Metrópole Magazine - Janeiro de 2018 / Edição 35

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Janeiro de 2018 – Ano 3 – nº 35

PARA ONDE VAMOS? Eleição deve ser a mais acirrada da história, com judicialização, discursos polarizados e guerra declarada entre as militâncias nas mídias sociais ENTREVISTA

Márcio França assumirá o governo paulista após Alckmin deixar o posto para a disputa presidencial pág. 16

ESPECIAL

São José e Taubaté se unem em torno da polêmica Escola Sem Partido pág.22






EDITORIAL Diretora Executiva: Regina Laranjeira Baumann

Editor-chefe: Fernando Ivo Antunes QUEM CONHECE, CONHECE BDO Repórteres: Tânia Campelo, João Pedro Teles, Marcus

Xadrez político para 2018

Alvarenga Uma das Big 5 Colaboradores: Elaine Santos e Otávio Baldim Líder no middle market Estagiárias: Beatriz Plaça, Giovana Bertti, Nathalia Prado Fotografia: Pedro Ivo Prates 21 escritórios Esta edição da Metrópole Magazine traz em sua reportagem de capa a análise no Brasil Diagramação e Trat. de imagens: José Linhares Audit | Tax de como a RMVale se encontra no jogo político que toma conta dos primeiros dias| Advisory Arte: Bruno dos Santos

do ano. Em época de pré-campanha e disputa por espaço dentro dos partidos, políticos da região buscam construir estrutura que possibilite o lançamento do nome para disputar cargos na eleição de 7 de outubro. O jogo de xadrez está aquecido e a matéria ilustra como os principais nomes da política local se movimentam até o início da campanha. Entender este procedimento é o primeiro passo para o eleitor escolher com clareza seus representantes.

Na entrevista especial, o vice-governador Márcio França, que também é peça importante na construção do quebra-cabeça partidário típico de início de ano eleitoral, fala sobre a disputa para o governo do Estado e analisa como será a corrida Tel (55 12) 3941 4262 presidencial. Com a saída de Geraldo Alckmin para concorrer ao Planalto, França www.bdobrazil.com.br assumirá a chefia do Palácio dos Bandeirantes e vai usar a força da cadeira para tentar ser eleito.

Executivos de Negócios: Ana Florez, Greice Kelly, Fabiana Domingos, Ivo Santaniello, Antônio Carlos Diretor de Relações Institucionais: Eduardo Pandeló Diretor Comercial: Marcelo Vinícius de Oliveira Departamento Administrativo: Larissa Oliveira, Roseli Laranjeira EDIÇÕES ANTERIORES: http://www.meon.com.br/revista PARA ANUNCIAR: Ligue: 12 3204-3333

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Um dos temas que irão permear o debate político também é abordado nesta edição. O projeto Escola Sem Partido movimentou a Câmara de Taubaté e São José e fez fomentar o discurso polarizado, que deverá ser a tendência na campanha de 2018. Vereadores favoráveis e contrários travam batalha em torno da proposta, que também tem o envolvimento do Ministério Público.

Tiragem auditada por:

Meon Comunicação Ltda Avenida São João, 2.375 –Sala 2010 - Jardim Colinas –São José dos Campos - CEP 12242-000 -PABX (12) 3204-3333 Email: metropolemagazine@meon.com.br

Com esta análise da política regional, o leitor pode refletir sobre como irá se posicionar neste ano. Boa leitura.

Regina Laranjeira Baumann Diretora Executiva

A revista Metrópole Magazine é um produto do Grupo Meon de Comunicação | Tiragem: 15 mil exemplares

metr pole magazine A revista 15 mil exemplares 10 cidades 70 / 100 páginas

Auditada pela BDO, destacada no mercado nacional e internacional como a quinta maior empresa de auditoria e consultoria no Brasil.

Nosso público

Nosso foco é no Jornalismo, com conteúdo diversifcado e aprofundado. Com isso, nosso público é o formador de opinião, infuente. Faz parte das classes A e B, possui poder de compra, decisão e se interessa por política, economia e entende a importância das notícias locais.

Distribuição

Nos condomínios residenciais de São José dos Campos mais da metade (56%) das pessoas pertence à classe “A”. Mais de 60% dos domicílios apresentam renda superior a 10 salários mínimos e 80% das residências têm computador. É a maior concentração de casas com acesso à internet, e de automóveis. Cerca de 19% de seus domicílios dispõem de 3 carros ou mais.

9.000 S. J. Campos 2.500 Taubaté 1.000 Jacareí 1.000 Caçapava/Pinda Campos dos Jordão 1.500 Litoral Norte

Condomínios Assinantes Pontos fixos


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8 | Revista Metrópole – Edição 35

SUMÁRIO

Matéria de Capa

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Eleição deve ser a mais acirrada da história, com discursos polarizados, judicialização e guerra declarada entre militâncias nas redes sociais

16 ENTREVISTA Vice-governador Márcio França

EDUCAÇÃO 38 Novo Ensino Médio depende da

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ESPECIAL Projeto tramita nas câmaras e envolve manifestação do Ministério Público e muito debate entre grupos políticos

12 14

Espaço do Leitor Aconteceu& Frases&

Fotos: Rogério Marques/E.C. Taubaté

10

ESPORTE Estádio do Esporte Clube Taubaté faz 50 anos e torcida sonha com acesso para a elite do futebol paulista para celebrar a data

Divulgação

Escola Sem Partido___

o que passou e mostrar que há solução para a Depressão

Pedro Ivo Prates

Divulgação

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Base Nacional Comum Curricular, que ainda é debatida, e adia a implementação das mudanças que afetarão a vida dos estudantes

Pedro Ivo Prates

assumirá o Palácio dos Bandeirantes após Geraldo Alckmin renunciar para concorrer ao Planalto

SAÚDE 42 Social Media quer compartilhar

34 54 69

CULTURA 50 Enquanto Guaratinguetá

retoma o Carnaval, Taubaté mantém tradição e em São José os tamborins continuam em silêncio pelo 6º ano seguido

TURISMO 58 Guia de turismo e Metrópole

Magazine prepararam roteiro de pontos turísticos para aproveitar as cidades litorâneas durante uma semana

Ping Pong& Gastronomia& Humor&


Janeiro de 2018 | 9

Artigo&

Para entender a política em 2018 Freepik

Para entender o cenário político de 2018, precisamos primeiro contextualizar os fatos que antecederão o pleito. Em primeiro lugar, entre 2014 e 2018 tivemos as maiores manifestações políticas de massa de nossa história, o que, embora com pautas difusas e mais ligadas ao impeachment da presidente Dilma, inauguraram uma nova forma de mobilização, as redes sociais. Esse fenômeno será muito mais intenso em 2018, uma vez que houve um grande incremento da cobertura de banda larga no Brasil, que cresceu mais de 50% no período. Dados recentes da ANATEL dão conta que temos 240 milhões de celulares ativos e mais de 80% do acesso móvel de internet no país já são realizados por eles. Isso nos coloca entre os cinco maiores usuários de mídias digitas do mundo e os cidadãos a um clique de qualquer informação. Para além da mobilização, as redes sociais trazem uma novidade, que é a possibilidade de engajamento digital de pessoas pró e contra políticos que tentarão conquistar corações e mentes dos eleitores, notadamente

dos formadores de opinião ou, para usar um termo mais adequado à época, dos influenciadores digitais. Em segundo lugar e não menos importante, temos um presidente que, mesmo promovendo reformas demandadas pela sociedade civil organizada e recuperando parte do que a crise econômica tirou do último período, tem um dos piores índices de aprovação da história. Para completar, a governabilidade pautada pelo Congresso Nacional continua ancorada em acordos baseados em interesses dos grupos de apoio do governo e não nas demandas reais do país. A novidade é que essas práticas estão cada vez mais escancaradas pelas mídias sociais, que aos poucos vão ocupando espaços antes exclusivos dos grupos econômicos de comunicação de massa, como jornais e canais de TV aberta. Do ponto de vista do perfil dos pré-candidatos, os indicadores de que dispomos dão conta que os eleitores estão cada vez mais interessados em ideias e não em personas, ou seja, menos mitos e heróis e mais gente como a gente. O que está por trás

desse desejo é reflexo da grave situação fiscal e econômica que o estado brasileiro está mergulhado. Temos um orçamento de cerca de R$ 3 trilhões, dos quais metade são dívidas e o desequilíbrio da previdência social tem gerado rombos consideráveis, tirando boa parte da capacidade de investimento do governo em projetos importantes. Portanto, é bastante plausível que o candidato vencedor seja talhado por competência técnica, capacidade de liderança e uma excelente equipe. Feita essa contextualização, podemos inferir que a eleição de 2018 testará o potencial da chamada sociedade 2.0, mostrando até onde o engajamento digital influenciará a prática democrática. Para além disso, o brasileiro, acostumado que é às crises, continuará mistificando os problemas do país e, na hora certa, vestirá sua camisa canarinho e torcerá para seleção nacional, afinal, também será ano de Copa do Mundo, uma boa hora de devolver o 7 X 1.  Agliberto Chagas, Cientista Social e Professor Universitário


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Espaço do Leitor Edição 34 – Dezembro de 2017 RMVALE

Dezembro de 2017 – Ano 3 – nº 34

Os cenários cinematográficos do Natal Cidades da região criam decorações e enfeitam ruas e comércios com projetos grandiosos

FAKE NEWS

Boatos ganham caminho livre nas redes sociais, viram negócio lucrativo e criam fogo cruzado em época eleitoral pág. 34

ENTREVISTA

Márcio Tenório (PMDB), prefeito de Ilhabela, fala sobre os desafios de gerir os royalties do petróleo

Feedback A edição de dezembro da Metrópole

de matérias falsas são utilizadas para

Magazine mostrou como as cidades da

criar verdades e prejudicar pessoas e en-

RMVale se prepararam para o Natal e

tidades. Na última entrevista de 2017, a

criaram cenários cinematográficos em

conversa foi com o prefeito de Ilhabela,

estabelecimentos comerciais e nas ruas

Márcio Tenório, que relatou sobre os de-

para chamar a atenção dos consumido-

safios de gerir o arquipélago, que pos-

res e conseguir aumento nas vendas. A

sui orçamento rico devido aos royalties

reportagem sobre Fake News foi bastan-

do petróleo, justamente um dos temas

te comentada nas redes sociais, justa-

mais debatidos, por ser um recurso fi-

mente por ser um tema relevante e atual.

nito e que precisa ser tratado de forma

A matéria mostrou como a reprodução

sustentável.

pág. 16

Fernanda Niquirilo Eu já comprei muita coisa pela internet e faz pouco tempo que entrei em um desses grupos de WhatsApp. Vale muito a pena porque o preço é em conta e você acaba fazendo amizade. Só é preciso ter cuidado. Tem que conhecer as pessoas do grupo para evitar problema.

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NOTÍCIAS ESPECIAL

Natasha Freitas Realmente muito bonito e charmoso os enfeites de natal que eu vi em São José.

Fotos: Pedro Ivo Prates

Fenômeno ‘fake news’ deve contaminar eleições 2018

Boatos ganham caminho livre nas redes sociais, viram negócio lucrativo e ferramenta no fogo cruzado das campanhas. Este caminho tem volta?

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MATÉRIA ESPECIAL

Fotos: Pedro Ivo Prates

Os cenários cinematográficos do Natal

Shoppings da RMVale criam decorações e enfeitam corredores e fachadas com projetos grandiosos João Pedro Teles

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SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

NOTÍCIAS ESPECIAL

O milagre da renda extra no Natal

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ocê acreditaria que a ex-candidata à presidência dos Estados Unidos Hillary Clinton, que concorria o pleito pelo partido Democrata em 2016, vendeu armas ao Estado Islâmico? Ou que, na reta final das eleições

americanas de 2016, o Papa Francisco em pessoa teria declarado apoio ao então candidato republicano Donald Trump? Apesar de irresistíveis ao apetite alvoroçado dos eleitores, tratam-se, as duas, de exemplos de fake news , ou, em bom português, notícias falsas, ferramentas cada vez mais comuns no cenário eleitoral. Se nenhum desses autores levou

o prêmio Pulitzer pela acurácia da apuração, pelo menos popularidade eles conseguiram. E muita. Uma pesquisa do BuzzFeed News mostrou que a “notícia” que garante o apoio do Papa a Donald Trump teve 960 mil compartilhamentos no Facebook. A fake news mais popular entre os eleitores americanos. A venda de armas ao Estado Islâmico vem na cola, com

Festas de fim de ano representam incremento na remuneração de profissionais de diversas áreas, que lucram com o novo negócio

Divulgação

Jornalista Gianda Oliveira vende roupas usadas

Otávio Baldim

OTÁVIO BALDIM TAUBATÉ

O

fim de ano aquece a economia de um dos principais endereços de Taubaté, a charmosa rua Imaculada, endereço onde fica a Casa das Figueiras, local onde ficam as pioneiras de uma das tradições mais antigas da cidade. Com 35 artesãs, é nesta época do ano que elas mais lucram. Com a aproximação do Natal, a produção aumenta em até 70%. Pelo menos mil presépios em argila devem ser

confeccionados e os valores variam, podendo chegar a quase 200 reais. Peças exclusivas e assinadas pelas autênticas representantes da cultura taubateana. Pelas lentes dos óculos empoeirados, de horas a fio no ateliê, a sensibilidade do olhar cuidadoso impressiona. Os dedos, escurecidos com o manuseio da argila, decifram os moldes da arte institivamente. Dona Isaura Gomes curou a depressão e outras tantas dores da alma, como a morte do marido, recentemente, confeccionando presépios.

“Cada peça demanda um cuidado extremo e algumas têm menos de 2 centímetros. O capricho com cada detalhe faz parte do trabalho das figueireiras desde o início dessa tradição. Eu comecei aqui há 17 anos e ainda hoje faço cada figura com o mesmo carinho de antes. É um ofício que ocupa o nosso tempo e preenche o vazio que a vida deixou em algum momento na gente”, desabafa. Os presépios levam, em média, dois dias para ficarem prontos, dependendo do tamanho e dos adereços. Cada artesã retrata, à sua maneira, o

Nicholas Nascimento Acompanho as noticias no Meon e em outros veículos sérios para saber o que é verdade. As pessoas precisam parar de acreditar em tudo o que aparece no Facebook.

/portalmeon

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RMVALE

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ma boa ideia não é o suficiente para o empreendedor 4.0. O novo perfil do empresário que planeja investir em sua própria marca exige, além de um bom plano de negócios e de visão estratégica, ter em mente uma questão fundamental para fazer sua startup deslanchar: a

proposta perfeita para saltar aos olhos dos investidores. Quando as lojas baixam as portas, na calada da noite, o barulho das máquinas quebra o silêncio contido nos corredores e os shoppings se transformam num canteiro de obras, onde os operários constroem sonhos. Pendurados nas alturas, os alpinistas escalam árvores imensas e ajeitam minuciosamente cada enfeite colocado nelas. Cuidam

do mais imperceptível detalhe como se estivessem preparando a decoração da casa deles e, aos poucos, o clima do natal toma conta da fachada e do interior dos centros de compras. Os cenários natalinos movimentam milhões de reais no Brasil. Os shoppings da região investem cifras milionárias nos encantos que este mercado cria na tentativa de estimular ainda mais o consumo neste período

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@portalmeon Os cenários do natal

98218-4888


Em 2018, a Câmara espera fortalecer a participação da sociedade no debate de agendas importantes para o futuro de São José. O Legislativo renova seu compromisso de colaborar para a construção de uma cidade cada vez melhor. Mesmo durante o recesso parlamentar, em janeiro, o setor administrativo da Câmara e os gabinetes dos vereadores trabalham normalmente para atender os moradores, das 8h às 17h30. A Câmara Municipal deseja a todos os moradores de São José dos Campos um ano repleto de paz e prosperidade.

Canal 7 da NET e 9 da VIVO TV www.camarasjc.sp.gov.br /camarasjc

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CÂMARA MUNICIPAL SÃO JOSÉ DOS CAMPOS A vida da cidade passa por aqui


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Aconteceu& Traficante filho de João Cabeludo é morto em operação da PF em Alagoas

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O traficante Erik da Silva Ferraz, filho do traficante João Cabeludo, de São José dos Campos, foi morto na madrugada do dia 7 de dezembro em uma operação da Polícia Federal em Maceió (AL). Erik se tornou dos principais chefes do PCC no Vale do Paraíba, depois que o seu pai foi preso na Bolívia, em julho deste ano. Utilizando o nome falso de Bruno Augusto Ferreira Junior, Erik se passava por empresário na capital alagoana. Ele estava foragido e era um dos traficantes mais procurados no país. De acordo com a Polícia Federal, o traficante joseense vinha atuando como empresário em Alagoas e mantinha uma vida de muito luxo. Carros de luxo, embarcações e imóveis de alto padrão foram apreendidos pela PF. Durante a investigação, a PF apreendeu US$ 500 mil na casa de um das laranjas, que pela forma de acondicionamento indica ter origem no exterior, em contas existentes em paraíso fiscal. 

