Metrópole Magazine - Março de 2016 / Edição 13

Page 1

www.meon.com.br

Fevereiro Novembro dede 2016 2015 –– Ano Ano 1 –1 – nºnº 129––Distribuição Distribuiçãogratuita* gratuita

Alquimistas da madeira Luthiers do Vale do Paraíba se destacam e colocam seus instrumentos nas mãos de músicos renomados

ESPECIAL

ENTREVISTA

As redes sociais disseminam o discurso de empoderamento feminino.

“A população reconhece os méritos do PSDB. Aliás, acredito que ganharemos a eleição por nossos méritos”

pág. 40

Felício Ramuth (PSDB), pré-candidata à Prefeitura de São José

pág. 14


A sala de aula é um mundo. Um mundo de oportunidades, conhecimentos e novas descobertas. Tudo isso deve ser aliado a uma metodologia consistente, que dá o suporte necessário ao processo de ensino e aprendizagem. Trabalhamos para oferecer qualidade de ensino, colaborando para o desenvolvimento de competências e habilidades e para a formação plena dos nossos alunos. Av. São João, 2500 - Jardim das Colinas - São José dos Campos - SP - CEP 12.242-000 Tel.: (12) 3928-9700 www.monteirolobato-sjc.com.br

Uma Escola Parceira do


Revista – Edição JoséMetrópole dos Campos, Julho 13 de 2015 4 | São

metr pole magazine

EDITORIAL

COMPROMISSO DA METRÓPOLE

Diretora-executiva

Regina Laranjeira Baumann

Editor-chefe interino

Eduardo Pandeló

Editor

Adriano Pereira

Revisão

Luiza Paiva

Diretora Comercial

Denise Santos

Departamento Comercial

Alyne Proa Andresa Oliveira Fabiana Domingos Fabiana Silva Fábio Amarante Gabriela Agostini Tamara Carvalho

A Metrópole Magazine completa um ano num cenário inesperado e surpreendente sob diversos aspectos, mas firme no propósito de trazer para a RMVale um jornalismo sério, que respeita o leitor e Henrique Macedo auxilia na percepção da realidade que o cerca. Repórteres João Pedro Teles Exerce, através de notícias que mostram o potencial inesgotável desta próspera região, a difícil Moisés Rosa tarefa de manter o otimismo quando a solidez da democracia impõe ao cidadão o ônus de assistir a Rodrigo Ribeiro realidade degradante de escândalos de corrupção nunca vistos por esta geração, que lutou pelo fim da ditadura e acreditou no governo eleito pelo povo, que em seu nome deveria ser exercido. Adriano Pereira e Arte QUEM CONHECE,Diagramação CONHECE BDO O desmoronamento da economia carrega consigo sonhos, empresas, moradias e o respeito pelas Idelter Xavier instituições. A indignação encontra o seu ápice no descaso e desrespeito. Não há quem assuma Uma a das Big 5 Líder no middle market responsabilidade. Não há quem admita que errou e renuncie, como se vê em outras nações, abrindo Colaboradores 21 escritórios no Brasil Marcus Alvarenga espaço para que a sociedade possa se reerguer e superar a decepção de ver o que se perdeu por uma Audit | Tax | Advisory política equivocada. Pedro Ivo Prates O cidadão assiste incrédulo o desenrolar dos fatos, das artimanhas e manobras dignas de trama cinematográfica, mas agarra-se à esperança que se vislumbra na atuação do Estado que, através Gabriel Gaia Arte de delegados, promotores e juízes, lentamente traz a lume os fatos que culminaram neste desastre Usina 360 Mídias Sociais econômico. Elzeane da Rocha Gabriela Oliveira Souza A instituição de novos impostos é inexorável. Os mais afetados são os mais humildes, que não têm Departamento Maria José Souza Administrativo Larissa Oliveira saída, sem patrimônio do qual se desfazer. Perdem o emprego e têm que enfrentar a humilhação do Roseli Laranjeira despejo, corte de água e energia, lhe sendo retirado o mínimo necessário para manter a dignidade. A Tiragem auditada por: classe média, posto conquistado com o fruto de estudos e trabalho, também é absorvida. Empregados domésticos são demitidos e as famílias se organizam para assumir as tarefas que antes eram fonteTel de(55 12) 3941 4262 renda para outras famílias. www.bdobrazil.com.br Sem prever a gravidade em que se tornaria essa crise política e econômica, o portal de notícias Meon Metrópole Magazine iniciou suas atividades no início de 2014 e, ao completar um ano, lançou a Metrópole Magazine. Avenida São João, 2.375 –Sala 2.010 O móvel destes jovens veículos de comunicação é exatamente o mesmo que se encontra na força Jardim das Colinas –São José dos Campos do trabalhador, no coração das mães e no sonho dos adolescentes. É acreditar que apesar da minoria CEP 12242-000 PABX (12) 3204-3333 que destrói em massa, o ser humano é capaz de resistir, prosseguir, unindo-se em torno do objetivo Email: metropolemagazine@meon.com.br comum na construção de uma sociedade justa e feliz. Com essa certeza a Metrópole Magazine reafirma seu compromisso de contribuir nessa reconsA revista Metrópole Magazine é um produto do Grupo Meon de Comunicação trução, transformando informação em conhecimento, auxiliando na tarefa de dar visibilidade à força Tiragem: 15 mil exemplares Distribuição gratuita e beleza que movimenta as 39 cidades da RMVale. Visite nosso site

* Permitida venda em bancas por R$ 3,00

Boa leitura. Regina Laranjeira Baumann

Acesse: www.meon.com.br


São José dos Campos, março de 2016 | 7

6 | Revista Metrópole – Edição 13

SAÚDE Jovens apresentam problemas de postura por causa do uso contínuo do celular.

40

POLÍTICA

Metrópole Magazine continua o balanço das promessas que não serão cumpridas nas cidades da região. Nesta edição Taubaté de Ortiz Júnior.

14

ENTREVISTA Felício Ramuth foi o escolhido pelo PSDB de São José dos Campos. Em entrevista exclusiva o pré-candidato tucano fala em inovação, agillidade e transparência.

22

Pedro Ivo Prates

HORA DE CRESCER Mercado das franquias atrai empresários da RMVale e se transforma em alternativa para os negócios.

26

Divulgação

Redes Sociais disseminam a cultura do empoderamento feminino. O mais antigo embate da humanidade está chegando ao fim, as diferenças entre homens e mulheres estão se diluindo.

7 10 12 50

32 Espaço do Leitor Aconteceu& Frases& Cultura&

64 68 70 74

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Feedback A edição de fevereiro da Metrópole Magazine revelou uma realidade perigosa. Nossa reportagem de capa trouxe à tona a história de pessoas que passaram a resolver seus problemas fazendo uso de remédios tarja preta, principalmente calmantes. Com acompanhamento médico ou não, esses personagens fazem parte de uma “geração tarja preta”, que não consegue lidar com as adversidades e a velocidade da vida moderna. A opção dessas pessoas é perigosa. Além do risco de desenvolver um vício

psicológico e físico, nenhum remédio é capaz de acabar com os problemas que nada tem a ver com a saúde. O assunto repercute, porém, sem que as pessoas tenham coragem de aparecer. Afinal, mesmo conscientes do perigo, continuam com o “tratamento”. É como o fumante, que sabe o mal causado pelo cigarro, mas continua fumando. Outras boas histórias rechearam a edição passada e nesta não está diferente. Aproveite a leitura e sinta-se à vontade para falar conosco!

Tarja preta Gostei da matéria pois ela explica bem como as pessoas vêm mascarando suas dores e dificuldades, que são coisas que precisamos vivenciar para nosso desenvolvimento e aprendizado, com o uso indevido de medicamentos fortes que devem ser usados apenas em casos específicos de doenças.

ESPORTES

42

Todo poder às mulheres

Edição 12 – Fevereiro de 2016

Divulgação

MAIS IMPOSTOS Economistas e cientistas políticos da RMVale criticam possível volta da CPMF.

Sumário

ATACAREJO Consumidor muda comportamento e passa a fazer compras nos atacados.

18

Espaço do Leitor

Pedro Ivo Prates

Reprodução de TV

30

Com uma nova lei, o governo federal coloca pressão nos times de futebol e cria soluções para uns e problemas para outros

52

TRABALHO DIVERTIDO Com mercado avaliado em R$1,5 bilhão, área de games torna-se emprego promissor no Brasil.

Gastronomia& Social& Arquitetura& Crônicas&Poesia

Sabrina de Oliveira Morais, 24 anos, estudante de psicologia, moradora de São José dos Campos

Entrevista

Aniversário

Erramos

Sobre a Edição de fevereiro/2016 da Metrópole Magazine. Ótima entrevista com o Izaias Santana. Ele demonstra ser uma pessoa preparada para encarar o grande desafio que é administrar uma cidade como Jacareí.

Parabenizo os companheiros jornalistas pela competente condução de dois anos do portal e primeiro ano da revista; ambos têm visual de qualidade, bom conteúdo e profissionalismo e imparcialidade na condução dos temas. É assim que se faz uma imprensa forte e atuante!.

Álvaro Roberto, 29 anos,

Angelo Ananias, diretor geral do

publicitário

Diário de Jacareí

Diferente do que foi publicado na edição de fevereiro, o nome do oftalmologista e diretor administrativo do Hospital de Olhos do Vale é Dr Kenji Ishii. Na legenda da foto da reportagem “Economia da Criatividade” quem aparece não é César Kawamura e sim Yuzo Thiago Tamaru.

Envie email contendo: nome, idade e profissão para metropolemagazine@meon.com.br ou por correio para av. São João, 2375 - sl 2010 - Jardim das Colinas - São José dos Campos - SP - CEP: 12.242-000. Em função de espaço, as mensagens poderão ser resumidas.

facebook.com/portalmeon

metropolemagazine@meon.com.br

www.meon.com.br


PODE COMPARAR, NENHUMA OUTRA RÁDIO TOCA TANTA MÚSICA COMO A ANTENA 1.

O Laboratório Quaglia/Grupo Sabin está inaugurando uma nova unidade em Jacareí. A qualidade certificada, o atendimento diferenciado e a agilidade na entrega dos resultados estarão mais perto de você. Além da nova unidade na Rua Alfredo Schurig, em breve, serão inauguradas mais três unidades em São José dos Campos.

Endereço: Rua Alfredo Schurig, n° 198, Centro Atendimento: Seg. a sex. - 6h30 às 18h Sábado - 6h30 às 12h

ISO 9001: 2008

Coleta: Seg. a sex. - 6h30 às 16h Sábado - 6h30 às 11h

(12) 2138-9500 www.quaglia.com.br

www.gruposabin.com.br

QUEM CONHECE, CONHECE BDO Uma das Big 5 Líder no middle market 21 escritórios no Brasil Audit | Tax | Advisory

Visite nosso site

Tel (55 12) 3941 4262 www.bdobrazil.com.br

R.T.: Dr. Vítor Mercadante Pariz, CRM 109797

NOVA UNIDADE EM JACAREÍ. A MESMA QUALIDADE DO LABORATÓRIO QUAGLIA/GRUPO SABIN AGORA AINDA MAIS PERTO DE VOCÊ.


São José dos Campos, março de 2016 | 11

10 | Revista Metrópole – Edição 13

Aconteceu&

Não, Suzane

Pouso forçado

Vai fechar? Divulgação

Carnaval O portal Meon fez a cobertura completa do carnaval na RMVale, mesmo esvaziado pela falta de verbas para a folia a região foi destaque no noticiário nacional. A escola de samba Unidos da Vila Maria, desfilou no Sambódromo do Anhembi contando a história, as lendas e encantos de Ilhabela. E um dos mais importantes Carnavais do país, a festa das marchinhas em São Luiz do Paraitinga foi, por mais um ano, o principal endereço da folia na região. Cerca de 150 mil foliões visitaram a cidade durante o período, mas cresce entre artistas, moradores e foliões mais antigos a sensação de que a tradição e o clima familiar perdeu espaço. A reportagem do Meon esteve em São Luiz durante todos os dias de festa e separou cinco motivos para continuar frequentando e outros cinco para deixar de ir ao Carnaval na cidade.

A Justiça de São Paulo negou pedido de Suzane Von Richthofen, condenada a 38 anos e seis meses de prisão, para cursar uma faculdade. Ela foi aprovada no vestibular da Faculdade Anhanguera, instituição privada de Taubaté, para o curso de administração, mas não poderá se matricular. A juíza Wania Regina Gonçalves da Cunha, da 2ª da Vara de Execuções Criminais da cidade, entendeu que não há como garantir a segurança da detenta. Suzane cumpre pena em regime semiaberto na Penitenciária 1 de Tremembé pelo assassinato dos pais, Manfred e Marísia, em 2002.

Acesse o QrCode ao lado e veja a reportagem

O portal Meon noticiou em 16 de fevereiro o pouso forçado que um avião bimotor fez, no limite de municípios entre Igaratá e Santa Isabel. O acidente foi registrado na rodovia Joaquim Simão (SP-56), no Km 65, próximo ao bairro Ouro Fino. De acordo com a Polícia Militar, três pessoas estavam a bordo do bimotor. Os três tripulantes tiveram ferimentos leves e foram atendidos pelas equipes de resgate do Corpo de Bombeiros. O vídeo com a manobra do piloto repercutiu no portal de notícias e viralizou nas redes sociais.

Acesse o QrCode ao lado e veja o vídeo

Publicidade em Taubaté Som do Universo

Acidente ambiental

Em um anúncio que eletrizou o mundo da astronomia, cientistas afirmaram em 12 fevereiro que finalmente detectaram ondas gravitacionais, reverberações na fábrica do espaço-tempo previstas por Albert Einstein há um século. Alguns cientistas compararam a grandeza da novidade ao momento em que Galileu Galilei pegou um telescópio para observar os planetas. Seis cientistas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) participaram da pesquisa. A descoberta dessas ondas, criadas por violentas colisões no universo, empolgou os cientistas, porque abre a porta para uma nova maneira de observar o cosmos. Para eles, é como passar do cinema mudo ao falado, porque essas ondas são a trilha sonora do universo.

O Meon publicou reportagens sobre os problemas causados pelo rompimento de uma lagoa de rejeitos pela mineradora Rolando Comércio de Areia, no dia 5 de fevereiro. O acidente lançou resíduos de extração de areia no Rio Paraíba do Sul, em Jacareí. O vazamento foi contido um dia depois. Como a água ficou turva, a Sabesp suspendeu a captação e o fornecimento para São José dos Campos, Pindamonhangaba e Aparecida, afetando mais de 500 mil moradores. A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) multou as duas mineradoras envolvidas no acidente. O caso levanta a discussão sobre o monitoramento constante que deve ser feito nas mineradores e cavas de areia da região.

O projeto de lei que proíbe a publicidade de imagens sensuais e de cunho erótico em outdoor foi aprovado em fevereiro pelos vereadores de Taubaté. Na proposta, ficará vetada a exposição publicitária de modelos femininos ou masculinos despidos em excesso. Para o autor da proposta, o vereador João Vidal (PSB), o projeto foi apresentado após um morador relatar uma situação desconfortável em relação a uma propaganda. “A palavra que esse pai utilizou foi exatamente essa: constrangimento”, explica o parlamentar. O projeto ainda depende de uma segunda votação e a sanção do prefeito para que entre em vigência.

