagina a campanha? Somos aliados do Geraldo Alckmin e assim nos comportaremos. Geraldo é o homem certo para conduzir o Brasil neste momento. Na minha campanha a governador vou deixar claro que preservarei tudo o que ele fez de importante para São Paulo e mostrarei o que farei dentro das minhas características, com uma abordagem mais aprofundada na área social. Alckmin se consolidou nacionalmente e essa candidatura dele ficou mais evidente após ele assumir o comando do partido.

Foto: Pedro Ivo Prates

PREVISÕES VALEPARAIBANAS PARA 2018 Otávio Baldim TAUBATÉ

A

cabeça do eleitor será bombardeada neste ano com a eleição presidencial, porém, no âmbito regional a disputa intensa para ganhar espaço político e conquistar o voto será grande e com ares de sobrevivência para alguns partidos, como o PT, que foi varrido do mapa político na RMVale após a eleição municipal de 2016, ficando sem prefeito em todas as 39 cidades da região. Outros partidos, como PSDB e MDB, vão para a batalha eleitoral com o peso da desaprovação do governo do presidente Michel Temer e da relação que os tucanos mantiveram com o Palácio do Planalto, além das acusações contra o ex-presidente da sigla, Aécio Neves. Além dos fatos políticos atuais,

certamente serão colocados em jogo os assuntos debatidos nos últimos anos, como os escândalos do Mensalão, da época do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, e, mais recentemente, a Operação Lava Jato, que refrescou a memória do brasileiro e pavimentou de vez a descrença do eleitorado, afetando praticamente todos os partidos, independentemente da posição política. Para o sociólogo Luciano Alvarenga, de São José dos Campos, a corrupção no Brasil não envolve apenas o uso indevido do dinheiro público, mas escancara o desvio moral dos representantes da população, muitas vezes eleitos com a troca de benefícios, em um processo ainda hoje corrompido com a compra de votos. “Creio que a operação Lava Jato revelou para as pessoas a gravidade da corrupção que intoxica a sociedade, inclusive com a participação ativa

Caçapava

do eleitorado que se corrompe no mercado do voto”. Para a cientista política Dora Soares, as denúncias não apuradas, os processos emperrados, a corrupção e a impunidade que beneficia descaradamente a classe política provoca uma revolta na população. “Por mais abstrato que pareça ser esse novo, o eleitor ainda assim prefere essa opção que se apresenta oposta a conduta dos velhos nomes da política. E a imagem de bons administradores, misturada com a popularidade e a fama, faz com que haja uma negação da política tradicional, menos irreverente que a escolha de um nome como Tiririca, mas com o mesmo perfil”. Perto da definição das chapas que devem ser inscritas para a corrida eleitoral deste ano e, consequentemente, do início oficial das campanhas, pré-candidatos já sobem ao palanque

com o exotérico Pai Luan de Pinda.

O ano de 2018 promete ser muito bom pra Caçapava, pois é um número par, que exige tudo em duplas. Muitos casais e amizades irão nascer nesse ano e se desfazer em 2019. O tão sonhado Shopping ainda não será possível, pois esse também será um ano de aprendizado. A cidade precisará mais de uma faculdade do que de Shopping, afinal os dois eventos juntos no mesmo ano seria muito para estrutura emocional dos munícipes. Cor: Vinho Dani | Sexo: Evitar o Tigrão | Saúde: Caminhadas até o Bar do Jonas

Taubat é

Como a passagem do ano foi na segunda feira, os taubateanos ficaram propícios a questionar duvidas existenciais, como: se é segunda feira, será que tem promoção de espetinho? Posso passar a marcha, da segunda para a quarta? Será que dou a seta pela segunda vez na vida? Cor: Vermelho pro mau passado Sexo: Depende da quantidade de Itaipavinhas ingeridas Saúde: X-Bacon sem mostarda

São José dos Campos

2018 é o ano da revolução em Aquarius. Os Joseenses irão conseguir fechar negócios sem a precisão de 4 reuniões. Os empresários da cidade irão perceber que Brainstorm significa “Ter umas ideias” e que feedback pode ser substituído por “Me da um retorno”. Cor: Black Label | Sexo: 5 Estrelas ou uma Estrela. | Saúde: Crossfit de A a Zinco

Aparecida

Em 2018 não haverá necessidade de reformar a Basílica, assim como os últimos 10 anos não houve a necessidade. Abrir restaurante e estacionamento já deixou de ser um grande negócio, mas vigiar carro na rua pode dobrar o faturamento da sua casa. Cor: Azul Celeste | Sexo: Indefinido | Saúde: 3 series de 5 idas na passarela

Jacareí

Maria Clara Rolim Não conhecia muito da política regional. Foi bom ler a matéria para saber como se arquiteta a política da região.

/portalmeon

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Será um ano de muitas multas, sim, muito mais. Haverá radar nas calçadas para bicicletas, nos Ralfs para skatistas e em becos para profissionais liberais, muito comum na cidade. Revendedores de Herbalife irão ver que há outros produtos com muito mais consumo na cidade e que podem trazer muito mais renda. Cor: Beco escuro | Sexo: Ao som de MC Tétano | Saúde: Pq Meia Lua

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Aconteceu& Temporal deixa moradores ilhados em Monteiro Lobato e interdita SP-50

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O temporal que caiu durante a noite do dia 25 de janeiro e madrugada de sexta-feira (26), em Monteiro Lobato, deixou a cidade inundada e moradores ilhados em suas residências. Deslizamentos de terra interromperam o tráfego pela rodovia SP-50, em ambos os sentidos. A àgua teria começado a baixar por volta das 4h, quando iniciou o trabalho de rescaldo e limpeza da cidade. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o rio Buquira, que corta a cidade, teria subido acima de 1,5 metros do nível limite, sendo necessário o uso de botes para resgatar cerca de 10 famílias que permaneciam em suas casas invadidas pela água. A chuva também afetou a rodovia SP-50 com um deslizamento de terra no km 127, no trecho de São José dos Campos, que interditou totalmente o tráfego na pista. 

Quadrilha explode caixa eletrônico de posto de combustível em São José

Policial Militar morre após perseguir criminoso e cair no rio Paraíba O corpo do policial militar Leonardo Assunção ficou desaparecido por três dias após cair no rio Paraíba. Os mergulhadores encontraram o corpo boiando próximo ao local onde o soldado foi levado pela correnteza enquanto perseguia um suspeito, na Vila Machado, zona norte de São José. Assunção participava de uma perseguição durante operação contra o tráfico de drogas. O suspeito pulou no rio. Dois policiais seguiram a perseguição, quando ele tentou subir em um pequeno barco. Ao tentarem capturá-lo, os dois agentes caíram na água e a correnteza carregou os três envolvidos. Mais adiante, um dos agentes conseguiu chegar à margem e foi socorrido com ferimentos leves, mas o policial militar Leonardo Cesar Assunção e o suspeito foram levados pela correnteza. 

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Um caixa eletrônico dentro da conveniência de um posto de gasolina, no Jardim das Indústrias, na zona oeste de São José dos Campos, foi mais um alvo de explosão de uma quadrilha de criminosos na noite do dia 22 de janeiro, ás margens da rodovia Presidente Dutra. Segundo a Polícia Militar, o caixa eletrônico ficou totalmente destruído e a explosão danificou uma das bombas de gasolina, mas ninguém ficou ferido durante a ocorrência. Os criminosos não teriam conseguido levar nenhum valor em dinheiro da máquina e fugiram de carro, sentido bairro. O posto foi cercado por policiais militares e demais agentes por prevenção da possibilidade de uma nova explosão ou início de um incêndio, em razão da bomba de gasolina que foi atingida. Ninguém foi preso. 


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Homicídios em São José podem ter relação com briga entre facções

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Três homens foram executados na manhã do dia 9 de janeiro em São José dos Campos. Os crimes aconteceram nas regiões sul e sudeste da cidade. Gravações de voz divulgadas em redes sociais indicam que os crimes teriam ligação com a guerra entre as facções PCC (Primeiro Comando da Capital), CV (Comando Vermelho) e FDN (Família do Norte). Traficantes ligados ao PCC soltaram alertas para que os membros da facção em todo o Estado ficassem em estado de alerta contra ataques dos grupos rivais. As guerras entre PCC e FDN causou uma chacina nos presídios do Rio Grande do Norte no início deste ano. No final de novembro, o Tribunal de Justiça determinou a prisão de 30 policiais civis de São José dos Campos acusados de auxiliar a facção criminosa PCC. 

Mãe e filho são assaltados durante visita ao Santuário Nacional de Aparecida

Polícia Ambiental resgata ariranha em casa do Jardim Colinas, em São José

Fancy Pino, de São José dos Campos, viveu uma aventura inusitada na manhã do dia 11 de janeiro. Uma ariranha apareceu nadando na piscina da casa de sua mãe, Lola Pino, no Jardim Colinas. A Polícia Ambiental foi acionada para capturar o animal silvestre. Mas quem disse que a ariranha estava a fim de sair da água? O bichinho, que é agressivo, já havia mordido o cachorro da família. Durante a tentativa de resgate, ele fugiu diversas vezes e ainda mordeu o policial. Sobrou até para o vizinho, que também levou uma dentada no pé enquanto tentava ajudar no resgate. O animal foi encaminhado ao Centro de Recuperação de Animais Silvestres, da Univap (Universidade do Vale do Paraíba). A polícia não soube informar de onde veio o animal, que está em observação na universidade. 

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O fiel Levy Mendes, de 25 anos, estava com sua mãe celebrando o Dia de Reis no Santuário Nacional de Aparecida, quando no início da tarde do dia 6 de janeiro foi surpreendido por um suspeito que levou sua carteira e fugiu pelos corredores da basílica. Segundo o estudante, tudo aconteceu muito rápido e foram questões de segundos entre a ameaça, ele entregar os seus pertences e o criminoso sair em fuga. O jovem não recorreu à equipe de segurança, buscando apenas o atendimento do ‘Achados e Perdidos’ do Santuário, onde recuperou a carteira com os documentos, mas o valor tinha sido levado pelo suspeito. “Fui rezar pelo Dia dos Reis, mas nem na igreja temos mais sossego. Estou indignado com essa situação. Quis vir embora logo e não registrei nada e nem quero”, comenta o estudante. 


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Frases& Divulgação

Acontecendo qualquer avanço nas tratativas entre Embraer e Boeing e se alguma decisão vier a ser tomada, a Saab será informada previamente. Se isso vier a acontecer, evidentemente temos de construir salvaguardas que passarão pelo crivo da SaaB” Raul Jungmann, ministro da Defesa, sobre possível acordo entre as empresas.

A cidade recebeu 400 mil turistas no fim de ano, mas a taxa de ocupação era de 70%. Estamos perdendo com isso, porque quem aluga dessa forma não traz retorno em emprego e nem em impostos para a cidade

Luiz Bishof, secretário de Turismo em Ubatuba, sobre taxa para quem aluga casa na cidade.

A maior dificuldade será aprender tantos ritmos diferentes em tão pouco tempo. Os ritmos latinos podem ser um grande desafio para mim. Por ser oriental, sou mais contida

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Geovanna Tominaga, apresentadora joseense, participante do Dancing Brasil, da Record TV.


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Todo cidadão que se candidata à política está entrando numa missão. É preciso pensar no povo, trabalhar os critérios de ética, retidão e honestidade. Atualmente nem todos fazem da política esta missão. Muitos aproveitam-se para interesse próprio Dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida.

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Meu maior sonho, do fundo do meu coração, é ser cantora e estar aqui hoje. E eu consegui. É o meu maior sonho mesmo

Yasmim Giacomini, , 10 anos, cantora de Taubaté, que emocionou o público no The Voice Kids.

A pressão existe, até pra mim enquanto treinadora. São desafios como esses que fazem com que a gente cresça. Temos que nos jogar, dedicar ao máximo Nilmara Alves, , técnica do Manthiqueira na série A3 do Paulista.

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É fundamental para o fomento ao turismo na RMVale a criação de voos regulares. Para atrair o interesse das companhias aéreas estamos discutindo ações que viabilizem uma melhor estrutura de atendimento

Clodomiro Toledo Junior, prefeito de Santo Antônio do Pinhal, e presidente do Codivap (Consórcio de Desenvolvimento do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Mantiqueira).


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ENTREVISTA

Fotos: Pedro Ivo Prates Fotos: Igor Estrela / Estadão

‘Plano de governo é uma papelada que ninguém lê’, diz Jair Bolsonaro

Pré-candidato ao Planalto esteve em São José e falou sobre eleição 2018 João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

P

rimeiro colocado na corrida eleitoral na pesquisa Datafolha divulgada no fim de janeiro em um cenário sem o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) já está em plena campanha pelo país. Consigo, além de um grupo de fãs, o político carrega um discurso de extrema direita, que defende o armamento da população e faz reverência ao período da ditadura militar. Militar da reserva e no sétimo mandato na Câmara, Bolsonaro foi o mais votado na eleição de deputado federal no Rio de Janeiro, com mais de 464 mil votos, o que representa cerca de 6% dos eleitores fluminenses. No Exército, cursou a Escola Preparatória de Cadetes, a Academia de Agulhas Negras e a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. Nesta jornada por diversos municípios brasileiros, o presidenciável passou por São José dos Campos no início de janeiro. Em um evento para alguns simpatizantes de seus ideais, Bolsonaro teve tratamento de ídolo durante toda sua passagem, com direito a fila para garantir uma selfie com o político. O pré-candidato veio ao Vale do Paraíba em pé de guerra com a imprensa. Após uma série de matérias publicadas pela Folha de São Paulo, que questionaram o aumento de patrimônio, emprego de funcionária fantasma e uso do auxílio-moradia, o parlamentar se defendeu

das denúncias atacando os veículos de comunicação, expediente parecido com o do presidente americano Donald Trump, político pelo qual Bolsonaro declarou apoio em diversos momentos da palestra. O político recebeu a reportagem da Metrópole Magazine após atender uma fila de quase meia hora, com diversos pedidos de fotos e autógrafos. Durante a conversa, o político falou sobre eleições, mudança de partido,

Estamos atrasados na implantação de um Vale do Silício em nosso país. Se houver esse pólo de indústria e de criação de tecnologia, com certeza o Vale do Paraíba estará no projeto ”

acusações por comentários homofóbicos, ausência de plano de governo, inclusão do Vale do Paraíba em seus projetos de tecnologia e, inclusive, sobre o possível acordo entre Boeing e Embraer. O senhor tem andado o Brasil já há alguns meses. Qual foi o motivo que te trouxe para São José dos Campos? Estava indo para o Vale do Ribeira para visitar meus irmãos e no caminho fui convidado por grupos daqui da região para conversar com o pessoal que nos apoia na cidade. Fico muito feliz de bater um papo com as pessoas que estão interessadas em política e cansadas dos atuais representantes e querem ideias novas. A recepção aqui na cidade foi excelente e me dá cada vez mais fôlego para continuar caminhando pelo país. O senhor pretende trocar de partido para a disputa da eleição. Qual o motivo desta troca? Para você conseguir uma eleição, infelizmente precisa de um partido. Sinceramente eu preferia que fosse igual aos Estados Unidos, onde você pode entrar na eleição de forma independente, mas como não é assim, estou conversando com o PSL. Acho que vamos anunciar o ‘casamento’ no início de março. É questão de tempo. O senhor foi citado por uma série de matérias da Folha de São Paulo. As reportagens questionaram algumas questões como aumento de patrimônio e utilização do auxílio-moradia, mesmo com


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residência em Brasília. É um panorama bem diferente daquele que seus eleitores esperam de você. Como recebeu essas acusações da imprensa? Quanto à Folha de São Paulo, é um jornal tendencioso. Dei uma entrevista de uma hora e pouco, questionei muitas perguntas e não responderam. Quanto a essa questão de funcionário fantasma, eles (reportagem da Folha) estiveram comigo e nem tocaram no assunto. Ainda erraram na foto. Colocaram a dona de um comércio de açaí. A Valdelice ganha R$ 1.300 e é uma pessoa simples. A Folha de São Paulo fica batendo em cima do auxílio moradia, mas me diz onde é que eu estou impedido a usar o auxílio? Se estivesse ocupando apartamento da

