Metrópole Magazine - Dezembro

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Dezembro de 2015 – Ano 1 – nº 10 – Distribuição gratuita

Corrente do bem Conheça histórias de pessoas que abriram mão das suas vidas para ajudar o próximo REGIÃO

ENTREVISTA

Quem vai cuidar dos nossos velhos? Fomos ver de perto a situação dos idosos

“Temos que respeitar a população, é ela que mora na cidade e é ela que vai ter que escolher”

pág. 26

Claude Mary de Moura (PV), pré-candidata à Prefeitura de São José dos Campos

pág. 14




Revista – Edição JoséMetrópole dos Campos, Julho 10 de 2015 4 | São

metr pole magazine

EDITORIAL

RENÚNCIA EM PROL DO PRÓXIMO

Diretora-executiva

Regina Laranjeira Baumann

Editor-chefe interino

Eduardo Pandeló

Editor

Adriano Pereira

Revisão

Click Textos

Comercial

Fabiana Domingos Alyne Proa Priscilla Xavier Elaine Mauro Adeline Daniele

João Pedro Teles Num momento onde afloram escândalos financeiros, guerRepórteres Moisés Rosa ras, descaso com a vida e o meio ambiente, tudo, sempre, com o fim de obter vantagem econômica, a Metrópole Magazine foi Rodrigo Ribeiro ouvir histórias de pessoas que renunciaram sua vida pessoal Thiago Fadini e a de seus familiares para ajudar a melhorar a vida de outros semelhantes. Quando a opção nasce no coração é inteligível. Adriano Pereira e Arte CONHECE,Diagramação CONHECE BDO Mas como será para os cônjuges e filhos, estes que,QUEM muitas vezes, Ainara Manrique nascem dentro de um espaço onde se divide a sala, aUma cozinha das Big 5 Carol Tomba e a televisão com moradores de rua ou usuários de drogas Líder noem middle market Flávio Pereira recuperação? Colaboradores 21 escritórios no Brasil Idelter Xavier

Audit | Tax | Advisory

O que move estas pessoas que se colocam em posição diametralmente contrária a dos políticos que armazenam milhões de reais em contas bancárias, ignorando a coletividade? Qual o sentido de fazer o bem, ainda que apenas para umas poucas pessoas, e como isso se reflete ao olhar do mundo? Nesta edição, a Metrópole Magazine buscou as respostas para estas questões.

Muitas vezes a vontade de colaborar esbarra na desconfiança ou desconhecimento. Assim, relacionamos uma série de entiTel (55 12) 3941 4262 dades para que você, leitor, neste mês de dezembro, quando se www.bdobrazil.com.br comemora o nascimento do homem que revolucionou a humanidade, ensinando o conceito de caridade, humildade e amor ao próximo, possa conhecer um pouco do trabalho realizado na região, bem como compreender a carência que pode ser suprida com pequena ou grande ajuda, mas, essencialmente, com a atenção que devemos dispensar aos nossos semelhantes.

Pedro Ivo Prates Rogério Marques

Arte

Gabriel Gaia

Mídias Sociais

Lucas Henrique

Departamento Administrativo

Maria José Souza Gabriela Oliveira Souza Tiragem auditada por:

Visite nosso site

Boa leitura.

Metrópole Magazine Avenida São João, 2.375 –Sala 2.010 Jardim das Colinas –São José dos Campos CEP 12242-000 PABX (12) 3204-3333 Email: metropolemagazine@meon.com.br

A revista Metrópole Magazine é um produto do Grupo Meon de Comunicação Tiragem: 15 mil exemplares

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PRA SABER O QUE ACONTECE EM SÃO JOSÉ, VÁ ATÉ A CÂMARA. OU TRAGA A CÂMARA ATÉ VOCÊ. Acompanhe as sessões da Câmara Municipal, toda terça e quinta, a partir das 17h30, na Rua Desembargador Francisco Murilo Pinto, 33 – Vila Santa Luzia. Você também pode saber tudo o que acontece, ao vivo, sintonizando a TV Câmara nos canais 7 digital ou 29 analógico da NET. Ou do seu computador, tablet ou smartphone, acessando o site da Câmara: www.camarasjc.sp.gov.br .

www.camarasjc.sp.gov.br


6 | Revista Metrópole – Edição 10

MÃE DO RÚGBY Como o amor ao esporte fez uma enfermeira se tornar árbitra de Rúgby e fortaleceu os laços entre uma mãe e seus dois filhos.

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50

VICENTINA ARANHA Historiadores revelam que o antigo sanatório tem uma ligação mais forte com a vida do que com a morte.