Em 23 de fevereiro o Meon publicou notícia de que a General Motors poderia mudar seu plano de investimentos no Brasil. Foi o que declarou o presidente mundial da empresa, Dan Amman, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo. O plano de investimento no país, anunciado em julho (2015), é de R$ 6,5 bilhões e seria aplicado de 2017 a 2019. A medida pode afetar a unidade da GM em São José dos Campos, presente na cidade há 54 anos. Barry Engle, presidente da GM para a América do Sul declarou que é preciso fazer uma reforma fiscal, tributária, trabalhista e regulatória, e reclamou da falta de competitividade do Brasil. Já o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Antônio Ferreira Barros, o ‘Macapá’, disse que viu com surpresa a declaração. “A GM foi a primeira e única montadora a declarar esse pessimismo. Todas as outras vão manter os investimentos”.

meon.com.br


São José dos Campos, março de 2016 | 13

12 | Revista Metrópole – Edição 13

Frases& No passado recente já tivemos experiência com comissões que foram criadas apenas para criar desgaste político ao PSDB que se resumiam em denúncias vazias e infundadas

Anderson Farias Ferreira, presidente do PSDB sobre a abertura de três Comissões Especiais de Inquérito para apurar irregularidades na gestão do ex-prefeito Eduardo Cury

Luiz Fernando Caninéo, empresário proprietário da locadora Lig Vídeo , que fechou as portas após 28 anos em São José

Divulgação

Vamos criar vários momentos no show. Em uma parte, eu canto, em outra, o Almir toca viola sozinho. Vai ser um grande encontro

Renato Teixeira, cantor e compositor sobre o disco em parceria com Almir Sater, e o show de lançamento previsto para 14 de maio

Parabéns à equipe do Meon que faz um site moderno com conteúdo de qualidade

Mônica Monteiro Porto, advogada, sobre o aniversário de dois anos do portal Meon

Eu tive um câncer de mama, mas não foi tão agressivo. Esse trabalho é uma forma de agradecer pela cura

Comparo com a perda de um ente querido. Não foi uma morte súbita, eu sei, mas estamos falando aqui de uma paixão que mantenho pelo cinema desde a infância

Maria Lúcia Teixeira, cabeleireira de 55 anos, que faz trabalho voluntário no Hospital São Francisco há dois anos, ajudando a minimizar a dor e elevar a autoestima de mulheres em tratamento

Divulgação

Divulgação

Divulgação


São José dos Campos, março de 2016 | 15

14 | Revista Metrópole – Edição 13

ENTREVISTA

Finalmente o escolhido PSDB aposta na renovação e Felício Ramuth é o pré-candidato em São José Eduardo Pandeló SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

C

om sorriso largo e extremo bom humor, Felício Ramuth nos recebeu na sede do PSDB de São José dos Campos, uma casa azul e amarela (cores do partido) na região central da cidade. O pré-candidato mostra-se agitado, mas extremamente feliz com a indicação do partido para concorrer ao Paço Municipal nas eleições que se avizinham. Ramuth é formado em administração de empresas, tem 46 anos, é casado com Vanessa Piovesan Ramuth e tem uma filha, Isadora, de 10 anos. Atuou no governo do ex-prefeito Eduardo Cury como presidente da Urbam, secretário de Transportes e assessor de Planejamento de Comunicação. Em entrevista exclusiva para a Metrópole Magazine, o pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São José dos Campos relembrou 2012, falou sobre o processo de escolha do partido e afirmou que o histórico do PSDB na cidade e os líderes que fazem parte desse grupo político, farão a diferença nas eleições de 2016. Como foi o processo de escolha do PSDB? Há quatro anos coloquei meu nome à disposição do partido para ser candidato a prefeito, mas não tive meu nome escolhido na ocasião. Então direcionei toda minha força para continuar meus projetos, criei novos negócios e me dediquei a isso, mas sempre estive presente no partido e ajudei na campanha do Cury (a deputado federal). Neste ano fui convidado. Perguntaram se estaria

disposto a voltar a colocar meu nome para as eleições. Pensei bastante, analisei, aceitei o desafio e fui indicado pela executiva. Esse processo foi bastante diferente da eleição anterior. Em 2012, o diretório concedeu para o Emanuel (Fernandes) e o Eduardo (Cury) a escolha do candidato para as eleições de 2012. Esse ano, o Emanuel e o Cury também estavam procurando nomes e, assim, o meu foi levado para a decisão dentro da comissão executiva, que me indicou para o diretório e acabei referendado por aclamação pelo diretório municipal. Agora estou disposto a dar tudo de mim para retribuir um pouco para a cidade. Alguns afirmam que você não é conhecido do eleitor. Isso pode dificultar as alianças políticas, por exemplo? O partido me chamou ao longo do tempo para ajudar a construir o discurso da

Na verdade, a população reconhece os méritos do PSDB. Aliás, acredito que ganharemos a eleição por nossos méritos, apesar dos grandes deméritos do atual governo

oposição sob o ponto de vista técnico. Sempre que chamado, estive aqui para colaborar.Após me tornar efetivamente pré-candidato, os contatos políticos estão sendo muito interessantes. Eu sinto um acolhimento junto às pessoas com quem convivi, ex-funcionários, pessoas ligadas à administração pública e até em outros partidos políticos e lideranças da cidade. Tudo está sendo muito bom. Como será a influência de Cury e Emanuel em seu eventual governo? Na verdade, a população reconhece os méritos do PSDB. Aliás, acredito que ganharemos a eleição por nossos méritos, apesar dos grandes deméritos do atual governo. Eu tenho convicção de que a população sabe que nós acertamos muito mais do que erramos. Os erros são importantes para que possamos aprender com eles e levar essa nova proposta. A gente sente o anseio das pessoas pela recuperação da cidade, estamos preparados não só para recuperar, retomar e reconduzir a cidade para aquilo que ela era, mas para ir além, mesmo enfrentando uma situação econômica difícil e com vários problemas em áreas muito importantes. Sobre a participação desse grupo político, liderado pelo Eduardo Cury e o Emanuel Fernandes, sem dúvida ele participará do governo, porque eu acredito que aqui no PSDB encontramos grandes ideias e profissionais que podem ajudar a reconduzir a cidade a esse caminho que a população precisa. Como o PSDB vem para as eleições? Esse é um trabalho que já comecei. Já liguei para os vereadores que não estão

alinhados com o governo do PT no momento e conversei muito com todos eles. Liguei pra alguns pré-candidatos e tive conversas muito bacanas, colocando o partido à disposição justamente para se aproximar e para vermos os pontos que temos em comum. Se isso culminasse na construção de uma campanha conjunta, seria muito bom, mas cada um busca trilhar o seu caminho e nós vamos encontrar, ao longo dessa caminhada, muitas outras ideias e grupos políticos que podem cruzar essa estrada junto conosco. O PSDB criou um grupo de pessoas que vai procurar os outros partidos para conversar e para escutá-los e, assim, trazer esse debate para o diretório. Aí sim decidiremos o futuro dessa pré-campanha. Essa definição só acontece na convenção do partido. Outros partidos já lançaram pré-candidatos. Como você avalia isso? Ao longo dessa pré-campanha, a população poderá fazer algumas avaliações e depois, com a campanha entre julho e agosto, enfim fará sua opção. Nesse início talvez a população tenha muitas dúvidas e essa pulverização pode trazer, até mesmo, certa insegurança. Ao longo da campanha, acredito que ela (população) conseguirá entender bem quais são as propostas e o que cada candidato quer oferecer para cidade. Acho que vamos

caminhar para uma situação bem parecida com a das últimas eleições. Como você vê o plano de mobilidade urbana? O que pensa sobre o assunto? As grandes obras viárias foram planejadas e iniciadas no governo do Eduardo Cury, como o Viaduto da Kanebo, por exemplo. Isso é o que se apresentou para a cidade, a meu ver, evoluímos muito pouco. Acho temeroso o projeto do BRT neste momento por causa da situação econômica que vivemos. O projeto que o PSDB defendeu foi o do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) que a própria administração atual também defendia, mas que depois mudou para o VLP (Veículo Leve sobre Pneus). É um investimento muito grande num momento em que a situação econômica da cidade não é boa e reflete a situação do país. Tenho informações que já estão contratando empresas para os projetos, antes mesmo de se consolidar as outras situações. Por exemplo, ainda falta o aval de órgãos federais para que o dinheiro possa ser encaminhado para uma futura liberação. Estou muito preocupado, primeiro pela opção do BRT e segundo pelo momento. Eles demoraram demais e não conseguiram levar o projeto adiante. Aliás, falta isso para essa administração: planejamento e velocidade de gestão. Eles têm sido muito lentos em todas as áreas. A prefeitura propôs uma nova Lei de Zoneamento. Que pontos dessa lei

preocupam mais? Temos uma lei que foi feita na gestão do prefeito Eduardo Cury. Durante alguns anos, escutamos a população, entendemos o que a cidade queria e criamos uma lei para preservar a qualidade de vida, já que na época passávamos por um “boom” da construção civil. Isso não significa que eu acho a lei prefeita, pois tudo pode ser ajustado e precisa ser ponderado. O que aconteceu é que o mercado imobiliário caiu muito, mas isso não


São José dos Campos, março de 2016 | 17

16 | Revista Metrópole – Edição 13

é reflexo da nossa lei, pois em todas as cidades esse fenômeno aconteceu. O que estamos vivendo hoje na cidade, eu reporto boa parte ao momento do mercado e uma pequena parte à questão dos ajustes que a lei deve ter. O momento ideal para que isso seja feito é justamente o próximo ano, quando teremos a discussão do plano diretor, para que a partir daí se discuta uma nova Lei de Zoneamento. O que vimos foi que, no meio do caminho, o governo atual propôs uma nova lei. Agora estamos sobre uma ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) e os empresários sequer sabem de que forma podem aprovar um projeto, é um momento de insegurança jurídica. Acreditamos que a forma que essa nova lei se apresentou, não é a correta. Já escutamos vários especialistas da nossa cidade e de outras e eles têm nos apontado alguns erros muito evidentes na nova lei. Isso tem nos preocupado. O que é possível fazer para atrair empresas e acabar com o “nãopodismo”? Esse é um problema. A cidade não está se movimentando em nenhuma das áreas, inclusive na construção civil e na indústria, com fábricas fechando, a GM indo embora etc. Acredito que a cidade tem que estar preparada para enxergar aquele cidadão que precisa e estender a mão para ele, mas também existe a grande maioria que não precisa da mão da cidade para dar um passo. Essa parcela da sociedade necessita que a cidade não jogue pedras ao longo desse caminho, pois a vida já oferece pedras suficientes para que as pessoas se desviem. Acho importante que o poder público não adicione novas dificuldades nesse caminho. Então são alguns objetivos principais para uma futura gestão: identificar aqueles que realmente querem seguir em frente, estender uma mão para aquela pessoa que realmente precisa e não atrapalhar aqueles que não precisam da mão do poder público, mas querem seguir seu

“... o futuro prefeito tem quer ser inovador, ter agilidade e transparência, oferecer novas soluções, mas que acima de tudo seja um exemplo“ caminho sem novos obstáculos. O poder público precisa ser mais simples, mas não simplista. Tem que simplificar seus processos. Estou me preparando e nossa equipe está preparada para que tudo possa ser mais simples. Isso não significa que vai ser um governo onde tudo pode, mas um governo que trabalhará para facilitar a vida das pessoas em todas as áreas de atuação. Como você analisa os serviços de saúde em São José dos Campos? Falamos um pouco sobre avançar e retroceder. Na área da saúde está claro para a população que além de não avançarmos, o serviço retrocedeu muito e ainda se prometeu demais. Nós vemos em cirurgias, por exemplo, o mutirão de saúde, nada disso aconteceu. Vemos um esforço grande do ponto de vista do marketing, mas temos sentido no dia a dia das pessoas que as reclamações na área de saúde aumentaram. Percebemos na falta de gestão, um abandono total do que já existia e nenhuma nova proposta na área de saúde. Há uma solução para a saúde? Vou responder com uma palavra: inovação. Temos que atacar velhos problemas com novas soluções. A fórmula de atacar os velhos problemas com velhas soluções já está esgotada. Eu sou reconhecido por onde passei como um gestor inovador. Nós vamos apresentar, ao longo da

campanha, uma proposta inovadora para atacar alguns problemas na área da saúde, tudo no momento certo, pois estamos estudando isso. Eu acredito na Inovação. Na educação há vários desafios. O que pretende manter e o que vai mudar? Os novos investimentos em educação são importantes. As escolas recentemente entregues pela prefeitura foram projetadas na gestão anterior e a gente vê que a manutenção dos prédios públicos decaiu muito. O serviço de manutenção está muito precário. A educação é a maior estrutura dentro da Prefeitura de São José, um serviço fundamental. Vemos uma insatisfação por parte do servidor público pela falta de apoio no desenvolvimento de novos trabalhos. Os passos para a municipalização das escolas estaduais foram dados, é uma negociação complexa, mas que deverá continuar. Devemos avançar no ensino integral, com certeza. Já sobre a Escola Interativa, será preciso avaliar o uso dos tablets e verificar a efetividade disso dentro do dia a dia da escola. Parece que foi implantado em um percentual muito pequeno de escolas. Vamos avaliar sim, o partido sempre preserva o que encontra de boas coisas, mas vamos estudar com muita atenção. Mas a ideia é boa? Deve continuar? A princípio, a ideia é genial, é boa. O que temos que avaliar é se existe conteúdo com toda a tecnologia que foi adquirida, se a rede está bem treinada para utilizar a potencialidade dele, se o professor está preparado e se ele pode oferecer um conteúdo melhor. É preciso uma nova dinâmica de aprendizado, uma metodologia que precisa ser implantada. Se tudo isso estiver sendo feito, sem dúvida vai continuar. Se não estiver sendo feito, vamos melhorar e aproveitar o equipamento. Com a situação econômica difícil, como será possível cumprir os compromissos?

os serviços essenciais. Ou seja: focar no essencial. Quando falo em problema de gestão, me refiro sobre a prefeitura gastar três vezes mais com um contrato de coleta de lixo, quando o serviço já tinha 98% de aprovação da população no serviço anterior, ou aumentar as despesas com publicidade, que foram muito acima do normal. Sobre o problema da queda de arrecadação, todo gestor público tem que saber lidar com isso. A solução é prever e controlar esse cenário.

“Eu quero retribuir o que a cidade fez por mim, ajudar as pessoas que precisam e não atrapalhar aqueles que não precisam” Na prefeitura a questão do orçamento é fundamental. O que temos que fazer é focar naquilo que é essencial e simplificar as coisas para atingir o maior número de pessoas, direcionando os investimentos. Tive a oportunidade, durante os últimos anos e até recentemente, de visitar muitas prefeituras. Encontramos cidades muito bem ou equilibradas financeiramente. Infelizmente São José perdeu completamente o eixo na questão econômica. É comum encontrarmos fornecedores da prefeitura pela rua com dois ou três meses de atraso nos pagamentos. Isso passou a ser comum, coisa que não acontecia. Onde encontramos alguém que forneceu para prefeitura, encontramos dívidas. Infelizmente vamos retornar a vinte anos e a primeira iniciativa será arrumar a casa. A vantagem é que nossa equipe sabe fazer isso, já

fez isso antes e teremos que fazer de novo. Infelizmente, repito: temos que arrumar a casa para só depois passar a focar nas questões essenciais. O próximo prefeito pode encontrar uma situação pior, porque a arrecadação do ICMS será muito baixa. Como resolver isso? Na economia municipal, a questão de arrecadação é previsível. Muitos dos repasses são baseados na arrecadação de dois anos atrás, então é possível projetar muito bem isso. O que teve de fato foi má administração, gestão equivocada em relação ao uso de recursos. Conheço várias prefeituras administradas por vários partidos e tenho visto que algumas delas não estão passando pela situação que São José vive hoje. Para mim, claramente é um problema de gestão. Gestão é ver onde cortar para preservar

Com orçamento incerto. como será seu plano de governo? Prometer demais não dá. O PSDB nunca praticou isso aqui na cidade e vemos que a população está insatisfeita, justamente porque o prefeito atual prometeu demais. Ao contrário, queremos fazer propostas com pé no chão, com bastante cuidado e que possam ser executadas na cidade. Então vamos tomar muito cuidado na elaboração do plano de governo, mas acima de tudo, acreditamos que a cidade reconhece e nos dá credibilidade pelos 16 anos que governamos a cidade. Isso será fundamental para elaboração do meu plano de governo. Porque você quer ser prefeito de São José dos Campos? Um grupo de pessoas acredita no meu talento e no meu potencial para que eu possa de fato empreender meus esforços para ajudar as pessoas que precisam mais. Meu objetivo como prefeito é fazer com que toda a estrutura da prefeitura trabalhe para ajudar quem mais precisa. Então são dois pontos principais: primeiro retribuir o que a cidade fez por mim, ajudar as pessoas que precisam e não atrapalhar aqueles que não precisam dessa ajuda. Acredito que o futuro prefeito da cidade tenha que ser inovador, ter agilidade e transparência, oferecer novas soluções, mas que acima de tudo seja um exemplo. Eu vou trabalhar muito para ser esse prefeito. 


São José dos Campos, fevereiro de 2016 | 19

18 | Revista Metrópole – Edição 13

NOTÍCIAS POLÍTICA

Promessas adaptadas

Reprodução de TV

Prefeito Ortiz Júnior cumpriu até agora 24 das 53 promessas de campanha

O que foi cumprido, o que está em andamento e o que foi adaptado e não será entregue até o final do mandato de governo Ortiz Eduardo Pandeló SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

P

or que os prefeitos das principais cidades da RMVale não conseguem cumprir todas as suas promessas de campanha? A resposta é simples: por mais boa vontade que os eleitos tenham, prometem coisas impossíveis de cumprir em um mandato de quatro anos. Mas é muito importante que os eleitores tenham a mínima noção do que está sendo proposto e do que realmente é permitido a um candidato realizar. Afinal, só poderemos cobrar aquilo que é possível de ser feito. Desde 2010, os candidatos a prefeito são obrigados a apresentarem seus programas de governo no ato do registro das candidaturas na Justiça Eleitoral. Durante as campanhas, os candidatos prometem fazer coisas que se soubessem as dificuldades que enfrentariam ao assumirem os cargos, não utilizariam desses artifícios para iludir os eleitores. Seguindo a série de reportagens sobre as promessas que definitivamente não serão cumpridas pelos prefeitos das principais cidades da região até dezembro de 2016, a Metrópole Magazine faz um balanço do governo de Taubaté. O prefeito Ortiz Junior (PSDB) iniciou

o último ano de seu mandato sem conseguir cumprir integralmente uma série de promessas feitas durante a campanha. Assim que assumiu o governo, em janeiro de 2013, Ortiz deixou disponível em seu site pessoal as principais propostas de seu plano de governo. Foram 53 promessas e o próprio prefeito divulga o andamento de cada uma delas. Até agora, segundo informações fornecidas pela prefeitura das 53 promessas feitas em 2012, o tucano teria cumprido 24. Outras 21 estão em andamento e as oito restantes ou estão na estaca zero ou foram adaptadas. Essa adaptação é uma estratégia da prefeitura para tentar cumprir o maior número de promessas possíveis até o final do mandato. Ortiz pretende disputar a reeleição esse ano, caso consiga escapar da cassação de seu mandato no Tribunal Superior Eleitoral. Ele espera o julgamento de um recurso que pode tirá-lo da disputa. O julgamento foi adiado para fevereiro e não foi concluído até o fechamento desta edição.