Câmara Federal, a despesa seria em torno de R$ 10 mil a R$ 12 mil para o contribuinte. No meu apartamento, essa despesa fica de R$ 3 mil e pouco, porque o resto é retido no imposto de renda. Eu tenho duas casas. Eu vivo disso, não sou empresário e tenho outro comércio. Outra questão é o patrimônio. Em todo ele ninguém descobriu nada de ilícito. Estava tudo no meu imposto de renda. Caso seja eleito, o senhor tem algum projeto para a região da RMVale? Tem muito projeto para a região. É uma área importante em termos estratégicos, com muita tecnologia. Estamos atrasados na implantação de um ‘Vale do Silício’ no país. Se houver esse polo

Jair Bolsonaro está no sétimo mandato como deputado federal

de indústria e de criação de tecnologia, com certeza o Vale do Paraíba estará no projeto. As pessoas contam muito com mudanças no caso de sua eleição. O senhor tem medo desse messianismo? Eu sou Messias, pô (risos). Mas acho que as pessoas sabem que as mudanças não acontecem de uma hora para outra, da noite para o dia. Há três anos decidi que queria me preparar para ajudar o país me candidatando à presidência da Repúbica. Tenho trabalhado, desde então, em opções de governar o Brasil sem o toma lá da cá típico da política brasileira. O senhor tem muitas falas consideradas


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Aos 62 anos, Bolsonaro tem viajado por todo país durante sua pré-campanha para presidente

homofóbicas e algumas opiniões, no mínimo, contundentes. Mas, para ser presidente, é preciso saber dialogar com pessoas com opiniões diferentes. Como o senhor pretende fazer isso? Converso com todo mundo, mas eu tenho posição firme em tudo. Pergunta certas coisas para alguns políticos? Eles vão se esquivar e encontrar uma resposta que acabe agradando todo mundo. É com esse meu jeito que eu ganho simpatizantes e ganho inimigos também. Mas vamos tocar esse barco. Eu não quero fugir depois por mudar de opinião, vou abrindo o jogo sobre o que a gente pode fazer. O senhor disse, em rede nacional, que não sabe o que fazer com a economia nacional. Já elaborou essa questão no seu plano de governo? Cobram de mim plano de governo. Vou ter que apresentar depois. Mas me diga, plano de governo é aquela maçaroca de papel que fica ali na sua frente, que ninguém tem

Eu tenho humildade de, quando me perguntaram sobre economia, dizer que não sabia. Eu achei que seria tratado com respeito, mas esculacharam. Eu tenho que entender de Medicina e de Comunicação para indicar os ministros?

paciência de ler. De acordo com aquilo (plano de governo) a política é uma coisa maravilhosa, você olha e fala: ‘meu Deus do céu, vai chover no sertão’. São planos feitos como se fosse um trabalho de marqueteiro para a televisão. O meu, que está sendo elaborado por pessoas que estão, de forma graciosa, colaborando, é em cima da realidade. Os caras falam, ‘vai perder eleição por plano de governo’. Pois que perca a eleição. Os políticos pegam o plano de governo depois e jogam na lata de lixo. Eu tenho humildade de, quando me perguntaram sobre economia, dizer que não sabia. Eu achei que seria tratado com respeito, mas esculacharam. Eu tenho que entender de Medicina e de Comunicação para indicar os ministros? Como o senhor pretende se comportar nos debates na televisão? Vai manter o mesmo modo polêmico que tem permeado sua carreira toda ou vai adotar



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postura mais leve? Não vou deixar debate virar briga de galo. Se me perguntarem sobre homofobia, vou falar 15 segundos e depois conversar alguma coisa sobre o Brasil. Não vou entrar nessa pilha, apesar do meu pavio ser curto. Sei que vão ser todos contra mim, porque tem que ser um dos dois mais votados. No meu entender, o Lula, se for elegível, vai pro segundo turno. Então, a briga seria para ver quem iria para o segundo turno com ele. Por isso o centro já está atrás de mim. Mas não vão me derrubar porque quem está comigo não vai mudar. Vamos supor: mesmo que eu tivesse uma funcionária fantasma, esse seria

meu pecado político? Nem se compara com o dos outros.

lá e não fez nada. O Japão sumiu na 2ª Guerra Mundial e agora é o que é.

O senhor disse que acredita bastante nos colégios militares. Essa é a saída para a educação no país? Tem lugares que você vê criança com telefone, lugar onde a droga corre solta. Tem que mudar o currículo, expulsar o aluno que não quer aprender, chamar o pai. Sei que vai ter uma repercussão enorme, vão chamar de ditador, mas no MEC (Ministério de Educação) tem que ser alguém com autoridade. Tem que expulsar o Paulo Freire de lá e aquela teoria dele. O PT fala de Educação, mas ficou 13 anos

Boeing e Embraer estão conversando sobre uma possível fusão ou até a criação de uma terceira empresa. Qual sua opinião sobre o caso? Se puder fazer uma parceria com um bom modelo, será bem vindo, mas sem que a gente perca a autonomia do governo brasileiro. Tenho conversado com Paulo Guedes, que é meu consultor para assuntos que envolvam economia, e ele me disse que o que for estratégico para o Brasil pode entrar nesse modelo de privatização, o chamado golden share. A Petrobras seria um bom exemplo. 


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Os jovens estão preocupados em buscar informações confiáveis, revela a pesquisa Trust in News, realizada em 2017 pelo Kantar Ibope Media. E 72% dos entrevistados confiam mais em revistas que em outras mídias. As revistas impressas, online, no celular ou em vídeo, fornecem conteúdo relevante, investigativo e em um ambiente seguro. AssociAção NAcioNAl de editores de revistAs #revistAeuAcredito i www.ANer.org.br


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MATÉRIA DE CAPA

Eles não têm culpa População associa transmissão de febre amarela a macacos e animais são vítimas de violência

Fotos: Ricardo Martins


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Otávio Baldim TAUBATÉ

O

retrato exato da década de 1930, revisitado à sombra do medo. Guardadas na memória aterrorizada com o risco de infecção e nos relatos empoeirados do passado que revelam o desespero de décadas de pacientes que adquiriram a doença, as lembranças das centenas de mortes causadas pela febre amarela ameaçam a população novamente. Os casos de moradores do Estado de São Paulo que contraíram o vírus em áreas de mata, a versão silvestre da doença, confirmados recentemente, ressuscitaram o temor com o retorno da circulação da doença nas cidades. O levantamento da Secretaria de Estado da Saúde, referente ao mês de janeiro, confirma 166 casos de febre amarela silvestre, com 59 mortes. Cerca de 80% dos doentes contraíram o vírus em território paulista. Um morador de São José dos Campos, de 28 anos, foi o primeiro óbito confirmado na região neste ano. Ele havia retornado de Mairiporã, na Grande São Paulo, onde passou o Réveillon, quando deu entrada no Hospital de Clínicas Sul com os sintomas da doença, no início do mês passado. O rapaz foi transferido para o Hospital Municipal e morreu dois dias depois da internação. Outros oito casos suspeitos ainda aguardam confirmação na região, entre eles a morte de uma menina de 14 anos, de Cruzeiro, que esteve em Minas Gerais no final de dezembro. Esses números superam, de longe, os diagnósticos positivos registrados no ano passado inteiro, quando as autoridades confirmaram 53 casos e apenas duas mortes em São Paulo. Os macacos, vulneráveis ao vírus assim como o homem, também alcançaram altos índices de infecção neste ano. Foram 58 animais detectados com a doença, sendo que um deles foi encontrado morto na zona rural de Jacareí, no bairro Parateí. “Eles são sentinelas e

nos ajudam a identificar áreas de circulação da doença. Quando encontramos um animal morto com resultado positivo para a febre amarela é o indicativo da presença do vírus naquele local. Os bugios são os mais sensíveis à doença. Muitos deles foram a óbito durante a disseminação da febre amarela. Outras espécies como o sagui e o macaco prego já são mais resistentes”, explica a

Eles são sentinelas e nos ajudam a identificar áreas de circulação da doença. Quando encontramos um animal morto com resultado positivo para a febre amarela é o indicativo da presença do vírus naquele local” Hanna Sibuya, VETERINÁRIA médica veterinária Hanna Sibuya, da Univap, de São José dos Campos. Condenados pela desinformação da população, os macacos ainda não receberam o merecido reconhecimento dos indicadores que a morte deles representa. Considerados como os maiores responsáveis pela intensa transmissão da doença, os animais levam a culpa, mesmo inocentes.

O aparecimento de macacos mortos com sinais de violência preocupa as autoridades sanitárias e os ambientalistas. O fotógrafo Ricardo Martins, de São José dos Campos, com importantes trabalhos realizados para a preservação de primatas como o muriqui, teme a ameaça de extinção de algumas espécies. “Insistir nesse erro cruel contra a natureza pode representar duras consequências para muitos animais que sofrem contra o desaparecimento dos indivíduos da espécie”, lamenta. O Centro de Animais Sinantrópicos da Prefeitura de Taubaté já recolheu 13 macacos encontrados mortos na cidade desde fevereiro do ano passado, alguns com suspeita de agressão e um com morte confirmada por febre amarela. O município enviou amostras dos animais para exames e vem mapeando as áreas de florestas com a presença de primatas para monitorar possíveis óbitos e a indicação da circulação do vírus. “Quando a gente mantém esses animais sadios, no ambiente natural deles, conseguimos agir mais rápido caso algum indivíduo apareça morto ou doente, garantindo o bloqueio imediato daquela área com ações preventivas para impedir que a doença seja transmitida na cidade”, explica o coordenador do CAS, José Antônio Cardoso. Para a veterinária, matar ou agredir os macacos pode trazer sérios riscos para a saúde do ser humano. “Quanto menos animais a gente tiver na natureza, os mosquitos certamente vão em busca de outros indivíduos para se alimentar, em lugares que antes eles não iam. Isso pode aumentar a ocorrência da doença em outras áreas”, alerta. “Esses animais estão sendo mortos por conta do medo da população humana em relação à transmissão do vírus. Se você mata os animais vai haver um prejuízo enorme porque a vigilância natural não vai ser feita devido ao óbito daquele animal por uma pessoa”, diz Danilo Simonini, presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia.


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Distrito de São Francisco Xavier tem grande população de macacos

Quem for flagrando agredindo animais nativos ou silvestres pode ser preso, com detenção prevista em lei de seis meses a um ano, além de multa de até R$ 5 mil. Quando o crime é praticado contra espécies ameaçadas de extinção, a pena é aumentada em 50%.

Vilão Os casos de febre amarela urbana sumiram do mapa do Estado de São Paulo em 1942, quando a doença foi erradicada também no restante do Brasil. Sem alarde, as mortes continuaram silenciosamente. O vírus foi abolido das cidades, mas permaneceu na natureza. De lá para cá, as investigações descartaram que novos pacientes tenham adquirido a doença em área urbana, mas o vírus continuou vivo em regiões endêmicas na forma silvestre, infectando macacos e humanos desprotegidos contra a doença que passaram por áreas de matas ou próximo a esses locais. Os responsáveis pela transmissão da

febre amarela se chamam Haemagogus e Sabethes. Os protagonistas do maior medo dos paulistas atualmente vivem na copa das árvores, o que facilita o contato com o alvo preferencial deles,

Agressão contra animais nativos ou silvestres gera prisão de até 1 ano e multa de até R$ 5 mil os macacos. O mosquito pica o animal, principal hospedeiro do vírus, e começa o ciclo silvestre da febre amarela. O vírus enfrenta altos e baixos nas florestas e depende do equilíbrio de alguns fatores para ser propagado, como

a presença de animais suscetíveis, que possam ser infectados, mas nem sempre isso acontece, por isso ficamos anos sem surtos da doença. O período mais chuvoso, normalmente, no primeiro semestre do ano, favorece a proliferação do mosquito. Para a ocorrência de casos de febre amarela nas cidades, o Haemagogus não seria o encarregado de disseminar a doença. “O habitat desse mosquito é silvestre, nas florestas. Ele não consegue se adaptar na área urbana. Essa missão ficaria a cargo de um velho conhecido nosso, o aedes aegypti”, diz o coordenador do Centro de Animais Sinantrópicos de Taubaté, José Antônio Cardoso. Pesquisador na área de primatas há mais de 20 anos, o professor Júlio César Voltolini, da Universidade de Taubaté (Unitau), conta que pelo país afora existem trabalhos de monitoramento com macacos para observar a circulação da febre amarela para que os surtos


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Campanha

Esses animais estão sendo mortos por conta do medo da população humana em relação à transmissão do vírus” Danilo Simonini, PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PRIMATOLOGIA

não sejam descobertos de surpresa. “Acredito que em São Paulo faltou um empenho nesse sentido, com o mapeamento da população de primatas, captura de animais para coleta de sangue para exames para perceber mais cedo a ameaça da doença”, diz. O último levantamento do Índice de Densidade Larvária (ADL) feito em Taubaté, mapeando as áreas de infestação do mosquito Aedes Aegypti com base nas vistorias feitas em mais de três mil imóveis, deixou a cidade numa situação crítica. O nível de presença de larvas no município chegou a 6.7, o maior registrado no mês de janeiro nos últimos dois anos. O dado coloca os taubateanos em risco de uma nova epidemia de dengue. “Cidade infestada de aedes aegypti é um perigo iminente para a entrada da febre amarela. O mosquito é o responsável pelo ciclo urbano da doença”, alerta Stella Zollner, coordenadora de Vigilância Epidemiológica de Taubaté.

O risco de ficar doente causou uma corrida aos postos de saúde em busca da imunização, disponível na rede pública. Os estoques desapareceram em poucos dias e a reposição de novas doses enviadas diariamente pela Secretaria de Estado da Saúde não acompanhou as enormes filas formadas na porta das unidades ainda durante a madrugada. Para evitar um surto no Estado, considerado área de risco para a transmissão de febre amarela pela Organização Mundial de Saúde devido ao nível elevado de atividade do vírus, o Ministério da Saúde autorizou a antecipação da campanha de vacinação em 54 municípios paulistas, 37 deles na região. Prevista para o início de fevereiro, as vacinas começaram a ser aplicadas no final do mês passado e a adesão dos moradores atingiu altos índices em tempo recorde. Em 2017, quando a procura era mais comum por quem ia viajar para regiões endêmicas dentro ou fora do país, quase 10 mil taubateanos foram vacinados contra a doença. O número comeu poeira com o salto de doses distribuídas nos quatro primeiros dias da campanha neste ano. Cerca de 22 mil pessoas receberam a imunização na cidade. O início da vacinação também foi concorrido em São José dos Campos. Pouco mais de 20% do público alvo foi imunizado em cinco dias, aproximadamente 100 mil moradores. “Quando as pessoas descobrem que metade dos pacientes infectados com vírus da febre da amarela, que avançaram para a fase mais grave da doença morreu no ano passado, o temor é natural. Precisamos vacinar a população para fazer um bloqueio e impedir a entrada do vírus nas cidades. É uma doença severa que mata e precisa ser encarada de maneira responsável”, orienta Stella Zollner. O destino do carnaval deste ano da advogada Marina Lemes, de Cruzeiro, foi o


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Rio de Janeiro. Ela e o namorado passaram os cinco dias de folia na cidade maravilhosa. Com medo dos casos de febre amarela, com 12 mortes confirmados no Estado só no mês passado, ela preferiu se imunizar dez dias antes da viagem, o período recomendado para a imunização fazer efeito. “Confesso que fiquei com receio de tomar a vacina. Os casos de reações adversas, com a morte de três pessoas em São Paulo, me preocuparam e eu fiquei em dúvida, mas optei pela imunização por segurança”, relata a advogada. Coordenadora do curso de Biomedicina da Univap, a professora Sônia Khouri considera a vacina a melhor forma de prevenção contra a doença, nos casos, claro, sem restrição médica para receber a dose. “Se infectado, os casos podem evoluir para quadros mais graves e o paciente infectado pode apresentar insuficiência hepática e renal, olhos e pele amarelados, hemorragias e cansaço intenso, podendo levar ao choque e a insuficiência de vários órgãos”, explica. Stella Zollner garante que a vacina é eficiente para proteger as pessoas, mas

Cidade infestada de aedes aegypti é um perigo iminente para a entrada da febre amarela. O mosquito é o responsável pelo ciclo urbano da doença Stella Zollner, COORD. DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DE TAUBATÉ

não é isenta de efeitos colaterais. “Como a vacina é feita de um vírus atenuado existe a possibilidade do paciente desenvolver alguns sintomas como febre e dor de cabeça ou muscular. O óbito é um risco também, mas muito raro”. O guia de turismo Luiz Fernando Priante, de São José dos Campos, organiza excursões para diversos lugares do Brasil, em especial trilhas em áreas de mata fechada. Para os passeios, ele tem orientado as pessoas a procurar pela imunização antes de viajar, como forma preventiva contra a febre amarela. “Procuro orientar os turistas sobre a importância de manter a carteirinha de vacinação em dia, principalmente quando o destino é uma região de floresta. Como trabalho com o meio ambiente, assumi também a missão de ser um porta-voz na defesa dos macacos que, neste caso específico, tem nos ajudado alertando sobre a presença do vírus. Precisamos proteger esses animais que nada de mau fizeram para gente, pelo contrário nos ajudaram a identificar logo a doença e a salvar muitas vidas”. 