Secretário de Campos do Jordão morre e 3 pessoas ficam feridas em acidente

Oito casas são demolidas em área de risco do Rio Comprido, na zona sul de São José Oito famílias que viviam em áreas de risco no bairro Rio Comprido, na região sul de São José dos Campos, foram removidas pela prefeitura, na manhã do dia 9 de dezembro, devido aos riscos de deslizamento durante a temporada de chuvas. Segundo a Administração, os moradores vão receber aluguel social no valor de R$ 500 por um período indeterminado. As casas foram demolidas logo após a retirada de todos os pertences das famílias. Um casal de idosos rejeitou a proposta de remoção e permanece na área de risco. O local é classificado pela Defesa Civil como R4, risco muito alto de escorregamento natural do solo. Em janeiro de 2011, cinco pessoas morreram soterradas após deslizamento de terra no Rio Comprido. O prefeito Felício Ramuth (PSDB) afirmou que as equipes vão continuar dialogando com os idosos que permanecem no local, na tentativa de convencê-los a deixar a área de risco. 

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O secretário adjunto da Sidec (Secretaria de Informação e Defesa do Cidadão) de Campos do Jordão, Amarildo Adonis Ribeiro, de 52 anos, morreu em um acidente na rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro (SP-123), na noite do dia 8 de dezembro. O acidente ocorreu por volta das 19h, perto da base da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), e deixou mais três pessoas feridas. Segundo a PRE, Ribeiro seguia sentido Taubaté quando perdeu o controle do carro, atingiu a lateral de um veículo na pista contrária e, na sequência, colidiu de frente com um ônibus que seguia sentido Campos do Jordão. Ribeiro estava sozinho no carro, que ficou totalmente destruído. Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e encaminhado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Ainda não se sabe os motivos que levaram Ribeiro a perder o controle do veículo. 


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Tese de médico de Taubaté vai embasar projeto de lei federal

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Um estudo realizado pelo médico dermatologista Érico Pampado Di Santis, de Taubaté, vai embasar um projeto de lei federal que pretende tornar obrigatória a notificação de complicações ou mortes causadas por lipoaspiração. O médico expôs o tema em uma audiência pública na Câmara dos Deputados. A reunião foi uma iniciativa das deputadas federais Pollyana Gama (PPS), de Taubaté, Carmen Zanotto(PPS) e Shéridan Estérfany (PSDB). A notificação obrigatória daria subsídios para implementação de medidas de prevenção, o que garantiria maior segurança aos pacientes que recorrem à lipoaspiração. Além disso, a medida também evitaria o preenchimento inadequado de certidões de óbito. Hoje, segundo ele, falta de informação acaba ocultando que a morte é decorrente da lipoaspiração. 

Operação do Detran contra corrupção multa autoescolas na RMVale

Embraer e Boeing estudam modelos de cooperação estratégica Uma reportagem do jornal americano Wall Street Journal abalou o mercado financeiro e deixou apreensivos os 16 mil trabalhadores da Embraer no Brasil. A notícia, publicada no dia 21 de dezembro, revelou que Boeing negocia a compra da fabricante brasileira, que tem sede em São José dos Campos. A Embraer confrmou que estava em ‘trativas’ com a gigante aeroespacial americana, mas não revelou detalhes da negociação. A informação afetou fortemente o mercado financeiro. Na Bolsa brasileira, as ações da Embraer subiram quase 40%, fechando com alta de 22,5% no dia em que a notícia foi publicada. Os trabalhadores passaram a viver em meio a um clima de incerteza. O sindicato se posicionou contra as negociações e a direção da empresa divulgou um comunicado interno tranquilizando os funcionários e garantindo que o acordo, se concretizado, será bom para todos. As duas companhias trabalham para apresentar ao presidente Michel Temer um esboço de como deverá ser essa parceria . 

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O Detran (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo) multou nove autoescolas na região do RMVale por irregularidades em uma operação contra corrupção que aconteceu no dia 9 de dezembro em todo o Estado de São Paulo. De acordo com o órgão, em São José dos Campos foram fiscalizadas três instituições. Uma delas estava com aula prática de moto em andamento no sistema, mas os alunos não frequentavam o local. Um Boletim de Ocorrência foi registrado por inserção de dados falsos em sistema de informações (crime previsto no artigo 313-A do Código Penal, com pena de 2 a 12 anos de reclusão). Todas as empresas podem responder por processo administrativo junto ao Detran e sofrerem bloqueio preventivo no sistema ou até serem descredenciadas, dependendo da gravidade da irregularidade. As autoescolas têm direito a apresentar defesa antes da conclusão do processo. 


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Frases& Pedro Ivo Prates

Na nossa região, o emprego será para quem detiver conhecimento. O maior ativo que o Poder Público pode contribuir é ampliar os convênios com as universidades em pesquisa, extensão, estágios, desenvolvimento de projetos e até ajuda financeira

Izaias Santana (PSDB), prefeito de Jacareí

O Basquete de São José volta com um peso muito grande, já que foi uma equipe que teve muito sucesso em anos recentes. A LNB vive um momento muito interessante e poder retornar é muito positivo pra nós e para a cidade

Inácio Messias, diretor do São José Basketball, sobre retorno da equipe adulta ao campeonato nacional.

João Batista Almeida, padre e reitor do Santuário Nacional de Aparecida, sobre a participação da Igreja na política

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Queremos estimular os brasileiros a pensar mais criticamente nas ações que praticam enquanto cidadãos e nas escolhas que farão este ano, a partir de valores éticos que devem nortear a vida de uma nação”


Janeiro de 2018 | 15

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Alguns deles me surpreenderam, mas outros já tinha certeza de que iria acontecer isso. Aguardo serenamente a decisão da Justiça

Célio José da Silva, diretor do Deinter 1, sobre a prisão de 30 policiais civis acusados de ajudar o PCC no tráfico de drogas na zona sul de São José dos Campos

A mudança do nome é um resgate do partido com a sua corrente ideológica, mas, na região, o MDB precisa mostrar um alinhamento maior Willians Montez, presidente do MDB de Caçapava, sobre a mudança no nome da sigla do partido.

O futuro sempre depende de

mudanças, que podem dar certo ou não. Temos que ter coragem para tomar decisões que concordância

Ozires Silva, engenheiro e um dos fundadores da Embraer, sobre a possibilidade de cooperação entre a empresa brasileira e a Boeing

Pedro Ivo Prates

independem da


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ENTREVISTA

Fotos: Pedro Ivo Prates Fotos: Divulgação

“Aposto em Alckmin e Jaques Wagner no 2º turno”, diz Márcio França Vice-governador assumirá a chefia do Palácio dos Bandeirantes após Geraldo Alckmin anunciar a renúncia para a disputa presidencial Fernando Ivo Antunes DA REDAÇÃO

M

árcio Luiz França Gomes, atual vice-governador de São Paulo, tem 54 anos e vai assumir a chefia do executivo estadual após Geraldo Alckmin renunciar ao cargo para disputar a campanha presidencial. Porém, as ambições vão muito além de simplesmente comandar o Estado até o fim de 2018. Ele pretende, com ou sem o apoio do PSDB, disputar a eleição para o governo de São Paulo. Apesar de se considerar um político com vertentes de esquerda, França faz diversos elogios ao atual governador e diz que seu mandato será uma continuidade do que Alckmin tem feito. Desde que entrou na vida política, quando foi eleito vereador em São Vicente, em 1988, França sempre esteve no mesmo partido, o PSB. Natural de Santos, o político começou sua carreira no movimento estudantil durante o curso de Direito, quando foi presidente do Diretório Acadêmico e da Junta Governativa do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Católica de Santos. Após ser reeleito como parlamentar, foi prefeito por dois mandatos consecutivos, sendo o prefeito com maior percentual de votos no país na reeleição, com 91,3%. França ainda permaneceu por oito anos como deputado federal até ser chamado para ser vice-governador na chapa de Alckmin, em 2014. Atualmente, após uma cirurgia bariátrica, França perdeu mais de 30 quilos

e voltou a praticar esporte. Como presidente estadual do PSB, o vice-governador busca alianças para lançar sua candidatura. Em entrevista para a Metrópole Magazine, o futuro governador fala sobre a disputa eleitoral de 2018 entre ele e um possível nome tucano, campanha presidencial e como pretende conduzir a gestão do Estado e os projetos para a RMVale.

Certamente haverá a minha marca na gestão, de acordo com a minha posição ideológica, ou seja, com um incremento na área social ” A possível saída de Geraldo Alckmin para ser candidato a presidente vai te colocar no cargo de governador. Como pretende atuar à frente do executivo estadual após o tucano deixar o posto? Pra quem começou como vereador em São Vicente, na Baixada Santista,

será uma grande honra ser governador de São Paulo. Mas é claro que cada um tem um jeito de atuar. O Geraldo Alckmin é um cara estável e uma das pessoas mais idôneas que eu conheci. Por ele não colocaria minha mão no fogo, mas meu corpo inteiro, meu filho e meu neto tudo dentro do fogo. Mas ele tem um estilo e eu tenho outro. Quando ele me chamou pra ser companheiro de chapa, ele sabia que caso ele saísse do cargo eu iria assumir. São Paulo, por exemplo, tem importantes desafios na área de segurança. Em São Vicente, eu inverti a lógica. Demos oportunidade de vida para garotos de 17 e 18 anos e esse programa deu muito certo e queria trazer isso para o Estado. É mais simples e tem eficácia. Ao invés de enxugar gelo é preciso evitar que o gelo fique suado. É muito mais fácil dar uma oportunidade para o jovem não entrar no crime. Quero governar com equilíbrio fiscal, ter austeridade com os gastos públicos, entre outras ações e projetos de sucesso, como as obras de infraestrutura e de transportes públicos. Certamente haverá a minha marca na gestão, de acordo com a minha posição ideológica, ou seja, com um incremento na área social. O PSDB tem dito que não abre mão de um candidato ao governo. Como vê a questão dos tucanos não te apoiarem após atuar como vice? É natural que o PSDB lance candidato próprio. Teremos uma boa convivência durante a campanha. Não acho que


Janeiro de 2018 | 17

terá problema e cada um fará o seu trabalho eleitoral. Eu tenho longa carreira política, mas que foi construída no litoral santista, entretanto, na condição de vice-governador, apesar de comandar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, você não fica tão conhecido. As pesquisas mostram que apenas 8% me conhecem. Portanto, na medida em que o Alckmin renunciar, eu suponho que ficarei mais em evidência e ai será minha oportunidade de ser conhecido. Com isso, teremos uma eleição democrática e sem qualquer tipo de problema. É notório que Doria tentou ser candidato a presidente. Muitos tratam isso como uma traição dele com Alckmin, que foi padrinho político dele. Você considera o não apoio do PSDB a sua

candidatura como uma traição política, depois do tempo em que esteve ao lado do Alckmin? Cada partido tem o seu desejo e modo de agir. Respeito isso. Nosso apoio ao Alckmin não é condicionado ao apoio dos tucanos à minha candidatura. Acredito que o João Doria cumprirá a promessa que fez para o povo de São Paulo no sentido de concluir seu mandato até o fim. Eu mesmo ouvi este compromisso dele. Ele é um homem de palavra e ficará até o final do seu mandato. Tanto que assim foi em relação à Presidência da República. Ele já deu total apoio ao Geraldo Alckmin. Ele tem condições de ser o melhor prefeito da história de São Paulo. É honesto e trabalhador. Eu fui prefeito de São Vicente por duas vezes e eu era muito

orgulhoso de ter esse cargo. É um compromisso de quatro anos. Imagino que o Doria tenha esse sentimento também. O que eu digo é que sempre que você apoia uma candidatura presidencial é natural que o partido do presidente faça a reciprocidade. Com essa disputa eventual entre PSB e PSDB, como ficará a questão dos secretários, que hoje são da confiança de Alckmin? Ao afunilar a campanha, vai trocar os secretários que apoiarem a candidatura tucana? Teremos uma relação respeitosa e coerente com os secretários que estão no Governo. Como se posicionar em um eventual embate eleitoral com o PSDB? Irá criticar o modelo tucano e se colocar como opção, mesmo tendo feito parte do governo Alckmin? Como imagina a campanha? Somos aliados do Geraldo Alckmin e assim nos comportaremos. Geraldo é o homem certo para conduzir o Brasil neste momento. Na minha campanha a governador vou deixar claro que preservarei tudo o que ele fez de importante para São Paulo e mostrarei o que farei dentro das minhas características, com uma abordagem mais aprofundada na área social. Alckmin se consolidou nacionalmente e essa candidatura dele ficou mais evidente após ele assumir o comando do partido.


18 | Revista Metrópole – Edição 35

Márcio França já foi prefeito de São Vicente e deputado federal antes de se tornar vice-governador de SP

Apesar de o Arthur Virgílio mostrar interesse, acho difícil competir com o governador. Peguei uma pesquisa recente que mostra que em São Paulo ele está à frente dos outros. Pra mim, a campanha será tranquila. Temos feito muito por São Paulo e vou apresentar, do meu modo, como posso contribuir com o Estado. A escolha é do eleitor. Nós temos jeitos diferentes, estilos diferentes, até ideologicamente. Como analisa a disputa presidencial com o cenário atual? Hoje em dia os meios de comunicação são grandes componentes, junto com a mídia social, para divulgação das ideias dos candidatos. Como não há dinheiro público, esse é o caminho. Nas 50 maiores cidades do Brasil onde houve segundo turno, quem chegou foram os candidatos com mais tempo de televisão. Eu estou supondo que Alckmin terá uma grande coligação e ele chegará ao segundo turno. Lula seria o segundo nome, mas ainda tem a questão jurídica. Acho difícil ele ser candidato e acredito que o PT deva lançar o Jaques Wagner, ex-governador da Bahia. Aposto em ambos no

segundo turno. Apesar do fenômeno Jair Bolsonaro, acho que ele terá queda por falta de estrutura partidária. Ele tem hoje uma boa votação por ser

Não é a política que derruba a economia, é a economia que derruba político. Agora, se isso vai dar certo ou não, ainda tem montagens a serem feitas, como as reformas”

muito autêntico. Errado ou certo, ele diz o que pensa. E essa autenticidade é que atrai o voto. Porém, o partido em que ele está não tem tempo para falar o que pensa. Muitos falam do Collor ao comparar o Bolsonaro, por estar em partido pequeno, mas era outra época, com regras financeiras diferentes. A Internet ajuda, mas ainda não é o que ganha eleição atualmente. Com pouco tempo de TV, fica difícil. Há candidaturas menores, como a do Ciro Gomes (PDT), mas está em um partido pequeno, mesma situação da Marina Silva (Rede). A Manuela D´Ávila (PCdoB) e o Álvaro Dias (Podemos) devem ter votação boa. Ainda está na dependência do MDB lançar um nome, que tem muita relação com a Reforma da Previdência. O Brasil deu uma subida na arrecadação, mesmo que pequena. Isso terá influência. Nos últimos 100 anos, tivemos cinco trocas de presidentes e sempre teve precedência de queda na economia. O que muitos se esquecem é de que depois que o novo governo assume há uma recuperação econômica significativa. Em 2018, vamos crescer 4%. Estão preparando o Henrique Meireles, que é de fora da



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política e terá quase 40% do tempo de TV pra mostrar isso. Não é a política que derruba a economia, é a economia que derruba político. Agora, se isso vai dar certo ou não, ainda tem montagens a serem feitas, como as reformas. E sobre a Reforma da Previdência, como se posiciona sobre o assunto? Meu partido foi contrário a esta reforma. Como o Michel Temer não foi eleito presidente, não estava na programação que a reforma aconteceria. O problema é que a proposta mexe muito mais na privada do que na parte pública. A reforma é necessária, mas o ideal seria que o novo presidente, em 2019, propusesse a reforma, mas antes, na campanha, o candidato falasse o modo como ele iria fazer. Minha mãe, que tem 83 anos e é pensionista, falou comigo esses dias que essa reforma precisava ser feita. Falei pra ela que vai precisar alterar muita coisa e talvez tirasse dela um pouquinho. Na hora ela disse pra tirar dos outros, mas o dela não. Isso quer dizer que todo mundo quer a reforma, mas ninguém quer perder. Se você vai num jogo de futebol, sabe as regras da partida. Se no meio do segundo tempo se muda a regra, você vai reclamar. É mais difícil você convencer quem já está na regra a mudar alguma coisa do que quem ainda vai entrar. É preciso colocar o debate da Previdência na questão eleitoral. Na eleição as pessoas poderão escolher o melhor projeto sobre o tema. Cerca de 7% da população aceita a reforma, ou seja, a população não quer. O assunto está mal esclarecido e não é à toa que as pessoas criticam. O governo errou no modo de comunicar todo este processo. Qual será seu principal objetivo ao chegar ao comando do Palácio dos Bandeirantes? Para a RMVale, o que pretende fazer como governador?

Aliado de Alckmin, Márcio França deve disputar eleição contra nome tucano ao governo de SP

É preciso colocar o debate da Previdência na questão eleitoral. Na eleição as pessoas poderão escolher o melhor projeto”

Pretendo dar autonomia financeira e orçamentária para as Regiões Metropolitanas, inclusive a do Vale do Paraíba. As mais importantes decisões administrativas e de investimento público devem ser tomadas pelos prefeitos da Região. Pretendo ampliar as ações sociais, apoiar as santas casas e ajudar o AME de Lorena. Pretendo incentivar ainda mais a vocação de inovação tecnológica e industrial do Vale do Paraíba, pois temos que garantir empregos às novas gerações. O Parque Tecnológico de São José dos Campos, por exemplo, tem potencial para contribuir ainda mais para todas as cidades da região, ampliando atividades que já realiza com muita competência. A população vai perceber que meu viés é mais à esquerda, até porque virá depois de sucessivos governos tucanos. 