Saúde A promessa era criar quatro Super Pamos, que são unidades de saúde “turbinadas” que oferecem também consulta com especialistas e exames, além do atendimento da rede de atenção básica, promessas que não serão cumpridas em

sua totalidade até o final do mandato. Até agora, apenas uma unidade foi construída, no Parque Três Marias, e outra deve começar a ser erguida a partir desse mês no Mourisco. O investimento nas duas soma R$ 4,4 milhões. Para deixar o compromisso em andamento, a prefeitura decidiu adaptar unidades básicas de saúde já existentes, que serão transformadas em Super Pamos. Uma no bairro da Gurilândia (a unidade está em obras), e outras unidades no Parque Aeroporto e no Independência,

que terão as obras iniciadas até abril. Cada adaptação custará cerca de R$ 350 mil e deverá ficar pronta em 120 dias. Outra promessa, que era construir um novo pronto-socorro no Hospital Universitário, foi alterada. Apenas parte dos casos do pronto-socorro municipal será transferida para o pronto-socorro infantil, que já funciona no HU. Para justificar o fato de não trazer as quatro UPA’s (Unidades de Pronto Atendimento) prometidas para o município, o governo tucano culpou a

administração anterior, que não teria dividido a cidade para ter as quatro unidades, solicitando ao Ministério da Saúde somente uma de porte maior. Segundo a prefeitura, a UPA do San Marino (bairro da Gurilândia) já está pronta e a UPA Santa Helena está em construção com previsão de entrega para junho.

Educação Na Educação, a promessa era construir cinco novas unidades do programa Ensino, Esporte e Juventude, que foi

incorporado ao de ensino integral, sem construir novas salas de aula. A construção de laboratórios de informática está “em andamento” no programa de manutenção e reforma das unidades escolares do Município. A prefeitura informou que apenas 18 escolas possuem quadras sem cobertura, seis delas já foram cobertas e outras 12 serão cobertas ainda esse ano. Sobre a promessa de dar mil bolsas de estudo para que profissionais da área da saúde prestem serviços na


São José dos Campos, março de 2016 | 21

20 | Revista Metrópole – Edição 13

rede municipal, a prefeitura informou que o projeto “está em estudo”. Mas, na realidade, o projeto já foi negado pela Câmara em fevereiro de 2014 – os vereadores não aceitaram a obrigatoriedade de que os beneficiados atuassem posteriormente para o município.

Transporte No setor de transporte, entre as promessas cuja execução sequer começou estão as de duplicar os viadutos do Belém, do Alto São Pedro e da Cidade Jardim. A

prefeitura informou que está em negociação com a CCR Nova Dutra para que a concessionária passe o projeto de duplicação do viaduto Cidade Jardim para que, então, o município possa realizar a obra. Mesmo que obtenha sucesso nessa negociação, a duplicação não ficará pronta até o fim do mandato. Já a duplicação do viaduto do Alto São Pedro não tem previsão de acontecer e as outras duas obras podem até sair do papel, mas não será por iniciativa da gestão de Ortiz Júnior e sim pela concessionária

da rodovia Presidente Dutra. Outro compromisso que a prefeitura classifica como “em andamento” é o de reorganizar e planejar mudanças nas entradas, saídas e marginais da Dutra, listando uma série de ações em andamento, mas sem informar sequer o prazo para que as obras sejam licitadas ou quando ficarão prontas.

Habitação Uma promessa do Prefeito Ortiz Júnior durante a campanha eleitoral e que mais

chamou a atenção por seu apelo popular, estava no setor de habitação. O projeto dos redondinhos- o nome é uma alusão ao design arrojado dos prédios, que têm formato arredondado - que havia sido implantado em 2011 no bairro de Heliópolis, na capital paulista, por meio de uma parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o Governo do Estado, era o modelo prometido por Ortiz com ampla divulgação durante toda a campanha. O conjunto projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake, com apartamentos

distribuídos em prédios de quatro pavimentos, com 50 metros quadrados cada, seria construído em Taubaté para diminuir a fila da casa própria. Mas não era somente um plano de habitação, pois a proposta é um novo conceito em que os andares térreos são destinados a idosos e pessoas com necessidades especiais e dentro do condomínio haveria área de lazer, playground, mini quadra e até cinema. No local também seriam instaladas escolas, creches e até unidades das ETECs, as escolas técnicas do Estado. A reprodução do vídeo com essa promessa de Ortiz, feita na televisão, roda pelas redes sociais como mais uma promessa não cumprida pelo tucano. Utilizar uma estratégia de marketing para turbinar promessas é comum nas campanhas, mas essa em especial aparece como um “comercial” de lançamento de empreendimento imobiliário em que Ortiz foi o garoto propaganda e o arquiteto Ruy Ohtake teve o nome utilizado como uma chancela de qualidade. Nesse quesito, ao que tudo indica, os votos necessários para garantir a eleição foram paras urnas, mas o projeto foi para a gaveta. Somente no terceiro ano de mandato o governo reconheceu que não poderia cumprir a promessa e construir moradias nesse modelo. A prefeitura alega que foi uma questão de opção e não detalhou o motivo para desistir do projeto. Em relação à lista de Ortiz, a resposta oficial da Prefeitura de Taubaté afirma que será cumprida uma parte do compromisso de construir três mil moradias. Para o governo do PSDB, independente de ser ou não o projeto dos redondinhos, a meta de construção de moradias populares será atingida. Até agora, segundo o governo, foram entregues 490 unidades. Algumas, como as 408 casas em dois conjuntos no bairro do Barreiro e mais 62 no Quinta das Frutas, começaram a ser construídas

ainda na gestão anterior. Por iniciativa da atual administração, estão em construção 1.696 moradias (864 no Piracangaguá e 832 no Barranco) que haviam sido prometidas para abril de 2015, tiveram o prazo adiado para novembro e ainda não foram entregues (os conjuntos habitacionais estão sendo construídos, mas sem data de entrega). Outras 644 casas no Quinta das Frutas já foram pré-aprovadas, mas não há previsão para o início das obras. O resultado é que, além de abandonar o projeto dos redondinhos, Ortiz Júnior não conseguirá cumprir sua promessa de construir três mil moradias até o fim de seu mandato.

Adaptação No início dessa matéria, lembramos que durante as campanhas, os candidatos prometem muito, mas encontram realidades diferentes do que imaginaram e, além disso, as dificuldades que enfrentam ao assumirem os cargos, muitas vezes os obrigam a adaptar suas promessas. Uma adaptação para que seja possível cumprir a promessa, pode ser uma solução aceitável, mas adaptar para maquiar os números e esconder a realidade requer uma análise e um acompanhamento maior do eleitor. Não é aceitável que artifícios de marketing e que promessas que não podem ser realizadas dentro de um único mandato, ou que dependam de aprovação da Câmara Municipal e de parcerias com os governos Estadual e Federal etc., possam iludir os eleitores. Em Taubaté, uma série de promessas feitas aos servidores municipais, por exemplo, seguem em andamento sem previsão de serem implantadas ou foram adaptadas diante da realidade encontrada pelo governo na administração pública, ou dependem de amparo legal e aprovação da Câmara Municipal. 


São José dos Campos, março de 2016 | 23

22 | Revista Metrópole – Edição 13

NOTÍCIAS ECONOMIA Pedro ivo Prates A empresária Valéria Verdi começou a expansão do seu negócio neste ano

Alternativa nos negócios As marcas mais bem-sucedidas estão se espalhando em forma de franquias; número de empreendimentos aumenta na região

Moisés Rosa SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

U

ma alternativa para expandir os negócios e “espantar” a crise são as franquias. Diversos empreendedores do Vale do Paraíba e Litoral Norte estão aderindo às opções e aos planos para a abertura de franquias, que variam desde a micro franquia até a franquia master, com uma estrutura mais robusta. Há quem diga que são os “negócios do futuro”.

No Vale do Paraíba e Litoral, um balanço da ABF (Associação Brasileira de Franchinsing) revela o crescimento no número de aberturas de franquias na região. Segundo a associação, a crescente é justificada pois essas opções são vistas como uma saída para a crise. Em 2014, a região contava com 288 redes e 1249 unidades. No ano passado, o número subiu para 291 redes e 1354 unidades de franquias em operação (um crescimento de 8% em relação a 2014). Investir em uma franquia nada mais é do que ser líder do próprio negócio. Essa vontade de expandir os negócios é acompanhada pela empresária Valéria Verdi, que há 25 anos fundou a Torteria Haguanaboka, em São José dos Campos. Atualmente, a marca possui duas unidades próprias na cidade e o projeto de expansão por meio de franquias foi iniciado no começo do ano após uma pesquisa de mercado para identificar a melhor forma do projeto. Valéria conta que teve a ideia de ampliar a marca. “Após 25 anos, pensei que era a hora de deixar um legado. Sempre fiquei pensativa em ampliar e depois de seis meses formatando o projeto, iniciamos os contatos para a implantação da franquia”. A empresaria, que transformou o hobby em negócio, diz que sempre gostou de cozinhar e que decidiu padronizar as receitas. “Com as franquias também pretendo seguir a linha de padronização das receitas. Já estamos construindo uma cozinha industrial para produzir as tortas doces e salgadas”. A marca deve ser ramificada para Mogi das Cruzes, Taubaté, Jacareí, Guaratinguetá, Pindamonhangaba, Campos do Jordão, Lorena, Caraguatatuba, Ubatuba, São Sebastião e outras. O valor da franquia deve ser a partir de R$ 320 mil, dependendo das opções (premium: rua, express: shopping e quiosque). “Nossa intenção é

abrirmos de duas a três franquias por ano”, conta Valéria Verdi.

Na prática Karine Soder Fernandes, 34 anos, chegou a São José há três anos e meio e investiu em uma franquia de estética. Ela foi a primeira a adquirir a marca da Spa das Sobrancelhas na cidade, após se mudar do Rio Grande do Sul. Aos 34 anos, a empresária afirma que a aquisição da marca foi em momento

oportuno. “Investi em uma área que ainda estava sendo descoberta, que é o mercado do embelezamento do olhar. Tive a primeira unidade neste conceito e estamos há três anos e meio. Avaliei o plano de negócios da franquia e coloquei em prática a minha vontade em abrir o próprio negócio”, diz. A unidade começou com dois funcionários e hoje já conta com seis. Recentemente, Karine também investiu na aquisição de um novo espaço para

Alunos da escola Red Balloon, franquia recentemente inaugurada em São José


São José dos Campos, março de 2016 | 25

24 | Revista Metrópole – Edição 13

qualidade no ensino, Meline afirma que segue o padrão estabelecido pela rede “Seguimos um padrão da marca e participamos de treinamentos realizados na matriz em São Paulo, além de termos metas”, destaca. “Após dois anos, estamos começando a pagar o investimento. É difícil. O custo fixo é alto, pois temos aluguel e folha de pagamento. Além disso, pagamos uma taxa de royalties, que varia entre 6% a 8%. Esse ramo é mais lento, mas o retorno é garantido depois do reconhecimento”, ressalta a empresária.

franquia. Eu tinha o interesse de continuar a trabalhar com a educação, na área de cursos livres de inglês. Adquiri em 2012 e consegui abrir em 2014”, conta Meline, que possui a franquia da Red Balloon, em São José dos Campos. Ela morava em São Paulo e identificou São José como uma alternativa de investimento. “Fizemos um estudo na cidade e vimos que ela tinha a capacidade de abrigar a escola. O primeiro semestre de atividade da empresa foi mais complicado, principalmente em relação ao conhecimento das pessoas sobre a marca. Começamos com poucos alunos e só a partir do segundo semestre do primeiro ano de criação é que começou a engrenar. Em 2015, conseguimos nos firmar no mercado e bater as metas estabelecidas pelo franqueador”. A escola atende crianças de 3 anos a jovens de 17 anos. Para manter a

Franchinsing

Divulgação Altino Cristofoletti, vice-presidente da ABF, garante que o setor resiste à crise

À Metrópole Magazine, o vice-presidente da ABF, Altino Cristofoletti, relata que o mercado de franquias está se mostrando resistente ao atual cenário econômico do país. “Mesmo com quedas expressivas no varejo e no PIB de forma geral, o setor de franchising registrou crescimentos nominais de 7,7% em 2014 e 8,3% em 2015. Temos mais de 138 mil unidades de franquias em operação no país que empregam quase 1,2 milhão de pessoas. Logo, o franchising brasileiro tem um peso relevante na economia do país como um todo”, afirma. Para entrar neste segmento, o executivo da ABF diz que é importante estar atento para as condições apresentadas, antes de fechar o contrato. “O primeiro passo é conhecer profundamente o sistema de franquias, que traz muitos benefícios, mas traz também obrigações. O segundo passo é pesquisar bem o segmento em que se quer ingressar e qual a rede de interesse. Ter identidade com a área em que se vai atuar é fundamental. Por exemplo, se não aprecio a manipulação de alimentos, como posso administrar uma rede de alimentação? Definido o segmento e a rede, recomendamos que o candidato converse com franqueados e ex-franqueados da rede”, completa Altino Cristofoletti. 

Spa das Sobrancelhas apostou em segmento novo e já teve que procurar um espaço maior para atender a demanda

Pedro ivo Prates

atender os clientes. “No primeiro mês eu já consegui bancar as minhas despesas com a unidade. Investi também em um novo local para a unidade e agora é colher os frutos. A franquia dá um plano de negócios para retorno de dois a três anos do investimento”, explica. A empresária investiu cerca de R$ 120 mil com a aquisição dos direitos da marca e a implantação da unidade. “Recebi todo treinamento por parte da franquia, de gestão e técnico. Está sendo bem positivo investir neste setor. Para mim, este ramo era algo novo e não teria condições de abrir uma empresa. A franquia te dá um norte do que fazer”, acrescenta. Outra empresária que também resolveu investir em franquias foi Meline Torres, de 31 anos. “Já trabalhei na empresa e eles tinham uma série de incentivos para as pessoas adquirirem a


São José dos Campos, março de 2016 | 27

26 | Revista Metrópole – Edição 13

NOTÍCIAS ECONOMIA

Economistas e cientistas políticos da RMVale criticam possível recriação da CPMF e defendem ‘enxugamento’ da máquina pública Rodrigo Ribeiro SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

I

magine que cada vez que você abrisse a torneira da sua casa, fosse obrigado a pagar não só pela água, mas também pela ação de abrir a torneira. Mas não é só: ao mesmo tempo, a empresa que cobra essa taxa, lava o carro todo dia sem se preocupar com a água que está gastando. Além disso, a taxa é chamada por essa empresa de “contribuição”. Troque algumas palavras nesse contexto e o que temos é a volta da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras). A presidente Dilma Rousseff (PT) foi até o Congresso Nacional no início dos trabalhos do Legislativo Federal em 2016 e pediu aos deputados e senadores que aprovem a recriação da CPMF. Para o governo, a cobrança é a principal alternativa a curto prazo para melhorar o descompasso nas contas públicas neste ano. “Não podemos prescindir de medidas temporárias para manter o equilíbrio fiscal”, disse Dilma, sob um misto de vaias e aplausos dos parlamentares presentes. Apesar do descontentamento de alguns deputados e senadores, o Congresso Nacional aprovou a LOA (Lei Orçamentária Anual) de 2016 com previsão de receita com o retorno da CPMF. Mesmo com a inserção da CPMF na peça orçamentária, a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) ainda precisa ser aprovada pelo Congresso. A previsão da equipe econômica do governo federal é que a cobrança tenha vigência de quatro

anos, de 2016 a 2019. A Metrópole Magazine conversou com economistas e cientistas políticos da RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte), que analisaram a proposta e todas as consequências políticas que a CPMF pode trazer. “Quando criaram a CPMF havia uma finalidade na área da saúde, o dinheiro iria direto para lá. Foi definido um determinado tempo e passado esse tempo, deixou de existir. Hoje, o que estão querendo é usar esse mesmo imposto não mais pra uma finalidade que está diretamente atendendo a população, mas para pagar dívidas que o próprio governo fez”, diz Roque Mendes, economista da Univap (Universidade do Vale do Paraíba). Inicialmente, a proposta do governo federal era arrecadar 0,2% de cada movimentação bancária e usar o recurso para o setor da previdência. Logo, Estados e municípios entraram na briga e agora tudo indica que a PEC trará uma alíquota de 0,38% e também será distribuída para os setores da saúde e assistência social. Nesta porcentagem, 0,2% ficaria com a União e os outros 0,18% divididos entre Estados e municípios. Para Mendes, uma alternativa para melhorar as contas seria o “enxugamento” da máquina pública. “Nem nos Estados Unidos e em países mais desenvolvidos há tanta despesa e mordomia como as dos nossos políticos. Se tomarem medidas pra evitar ou reduzir despesas do próprio governo, talvez eles arrecadem mais do que com a CPMF”, opina. “Já temos uma ampla carga de tributos

e um dos grandes problemas do país é a famosa reforma tributária, que nenhum presidente faz e acaba só na promessa. A receita caiu e as despesas continuam aumentando, há um buraco que precisa ser tampado. As contas não estão fechando e o governo está atirando para todos os lados pra aumentar a receita”, analisa o economista Luiz Carlos Laureano da Rosa, da Unitau (Universidade de Taubaté). Apesar de criticar a quantidade de tributos existentes no Brasil, Laureano não vê alternativa além da CPMF para resolver em curto prazo esse “buraco”. “Se não tiver essa CPMF, vai ser complicado para o governo. Infelizmente tem que ter. Não gostaria de falar isso, mas se não for aprovada a CPMF, não sei o que será feito”, diz. Com relação à possível alíquota pretendida com a contribuição, Laureano acredita que deve ser definido um valor mínimo, capaz de ajustar as contas do governo. “O governo tinha que pensar qual é o mínimo que pode cobrar pra que possa resolver provisoriamente o problema. Essa medida é paliativa. Após isso, se quiserem, analisam ter uma só pra saúde etc”, completa. O consultor político de São José dos Campos, Marcelo Weiss, afirma que o governo está vivendo um “jogo perverso” e que a CPMF é uma ação impopular. “Por um lado, o governo precisa melhorar o caixa e está ressuscitando a CMPF, por outro, isso é extremamente impopular. Você vê todo mundo falando que o governo não corta na própria carne e, de novo, vai direto à fonte, tirando dinheiro do contribuinte”, diz. “Se falar em reduzir as despesas, o