Visite a Câmara! Alunos das escolas de São José dos Campos podem aprender, na prática, como as leis municipais são criadas. Eles também debatem com os próprios vereadores sobre os problemas da cidade. A Câmara recebe visitas de escolas públicas, particulares, universidades e também de associações e entidades. Agendamento Escolas, associações, entidades e outras instituições podem agendar visitas à Câmara entrando em contato com a Secretaria de Comunicação pelo telefone (12) 3925-6515 ou pelo e-mail visiteacamara@camarasjc.sp.gov.br.

CÂMARA MUNICIPAL

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CÂMARA MUNICIPAL SÃO JOSÉ DOS CAMPOS A vida da cidade passa por aqui


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POLÍTICA

Fotos: Divulgação

Tribuna Livre ainda é pouco explorada como participação popular Instrumento para dar voz à sociedade muitas vezes fica sem utilização

Câmara de Taubaté teve 44 pessoas usando a tribuna em 2017

Marcus Alvarenga RMVALE

O

Brasil passa por um período de incertezas políticas e entra em um ano eleitoral que promete ser de grandes confrontos de ideias e posições antagônicas desde a campanha presidencial de 1989. Porém, em todos esses pontos, é preciso colocar no centro da discussão a população, que é diretamente afetada por todas as decisões e sempre busca ter seu espaço de palavra dentro do Poder Público. No âmbito regional, a sociedade, raramente, é ouvida e participa de audiências públicas, onde teriam os microfones abertos. Entretanto, as casas legislativas da nossa

região, ainda poucas, oferecem o local mais sagrado do parlamento para dar voz à opinião popular. A Tribuna Livre, ou Tribuna Popular, como é chamada em alguns municípios, é aberta para o público, mediante regras, mas ainda é pouco utilizada para fomentar o debate entre comunidade e vereadores. Em busca de dividir informações, conhecimento e buscar mudanças, o jovem Igor Hemming, de 24 anos, utiliza o plenário desde 2016, quando começou a desenvolver estudos sobre o Poder Legislativo de Caçapava para disciplina de Cidadania e Políticas Públicas do curso de Administração e das especializações de Conciliador Judicial e Gestão Pública.

“A Tribuna Livre é uma ferramenta democrática onde todo o cidadão deve, sim, expor suas ideias e debater o futuro da cidade. Junto de outros colegas fizemos um trabalho com o objetivo de criar formas de aproximar a Câmara da população. Ao concluir com êxito, achamos de importância compartilhar com a sociedade e vereadores, deixando o registro para todos. Dai surgiu a ideia de utilizar a tribuna pela primeira vez”, relata Hemmings, que decidiu por continuar a estudar o tema e utilizá-lo como trabalho de conclusão da graduação. A Tribuna Livre existe no regimento interno da Câmara de Caçapava desde 2006. Ano passado, a ferramenta foi utilizada 13 vezes, a mesma quantidade que


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em 2016. Mas não é somente a “cidade simpatia” que tem essa abertura. Outras também incluem em seu regimento o espaço para população falar durante as sessões plenárias. Guaratinguetá tem a tribuna inclusa no regimento desde 31 de maio de 1968, mas, ao longo do tempo, sofreu mudanças durante todos os anos de aplicação, como no próprio nome, que agora é Tribuna Popular, e em algumas regras, como direito da palavra por 20 minutos, possuir domicílio eleitoral no município, uso do plenário no limite de seis meses e tratar de assunto de interesse da cidade e que não tenha sido abordado nos últimos 12 meses. Entre os anos de 2013 e 2016, foram registrados apenas 11 pedidos para uso da tribuna, e em 2017, apenas três. Outras cidades que também possuem esse espaço para ouvir a população são Campos do Jordão (desde 1990), Ilhabela (desde 1989), Jacareí (desde 2001) e Taubaté (desde 1994), que tiveram o uso em 2017, respectivamente, por oito pessoas; seis moradores e 17 entidades; 16 munícipes; e 44 taubateanos. “Antes de ser vereador eu já tinha conhecimento, mas nunca me dispus em falar. A Tribuna Livre é fundamental para a sociedade civil organizada e até para munícipes cobrarem diretamente o Legislativo e ao prefeito. É um canal aberto para o povo ter voz ativa”, conta o presidente da Câmara de Taubaté, o vereador

Julio Cezar de Tulio, utilizando a Tribuna Livre em Ilhabela

Diego Fonseca (PSDB), que ainda destacou o impacto das declarações na atuação do legislativo. “Tivemos pessoas que, de forma prudente, falaram e já nos alertaram de algumas questões que estavam acontecendo na cidade. Um exemplo é o problema com a Labclim, que teve um orador que se inscreveu e realmente alertou alguns vereadores que já estavam analisando essa questão, levando a abertura da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)”, conta. Em 2017, 61 taubateanos se inscreveram para falar na Tribuna Livre, porém apenas 44 deles utilizaram do espaço após a avaliação de um corpo técnico, formado por funcionários efetivos da

Caçapava, Taubaté, Jacareí, Guaratinguetà, Ilhabela e Campos do Jordão são cidades que aderiram à Tribuna Livre


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casa legislativa. “Tivemos 17 pedidos indeferidos pelo descumprimento do regimento interno ou ausência de interesse da população sobre o tema. Vejo a tribuna como uma aproximação de moral, independentemente de ser ano eleitoral ou não, até porque sempre surgem assuntos pertinentes, coisas referentes à cidade. O impacto no trabalho dos vereadores após a palavra dos moradores é direto. A mais recente abertura da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar possíveis irregularidades nas contas da Santa Casa de Ilhabela foi instituída após o provedor da unidade de saúde e do Comus (Conselho Municipal de Saúde) utilizarem da Tribuna Livre para fazer a denúncia. “Utilizo do espaço para informar a população e os vereadores das coisas que acontecem, principalmente na área de saúde, pois estou à frente da Santa Casa e busco apresentar os problemas e divulgar os fatos. O efeito, quando você ocupa a tribuna, gera uma repercussão na cidade. Se resolve e vai mudar eu não sei, mas é um espaço para quem se sente

manifestem publicamente com sua opinião a respeito de assuntos de interesse comum”

Se resolve e vai mudar eu não sei, mas é um espaço para quem se sente injustiçado Julio C. de Tulio, PROVEDOR SANTA CASA

injustiçado”, relatou Julio Cezar de Tullio, provedor da Santa Casa de Misericórdia de Ilhabela. Para a presidente da Câmara de Jacareí, Lucimar Ponciano (PSDB), a tribuna é um espaço democrático de manifestação pública. “A Tribuna Livre é um espaço que a Câmara disponibiliza ao cidadão e à sociedade para que se

São José dos Campos Enquanto algumas cidades da RMVale buscam se aproximar da população há mais de 20 anos e possuem alguma organização para uso do plenário, o maior município da região e referência de desenvolvimento ainda não aplica a Tribuna Livre, mesmo a utlização do espaço fazendo parte do regimento interno desde 1989. O assunto veio à tona após um estudante de 18 anos acionar o Ministério Público para fazer uso da tribuna na Câmara de São José dos Campos. O pedido levou a promotoria, em agosto de 2017, a cobrar explicações do Legislativo sobre a “omissão na regulamentação necessária para efetiva instalação da Tribuna Livre Jornalista Edward Simões”, diz trecho do pedido. “Encontrei uma resolução em que o regimento foi alterado e instaurado a Tribuna Livre no dia 8 de março de 1989.


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Vá ao hospital certo!

Os ossos são o nosso ofício.

Câmara de Ilhabela

Outro dado aponta a regulamentação do artigo em 8 de agosto de 1997. Tanto a gestão anterior e atual dizem que não há uma regulamentação, mas está no artigo 181 uma ordem que eles mesmos criaram”, declarou Gabriel Junio Amado, jovem que representou o caso ao Ministério Público. O jovem diz que procurou respostas dentro da Câmara, junto aos vereadores, mas não teve retorno. “Decidi procurar quem responde acima da Câmara e percebi que teria que entrar na Justiça. “Seguirei cobrando e fiscalizando o Legislativo. A Tribuna Livre deve dar voz à comunidade que não é ouvida. Hoje temos uma Câmara do “amém” e a tribuna vai fazer com que surjam novas lideranças políticas jovens na cidade”, afirma. O tema, que percorreu durante todo o ano, foi adiado e a discussão jogada para 2018, sofrendo, inclusive, a possibilidade de ser extinto por meio de um projeto de lei que desejava colocar fim ao artigo do regimento interno, gerando um impasse entre os vereadores que apoiavam a instituição da tribuna. O presidente da Câmara, Juvenil Silvério (PSDB), chegou a declarar que não conhecia o artigo do regimento e

Tivemos pessoas que, de forma prudente, falaram de algumas questões que estavam acontecendo na cidade, como no caso da Labclim...levando a abertura da CPI” Diego Fonseca, PRES. C ÂMARA TAUBAT É

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Tribuna Livre sendo usada na Câmara de Jacareí

que não sabia da existência da tribuna em outras casas legislativas. “Eu não conhecia essa questão”, disse. O tucano reafirmou, em entrevista na Web TV Meon, que não vê a necessidade na implantação da Tribuna Livre. “Nenhum cidadão precisa ir até a Tribuna Livre para se manifestar. Em qualquer lugar hoje pode se fazer um protesto nas redes sociais. A manifestação tem muitos outros meios além da tribuna. Não tem nenhum receio, medo ou burocracia por parte da Câmara. Em 1989, foi encontrada uma saída. As pessoas tinham medo de se manifestar. Hoje é diferente. As formas de comunicação e manifestação no Brasil e no mundo estão amplamente diferentes”, disse Silvério. À frente da Casa Legislativa de Taubaté, Diego Fonseca (PSDB) acredita que todas as cidades deveriam abrir esse espaço da população, mas que situações internas da Câmara de São José podem interferir na aplicação do regimento. “É difícil opinar no ato de uma Câmara de Municipal, principalmente da maior cidade da RMVale, mas acredito que de repente devam ter uma decisão interna relevante. Acredito que o presidente possa rever essa questão até com a indagação da sociedade que venha a se sentir prejudicada e que os vereadores poderiam abrir esse espaço para a sociedade”, comenta.

Nenhum cidadão precisa ir até a Tribuna Livre para se manifestar. Em qualquer lugar hoje pode se fazer um protesto nas redes sociais” Juvenil Silvério, PRES. C ÂMARA SÃO JOSÉ

Iniciativa popular Outro ponto de distanciamento do Poder Legislativo da sociedade é a discussão de projetos de iniciativa popular,

que não acontece há 17 anos na Câmara de São José, mesmo constando na Lei Orgânica da cidade. A última análise deste tipo de proposta aconteceu em 2001, e se tratava da bilhetagem eletrônica nos ônibus circulares, sendo aprovada em plenário e promulgada no início de 2002. Após cinco mandatos, nenhum outro projeto foi analisado e o último ainda não está incluso no GED (Gestão Eletrônica de Documentos), que reúne todos os projetos que passam pela Câmara. Segundo o artigo 64 da Lei Orgânica do Município, qualquer eleitor que conseguir um abaixo-assinado que obtenha 1% do número de eleitores em São José – o que corresponde a aproximadamente cinco mil pessoas – pode apresentar um projeto de lei na Câmara, que será tramitado de acordo com as normas relativas ao processo legislativo, como as propostas dos vereadores. O presidente da Câmara, Juvenil Silvério (PSDB), confirma que à frente da Casa nunca recebeu propostas por meio desta via popular. De acordo com ele, é um caminho que poderia ser mais utilizado pelos eleitores. “É uma forma que existe, está lá pronta, e poderia ser utilizada com mais frequência. Outro caminho também é o eleitor levar sua ideia para a Comissão de Legislação Participativa, que avalia projetos vindos da iniciativa popular”, explica. O presidente ainda alerta sobre as questões que podem fazer com que os projetos sejam considerados inconstitucionais. Segundo ele, é importante se inteirar do que uma proposta parlamentar pode e o que não pode conter. “Se a pessoa faz um abaixo-assinado pedindo mais médicos no seu postinho, por exemplo, esse projeto não passa porque a publicação seria inconstitucional. As formas de aplicação são as mesmas que as proposituras feitas pelos vereadores”, comenta. 



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ESPECIAL

Fotos: Pedro Ivo Prates

A intolerância ainda persiste

Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 70 anos em 2018, mas preconceito segue enraizado na sociedade brasileira

Rosa Miranda faz parte do coletivo de mulheres Negras Lélia Gonzales

Tânia Campelo SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

T

odos os seres humanos nascem livres e possuem direitos iguais, sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, classe social ou opinião política. Esse é um dos princípios da Declaração

Universal dos Direitos Humanos, da qual o Brasil e outros países da ONU (Organização das Nações Unidas) são signatários. O documento completa 70 anos em 2018, no entanto, a sociedade brasileira retrocede em aspectos básicos de convivência social. As denúncias contra intolerância registradas pelo Ministério dos Direitos Humanos

comprovam este retrocesso. Entre 2011 e 2017, foram registradas 11.282 agressões a gays, lésbicas, travestis e transexuais no Brasil. Isso significa que, em média, todos os dias quatro pessoas sofrem algum tipo de agressão em razão da sua sexualidade, segundo o Disque Direitos Humanos. O mesmo serviço registrou também


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cerca de quatro denúncias diárias por discriminação racial e uma denúncia por intolerância religiosa a cada 15 horas. A estimativa é que os números da violência gerada pelo intolerância sejam ainda maiores, já que a maioria das vítimas não recorre ao Disque 100 do governo federal. Apesar de a discriminação racial, de sexo ou religiosa configurar crime, muitas pessoas sequer fazem o boletim de ocorrência nas delegacias. O preconceito racial é sentido pelos negros desde a infância. “Começa na creche ou na escola, com o professor que fica incomodado com o cabelo da criança negra”, disse Rosa Miranda, do Coletivo de Mulheres Negras Lélia Gonzales, de São José dos Campos. Segundo ela, também são frequentes as queixas de discriminação racial no comércio. “As mulheres negras que trabalham como vendedoras sofrem preconceito do patrão, que está sempre desconfiado e revistando as bolsas, e também dos clientes, que as maltratam”, relata. As vítimas têm o direito de registrar denúncia e mover um processo contra seus agressores, mas desistem porque se sentem desestimuladas. “Elas não têm dinheiro para advogado e não existe uma rede para dar assistência jurídica na cidade”, diz Rosa. A ativista não vê em um futuro próximo uma sociedade justa e igualitária no Brasil, pois acredita que os políticos que estão no poder não têm interesse e os brasileiros ainda não estão preparados para lutar pelo fim da discriminação e preconceito. “A sociedade tem que entender que é papel de todos nós fazermos o enfrentamento para mudarmos esta realidade”, disse. Um estudo realizado pelo projeto Comunica Que Muda, da agência Nova/ sb, entre abril e junho de 2016, derruba o estereótipo atribuído ao brasileiro de povo pacífico e tolerante. No total, foram analisadas 393.284 menções sobre

Ricardo Willian é líder espiritual de uma tenda de umbanda

aparência das pessoas, classes sociais, deficiências, homofobia, misoginia, política, idade/geração, racismo, religião e xenofobia -- 84% da mensagens eram negativas, expondo a discriminação e o preconceito de seus autores. Foram analisadas mensagens postadas no Facebook, Twitter e Instagram e também em páginas de blogs e comentários de sites da internet. O racismo liderou o ranking de mensagens negativas.