Nova central unificada para atendimento de resgate e segurança MAIS AGILILIDADE. MELHOR SERVIÇO À POPULAÇÃO. São José dos Campos é a primeira cidade do Estado de São Paulo a integrar os serviços de atendimento do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. LIGUE:

192 – SAMU 193 – Corpo de Bombeiros 190 – Polícia Militar

Agora todo o atendimento é feito numa central unificada, que funciona no Batalhão da Polícia Militar CPI 1, compartilhando recursos e salvando vidas com mais eficiência. Para a população da região, isso representa mais agilidade e melhor atendimento.


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NOTÍCIA ESPECIAL

São José e Taubaté se unem em torno da polêmica Escola Sem Partido___

Projeto tramita nas câmaras e envolve manifestação do Ministério Público e muito debate entre grupos políticos

Fotos: Divulgação


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Fernando Ivo Antunes SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

s duas principais cidades da RMVale estão unidas em torno de uma polêmica, a Escola Sem Partido. Nas Câmaras de Taubaté e São José dos Campos tramita o projeto de lei que vem criando enorme polêmica, com grupos favoráveis e contrários ao texto trabalhando de forma intensa para defender a posição, inclusive com manifestação do Ministério Público. O embate, claro, não é algo particular da RMVale. Diversos municípios mantêm a discussão, com os mais diversos resultados: aprovação, desaprovação ou desistência de votação pelos mais variados motivos. O projeto foi idealizado pelo procurador do Estado de São Paulo Miguel Nagib, em 2004, com a intenção de apresentar uma “reação ao fenômeno da instrumentalização do ensino para fins político-ideológicos, partidários e eleitorais”, como destacou Nagib em recente entrevista. Depois de algum tempo sem criar qualquer tipo de reação na sociedade, o projeto ganhou adeptos e defensores com cargos no Poder Legislativo federal e municipal. São esses personagens que iniciaram os trâmites legislativos locais para tentar aprovar o ideal do Escola Sem Partido em Taubaté e São José dos Campos. Os movimentos sociais favoráveis defendem a necessidade de implementação para combater uma possível doutrinação ideológica nas escolas municipais, enquanto os grupos contrários não acreditam na existência dessa doutrinação e veem o projeto como uma forma política de privar o professor de apresentar pontos controvertidos da história, bem como questões relacionadas ao gênero. Em ambas as cidades, os projetos foram apresentados por vereadores da bancada religiosa, Noilton Ramos

(PPS), em Taubaté, e Lino Bispo (PR), em São José. As duas Câmaras já marcaram datas para votação por algumas vezes, mas ambas ainda não votaram. Em Taubaté, a presidência da Câmara, sob o comando de Diego Fonseca (PSDB), decidiu por suspender a tramitação do projeto após uma recomendação enviada pelo Ministério Público, que apontou ser “flagrantemente inconstitucional” o texto. Já em São José dos Campos, a

O que eu acredito é numa distorção criada para confundir a realidade que ocorre na sala de aula. A transmissão de conhecimentos aliada à cidadania, e aprender cidadania, é um direito garantido pela nossa Constituição” Douglas Carbone, VEREADOR DE TAUBATÉ

votação era para ter ocorrido no último dia 7 de dezembro, mas acabou ficando fora da pauta. Segundo o relator do projeto, ainda não há consenso sobre sua constitucionalidade. Além de a questão legal tratar sobre

a votação no âmbito municipal, o texto levanta questionamentos sobre uma motivação política de impedir que assuntos pertinentes na sociedade atual sejam abordados em sala de aula. Noilton Ramos afirmou que a iniciativa foi baseada em denúncias que recebeu de pais preocupados com a educação de seus filhos. “Acredito e tenho respaldo, por meio das denúncias que recebo diariamente em meu gabinete, de pais desesperados que não sabem o que fazer a respeito. Temos alertado a Secretaria de Educação para que tome medidas eficazes contra qualquer tipo de doutrinação, orientando e instruindo os diretores e professores da rede de ensino”, diz o parlamentar taubateano. Para ele, o projeto é necessário, pois, após realizar investigação em escolas e universidades, teria verificado que a possível doutrinação ocorreria na maioria dessas instituições, com uma “instrumentalização do ensino para fins políticos, ideológicos e partidários, além de comprometer o amadurecimento e desenvolvimento da personalidade dos educandos com questões de gênero, crença e orientação sexual.” Douglas Carbone (PCdoB), um dos principais defensores da inconstitucionalidade do projeto, se posiciona contra o mérito do texto. “Assim que o projeto foi protocolado realizei uma pesquisa para entender a polêmica e pude perceber que nas Câmaras e Assembleias tramitavam projetos análogos. Não obstante, o conteúdo do projeto estava sendo discutido pelo Supremo Tribunal Federal, haja vista que afronta artigos da Constituição.”, afirmou o parlamentar. Já sobre a motivação do texto, o vereador é enfático ao destacar uma distorção na redação para com a vontade de quem os apoia. “Não acredito em doutrinação dentro das escolas, nunca recebi denúncias em meu mandato.


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Miguel Nagib, procurador do Estado de SP, é o responsável por idealizar o projeto Escola Sem Partido, em 2004

O que eu acredito é numa distorção criada para confundir a realidade que ocorre na sala de aula. A transmissão de conhecimentos aliada à cidadania, e aprender cidadania, é um direito garantido pela nossa Constituição. Em outras palavras: se houvesse doutrinação, não estaríamos discutindo um projeto denominado “Escola sem Partido” com partidos de direita, e sim com grupos apartidários”, completou. A discussão sobre a constitucionalidade do tema gerou uma intervenção do Ministério Público em Taubaté. A recomendação que culminou na suspensão da tramitação foi provocada por Carbone. “O motivo foi a gritante inconstitucionalidade presente no projeto, somada as manobras realizadas dentro da Câmara para “acelerar” o trâmite do mesmo. Tudo isso foi apresentado e acatado pelo promotor, que não só enviou uma recomendação de suspensão da votação do projeto, mas ainda ingressou com uma Ação Civil Pública pedindo que a Câmara reconheça os vícios do projeto de lei e ainda indenize os cofres públicos por dano moral.”, afirmou.

A alegação de inconstitucionalidade do projeto é um parecer do jurídico da Casa, que possui um entendimento. Quem pode dizer se é constitucional ou não é somente o STF” Vivi da Rádio, VEREADORA DE TAUBATÉ

A ação citada pelo vereador foi ajuizada antes da decisão da presidência de suspender a tramitação e visa anular o processo administrativo do projeto em questão e condenar o Poder Legislativo de Taubaté em caso de aprovação de projetos de leis inconstitucionais. Ainda não há decisão neste processo. As procuradorias de ambas as Câmaras apresentaram pareceres contrários à aprovação, questionando a inconstitucionalidade do texto. Para a vereadora taubateana Vivi da Rádio (PSC), o Ministério Público ou a Procuradoria não devem decidir sobre a constitucionalidade ou não do projeto. “A alegação de inconstitucionalidade do projeto é um parecer do jurídico da Casa, que possui um entendimento. Quem pode dizer se é constitucional ou não é somente o Supremo Tribunal Federal. Conheci pessoalmente o Miguel Nagib, autor do projeto, que foi assessor de um ministro do STF e é procurador do Estado desde 1985, em Brasília. Ouvi os argumentos técnicos dele e acho difícil alguém com a bagagem dele fazer um projeto inconstitucional”. Para o advogado especialista em Direito Constitucional, Fábio Antunes, há uma confusão na discussão sobre o tema. “Essa análise tem que ser dividida em duas partes. Primeiro, deve-se verificar se quem propõe o projeto é competente, segundo estabelecido na Constituição Federal. E, claramente, esse tipo de projeto só pode ser votado e aprovado na Câmara dos Deputados. Portanto, não é possível discutir e aprovar esse texto no município. Juridicamente, os vereadores são incompetentes para votar esse tema. Já sobre o mérito do processo, existe uma Ação Direta de Inconstitucionalidade em trâmite no Supremo Tribunal Federal. Ali saberemos a posição do Supremo se o texto está em acordo ou não com a Constituição”. Sobre o posicionamento prévio do Ministério Público em Taubaté e as


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manifestações dos vereadores, Antunes concorda com a posição. “O Ministério Público é o fiscal da lei. Ele não decide ou determina a suspensão do processo, apenas requer ou recomenda. Ao ser provocado e verificar a irregularidade, ele comunica. É melhor um Ministério Púbico preventivo, que comunica o possível erro, do que ficar inerte e depois ajuizar ações de improbidade. Cabe ressaltar que qualquer juiz pode decretar uma norma inconstitucional. Não é necessário aguardar a posição do Supremo.” Em relação ao mérito do projeto, Vivi da Rádio (PSC) o vê como algo simples. “É um projeto simples, sem sanções, que apenas fixa um cartaz na sala de aula, com os direitos já existentes na constituição e leis federais. É um projeto que não ofende e não doutrina quem trabalha direito. Vários professores pelo país lecionam com o cartaz colado em seu diário. Algumas escolas particulares, inclusive, adotam a colocação do cartaz por livre vontade. Não vejo problema em expor os direitos que o cidadão já possui.” Um grupo de professores joseenses, que afirma não representar partido ou movimento político, protocolou uma manifestação para ser anexada ao projeto de lei. E, no texto, defendem que o projeto seja arquivado. “Queremos que os valores constitucionais vigorem na sociedade, principalmente em ambientes educativos, e sejam resguardados os seus alicerces visando uma sociedade conforme afirma a Constituição. Os que propõem e louvam o projeto acabam cometendo uma confusão semântica e terminológica quando colocam os termos ‘ideologia’ e ‘doutrinação’ em sinônimo com os termos ‘crítica social’ e ‘teoria de gênero’. O educador tem a tarefa de ser propositivo e apresentar ao educando cenários, perspectivas e teorias para se analisar a realidade. Infelizmente, dada a heterogeneidade da sociedade brasileira, algumas proposições


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estarão em discordância com a perspectiva de algumas famílias.”, destacou o professor Vitor França. O professor destaca a importância da liberdade do professor em sala de aula. “Somos profissionais da Educação e não prestadores de serviço cuja incumbência seria a de transmitir conteúdos. Limitando a liberdade de ensinar do professor, como propõe o projeto quando diz que o professor ‘não se aproveitará da audiência cativa dos alunos’, ele se limita, conjuntamente, a liberdade de aprender do aluno, uma vez que o diálogo estará inviabilizado. Ademais, mais grave ainda do que ignorar a indissociabilidade desses princípios, o projeto os coloca em oposição, como se uma liberdade devesse limitar a outra. Não se pode retirar, de qualquer brasileiro, o direito e a garantia fundamental da ‘expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença’, como diz o art. 5º da Constituição Federal”. Já a professora Aparecida Flora Borelli, de Taubaté, concorda com o projeto. Segundo ela, o professor é livre para falar de política em sala de aula, porque seus alunos não estarão mais sujeitos a doutrinação principalmente da linha esquerdista existente na escola como tem acontecido. “Com a Escola Sem Partido o ambiente escolar será mais livre e amigável porque não haverá mais entre alunos e professores o sentimento de disputa partidária existente, o que tem dificultado o diálogo em vários momentos. Certamente não teremos mais alunos invadindo escolas, fazendo passeatas partidárias, agredindo professores e colegas por não concordarem com a ideologia opressora e sem escrúpulos a que são quase sempre submetidos”, afirma. Para Lino Bispo (PR), parlamentar que levou o projeto para a Casa de Leis de São José, a motivação é pela

Os que propõem e louvam o projeto acabam cometendo uma confusão semântica e terminológica quando colocam os termos ‘ideologia’ e ‘doutrinação’ em sinônimo com os termos ‘crítica social’ e ‘teoria de gênero” Vitor França, PROFESSOR

Vereador Lino Bispo (PR) é o autor do projeto na Câmara de São José

problemática de doutrinação política nas escolas e pela ideologia de gênero. “O que jamais vou concordar é com o professor que tem uma opção diferente, sexualmente falando, da construção de família, querer dizer que família se faz com dois homens ou duas mulheres. Isso não é família, isso é uma decisão que cada um toma, e eu respeito. Agora, família é constituída por homem, mulher e filhos. Eu percebo essa influência de alguns profissionais com as crianças em nossas salas de aula”, disse o parlamentar. O vereador Wagner Balieiro (PT) confirmou que os representantes do Ministério Público Estadual e Federal já foram comunicados. “A bancada do PT encaminhou uma representação neste sentido e agora está sob análise desses órgãos, que, certamente, tomarão as medidas que entenderem mais adequadas”. O petista afirma desconhecer qualquer doutrinação ideológica na cidade, classificando o projeto como “inócuo e sem sentido”. Na Câmara de Taubaté o projeto continua suspenso, sem a perspectiva de ser colocado na pauta. Em São José não há suspensão, mas também não existe previsão de data para votação. 



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MATÉRIA DE CAPA

Fotos: Divulgação

Para onde vamos em 2018?

Eleição deve ser a mais acirrada da história, com discursos polarizados, judicialização e guerra declarada entre militâncias nas mídias sociais

Otávio Baldim TAUBATÉ

A

cabeça do eleitor será bombardeada neste ano com a eleição presidencial, porém, no âmbito regional a disputa intensa para ganhar espaço político e conquistar o voto será grande e com ares de sobrevivência para alguns partidos, como o PT, que foi varrido do mapa político na RMVale após a eleição municipal de 2016, ficando sem prefeito em todas as 39 cidades da região. Outros partidos, como PSDB e MDB, vão para a batalha eleitoral com o peso da desaprovação do governo do presidente Michel Temer e da relação que os tucanos mantiveram com o Palácio do Planalto, além das acusações contra o ex-presidente da sigla, Aécio Neves. Além dos fatos políticos atuais,

certamente serão colocados em jogo os assuntos debatidos nos últimos anos, como os escândalos do Mensalão, da época do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, e, mais recentemente, a Operação Lava Jato, que refrescou a memória do brasileiro e pavimentou de vez a descrença do eleitorado, afetando praticamente todos os partidos, independentemente da posição política. Para o sociólogo Luciano Alvarenga, de São José dos Campos, a corrupção no Brasil não envolve apenas o uso indevido do dinheiro público, mas escancara o desvio moral dos representantes da população, muitas vezes eleitos com a troca de benefícios, em um processo ainda hoje corrompido com a compra de votos. “Creio que a operação Lava Jato revelou para as pessoas a gravidade da corrupção que intoxica a sociedade, inclusive com a participação ativa

do eleitorado que se corrompe no mercado do voto”. Para a cientista política Dora Soares, as denúncias não apuradas, os processos emperrados, a corrupção e a impunidade que beneficia descaradamente a classe política provoca uma revolta na população. “Por mais abstrato que pareça ser esse novo, o eleitor ainda assim prefere essa opção que se apresenta oposta a conduta dos velhos nomes da política. E a imagem de bons administradores, misturada com a popularidade e a fama, faz com que haja uma negação da política tradicional, menos irreverente que a escolha de um nome como Tiririca, mas com o mesmo perfil”. Perto da definição das chapas que devem ser inscritas para a corrida eleitoral deste ano e, consequentemente, do início oficial das campanhas, pré-candidatos já sobem ao palanque


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na busca por, entre outros temas, desconstruir a figura da desonestidade que generalizou os políticos e recuperar a confiança do eleitor, abalada com a sucessão de escândalos.