Divulgação/ Ag. Brasil

Contribuição compulsória


28 | Revista Metrópole – Edição 13

Cortes no governo No início de outubro passado, a presidente Dilma anunciou o corte de oito

Arquivo pessoal

governo tem que diminuir e tirar cargos de partidos aliados e, com isso, se comprometem na possibilidade da governabilidade. Então você tem um jogo perverso para o governo e uma decisão difícil”, analisa Weiss. Para o consultor, uma possível aprovação da nova CPMF traz um risco político para o governo e simpatizantes da cobrança. Segundo Weiss, uma votação aberta, por exemplo, iria expor os parlamentares favoráveis à “alternativa impopular”. Weiss ainda compartilha da opinião do economista Roque Mendes. “O que seria o correto?”, questiona. “O governo enxugar a máquina, mas se fizer isso nesse momento, pode perder completamente a capacidade de negociação pra aprovar outras questões necessárias”, completa. Também de São José dos Campos, a consultora política Gil Castilho afirma que “medidas impopulares” são analisadas apenas como última opção. “Às vezes, em momentos de austeridade, é preciso que você tome algumas medidas impopulares, mas isso em casos extremos quando não há alternativas. No caso atual do país, acredito que existem outras maneiras de apertar o cinto sem sobrecarregar o cidadão”, diz. De acordo com Gil, a aprovação da CPMF pode prejudicar ainda mais a imagem do governo federal junto à população. “Hoje, há uma sensação clara de problemas econômicos vinculados à corrupção e quando se fala em penalizar o cidadão para aumentar a receita, soa extremamente impopular e injusto. A CPMF só vai penalizar ainda mais o cidadão que já está com o seu poder de compra reduzido”, afirma. Para Gil, a participação popular na discussão pode impedir o retorno da cobrança. “Estamos vivendo uma época em que a voz das ruas tem impacto, ainda mais num momento pré-eleitoral”, conclui.

O consultor Marcelo Weiss afirma que o governo está vivendo um ‘jogo perigoso’

ministérios - de 39 para 31-, redução de gastos e corte de 10% do próprio salário, do vice e dos ministros. As medidas integram o conjunte de ações do pacote fiscal para elevar a arrecadação em 2016 e obter superávit primário. A intenção também é assegurar a governabilidade, por meio de uma nova composição da base aliada no Congresso. Apesar da redução dos ministérios, o PMDB, por exemplo, aumentou sua participação no comando das pastas, de seis para sete. A MP (Medida Provisória) 696, que reduz o número de ministérios, foi aprovada na Câmara dos Deputados no dia 18 de fevereiro e a PDC (Projeto de Decreto Legislativo), que traz a redução dos subsídios, no dia 24 do mesmo mês. A votação das propostas foi simbólica, ou seja, não houve votação individual. No entanto, a opinião dos dois deputados federais que representam a RMVale no Congreso é diferente. Eduardo Cury (PSDB) é favorável à MP e ao PDC, já Flavinho (PSB) é contrário. As propostas foram encaminhadas para apreciação e votação no Senado. No dia 19 de fevereiro, o governo anunciou o contingenciamento de R$ 23,408 bilhões do orçamento de 2016 e uma revisão do PIB (Produto Interno Bruto),

com previsão de queda de 2,9%. Para a inflação, a expectativa é encerrar 2016 com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 7,10%, resultado acima do teto da meta de 6,5%. Até o momento, a meta oficial para 2016 é de R$ 30,5 bilhões (0,5% do PIB), sendo R$ 24 bilhões para o governo federal e mais R$ 6,5 bilhões para Estados e municípios.

Histórico Em 1993 foi criado o IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira) para cobrir gastos com projetos de saúde. Como o previsto, imposto durou até dezembro de 1994. Em 1996, foi criada a CPMF, que foi prorrogada por três vezes, 1999, 2002 e 2004, até ser extinta em 2007. A cobrança ficou conhecida como o “imposto do cheque”, porque também incide sobre essa forma de pagamento. Agora, o governo propõe cobrar uma alíquota sobre todas as transações bancárias de pessoas físicas e empresas que transferirem qualquer valor por meio dos bancos e instituições financeiras. Ainda não se sabe quais regras serão propostas na volta da CPMF e se haverá exceções para a cobrança. 

ENTRE AS

100 MAIORES DO

BRASIL

EXCLUSIVAVALE LANÇAMENTOS IMOBILIÁRIOS CRECI 27670 -J


São José dos Campos, março de 2016 | 31

30 | Revista Metrópole – Edição 13

NOTÍCIAS ECONOMIA

Região vive um boom atacadista

Pedro Ivo Prates

RMVale registra aumento nas compras em atacado

Região

Henrique Macedo SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

ndreia Martins é proprietária de um varejão e uma pequena mercearia junto com o marido, num bairro da zona oeste de São José dos Campos. A crise na economia do país alterou os hábitos de compra da comerciante. Ela tem optado por comprar nos atacados de autosserviço, conhecidos como atacarejos, mistura de atacado com varejo. “Eu compro mais no atacado porque o preço é melhor e eu encontro tudo que procuro. Atualmente está tudo muito caro. Os preços subiram demais. No atacado a gente sempre acha melhor preço”, observa. A comerciante compra alimentos, produtos de higiene e limpeza em quantidade. “A cada 15 dias, pelo menos, eu faço compras. Como temos vários atacados na cidade, costumo fazer uma pesquisa de preços antes”. O fenômeno vem ganhando destaque na RMVale: apenas nos últimos meses, novos empreendimentos chegaram à região. O operador de logística Elizeu de Freitas prefere fazer compras quinzenais. “Fica mais vantajoso porque dá para pegar promoção, por exemplo, de bolachas para as crianças”. A esposa dele, Michele Freitas, diz que eles migraram de um supermercado para o atacarejo. “A gente sempre comprou num supermercado e,

econômico está complicado, mas existe a expectativa de que haja uma ligeira reação no segundo semestre, o que pode melhorar o desempenho do setor. A ABAD avalia que é possível encerrar o ano com resultado positivo, ainda que modesto”, afirma José do Egito.

O custo de operação dos hipermercados em relação aos atacarejos é o que acaba fazendo a diferença de uns dois meses pra cá, percebemos que no atacado é mais vantajoso”. O setor atacadista movimentou no Brasil em 2014 cerca de R$ 212 bilhões, segundo a Abad (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados). O valor de 2015 será divulgado em abril, mas deve ficar no mesmo patamar, segundo a assessoria da entidade. Nesse segmento, estão incluídos os atacadistas de produtos gerais, de artigos especializados, distribuidores exclusivos para

determinadas empresas e de autosserviço, o chamado atacarejo.

Concorrência Segundo o presidente da Abad, José do Egito Frota Lopes Filho, o custo de operação dos hipermercados em relação aos atacarejos é o que acaba fazendo a diferença. “Enquanto os hiper e super têm custos com empacotadores, com local para armazenar mercadorias, ambientação da loja e outras comodidades para os clientes, o atacarejo tem uma operação

enxuta, lojas mais simples, embora bem organizadas, onde a área de exposição das mercadorias é também a área de estocagem (o que reduz o custo). E ao vender com descontos para uma quantidade mínima de unidades (6 ou 12, por exemplo), o preço unitário é vantajoso para o consumidor, mas a quantidade vendida aumenta o valor final da compra, o que beneficia o atacarejo.”, observou. Para a entidade, 2016 será um ano difícil para o varejo independente, principal cliente do setor. “O momento

Na RMVale, os atacarejos cresceram bastante. De acordo com levantamento da Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de São José dos Campos, a cidade conta atualmente com 17 empresas do setor, o que acaba atraindo clientes de toda a RMVale. O Grupo Zaragoza, detentor das bandeiras Spani Atacadista e Villarreal Supermercados, possui atualmente 14 lojas e deve abrir neste ano uma nova unidade atacadista no bairro Jardim Aquarius, em São José dos Campos. “Mesmo com as notícias ruins na economia, o nosso segmento tem respondido bem. Tem sido uma boa alternativa para o consumidor”, diz Flávio Almeida, diretor comercial do grupo. Ele ressalta que os clientes já perceberam as vantagens do atacado de autosserviço. “O consumidor tem constatado que tem um ganho considerável comprando neste tipo de atacado”. Segundo o diretor comercial, o pequeno comerciante compra bastante nos atacarejos. “Cerca de 65% do nosso faturamento é de pequenos varejistas, aqueles proprietários de lanchonete, trailer ou mercearia, que compra em quantidade. Os outros 35% são de consumidores finais”. O grupo, que começou as atividades em 2003 em São José dos Campos, faturou R$ 1.750 bilhão em 2015. A estimativa para este ano é chegar a R$ 2 bilhões. No RMVale, o Spani tem lojas em São José dos Campos, Lorena, Guaratinguetá, Pindamonhangaba e Caraguatatuba. Os planos de expansão ainda preveem duas novas lojas em cidades da região. O Grupo Casino, que também controla

diversas empresas como Extra e Pão de Açúcar, chegou à região em 2015 com o Assaí, atacadista de autosserviço. A rede escolheu a região por causa da posição estratégica que São José dos Campos ocupa. “A loja está estrategicamente localizada em um ponto da cidade próximo a grandes rodovias, como Dutra, Ayrton Senna, Tamoios e Carvalho Pinto, atendendo também a comerciantes e moradores de cidades como Tremembé, Pindamonhangaba, Aparecida, Caçapava, Taubaté, Jacareí, entre outras, sendo mais um local de compras para os mais de 900 mil habitantes dessa região”, informou em nota. A proposta da rede é ser o estoque da pequena empresa, um local em que o cliente empreendedor possa fazer a reposição diária de suas vendas sem a necessidade de compras para longos períodos e estoques.

Alternativa Para Luiz Carlos Laureano da Rosa, economista do Núcleo de Pesquisas Econômico-Sociais da Unitau, os atacarejos são uma boa alternativa para o consumidor. “O baixo preço das mercadorias, se comprada em quantidade, é uma das vantagens que beneficiam o consumidor. Outro ponto interessante é a variedade de produtos encontrados no mesmo local, possibilitando reunir em um único momento a compra de vários itens a um baixo custo. Este tipo de estabelecimento também ajuda a diminuir os preços na região de atuação”, afirma. No setor de supermercados, a perspectiva não é muito boa. O número de empresários do setor que estão pessimistas com o cenário atual e com o futuro da economia brasileira atingiu 72% em janeiro. O levantamento é da Apas (Associação Paulista de Supermercados). Este é o menor nível de confiança em toda série histórica, iniciada em junho de 2011, de acordo com a Pesquisa de Confiança dos Supermercados do Estado de São Paulo . 


São José dos Campos, março de 2016 | 33

32 | Revista Metrópole – Edição 13

NOTÍCIAS ESPECIAL

Em busca da igualdade As redes sociais disseminam o discurso de empoderamento feminino, mas ainda falta muito para atingirmos uma equação ideal

Rosi Masiero SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O

mais antigo embate da história da humanidade está em seu epílogo. As diferenças entre homens e mulheres, que levaram à construção da cultura da subjugação, estão se diluindo diante de uma nova ordem mundial. A própria evolução humana se incumbiu de reparar a trajetória que teve início há 50 mil anos e se disseminou por dogmas religiosos e movimentos econômicos. Liberdade, igualdade e fraternidade. Os pilares da Revolução Francesa que trouxeram a democracia social para o mundo contemporâneo nunca estiveram tão presentes no cotidiano do século 21. A tecnologia da internet, responsável por gigantescas mobilizações sociais, a educação repensada sobre novos paradigmas, além de uma economia globalizada altamente competitiva estão implodindo um padrão milenar no qual a mulher não só deveria - como era obrigada - a ser submissa à figura masculina. Surge, então, a expressão que é a síntese deste começo de século: o empoderamento feminino. A igualdade e a liberdade estão muito próximas, mas será necessário muito esforço para se chegar ao fim do caminho. Falta apenas a derrubada do machismo para que se estabeleça um mundo mais harmônico e fraternal entre os gêneros da espécie humana. Mas já surge uma mulher muito mais consciente e organizada para avançar em busca da plenitude. Essa reportagem traz fragmentos do roteiro traçado por protagonistas desta nova ordem mundial e como essa cisão entre homem e mulher se deu ao longo do tempo. Uma história fascinante, embora de contornos trágicos e superações magistrais. O resultado de uma construção longínqua, em que todos estão unidos, inevitavelmente, como testemunhas do descortinar de uma nova era.

Uma breve história da submissão A evolução. O início antropológico desta saga se deu mesmo antes de surgir o conceito de moral, de justiça ou de igualdade. Aproximadamente há 50 mil anos o homo sapiens deixava gradativamente de ser nômade, um caçador-coletor, para se fixar ao solo e criar o conceito de propriedade privada. Essa nova postura, conhecida como sedentarismo, daria outra dimensão ao papel social da mulher. Junto a isso, surge a agricultura e os primeiros povoamentos. Por sua constituição física inferior a força do exemplar macho, a posição da fêmea foi de cuidar dos filhos, da domesticação dos animais e dar início ao cultivo da terra. O assentamento era organizado pelas mulheres, inclusive os novos padrões de alimentação que foram cruciais na sobrevivência da espécie quando se enfrentou adversidades climáticas que atingiram o planeta. Foi nesta época que se evidenciou que apenas pela imposição da brutalidade se conseguiria conter o avanço do poder feminino. A religião. O misticismo surge com a necessidade do ser humano de aplacar as fúrias da natureza e constituir a figura de seres maiores, com o mesmo poder de destruição e morte dos fenômenos que os atingia. A correlação de forças estava estabelecida, a natureza contra o homem e a necessidade de aceitar sua condição inferior. Isso reafirmou o papel da mulher em sua posição social e familiar. Diversos textos sagrados que constituíram o Código Manu, da Índia, a Bíblia judaico-cristão e o Corão surgiram para reforçar a relação patriarcal: o macho da espécie era o elemento de ligação direta com Deus e o chefe da família, enquanto que a função da mulher se resumia a ser submissa à vontade masculina. A revolução industrial. O último pilar deste tripé foi a emergente economia industrial do século 18. A mulher é vista como uma mão de obra eficiente, barata e necessária para


São José dos Campos, março de 2016 | 35

34 | Revista Metrópole – Edição 13

Pedro Ivo Prates

Divulgação Manifestação em São Paulo a favor do feminismo

A estudante Yara Gariglio avalia que a luta pelo empoderamento da mulher não é contra os homens e sim contra a sociedade machista

determinar um novo status quo dentro da sociedade moderna. A criação do Dia Internacional da Mulher surgiu de uma violência contra mulheres e seus filhos. Uma greve por melhores condições de trabalho, como o fim das jornadas de 15 horas e o trabalho infantil, terminou com o incêndio criminoso de uma fábrica têxtil de Nova York em 1911. Cerca de 130 operárias morreram trancadas dentro do prédio. Mas essa era apenas uma das atrocidades cometidas contra as mulheres em todo mundo. Os eventos que levaram à criação da data são bem anteriores a este acontecimento. O primeiro Dia Nacional da Mulher foi celebrado em maio de 1908, nos Estados Unidos, quando cerca de 1500 mulheres aderiram a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país. A retaliação veio no assassinato coletivo de Nova York em 1911.