A sociedade tem que entender que é papel de todos nós fazermos o enfrentamento para mudarmos esta realidade” Rosa Miranda, COLETIVA DE

MULHERES DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Um exemplo de manifestações de intolerância racial na internet são os ataques sofridos pela filha do casal de atores Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso. A pequena Titi, de apenas 4 anos, foi xingada em um vídeo gravado pela blogueira e socialite Day McCarthy, que responde inquérito por crime de racismo. Vários outros famosos, como a atriz Taís Araújo e a jornalista Maria Júlia Coutinho, a Maju, foram vítimas de ataques racistas na internet. A investigação e identificação dos autores em muitos casos registrados, parece não inibir a manifestação de intolerância.

Religião As religiões de matrizes africanas são as que mais sofrem preconceito no Brasil. Há mais de 40 anos no candomblé, a aposentada Maria Aparecida Barbosa da Silva, 68 anos, de Taubaté , disse que se acostumou com o preconceito racial e religioso. “Eu nunca me senti discriminada por ser negra, cresci num tempo em que não se falava muito sobre isso. Agora vendo meus filhos e meus netos buscando um lugar melhor no mundo, percebo quanta injustiça eu passei só porque sou negra”, disse Maria


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Lilian Alessandra trabalha no DCTA e defende a informação como arma contra o preconceito

Ela afirma que sempre foi ressentida por não poder expressar sua religiosidade abertamente. Até pouco tempo, ela frequentava um terreiro de candomblé em outra cidade. “Eu escondia minha religião da vizinhança porque não queria prejudicar os meus filhos. Eu nunca sofri agressão física, como a gente vê acontecer em outros lugares. Mas as pessoas ficam olhando torto, falando que a gente é macumbeiro. Falam isso porque não conhecem o candomblé”, conta a aposentada. A mesma opinião tem o publicitário Ricardo Willian de Oliveira Bento, de São José dos Campos. “As pessoas não têm informação sobre o candomblé ou a umbanda. Falta conhecimento sobre cosmogonia africana (criação do mundo segundo a cultura do povo iorubá)”, disse Ricardo, que é dirigente espiritual da Tenda de Umbanda Seara de Ogum, na Vila Letônia. Para ele, a intolerância religiosa seria combatida se escolas e espaços públicos abrissem espaço para falar sobre as diferentes religiões. “Não adianta apenas

aparecer em um evento público com uma roupa diferente, com danças e música. As pessoas precisam ouvir, receber informações para entender o que acontece em um terreiro, em um centro.” Ricardo explica que a umbanda é uma religião criada no Brasil há 108 anos a partir da fusão de princípios do xamanismo (indígena), espiritismo (kardecista) e do candomblé. O candomblé foi uma das religiões africanas introduzidas no Brasil pelos escravos.

Entre 2011 e 2017 foram 11.282 agressões contra gays, lésbicas, travestis e transexuais no Brasil

Gêneros As agressões por conta da intolerância às diferentes expressões de gênero também são cada vez mais frequentes. Segundo estudo do Grupo Gay da Bahia, em 2017, 445 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs) foram mortos em crimes motivados por homofobia. A transexual Lilian Alessandra Consiglieri, que trabalha como projetista no DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, em São José dos Campos, acredita que só a informação pode acabar com o preconceito e a intolerância entre as pessoas. “As pessoas crescem acreditando que no mundo existem apenas o azul e o rosa, mas se mostrarem para ela que há muitas outras tonalidades entre uma cor e outra, será muito mais fácil compreender e respeitar as diferenças”, disse Lilian. A projetista disse que desde a infância se sentia diferente dos demais meninos e por conta disso acabou ficando recluso. Passou praticamente a adolescência toda lendo livros e afastado do convívio social. Aos 23 anos entrou


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no CTA, quando ainda se chamava Cláudio Alexandre, e alguns anos depois se casou com uma vizinha. “Acreditava que poderia ser a cura gay. Acredita que aqueles sentimentos estranhos poderiam sumir. Mas isso não existe, eu sou trans, nasci assim e nada pode mudar isso”, conta Alessandra. Em 1993, quando sua mulher passou três meses no exterior, Cláudio decidiu colocar as tão desejadas roupas femininas e sair às ruas. “Quando me vi no espelho percebi quem eu era, quem eu sempre fui”. Ele revelou à esposa que era trans, no entanto, ela se recusou a dar o divórcio. Os dois continuaram morando juntos até que em 1999 eles fizeram um acordo e Lilian conseguiu a separação. Os conflitos psicológicos, no entanto, permaneciam em sua cabeça. “Meu desespero era grande. Peguei arma, coloquei sob o queixo e apertei o gatilho, mas falhou. Eu entendi que havia um propósito nisso. Eu tinha que buscar o autoconhecimento, a autoaceitação”, relata Lilian. Isso aconteceu em 2003, mas a projetista continuou interpretando o papel de Cláudio no DCTA até 2015. “Neste período percebi que a legislação se abriu, que eu poderia reivindicar meus direitos. Conversei com o jurídico, contei minha história. Queria usar meu nome social e minhas roupas no meu ambiente de trabalho.” Apesar de ser um trabalhador civil, o pedido teve que ser analisado por todos os escalões da Aeronáutica. Eles aceitaram. A única imposição foi que Lilian usasse um banheiro exclusivo e que todos os funcionários fossem avisados pela chefia antes da mudança. Assim, em 1º de setembro de 2015, nasceu Lilian Alessandra, hoje com quase 60 anos e prestes a se aposentar. O nome social continua apenas no crachá do DCTA, enquanto ela não consegue mudar a documentação pessoal. Ela enfrentou preconceito, sim. E continua enfrentando. “Meus amigos do grupo de plastimodelismo não


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aceitaram a mudança”, afirma mostrando as diversas medalhas que ganhou com seus modelos. Lilian defende que seja feito um trabalho educativo de base, com transmissão de informação sobre as várias expressões de gêneros. “Não tem que falar em ideologia de gênero. Esse termo foi criado por políticos evangélicos, católicos. Tem que passar informação, mostrar que o mundo não é apenas azul e rosa.”.

Análise Para a psicóloga Raísa Soares Lobato, professora de Psicologia Comportamental na Unitau (Universidade de Taubaté), a formação de cidadãos críticos é a melhor arma para combater a intolerância. “Quando a pessoa desenvolve pensamento crítico ela deixa de repetir comportamentos. Ela começa a questionar os ensinamentos

fundamentalistas, que são a base da intolerância”, disse Raísa. Ela ressalta que muitas manifestações de intolerância são de pessoas que não se aceitam. “A sociedade impõe rótulos. Vivemos numa ditadura da imagem corporal, a sociedade massacra e algumas pessoas não resistem. É o caso de alguns negros terem sido identificados como autores de mensagens racistas. Eles não se aceitam e atacam o outro negro”, disse a psicóloga. Segundo Raísa, as redes sociais acabam dando mais vazão a esses sentimentos reprimidos. “É um ato de covardia, a pessoa sabe que a internet é terra de ninguém e despeja ali todo o seu ódio, mesmo sabendo que corre o risco ser identificado.”

Desfile contra a intolerância Escolas de samba do Grupo Especial

do Rio de Janeiro ecoaram um grito contra a intolerância no Carnaval deste ano. Na Marquês do Sapucaí, sambas e alegorias pediam um basta à discriminação e ao preconceito. A incidência do tema intolerância nos desfiles é consequência direta da discussão que vem se disseminando na sociedade brasileira. No desfile da Beija-Flor, campeã do Carnaval carioca neste ano, o samba-enredo “Monstro é aquele que não sabe amar” e os destaques Pabllo Vittar e Jojo Todynho deram o recado contra a intolerância religiosa, racial e de gênero. A Portela levou para a avenida um enredo sobre refugiados, lembrando inclusive os judeus que migraram para Pernambuco na época da colonização holandesa. Já a Paraíso do Tuiuti recontou a história da escravidão no Brasil e fez uma crítica ao racismo. 



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ANIVERSÁRIO

Fotos: Pedro Ivo Prates

Meon: 4 anos de destaque no jornalismo regional

Portal consolida crescimento da marca e reforça a atuação na RMVale

Equipe de Jornalismo do Grupo Meon

MARCUS ALVARENGA SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

S

ão 4 anos, mais de 33 milhões de acessos, 80 mil seguidores nas mídias sociais e mais de 500 mil pessoas já alcançadas pelas notícias e informações produzidas pela equipe. Esse é o Portal Meon (Metrópole Online) primeiro veiculo de comunicação que nasceu na Internet

na Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, com conteúdo 100% online. Em 14 de fevereiro de 2014 um novo veículo jornalístico era disponibilizado para o acesso instantâneo por meio da rede, em qualquer lugar do mundo. Por meio de todas as plataformas digitais surgia um formato inovador voltado para a temática da RMVale. Duas mentes pensantes e

audaciosas trouxeram a ideia para uma equipe de profissionais experientes, que também apostaram na novidade e aceitaram o desafio em produzir um conteúdo com credibilidade e único para o interior paulista. Muitos boatos e histórias surgiram no mercado da comunicação, trazendo suposições de dezenas de nomes para estar à frente do projeto. Mas a verdade, é que uma mulher visionária,


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Redação da equipe de Jornalismo do Grupo Meon

dedicada e corajosa, decidiu por trilhar em uma nova área, mas não para apenas se aventurar, mas sim construir um veículo de comunicação sério e comprometido com a notícia isenta e bem apurada. Foram meses de trabalho, desde a ideia, rascunho, projetos, definição de nome, layout e os mais diversos detalhes, até a união de um time de profissionais para dar o passo inicial no novo caminho do noticiário diário da RMVale. A entrada no mercado foi com muito respeito os demais veículos e colegas que já vinham construindo as próprias histórias, mas já no início nos surpreendemos com a receptividade e retorno de leitores. A primeira cobertura de uma forte chuva, em Taubaté, garantiu a primeira grande audiência do Meon. Era uma quinta-feira comum de Verão, no dia 6 de março de 2014, quando, ao fim da noite, uma tempestade atinge a região. Porém, uma chuva de granizos atingiu a cidade, causando

Ao transmitirmos informação temos como norte o fomento da economia com a exposição de pessoas e empresas que realizam trabalho de ponto na região” Regina Laranjeira Bauman, DIR. EXECUTIVA

estragos por diversos bairros. A reportagem produzida com ajuda de todos os jornalistas que estavam na redação naquela noite rendeu 92.781 leituras, ajudando no dia seguinte, 7 de março de 2014, o Meon garantir o primeiro pico de acesso, com mais de 90 mil internautas em apenas um dia. Nos meses seguintes, o alcança e leituras dos conteúdos foram mantendo sempre a evolução da receptividade dos leitores. A construção desta história recente só foi possível graças ao trabalho de todos os profissionais que passaram pelo Meon, em seus diversos departamentos, dividindo os conhecimentos e experiências, com cada pessoa deixando a sua marca e contribuindo para o crescimento da empresa. Muitos, hoje, estão em outros desafios nas carreiras, mas seguem acompanhando, lendo, curtindo, compartilhando e torcendo pelo nosso futuro. “Foi de grande valia e essencial para meu desenvolvimento, não só como


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jornalista, mas também como comunicador no geral. Tive oportunidades de evoluir e aumentar minha gama de técnicas de escrita em diferentes plataformas. Vejo o Grupo seguindo atualmente a receita do crescimento saudável, colocando a qualidade como principal ingrediente e sem acreditar em fórmulas mágicas. O resultado é a gênese de uma nova força e um jeito de fazer jornalismo, ganhando espaço no mercado regional e se consolidando como fonte de destaque para os formadores de opinião”, declara Thiago Fadini, repórter do Meon em 2015, atualmente atuando na assessoria de Imprensa da Secretaria de Esporte e Cidadania da Prefeitura de São José dos Campos. O Meon também foi objeto de informação e atualização sobre os grandes eventos que ocorreram na região e no Brasil nos últimos anos, como a Copa do Mundo de 2014, os Jogos Olímpicos de 2016, eleições municipais e nacionais, Museu do Automóvel, Greve Geral, Manifestações e tantos outros. Além disso, entrevistas exclusivas também puderam ser conferidas, seja com autoridades e personalidades que visitam a região ou mesmo na redação. “Pelo Meon participei de coberturas em momentos importantes para o País e para a região. Algumas ficaram marcadas para mim, como na abertura da Copa 2014, quando acompanhei uma família joseense que viajava para São

Paulo. À época, pude conferir de perto um momento histórico para o país, mas do ponto de vista dos moradores do bairro de Itaquera, na zona leste da capital. Já em 2018, pude contar a história da carioca Alana Gonçalves, que deu um jeito de vir para São José, mesmo sem recursos, para conseguir uma prótese para o filho Guilherme, que nasceu sem a perna esquerda”, conta João Pedro Teles, jornalista do Meon desde o início do projeto. Além de todo o conteúdo transmitido por meio das reportagens aos nossos leitores, dentro da própria empresa existe o espaço para a primeira

Fernando Ivo Antunes, editor-chefe, e Eduardo Pandeló, Diretor de Relações Institucionais

Portal Meon iniciou as atividades no dia 14 de fevereiro de 2014 e completa 4 anos com mais de 33 milhões de visualizações

experiência no mercado do jornalismo para os estudantes da graduação nas universidades da região. “Fazer estágio no Meon foi muito gratificante e desafiador. Foi meu primeiro contato com o jornalismo diário e pude por em prática os conhecimentos que estava adquirindo na faculdade, principalmente na apuração e produção de reportagem. Essa é uma das áreas do jornalismo que me encanta. Antes atuava em assessoria de Imprensa, então, de certa forma, pude aprender sobre esses dois “lados” do jornalismo que se complementam. Estagiar no Meon me trouxe ainda mais responsabilidade, agilidade e pensamento crítico em relação ao que ocorre na nossa cidade e até mesmo no país”, conta Leticia Dantas, estagiária em 2014 e atualmente editora de texto de Sistema de Ensino. Muitos dos estagiários que passaram pelo Meon nestes quatro anos e que hoje já estão inseridos no mercado de trabalho, seja em outros veículos de comunicação, agências, outras empresas e até com negócios próprios. “Como jornalista, desejo que o Grupo cresça cada vez mais e continue exercendo seu papel de levar informação e despertar o pensamento crítico na população da RMVale. Acredito que o Meon está entre os principais sites de notícias da região, com um conteúdo diversificado. Além disso, a revista Metrópole também é de grande importância e uma das poucas neste formato na nossa região”, comenta Dantas.

Novos ares E para quem surgiu totalmente online, aderir ao impresso parecia algo retrógado, mas no primeiro aniversário do Meon, nascia a Metrópole Magazine, a única revista 100% jornalística sobre assuntos relevantes e do cotidiano da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte. Com dois veículos em circulação, o Grupo se consolida como uma empresa


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de novo perfil, agora como um Grupo de Comunicação. “Nosso trabalho tem sido, desde a concepção, realizar cobertura da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte. Queremos transformar informação em conhecimento. Ao transmitirmos informação além do factual, temos como norte o fomento da economia com a exposição de pessoas e empresas que realizam trabalho de ponta na região. A meta do Meon é sermos importantes na RMVale tanto quanto a RMVale é importante para o Brasil”, diz Regina Baumann, diretora do Meon.