Voo dos tucanos O PSDB tenta repetir o feito da eleição municipal de 2016, que emplacou 14 prefeituras, entre elas as três maiores da região, e elegeu 66 vereadores. Em São José dos Campos, o partido vai apostar na ‘dobrada’ com o ex-prefeito Eduardo Cury, que concorre à reeleição a deputado federal, e Hélio Nishimoto, que tenta o quarto mandato consecutivo na Assembleia Legislativa. Os tucanos ainda discutem a possibilidade de lançar um segundo nome joseense a deputado estadual. O partido também deve levar para as urnas o presidente da legenda em Jacareí, Júlio Pires, para disputar uma cadeira na Assembleia. Os vereadores Diego Fonseca, de Taubaté, e Rafael Goffi, de Pindamonhangaba, são cotados para concorrer a uma vaga na Câmara Federal. O ex-prefeito de Guaratinguetá, que não conseguiu a reeleição em 2016, Francisco Carlos, também pode tentar uma vaga a deputado federal. Os tucanos ainda buscam um nome capaz de representar o Vale Histórico nas eleições de outubro. Para o deputado estadual Hélio Nishimoto, a eleição de 2018 será difícil devido à crise política. “Acredito que a população está mais criteriosa com os candidatos e isso é importante. Creio que possa haver a aposta em novos nomes, devido à crise política que temos passado. Porém, defendo a participação de pessoas que fazem a boa política, independendo se será um novo nome ou alguém que esteja em mandato”, diz. Eleito pela primeira vez ao cargo no pleito de 2014, com 185 mil votos, Eduardo Cury foi o 12º parlamentar que mais recebeu votos no Estado naquele ano. O deputado federal admite que a política brasileira enfrenta a descrença

da população devido os casos de desvios de dinheiro público, mas para ele o voto continua sendo um instrumento importante nas mãos do eleitor para mudar a realidade. “Certamente as eleições de 2018 serão uma nova oportunidade para o eleitor separar o joio do trigo e fazer escolhas baseadas na biografia do candidato, nas propostas e nos compromissos que ele fez durante a campanha”. O coordenador regional da legenda,

A operação Lava Jato revelou para as pessoas a gravidade da corrupção que intoxica a sociedade, inclusive com a participação ativa do eleitorado que se corrompe no mercado do voto ” Luciano Alvarenga, SOCIÓLOGO

Francisco Vieira, o Chesco, diz que nessas eleições a população deve analisar com ainda mais cuidado o currículo dos candidatos, observando as contribuições que eles ofereceram para a sociedade enquanto ocuparam cargos públicos. Para ele, a experiência deve fazer a diferença nas urnas nessa disputa que se aproxima. “Queremos formar boas alianças e fazer uma política voltada aos interesses do Brasil. Para se candidatar, a pessoa precisa ter sido testada no partido e ter prestado relevantes serviços à comunidade”. Para o prefeito de Jacareí, Izaias

Santana, a eleição para deputado federal ou estadual de candidatos da região oferece mais facilidade de interlocução com as gestões locais e disponibilidade de recursos para investimentos em projetos por meio de emendas partidárias. “Quero ajudar o partido no que for preciso e apoiar na escolha das candidaturas da nossa região”, diz o tucano. O desconforto causado dentro do partido com a indefinição da candidatura de Geraldo Alckmin à presidência também ficou no passado. O tucano é unanimidade entre os filiados para reconduzir o PSDB ao Palácio do Planalto. O governador assumiu o comando da sigla no início de dezembro. “O Vale do Paraíba vai emprestar seu filho mais ilustre, nascido em Pindamonhangaba, para ser o futuro presidente do Brasil. Certamente, Alckmin vai apresentar um novo modelo de governo inspirado nas iniciativas que deram certo em São Paulo”, torce o coordenador regional do partido. Já o sucessor do peessedebista no Palácio dos Bandeirantes continua uma incógnita. O senador José Serra e o prefeito de São Paulo, João Dória, são nomes que o partido pode lançar para garantir a longínqua continuidade do PSDB no governo paulista, que já dura 22 anos. Para isso, terão o desconforto de enfrentar o atual vice-governador Márcio França (PSB), que assume o comando do Executivo estadual a partir de abril com a possível saída de Alckmin para disputar a presidência. O embate entre eles pode gerar complicações políticas e significativas mudanças de secretários, visto que a base de apoio de Alckmin ficará na saia justa de apoiar o candidato tucano ou avalizar a candidatura do futuro governador do PSB. Para o vereador João Vidal, que preside o diretório municipal do PSB em Taubaté, França representa a mudança mais inteligente para São Paulo. O parlamentar acredita que o correligionário vai conseguir manter a estabilidade econômica do Estado. “Minha tarefa nessas eleições é mostrar para o eleitor


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paulista a oportunidade inteligente que temos para eleger o Márcio como nosso governador. Ele tem muito o que mostrar e isso por si só já o qualifica para assumir o Palácio dos Bandeirantes”, disse o vereador.

Isso acontece, principalmente, devido à retirada de direitos que o governo golpista de Michel Temer vem promovendo com o apoio do PSDB e de outros partidos da direita. Os brasileiros vêm percebendo que as administrações

Reconstrução petista A eleição de 2016 não deixou saudades para os petistas da RMVale. O PT ficou sem cargo executivo na região. Na eleição municipal anterior, em 2012, o partido elegeu oito nomes para as prefeituras. Entretanto, um ano após assumirem o mandato, seis deles já tinham trocado de partido. Os remanescentes foram Carlinhos Almeida, em São José dos Campos, Hamilton Mota, em Jacareí, e Mauricio Moromizato, em Ubatuba. Os que deixaram a sigla foram Teca, de Piquete, reeleita em 2016, mas pelo PSB, Junior Advogado, de Santo Antonio do Pinhal, também reeleito em 2016, mas pelo PSD. Também pelo PSD, Jonas Polydoro, de Roseira, foi reeleito. João Luiz, de Cachoeira Paulista, não participou do pleito. Adriano Pereira, de Santa Branca, agora filiado ao PR, perdeu a eleição. Pensando em 2018, o PT de São José dos Campos ainda busca a definição das candidaturas para as eleições deste ano. Entre os 3.190 filiados na cidade, o ex-prefeito Carlinhos Almeida, o vereador Wagner Balieiro e as vereadoras Amélia Naomi e Juliana Fraga são os mais prováveis dentro do partido para representar os petistas joseenses na disputa por cadeiras na Câmara ou na Assembleia. Dentre as possibilidades mais possíveis, está a de Carlinhos se lançar a uma vaga em Brasília e Balieiro concorrer como deputado estadual. O presidente petista em São José dos Campos, André Diniz, explica que a escolha do nome ainda depende da estratégia regional ou estadual, mas o diretório municipal trabalha para lançar ao menos dois candidatos. “O PT tem reconquistado seu espaço junto ao eleitorado nos últimos tempos.

Certamente as eleições de 2018 serão uma nova oportunidade para o eleitor separar o joio do trigo e fazer escolhas baseadas na biografia do candidato, nas propostas e nos compromissos que ele fez durante a campanha ” Eduardo Cury, DEPUTADO FEDERAL

petistas trabalham com seriedade e promovem a inclusão das classes menos favorecidas”. O ex-prefeito de São José dos Campos, Carlinhos Almeida, diz que a definição das candidaturas a federal ou a estadual depende de uma decisão conjunta com outras lideranças locais, mas que certamente coloca seu nome à disposição

para participar do processo eleitoral defendendo questões que ele acredita. “O país não tem mais um projeto de desenvolvimento e a vida das pessoas piorou. Essa política de ‘Robin Hood às avessas’ onde tiram dos que mais precisam para beneficiar os milionários é um escândalo. Não podemos aceitar que o aposentado e o trabalhador sejam responsabilizados pela crise enquanto privilégios são distribuídos nos altos escalões e favores imorais são concedidos aos grandes grupos econômicos. Isso precisa mudar”, comenta. O consultor político Marcelo Weiss acredita que a eleição de deputados federais e estaduais da região abre portas para que os prefeitos consigam pleitear com mais facilidade recursos para suas cidades, principalmente neste momento difícil de baixa arrecadação que muitas administrações municipais enfrentam. Para ele, apesar do eleitor estar mais disposto à renovação na política, as mudanças nas leis eleitorais são desfavoráveis às novas lideranças. “Mais do que nunca essas eleições não serão para amadores. Para conseguir seu lugar ao sol, os iniciantes vão precisar de muita criatividade e podem contar com o uso da tecnologia, uma ferramenta que administrada da forma correta pode alcançar bons resultados”, orienta. O diretor técnico da Agência Metropolitana do Vale do Paraíba, José Celso Bueno, defende a eleição de candidatos que conhecem a realidade da região. “Se existir uma representação maior do Vale no Congresso a região ganha força de reinvindicação e os pleitos um apelo político maior. Os deputados que exercem mandato atualmente demonstraram muita participação, interesse e envolvimento nas questões coletivas e demandas da região. Eles sempre estiveram presentes nos processos de discussão e encaminhamento das necessidades da RMVale”, diz Bueno. Em Taubaté, Júlia Martin, 29, mantém


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a ideologia petista herdada da família. Em maio do ano passado, ela foi eleita presidente do diretório municipal. Segundo ela, o partido trabalha para colocar em discussão um programa que seja capaz de enfrentar o PSDB, que há quase duas décadas governa o Estado, além de apoiar a candidatura do ex-presidente Lula. “Eleição sem Lula é fraude. Ele é o candidato que ganharia em todos os cenários se a eleição fosse hoje. Impedi-lo de concorrer é tirar da disputa um candidato que o povo quer de fato escolher. Quero levar essa discussão para as ruas e para os movimentos organizados para ampliar o diálogo com os taubateanos sobre a importância da eleição do Lula em 2018”, diz Martin. O cientista político Roberto Gonçalves acredita que dificilmente o PT vai conseguir se reerguer nas próximas eleições, mesmo o ex-presidente Lula como favorito nas pesquisas eleitorais. “O partido foi dizimado pela Operação Lava Jato, com seus principais líderes presos e muitos já condenados. O PT cresceu no poder de ataque e hoje navega nos mares da defesa. Para o Lula se eleger precisa, primeiro, vencer sua condenação em primeira instância e, em breve, em decisão superior pode tornar-se inelegível. Outro ponto é que o partido perdeu poder de promover alianças com outros partidos que poderiam tornar mais ampla a candidatura do ex-presidente. O PT não tem mais a mesma viabilidade eleitoral de 2014 e enfraqueceu enquanto máquina partidária”. “Se a esquerda perder a eleição, dificilmente vai aceitar esse resultado. Dizer que o impeachment da Dilma foi um golpe é uma forma de preparar os espíritos para uma guerra civil caso o Lula não consiga ser candidato ou se perder a disputa presidencial”, diz o sociólogo Luciano Alvarenga.

Palanque virtual Em 2001, aos 17 anos, a filiação precoce já indicava o caminho do vereador Rafael Goffi, de Pindamonhangaba. Ele

concorreu nas últimas três eleições municipais, mas só no ano passado assumiu seu primeiro mandato na Câmara. Em 2014, Goffi subiu ao palanque e estreou como candidato a deputado

Com as redes sociais o candidato tem a oportunidade de se apresentar e criar laços com os eleitores, mas para isso é necessário uma boa produção de conteúdo e, principalmente, relacionamento ” Ednelson Prado, ESPECIALISTA EM MARKETING POLÍTICO DIGITAL

federal. Conseguiu pouco mais de 20 mil votos, insuficientes para elegê-lo na época. O tucano ainda não desistiu de Brasília e quer lançar a candidatura ao Congresso outra vez. Para alcançar o maior número de pessoas que se identifiquem com as ideias dele nessa disputa, Goffi quer usar as redes sociais. “Eu já utilizo a internet diariamente como ferramenta para

expor meu trabalho aos moradores de Pindamonhangaba, com transparência das informações e prestação de contas. Sem dúvida, as redes sociais vão fazer a diferença nessas eleições. Quero continuar com as minhas postagens na rede mantendo um diálogo com a população. O único caminho para a gente modificar a sociedade e proporcionar uma vida mais justa, mais segura e com acesso aos serviços públicos eficientes é por meio da política. Com a internet consigo levar minhas propostas para muitas outras pessoas”, diz o pré-candidato. Considerado uma das maiores autoridades em marketing político digital da região, o jornalista e colunista do Meon, Ednelson Prado, diz que com as mudanças da reforma eleitoral, que encolheram os recursos e o tempo de campanha dos candidatos, a internet é o caminho natural e mais apropriado e eficiente diante dessa nova realidade dos partidos. “Com as redes sociais o candidato tem a oportunidade de se apresentar e criar laços com os eleitores, mas para isso é necessário uma boa produção de conteúdo e, principalmente, relacionamento”. O eleitor deverá ser bombardeado de informações nas mídias sociais, porém, Ednelson alerta que é importante acontecer discussão, reflexão e mobilização, mas ressalta que isso precisa ser feito com inteligência e respeito. Ele diz que existem grupos sendo financiados para propagar informações irreais e desconstruir a imagem. “Com certeza teremos o uso intenso das midias sociais no intuito de mudar pensamentos, atrair simpatizantes e converter em voto. O eleitor deve estar atento para não ser manipulado. Se realmente quiser contribuir com o processo democrático e mudar a forma como se faz política no Brasil, a população deve consumir e compartilhar as informações com responsabilidade”, alerta o jornalista. Com a dança das cadeiras coreografada pelas eleições municipais, quando muitos deputados deixaram Brasília


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para assumir cargos nas administrações locais, suplentes como a então vereadora de Taubaté Pollyana Gama (PPS) foram convocados para ocupar as cadeiras vagas. Desde o final de 2016, ela cumpre expediente na Câmara. Em pouco mais de um ano de mandato, a parlamentar diz que conseguiu auxiliar em muitas demandas. “Ajudei destravando e viabilizando a retomada de obras como creches, quadras poliesportivas, liberação de recursos para a saúde e apresentando os atrativos da região para possíveis investimentos. Política na minha vida é consequência de muito trabalho e respeito às pessoas. É assim que tenho feito e vou continuar fazendo”, afirma.

durante o governo militar, o partido tem a maioria no Congresso, com 60 deputados e 22 senadores. Contar a presença deles na base aliada pode significar a tranquilidade para aprovar medidas consideradas importantes para o futuro presidente do Brasil. Impopular, com propostas consideradas amargas por parte dos brasileiros e alvo de dois

correligionário acertou nas medidas que tomou até agora. “Eu tenho certeza que quem quebrou o país não foi o presidente Temer neste pouco tempo de governo. Entretanto, espero que novos nomes apareçam nessas eleições. Pessoas honestas e comprometidas com a população e não com interesses pessoais”. Quem também pode carregar a insatisfação de Temer nas costas é o vereador joseense Elton Alves (PMDB). Ele deve ser o candidato do partido ao cargo de deputado estadual.

A força de Bolsonaro

Mudança de Casa O deputado federal Flavinho (PSB) pode concorrer ao Senado nessas eleições. Integrante da bancada católica na Câmara dos Deputados, o parlamentar disse que a possível pré-candidatura dele ao Senado representa a ausência de um representante genuinamente católico nesta esfera do poder, que seja comprometido com o bem comum, ética e valores morais como a defesa da vida e da família constituída por homem e mulher, conforme prevê a Constituição Federal. “As próximas eleições serão muito disputadas, com os ânimos acirrados e muita gente querendo se aproveitar da insatisfação da população para alcançar Carlinhos Almeida, EX-PREFEITO DE SÃO um espaço e implementar seu projeto JOSÉ E PRÉ-CANDIDATO A DEPUTADO FEDERAL OU ESTADUAL pessoal de poder. O maior protesto que podemos fazer é votar com consciência, sem trocar o voto por favores ou cargos, processos de impeachment no ano pase escolher aqueles que nos representem sado, o presidente Michel Temer não com a dignidade e com o respeito que deve tentar a reeleição neste ano, mas analisa ter um nome do governo na dismerecemos”, diz o parlamentar. puta presidencial e que defenda as reforHerança de Temer mas e o modelo econômico adotado por O MDB domina o comando político em Henrique Meirelles, que é um dos nomes Brasília há muitos anos, seja com cargos mais cotados para o pleito dentro da ou por influência eleitoral devido ao tem- base governista. po de programa partidário. Com o nome Candidato a prefeito em Taubaté na remodelado, fazendo referência ao movi- última eleição municipal pelo PMDB, mento que lutou pela redemocratização o empresário José Saud acredita que o

Não podemos aceitar que o aposentado e o trabalhador sejam responsabilizados pela crise enquanto privilégios são distribuídos nos altos escalões”

Os anti-petistas, ou muitos deles, podem migrar o voto para um nome que avança nas pesquisas eleitorais e representa a insatisfação do eleitorado brasileiro com os políticos tradicionais. Polêmico, Jair Bolsonaro (PSC), atual deputado federal pelo Rio de Janeiro, ainda não se posicionou oficialmente sobre por qual partido deverá se candidatar. Ano passado, o Patriotas, antigo PEN, chegou a anunciá-lo em programa de TV, porém, no início de janeiro, o PSL afirmou ter acertado a filiação do político. Bolsonaro surgiu como uma figura caricata na mídia, principalmente em programas de humor que nunca levavam a sério as declarações dele. O embate com a deputada federal Maria do Rosário (PT) deixou o parlamentar ainda mais conhecido, mesmo sob acusações de preconceito, machismo e falas consideradas desrespeitosas. Indignados com a ruína econômica do Brasil e a rotina dos escândalos políticos que se descortinam debaixo do nariz da população, os eleitores começaram a compartilhar as ideias e ideais do deputado, que defende a redução da maioridade penal, o armamento, valores cristãos, segurança jurídica na atuação policial e simpatia pelos militares. O nome de Bolsonaro foi admitido pela própria presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, como o mais forte capaz de reunir as vozes contrárias ao


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partido com condições de vencer as eleições. O deputado apareceu com 17 pontos na última pesquisa Datafolha, consolidado em segundo lugar. Grupos na RMVale chamados de células já articulam a candidatura de Jair Bolsonaro à presidência com o objetivo de reunir apoiadores ao deputado federal. Há três anos, Letícia Aguiar, de São José dos Campos, trabalha como voluntária representando a família Bolsonaro na região e coordena encontos que compartilham ideias e discussões para o futuro do Brasil. Ela firma que deve ser a candidata do grupo a deputada estadual. “Bolsonaro, de maneira autêntica de falar o que pensa, é a voz de tantos homens e mulheres que gostariam de dizer o que ele diz. Se tivermos uma nação forte, que respeita a família, que é a base de toda sociedade, se assegurarmos a liberdade de escolha das pessoas, com o livre mercado, estaremos fortalecendo o povo e não o Estado. O perfil moral, ético e conservador do Bolsonaro vai fazer a mudança desse país, que está há anos sangrando nas mãos de bandidos travestidos de políticos”, diz. O sociólogo Luciano Alvarenga acredita que a eleição de Jair Bolsonaro pode representar um choque para a esquerda, que, após a chegada de Lula ao Planalto, jamais imaginava sair do poder. Para ele, o deputado representa o Brasil conservador, interiorano e religioso, uma reação do que vem acontecendo no país. “O que se vê agora é que a sociedade mudou, mas não na direção que a esquerda pensava. Essa nova consciência sobre o que está em desenvolvimento ainda não foi completamente digerida pelos esquerdistas e o fato deles se verem desalojados do poder real ou simbólico pode ter graves desdobramentos após as eleições deste ano”, teme.