Breve história da libertação No século 20, as mulheres começaram a buscar diferentes modos de minar

a sociedade machista. Depois das grandes guerras mundiais, as conquistas femininas começaram a tomar forma de empoderamento. Os movimentos feministas tomavam forma definitiva. Em alguns países já era permitido que mulheres pudessem votar nas eleições. Além da questão política, houve uma nova postura no segmento profissional, embora com raras exceções, estava ainda sob a subserviência masculina. Em 1960, aconteceu o auge da revolução sexual com o lançamento da pílula anticoncepcional. A liberdade do sexo do universo masculino é colocada em xeque. A reviravolta no conceito de sexualidade permitiu às pessoas ter relações com maior frequência sem a preocupação da gravidez. Como tudo tem um preço, gerou nos homens a preocupação com a fidelidade de suas parceiras. O movimento hippie e a inquietação no meio estudantil europeu resultaram num avanço do feminismo, tanto nas Américas como na Europa. Um dos mais emblemáticos atos feministas ocorreu

em 1968, quando centenas de mulheres realizaram um protesto contra os padrões de beleza da época, ditados por homens, e jogaram sutiãs, produtos de beleza, sapatos e revistas no chão, que se tornou a famosa Queima dos Sutiãs durante o evento do Miss América. Mas as mulheres queriam ir mais longe e foram. Mesmo com a desigualdade de oportunidades e salários, cada vez mais o mundo vivencia mudanças no comportamento feminino e no tecido social. Hoje, elas já ocupam cargos de chefia, se formam doutoras, se estabelecem como empresárias, são eleitas primeiras ministras e chefe de Estado. Vale lembrar de Indira Gandi, Golda Meir, Angela Merkel, Margareth Thatcher, Dilma Rousseff, Michele Bachelet, Cristina Kirchner, entre tantas outras.

Rede social A proliferação da internet no mundo resultou num crescimento vertiginoso de movimentos sociais. A aldeia global estava consolidada. As redes sociais

transformaram o padrão de sociabilidade e permitiram a criação de mobilizações mundiais. Do mundo virtual foi possível conhecer a história de uma menina que queria apenas estudar, mas que era impedida pelo fundamentalismo religioso que reinava em seu país. A intolerância e a escravidão sobre a mulher explodiram no caso da pequena paquistanesa Malala Yousafzai. Ela foi agredida e levou um tiro na cabeça ao desafiar o grupo mulçumano Talibã por lutar pelo direito das meninas estudarem em seu país. O caso foi acompanhado pelas redes sociais em todo planeta e causou extrema comoção. Ela sobreviveu ao ataque e aos 17 anos foi a mais jovem a ganhar o prêmio Nobel da Paz, em 2014. Malala se transformou no ícone da luta feminista na era digital. No mesmo ano, o desfile da Chanel foi um marco para o termo ‘Empoderamento Feminino, BOOM!’. Com ajuda do universo internacional da moda e os holofotes, a importância da mensagem foi propagada aos quatro cantos do planeta pelas redes sociais. A importância do livre trânsito de conteúdos na internet nessa luta reflete bem na ideologia das novas gerações. Aos 19 anos, a estudante universitária Yara Guariglia é categórica em afirmar que o “empoderamento da mulher está renascendo com a informação e a ajuda das mídias sociais”.


São José dos Campos, março de 2016 | 37

36 | Revista Metrópole – Edição 13

A estudante avalia que a luta pelo empoderamento da mulher não é contra os homens, mas sim contra a sociedade machista, por direitos verdadeiramente iguais. Membro do Conselho das Mulheres, em São José dos Campos, Yara criou o “piquenique das minas” cujo objetivo é fazer uma reunião mensal para as garotas discutirem questões feministas. Para ela, o machismo só será desmontado com educação e com a preparação das futuras mães, que educarão seus filhos com uma visão de igualdade de gêneros. O empoderamento na visão de outra estudante, Ana Carolina dos Santos, foi libertador. Os assédios que sofria calada, agora têm respostas. “Não que eu não tenha medo de constrangimento e violência por parte dos homens, mas não posso mais me calar”, alerta. Ela também concorda que as redes sociais fortaleceram as ações feministas. O fato das mulheres conhecerem os seus direitos, unirem-se em torno de suas opiniões, saberem que existem outras em situações iguais em vários países, dá novo alento. “ Isso reforça o nosso dever de divulgar que não somos objetos e temos o poder sobre nossas ações e decisões”.

Nações Unidas pela mulher Em 2014, a ONU Mulheres, iniciou o movimento ElesPorElas, com o intuito de envolver homens e meninos na remoção das barreiras sociais, culturais e econômicas que impeçam as mulheres de atingir seu potencial. A fraternidade e a união são motes para se modelar uma “nova sociedade que beneficiará toda a humanidade”. No Brasil, o canal GNT entrou no movimento. A hashtag #ElesPorElas é uma versão nacional da #HeForShe. A importância de buscar a participação masculina no projeto para a igualdade do gênero conta com o apoio internacional da atriz Emma Watson, a conhecida Hermione da saga Harry Potter.

Violência Não há como falar de empoderamento sem mencionar a opressão – dos mais diversos tipos e práticas - sobre o gênero feminino. Mesmo com ajuda das mídias sociais entre as jovens e a mulher sendo 52% da população mundial, ela é minoria no poder e nos órgãos decisórios. O que se reivindica, em sua maioria, é o fim da subjugação e violência – seja ela doméstica, social ou profissional. Entre janeiro e outubro de 2015, a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, mostra dados alarmantes. Nos 10 primeiros meses, 85,85% das demandas corresponderam à violência doméstica e familiar. A violência contra a mulher assusta. Seja ela física, psicológica ou patrimonial. A diretora do S.O.S Mulher de São

José dos Campos, Janaína Dias, enfatiza a necessidade das vítimas procurarem ajuda nesses casos. “Não tenha medo, grite, engaje na luta e jamais tenha vergonha, pois ela não é sua, é do agressor”. Foi exatamente isso que fez a enfermeira Solange (nome fictício) agir. Contudo levou tempo para quebrar suas próprias barreiras. Depois de apanhar do marido por anos, resolveu registrar um boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher. No início das agressões, ela sentia vergonha de falar sobre o assunto, mas quando viu os filhos aterrorizados, precisou ter atitude. “Não dei prosseguimento ao inquérito, mas me divorciei”. O Brasil avançou na proteção da mulher nestes últimos anos. A Lei nº 11.340 de 7 de agosto de 2006, a conhecida Lei Maria da Penha, é o melhor exemplo disto. A legislação criou mecanismo para

coibir a violência doméstica e familiar. Isso só foi possível em decorrência da luta da própria Maria da Penha e seu drama pessoal. Depois de o marido espancá-la e tentar assassiná-la por duas vezes, a farmacêutica cearense ficou paraplégica e com diversas sequelas. A aplicação da Lei Maria da Penha fez diminuir em 10% a taxa de homicídios contra mulheres praticados dentro da residência das vítimas. Em 2015, foi sancionada a Lei nº 13.104, chamada Lei do Feminicídio, que classifica esse crime como hediondo. Dados da ONU revelam que, no ritmo atual, levará mais 80 anos para as mulheres alcançarem mundialmente a igualdade empregatícia e salarial. Há ainda um longo caminho a se percorrer para atingir a igualdade, liberdade e fraternidade. 


veja mais aprovações em www.objetivoportal.com.br

O curso pré-vestibular mais completo do Objetivo.

NINGUÉM

APROVA

MAIS

QUE O

LUGAR

ENEM BAIXADA SANTISTA


São José dos Campos, março de 2016 | 41

40 | Revista Metrópole – Edição 13

NOTÍCIAS SAÚDE Pedro Ivo Prates

De cabeça baixa

Letícia Braúlio Zeltrone, 19 anos, convive com essas dores há dois anos

A postura de crianças e jovens está sendo prejudicada com o uso exagerado do celular Moisés Rosa SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

F

icar conectado ao celular é tão viciante que pensar em ficar sem acesso à internet pode parecer fatal para algumas pessoas. Estamos vivendo na era da tecnologia e está ainda mais fácil ter o mundo na palma da mão. De acordo com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o país contabilizou mais de 280 milhões de linhas ativas no ano passado. Isso representa uma média de 1,38 linha por habitante. Mas essa tecnologia em carga excessiva provoca efeitos negativos que podem afetar diretamente a saúde das pessoas. Em recentes estudos divulgados por especialistas, os problemas causados pela má postura vão de dores musculares a doenças ósseas. A forma mais comum do uso do celular é forçando a cabeça para baixo. Para se ter uma ideia, a cabeça de um adulto representa 10% do peso corporal. Com movimentos para baixo, a pressão no pescoço se multiplica quatro vezes mais. O excesso de carga na coluna ocasiona em casos mais graves a necessidade de intervenções cirúrgicas. Além disso, a digitação pode causar a mialgia, que é uma dor nos músculos das mãos e pescoço e essa situação pode evoluir para tendinite, por conta dos exercícios no polegar. A joseense Letícia Braúlio Zeltrone, 19 anos, convive com essas dores há dois

anos. Ela conta que fica de olho no celular praticamente 24 horas por dia e não consegue se desgrudar do aparelho, desde quando acorda até a hora de dormir. O uso exagerado do celular já está trazendo consequências. “Fico muito tempo no celular e como estou cursando faculdade de mídias sociais, preciso estar antenada em tudo que acontece. Acordo e já estou olhando o celular. Com isso, sinto dores nas articulações da mão e na nuca”, relata. Apesar das dores, a estudante ainda não procurou ajuda de um especialista. “Estou convivendo com a dor. Quando sinto, tento relaxar para a dor passar”, afirma. O modelo Washington Luiz Pereira, de 21 anos, diz que também se “rendeu” ao mundo da tecnologia. “Uso o celular entre 13 e 15 horas por dia para acessar as redes sociais, vídeos e jogos”. Com isso, problemas posturais estão sendo percebidos. “Sinto dores no pescoço, na coluna e nos braços. Deixo, muitas vezes, de realizar as atividades por causa do celular. Estou na academia e não largo o celular”, destaca.

Cuidados O fisioterapeuta André Pêgas de Oliveira, especialista em osteopatia, uma técnica criada nos Estados Unidos para tratamento manual, explica que a “cabeça baixa” é uma doença moderna que está se destacando nos últimos anos. Segundo ele, as pessoas precisam cuidar agora para que não tenham problemas futuros. Como exemplo, o especialista fala sobre a época em que o videogame e o computador eram os causadores de dores

na coluna. “Antigamente ficávamos preocupados com o uso do videogame e do computador em nossos filhos, agora é o celular. Ele está afetando a faixa etária de crescimento a partir dos 10 anos. Quem não cuidar agora, terá sérios problemas posturais na idade adulta”. As principais áreas relatadas com dores são na região da nuca e nos dedos. Oliveira também alerta para a necessidade de limitar o uso do celular em crianças e adultos. “Em ambos os casos, a pressão se multiplica e o desgaste afeta as articulações dos discos do pescoço, o que pode acarretar no desenvolvimento de uma hérnia de disco e artrose no pescoço. Nas crianças, é preciso que os pais limitem os horários de uso e revezem com atividades físicas. Tudo em excesso é prejudicial à saúde”, conta. Segundo o fisioterapeuta, a melhor

forma de prevenir as dores é, primeiramente, diminuir o uso do celular e, ao utilizá-lo, não ficar de cabeça baixa, ou seja, sempre manter coluna e pescoço eretos. O especialista comenta ainda sobre o tempo ideal de uso e as atividades que devem ser desenvolvidas para prevenção das dores. “O ideal é não ultrapassar os dez minutos de uso ininterrupto do celular, usando o aparelho de forma mais horizontal e assim diminuindo a sobrecarga no pescoço”, destaca

Reabilitação O fisioterapeuta Alberto Luiz Campos, que fez parte do Programa de Estudo do Bloqueio Neuromuscular do Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, conta à

Metrópole Magazine que a consulta a um profissional qualificado dá chances de uma recuperação mais rápida. “Primeiramente a pessoa deverá ser avaliada por um profissional qualificado, um fisioterapeuta com formação em reeducação postural. Um tratamento bem-sucedido envolve uma fase de conforto, com técnicas específicas de analgesia e relaxamento da musculatura. A segunda fase se dá para a reprogramação muscular e na terceira fase é feito o fortalecimento geral”. Sem o tratamento adequado, as dores podem se transformar em doenças crônicas. “Dores localizadas no pescoço e nos ombros que podem ou não irradiar até as mãos, dores de cabeça, dores generalizadas nas costas e vícios posturais podem passar despercebidos no início, mas com o tempo podem trazer outras

consequências crônicas. O número de casos referentes à tensão cervical e desvios posturais sempre foi relativamente grande, mas com certeza com o advento do celular houve um crescimento significativo”, acrescenta Campos.

A geração O hábito de andar e mexer no celular ao mesmo tempo está a cada dia ganhando adeptos, chamados de “geração cabeça baixa”. Essas pessoas ficam concentradas e outras atividades são realizadas automaticamente, trazendo consequências como atravessar sem olhar o semáforo, por exemplo. Esse hábito tem refletido de forma negativa e algumas pessoas acabam se acidentando pela falta de atenção, com quedas e fraturas pelo corpo. 


São José dos Campos, março de 2016 | 43

42 | Revista Metrópole – Edição 13

NOTÍCIAS ESPORTES

Divulgação

Para a bola continuar redonda Com uma nova lei, o governo federal coloca pressão nos times de futebol e cria soluções para uns e problemas para outros

Adriano Pereira SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

C

aixinha de surpresas, ópio do povo e narcotráfico da mídia, assunto proibido em mesa de bar, enfim, daria para encher as páginas desta revista com clichês, expressões e frases feitas sobre futebol. Assim como teríamos que criar um mesmo número de páginas para mostrar os problemas financeiros que os clubes brasileiros enfrentam desde sempre. “Muitas

vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos”, dizia o escritor Nelson Rodrigues em mais uma máxima deste esporte. Mal-intencionados ou não, o fato é que não há no Brasil um único clube de futebol que não tenha dívidas. São muitas e de diversas naturezas, mas a maioria delas são de problemas trabalhistas, principalmente ligadas ao FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) de funcionários e com o INSS (Instituto Nacional de Seguro Social).

Diante desta situação, o governo federal em conjunto com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) criou a “MP do Futebol” (Medida Provisória 671), sancionada como lei em 2015, que trata do refinanciamento das dívidas dos clubes de futebol com a União - estimadas em cerca de R$ 4 bilhões - em troca de novas regras de gestão, incluindo o chamado “fair play” financeiro, que prevê o rebaixamento de inadimplentes. Os clubes interessados em parcelar seus débitos com maior prazo devem aderir ao Programa

de Modernização do Futebol Brasileiro (Profut). E aí começou uma gritaria que não veio das arquibancadas. De acordo com a Federação Nacional de Atletas Profissionais de Futebol (FENAPAF), o Brasil tem 900 clubes tidos como profissionais que, com a exigência, será no máximo 250, já que a maioria não conseguiria arcar com suas dívidas, mesmo que financiadas. Na RMVale, as três maiores equipes somam juntas uma dívida de pouco mais de R$27 milhões. São R$19

milhões do São José E.C., R$7 milhões do Taubaté e R$1,4 milhão do Guaratinguetá. E não pensem que isso é um “privilégio” de equipes pequenas. O time do São Paulo deve R$340,9 milhões, o Palmeiras R$ 332,7 milhões e o Corinthians R$ 313,5 milhões. Todos endividados, mesmo com patrocinadores milionários. Mas afinal, por que essa conta não fecha? As dívidas se são de três tipos: bancária, fiscal e operacional. No primeiro caso, os empréstimos feitos por cartolas e que não foram pagos. No

segundo, o dirigente que ignorou tributos está com a cobrança batendo na porta. E no terceiro caso, a dívida é composta por todos os pagamentos de curto prazo. Aí entram salários de jogadores, pagamentos a fornecedores e aquisições de atletas. É entre as três, a dívida mais preocupante, sobretudo para clubes que não têm dinheiro, já que o vencimento está logo ali. Dois dos três times da região já começaram a caminhar na proposta da lei. “Nós já começamos a sanar nossas dívidas antes da lei. Do total, já


44 | Revista Metrópole – Edição 13

pagamos R$700 mil. Com a medida, vamos quitar em breve tudo que devemos”, afirma João Telê, presidente do Guará. De acordo com Telê, a medida é benéfica para quem é bem-intencionado e o time que não se adequar tem que sofrer as sanções previstas. “Todo mundo tem dificuldades. É muito difícil dirigir um clube de futebol no Brasil, mas quem se organiza, consegue pagar”. A equipe do Taubaté aderiu ao Profut, dividindo a dívida com o INSS em 240 parcelas de R$ 3 mil. “O problema está no FGTS, já que somos um clube antigo, com dívidas muito antigas. A Caixa Econômica ainda não conseguiu achar um valor para o parcelamento”, explica o presidente do time, Hélio Marcondes Neto. A situação se complica muito em São José dos Campos. Segundo Benevides Ferneda, presidente do clube, a equipe joseense deve cerca de R$19 milhões e não tem condições de aderir ao Profut nos moldes atuais. “Já estive na Federação Paulista e garantiram que vão adequar algumas regras, porque se for do jeito que está, nós vamos ter que fechar as portas. A não ser que apareça um investidor para sanar as dívidas”, lamenta o dirigente. Entretanto, um investidor deste porte exigiria garantias, ou seja, uma certidão negativa de débitos para ter a certeza de investir seu dinheiro em um clube sadio e capaz de honrar seus compromissos. É como se uma pessoa física tivesse seu nome restrito no mercado e não conseguisse financiar um carro, por exemplo. Sem garantias, sem crédito. Homem forte da CBF por 20 anos, Marco Antônio Teixeira, primo do ex-presidente Ricardo Teixeira, agora está na outra ponta da corda. Diretor de futebol do America-RJ, ele admite que só agora conhece as dificuldades de comandar um clube. Diariamente, lida

LOTERIAS

com a falta de recursos e admite que o Sistema de Licenciamento de Clubes é o retrato de uma CBF que se relaciona apenas com 100 clubes. Ele vê no movimento a elitização do futebol brasileiro. “Passei 20 anos na CBF. Hoje tenho ideia do futebol brasileiro. A CBF lida com 100 clubes apenas. Corresponde só à elite. Primeiro, para criar isso, tem que conhecer as federações, os estaduais, conversar com os representantes. A CBF deveria, antes de qualquer grupo, ter um diagnóstico do futebol brasileiro”, diz

Venha conhecer essa noVa modalidade e coloque o seu corpo no ritmo.