Novo ano

O Meon entra em 2018 com o objetivo de alçar voos maiores, com parceiros regionais e nacionais, e segue com novos projetos, como entrevistas ao vivo pelo Facebook, criação de conteúdo jornalístico para o On Radio, criação de departamento de palestras, sempre com o foco no contato direto e aproximação com o leitor nas mídias sociais e informações relevantes para o leitor. “As perspectivas para este ano são excelentes. Nossa entrada na mídia social tem sido cada vez maior, com quatro fanpages segmentadas, Instagram e Twitter. Nossa lista de transmissão de notícias no Whatsapp tem mais de 10 mil pessoas, que recebem informações três vezes por dia no celular. Com essa proximidade cada vez maior com o público, seguimos nosso foco de produzir conteúdo exclusivo e sempre pautado pelo ética e responsabilidade editorial. Teremos a partir de fevereiro um novo time de colunistas, falando sobre Direito do Consumidor, Nutrição, Política, Medicina, Humor, Digital, Meio Ambiente, Educação e História do Vale do Paraíba. Nossa cobertura regional vai ganhar novos rumos para marcarmos cada vez mais presença em todas as 39 cidades da RMVale”, declara o Fernando Ivo Antunes, editor-chefe do Meon. 


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Educação&

Fotos: Otávio Baldim

O silêncio que precisa ser ouvido Com dois milhões de brasileiros apresentando deficiência auditiva severa, inclusão ainda é desafio em algumas escolas da RMVale

Escola em Taubaté investe na formação de professor para ensinar aos alunos deficientes

OTÁVIO BALDIM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O

silêncio reina absoluto neste mundo. E na ausência das palavras, as mãos decifram a fala. Elas são a voz, ainda pouco compreendida, de quem convive com a deficiência auditiva no Brasil. Os surdos lutam para superar uma dura barreira inacessível construída na sociedade e difícil de desmoronar: a comunicação. O domínio da Libras, a Língua Brasileira de Sinais, ainda é raro, invisível para fazer a diferença na sonhada, mas ainda inatingível, inclusão. E, assim, os surdos continuam não sendo ouvidos pela maioria, calada diante deste problema.

O último Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que mais de dois milhões de brasileiros apresentam deficiência auditiva severa, com cerca de 90% da audição comprometida. O otorrilaringologista Gustavo Zangirolami, de São José dos Campos, explica que alguns fatores podem comprometer a audição. “Existem pessoas que nascem sem o nervo auditivo, resultado de uma má formação do ouvido, a chamada surdez congênita. Quando no meio do caminho percorrido pelas ondas sonoras surge alguma falha que compromete que o som seja interpretado corretamente no cérebro, temos um problema que pode evoluir para graus diferentes de surdez,

o que pode ou não ser amenizado com o uso de aparelhos”, diz o médico. Interprete de libras, a professora Flávia Lotufo, de Taubaté, não nasceu com deficiência auditiva, mas convive com os desafios da surdez desde menina. Os pais dela são surdos congênitos. O dois se casaram no início dos anos 90 e, contrariando as limitações rotuladas por pessoas próximas que duvidavam da capacidade deles de criar uma criança, decidiram ter uma filha. “Sou grata pela escolha que eles fizeram. Graças a decisão dos meus pais, ao sonho deles, eu nasci. Cresci na comunidade surda e me apaixonei pelas pessoas que conheci nesse tempo. Conhecer a realidade e os desafios que


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os surdos enfrentam no Brasil me levou a querer trabalhar para fazer a diferença na vida deles. Certamente a minha dedicação ao aprendizado da Libras foi uma resposta ao amor que eu recebi dos meus pais”, diz. Ela conta que em meados da década de 1960, os métodos usados para a educação de surdos, como os que a mãe dela foi submetida, causavam muito sofrimento e iam contra a natureza do indivíduo com deficiência auditiva. “Os alunos eram proibidos de usar as mãos para se comunicar. Eles eram forçados a falar e faziam repetidas sessões com fonoaudiólogos. Era um processo penoso demais”, relata. Pessoas com deficiência auditiva tem acesso a educação inclusiva desde 1857, quando foi criada a primeira escola para meninos surdos, durante o Império, no Institucional Univap - Meon.pdf

1

Rio de Janeiro, antiga capital do Brasil. Quase dois séculos depois, os avanços conquistados pela comunidade surda foram tímidos. Os mais sensíveis foram alcançados com a lei que reconhece a Língua Brasileira de Sinais como comunicação, em 2002. “A legislação brasileira também obriga a presença de um interprete de Libras em sala de aula com alunos surdos matriculados no ensino regular. Acredito que estamos no caminho certo para proporcionar o acesso à Educação, mas a caminhada é árdua. Com certeza, as escolas públicas estão mais preparadas neste páreo para receber esse aluno com deficiência auditiva. Na rede particular as coisas acontecem mais devagar. Precisamos também que mais pessoas se interessem pela Libras e procurem os cursos disponíveis no mercado. A

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11:20:46

sociedade deve se enxergar no outro, compreender a dificuldade do próximo e tornar a comunicação mais acessível, qualquer pessoa pode ficar surda um dia”, diz a professora. Chamada de Polo Bilíngue, a Escola Municipal Maria Dulce, em Tremembé, recebe todos os alunos surdos matriculados na rede. Eles frequentam o ensino regular como qualquer outro estudante da cidade e contam com um interprete de Libras durante as aulas, profissional avaliado por uma comissão que o submete a testes de fluência, que comprovam que ele vai atender a necessidade do aluno. “É completamente possível que esse estudante com deficiência auditiva acompanhe o ritmo de aprendizado dos demais colegas de sala. São crianças inteligentes, capazes que precisam de oportunidade, respeito e


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acessibilidade”, explica Flávia. Especialista em Libras, a professora Simone Vecchio considera fraca a formação de muitos interpretes presentes nas salas de aula em diversas escolas, realidade no Brasil inteiro. “Os cargos oferecidos pela Secretaria do Estado da Educação, por exemplo, são pouco atraentes e o profissional muito desvalorizado. Existem casos que basta apresentar um certificado para conseguir a vaga. O candidato não passa ao menos por uma avaliação de fluência. Um interprete, um interlocutor, que não tem fluência em Libras pode comprometer o ensino do aluno. O professor também precisa adaptar as atividades em sala de aula para a realidade daquele estudante que depende de um conteúdo com um impacto visual maior para facilitar o aprendizado”. Quando a filha da Simone nasceu, a menina teve uma pneumonia aos cinco meses e adquiriu uma bactéria muito forte nos tímpanos que só foi descoberta dois anos mais tarde. Com casos de surdez na família, diagnosticados em parentes muito próximos, o futuro da criança parecia predestinado, o que não aconteceu. O coração aflito da mãe, na época, correu para aprender Libras. O resultado dos exames que constataram

que a filha dela iria ouvir normalmente, apenas com uma leve perda auditiva, aliviaram, mas não fizeram a Simone desistir da nova missão. Ela resolveu se aprofundar nos estudos dos sinais e fazer a diferença na vida de quem ouve com os olhos e com o coração. Coordenadora de um curso na faculdade Dehoniana, em Taubaté, a professora ensina Libras e chega a formar 60

A sociedade deve se enxergar no outro, compreender a dificuldade do próximo e tornar a comunicação mais acessível” Flávia Lotufo, INTÉRPRETE DE LIBRAS

alunos por ano. “Estudar Libras não é só uma questão para atender a legislação,

é um aprendizado que vai muito além. É quebrar uma barreira comunicacional”.

Irmãs Prematuras, as gêmeas Larissa e Rebeca, de Taubaté, nasceram no sexto mês de gestação. Nos primeiros três meses após o parto, as meninas passaram internadas no hospital. O período deixou sequelas severas nas crianças. Uma delas perdeu 90% da audição e a outra 60%. Os pais só descobriram a deficiência auditiva das filhas quando elas estavam com três anos. “É difícil, ainda mais na nossa sociedade marcada pelo preconceito e carente de acessibilidade. Precisamos ser fortes para enfrentar essa luta e proporcionar aos nossos filhos uma realidade que inclua, onde as limitações sejam cada vez mais invisíveis, despidas de um olhar que estranhe as diferenças, mas aceite e respeite”, diz Raquel Ramos Candelária Silva, mãe das meninas. Ela acredita que a inclusão no ensino regular deveria acontecer de uma maneira mais sútil, quando as crianças estivessem mais adaptadas. “Eu não tenho o que reclamar da escola das meninas que se adaptou para a realidade delas, com a tradução em Libras em todas as portas, os professores se

Ambiente de convívio proporciona melhor resultado na educação dos alunos


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envolveram, os amigos querem aprender Libras para se comunicar melhor com elas. Essa socialização é importantíssima, mas eu acho que primeiro elas deveriam frequentar uma escola onde todos soubessem Libras, o que ajudaria na formação inicial delas, principalmente na comunicação. Por mais que a educação regular seja esforçada, não existe ainda um projeto bem feito colocado em prática, com livros adaptados. Para muitos professores é a primeira vez que eles estão lidando com um aluno surdo”, desabafa.

Bons exemplos Criada em 1975, a Escola Dinâmica, em Taubaté, foi pioneira na inclusão, com a matrícula de alunos com deficiência auditiva. Cerca de 400 crianças estudam na unidade, sendo que atualmente 30 delas são de inclusão. “Nos preparamos para entender as necessidades de cada um deles. Os professores são capacitados para trabalhar o desenvolvimento individualizado, onde toda dificuldade é levada em conta”, diz a coordenadora pedagógica da escola, Amanda Zarzur. Para ela, a inclusão não deve representar apenas um processo de socialização, mas também de aprendizado. “Garantir uma educação de qualidade é uma obrigação de qualquer escola. Proporcionar a esse aluno um ambiente de convívio sadio é essencial, mas não podemos esquecer a formação dele. Ele tem que aprender e quando sair daqui conquistar uma colocação no mercado de trabalho ou numa universidade”, diz Pedagoga e psicóloga, a professora Maria Cristina dos Santos Bernardes, da Universidade Salesiana de Lorena, acredita que a inclusão é viável, alcançando resultados satisfatórios se executado da maneira correta e investindo na formação do professor. “É necessário compreender a educação como um direito de todos. A criança precisa dessa convivência e dessa oportunidade para desenvolver o potencial dela. Quando há inclusão os resultados são visíveis”, finaliza. 


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Saúde&

Fotos: Pedro Ivo Prates

Por trás desse jaleco ainda bate um Coração?

Preocupação dos cursos de Medicina da região é aproximar os estudantes do retrato social em que deverão atuar no futuro

Universidade em São José inaugura curso de Medicina neste ano

João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

U

m profissional atento às novidades tecnológicas e aos avanços científicos, mas sem perder de vista o atendimento com empatia e humanismo. Este é, resumidamente, o desafio contemporâneo imposto aos novos médicos. Os críticos à especialização cada vez mais específica dos profissionais alegam que o fenômeno tem apresentado, como uma espécie de ‘efeito colateral’, uma geração de médicos menos atentos às demandas do paciente de forma geral, sem o

cuidado ideal e a relação mais atenciosa, típica dos doutores à moda antiga. Nesta busca por encontrar um equilíbrio entre a formação minuciosa e a visão humanizada da profissão, principalmente no ambiente universitário, há um entrave difícil de se resolver. Com cursos a valores que chegam aos R$ 8 mil de mensalidade, a maioria dos alunos pertence a uma elite financeira que, via de regra, não viveu na pele problemas sofridos por pacientes da rede pública. Sem uma vivência representativa com a classe mais pobre da população, a universidade se transforma em uma

ferramenta de convivência tanto quanto um curso para lecionar os segredos da medicina. No curso da Anhembi Morumbi, que inicia suas atividades em São José ainda este ano, esta é uma das preocupações desde o início da implantação da graduação. O coordenador de Medicina da universidade, Délio Martins, admite que o perfil dos alunos é, em sua maioria, formado por estudantes da classe média alta e que faz parte do conteúdo curricular tomar contato com pacientes de todas as classes sociais. Esse expediente é exercido desde as primeiras aulas do curso.


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“Acho que em qualquer universidade de medicina é um desafio importante. Hoje trabalhamos com um currículo voltado, desde o primeiro momento, a essa integração mais humana entre pacientes e estudantes. Desde o primeiro ano, o nosso aluno entra em contato com o paciente, seus problemas médicos e realidades sociais. É um desafio. Nosso perfil é coloca-los em contato com a parte humanística da profissão”, comenta. A preocupação com uma formação humanista é compartilhada com o foco em dar estruturas para que o profissional tenha capacidade de continuar dando prosseguimento a seus aprendizados, mesmo depois do final de cursar a universidade. De acordo com o coordenador, trata-se de uma profissão na qual há necessidade de capacitação continuada, muitas vezes até autodidata. O médico afirma que, o fundamental, é conseguir aprender conceitos tradicionais da medicina de uma forma nova. “O formato de ensino mudou um pouco, é importante que o aluno se sinta motivado para sempre correr atrás do próprio conhecimento”, afirma. A universidade vai implementar a graduação a partir deste ano. De acordo com a Anhembi, a instituição é focada na formação prática do

profissional generalista, baseado no uso da simulação para o desenvolvimento de competências e habilidades clínicas, com nota 5 no MEC (Ministério de Educação). A preocupação dos acadêmicos é de formar novos médicos com visão reflexiva e crítica para atuar nos diferentes níveis de atenção à saúde. No outro curso de Medicina em São José, que já está em atividade desde 2017, a maioria é composta por alunas, 77,12% do público. A idade média dos estudantes é de 22 anos e a maioria não tem filhos. O interessante é que 40% possuem familiares médicos e mais de 80% não são de São José. “Nosso plano de desenvolvimento institucional foi desenvolvido buscando integrar estes aspectos, de modo que os estudantes tenham a oportunidade de vivenciá-los e aplicá-los na realidade dos cenários de ensino-aprendizagem e, ainda, comprometendo-se com a preservação da biodiversidade com sustentabilidade, de modo que, no desenvolvimento da prática médica, sejam respeitadas as relações entre ser humano, ambiente, sociedade e tecnologias, e contribua para a incorporação de novos cuidados, hábitos e práticas de saúde”, afirma Luiz Antonio Vane, diretor geral da Faculdade de Ciências Médicas de São José.

Dr. José de Castro Coimbra médico mais velho de São José

À moda antiga Em uma casa com arquitetura moderna, com o quintal dando diretamente para o Banhado, na avenida São José, zona central da cidade, atende José de Castro Coimbra, autointitulado o médico há mais tempo em atividade na cidade. O consultório tem cômodos espaçosos e vazios. O caminhar faz ranger um piso de madeira de lei. Enormes divisórias de vidro dão para o a varanda banhada do sol das 18h e de azulejo original da década de 1950. Dali daria para arrancar uma folha das árvores do Banhado apenas estendendo o braço. Coimbra está prestes a completar 88 anos, 64 deles dedicados à medicina. Ele se formou no Rio de Janeiro, em 1954. Adepto à práticas tradicionais – na mesa repousa aberto um livro extenso de contatos telefônicos dos pacientes –, o médico afirma que é um entusiasta do desenvolvimento da medicina em todos os aspectos, menos no que diz respeito às especializações super específicas . “Os profissionais vão ficando mais especializados em pequenas coisas porque a medicina evolui muito. Mas os médicos não podem perder essa bondade da profissão. Não dá para tratar com indiferença uma pessoa que chega fragilizada ao seu consultório, traçar diagnósticos frios. Isso tem acontecido bastante”, conta. De acordo com Coimbra, o famoso olho clínico do médico é 30% do diagnóstico durante uma consulta. Ele afirma que, se o profissional não se preocupa em saber o nome do paciente, um pouco de seu histórico e outros pormenores, perde chances preciosas de acertar o diagnóstico. “Esses aí já saem um terço atrás do que o resto do pessoal que têm essa prática que os anos trazem, mas, principalmente, a visão respeitosa com os outros. Por isso mesmo que tem pediatra, que é meu amigo, correndo para se especializar também em consultas para adultos, já que muitos dos seus pacientes crescem e não querem deixar de se consultar com ele”, comenta.


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Por fim, o experiente médico, que também tem uma extensa carreira política como deputado estadual, deputado federal e vereador em São José, resume que o exercício da profissão se condensa num exercício de bondade a cima de tudo. “Entender que seus conhecimentos devem estar a favor de amenizar a dor do outro, de entender seu momento de fragilidade com respeito. A medicina existe sem bondade, mas perde grande parte de sua razão de ser”, conta.