Pré-candidatos A campanha começa, de fato, dia 16 de agosto. Antes, porém, a lei eleitoral permite que pré-candidatos divulguem

seus pensamentos de diversas formas, sendo proibidos, apenas, de pedir voto de forma explícita. Com isso, muitos deles aproveitam a legislação favorável para iniciar o período eleitoral mesmo antes de ratificar o nome em convenção partidária. Da Câmara de São José dos Campos deve

O perfil moral, ético e conservador do Bolsonaro vai fazer a mudança desse país, que está há anos sangrando nas mãos de bandidos travestidos de políticos ” Letícia Aguiar, LÍDER DO MOVIMENTO QUE APOIA BOLSONARO EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

sair ao menos 10 nomes para a disputa eleitoral deste ano. Sem a coligação partidária, partidos com menos representatividade devem lançar candidaturas próprias para marcar território político e criar espaço político visando a próxima eleição municipal. Na base do prefeito Felício Ramuth (PSDB), os vereadores tucanos Juvenil Silvério, Fernando Petiti e Dulce Rita se movimentam para serem escolhidos pelo partido para ser um outro nome da sigla na disputa por uma cadeira na Assembleia, que já conta com o atual deputado estadual

Hélio Nishimoto. Valdir Alvarenga, que em 2014 teve 17.494 votos na cidade para deputado estadual, e Esdras Andrade, ambos do Solidariedade, lutam para fazer a ‘dobrada’ com o deputado federal Paulinho da Força, que em 2014 teve 6.307 votos em São José. Renata Paiva (PSD) deve ser a escolhida como candidata a deputada estadual. A vereadora tem o apoio do presidente do partido, Gilberto Kassab, para abrir espaço eleitoral na região visando a entrada do próprio Kassab como candidato ao governo do Estado ou vice em uma eventual junção com o PSDB encabeçando a chapa. Outro que está em estágio avançado de articulação política é o ex-vereador e terceiro colocado na disputa ao executivo municipal, em 2016, Shakespeare Carvalho (PRB). Com base dentro da igreja evangélica, seu principal trunfo é Celso Russomano, que aparece em primeiro lugar na pesquisa Datafolha ao governo do Estado, mas ainda pode desistir do Palácio dos Bandeirantes e concorrer a reeleição de deputado federal. Com a manutenção do voto proporcional na reforma eleitoral, Shakespeare, que é marido da vereadora joseense Flavia, também do PRB, pode ser eleito deputado federal com cerca de 40 mil votos, tomando a eleição de 2014 como base da análise. Portanto, seu principal foco é manter os pouco mais de 42 mil votos conquistados no último pleito municipal. Rogério Cyborg (PV) e Lino Bispo (PR), que teve, em São José, 15.409 votos em 2014, também buscam articulação política para entrarem na disputa. Em Taubaté, a recente entrega do título de cidadão taubateano ao deputado federal Orlando Silva (PCdoB) revela a aliança que o vereador Douglas Carbone pretende fazer para se lançar como candidato à Assembleia. No mesmo cargo, Afonso Lobato (PV) vai buscar o quinto mandato consecutivo. No Litoral Norte, não será surpresa se o ex-prefeito de Ilhabela Toninho Colucci (PPS) se lançar candidato, bem como o ex-prefeito de Caraguatatuba, Antonio Carlos (PSDB). 


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PING-PONG

Fotos: Divulgação

Os caminhos do ‘não dito’

Professor da Universidade de Stanford, Jeff Cabili visita São José e oferece dicas para utilização da comunicação não verbal até mesmo em pronunciamentos transmitidos para um país inteiro. Versátil, o profissional se aperfeiçoou nas técnicas desta forma de se comunicar. Em uma palestra de aproximadamente três horas, o profissional divide, com audiências de diferentes países, suas experiências sobre esta comunicação que, de acordo com ele, é a responsável por mais de 90% do entendimento da mensagem por parte do receptor. Jeff esteve em São José dos Campos no início de dezembro, durante concorrida palestra no Grupo Conexão. Com nome de “Comunicação Não Verbal Com Pitch”, o evento atraiu professores, empresários, funcionários da área de vendas, empreendedores, entre outros. A reportagem da Metrópole Magazine acompanhou a palestra e conversou um pouco sobre os segredos da comunicação não verbal com o especialista. Ele se lembra de casos engraçados (que viveu em alguns dos sete países onde já morou) e da dificuldade da comunicação interpessoal em tempos de smartphones e da importância de prestar bastante atenção nos discursos políticos durante este ano de eleições.

João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

E

m plena atividade de uma bem sucedida carreira, o professor da universidade de Stanford Jeff Cabili decidiu que dedicaria um bocado de seu tempo aos estudos da mímica. Engenheiro químico de formação, o norte-americano tomou

aulas com professores franceses, mestres desta arte, tempo o bastante para se tornar, ele também, um especialista dos gestos. Foi estimulado pelo ofício silencioso que o professor descobriu um conjunto de minúcias que fazem uma grande diferença no processo de comunicação, seja para um único interlocutor, seja para uma audiência pouco maior, ou

Qual o impacto do uso dos smartphones para a qualidade da nossa comunicação interpessoal? A comunicação entre as pessoas se tornou uma tragédia. Os assuntos que poderiam ser tratados pessoalmente ficam restritos a um universo de frases lacônicas entre aplicativos. Essa prática é prejudicial para que as mensagens sejam entendidas com clareza. É uma realidade com variadas formas de se



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comunicar, mas que nos coloca a sós com os aparelhos. Ao mesmo tempo, o mundo profissional demanda uma comunicação mais eficiente, pessoas que saibam se fazer entender e líderes que consigam passar sua mensagem plenamente para sua equipe. Mas hoje, você vai a um restaurante e vê um casal na mesa ao lado, sendo que ambos estão olhando para o smartphone na maioria do tempo. É importante que a comunicação ‘à moda antiga’ seja resgatada. Em sua palestra o senhor explica que a comunicação não verbal não significa um silêncio, mas sim uma arte. Por que é tão importante dominar esta estratégia? É mesmo uma arte. A importância é a de ter controle da comunicação como um todo. As palavras são apenas parte do processo. Mais de 90% do que comunicamos não está naquilo que é verbalizado, mas nos trejeitos, na postura, no tom de voz. Você pode irritar ou encantar uma plateia, um cliente ou um entrevistado, por exemplo, a partir da sua postura corporal, da forma como usa as mãos, entre outras tantas questões. Tudo comunica. Pegando carona na importância daquilo que não é dito, o senhor também afirma que o silêncio é um poderoso componente de discurso para obter a resposta esperada. Essa é a prova de que, às vezes, o silêncio ‘’fala’ mais do que as palavras? Sem dúvidas. O silêncio é fundamental para, por exemplo, se obter uma resposta esperada de uma plateia inquieta. Um professor que entra em sala de aula para lecionar à alunos eufóricos e barulhentos pode, simplesmente, se colocar em frente a eles e silenciar. Aos poucos, as pessoas vão percebendo o próprio barulho e silenciando a classe. Outra situação em que o silêncio faz a diferença é para anular aquelas interjeições que usamos durante um discurso. Os ‘hum’, ‘é’, ‘então’, atrapalham o entendimento

e dão descrédito a quem está discursando. A resposta para essas interrupções? O silêncio! A gente pode se condicionar a silenciar nesses intervalos para dar mais crédito a fala. Perceba os discursos de Barack Obama, por exemplo. São pontuados com silêncios ao invés de palavras repetidas.

disso, algumas coisas podem ofender pessoas de alguns países e não de outros. Apontar o dedo, por exemplo, pode ser considerado ofensivo em algumas culturas enquanto, para outras, é um incentivo. Fora os sinais que têm um sentido em um país e outro sentido em outro. É preciso ficar atento.

O senhor já morou em sete países de culturas bastante diferentes entre si. Quanto essa questão cultural pode influenciar em como as pessoas respondem a um discurso? Influencia completamente. Por isso é que considero importantíssimo a gente estabelecer bem quem é nosso público e o seu ‘frame of reference’ (quadro de referências, numa tradução literal), que é o conjunto de suas bases culturais e de comportamento. Isso faz toda a diferença na questão do espaço que a pessoa permite que você se aproxime, por exemplo. Nos Estados Unidos, América do Sul e alguns países da Europa, você pode se aproximar mais, às vezes tocar nas pessoas, algo que nunca seria permitido em outros lugares, como nos países nórdicos, por exemplo, onde o limite cultural de distância permitido é muito menor. Além

Estamos em ano de eleição e os discursos políticos se tornarão cada vez mais frequentes no cotidiano do brasileiro. Quais as dicas que a comunicação não verbal pode nos oferecer para acreditar ou não nesses discursos? São várias dicas que podem ajudar. Os políticos, via de regra, querem agradar, mesmo se colocando contrariados em algumas situações. Muitos ficam claramente desconfortáveis principalmente na hora de enfrentar um corpo a corpo com os eleitores. Nessas horas, vale atentar para pequenos gestos. Por exemplo, cumprimentar uma pessoa olhando para outro lado, retrair os ombros, usar, repetidas vezes, as interjeições das quais nos referimos. Tudo o que o corpo fizer que for no caminho oposto do discurso pode ser uma dica de que o candidato está contrariado. 



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Educação&

Fotos: Pedro Ivo Prates

Novo Ensino Médio segue parado Diretriz depende da Base Nacional Comum Curricular, que ainda é debatida, e adia implementação das mudanças que afetarão a vida dos jovens e das escolas

Tania Campelo SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

U

m ano após a Medida Provisória que criou o Novo Ensino Médio ser transformada em lei, em fevereiro de 2016, nada mudou nem mudará em 2018 para os estudantes das escolas públicas e privadas no Estado de São Paulo. As diretrizes para implementação da nova lei começaram a ser discutidas em janeiro por um comitê criado pela Secretaria de Educação do Estado. O grupo, constituído no dia 23 de novembro, tem prazo de seis meses para concluir os estudos. Porém, mais do que as diretrizes que serão definidas pela secretaria estadual, a ‘cara’ do Novo Ensino Médio depende,

principalmente, da nova Base Nacional Comum Curricular, que ainda está sendo discutida pelo CNE (Conselho Nacional de Educação). O documento vai estabelecer o que as escolas devem ensinar aos seus alunos a cada ano letivo. A previsão do governo federal é que o CNE analise e aprove a nova base curricular do Ensino Médio ainda no primeiro semestre deste ano. Com isso, as escolas serão obrigadas a iniciar a implementação do Novo Ensino Médio no ano que vem e concluir até 2020. A reforma tem como principais desafios melhorar a qualidade de ensino e reduzir os índices de reprovação e evasão escolar. De acordo com dados do MEC (Ministério da Educação), o índice de reprovação no

ensino médio chegou a 11,5% em 2015. Já a taxa de abandono foi de 6,8%. no mesmo ano. Os dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) também de 2015 mostram que o ensino médio no Brasil está estagnado desde 2011, com um índice de 3,7 (de um total de 10). Na tentativa de reverter esse quadro, o governo federal decidiu criar uma base curricular mais ampla e atrativa para os alunos do ensino médio, com aumento da carga horária de aulas e flexibilização do curso, permitindo que o estudante escolha parte das disciplinas que irá frequentar. O currículo do ensino médio, que atualmente conta com 13 disciplinas obrigatórias, passará a oferecer aulas opcionais --quase metade da carga horária será de livre escolha


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do aluno. O objetivo é que as escolas ofereçam uma grade diversificada, com conteúdos obrigatórios e opcionais nas áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências sociais e humanas. A carga horária mínima deverá ser ampliada de 800 horas anuais para mil horas, passando de uma média de quatro horas diárias de aula para cinco horas. A escola poderá ou não integrar o ensino técnico ao ensino médio. As escolas particulares de todo o Brasil também aguardam a definição da Base Nacional Comum Curricular para implementar as mudanças impostas pela lei do Novo Ensino Médio. Para o coordenador do Ensino Médio e diretor do Colégio Poliedro de São José dos Campos, André Ferraz Leite, o ajuste da proposta pedagógica para o Ensino Médio é necessário para atender as demandas do mercado de trabalho e até mesmo o formato dos vestibulares, que apontam para a valorização de habilidades que estão muito além do conteúdo apresentado de forma expositiva e tradicional. “Isto significa que a realidade atual exige uma escola que conduza o aluno a um verdadeiro pensar, oferecendo uma formação mais flexível que possa transpor o pensamento cartesiano do aprendizado por acúmulo de informações e dividido em disciplinas. O aluno precisa desenvolver a capacidade de aplicar o conhecimento na resolução de problemas, lançando mão da tecnologia e dos recursos existentes no mundo contemporâneo”, disse Leite. Segundo ele, para atingir estes objetivos, o Colégio Poliedro trabalha na formação continuada de professores e investe em infraestrutura e processos. Porém, com relação à grade curricular do colégio, a flexibilização ainda é limitada. “As disciplinas são obrigatórias, porém em algumas delas, como é o caso de Educação Física, Artes e Língua Estrangeira, os alunos podem optar por modalidades. Também existem grupos de aprofundamentos, e os alunos têm a


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liberdade de procurar os professores para desenvolverem projetos que tenham relação com suas aptidões e áreas de maior interesse”, explica o coordenador. Para Leite, a flexibilização nas escolas de todo o país deveria ocorrer de forma lenta e bem planejada. “Este é um processo que deve ser analisado de forma muito cuidadosa, pois sem a formação de professores e profissionais da Educação, este modelo pode representar um retrocesso no desenvolvimento educacional do País, principalmente fora dos grandes centros urbanos e mais desenvolvidos do Brasil”.

Escola Integral A Secretaria de Educação do Estado informou que somente após a conclusão dos trabalhos do comitê criado em novembro será possível avaliar o impacto do Novo Ensino Médio nas escolas paulistas. De acordo com a pasta, a discussão da reforma terá participação dos profissionais da educação, estudantes e pais de alunos. Segundo a secretaria, as escolas estaduais de tempo integral já seguem uma grade diversificada e flexível e não deverão sofrer impacto significativo com a reforma. Atualmente, são 537 escolas de tempo integral em todo o Estado, oito ficam em São José dos Campos. Uma delas é a escola estadual Marcia Helena Barbosa Lino, no Campo dos Alemães, na zona sul da cidade.

A unidade passou a funcionar em período integral no ano passado após ser selecionada para integrar um programa de fomento do governo federal. A escola, que tinha cerca de 1.200 alunos em três períodos, reduziu o número para cerca de 300 em período integral. Os adolescentes passam nove horas dentro da unidade escolar, das 7h30 às 16h30, e recebem três refeições.

Aqui os alunos participam de todas as decisões da escola. Eles são protagonistas” Rita de Cássia Carrara, DIRETORA

Os professores trabalham em regime de dedicação exclusiva e desenvolvem as aulas baseadas em uma grade curricular bem diversificada. O programa pedagógico, além das disciplinas obrigatórias previstas na atual base curricular, inclui uma série de atividades extras

Alunos da Escola Estadual Marcia Helena Barbosa Lino, de São José dos Campos

para motivar e promover o desenvolvimento integral do aluno. “Aqui os alunos participam de todas as decisões da escola. Eles são protagonistas desde o primeiro dia de aula”, disse a diretora Rita de Cássia Carrara. O programa pedagógico da escola integral segue a base curricular oficial e oferece ainda uma grade diversificada, que inclui disciplinas eletivas (definidas pelos alunos no início do ano letivo), orientação de estudo, preparação acadêmica, mentoria e os programas Mundo do Trabalho e Projeto de Vida, entre outras. “Quando passou para período integral eu pensei em desistir da escola. Não queria ficar aqui de jeito nenhum,mas depois fui me adaptando. Como a gente passa o dia todo aqui, começa criar um relacionamento de amizade com os professores. Hoje eu agradeço por estar aqui”, disse a estudante Melissa Marques, de 16 anos, que vai cursar o terceiro ano do ensino médio em 2018. A adolescente pretende fazer graduação em física e mestrado em astronomia. E se depender dos professores do Marcia Helena, Melissa vai realizar o sonho. “Desde o primeiro dia de aula, falamos que eles podem sonhar tudo. Nos esforçamos para orientar, preparar e indicar caminhos”, disse a professora Valéria de Paula Lima, supervisora da escola. 