Marco Antônio Teixeira. “Imagina o que acontecerá com o futebol em Roraima, que eu conheço. Acabará.” Antonio Franco de Oliveira, mais conhecido como Neném Prancha, foi um roupeiro, massagista, olheiro e técnico de futebol brasileiro. Ganhou o apelido de “O Filósofo do Futebol” de Armando Nogueira, por suas frases engraçadas. Uma delas diz: “Futebol é muito simples: quem tem a bola, ataca; quem não tem, defende”. Uma metáfora completamente válida nesse caso. 

Cia Cycle é um workout realizado na bike, com grandes diferenciais na queima de gordura, no condicionamento cardiovascular e na definição de músculos inferiores e superiores: as pedaladas seguem o ritmo intenso da música e, enquanto você pedala, trabalha braços, costas e ombros com halteres e elásticos.

Unidade São José dos Campos Colinas Shopping 12 3904.6000 ciaathletica.com.br


São José dos Campos, março de 2016 | 47

46 | Revista Metrópole – Edição 13

NOTÍCIAS CULTURA

Alquimistas da madeira Luthiers do Vale do Paraíba se destacam e colocam seus instrumentos nas mãos de músicos renomados Henrique Macedo SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

saber escolher e determinar que tipo é adequado para cada parte do violão. “Um instrumento tem, pelo menos, seis tipos de madeira na construção. Costumo usar cedro canadense para o tampo (parte frontal), jacarandá indiano e maple europeu para o fundo e faixas laterais, cedro ou mogno brasileiro para o braço e ébano para a escala. São madeiras consagradas e que dão ótimo resultado”, conta. Para o luthier, um bom violão tem que ter timbre, massa sonora, volume, equilíbrio (entre graves, médios e agudos), ter boa “tocabilidade” e ser afinado. Violões construídos por Lineu Bravo variam entre R$ 11 e R$ 15 mil

Pedro Ivo Prates

té a palavra é sonora. Luthier é uma das profissões que não se consegue explicar por si só, diferente de médicos, engenheiros ou dentistas, que têm suas ocupações bastante claras. Simplista seria dizer que o luthier é quem fabrica instrumentos musicais, pois ele é mais do que isso. Misturando tipos de madeiras, experiência e intuição, ele mergulha numa alquimia que criará algo mágico: a música.. A palavra tem origem francesa e é sinônimo para profissional especializado na construção e no reparo de instrumentos de corda com caixa de ressonância. Lineu Bravo, nascido em Sorocaba, mas taubateano de coração, abraçou essa arte há 15 anos. Filho de marceneiro, Bravo cresceu entre madeiras, tocos, lixadeiras e muita música. Seu pai fazia móveis e “arranhava” um pouco de violão e cavaquinho. Quando podia, sempre o levava às rodas de choro. Com 10 anos, Lineu já tocava um pouco de cavaco e violão e aos 15 fez o primeiro instrumento. “Construí um cavaquinho com restos de madeira e pensei: nossa! Fiz um instrumento! Toquei e era horrível.... Não é só fazer o ‘móvel’. O instrumento é um ‘móvel’ que canta, tem que ter alma”, filosofa Bravo fez mais alguns instrumentos, mas sem se dedicar integralmente. “Tive agência de propaganda, produtora de vídeo, fui professor no aeroclube

de Sorocaba até que, um dia, fui a uma roda de choro e um dos músicos estava com um violão de concertista feito por um luthier. Eu nunca tinha ouvido um som como aquele. O dono do violão deixou o instrumento comigo por uma semana e eu analisei tudo, vi como eram as peças internas, madeiras etc. Dali pra frente, a coisa mudou”. Apesar de existir uma escola de construção de violões, Lineu sempre foi autodidata. “Eu desenvolvi uma técnica própria de fazer o instrumento, baseada em ferramentas que eu mesmo criei”. E as madeiras? Um dos segredos é


São José dos Campos, março de 2016 | 49

48 | Revista Metrópole – Edição 13

Pedro Ivo Prates “O instrumento é um delicadíssimo aparato acústico. Tem luthiers que utilizam a mais moderna tecnologia para medir a velocidade da vibração da nota musical numa determinada madeira, a onda, frequência e para aprimorar a construção. Entre a análise técnica e a intuição, eu fico com a intuição. O meu negócio é fazer fazendo, por meio da sensibilidade. A partir do momento que usei a criatividade, nunca tive problema”, finalizou. Seus instrumentos estão nas mãos de artistas consagrados como Chico Buarque de Holanda, João Bosco e Ana Carolina. Outros músicos, não tão conhecidos do grande público, também apreciam o trabalho artesanal de Lineu, como os violonistas Guinga, Sandro Haick, Alessandro Penezzi e Marco Pereira. A fila de espera chega a um ano e os preços variam de R$ 11 mil a R$ 15 mil.

Dica Quem coloca alma - e até algo mais - na produção de um instrumento é o personagem retratado no filme “O violino vermelho” (Canadá/1998). Na história, o luthier italiano Nicolo Bussotti faz a sua obra-prima para presentear o filho que vai nascer. A produção mostra a saga do instrumento, que vai mudando de mãos ao longo de 300 anos. Um filme sensível, muito bem produzido e que levou o Oscar de trilha sonora original.

para alguns lojistas do Nordeste, Minas Gerais. Tudo o que eu produzo é tudo que está vendido. Tenho uma equipe, entre eles um vendedor que já trabalhou comigo fazendo instrumentos, então ele entende de detalhes técnicos, é especializado. Tem muitas vendas pela internet. Não adianta fazer muito instrumento malfeito. É melhor fazer menos e bem-feito. “Nessa época de crise econômica, eu consegui equilibrar o valor do meu instrumento com o poder aquisitivo nacional. O modelo mais barato está na faixa de R$ 1.400 e o mais caro na faixa de R$ 8 mil a R$ 9 mil. Eu uso madeira cedro rosa no corpo e ébano na escala, tudo certificado”.

Patente criada por Arimatéia cativou músicos e grandes empresas de instrumentos

Músicos

Do côncavo para o convexo O cearense José Arimatéia de Oliveira deixou Barro, um pequeno vilarejo no sertão do Cariri, ainda criança e mudou-se com a família para São José dos Campos. A paixão por música e instrumentos começou cedo. “Quando eu tinha sete anos foi a primeira vez que entendi o que era um instrumento. Meus irmãos pegavam um bambu grosso, cortavam uns filamentos do bambu, colocavam uns pauzinhos de um lado e do outro e tocavam... Eu ficava louco, aquilo me despertou. Até que a gente veio pra São José. Quando eu tinha uns 12 anos, eu fui num show no Sesc e tinha um cara tocando com duas posições um instrumento e ele tocou umas 30 músicas. Eu pensei ‘Caraca...É só isso?’ Aí fui trabalhar com molduras de quadros e me destaquei. Mas a música sempre me acompanhou”. Arimatéia lembra como fez o primeiro instrumento. “Um dia, apareceu um italiano na loja, me cumprimentou e disse: ‘Você vai reformar o meu violino’. Eu dizia: ‘O quê? Você está louco?’ Eu já mexia em violão, fazia algumas coisinhas,

como reparos. Com 16 anos, resolvi fazer um baixo elétrico fretless (sem trastes). Quando o italiano viu, ficou doido. Aí ele disse: ‘agora você está pronto!’ Me entregou o violino e um papel. Quando eu li, não acreditei. Era um tipo de oração: ‘Meu querido violino: prometo respeitá-lo fielmente...’(risos). Fiquei até com medo de por a mão. Reformei o violino do cara e eu já estava com noção, mais detalhista. O italiano adorou. Daí pra frente, não parei mais”. Ao assistir um programa de TV que mostrava um luthier fazendo guitarras na capital paulista na década de 1980, Arimatéia viu que aquilo podia ser uma profissão. “Como eu estava pensando em me casar, encarei e comecei a fazer instrumentos. Nessa época, fazia tudo: viola, cavaco, violão, guitarra, baixo (de 4,

5 e 6 cordas) e bandolim, usava todos os tipos de madeira”, conclui.

Violão vazado O projeto do violão vazado, com o qual ficou nacionalmente conhecido, surgiu na década de 1990. “Eu recebi uma ligação de um músico de Brasília, pedindo um instrumento diferente, que fosse para viagem, prático, como se fosse só um pedaço de pau, mas que afinasse. Eu já estava fazendo umas experiências com instrumentos sólidos e tal. Também culminou que, naquela época, tinha uma moda de móveis vazados, de ferro. Eu dormia numa cama que tinha umas formas assim, meio curvas. Isso me inspirou e eu bolei o violão. Eu percebi que poderia ser um produto em potencial. Quando fui entregar o violão para ele,

comentei: ‘esse instrumento pode virar uma coisa interessante’. Ele falou: ‘você faz o que você quiser, eu pedi o violão, você fez, fique à vontade’. Foi quando eu tive a ideia de colocar um aro em volta do corpo. Não tinha nem a borracha e ficou com a forma que tem até hoje. Foi o protótipo”. “Quando eu comecei a fazer, ninguém tinha colocado o instrumento no mercado. Muita gente dizia que isso já existia. É claro, era uma tendência. Já existiam baixos elétricos verticais que usavam apenas uma madeira em volta do corpo principal, vazado. Eu não criei isso, eu me inspirei em algumas coisas que já eram tendência na época e percebi que não existia um instrumento assim no mercado. O processo de registro de patente do instrumento desenvolvido por Arimatéia

garante a originalidade do violão vazado. “Concederam a patente, foi homologada, publicada e é válida por 25 anos. Até 2026, eu tenho o direito. Alguns fabricantes daqui do Brasil me disseram que iriam derrubar a patente, mas ninguém conseguiu. Uma empresa americana tentou, disse que ia acabar comigo, me mandou um documento com oito páginas, mas não conseguiu. Eles tentaram fazer registro de um instrumento aqui no Brasil no mesmo mês que eu tinha feito o meu mas não foi autorizado por causa da minha patente.” A produção do luthier é artesanal e a maior parte das vendas é feita pela internet. “A gente não consegue produzir muito, então vamos num ritmo mais lento. Eu continuo fazendo um produto de qualidade artesanal. Consigo vender

O instrumento criado pelo luthier está nas mãos de músicos dos mais diferentes estilos – de Roberto Menescal, um dos criadores da Bossa Nova, a Pepeu Gomes. Robson Miguel, violonista com carreira internacional, gravou um show registrado em DVD utilizando o violão vazado. “Ele costuma dizer, brincando, que a história do violão começou com o alaúde e o violão vazado seria o último na escala da evolução. Pepeu Gomes está usando o meu instrumento e gosta muito. Sandro Haick também, um dos maiores músicos da cena instrumental no Brasil”. “Tem muita gente brincando de ser luthier por aí, músicos que fazem cursos. Eu sou um luthier tentando ser um músico e está dando certo. Porque eu compreendi primeiro como é a anatomia do instrumento, o coração, a alma. Certa vez, eu tentei tocar uma música do Dominguinhos na guitarra usando a técnica de ‘two hands” (usando as duas mãos no braço do instrumento). Ali, eu consegui entender o que era uma sanfona. Me apaixonei! Que negócio lindo! Comprei uma e estou estudando.” Quem diria que o “fazedor” de violões e guitarras iria acabar com uma sanfona nas mãos. 


São José dos Campos, março de 2016 | 51

50 | Revista Metrópole – Edição 13

Cultura& Fotos: divulgação

As ‘minas’ piram

DVD&

James Brown The Rise Of James Brown Preço: R$36,90

Dirigido por Alex Gibney e co-produzido por Mick Jagger, o DVD acompanha a impressionante jornada de James Brown, fugindo da pobreza de sua infância até se tornar um ícone da música mundial. Este incrível filme apresenta imagens raras, entrevistas recentes com membros da banda, filmagens históricas e performances incríveis do “Rei Do Soul”.

CINEMA&

LITERATURA&

Batman Vs Superman - A Origem da Justiça

Redação SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

P

arece brincadeira, mas ir a um show do Maroon 5 é ficar em dúvida sobre o gosto do público. Não dá para saber se as pessoas estão lá pela música ou pela figura atraente de Adam Levine. O fato é que os dois gêneros de fãs saem felizes. A banda tocará as músicas do disco “V”, o quinto da carreira e que inclui sucessos como “Maps”, “Animals” e “Sugar”. Mas é óbvio que hits como “This Love”, “She Will Be Loved”, “Makes Me Wonder”, “Moves Like Jagger”, “Payphone” e “One More Night” estarão no repertório da banda. O grupo já vendeu cerca de 30 milhões de álbuns e 48 milhões de singles no mundo, e todos seus laçamentos receberam disco de ouro e platina em mais de 35 países. Os shows acontecem em Porto Alegre no dia 09; em Salvador no dia 13; em Fortaleza (Marina Park) no dia 16/03; em Belo Horizonte no dia 11; São Paulo no dia 19 e Rio de Janeiro (Praça da Apoteose), no dia 20/03. A briga é para arrumar ingresso, mas com paciência você pode se esguelar na frente do palco por qualquer um dos motivos descritos no primeiro parágrafo deste texto.

Guia Politicamente Incorreto dos Presidentes da República Paulo Schmidt

Preço: R$43,90

Assim que foi anunciado, o filme já causou alguns espasmos em fãs de quadrinhos. Esperado como uma das principais estreias, “Batman Vs Superman - A Origem da Justiça” deve entrar em cartaz na última semana de março. O roteiro começa após os eventos de “O Homem de Aço, Superman” dividindo a opinião da população mundial.

Enquanto muitos contam com ele como herói e principal salvador, vários outros não concordam com sua permanência no planeta. Bruce Wayne (Ben Affleck) está do lado dos inimigos de Clark Kent e decide usar sua força de Batman para enfrentá-lo. O longa também marca a primeira aparição da Mulher Maravilha nos cinemas.

Com o habitual sarcasmo que só a família “Politicamente Incorreta” é capaz de trazer, além de muitas ilustrações, este livro desafia de forma divertida e inteligente mitos e verdades pré-concebidas. Uma narrativa envolvente sobre personagens reais, mesmo que eles às vezes pareçam saídos de histórias de terror.

SOM&

Vários Pink Floyd’s - Wish You Were Here Symphonic

(Universal Music) Preço: R$72,90

Comemorando o 40º aniversário do lançamento do álbum original grandes nomes da música internacional se juntaram com a London Orion Orchestra para regravar um dos álbuns de maiores sucessos de todos os tempos do rock mundial. Pela primeira vez na história, “Wish You Were Here” é gravada em som sinfônico, novamente nos mesmos estúdios de Abbey Road onde o Pink Floyd gravara o álbum original. O repertório completo do álbum original faz parte deste novo lançamento, incluindo um bônus “Eclipse” que saiu originalmente no “Dark Side of the Moon” e a capa é inspirada nos projetos gráficos da banda.

The Rolling Stones From The Vault Hampton Coliseum - Live In 1981 (Som Livre)

Preço: R$42,90

“From The Vault” é uma série de concertos ao vivo realizados pelo Rolling Stones. Seu primeiro lançamento, Hampton Coliseum – Live In 1981”, retrata a turnê do álbum “Tatto You” que figura entre a mais bem sucedida daquele ano dentro do mercado da música. A turnê percorreu diferentes lugares durante três meses inteiros de shows somando mais de 50 shows. Esse Kit DVD + 2 CDs, agora chega novo e recém restaurado para os fãs dessa banda que conquistou o mundo.