Futuro O estudante Rogério Montemor Luiz, de 18 anos, está apenas começando suas andanças pelos caminhos da medicina. De São José dos Campos, o jovem acaba de ser aprovado para estudar na Unifoa (Centro Universitário de Volta Redonda). Após um longo e tenebroso ano de estudos intensos – Rogério se enfiava nos livros às 7h e só saía por volta das 22h –, ele agora se prepara para encarar os desafios que a profissão lhe aguarda. Sua vocação é fazer a diferença na vida das pessoas. “Eu sempre gostei dessa coisa de poder fazer algo importante para as pessoas. Minha ideia de Medicina é muito mais humana. Acho que o médico é um profissional que muda uma situação, principalmente nas mais adversas”, conta o jovem, que sonha em integrar a equipe do programa Médico Sem Fronteiras. Rogério é filho de pais médicos. Negro, ele dispensou a cota por achar injusto por ter tido uma condição privilegiada para se preparar em um cursinho específico para a área. Porém, se a rotina da Medicina está presente em sua vida desde os primeiros anos, a da faculdade ainda assusta um pouco. “Eu já ouvi que o povo é um pouco mais isolado em relação aos outros e que tem uma questão até um pouco elitista. Está aí uma coisa da qual eu não quero participar caso encontre mesmo este cenário”, comenta. 


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Cultura&

Fotos: Pedro Ivo Prates

Jardim das Indústrias vira a Vila Madalena joseense

Bairro da zona oeste é o polo boêmio mais diversificado da cidade e cria roteiro cultural e gastronômico


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João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

S

e em São José já é frequente a reclamação pela falta de estabelecimentos que abriguem a boemia da cidade, um novo polo com bares e restaurantes parece ser uma esperança para quem não abre mão de uma conversa descontraída à mesa do boteco. Trata-se do Jardim das Indústrias, bairro na zona oeste. Uma volta pelas redondezas durante a noite dá uma dimensão de que o bairro residencial tem mesmo vocação para o setor. O ambiente conta com bares acalorados, muitos deles com música ao vivo de qualidade. As opções são diversas. Há espaço para estabelecimentos temáticos, como Marujo Beach Bar e o Gasoline Brothers, e botecos despretensiosos, com mesas em espaços externos, como o Kiosk ou o Botequim Mazzaropi. A badalação não se limita aos finais de semana. No Botequim Mazzaropi, por exemplo, em plena quinta-feira os frequentadores podiam conferir um pocket show com integrantes da Dynamite Blues. A apresentação teve direito a baixo acústico, um repertório que passeava entre o rock e o blues, com destaque para canções de Beatles e Elvis. No mesmo dia, ao lado do bar, o Villa España, espaço especializado em comida espanhola servia, sem pressa, as últimas tapas a um cliente remanescente, que bebia, sozinho, um vinho tinto. Os dois bares dividem um espaço comercial na avenida João Batista Soares de Queiroz, a mais movimentada do bairro. De acordo Lucas Prado Manacorda, sócio do Botequim Mazzaropi, o movimento durante a semana tem aumentado no estabelecimento. Ele garante que, assim como o seu estabelecimento, os bares da vizinhança têm se fortalecido nos últimos meses. O segredo, segundo o empresário, é estabelecer uma relação de união com as outras casas.

“A gente se trata como parceiros e não como concorrentes. Como dividimos, todos, o mesmo espaço, quanto mais esse polo cresce, melhor para todo mundo, inclusive para os clientes, que

É fundamental que a gente tenha essa boa convivência e que não agrida o cotidiano do bairro. A maioria dos nossos vizinhos é, inclusive, cliente da casa” Lucas, ARQUITETO E EMPRESÁRIO

Apesar da concorrência, bares trabalham em conjunto para atrair mais público na noite joseense

passam a contar com mais opções de lazer”, explica. Aberto há um ano e meio, o local tem como especialidades, em um cardápio extenso de gastronomia botequeira, a costela no bafo e o joelho de porco. A variedade de cachaças e a música ao vivo são outros diferenciais que marcam a personalidade do ambiente. “Para as quartas-feiras, estabelecemos a noite do vinil. Toda semana a gente coloca as músicas mais antigas na vitrola. É outra característica que atrai o público que gosta de música das décadas de 60,70 e 80”, afirma. Arquiteto por formação, Lucas administra a casa junto com o irmão, o engenheiro André Marcos Prado Manacorda. “É ele quem manda de fato. É um grande fã do Mazzaropi”, completa. Como está em um bairro residencial, é importante que o estabelecimento cumpra a política de boa vizinhança. A música termina, impreterivelmente, às 23h40. Além disso, os vizinhos têm o contato direto dos proprietários. “É fundamental que a gente tenha essa


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Bares da zona oeste viram atração cultural e gastronômica em São José dos Campos

boa convivência e que não agrida o cotidiano do bairro. A maioria dos nossos vizinhos é, inclusive, cliente da casa”, diz.

Jazz e Blues Na mesma avenida, o bar Gasoline Brothers tem atraído o público com um conceito de unir a paixão pelo blues e jazz com o estilo de vida de motociclistas. O local, que também abriga uma garagem de customização de motos, é um dos mais badalados bares temáticos da cidade. A casa tem uma relação íntima com o bairro. A praça vizinha do estabelecimento, por exemplo, recebe cuidados de limpeza e de segurança contratadas pelo proprietário, Carlos Bilot. Como o bar é aberto, ele praticamente se integra à praça, que ostenta duas grandes figueiras. Apesar de ser um bar temático,

repleto de referências ao estilo motociclista, o verdadeiro diferencial do estabelecimento são as atrações musicais. Desde a abertura, há pouco mais de um ano, já foram cinco atrações internacionais de nomes do jazz e do blues que já se apresentaram junto com lendas do gênero, como B.B. King e Buddy Guy. “A gente tenta trazer gente de peso e preza muito pela qualidade musical que oferecemos. O importante é ver que o público de São José, diferente do que se pensava no passado, gosta sim de casas com qualidade de atrações. É só questão de oferecer. A partir daí é notório que as pessoas estão mais exigentes”, conta. Assim como acontece no Botequim Mazzaropi, exercer a política da boa vizinhança é a regra do local para evitar os problemas com os vizinhos. Ao contrário disso, o empresário estende suas



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Bares criam cardápios especiais para atrair clientes

atribuições para exercer também um papel de fiscalizador da manutenção e segurança públicas da área. “Eu moro aqui. Acredito que, como comerciante, somos a parte mais interessada que os problemas do bairro sejam resolvidos. A segurança, por exemplo, foi uma das coisas que o maior número de bares abertos na região ajudou a melhorar. Acompanho com a delegacia os índices de violência e a gente percebe que essa questão de deixar a rua mais movimentada, mais viva, ajudou a diminuir casos que eram corriqueiros no bairro”, comenta.

“É uma iniciativa pioneira na cidade, fantástica para o setor aqui do bairro. A gente incentiva o empresário a investir em novidades e incrementar os estabelecimentos com atrações de qualidade. Atualmente somos em 13 casas, entre bares e restaurantes. Mas donos de oito novos estabelecimentos

Roteiro O fato do bairro se transformar em um polo boêmio da cidade ganhou corpo mesmo há aproximadamente um ano e meio. À época, um grupo de 13 empresários do setor de bares e restaurantes se uniu para formar o Roteiro Gastro-Cultural do Jardim das Indústrias. Com objetivo de fomentar o comércio no bairro, a associação realiza reuniões entre os proprietários e, por meio de ferramentas de divulgação, ajuda os estabelecimentos a se promoverem para o público que ainda não os conhece.

Bairro se tornou ponto de encontro de amigos

já demonstraram interesse em participar, o que é ótimo”, afirma Bilot. As pretensões do grupo são ambiciosas. O objetivo para o futuro é criar um ambiente que agregue uma gama de opções mais variada aos frequentadores, com bares dos mais diferentes tipos. “A ideia é que isso aqui seja como a Vila Madalena é para São Paulo”, conclui o empresário. Já a chef Thais Okamoto, proprietária do Empório dos Peixes, e que também faz parte do roteiro, acredita que a união dos bares e restaurantes da área pode fazer com que os estabelecimentos sejam mais conhecidos também fora de São José, atraindo um público de cidades vizinhas. “Temos um enorme potencial em bares e restaurantes no Jardim das Indústrias com empresários empenhados por oferecer produtos de qualidade para fidelizar ainda mais o público que já temos e ainda iremos conquistar”, comenta. 



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Turismo&

Fotos: Pedro Ivo Prates

O santuário da vida marinha Arquipélago de Alcatrazes tem fauna mais conservada e biodiversa da região Sudeste e Sul do Brasil

Tânia Campelo SÃO SEBASTIÃO

A

35 quilômetros da costa de São Sebastião, um mundo novo se abre aos apaixonados pela vida marinha e pela natureza: o Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes. O local será aberto para mergulho recreativo e passeio embarcado no início do segundo semestre deste ano. O arquipélago é um verdadeiro santuário ecológico. Suas ilhas abrigam o maior ninhal de fragatas do Atlântico Sul e seus recifes têm uma fauna considerada a mais conservada e biodiversa das regiões Sudeste e Sul do país. Espécies marinhas ameaçadas circulam pela área de proteção.

A reportagem da Metrópole Magazine visitou o refúgio no início de fevereiro, acompanhada por uma equipe do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), responsável pela gestão do Refúgio e da Estação Ecológica Tupinambás, que também fica no arquipélago mas permanece fechada para o turismo. Nossa equipe de reportagem partiu da costa de São Sebastião, na altura da praia do Arrastão, e demorou pouco mais de uma hora para chegar ao destino. A viagem, porém, pode passar de duas horas quando as águas estão mais agitadas. Isso significa que as pessoas mais sensíveis ao balanço do mar devem estar precavidas. Pouco depois da partida da costa é possível avistar a ilha de Alcatrazes, a

principal do arquipélago, com seu imponente pico de formação rochosa, o Boa Vista, com 316 metros de altura. No caminho, os turistas que tiverem sorte (como nossa equipe) ainda poderão observar baleias e golfinhos. As baleias-de-bryde são mais frequentes nestas águas, mas a jubarte e a franca também costumam aparecer esporadicamente. A aproximação de uma grande quantidade de aves, principalmente atobás e fragatas, indicam a entrada na área protegida do refúgio, que ocupa uma área oceânica de 67.409 hectares, segunda maior unidade de conservação integral marinha do Brasil, atrás apenas do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, no sul da Bahia. Impossível não ficar impressionado


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quando a embarcação chega à ilha principal, que dá nome ao arquipélago. A beleza dos seus paredões de granitos, que chegam a 316 metros de altura, e suas águas de um azul transparente --dando uma pequena mostra da diversidade que guarda em suas profundezas-- são um convite ao mergulho de observação. Em suas encostas, centenas de aves adultas e seus filhotes encobrem as formações rochosas. Na época da visita da Metrópole Magazine, os filhotes de atobás já eram juvenis, de porte razoavelmente grande, mas ainda imaturos para se arriscarem no mar. Os atobás são habilidosos mergulhadores. Quando encontram o alimento, mergulham na vertical em uma velocidade incrível,

No caminho até Alcatrazes, turistas podem avistar baleias e golfinhos

capturando a presa dentro d’água. As impressionantes formações rochosas vêm de uma era em que a humanidade nem existia. Constituída basicamente de granito preto e em tons de cinza, as encostas possuem fissuras que são usadas como abrigos pelos animais, como os lagartos. E se você não é mergulhador e no início deste texto se perguntou porquê fazer um passeio embarcado para observação, acredito que já tenha a resposta. Ver e sentir-se parte deste cenário é uma experiência única, que fortalece nosso respeito à natureza. Proteção A entrada na área de Alcatrazes só pode ser feita com autorização do


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ICMBio, que é responsável pela gestão do Refúgio e da Estação Ecológica (Esec) Tupinambás, que é fechada a visitação. A Esec Tupinambás ocupa uma extensão de 2,4 hectares, que abrange parte do arquipélago de Alcatrazes e ainda as ilhas das Cabras, das Palmas, Ilhote e Laje do Forno, em Ubatuba. Nas duas unidades de conservação já foram registradas 1.300 espécies, sendo que 93 delas estão sob algum grau de ameaça de extinção, como a tartaruga-de-pente, a tartaruga verde e a raia-manta. Há também espécies endêmicas (que só existem lá), como a perereca-de-alcatrazes e a jararaca-de-alcatrazes. Também estão protegidas em Alcatrazes 259 espécies de peixes, destacando-se a garoupa e o tubarão-martelo. A vegetação do arquipélago, com áreas de mata atlântica e campos rupestres, abriga cerca de 320 espécies de flora, inclusive endêmicas, como um antúrio (Anthurium alcatrazensis) e uma begônia (Begonia venosa). Os agentes do Instituto são responsáveis pela fiscalização e têm autoridade para autuar e apreender embarcações dentro da área protegida. Apesar da atuação intensa do ICMBio, os pescadores ainda são uma ameaça às espécies que vivem no refúgio. Para fugir da fiscalização, muitos invadem à área à noite. Boa parte desses invasores pesca ali por ostentação, para exibir espécies difíceis de serem encontradas em outras águas. A farra dos pescadores, porém, parece estar com os dias contados. Em breve, o Refúgio de Alcatrazes vai receber R$ 2

milhões, que serão destinados à compra de uma embarcação que permitirá a fiscalização noturna do arquipélago. O dinheiro é parte de um acordo firmado entre o Ministério Público Federal e a Chevron, para compensação de danos ambientais causados por um vazamento de óleo em 2012, no estado do Rio de Janeiro. O objetivo do ICMBio é adquirir uma embarcação tipo catamarã, com

Ilha receberá R$ 2 mi por compensação após vazamento de óleo em 2012, no Rio de Janeiro propulsão a vela ou motor, que pode ser usada como uma base ‘fixa’ no arquipélago. A presença constantes dos agentes em Alcatrazes inibiria bastante a ação dos pescadores, inclusive à noite. Biodiversidade é marca da região de Alcatrazes

“Nossa intenção é deixar a embarcação por vários dias no arquipélago, fazendo o rodízio apenas das equipes. Além da fiscalização mais intensa, também poderemos usar a base para abrigar pesquisadores, que desenvolvem trabalhos importantes para Alcatrazes”, disse o ceanógrafo Geraldo de França Ottoni Neto, do ICMBio. Os pescadores são a principal ameaça ao equilíbrio de Alcatrazes, mas não a única. O coral sol, originário das águas do Pacífico, é uma praga que ameaça a biodiversidade de praticamente toda a costa brasileira. Acredita-se que ele tenha entrado em águas brasileiras na década de 80 pelas plataformas de petróleo, por meio de navios petrolíferos que cruzam os


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continentes com uma enormidade de organismos vivos incrustados em seus cascos. “O coral sol tem uma grande vantagem competitiva e interfere severamente na base da cadeia alimentar. Isso afeta todas as espécies, vertebrados e invertebrados”, disse Kelen Luciana Leite, chefe do Núcleo de Gestão Integrada de ICMBio Alcatrazes. Segundo ela, essa ocupação é muito severa e prejudica toda a vida marinha. A erradicação do coral sol da costa brasileira é praticamente impossível. Em Alcatrazes, os agentes do ICMBio esforçam-se para manter o controle do predador. De tempos em tempos, o Instituto realiza expedições, com apoio de pesquisadores e mergulhadores voluntários, para retirada manual do coral sol do arquipélago.