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Saúde&

Fotos: Pedro Ivo Prates

Jovem de São José vira youtuber após vencer a Depressão Social Media quer compartilhar o que passou e mostrar que há solução

Dessana Andrade tem 25 anos e achava que suicídio era a única forma de superar a doença

Tania Campelo SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

V

ontade de ficar na cama, dores no corpo e falta de prazer nos relacionamentos com as pessoas. Uma tristeza tão grande, que em alguns momentos, a única vontade é morrer. Esses eram os sentimentos da social media Dessana Andrade, de 25 anos, de São José dos Campos, quando foi acometida por uma depressão profunda, doença que atinge cerca de 6% dos brasileiros. “A tristeza e a dor que eu sentia eram

tão grandes, tão horríveis, que eu achava que o suicídio seria a única forma de parar com aquilo. Eu comecei a achar que estava sendo um estorvo para minha família e meus amigos. Não queria mais viver”, disse a jovem. Isso aconteceu entre agosto e setembro do ano passado, quando ela já fazia tratamento psicológico por conta das crises de ansiedade e síndrome de pânico que vinha sofrendo desde janeiro. Porém, os transtornos evoluíram muito e a levaram a um quadro de depressão profunda. “Chegou um momento que eu não

queria nem tomar banho. Fiquei três dias sem comer, tive que ir para o hospital tomar soro”, relata Dessana. Somente após iniciar o tratamento com remédios, a jovem aceitou a depressão como doença. “Hoje ainda tenho algumas crises de choro, mas consigo entender melhor os gatilhos que disparam esses surtos.” Os números registrados em São José dos Campos comprovam a gravidade desta doença e quanto ela pode ser letal. Em 2017, entre janeiro até o dia 19 de dezembro, foram registrados 268 casos de tentativa de suicídio ou suicídio, segundo


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a Secretaria de Saúde do município. O perfil das vítimas é variado e vai dos 15 aos 50 anos de idade. Aceitar a depressão como uma doença é o primeiro passo para a pessoa que está passando pelo problema evitar que o quadro se agrave. Segundo a psiquiatra e psicanalista Neuza Mazzeo, de São José dos Campos, a depressão pode apresentar um quadro evolutivo, chegando à depressão crônica. “Quanto mais precoce o tratamento, melhores são os resultados. Por isso, os profissionais de saúde devem ser orientados para encaminhar esses pacientes”, disse a médica. No entanto, ela reconhece que a rede de saúde pública do Brasil ainda não está preparada para um atendimento adequado. “A saúde mental, em geral, é uma área muito frágil no SUS. Muitas vezes o paciente não tem acesso rápido.” Como um processo de autoaceitação, Dessana decidiu levar o assunto às redes sociais. “Aprendi que não preciso ter vergonha e comecei a falar sobre isso no Instagram. Recebo muitas mensagens de pessoas que se identificam comigo”, conta Dessana. Agora, a jovem já se prepara para lançar um canal no Youtube batizado de ‘Sem Crise’. “Além de falar sobre o que passei, também quero mostrar que é possível levar uma vida mais tranquila.” Miria Benincasa, professora de psicopatologia da Unitau (Universidade de Taubaté), diz que é importante observar sinais que indicam a depressão e buscar apoio profissional. “Ter oscilação no comportamento é normal, mas quando ocorre uma mudança abrupta e de forma constante, como irritação, apatia ou troca de relações, por exemplo, é preciso ficar atento”, disse. Segundo ela, a depressão também incapacita as pessoas. Foi o que aconteceu com a professora M.A.S, de 67 anos, que mora em Jacareí. “O problema é que como a vida da gente parece perfeita. Eu tinha um bom emprego, filhos saudáveis e um bom casamento. As pessoas não


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entendiam a minha tristeza e achavam que eu tava com preguiça, fazendo corpo mole. Mas eu sei a dor que passei, não desejo ao meu pior inimigo”, relatou. A professora de Jacareí disse que chegou a tomar medicação durante alguns meses, mas após o tratamento deixou de ter crises depressivas. “Mas continuei fazendo terapia por mais de sete anos.” No entanto, nem sempre o tratamento envolve medicação. “Algumas pessoas superam a depressão só com a terapia, sem tomar remédio, outras não. O importante é que o paciente busque apoio, não precisa ficar sofrendo, tem solução”, disse a psiquiatra Neuza. Segundo ela, a depressão é um distúrbio psíquico com repercussão somática, que pode causar até fibromialgia. “Eu chegava a urrar com as dores no corpo”, lembra Dessana.

Saúde Pública Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) revelam que cerca de 300 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo, o que representa mais de 4% da população mundial. Segundo o órgão, a doença será a segunda principal causa mundial de afastamento do trabalho no mundo até 2020. Só no Brasil estima-se que mais de 11 milhões de pessoas sejam afetadas pela depressão. Isso coloca o Páís em primeiro lugar no ranking da doença na América Latina e o quinto no planeta em número de casos. Em 2016, a Previdência Social registrou o afastamento de 75,3 mil trabalhadores por conta da doença. No ano passado, a OMS lançou a campanha “Vamos conversar”, com o objetivo de disseminar a informação sobre a doença e diminuir o estigma que gira em torno da depressão. Muitas pessoas não buscam ajuda médica por desconhecimento ou por vergonha dos familiares, que tacham o comportamento depressivo de ‘frescura’ ou ‘manha’. Uma outra campanha, batizada de Janeiro Branco, vem ganhando força em todo o território nacional. Criada em 2014, a iniciativa é um convite à sociedade para uma reflexão sobre a saúde mental e

emocional e evidenciar a importância de projetos estratégicos, políticas públicas e recursos financeiros para atender demandas relacionadas à saúde mental.

As pessoas não entendiam a minha tristeza. Achavam que eu tava com preguiça, fazendo corpo mole. Mas eu sei a dor que passei, não desejo ao meu pior inimigo” M.A.S, PROFESSORA DE 67 ANOS

Assistência Segundo a Secretaria de Saúde de São José dos Campos, a rede pública do município está preparada para receber, diagnosticar e encaminhar pacientes com depressão. São José possui dois CAPs (Centros de Atenção Psicossocial), um CAPs Infantil e um CAPs para dependentes de álcool e drogas. O acesso ao tratamento é por meio da UBS (Unidade Básica de Saúde). A Universidade de Taubaté possui um Centro de Psicologia Aplicada que oferece atendimento de psicoterapia e psicodiagnóstico a pessoas com baixo poder aquisitivo. As taxas para atendimento variam de R$ 12 a R$ 29, e podem até ser gratuitas, dependendo da situação social do paciente. A Clínica fica na avenida Barão da Pedra Negra, 235, centro de Taubaté. Já a Universidade do Vale do Paraíba (Univap) pretende abrir até o próximo ano uma clínica para atender famílias de baixa renda em São José dos Campos. A clínica será criada para dar oportunidade de estágio aos alunos do curso de Psicologia, recém-criado pela universidade, sob supervisão de profissionais registrados. 

Sorriso no rosto de Dessana veio após muita luta contra a Depressão



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Esporte&

Fotos: Rogério Marques/E.C. Taubaté

Joaquinzão completa 50 anos Estádio do Esporte Clube Taubaté faz aniversário e torcida sonha com acesso para a elite do futebol paulista para celebrar a data

Fernando Ivo Antunes TAUBATÉ

S

ímbolo de imponência e local sagrado para os amantes do Esporte Clube Taubaté, o estádio Joaquim de Moraes Filho, o Joaquinzão, completa 50 anos no dia 14 de janeiro. Inaugurado em 1968, após mandar seus jogos por 53 anos no Campo do Bosque, na praça Monsenhor Silva

Barros, o local é visto como um grande patrimônio do clube e recheado de histórias de superações e tristezas. Para os torcedores mais velhos, que viram a construção do “gigante de cimento” e a mudança de endereço para o Jardim das Nações, bairro até então distante e sem ruas pavimentadas, a construção foi resultado da união de toda uma cidade e fez surgir os sentimentos de vitória e de crescimento institucional do clube. Já

para os torcedores mais novos, o estádio é usado, inclusive, como motivo de provocação com os torcedores dos times rivais, já que os adversários não possuem estádio próprio. O Martins Pereira, em São José dos Campos, e o Dario Rodrigues Leite, em Guaratinguetá, pertencem ao município, que aluga o local para as equipes dessas cidades. Na partida inaugural, o Taubaté recebeu no Joaquinzão o São Paulo Futebol


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Clube, com um time recheado com os principais atletas do Brasil, como o capitão do primeiro título mundial brasileiro, o zagueiro Bellini. Na preliminar, os veteranos taubateanos que não tiveram chance de jogar no Joaquinzão, como Sérgio Valentim, Porunga, Ivan, Durval, Zé Américo, Sylvio, Celso, venceram os veteranos do São José. A nova casa, que antes de ser batizado com o nome atual era chamado apenas de “estádio Jardim das Nações”, aliás, já recebeu todos os times grandes de São Paulo, assim como diversos campeões mundiais. Mostrando a importância da data e do evento, o pontapé inicial do jogo foi dado pelos dois presidentes da época, Laudo Natel, pelo Tricolor, e o próprio Joaquim de Morais Filho, grande responsável pela realização e construção do estádio.

Depois de 50 anos, o Joaquinzão já chorou rebaixamentos e viveu intensamente grandes emoções. Nos últimos anos duas delas merecem destaques. Em 2009, quando o alvi-azul amargava a disputa da última divisão paulista, o Taubaté conseguiu o acesso para a Série A-3 do ano seguinte com um gol aos 54 minutos do segundo tempo, com um dos principais ídolos do clube Gilsinho. Já em 2015, aos 47 anos de idade, foi a primeira vez que o estádio recebeu uma volta olímpica do Esporte Clube Taubaté. Desde 1968, todas as conquistas do Burro da Central foram celebradas fora de casa. A vitória de 4x0 contra a Votuporanguense pela final da Série A-3 fez com que o time comemorasse o título pela primeira vez em casa. “Eu, particularmente, considero 2015 como o meu momento mais

importante no Taubaté. Participei da montagem, planejamento, convencimento de trazer jogadores, estive no dia-a-dia, tinha toda a confiança da diretoria para desempenhar um papel tão importante. Várias vezes ficamos em situações difíceis, mas conseguimos agir no momento certo e consegui ajudar a tirar o melhor do grupo, tendo time e comissão na mão, e sendo recompensado com acesso e título. Em 2009 foi a maior emoção como jogador, mas 2015 tem um papel importante. Eu achei que, quando parasse de jogar, não teria mais aquela emoção de jogador. Mas quando o trabalho é intenso, da maneira que foi, quando veio o acesso e o título me senti dentro de campo, tive a mesma emoção de quando era jogador”, disse Gilsinho, que atualmente é presidente do clube.


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Arquivo pessoal/Moacir dos Santos

Comemoração do título da série A3 de 2015

Mas o Joaquinzão não acumula só histórias do Esporte Clube Taubaté. O local ficou nacionalmente conhecido por um fato trágico. Em novembro de 1995, o estádio ficou lotado para acompanhar a partida entre Corinthians x Vitória. Ao final da partida, quando Vitor, do Corinthians, se aproximou da arquibancada para jogar sua camisa aos torcedores, o muro de proteção cedeu, com vários torcedores caindo no fosso. Por sorte, ninguém se feriu com gravidade.

Primeiro título comemorado no estádio foi a série A3 de 2015

“Atualmente, as dificuldades para manutenção do estádio são inúmeras, dificuldades essas de todos os times de futebol que possuem estádio próprio. Creio que o projeto completo do Joaquinzão nunca será concluído, pois outras prioridades sempre passam à frente. Uma equipe de futebol profissional do porte do Taubaté, para possuir recursos para manter uma equipe competitiva já é difícil, imagine investir em benfeitorias e ampliação do estádio”, afirma o jornalista Moacir dos Santos. 



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Cultura&

Escolas de samba do Vale se preparam para o Carnaval 2018 Enquanto Guará retoma festividade, Taubaté mantém tradição e em São José os tamborins continuam em silêncio pelo 6º ano seguido

Divulgação

Samba de tradição: cidades do Vale, como Taubaté e Guará, levam para avenida escolas com mais de 50 anos de Carnaval

João Pedro Teles SÃO LUIZ DE PARAITINGA

E

mbora o carnaval de avenida tenha suas raízes no Rio de Janeiro, na longínqua década de 1930, o prazer de torcer pela escola de coração na arquibancada não é privilégio fluminense. Longe dos desfiles milionários da Sapucaí, brilham, aqui mesmo na região, outras alegorias. Se não trazem, nos carros alegóricos e fantasias a

grandiloquência das cariocas, as escolas de samba da região ao menos partilham com as gigantes do Rio e São Paulo a devoção e o orgulho de defender o samba da comunidade na avenida. Duas das cidades com maior tradição no desfile da região, Taubaté e Guaratinguetá se preparam para oferecer um espetáculo de qualidade àqueles que não podem passar fevereiro sem ouvir o batuque da bateria ou o passo de mestre-sala e porta-bandeira.

No Vale, Guaratinguetá é a cidade que leva escolas com maior número de componentes à avenida. Apesar de contar um público apaixonado por Carnaval, capaz de levar 20 mil pessoas à festa na cidade durante os dias do feriado, o município volta a receber os desfiles de avenida depois de um hiato de três anos sem a tradicional competição das escolas de samba. Alegando falta de recursos, Guará havia cancelado os desfiles durante sucessivos Carnavais. Com a volta do


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investimento da administração na apresentação das escolas, a Secretaria de Turismo e Lazer levanta mais uma vez uma discussão recorrente em tempos de crise: afinal, dispensar dinheiro público para a festa é um gasto a mais ou um investimento que pode trazer diversos retornos? Para o secretário José Felício Bolzain Murade, não há outra alternativa, senão investir nas festas populares para fortalecer a identidade cultural da estância turística. De acordo com ele, o Carnaval é um patrimônio de Guaratinguetá, importante para a formação cultural e de educação dos munícipes. “Temos escolas de samba com mais de 60 anos. Nosso Carnaval é um patrimônio que não pode ser esquecido. Muito pelo contrário, deve ser preservado e incentivado. Não apoiar o Carnaval de Guaratinguetá é atentar contra a identidade da nossa cidade”, afirma o secretário. Em 2017, o município até teve escola de samba na avenida, mas de uma forma

simbólica, ainda sem desfile competitivo entre as agremiações. Em 2018, serão cinco escolas de samba desfilando. Cada uma delas leva para a avenida de 600 a 700 integrantes. Ou seja, aproximadamente 3.500 pessoas vão invadir a avenida na terça-feira (13) de Carnaval. Para isso, a cidade lançou, ainda no ano passado, um edital com repasse de R$ 50 mil para cada escola. As verbas são destinadas às agremiações por meio de metas a serem cumpridas. Ao entregar o samba-enredo, por exemplo, são repassados R$ 10 mil. A apresentação dos projetos desenvolvidos na sede das escolas, vale mais R$ 10 mil. E por aí em diante. No ano passado o repasse para cada escola de samba foi de R$ 20 mil e os R$ 30 mil restantes em 2018. “Trata-se de um edital de fomento, pois a gente incentiva as atividades para que eles possam preparar o Carnaval e, assim, trabalhar com a comunidade também. Afinal, a escola de samba é um exemplo de sociedade que sabe investir no coletivo. Há questões de aceitação Divulgação

Grêmio Boêmios da Estiva é um dos maiores vencedores do Carnaval de Taubaté. Este ano a escola estará mais uma vez na avenida do Povo


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Pedro Ivo Prates

André Rodrigues, presidente da Acadêmicos do Satélite tenta manter a escola na ativamesmo sem os desfiles em São José

social, respeito às diferenças e da educação não formal. O Carnaval ainda gera receita à comunidade. Portanto, repito que a visão de quem acha que Carnaval é só gasto é uma visão míope”, garante o secretário.