São José dos Campos, março de 2016 | 53

52 | Revista Metrópole – Edição 13

NOTÍCIAS TECNOLOGIA

Game é coisa séria Com mercado avaliado em R$1,5 bilhão, área de games torna-se emprego promissor no Brasil João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

“V

ai ficar o dia inteiro nesse videogame?” ou “se não melhorarem as notas, corto seu videogame” são frases que ainda ecoam nos pesadelos de quem foi criança ou adolescente nos anos 1990 e 2000. Mas, passadas algumas décadas, o que diriam os exigentes pais e mães ao descobrirem que aquelas horinhas passadas na frente da TV podem ter sido a porta de entrada para uma das mais promissoras carreiras dos novos tempos. Pois é, parece que o jogo virou, não é mesmo? E como virou. A indústria de games não para de crescer e é uma das mais lucrativas do mundo no ramo de entretenimento. Novas plataformas como os smartphones e tablets, somadas à consolidação das redes sociais, multiplicaram as possibilidades do divertimento eletrônico. O resultado é uma estimativa de crescimento de 7,2% do setor em 2016, o que deve fazer com que a indústria de games alcance o dobro das vendas no mercado fonográfico este ano, de acordo com pesquisa divulgada pela PWC (PricewaterhouseCoopers). E neste tabuleiro, o Brasil é um dos principais jogadores. O país é o 4º colocado entre os maiores consumidores de games no mundo e tem um mercado avaliado em aproximadamente R$ 1,6 bilhão, segundo a Abragames (Associação

Brasileira de Desenvolvedores de Jogos Eletrônicos). E o setor, que não dá indícios de retração com a crise econômica, emprega mais de quatro mil pessoas Brasil afora. A tendência é de aumento exponencial deste número. O professor do curso técnico de Programação de Jogos Digitais do Senac São José dos Campos, Laércio Azevedo de Sá, ressalta que se trata de um campo vasto e cheio de oportunidades. Programador, artista gráfico, designer, roteirista, animador, produtor e músico são alguns dos profissionais que podem atuar em um mercado cujo salário chega a ultrapassar os R$ 15 mil. “Hoje o campo é realmente grande e a tendência é de aumentar muito na medida em que as plataformas mobile vão se consolidando. Por exemplo, com a entrada dos tablets de vez nas salas de aula, a demanda por games educacionais aumentou muito e vai crescer ainda mais. O que mais demanda pessoal são as áreas de animadores e programadores, aquelas que constroem o game de fato. A equipe de roteiristas ou de trilha sonora normalmente é terceirizada”, comenta o docente.

Programadores mirins Quando se fala que esta é a profissão do futuro, a máxima é levada ao pé da letra. Em São Paulo cresce a oferta de instituições que oferecem, como atividade extracurricular, aulas de programação para crianças a partir dos 7 anos. Ou seja, as crianças são apresentadas praticamente ao mesmo tempo ao abecedário das letras e ao dos games.

O aluno Renato Guilherme durante aulas na escola de nerds


São José dos Campos, março de 2016 | 55

54 | Revista Metrópole – Edição 13

bastante lúdica, mas já aplicando os primeiros conceitos. Depois disso, a ideia é que o aluno trabalhe com grande parte das ferramentas disponíveis. Quando vai se acostumando com uma, está na hora de aprender outra. Isso ajuda a aumentar o leque e fazer com que ele desenvolva os conceitos, não importa qual seja a ferramenta”, explica.

Medieval Como trabalho de final de ano do curso de computação gráfica, os alunos do Senac Taubaté desenvolveram, no segundo semestre de 2015, uma cidade medieval completa, com direito a aeroporto de dragões, taverna, castelos, entre outras dependências. O projeto aconteceu de maneira coletiva, envolvendo todos os alunos do último ano. A ideia, de acordo com o professor Eduardo Martins, é que o projeto de conclusão de curso ajude a preparar os alunos para diferentes áreas relacionadas ao universo dos games. “São competências importantes que podem ser utilizadas ao longo da carreira dos estudantes. Acredito que atualmente um profissional com capacidade de desenvolver um game pode atuar no ramo do entretenimento, mas também realizar outras atividades, como desenvolver maquetes virtuais, por exemplo, entre tantas outras ligadas a diversas áreas da economia. São competências que valorizam

Aos 7 anos, Heitor Neves demonstra interesse em como fazer games

A maior instituição do gênero, a Super Geeks, começou as atividades em 2013 e já conta com 20 unidades espalhadas por nove Estados brasileiros. A mais nova delas foi inaugurada em fevereiro em São José dos Campos. Um dos diretores da instituição em terras joseenses aposta alto na tradição da cidade como polo tecnológico para atrair a atenção de interessados

pelo universo da programação. “O fato de São José ser a capital da tecnologia já é um grande passo. Podemos nos relacionar com o Parque Tecnológico e programar algumas visitas. Acredito que a experiência dos alunos aqui na cidade vai ser bastante enriquecida pelo fato de estarmos em um lugar com tantos atrativos”, comenta.

O programa curricular se divide em 10 fases, cada uma com a duração de quatro meses. No primeiro estágio, a fase zero, os alunos começam a ter contato com as ferramentas. Na medida em que as fases vão passando, crianças e adolescentes passam a manusear programas mais complexos. “No início, trabalhamos de forma

muito o profissional”, explica.

Educação Com tablets, notebooks e lousas digitais invadindo de vez as salas de aula, os games educacionais ganharam importância nos currículos. Há espaço para tudo: jogos que auxiliam na alfabetização, matemática, português, inglês etc. Seguindo essa tendência, a Secretaria de Educação de São José dos Campos está desenvolvendo um game sobre geografia e história da cidade, o “Sanja Runner”. Desenvolvido no Espaço Maker do Ledi (Laboratório de Educação Digital e Interativa), o jogo faz parte do programa Escola Interativa e provavelmente estará disponível aos alunos da rede municipal de ensino no início do segundo semestre. “Trata-se de uma aventura que se passa nos cartões postais da cidade, como o Banhado e o parque Vicentina Aranha. Em cada fase, o personagem encontra pergaminhos contendo informações sobre a história da cidade. Para avançar, o jogador precisa responder um questionário em que utiliza todo o conhecimento adquirido durante a fase”, explica Roseli Ferreira coordenadora do projeto. A professora é uma apoiadora do uso dos games como ferramenta de ensino nas salas de aula. De acordo com ela, as inovações trazidas pelas novas plataformas só ajudam o professor a tornar as disciplinas mais atrativas aos alunos. “A

aula fica mais dinâmica e os alunos mais participativos. Hoje é fundamental que o professor saiba utilizar essas possibilidades”, conta.

Mercado Se o crescimento do mercado de games cria uma atrativa via de empregos para quem quer desenvolver jogos, o fenômeno também é responsável pelo aumento de espaços destinados aos fãs de jogos eletrônicos. Em São José dos Campos, espaços como o bar Passa de Fase e a loja GeekxTreme fazem sucesso oferecendo aos clientes a oportunidade de jogar seus games preferidos e de estar em contato com todo o universo das sagas eletrônicas. De olho no crescimento deste público, foi criado o espaço World Comics, um quiosque geek situado no Center Vale Shopping e que funciona como uma game house. O estabelecimento iniciou suas atividades em dezembro de 2015 e já vem atraindo a atenção do público no centro de compras. “O sucesso tem sido tanto que estamos já pensando em disponibilizar um esquema de franquias para expandir o negócio. Nossa ideia é trazer inovação e oferecer uma experiência para os amantes tanto dos games quanto da cultura pop. Até 2017 temos a intenção de expandir bastante a marca. A ideia é de, até lá, contarmos com cinco novas unidades”, conclui. 


São José dos Campos, março de 2016 | 57

56 | Revista Metrópole – Edição 13

NOTÍCIAS EDUCAÇÃO Fotos: Pedro Ivo Prates

A ‘superocupação’ do governo estadual Após a ocupação das escolas pedindo a melhoria da rede de ensino, o governo anuncia um aumento de 10% de alunos nas salas Idelter Xavier SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

U

Alunos da rede estadual em São José dos Campos

ma das principais reivindicações no movimento dos alunos que ocuparam as escolas em todo o Estado de São Paulo no final de 2015 foi recentemente ignorada pelo Governo. Oficialmente registrada no Diário Oficial do dia 9 de janeiro deste ano, uma resolução da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo autoriza o aumento de 10% de alunos nas classes da rede estadual. Estudantes da rede estadual ocuparam diversas escolas em dezembro de 2015 e impediram que uma reestruturação acontecesse. Se a tal medida fosse adotada, 93 escolas em todo o Estado seriam fechadas, o que implicaria em diversos problemas, sendo um deles a superlotação das salas de aula. Porém, com a nova resolução, o problema das salas lotadas voltou à tona. Em resposta à Metrópole Magazine, a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo informou que a medida foi tomada apenas para que um ‘teto’, que nunca existiu, fosse criado. A quantidade de alunos continua sendo a mesma desde 2008, com 30 alunos nas classes do Ensino Fundamental I, 35 no Ensino Fundamental II e 40 no Ensino Médio. O que mudou é que agora

existe uma tolerância de até 10% a mais, para casos específicos. Com a nova resolução em vigor, as classes do Ensino Fundamental I podem ter até 33 alunos, as do Ensino Fundamental II até 38 alunos e as de Ensino Médio até 44 alunos por sala. No caso do EJA (Educação de Jovens e Adultos), o número de pessoas na classe aumentou de 40 para 45 alunos, podendo chegar a até 49, caso os 10% sejam utilizados. Tal medida causou a indignação de alguns, como no caso do estudante joseense Ismael Ramalheiro Martins, de 16 anos, aluno da E.E. Joaquim de Souza Candelaria, localizada na região sul de São José dos Campos. “Eu acredito no potencial dos professores, mas é preciso colaborar com eles. As classes já são lotadas e o aumento de alunos nas salas de aula, além de sobrecarregar o professor, prejudicará mais ainda nosso ensino”, afirma. É de senso comum que as escolas funcionam com mais alunos do que o estabelecido por lei, e que isso afeta diretamente no aprendizado dos alunos. Para o professor Cléto Ferreira Rosa Júnior, de 68 anos, que dá aula na rede estadual há 34 anos, seria importante reduzir o número de alunos para garantir a qualidade no ensino. “Sou professor de matemática na E.E. Maria Luiza de Guimarães Medeiros, localizada na região norte de São José dos


58 | Revista Metrópole – Edição 13

Campos, e acredito que se houvesse menos alunos em sala seria mais fácil dar atenção a eles. Muitas vezes eu preciso passar menos exercícios do que o programado para conseguir corrigir as atividades da classe toda e tirar as dúvidas da turma”, afirma Júnior. Atualmente trabalhando no período da manhã e da tarde no colégio, o professor afirma que a quantidade de alunos nas classes em que dá aula vem se mantendo estável, com média entre 40 e 42 alunos. “Agora está estabilizado, mas já cheguei a dar aula em classes com 54 nomes na lista de chamada. Não é nada fácil”, conclui. Os próprios alunos reclamam da medida, afirmando que o excesso de gente em sala de aula culmina em diversos problemas. Para Brenda Vitória Silva Evangelista, de 16 anos, estudante da E.E. Ayr Picanço Barbosa de Almeida, também localizada na zona sul de São José dos Campos, a superlotação das classes é prejudicial ao ensino. “Atualmente minha sala conta com 42 alunos e nos anos anteriores não foi diferente, sempre com mais de 40 estudantes na classe. Acredito que com menos pessoas, o lugar ficaria mais agradável para se aprender as matérias e o os professores podem ser mais rígidos, além de conseguirem dar um rumo melhor para as aulas”, afirma Brenda. Em acomodações nem sempre adequadas, em períodos de calor, onde ventiladores muitas vezes não funcionam, os alunos têm de se concentrar em meio aos demais para conseguir estudar. “Acredito que uma classe do ensino médio com 35 alunos seja o ideal para uma boa aprendizagem. Acima desse número fica complicado tanto para o professor quanto para o estudante”, conclui Cléto.

Outro Lado Nas escolas particulares é possível analisar os dois casos. Existem colégios com excelentes níveis de ensino com 35 alunos

A estudante Brenda Evangelista acredita que o aumento do número de alunos seja prejudicial

por classe e ótimas instituições que mantém a média de 45. Tudo varia de acordo com o método de ensino e da rigidez aplicada para disciplinar os jovens. A diretora e mantenedora do Colégio Opção de São José dos Campos, Janaína Dias, de 39 anos, defende as classes com número reduzido de alunos. “Sem dúvida alguma, quanto menor for o número de estudantes em sala, maior será o rendimento e o fluxo de atenção. Um professor com 44 alunos em uma sala não consegue enxergar a dificuldade de cada um e corrigir erro por erro sem comprometer o cronograma que deve ser seguido”, afirma. “Atualmente trabalhamos com 35 alunos por classe, mas acredito que o ideal seria 30. Infelizmente esta redução é inviável, devido ao custo com relação ao público que atendo, grande parte trabalhadores de indústrias da região. A solução que encontramos é disponibilizar aulas de reforço no período da tarde, sem cobrar nada a mais do aluno, para que as dúvidas sejam sanadas”, conclui Janaína. Já para a diretora do colégio Anglo

de São José dos Campos, Mônica Yumi Kukita Gonçalves, de 47 anos, o ensino pode ser eficaz com as salas mais cheias. “Nossas salas de aula contam com uma média de 45 alunos e os resultados são excelentes. Isso é fruto de todo um contexto, que envolve professores de qualidade, regras disciplinares bem definidas e boas instalações, como salas espaçosas e climatizadas”, afirma. “É bem diferente de colocar 50 alunos em um espaço pequeno, sem ventiladores ou carteiras em bom estado. No Anglo é realizada uma parceria entre toda a equipe da instituição e a diretoria, para que todas as regras disciplinares sejam cumpridas e que as punições sejam feitas de forma eficaz, para garantir a ordem no colégio”, conclui Mônica. O que fica explícito nesta essa situação é o pouco caso escancarado com os estudantes, professores e, principalmente, com a educação. Não ouvir a opinião dos principais afetados e criar medidas que há muito tempo não são respeitadas, diminui ainda mais a expectativa de melhora do cenário da educação pública em nosso país. 


60 | Revista Metrópole – Edição 13

O ‘über’ dos hoteis Airbnb se transforma numa alternativa para o turista que procura um tipo de hospedagem ‘caseira’ que foge das regras hoteleiras

Pilates para idosos realizado por fisioterapeutas especializados. Responsável Técnico: Dr. Roberto Schoueri Jr. CRM 48201/SP

NOTÍCIAS TURISMO

Divulgação

Marcus Alvarenga

Bruna Lemos, empresária joseense, preferiu o Litoral Brasileiro nas viagens de 2016

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

“V

iajar baseado em uma verdade que as pessoas buscam. O sentimento genuíno de conhecer o outro”, relata o empresário de Campos do Jordão, Oskar Kedor, que apostou no diferencial saindo do roteiro comum dos hotéis e imergindo na tecnologia do Airbnb. Os anfitriões e hóspedes não gostam do termo “dispositivo”, pois a nomeação “comunidade” é o que representa os mais de 70 milhões de pessoas que já utilizaram a novidade em todo o mundo. O Airbnb surgiu em 2008, na sala de uma casa de São Francisco, nos Estados Unidos, quando três amigos ofereceram cama e café da manhã para participantes de uma conferência de design que não conseguiram se hospedar nos hotéis lotados. O contato pessoal entre o trio e os visitantes, após oito anos, fez expandir a sala de estar em 2 milhões de acomodações em 190 países. A experiência como hóspede levou o empresário de Campos do Jordão a investir no diferencial na região. “Comecei a ver que as experiências que tive viajando em diferentes casas por diversos países, nunca seria igual se eu fosse um cliente de hotel. Resolvi arrumar uma casinha, para ficar simples e aconchegante, e ver no que dava”, conta. O investimento do Oskar começou em maio de 2015, com apenas uma casa, e seguiu um rumo certeiro, tanto que no primeiro semestre de 2016 o empresário disponibilizou mais três casas para aluguel.

“Tive 36 hóspedes até o momento e nunca tive nenhuma situação de bagunça ou de levarem algo por engano. Passaram por aqui brasileiros, canadenses, suíços e alemães. Quando poderia ter tantas culturas diferentes dentro de casa?”, relata. O Airbnb tenta resgatar a experiência pessoal que os nossos avós tinham quando viajavam. O diretor-geral da empresa no Brasil, Leonardo Tristão, acredita que o brasileiro é um povo hospitaleiro por natureza e muito engajado com a tecnologia, apostando na novidade. A sensação de conhecer as pessoas, e não somente ser servido por profissionais

em grandes redes de hotéis, já conquistou os internautas nacionais e nos tornou um dos principais destinos. O dispositivo divulgou no início do ano os 16 bairros que tiveram aumento de reservas em 2015 e o Brasil ficou como o 9º destino, com a região de Meireles, em Fortaleza. O local fica próximo de uma vila de pescadores, possui uma praia de águas claras, restaurantes e destinos noturnos. O ranking do Airbnb das vizinhanças com aumento de visitas mostra ótimas opções de destinos diferentes. O primeiro lugar ficou com a região do Castelo de Osaka, no bairro do Choo-ku, em Osaka, no Japão.

R$ 240,00

Duas vezes por semana.

Venha fazer uma visita.

/hospitalreger | www.hospitalreger.com.br Rua Prudente Meireles de Moraes, 646/ 670, Vila Adyana, São José dos Campos - SP Tel.: (12) 3923.3251 | 3942.2009

É muito mais viver. HOSPITAL


62 | Revista Metrópole – Edição 13

Nas diversas possibilidades de destinos, o dispositivo também disponibiliza diferentes modelos de acomodação. A procura pode ser realizada por uma casa ou um apartamento inteiro, mas também existe a opção do quarto privativo e do quarto compartilhado. O preço de cada imóvel é de responsabilidade do proprietário, podendo variar entre R$ 40 e mais de R$ 4000. O internauta ainda pode incluir diversos filtros para nivelar de acordo com a necessidade. O hóspede pode buscar por imóveis com internet, piscina, espaço para home office e até um local que o anfitrião fale um idioma desejado. A estrutura de confiança do Airbnb tem início no atendimento 24 horas para hóspedes e anfitriões. Além disso, os turistas contam com uma ferramenta de classificação dos anfitriões, chamada pela empresa de “Superhost”, traduzida como “Super anfitrião”. “Depois que você passa a ser elogiado pela maioria dos hóspedes e ganhar notas no site, além de ser um proprietário engajado, sobe para o nível dois”, explica Oskar Kedor, que se tornou “Superhost” em outubro, após cinco meses de uso. O anfitrião não ganha nada a mais pelo título. É apenas uma questão de ser reconhecido dentro do Airbnb e ter maior visibilidade e confiabilidade nas buscas. Todos os locadores brasileiros têm uma garantia de US$ 1 milhão para cobrir situações no imóvel com a presença do visitante. Entre tantas experiências e novos contatos, a empresa não promete um perfeito relacionamento, pois se trata de pessoas abrindo seu espaço particular para desconhecidos. “Ir para um lugar estranho sem conhecer as pessoas locais não é uma viagem que permite promessas. Você tem que se sentir parte daquele lugar, trocando experiências de forma espontânea”, completa Kedor.