O trabalho se assemelha a um mutirão subaquático. Só para ter uma ideia, em janeiro do ano passado foram retiradas mais de 20 mil colônias de coral sol das águas do Refúgio de Vida Silvestre de Alcatrazes e da Estação Ecológica Tupinambás. A expedição foi feita pelo ICMBio com a colaboração de seis voluntários, três pesquisadores e apoio da WWF (World Wide Fund for Nature ou Fundo Mundial para a Natureza, em português), Cebimar/USP (Centro de Biologia Marinha, da Universidade de São Paulo), de São Sebastião, e da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), campus da Baixada Santista. E colaboração é uma das palavras-chave para preservação de Alcatrazes. O

Ilha de Alcatrazes estará aberta para turistas e mergulhadores a partir do segundo semestre deste ano


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núcleo do ICMBio de São Sebastião conta com apoio de grandes organizações não-governamentais, dentre elas a Fundação SOS Mata Atlântica, além de agentes ambientais da própria comunidade. E foi com o apoio destes colaboradores que o ICMBio realizou um intenso e minucioso estudo que garantiu a abertura de parte do arquipélago para visitação, uma reivindicação antiga de instituições ambientais e da comunidade do Litoral Norte. O decreto de criação do Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes foi publicado em agosto de 2016. E tempo recorde, no aniversário de um ano do refúgio, a unidade de conservação já publicava o plano de manejo e o plano de uso público. Esses planos viabilizaram o início dos trabalhos para estruturação da visitação monitorada ao arquipélago. Conhecer para preservar Entre os principais objetivos da abertura do arquipélago para visitação monitorada estão a educação ambiental, visando conscientizar a comunidade local e os visitantes sobre a importância de manter protegido esse ecossistema. Como determina a portaria de criação do refúgio, as atividades de mergulho recreativo e passeio embarcado são experimentais. Caso sejam constatados impactos nocivos ao ecossistema do arquipélago, a visita será suspensa. “Vamos fazer o monitoramento constante. O refúgio tem como objetivo a proteção do arquipélago. A visitação será realizada desde que não provoque danos”, disse Geraldo Ottoni. O ICMBio finaliza a estrutura para iniciar a visitação. Serão realizados dois tipos de passeios --um para mergulho e outro para observação, ambos serão sempre acompanhados por condutores autorizados e capacitados pelo ICMBio. Em fevereiro, os cerca de 300 condutores inscritos começam a ser treinados. Além da segurança dos visitantes e do ecossistema, os condutores deverão atuar como educadores ambientais, transmitindo informações sobre o arquipélago e o equilíbrio ambiental.

As embarcações também terão monitores onde serão transmitidos vídeos educativos durante o percurso da costa até a ilha. “Nossa intenção é que a experiência não fique restrita à recreação, mas que este contato com a natureza seja enriquecedor, que o visitante saia daqui consciente da importância de manter o arquipélago de Alcatrazes protegido”, disse Thaís.

O refúgio tem como objetivo a proteção do arquipélago. A visitação será realizada desde que não provoque danos Geraldo de França Ottoni Neto, CEANÓGRAFO DO ICMBIO

Cada condutor subaquático ficará responsável, no máximo, por quatro mergulhadores visitantes. Eles também

serão responsáveis por controlar o comportamento de seus clientes, que não poderão pisar, manusear ou tocar qualquer espécie dentro ou fora da água. Para receber as embarcações sem causar danos ao arquipélago, o ICMBio finalizou recentemente uma licitação para instalação de 17 poitas. As poitas ficarão no trecho aberto para visitação, contornando parte da costa rochosa da ilha principal. “As poitas são necessárias para evitar que as âncoras dos barcos causem danos, principalmente por conta da movimentação do substrato arenoso”, explica Thaís. Como a instalação das poitas depende muito do clima e precisa ser realizada com muito cuidado para evitar danos ambientais, a previsão é que seja concluído até maio. Os mergulhadores estão animados com a abertura do arquipélago para visitas monitoradas. “Eu acredito que Alcatrazes vai se tornar um ponto internacional de mergulho. Sua diversidade marinha só se compara a Fernando de Noronha e Abrolhos”, disse o instrutor de mergulho Alexandre Prado, proprietário da empresa Scuba Do Diver, uma das operadoras habilitadas. 


InFOrME PuBlICITÁrIO

Pela 1ª vez na hIstórIa, Ilhabela atInge nota a no turIsmo nacIonal O município-arquipélago de Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, subiu no ranking do turismo nacional, da categoria B para A. O resultado saiu na última edição do Mapa do Turismo Brasileiro, divulgada pelo Ministério do Turismo no dia 8 de fevereiro e válida até 2019. Apenas 10 cidades paulistas estão presentes na categoria A do Mapa. A conquista da posição é um grande resultado para a Prefeitura de Ilhabela, que investe cada vez mais na qualificação do turismo local, e mais um importante título para a cidade. Além de ser um dos poucos municípios-arquipélago do Brasil, Ilhabela é também uma das 15 estâncias balneárias do estado e uma das maiores reservas de Mata Atlântica do planeta.

InvestImento em marketIng turístIco IMPulSIOnA rESulTADO O Ministério do Turismo acrescentou novos indicadores à avaliação que elevou Ilhabela ao topo do turismo nacional. Desta vez, o desempenho econômico do setor contou pontos. Foram decisivos

para o excelente resultado do município o aumento dos empregos formais, o crescimento do número de meios de hospedagem, o aumento do fluxo turístico doméstico e também do fluxo internacional. Tanto crescimento só foi possível graças ao Plano de Marketing Turístico Estratégico adotado pela Prefeitura. O Plano tem como objetivo reduzir a sazonalidade, diversificar a oferta com melhor categorização dos produtos turísticos e consolidar Ilhabela como destino turístico de natureza.

caPacItação ProfIssIonal, dIvulgação dentro e fora do País E ATrAçõES O AnO InTEIrO

2017 foi o ano em que a Prefeitura de Ilhabela mais investiu na capacitação dos profissionais e empresas do setor turístico. Várias atividades de qualificação foram oferecidas ao longo do ano em parcerias da administração municipal com o Sebrae, o Senai e o Senac. E 2018 já começa com a inauguração do Sebrae Aqui Ilhabela, um centro de apoio para a criação e o aprimoramento de negócios, por meio de cursos, palestras, oficinas e consultorias nas áreas de empreendedorismo, gestão, inovação e mercado. A diretoria municipal de Promoção Turística também trabalha inten-

sivamente, tanto no Brasil quanto no exterior, para promover Ilhabela como destino turístico. E a Prefeitura realiza vários eventos culturais de qualidade, principalmente na baixa temporada, atraindo turistas o ano todo. A administração municipal também realiza campanhas de conscientização, tanto entre turistas quanto moradores, com o objetivo de preservar os maiores patrimônios de Ilhabela: a natureza e o povo caiçara, que encontra nela o seu meio de vida. Os visitantes são estimulados a adotar uma atitude sustentável e a conviver com os recursos naturais do mesmo jeito que os moradores.


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Esporte&

Fotos: Pedro Ivo Prates

A bola laranja vai voltar a subir

Equipe de basquete do São José dos Campos retoma as atividades profissionais na Liga Ouro em busca do acesso ao NBB 2018/2019

Márcio Dornelle, ala do José, tem 42 anos e é o mais experiente da equipe

Giovana Bertti SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O

São José Basquete, que já deu muitas alegrias para o torcedor em 70 anos de história, volta a jogar uma competição profissional em 2018 após dois anos de pausa. A equipe vai disputar a Liga de Ouro, uma espécie de segunda divisão do campeonato nacional, com o sonho

de voltar para o NBB (Novo Basquete Brasil) e disputar títulos contra as principais equipes do Brasil. Para isso, o time joseense conta com uma mescla de atletas experientes, inclusive com passagens pela seleção brasileira, como Márcio Dornelles, e jogares formados na base da equipe. “Essa junção dos jogadores é a coisa mais importante, pois o menino de 19 anos e o jogador mais experiente

agregam à equipe de forma diferente. A união entre os jogadores é extremamente importante, por isso procuro valorizar os garotos da base da mesma forma que valorizo os experientes, pois o grupo é o mais importante. Não existe um time forte sem união”, afirma Paulo Jau, técnico do São José, que trabalha no clube desde 2005. O auge do basquete de São José dos Campos foi, concidentemente, nos anos


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em que antecederam a parada, quando time foi campeão paulista e vice do NBB, em 2012. Entretanto, por questões financeiras, a equipe se afastou das competições profissionais em 2015 e ficou trabalhando somente com a base. O torcedor apaixonado, que sempre foi o sexto jogador, se sentiu abandonado e torceu muito pela volta, mas Paulo Jau pede paciência neste recomeço. “O São José, na verdade, não deveria ter parado esses dois anos, pois o recomeço é muito mais complicado que um começo. A cidade e a torcida estão acostumadas a ver uma equipe que briga por títulos do NBB, jogando Liga das Américas, campeonato Sulamericano, com grandes nomes em quadra, com orçamentos mais robusto do que essa equipe que vai jogar uma segunda divisão e está reconstruindo

O São José, na verdade, não deveria ter parado esses dois anos, pois o recomeço é muito mais complicado que um começo Paulo Jaú, TÉCNICO DO SÃO JOSÉ

Douglas, pivô do São José

tudo novamente. Mas o torcedor pode ter certeza que o São José não vai entrar em campeonato nenhum sem almejar chegar à final”, afirmou o comandante da equipe, Paulo Jau. O time sempre teve uma influência muito grande no cenário nacional, inclusive em 2008 auxiliou na formação da Liga Nacional. A despedida do São José das quadras foi inesperada para os fanáticos pelo esporte e a volta do clube vem com a responsabilidade de conseguir o acesso, mas a comissão técnica descarta o favoritismo da equipe. “Essa é Liga Ouro é a maior da História, com 9 equipes nas disputas, e, além de contar com a volta do São José, tem o retorno das equipes de Brasília e Macaé, que já jogaram NBB. O time do Corinthians também está de volta ao cenário nacional, após 22 anos


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de pausa. Por isso, não vamos pensar no NBB. Nosso primeiro objetivo é fazer um bom trabalho jogo a jogo.”, disse o técnico da equipe, que foi vice-campeão nacional em 2012 como auxiliar técnico.

O caminho A Liga Ouro começa em fevereiro e vai durar quatro meses. Somente o campeão passa a ter direito de disputar a NBB, a partir de novembro. A caminhada para conseguir o acesso à elite do basquete começa no dia 28 de fevereiro, contra a equipe Unifacisa, em Campina Grande, na Paraíba, e o reencontro da torcida joseense com o time está marcado para 6 de março, no ginásio Lineu de Moura. Essa nova equipe do São José vem com nomes de peso e carreiras vitoriosas para buscar o título da Liga Ouro e recolocar a cidade em destaque no basquete nacional. “Os atletas profissionais são jogadores que tem histórico de conquistas importantes, a experiência de atuar em times montados para jogar grandes campeonatos. Ter peças experientes só traz credibilidade e demonstra que o trabalho é vitorioso. Temos plenas chances de chegar ao nosso objetivo,

Paulo César Jaú, treinador do São José

Primeiro jogo no Lineu de Moura será dia 6 de março, 20h, contra o Brusque

que é o título. Vamos começar o torneio sabendo da dificuldade, mas a equipe vai forte em busca do objetivo”, afirmou o camisa 25, Márcio Dornelle, de 42 anos, que jogou na seleção brasileira de 1999 a 2003. Os novos contratados já são acostumados com a cidade e o fanatismo da torcida de São José dos Campos, que nunca abandonou o clube, nem em seu pior momento. A fama da torcida vem gerando expectativa nos jogadores que esperam encontrar a casa cheia e contar com o apoio dos joseenses durante toda a Liga Ouro. “Já vi a torcida apoiando o time em todo momento, mesmo quando estava perdendo há várias partidas, porque sabia que a equipe estava lutando. Espero esse mesmo apoio e que ginásio

Liga Ouro terá equipes tradicionais, como Corinthians e Brasília, lutando pelo acesso ao NBB


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esteja sempre cheio, pois da nossa parte o torcedor pode esperar o que a que sempre teve aqui, que é muita garra e luta a todo momento. No esporte não podemos prometer vitória, o título, mas o começo de uma equipe campeã é treinar forte, ter união entre os atletas eque é o título. Vamos começar o torneio sabendo da dificuldade, mas a equipe vai forte em busca do objetivo”, afirmou o camisa 25, Márcio Dornelle, de 42 anos, que jogou na seleção brasileira de 1999 a 2003. Os novos contratados já são acostumados com a cidade e o fanatismo da torcida de São José dos Campos, que nunca abandonda a Liga Ouro. “Já vi a torcida apoiando o time em todo momento, mesmo quando estava perdendo havia várias partidaa torcida jogar junto”, finalizou Dornelles. 

Jogos serão realizados no ginásio Lineu de Moura

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Arquitetura&

Fotos: Divulgação

Clube Santa Rita ganha novo espaço moderno para eventos

Projeto tem perfil sustentável, mas sem esquecer a história da residência Nathalia Prado SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

E

ncontrar uma nova maneira de articular os ambientes e tornar o espaço para eventos mais aconchegante e competitivo no mercado. Estes foram alguns dos principais desafios do arquiteto Alexandre Harrisberger e sua equipe, do Studio Arquitetura, ao

projetar a reforma deste, que é um dos mais tradicionais locais de festas de São José dos Campos, o salão social do Clube de Campo Santa Rita. O espaço, que leva o nome de Célio Vaz de Lima, antigo dirigente do clube, foi totalmente revitalizado com investimento de pouco mais de R$ 1 milhão e apresentado recentemente em evento para a diretoria, conselheiros, jornalistas

e promotores do ramo de festas. Além de estar na contramão da especulação do segmento de entretenimento, devido à falta de adaptações e modernização, os aspectos do local, construído há mais de 50 anos, lutavam contra outro elemento: infraestrutura. “Antes de iniciar o projeto foi feito primeiro uma reunião com várias empresas que fazem festas e foram apontadas


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algumas questões que precisavam ser trabalhadas. E a partir disso, definimos que não seria preciso nos preocupar tanto com a parte estética, no sentido decorativo, a grande questão era a infraestrutura. O salão estava defasado em relação ao mercado em termos de estrutura”, diz Alexandre Harrisberger, arquiteto responsável pelo projeto. Ele conta que a obra, que durou entorno de cinco meses, foi planejada com o objetivo de alcançar um resultado ‘clean’, que trouxe um ar mais contemporâneo ao local. “Nós clareamos o salão e deixamos mais ‘clean’. Foi utilizado um revestimento em uma das paredes principais, onde normalmente é usada para montar decoração, um piso porcelanato mais claro. Tanto na pintura quanto na parte de revestimentos, usamos materiais mais claros para não carregar o ambiente e não interferir tanto quando fosse necessário fazer uma decoração. Usamos materiais

de primeira qualidade e sofisticados para criar uma aparência melhor e mais contemporânea no salão”, diz o arquiteto. Investimentos em iluminação e rampas adaptadas para deficientes e idosos foram características que ganharam ênfase no novo salão, resultando na criação de caminhos para uma maior e melhor circulação pelo espaço, além de economia e sustentabilidade. Segundo Alexandre, eram dois pontos que estavam bem defasados: iluminação e espaço. “A iluminação era bem precária e foi toda retrabalhada. Foi feito um cálculo luminotécnico para atender a metragem do salão e um projeto de iluminação com a redistribuição de todas as luminárias. Utilizamos todas as iluminações de led, pensando na sustentabilidade e economia de energia. Quanto ao espaço, havia um problema de desnível, então fizemos a eliminação dos diversos níveis e adaptação com rampas


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de acesso para melhor locomoção para a área central do salão”, afirma. O arquiteto destaca outros pontos que foram incorporados ao projeto, como a acústica, climatização e a elevação do pé direito, que viabilizaram a boa ventilação, trazendo conforto térmico ao local. “Instalamos ar condicionado e trocamos todas as esquadrias por esquadrias de PVC, que hoje é o que há de melhor em termos de material acústico e térmico. E uma das grandes questões que muita gente reclamava era o pé direito do salão, que era baixo. Conseguimos elevar um pouco a altura do pé direito. Na verdade, rebaixamos o piso e com esse rebaixo conseguimos alcançar um pé direito maior, o que dá sensação de um espaço mais amplo. Esse foi outro detalhe bem legal que criamos”, explica Alexandre. O novo salão tem a integração das áreas externas, que também foram revitalizadas, e a possibilidade de adaptação para diversos tipos de evento. Além disso, um deck foi criado como outra opção de espaço de conveniência externa e extensão do grande salão, que tem cerca de 1 mil m². “Abrimos o salão para um espaço no fundo, que antes era inutilizado e as pessoas não tinham acesso. O local é direcionado para o campo de golfe e tem uma vista super bonita, onde foi projetado um deck, possibilitando a montagem da estrutura de

outro evento, fora do salão, com um espaço de mais ou menos 300 m²”, diz. A fachada, que é um espaço de grande circulação, foi pensada para valorizar a

Conheço o Santa Rita desde que nasci, sou sócio e sempre frequentei, então também sentia a necessidade de ter um salão melhor Alexandre Harrisberger, ARQUITETO RESPONSÁVEL PELA OBRA

entrada principal e marcar a identidade do clube, com um pórtico em pedra. “Na área externa, havia uma cobertura, na entrada, que foi removida e refeita. Essa é uma área bem específica porque é uma área de passagem, de circulação para praticamente todos os espaços existentes no fundo do clube. Então tivemos todo cuidado com este local para que ficasse bonita e agradável para o pessoal circular. Foi criado também um pórtico de acesso à entrada principal, onde tem o nome do salão e que marca a entrada ao salão”, Há quase 60 anos o salão social do Clube Santa Rita faz parte da história de São José e do arquiteto e joseense, Alexandre Harrisberger. Deixando o lado profissional um pouco de lado, ele fala sobre sua relação com o clube e como foi a experiência de projetar o novo salão. “Particularmente fiquei muito contente de fazer esse projeto. Primeiro, porque eu sou joseense. Conheço o Santa Rita desde que nasci, sou sócio e sempre frequentei então também sentia a necessidade de ter um salão melhor. Além disso, eu casei lá no salão. Uma pena que foi que no salão antigo. Poderia ter sido já no salão novo, né? Em particular, tirando o escritório disso, tenho bastante orgulho de ter feito parte da historia dessa reforma, por ser daqui da cidade e saber de toda tradição que o clube tem”, finaliza o arquiteto. 