Filha do Carnaval A carnavalesca Mara Luciano da Silva, de Taubaté, é uma das responsáveis pelo sucesso absoluto do Grêmio Boêmios da Estiva, agremiação que já faturou 15 títulos do Carnaval da cidade. Filha do fundador da escola, Sebastião Francisco, de 80 anos, Mara toca em frente a linhagem que, há 57 anos, aconteça o que acontecer, coloca a escola na avenida para celebrar o Carnaval. Com 45 anos, Mara cresceu praticamente dentro da escola, talhou seu amor pelo Carnaval no apressado e criativo ambiente do barracão. Junto com o pai, aprendeu os macetes da produção carnavalesca, muitas vezes com baixíssimo orçamento. “É uma relação de amor que não tem como explicar. A gente trata a escola como se ela fosse um membro da família. O envolvimento é muito intenso. Na terça-feira a gente desfila e na quarta já começamos

a pensar no próximo Carnaval. Todo mundo aqui na comunidade acaba participando de alguma forma. Uns são mais fervorosos e estão com a gente desde o começo do ano, mas, à medida que o Carnaval vai se aproximando, mais gente acaba se contagiando”, conta. A escola foi a vencedora do Carnaval passado, quando levou à avenida um

É uma relação de amor que não tem como explicar. A gente trata a escola como se ela fosse um membro da família. O envolvimento é muito intenso. ” Mara Luciano da Silva, CARNAVALESCA

samba sobre preservação da água. Por ano, são cerca de 600 integrantes que defendem o samba durante o desfile na Avenida do Povo. O segredo para o sucesso da escola, garante Mara, está na inovação. Ela herdou do pai o interesse pelos bastidores dos desfiles das gigantes agremiações cariocas e paulistas. “A gente fica atento aos detalhes de fantasia, às inovações apresentadas pelos carnavalescos, tudo o que diz respeito à produção do desfile. Daí pensamos em como poderíamos adaptar essas novidades para o Carnaval de Taubaté, claro, tudo em escala muito menor, levando em consideração nossas possibilidades”, garante. Taubaté conta com um sistema de repasse diferente para cada escola de samba. A verba depende das premiações ou punições que a agremiação acumulou durante o ano anterior. Este ano, por exemplo, a agremiação Boêmios da Estiva ficou com R$ 33,7 mil dos R$ 156,5 mil que a prefeitura destinou às escolas e blocos que farão o Carnaval da cidade. Apesar de ser o maior repasse das escolas, Mara garante que não é só da ajuda da prefeitura que a agremiação sustenta-se para montar um desfile. Durante o ano são realizadas ações na quadra para angariar recursos complementares. São festas, feijoadas e muito samba que ajudam a unir a comunidade em torno do objetivo de apresentar um desfile campeão na terça-feira de Carnaval. “O dinheiro da prefeitura é importante, mas a gente tenta melhorar essas condições com os eventos no bairro. Todo mundo participa e acaba sendo importante pra que a gente se una ainda mais como escola”, diz. Em Taubaté serão quatro escolas desfilando no grupo especial na avenida do Povo. Além da Boêmios da Estiva, a festa ainda conta com a Boêmios do Morro, a Unidos do Parque Aeroporto e a Mocidade Alegre. Já o grupo de acesso tem apenas uma escola, a Acadêmicos do Santa Fé. Entretanto, ainda há os blocos do Vai Quem Quer, Dragões Alvi-Azul, Imperoal do Vale e o Bloco do Pita.


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‘Quantas lágrimas’ ‘Quantas Lágrimas’, famoso samba de Manacéia, sambista da velha guarda da Portela, serviria como saudosa trilha sonora para embalar esforço que o funcionário público André Luiz Rodrigues, de São José, empreende para manter a escola de samba Acadêmicos do Satélite, multicampeã dos Carnavais passados da cidade. Fundada em 1995, a escola foi papa-títulos dos desfiles joseenses. São nada menos do que 14 taças de lá para cá. Mesmo com todas essas conquistas na prateleira, atualmente cabe a Rodrigues ensaiar os poucos integrantes da bateria para que a escola ainda se apresente em eventos particulares em São José e em outras cidades da região. Em 2018, a cidade completa o 6º ano consecutivo sem Carnaval de escolas de samba. A festa foi suspensa em 2013, quando o então prefeito Carlinhos Almeida (PT) alegou falta de prestação de

contas por parte da antiga Liga de Escolas de Samba, para cancelar os recursos. “A cidade fica triste. A gente que gosta de samba de avenida acaba procurando outros lugares para se apresentar. É ruim você ver uma festa popular tradicional acontecendo na maioria das cidades e, quando chega a hora de São José, não tem nada. É uma pena, porque o Carnaval representa o povo brasileiro e deveria ser mais respeitado na cidade”, explica Rodrigues. Nos bons tempos de avenida, Rodrigues afirma que a Acadêmicos do Satélite chegou a levar 900 componentes para a avenida. A paixão pelo Carnaval começou em 1981, quando o menino que havia crescido na roça, longe do samba, resolveu desder do ônibus no meio do caminho para matar a curiosidade de conhecer uma escola de samba. “Era a antiga Unidos da Vila, na Vila Nair. Eu sempre passava ali de ônibus, via a movimentação, mas nunca tinha

parado. Um dia eu simplesmente desci e fui ver do que se tratava. Foi quando eu conheci o falecido Seu Zequinha. Foi amor à primeira vista pelo samba”, conta. O relacionamento com a Unidos da Vila seguiu firme até que Rodrigues precisou se mudar e decidiu que iria fundar a própria escola de samba. “Infelizmente não tenho muito contato com as escolas de São José mais. Seria importante que a gente conseguisse se organizar de novo para não deixar essa tradição morrer. Há muitas pessoas que amam o Carnaval de avenida em São José. A gente vai fazendo nossa parte, marcando ensaios e ainda nos apresentando para não deixar a peteca cair”, afirma. Desde que as escolas de samba não desfilam mais, o Carnaval em São José dos Campos tem apostado nos blocos de rua para animar os foliões. A táticca evita os gastos em estrutura, o que, atualmente, de acordo com a prefeitura, inviabiliza o Carnaval de avenida na cidade. 


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Gastronomia&

Fotos: Márcio Guedes

Camarão, o prato do Verão

Campeão entre os pedidos nas praias tem diversas opções de combinação e segredos que tornam o fruto do mar ainda mais saboroso

Camarão Thai é empanado e servido no abacaxi, com arroz feito com o suco da fruta

Marcus Alvarenga UBATUBA

A

temporada de praia cheia, areia quente, marquinha de sol e de uma gastronomia particular já tomou conta do Litoral Norte e até de outras cidades da região. O verão não seria o mesmo

sem o tradicional sorvete, açaí, espetinho de queijo, churrasco, peixe e o sofisticado camarão, que é considerado uma das especiarias dos frutos do mar mais pedidas nos restaurantes, bares e quiosques. “Para o cliente, principalmente no litoral, o camarão é muito disputado. Todos que estão na praia querem comer

camarão em algum momento do dia e nós temos que ter todas as vertentes de pratos possíveis e nos mais variados preços”, conta Lucas Bittencourt Demo, proprietário de restaurantes e quiosque na Praia Grande, em Ubatuba, e em São José dos Campos. A escolha para elaborar o cardápio se torna algo desafiador para os


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estabelecimentos. “O camarão, por si só, é um prato nobre. Ele tem um custo mais elevado porque os principais são selvagens e os mais saborosos são os pescados no mar, não os criados em cativeiros. Então, por essa dificuldade de precificar, o camarão acaba ficando sempre mais caro nos restaurantes”, conta Bittencourt. Entretanto, na estação mais quente do ano os quiosques a beira mar vendem em média 100 porções de camarão por dia. Somente no mês de dezembro, o empresário já investiu em mais de uma tonelada da especiaria. “Nós temos bons fornecedores parceiros, sendo quatro pescadores de Ubatuba. Além disso, temos uma câmara fria e compramos desde outubro. Fazemos um estoque de aproximadamente duas toneladas para chegar ao verão com a quantidade suficiente para trabalhar”, diz Lucas. Grande parte das vendas fica por conta dos clássicos, como o Camarão à Dore. com o crustáceo empanado, e o Camarão à Paulista, com o fruto do mar refogado com alho, óleo e ervar.

Esses pratos saem, em média, entre R$40 e R$60, dependendo do quiosque ou restaurante. “Todo mundo está acostumado com esses dois, mas o campeão é o empanado com molho tártaro,

Fazemos um estoque de quase duas toneladas para chegar ao verão com a quantidade suficiente para trabalhar” Lucas Bittencourt Demo, EMPRESÁRIO

Batida de coco é servida junto com o camarão


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Camarão Coconut é servido dentro do coco

Nos restaurantes os clientes buscam pratos mais elaborados, pois as pessoas comem com mais calma e apreciam a comida” Lucas Bittencourt Demo, EMPRESÁRIO

considerado a batata frita do litoral”. Com o desenvolvimento da alta gastronomia, a dominação do mercado gourmet e a abertura do espaço para novas propostas, os frutos do mar podem ser encontrados nos mais diferentes estilos de pratos. É possível, por exemplo, criar um cardápio somente com camarão, incluindo ‘Salada de Folhas com Camarão’, ‘Estrogonofe de Camarão’, ‘Camarão à Provençal’, ‘Coquetel de Camarões’, ‘Paella’, ‘Camarão ao Cury na Abóbora’, ‘Bobó de Camarão’, ‘Bolinho de Aipim com Camarão e Catupiry’, ‘Carolinas de Camarão’, ‘Ceviche Mediterrâneo’, ‘Cuscuz de Camarão’, ‘Moqueca de Camarão’, ‘Tempura de Camarão’, ‘Quesadillas de Camarão’, ‘Coxinha de Camarão’. “Nos restaurantes os clientes buscam pratos mais elaborados, pois as pessoas comem com mais calma e apreciam a comida. Por isso, nós adaptamos alguns sucessos do nordeste brasileiro

e trouxemos para o paladar regional, como o Camarão Coconut, servido dentro do Coco; e o Camarão Thai, servido no Abacaxi. O resultado tem agradado muito”, afirma.

Pratos mais tradicionais com camarão são vendidos no litoral entre R$40 e R$60

A construção dos pratos surgiu baseado em outros sucessos, mas o empresário e chef de cozinha confirma que existe um segredo no tempero. “O fruto do mar é diferente para absorver o tempero. É preciso fazer uma boa salmora para temperar, feita com limão, sal e o segredo da cozinha. É preciso deixar o camarão por um tempo para absorver o sabor, assim, ao morder a carne por inteiro, vai estar saborosa”. Ambos os pratos servem três pessoas e são vendidos a R$ 159, tanto nos restaurantes de Ubatuba, quanto no de São José dos Campos. “Tudo é muito artesanal, o que torna um desafio trabalhar com o camarão. Não tem muito segredo. É mercadoria de qualidade e fazer tudo no ponto certo. Então, sabendo preparar, as porções campeãs do litoral brasileiro não tem segredo”, confirma o empresário, que é especialista no mercado de frutos do mar. 


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Turismo&

Sete dias no Litoral Norte

Guia de turismo e Metrópole Magazine prepararam roteiro de pontos turísticos para aproveitar as cidades litorâneas durante uma semana Foto: Divulgação Foto: Divulgação

Ilha das Couves, em Ubatuba

Marcus Alvarenga LITORAL NORTE

S

eja no Inverno ou no Verão, as cidades da RMVale são destinos de turistas de todos o Estado de São Paulo e até do País. O clima mais frio leva visitantes para a Serra da Mantiqueira, a história do Brasil caminha pela Estrada do Ouro e do Café no Vale Histórico, a fé gira no em torno de Aparecida e Guaratinguetá, a tecnologia desembarca em São José dos Campos, mas o maior movimento acontece nos meses mais quentes do ano, onde milhões de pessoas buscam apreciar as belezas naturais das cidades litorâneas da região.

Os quatro municípios litorâneos da região, Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela, estão inclusos em listas das praias paradisíacas, mais belas e melhor preservadas do país. A composição do Litoral Norte reflete nas centenas de pontos a serem visitados, sejam eles naturais, históricos, radicais, contemporâneos ou clássicos. Para que turistas e moradores da RMVale aproveitem a região e conhecam melhor os principais pontos do nosso litoral, o guia turístico Alexandre Slavik, natural de Ubatuba, ajudou a Metrópole Magazine a produzir um roteiro de uma semana de viagem pelas nossas praias. O traçado foi pensado em sete dias para se aproveitar com toda a família.

1º Dia A sugestão é começar a viagem pelo Litoral Norte por Ubatuba e já escolher uma das paisagens mais paradisíacas a ser encontrada, visitando a Ilha das Couves. “É um destino imperdível para quem quer conhecer as belezas de Ubatuba”, afirma o guia. A saída normalmente acontece por volta das 8h30, seguindo pela rodovia Rio-Santos, no sentido Paraty, com três paradas essenciais para quem está visitando a cidade pela primeira vez. “Paramos para conhecer a Cachoeira do Prumirim, por aproximadamente 40 minutos. Mais à frente subimos até o Mirante do Puruba, para fotos e apresentação das ilhas da região, e por fim,


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descemos na Praia de Picinguaba, onde faremos a reserva do almoço em um deck e depois pegaremos um barco para uma travessia de 15 minutos até a Ilha das Couves”, conta Slavik. O tempo de permanência limite é de 2h30, onde um guia acompanha o grupo e realiza a segurança com um mergulho de superfície. A Ilha das Couves é um dos locais mais bonitos de Ubatuba e bastante procurado pelos turistas por sua água calma, límpida, transparente e ambiente familiar. Ao fim do primeiro dia, os turistas podem optar por visitar o Projeto Tamar, na única unidade de conservação de tartarugas do Estado de São Paulo, onde é possível ter uma experiência próxima de diferentes espécies com acompanhamento e explicação de monitores. O passeio tem duração de até 2 horas pelo valor de R$ 19 por pessoa e R$ 9,50 a meia entrada para estudantes e menores de 12 anos, mas para idosos e crianças menores de 1,20 metros o acesso é gratuito. A unidade abre todos os dias, a partir das 10h e recebe o público até às 18h, de domingo a quinta-feira, e até às 20h, nas sextas, sábado, feriados e férias escolares.

2º Dia Mais um dia para aproveitar um pouco mais da beleza de Ubatuba, mas agora a rota segue no sentido contrário e vai pedir um pouco mais de preparo físico e sentimento de aventureiro para os turistas. A sugestão de Alexander é realizar a trilha das Sete Praias logo ao amanhecer, mas sempre acompanhado por um guia que conhece o trajeto. “A trilha das sete praias é uma opção imperdível para quem tem vontade de ter aquela primeira experiência de tracking. É uma distância de aproximadamente oito quilômetros, com poucas inclinações e considerada de nível médio para inexperientes e nível fácil para os trilheiros”, explica o guia. Como o nome já diz, a trilha passa por sete praias paradisíacas: Fortaleza, Cedro do Sul, Bonete, Bonetinho, Perez, Oeste e Lagoinha, promovendo um contato direto com a natureza nativa da Mata Atlântica. Com cenários e paisagens maravilhosos e únicos para as fotos da viagem em família. Com saída prevista para 8h, o retorno acontece próximo das 14h, quando os turistas tem tempo para descansar e depois conhecerem o Aquário de Ubatuba. “Localizado na região central, é uma parada imperdível

Foto: Pedro Ivo Prates

Trilha das 7 praias, em Ubatuba


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para ver de perto a vida marinha e ter uma vivência incrível com os animais”. Aberto todos os dias das 10h às 22h e com entrada de R$ 30 a inteira e R$ 15 a meia, para estudantes, idosos, professores e crianças de 4 a 17 anos.

3º Dia No terceiro dia já é o momento de seguir viagem e conhecer Caraguatatuba, cidade que é o principal acesso para muitos turistas da capital e de outros Estados, que descem a Serra do Mar pela rodovia dos Tamoios. A sugestão para a chegada na cidade é já se aventurar no turismo radical e aproveitar o Voo Livre no Morro Santo Antônio, que sai por cerca de R$ 180 por pessoa. Mas para quem quer só assistir os voos e aproveitar a paisagem de toda a bahia de Caraguá, o acesso é gratuito. Ainda no mesmo dia, segundo o guia, os turistas tem tempo para conhecer a Cachoeira Secreta, que está localizada no bairro vizinho ao Morro Santo Antônio, mas para acessar é preciso seguir uma trilha de aproximadamente 15 minutos. “Apesar de não ser muito alta, é muito intensa e forma um cenário magnifico em meio à Mata Atlântica, com diversas piscinas naturais. É aconselhável a presença de um guia local, pois a trilha possuí algumas bifurcações que podem

confundir”, destaca Alexandre Slavik. Durante a alta temporada, a noite de Caraguá acontece na rua da Praia do Centro, onde é montada uma estrutura para shows, está o tradicional parque de diversões, além da feira de artesanato dos artesões locais.

4º Dia Ao acordar no dia seguinte, opte por fazer o City Tour em Caraguatatuba. “É uma opção interessante por não possuir apenas a parte do comércio e serviços, mas leva os turistas para o museu, teatro, toda a parte cultural e histórico, além de conhecer a Pedra do Jacaré e a Pedra da Freira, duas esculturas naturais com histórias e lendas nativas, que estão próximas das praias mais movimentadas”, conta Slavik. A cidade ainda oferece dois shoppings e uma segunda arena de eventos onde acontecem shows todos os dias durante o Verão. Mas, a sugestão ao fim do dia já é seguir rumo a São Sebastião.

5º Dia “A região central de São Sebastião é tombada pelo Condephat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico), onde tem toda a arquitetura colonial preservada. O que torna um passeio magnifico, quase como voltar no tempo. E conta com Foto: Divulgação

Morro do Santo Antônio, em Caraguá

diferentes restaurantes e bares que servem a todos os gostos e em todos os horários; manhã, tarde e noite”, sugere o guia no quinto dia de viagem pelo Litoral Norte. Mas para quem quer aproveitar praia, o foco do roteiro na cidade seria a costa sul, onde encontramos a Praia de Guaeca, que é um pouco mais abrigada e possuí uma ‘Cachoeira Secreta’ no canto direito. “A praia de Santiago é uma para obrigatória para quem gosta de sossego e tranquilidade, mas para quem quer ver gente bonita e bastante badalação, a melhor pedida é a praia de Maresias, conhecida internacionalmente pelas ondas e pelas pessoas que a frequentam”, dá mais dicas. As principais baladas nacionais estão em São Sebastião e são o destino da maioria dos turistas que buscam aproveitar a noite dançando e se divertindo. O valor das festas são variados e custam entre R$ 50 a R$ 500.