Eventos O Brasil, nos últimos anos, está recebendo

CONSULTE VAGAS DISPONÍVEIS

Conferência do Airbnb na Alemanha, em 2015 C

eventos mundiais, onde pessoas de todos os países buscam acomodações para o período das atrações. O Airbnb, durante a Copa do Mundo de 2014, serviu como ferramenta para 120 mil pessoas de 150 nacionalidades, que se hospedaram em todas as regiões do Brasil. Somente no Rio de Janeiro foram 80 mil leitos por noite. Para as olimpíadas deste ano, a empresa fechou uma parceria com o Comitê Rio 2016 como sendo a única opção de hospedagem alternativa oficial do evento. O Airbnb espera receber 80 mil hóspedes por noite. Os números divulgados em janeiro apresentaram a confirmação de 7.5 mil reservas já realizadas para o período dos jogos.

Hotelaria A novidade tecnológica de hospedagem e alugueis surge no mesmo momento que outros mercados recebem dispositivos e aplicativos que facilitam o contato e acesso dos clientes. As comparações são inevitáveis, a mais comum é em relação ao Uber e o Táxi, qual respectivamente seriam o Airbnb e os Hotéis. Entretanto, a FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação)

afirma que a entrada do Airbnb no Brasil não alterou a dinâmica do mercado hoteleiro. “A locação de imóveis para estadias curtas, sempre existiu, por meio da operação direta de proprietários ou das imobiliárias e administradoras de imóveis. O Airbnb veio como uma plataforma para reunir em um só local, com uma amplitude internacional”, explica Luciana Rivoli, diretora de negócios e planejamento da FBHA A diretora da federação ainda desmitifica o comparativo que o Airbnb seria para os hotéis, o que o Uber é para os taxistas. “A única semelhança entre essas duas duplas é a confusão que criam em relação ao tipo de serviço prestado, fomentando uma disputa que não existe. Tanto o Airbnb quanto o Uber atendem a públicos diferentes daqueles atendidos pelos hotéis e pelos táxis”. Segundo a FBHA, a grande alteração no mercado gerado pelo crescimento do Airbnb foi a ampla visibilidade das pessoas físicas que já locava seus imóveis. “Antes restrita ao boca-a-boca dos amigos ou aos cadernos de classificados dos jornais, que inovaram ao transferir para os celulares e computadores a oferta de serviços”, finaliza Luciana. 

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Oficina de Arte e Cultura (Musicalização e Teatro) | Expressão Corporal | Prevenção Odontológica | Inglês ATIVIDADES COMPLEMENTARES Educação Física | Capoeira de Angola | Projetos Tecnológicos, Ambientais e Sociais | Lego ® Education Dança (Balé e Sapateado) | Acompanhamento Nutricional e Psicopedagógico INCLUÍDAS:

A Escola Grilo Falante acredita no desenvolvimento das capacidades das crianças desde o Berçário até a Educação Infantil. Com uma filosofia que destaca a ética e a moral, constrói com as crianças um ambiente de carinho e respeito, onde o cuidar e o educar estão sempre em equilíbrio.

Unidade 1 (Berçário e Educação Infantil): Rua Santa Elza, 218, Vila Adyana ( (12) 3911.4367 Unidade 2 (Berçário): Av. Barão do Rio Branco, 78, Jd. Esplanada ( (12) 3322.7488 www.escolagrilofalante.com.br /escolagrilofalante Aqui é divertido aprender.


São José dos Campos, março de 2016 | 65

64 | Revista Metrópole – Edição 13

Gastronomia&

Divulgação

Tradição centenária Bar do Alemão de Itu traz para São José dos Campos a receita famosa do seu parmegiana Adriano Pereira SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

D

eterminar onde nasceu a receita do filé à parmegiana é quase um desafio. Você que gritou Itália, pode esquecer. Se você chegar por lá procurando o prato, vai ficar sem comer. São várias as revindicações de paternidade - tem até argentino dizendo que foi inspirado em um lanche servido na frente do estádio do Boca Juniors - mas a verdade é que ninguém consegue determinar uma origem exata. O que a gente pode determinar é que o filé à parmegiana é uma receita tradicional. E já que estamos falando de tradição, que tal 114 anos dela? Pois é com essa bagagem que o Bar do Alemão de Itu abre a primeira unidade na RMVale, lógico, com a bandeira de que o filé a parmegiana é uma criação deles. Em 1902, a família Steiner abriu na cidade de Itu, no interior paulista, a Confeitaria Alemã. Além dos pães e doces alemães, no final da tarde a casa reunia quem se interessasse por uma cerveja gelada e o “Bife do Steiner”, uma receita de carne acebolada, frita na manteiga e com um belo molho de tomate por cima. Com a intenção de variar o cardápio, o patriarca Adolf Steiner criou o “Orelha de Elefante”. “Ele abriu o filé mignon com uma ferramenta criada por ele e que ao mesmo tempo que deixava a peça de filé maior, não quebrava os nervos e

nem eliminava o sulco da carne”, conta Marcel Fleischmann, um dos sócios da casa. A partir daí, o molho - que também é uma receita exclusiva, com textura mais rala -, o queijo prato e o parmesão foram adicionados para criar um dos filés à parmegiana mais famosos do Brasil. A receita é realmente diferente. Não é um filé alto, muito pelo contrário, mas que não fica seco nem duro. O molho que não traz quase nenhuma acidez e a quantidade certa de queijo completam o sabor do prato de porção farta. Mas daí você deve se perguntar: mas Bar do Alemão servindo parmegiana? Sim, a receita é um patrimônio da marca, mas não seria por essa razão que o cardápio não teria pratos tradicionais da gastronomia alemã. Kassler, eisbein, salsichas e até a celebrada apflestrudel (torta de massa folhada recheada de maçã) também figuram como boas opções.”As porções são realmente generosas, seguindo a tradição do sul da Alemanha”, diz Fleischmann.

Petiscos Entre os aperitivos, vale a pena experimentar o Bolinho do Alemão. Bem sequinho e feito com gado angus (uma carne mais macia e saborosa), a porção acompanha bem a carta modesta, porém honesta, de cervejas. Três tipos de mostardas caseiras servem um toque a mais aos quitutes. Ainda nos petiscos, para acompanhar o chopp gelado, a porção que traz salsichas variadas também agrada. O

A receita de 114 anos do parmegiana; um clássico do Bar do Alemão


66 | Revista Metrópole – Edição 13

O Joelho de porco é uma das receitas alemães que figuram no cardápio

PRA SABER O QUE ACONTECE EM SÃO JOSÉ, VÁ ATÉ A CÂMARA. OU TRAGA A CÂMARA ATÉ VOCÊ. Acompanhe as sessões da Câmara Municipal, toda terça e quinta, a partir das 17h30, na Rua Desembargador Francisco Murilo Pinto, 33 – Vila Santa Luzia. Você também pode saber tudo o que acontece, ao vivo, sintonizando a TV Câmara nos canais 7 digital ou 29 analógico da NET. Ou do seu computador, tablet ou smartphone, acessando o site da Câmara: www.camarasjc.sp.gov.br .

salsichão branco frito perde um pouco da textura, mas a porção também traz uma versão cozida para os menos aventureiros. E se estamos falando de tradição, não deixe de experimentar os pães caseiros com receitas que seguem idênticas desde quando a família Steiner ajudava a criar a fama de que em Itu tudo é grande. Siga no mesmo caminho até o apflestrudel e pronto, sua incursão pelas criações da família Steiner estarão quase completas, afinal, sempre tem algo para conhecermos. 

Fachada da casa original, em Itu

www.camarasjc.sp.gov.br


São José dos Campos, março de 2016 | 69

68 | Revista Metrópole – Edição 13

Social&

Livro celebra 40 anos de carreira

por Rosi Masiero Alessandra França / Divulgação

Curvas na moda Débora Fernandes é estilista, ex-modelo e blogueira de sucesso na área da moda plus size. Depois de anos lutando para entrar em um “padrão estético” estabelecido, ela descobriu que poderia amar suas curvas. Uniu a profissão ao corpo curvilíneo, pois sempre acreditou que moda e autoestima tinham uma ligação muito forte, e há seis anos resolveu falar sobre o assunto. Desde então, ela vem dando dicas de tendências, tecidos e modelagem no Blog Débora Fernandes Plus.

Sem medo de ser feliz Um conceito de valorização da mulher por meio de exercícios físicos. Essa é a proposta da idealizadora do projeto #ForçaRosa Assessoria Esportiva, Marcela Ramos.

Divulgação

Segundo ela, o diferencial da empresa é a luta contra o sedentarismo e não contra a balança. O lema é “se mova pela vida”. A esportista e ex-atleta começou a

Pedro Ivo Prates

realizar este seu sonho ao se formar em Santos. Durante nove anos, trabalhou com obesidade infantil, sendo a única atleta vinculada a uma grande emissora de televisão. Foi para o Rio, depois Taubaté e há dois anos está em São José dos Campos. Todos os dias, Marcela e a coordenadora Luana Gomes iniciam o trabalho bem cedo, às 5h. As atividades começam no Campo do Esplanada, depois na Praça do Aquarius, Vila Industrial e Parque Industrial. “Não falamos de peso ou de padrões, mas sim sobre o sedentarismo”. Atualmente, elas abriram um espaço na Rua Teopompo de Vasconcelos para atender as aulas em dia de chuva. Como não poderia ser diferente, a cor rosa é encontrada em todos os cantinhos do espaço.

Com um currículo invejável, a escritora Ludmila Saharovsky completa em 2016, 40 anos de carreira. Para comemorar, deve lançar o livro “Cem Crônicas Escolhidas e Alguns Contos Clandestinos”, um resgate de seus trabalhos desde 1976, que foram publicados em vários jornais e revistas. A escolha foi feita pela poetisa e amiga Dyrce Araújo. “Creio que será um livro interessante, pois há muito tempo é cobrado pelos meus leitores”. Ludmila é cronista na revista Metrópole Magazine, nascida no campo de refugiados Lager Parsh, em Salzburg, Áustria, após o término da Segunda Guerra Mundial. Na década de cinquenta, imigrou com sua família para o Brasil. Escritora, poetisa e dramaturga com obras coreografadas e encenadas por companhias brasileiras de dança e teatro, Ludmila ainda ministra cursos de folclore e criação literária. Já conquistou vários prêmios e homenagens. Além disso, ela mantém o blog Espelho D’água. Divulgação

Beleza joseense O joseense Jefferson Roberto está desde o ano passado morando em Londres. Com inglês fluente, ele vem trabalhando como modelo para marcas famosas como Prada, Loius Vuitton, Max Mara, Bottega Veneta, London Fashion Awards. Ele revela que já encontrou famosos com Mick Jagger, David Beckham, entre outros. Mas seu grande objetivo é deslanchar no exterior com sua marca de roupas, a “Le Costume”, que abrange polos, camisas e camisetas.


São José dos Campos, março de 2016 | 71

70 | Revista Metrópole – Edição 13

Arquitetura&

Unir ambientes foi a opção para o uso do espaço

Por Adeline Daniele

Ambientes misturados

É possível integrar os ambientes de um apartamento de forma criativa

A

Natália Traunmüller e Lucas Sonnewend – ARQUITETOS

Fotos: Carol Tomba

o projetar um apartamento no Jardim Aquarius para um casal com duas filhas jovens, em São José dos Campos, o grande desafio da arquiteta Carla Sampaio foi integrar os ambientes, mantendo a harmonia na decoração de cada ambiente. Com uma área de 192 metros quadrados, o imóvel teve um de seus quatro quartos transformado home theater. Na suíte do casal, a porta do banheiro foi removida para integrar o cômodo com o quarto e ganhar mais espaço. Outra grande integração foi na sala de estar, cozinha e na área gourmet. “A proprietária gosta de cozinhar e queria que esse espaço fosse bem aberto. Por isso, tiramos a porta da sacada e estendemos a bancada para juntar os ambientes, de forma que se ela estivesse na cozinha, ainda poderia interagir com os convidados”, afirma Carla à Metrópole Magazine. As suítes das duas filhas jovens também precisaram de um trabalho especial. Em parceria com a Atual Marcenaria, Carla projetou os quartos de forma que elas pudessem ter bastante espaço nos armários. Em um dos banheiros foi possível aproveitar um canto para colocar uma sapateira espelhada. Segundo a arquiteta, para manter a harmonia em cada um desses espaços, o segredo foi utilizar tons neutros e claros, proporcionando amplitude ao ambiente combinando com materiais diferentes como mosaicos, espelhos, tapeçarias, tapetes e itens de marcenaria. As cabeceiras das camas, por exemplo, foram feitas com tapeçaria. O trabalho em gesso também foi essencial. “Quando você tira uma parede, as vigas podem ficar expostas e, com o trabalho de gesso, conseguimos contornar para ter mais harmonia e não deixar nada evidente”, explica a arquiteta. 


72 | Revista Metrópole – Edição 13

Os quartos foram projetados para que tivessem bastante espaço nos armários (foto acima); ao lado, o projeto atende ao pedido do cliente que gosta de cozinhar, unido ambientes de diferentes usos


74 | Revista Metrópole – Edição 13

Pilates para idosos realizado por fisioterapeutas especializados.

Crônicas & Poesia

Narciso

Responsável Técnico: Dr. Roberto Schoueri Jr. CRM 48201/SP

por Alexandre Correa Lima

T

rês décadas se passaram desde que os debochados roqueiros do Ultraje a Rigor fizeram reverberar pelas FM’s do país o conhecido refrão “Eu me amo”, mas seu conteúdo nunca soou tão atual. Vivemos a epidemia do selfie, do culto ao corpo, da auto propaganda, da apologia deslavada ao Eu. Munidos de nossos potentes smartphones com câmeras frontais (pra que uma câmera frontal se não para saciar o nosso vício de nós mesmos?), propagando ao mundo uma felicidade fugaz com filtros retrô e uma beleza artificial fabricada no Photoshop. Vazios de conteúdo e carentes de aprovação social, estamos nos tornando viciados em curtidas, como ratos de laboratório a espera de mais uma dose de ração. Uma pesquisa realizada com estudantes e publicado no periódico Social Psychological and Personality Science mostrou um alarmante crescimento nos casos de personalidade narcisística nos últimos anos. Não é a toa que a nova geração foi apelidada, nos EUA, de MeMeMe (mi mi mi, ou eu eu eu), em alusão a esse comportamento mimado, típico de jovens auto centrados, incapazes de lidar com as frustrações inerentes à vida. É claro que precisamos de alguma dose de amor próprio. Até Jesus recomendou que amássemos ao próximo como a nós mesmos. Mas amor próprio é algo bastante diferente de Narcisismo, uma espécie de paixão egoísta por si mesmo. O termo remonta à Mitologia Grega. Diz a lenda que Narciso, filho da Ninfa Liriope e do Deus Cephisus, era um

jovem de beleza tão extrema que apaixonava a todos que o viam. Entretanto, não era capaz de amar, pois acreditava que ninguém estava a altura da sua perfeição. Sua beleza, seu fim. Um dia, caminhando num bosque, descansa a beira de um lago e contempla o seu reflexo. Apaixonado pela própria imagem, tenta agarrar a si mesmo e desaparece nas profundezas das águas para todo o sempre. Não é a toa que o radical de Narciso na Grécia antiga é Narke, que significa Entorpecimento e deu origem não apenas a palavra Narciso, mas também a Narcótico. A vaidade cega. É preciso

compreender que a beleza do mundo está mais na profusão das diferenças do que na apreensão dos reflexos. Contra o pedestal da beleza a marcha implacável do tempo:Cronos traz a inexorável decadência da carne, a derrocada do corpo. Nessas horas, o espelho reflete apenas a solidão do encontro com nosso verdadeiro eu, afogado nas profundezas das águas que um dia nos iludiram e hoje apenas nos devoram, impiedosas! Alexandre Correa Lima, 44, é administrador de marketing e pesquisas, palestrante e escritor diletante. Nasceu em Curitiba, mas já mora no Vale do Paraíba há 3 décadas, atualmente em Cruzeiro.

R$ 240,00

Duas vezes por semana.

Venha fazer uma visita.

/hospitalreger | www.hospitalreger.com.br Rua Prudente Meireles de Moraes, 646/ 670, Vila Adyana, São José dos Campos - SP Tel.: (12) 3923.3251 | 3942.2009

É muito mais viver. HOSPITAL



Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.