PortalMeon


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Gastronomia&

Das terras do Vale do Paraíba para as mesas do Tio Sam

Arroz gourmet produzido em Pinda é exportado para os Estados Unidos Pedro Ivo Prates

Arroz preto começa a ser produzido em Guará e é finalizado em Pinda

Beatriz Plaça PINDAMONHANGABA

A

gastronomia brasileira possui muitas diversificações, contando com a influência de nacionalidades distintas como italiana, francesa, japonesa, dentre outras. Porém, apesar de toda miscigenação dos alimentos consumidos no país, o famoso arroz branco com feijão

nunca sai de moda e está sempre presente. Pensando na modernização do arroz branco, José Francisco Ruzene, rizicultor rural desde sua adolescência, lançou um novo produto que inovou a venda de arroz no mercado consumidor, que começou na RMVale e agora atravessa fronteiras. É o arroz gourmet. Toda a infância de Ruzene foi vivida em Guaratinguetá, onde morava com os pais e três irmãos. Seu pai, Nelson

Ruzene, rizicultor, passou todos os ensinamentos para o filho, que veio aprendendo desde pequeno sobre agronomia e cultivo do grão, acompanhando o desenvolvimento de cada safra e colheita. Com grande experiência no mercado rizicultor, a busca foi por um diferencial que fosse lucrativo e inédito no setor. Em 2005, o encontro com Cândido Bastos, pesquisador do IAC (Instituto Agronômico de


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Campinas), rendeu a apresentação de um novo grão, o arroz preto. “Foi dai que surgiu a minha história e criei a minha marca exclusivamente para o arroz gourmet”. Há 13 anos, preservando as raízes do empreendedorismo familiar, Ruzene apostou uma nova forma de plantar e produzir arroz na região. “Ele é um arroz que sai do modo clássico e passa para o moderno, com sutileza e muito requintado, que passa a ser uma especiaria do solo valeparaibano, se tornando pioneiro do arroz “gourmetzado” no Brasil”, afirma o rizicultor.

Da terra para a fábrica O processo de produção e fabricação do arroz acontece inteiramente no Vale do Paraíba. O início é feito em uma fazenda da família, em Guaratinguetá, onde se encontram arrendados 300 hectares de terras com as plantações das especialidades, sendo colhidas com maquinário e separadas manualmente. Cada arroz possui um ciclo único, de 90 até 150 dias para a colheita. “Quanto maior o ciclo, mais produtivo. E quanto menor o ciclo, menos produtivo se torna o arroz”, explica Ruzene. Após a colheita e todos os processos de lavagem e conservação do grão, o produto é levado para a fábrica, que

Ciclo do arroz é único e demora entre 90 e 150 dias para a colheita


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Mauricio Campello de Souza

regionais”, afirma Cardin, que também atua como empresária. Atualmente, o arroz gourmet produzido no Vale do Paraíba é distribuído

e consumido nos Estados Unidos. A ideia de exportar o produto surgiu em 2007, em uma feira de agricultura que participou no exterior. Foi lá que também surgiu o investimento no mini arroz, o primeiro produzido no mundo, que chamou atenção dos americanos. Hoje, com a exportação do arroz, a marca, inclusive, possui representante no exterior. Este mês serão exportados de cinco a 10 toneladas do grão. Do que fica no Brasil, 70% é distribuído na Grande São Paulo e 30% fica na RMVale. 

RECEITA, Por Bárbara Cadin

A culinária brasileira tem necessidade de ter produtos diferenciais, o arroz gourmet tem um alto teor de nutrientes e vitaminas que enriquecem o produto” José Francisco Ruzene, RIZICULTOR E FUNDADOR DA RUZENE

Arroz Preto com Especiarias e Cordeiro Glaceado com Mel e Cebolinhas por Chef Samantha Marcondes

Fábio Henrique Cavalheiro

fica em Pindamonhangaba, para entrar na parte de finalização. O desenvolvimento do arroz na região tem ganho cada vez mais destaque na área, tanto que o mercado decidiu investir em pesquisas. Fundado em 2007, o CIPAR (Centro de Intercâmbio e Pesquisas de Arrozes Ruzene) desenvolve novos produtos derivados do arroz, como é o caso do Piguaí Ruzene, que será lançado após sete anos de estudo e é a aposta da marca para este ano. “A culinária brasileira tem necessidade de ter produtos diferenciais, o arroz gourmet tem um alto teor de nutrientes e vitaminas que enriquecem o produto, por isso que cai tão bem na área gastronômica”, diz Ruzene. Os produtos “gourmetzados”, como são chamados, ganharam espaço na cozinha de grandes chefes brasileiros, como Alex Atala, um dos grandes nomes da culinária nacional, que participou do crescimento do arroz no mercado gastronômico, utilizando as variedades em suas receitas, e a jovem Bárbara Cardin, participante do MasterChef Profissionais 2017, que utiliza o produto em muitas receitas de sucesso. “A valorização da produção do arroz na região é motivo de orgulho para mim, pois condiz muito com a minha cozinha e filosofia de trabalho, Gosto de fazer parcerias com produtores

Mini Arroz Doce Ingredientes: 150g mini arroz Ruzene 500ml leite integral 100g leite condensado 2 canela em pau 3 cravos 1 pitada de sal 200g água Lascas de coco fresco a gosto Modo de Preparo:

Em uma panela, coloque o mini arroz ruzene, e cubra-o com água. Coloque uma pitada de sal no cozimento. Acrescente água pouco a pouco até atingir o ponto do grão desejado. Enquanto isso, em outra panela, coloque o leite, os aromáticos (canela e cravo) e o leite condensado. Reduza. Quando o mini arroz estiver no ponto e o leite com especiarias mais encorpado, coloque-os em apenas uma panela, incorpore. Sirva gelado ou morno, de sua preferência. Finalize com coco fresco em lascas. Ou sirva numa “cuia” de coco. Polvilhe canela em pó à gosto.


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Humor& Tapa Olho Experimental

Aquela dor latejante no canto esquerdo da cabeça. Tentei lembrar de tudo que tinha feito, porém, sem sucesso. Minha memória é toda banhada pelas águas do Ribeirão de Pinda. Achei melhor usar minha sensibilidade aparecidense e ouvir a voz do meu coração. Com muito esforço eu consegui entender aquelas gírias e sotaques de um Jacareense. “Aí Tio, prestenção que eu não vou falar duas vezes. Aqui é o Corote falando. Seu coração foi sequestrado, ele está lá embaixo com o fígado, e vou lançar a real pra você tio. Você judiou dele nesses dias, e pensa num cara que tá puto contigo” A primeira coisa que veio à cabeça foi usar minhas pernas caçapavenses e ir correndo pra Taubaté, afinal eu precisava passar no Doutor Pedro. Chegando ao consultório a secretária, sem pudor, me cobrou R$ 200 pela consulta. Isso mesmo. Ela me fez usar minha beautiful e joseeense mão, com cutículas impecavelmente bem tratadas para tirar 200 conto da carteira. Sentei naquele sofá de espera e como de costume coloquei meu fone com aquele Hansons no volume máximo para aguçar minha audição tremembeense, e, é claro, para me acalmar, afinal um Corote havia tomado o lugar do meu coração. 10 minutos depois, o Doutor me chama, me cortando de

um sonho acordado, onde eu me via dançando Axé Blonde em um quiosque da Praia Grande, em Ubatuba. Ah, antes de continuar, eu preciso falar do Doutor Pedro. Ele é um senhor divertido e simpático, porém com algumas esquisitices. Ele faz questão de não lavar suas mãos, simplesmente para ostentar aquelas marcas pretas de carvão debaixo das unhas, como quem diz: Opa, fiz churrasco antes de vir e esqueci de lavar as mãos. Sei também que é estranho da minha parte prestar atenção nesses detalhes, mas minha visão taubateana não deixa passar batido vestígios de um churrasco. Agora sim, continuando. Expliquei o fato do sequestro do meu coração para o Doutor e ele, sem pestanejar, me disse o que todo mundo já ouviu alguma vez na vida: Toma outra que o coração volta pro lugar. Voltei pra minha cidade e parei no primeiro boteco que vi. Pedi uma dose e “carquei” num gole só. Como sempre, simplesmente veio aquela sensação incomparável, onde a memória retorna, onde as pernas arrepiam, onde a audição é clara, onde a visão é nítida, e onde eu percebo que meu fígado estava puto comigo, pois ainda era segunda de carnaval, e se tem uma coisa que meu corpo luizense não admite é parar o jogo no primeiro tempo.

Divulgação

Meu corpo valeparaibano é de Carnaval


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Elaine Santos Social

Estadão

Viralizou na coluna online

Simone Sampaio, destaque do Carnaval paulistano como rainha de bateria da Dragões da Real foi uma das convidadas de honra do casal Edy e Junior Pacheco para a folia em São José

Convidadas de honra

Gilberto Freitas

Sheila Carvalho e Simone Sampaio, rainhas do Carnaval 2018, causaram furor na festa carnavalesca do casal Edy Malmonge e Junior Pacheco. Escola de Samba, passistas e convidados ilustres da sociedade paulistana e valeparaibana fizeram valer o Carnaval. As artistas são clientes de Júnior Pacheco, renomado designer de interiores do Vale, destaque na Casa Cor, Vogue e Casa Cláudia com projetos inovadores para celebridades.

Edy Malmonge, Simone Sampaio, Scheila Carvalho e Junior Pacheco na folia de carnaval em São José


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Thatiana Bione

Ponto Alto Paris é aqui

I

saac Azar, empresário queridinho das celebridades, dono do Paris 6 fala sobre investir em São José!

HAMBURGUERIA ARTESANAL

“Buscamos regiões onde exista uma grande adesão à marca Paris 6, que é o caso de São José dos Campos. Sabemos que a marca é forte na cidade. Foi assim que fizemos em Brasília e hoje é um retumbante sucesso. Sempre passei por São José, seja a caminho de Campos, seja a caminho do litoral. O potencial do Vale do Paraíba dispensa comentários. O Paris 6 São José possui uma localização estratégica. É uma das nossas apostas mais otimistas para 2018”, afirma. A franquia inaugura até o mês de julho deste ano.

Derby

(Pão de hambúrguer recheado com suculento hambúrguer bovino de 150g, casquinha de queijo mussarela e bacon crocante)

Imperador Capetinha Baixinho

(Pão brioche, hambúrguer bovino (150g), catupiry gratinado com bacon, onion rings e cheddar cremoso com bacon) (Pão brioche, hambúrguer bovino 150g, molho especial de catupiry, gorgonzola e pimenta habanero)

(Pão Australiano, recheado com hambúrguer bovino de 150g, com cheddar, bacon crocante e a irresistível cebola caramelizada)

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Fenomeno

Sorria, você virou exposição! Tatiana Godoy foi uma das queridinhas da sociedade a abrir um sorriso largo para uma exposição inédita. Mais de 16 pessoas participaram da ‘façanha’ de ser modelo por um dia. A medida faz parte da campanha de imagem adotada pela clínica de odontologia Klimm, que provocou ‘inveja branca’, literalmente, entre os pop’s da cidade.

(Pão de hambúrguer, dois hambúrgueres bovino (150g cada), alface americana, casquinha de mussarela, bacon, cebola roxa e tomate)

Especial do Rei

(300g de batatas asterix trabalhadas artesanalmente com temperos especiais)

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Crônicas & Poesia

Herói de verdade Divulgação

Eu era ainda criança e cursava os primeiros anos de aprendizado quando o conheci. E nossa convivência durou cinco anos naquele prédio, período do início da minha vida escolar. Recordo quando se apresentava na classe e todos ficávamos em pé, e da mesma forma nos portávamos quando se retirava. Ele tinha um diferencial que o tornava mais querido que os demais adultos da escola. Sua função? A mais simplória na hierarquia, um mero servente escolar cuja tarefa primordial consistia em varrer o pátio e as salas, mas fazia muito mais. Apartava nossas brigas no recreio e nas ruas, consertava portas e janelas, eliminava goteiras, cortava a grama, cuidava das árvores e fazia todos os reparos elétricos, hidráulicos e mecânicos. Um autêntico super-herói da minha infância, capaz de realizar tarefas complexas superando todos os obstáculos sempre com um sorriso característico. Cresci e mudei para outra unidade de ensino, fui enfrentar novas etapas do aprendizado e acabamos perdendo contato. Ficou para mim a lembrança

do servente amigo e, nas poucas vezes que o encontrei depois, recebi além do abraço o mesmo sorriso marcante como saudação. Quis o destino que com o passar dos anos eu me tornasse amigo de seus filhos, elo que permanece ainda hoje. E a amizade me revelou um lado desconhecido daquele senhor. O humilde servente era um militar reformado com participação nos campos de luta da Segunda Guerra Mundial e sobrevivente da batalha de Fornovo di Taro, na Itália. Sim, não era somente herói dos meus tempos de escola primária, era mais do que isso, um dos heróis da pátria, expedicionário da FEB, que por sua bravura recebeu como prêmio pós-guerra o nada prestigioso cargo de servente escolar, que exercia com tamanha dignidade. Meus olhos passaram a vê-lo sob outra ótica, o respeito cresceu, assim como eu também cresci e as obrigações de adulto provocaram nossa distância por longo período. Casei, tive filhos e netos, trabalhei e morei em outros locais, e nas poucas vezes que retornava para minha cidade os encontros familiares e

com amigos ocupavam minha agenda. Fiquei anos sem encontra-lo, até que recebi a notícia de sua morte, aos 98 anos de idade, após longa enfermidade. O último combatente da campanha na Itália que permanecia vivo em minha cidade finalmente fora derrotado. Porém, ao mesmo tempo, viver quase cem anos foi sua derradeira vitória. Decorridos vários meses da sua partida pus-me a relembrar algumas passagens do nosso relacionamento. E senti orgulho de ter conhecido um herói real, de carne e osso. O velho servente do meu passado, sem superpoderes fantasiosos, capa, espada ou máscara, tinha como armas uma simples vassoura, um sorriso nos lábios e um coração enorme, e muito mais força e poder que os super-heróis atuais, com seus nomes americanos e japoneses que nem consigo decorar. São gostosas e saudosas lembranças que me deixam convicto que já não se fazem ou existem heróis como antigamente.  Waldir Capucci é escritor e mora em Jacareí




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