6º Dia A viagem se estende ao alto mar no momento em que decidimos seguir até Ilhabela. Mas, para chegar ao arquipélago, é preciso pegar a balsa que custa R$18,50 (dias úteis) e R$ 27,70 (sábados, domingos e feriados) para carros de passeios e na alta temporada chega a ter longas filas de espera para embarque, com espera de até 4 horas. Porém, toda a espera e, às vezes, o medo da travessia marítima valem a pena quando nos deparamos com as belezas naturais preservadas pelas praias e mais de 38 cachoeiras catalogadas. Um roteiro ideal para fazer com a família. “A ideia inicial pela passagem em Ilhabela é conhecer um ponto turístico bem comum, a Pedra do Sino, onde ao bater nas pedras à beira mar conseguimos reproduzir o som exato de um sino. Além de aproveitar o dia na praia e trilha que ficam no caminho”, descreve Alexandre. A cidade possui uma extensa programação de festivais, show e outras atividades durante todo o ano, que se intensificam na alta temporada, levando aos turistas conhecerem a Ilhabela do Verão


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e das outras estações. “A noite da ilha é bem badalada e tem algumas opções, desde um forró pé de serra até uma o eletrônico em diferentes casas noturnas”, lembra Slavik.

7º Dia Antes de pegar a estrada para voltar para a rotina comum, os turistas podem realizar um city tour pela região central da ilha, conhecido como ‘Vila’, onde estão os principais bares, restaurantes, lojas e sorveterias. “Na ‘Vila’ é possível conhecer um lindo píer, onde desembarcam milhares de turistas dos cruzeiros nacionais e internacionais. Vale ressaltar que a gestão pública do arquipélago é bastante voltada ao turismo, uma das mais estruturadas da região”, reforça o guia. Para chegar e sair do Litoral Norte, os turistas tem três opções, a rodovia dos Tamoios (SP-099), que liga Caraguatatuba

com São José dos Campos, a rodovia Oswaldo Cruz, de Ubatuba a Taubaté, e a Rio-Santos (BR-101), que faz o a ligação entre todas as cidades com o Litoral Norte de São Paulo e Paraty, já no Estado do Rio de Janeiro. Alexandre destaca que a acomodação

em hotéis e pousadas, como a alimentação, nas quatro cidades podem variar muito de preço dependendo do perfil dos estabelecimentos ou até mesmo da localização. Por essa razão, não há uma faixa de investimento definido para realizar um roteiro de sete dias no Litoral Norte.  Foto: Divulgação

Praia dos Sinos, em Ilhabela


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Arquitetura&

Fotos: Aline Ivo Antunes

A convergência entre o contemporâneo e o clássico Projeto tem perfil sustentável, mas sem esquecer a história da residência

Apartamento antigo em Taubaté foi remodelado, mas sem deixar os traços históricos de lado

Marcus Alvarenga TAUBATÉ

A

confluência do moderno com o estilo mais antigo são os pilares de um projeto de reformulação de um apartamento, no centro de Taubaté, com mais de 30 anos de edificação. Assinado pela arquiteta Michelle Freitas de Serra, de 30 anos, o projeto tinha

como objetivo tornar o ambiente moderno, mas sem perder a originalidade. “O apartamento foi inaugurado em 1982 e quando foi comprado mantinha as características de quando havia sido construído. Os azulejos da cozinha, do banheiro e da área externa são originais e no projeto mantive todas as características vindas da fundação para dar um toque retro à residência”, conta a arquiteta.

A arquiteta explica que levou seis meses para finalizar a reforma do local e que escolheu comprar elementos de decoração em um bazar para dar personalidade à moradia e tornar o local mais aconchegante para os moradores. “Tudo que é novo é criado momentaneamente por uma moda. Muita coisa contemporânea é vazia, como um cubo branco. Eu queria algo que contasse uma


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história e que tivesse sentimento e vivência para que a casa se tornasse um lar”, diz Freitas. O contexto da obra foi pensado de uma forma que produzisse o menor acúmulo de resíduos e que o proprietário não precisasse comprar além do necessário. A ideia da arquiteta era que não fosse necessário consumir tudo novo para ter um apartamento com personalidade. “O projeto foi pensado utilizando o retrofit como base, que é uma forma de colocar o antigo em boa forma, pois é algo pensado na sustentabilidade, reutilizando matérias, sem quebrar coisas e focando na economia. Isso vai de encontro com a forma de viver do casal que é proprietário do apartamento”, explica a arquiteta. O planejamento da reforma levou em consideração dois pontos essenciais para ser colocado em prática para respeitar a forma minimalista de pensar dos moradores. Foi utilizado Do it Yourself (Faça Você Mesmo) para decorar o local, conforme a identidade pedida pelos donos.

Eu queria algo que contasse uma história com sentimento e vivência para que a casa se tornasse um lar ” Michele Freitas da Serra, ARQUITETA


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Apartamento utiliza cimento queimado para construir a identidade do local “A execução foi mais demorada porque não foi utilizada mão de obra especializada para executar toda a obra, já que a intenção dos moradores era se envolver com o projeto e dois pontos foram essências para respeitar esse desejo. O Faça Você Mesmo, para tornar o local artesanal e original, e procurar adereços e materiais em feiras, pois desconstruir também é bonito”, detalha Michelle. O apartamento tem um toque mais alternativo e jovial e muito disso, segundo a profissional, vem das experiências de locais que os proprietários conheceram e trouxeram referências para serem utilizadas nos projetos. “Muitos países da América do Sul, como o Uruguai, Argentina e o Chile, são lugares que tem uma visão mais alternativa e levam essa forma de pensar para restaurantes, residências e os moradores trouxeram essas experiências para a reforma. O Brasil tem mania por limpeza, por tudo estar muito limpo e apela para o novo e para o branco. Aqui há costume por móveis que podem ser encontrados praticamente idênticos em todas as lojas, mas utilizar esse tipo de material não era o objetivo do projeto”, afirma. O apartamento também conta com a utilização de materiais naturais, como o cimento queimado para construir a

identidade do local. Essa escolha foi feita para que a casa ficasse mais relaxante para quem convive nela. “Materiais naturais acarretam o conforto. A pessoa pode até não gostar, mas estar em um ambiente em que você vê o cimento queimado, uma iluminação mais cênica ou amarelada, traz relaxamento para quem está no ambiente, pois o conforto vem por parecer que aquele local já foi usado por outro humano”, esclarece a arquiteta. O apartamento, que perdeu sua personalidade ao longo do tempo, se transformou em um lar com a identidade dos moradores, mas sem perder o charme de quando foi construído. Uma reforma visando esse resultado faz com que o cliente esteja mais envolvido e participe de todas as etapas do projeto. “O cliente precisa estar disposto a colocar a mão na massa e ter paciência para dar a sua personalidade, entretanto é necessário o trabalho do arquiteto para harmonizar todos os detalhes, pois não é só colocar o gosto pessoal para ficar bonito”, finaliza a arquiteta. 



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Elaine Santos Social

Espelho, espelho meu Pedro Ivo Prates

Viralizou na coluna online

Raquel Nagata faz sucesso com posts de looks via redes sociais para clientes vips. Ela envia média de seis a oito fotos por dia via celular para um cadastro invejável de clientes. A febre da lista de transmissão reservada deu certo para a empresária que aumentou em mais de 20% nas vendas. “Hoje a cliente pede um tratamento diferenciado, ela quer ser lembrada. Muitas vezes até levamos na casa da pessoa o que ela precisa”, afirma Raquel, que tem uma história de sucesso no mundo da moda com bases sólidas. Ela foi vendedora e, em 10 anos, consolidou no mercado duas lojas de grifes renomadas em um dos shoppings mais requintados de São José dos Campos.

Esquadrão do click/divulgação

Ponto Alto

Conquistando os gringos

A

gora é a hora e a vez da tradição joseense ganhar o mundo. A fábrica de Faiança, da família Pastore, abre caminho na exportação. Peças únicas e exclusivas da produção artesanal serão vendidas em Miami. “Estamos felizes porque enfim encontramos um caminho sólido para apresentar nosso trabalho para o mundo sem receio de sermos plagiados. Nossas peças são únicas e estão ganhando espaço no exterior pela qualidade e beleza. São mais de 10 mil modelos entre decoração e utensílios para servir bem”, afirma Adriana Pastore.


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Presente para a alma

Divulgação

HAMBURGUERIA ARTESANAL

Derby

O empresário Victor Hugo investe em cultura para São José e abre sua galeria na cidade com mais de 2 mil peças em exposição. Os visitantes podem apreciar gratuitamente o acervo com Di Cavalcanti, Burle Marx, Aldemir Martins, Hector Carybé entre outros. “Trouxemos toda nossa bagagem e expertise que temos da nossa galeria em São Paulo para agregar em São José. Nosso objetivo é também abrir espaço para os artistas do Vale do Paraíba e investir em leilões, vernissages e palestras na cidade”, afirma Victor Hugo.

(Pão de hambúrguer recheado com suculento hambúrguer bovino de 150g, casquinha de queijo mussarela e bacon crocante)

Imperador Capetinha Baixinho ^

Esquadrão do click/divulgação

Rebekah Anette é a groomer queridinha da ‘sociedade canina’ joseense. A moça (que acaba de casar e teve as fotos viralizadas nas redes sociais (ela entrou montada a cavalo no altar) chega com novas tendências no mundo pet. Ela traz um novo estilo de trimmig, tosa especializada, para raças como Lulu da Pomerânia, Fox Terrier, Scottie Terrier, West terrier, Cocker inglês e americano. Quem tem filho de quatro patas vai amar!

(Pão brioche, hambúrguer bovino 150g, molho especial de catupiry, gorgonzola e pimenta habanero)

(Pão Australiano, recheado com hambúrguer bovino de 150g, com cheddar, bacon crocante e a irresistível cebola caramelizada)

Fenomeno

Especial pet

(Pão brioche, hambúrguer bovino (150g), catupiry gratinado com bacon, onion rings e cheddar cremoso com bacon)

(Pão de hambúrguer, dois hambúrgueres bovino (150g cada), alface americana, casquinha de mussarela, bacon, cebola roxa e tomate)

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68 | Revista Metrópole – Edição 35

E viva 2018! Chef Thais Okamoto já tem novidades! A moça que ganhou até avatar em 2017 entra o ano com a assinatura de uma linha gourmet especial de pescados e frutos do mar delivery. A ideia, segundo a empresária, é facilitar a vida do cliente que ama peixe, não sabe fazer, mas quer comer em casa de forma saudável. “Todo o nosso trabalho gourmet será personalizado. A linha de pescados e frutos do mar foi idealizada para funcionar com hora marcada e de acordo com a necessidade e gosto do cliente”, afirma.

Lembrando que a chef continua com as atividades da Cozinha Show, com aulas de culinárias para leigos que querem aprender a se virar bem em casa e com o menu ‘Sabores das Águas’, no restaurante criado dentro do espaço Empório dos Peixes. Quer mais?!

Luciano Osorio Fotografia / divulgação

Para Thais, a empreitada rumo aos 10 anos de Empório dos Peixes está só começando. “Acabamos de fechar o ano com uma grande festa para todos os clientes e já estamos pensando na chegada de dezembro novamente. Quem sabe o que nos reserva nesses próximos 11 meses!?”.


Janeiro de 2018 | 69

Humor& Tapa Olho Experimental

Foto: Pedro Ivo Prates

PREVISÕES VALEPARAIBANAS PARA 2018 Caçapava

com o exotérico Pai Luan de Pinda.

O ano de 2018 promete ser muito bom pra Caçapava, pois é um número par, que exige tudo em duplas. Muitos casais e amizades irão nascer nesse ano e se desfazer em 2019. O tão sonhado Shopping ainda não será possível, pois esse também será um ano de aprendizado. A cidade precisará mais de uma faculdade do que de Shopping, afinal os dois eventos juntos no mesmo ano seria muito para estrutura emocional dos munícipes. Cor: Vinho Dani | Sexo: Evitar o Tigrão | Saúde: Caminhadas até o Bar do Jonas

Taubat é

Como a passagem do ano foi na segunda feira, os taubateanos ficaram propícios a questionar duvidas existenciais, como: se é segunda feira, será que tem promoção de espetinho? Posso passar a marcha, da segunda para a quarta? Será que dou a seta pela segunda vez na vida? Cor: Vermelho pro mau passado Sexo: Depende da quantidade de Itaipavinhas ingeridas Saúde: X-Bacon sem mostarda

São José dos Campos

2018 é o ano da revolução em Aquarius. Os Joseenses irão conseguir fechar negócios sem a precisão de 4 reuniões. Os empresários da cidade irão perceber que Brainstorm significa “Ter umas ideias” e que feedback pode ser substituído por “Me da um retorno”. Cor: Black Label | Sexo: 5 Estrelas ou uma Estrela. | Saúde: Crossfit de A a Zinco

Aparecida

Em 2018 não haverá necessidade de reformar a Basílica, assim como os últimos 10 anos não houve a necessidade. Abrir restaurante e estacionamento já deixou de ser um grande negócio, mas vigiar carro na rua pode dobrar o faturamento da sua casa. Cor: Azul Celeste | Sexo: Indefinido | Saúde: 3 series de 5 idas na passarela

Jacareí

Será um ano de muitas multas, sim, muito mais. Haverá radar nas calçadas para bicicletas, nos Ralfs para skatistas e em becos para profissionais liberais, muito comum na cidade. Revendedores de Herbalife irão ver que há outros produtos com muito mais consumo na cidade e que podem trazer muito mais renda. Cor: Beco escuro | Sexo: Ao som de MC Tétano | Saúde: Pq Meia Lua


70 | Revista Metrópole – Edição 35

Crônicas & Poesia

Preservem o Bar do Fininho! Divulgação

Calor de poucos graus na escala Rio de Janeiro, uma noite misteriosa esconde a lua, conferindo às nuvens de chumbo aura de brilho prateado. À véspera do dia do samba, não se sabe o que é rua, calçada ou avenida num bairro Oswaldo Cruz ocupado pelas tendas, algumas ainda por terminar, que anunciavam, em cartazes coloridos, o menu da comemoração do dia seguinte. Num urbanismo atravessado, cada bar invade o próximo. Cada um deles com sua música particular. Som alto, tudo junto e misturado. O samba e funk suburbano fervilham na pororoca sonora que eu, único jeca entre os nativos, surfo deslumbrado. A rua efervescia de prosas aceleradas, gestos extrovertidos, gargalhadas e batuques. Como negras ancas, as esquinas balançavam sucedendo-se pelos cantos que revelam, sem cerimônias, caminhos edificados pela gêneses do samba. As barracas exibem salsichões, promessas da melhor carne de sol, direto da Paraíba, todo o tipo de pastéis, além

de isopores abarrotados, onde embiocam-se os latões gelados, dispostos a saciar qualquer sede existencial a meros oito paus. Cortamos o córrego pela ponte, deixando às nossas costas os sons da festa. À última golada do terceiro latão, me dou conta que o calor da noite já começa, enfim, a ganhar os ares abafados cariocas. Mal completo minha constatação térmica, somos abordados às interjeições calorosas do Fininho, ilustre proprietário do estabelecimento que leva seu nome. O Bar do Fininho acontece em uma mesa única, madeira gasta, cadeiras de plástico amarelo, cujos braços quebrados se unem numa gambiarra de arame. O móvel fica no centro de um vão entre dois cômodos. Um deles com a geladeira e os copos. O outro é uma vendinha, com uma janela que abre para fora, formando um balcão donde o próprio fininho atende quem procura de cano de pvc a um cigarrinho solto. Sem grades, uma muretinha de concreto delimita o espaço. Suporte perfeito

para escorar o coração após boas horas de música, composição e filosofia de boteco. Se na Sapucaí o samba carioca se veste com adornos de realeza, é aqui onde ele afrouxa o nó da gravata, deixa o chapéu de palha sobre a mesa e batuca despreocupado um tamborim. Cadeiras na calçada, fizemos de um banquinho nossa mesa. Fininho puxava histórias do fundo do freezer, donde também tirava as repetidas geladas que virávamos em longos goles. Bastou pouco para que o contador de causos se revelasse um legítimo bamba, compositor de pensamento ligeiro e rimas inspiradas. Fininho é sambista das antigas. Dentro de sua cabeça, desprotegida pela carequinha proeminente, conectam-se composições e acomoda-se uma biblioteca do samba. Nos recebe de chinelos, bermuda, e a branquíssima camisa do fluminense. Um cronista que vive ativamente o cotidiano do bairro que viu, na década de 1920, a criação da primeira escola de samba da cidade, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela. Em nossa roda improvisada, a gravidade do cotidiano se espalhava em batuques que a brisa quente do subúrbio carioca levava para longe. Nos esparramamos na cantoria, enquanto gargalhadas irrompiam aqui e ali à medida que as cervejas do estoque se esvaiam para terminar, sem aviso prévio, algumas horas depois. Saio do bar pedindo ao céu, que já exibia uma redonda e clara lua cheia, que conserve o estabelecimento assim, sem retoques. Como quem proteje um olho d’água que, lá na frente, abastecerá um rio para, quem sabe, num dia de tristeza, passe aí pela vida de um compositor.  João Pedro Teles, jornalista MEON



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