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POR MAIS QUALIDADE DE VIDA São José dos Campos vem se tornando um refúgio para famílias interessadas em fugir da agitação de São Paulo.

Sumário 14

ENTREVISTA Claude Mary de Moura abre o coração e fala de administração pública, ideologia política, desenvolvimento econômico, meio ambiente, sonhos e eleições.

44

22

SAÚDE COM TECNOLOGIA Jovem cientista da Univap desenvolve dispositivo que traz uma esperança para pacientes com Alzheimer.

BRINCADEIRA SEM GRAÇA Lei obriga as escolas a desenvolverem medidas de conscientização, prevenção e combate ao bullying. Veja o que as escolas da região estão fazendo.

Trabalhadores lesionados Veja como está a situação de profissionais incapacitados por acidente ou doença que buscam se readaptar e reabilitar para o retorno ao mercado de trabalho, mesmo sem o apoio necessário das empresas que os empregam

7 10 12 48

Pedro Ivo Prates

34 Espaço do Leitor Aconteceu& Frases& Cultura&

62 66 68 74

40

VIVER E ENVELHECER A população de pessoas com mais de 65 anos em São José deve mais que dobrar até 2030. A Metrópole Magazine foi ver de perto a situação dos idosos.

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ESPÍRITO NATALINO

Entidades que desenvolvem ações sociais e não têm nenhuma ajuda oficial sobrevivem do empenho de benfeitores e trabalho de voluntários.

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VAI VIAJAR? Descubra ótimas opções para aproveitar os feriados de final de ano, mesmo que de última hora.

Gastronomia& Social& Arquitetura& Crônicas&Poesia


São José dos Campos, Dezembro de 2015 | 7

Espaço do Leitor Edição 9 – Novembro de 2015

QR CODE

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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Para dar mais dinamismo e interatividade entre Metrópole Magazine e Portal Meon, esta edição possui uma série de QR Code em que, por meio do celular, você, leitor, é direcionado para o Meon, seja para uma versão online ou o complemento das reportagens. O QR Code é um código de barras em 2D que é escaneado pela câmera fotográfica dos aparelhos celulares. Para que esse código possa ser lido é necessário que o usuário baixe um software de leitura. Esses

Novembro de 2015 – Ano 1 – nº 9 – Distribuição gratuita

“Eu faria do mesmo jeito” Fomos até a Fundação Casa para ouvir dos menores sobre a redução da maioridade penal

COMPORTAMENTO

CIÊNCIA

Da indústria do Os casos de racismo nas redes sociais mostram o quanto ainda espaço à geração de temos que evoluir para vivermos renda, a tecnologia numa sociedade que respeite pode ajudar o país a sair da crise todas as diferenças pág. 28

pág. 19

14 | Revista Metrópole – Edição 9

ENTREVISTA Pedro Ivo Prates

Nada me detém! Ao completar 80 anos, Ronald Levinsohn dá um exemplo de vida e cobra liberdade para os jovens criarem e empreenderem

Eduardo Pandeló SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

Metrópole Magazine foi recebida, no Rio de Janeiro, em um amplo escritório cercado por centenas de livros, num acervo de autores nacionais e estrangeiros – muitos deles raros. Livros e mais livros, em sua maioria lidos pelo empresário que procura se cercar de cultura, familiares e amigos. No ambiente, porta-retratos com fotos dos membros da família – a mais recente do aniversário recém-comemorado. São recordações que contam a história desse entusiasmado empreendedor que acaba de completar 80 anos. Não esperamos nem cinco minutos para vê-lo entrar caminhando a passos lentos (de quem se recupera de uma cirurgia). Depois de uma calorosa recepção e, com rápida percepção de

nossa curiosidade, ele começa a identificar os personagens das fotos. Com memória invejável, esse octogenário guarda no olhar um brilho e uma vivacidade peculiares. Culto, extremamente inteligente, contador de histórias, e de uma simplicidade surpreendente, é dono de uma personalidade forte e de uma história de vida pautada pelo empreendedorismo, coragem, ousadia e muitas polêmicas. Essas características transformam o empresário Ronald Guimarães Levinsohn em testemunha ocular da história, defensor da liberdade, da livre iniciativa, da democracia, do capitalismo e, como ele mesmo diz, um apaixonado por São José dos Campos. Nascido na cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, em 1935, ele é filho de pai inglês e mãe argentina, e neto de um executivo da Swift Foods Company, vindo da Inglaterra para construir um

imenso frigorífico na cidade portuária de Rio Grande. Aos 17 anos, foi morar em Nova Iorque. Empresário de sucesso, possui diversos negócios em vários estados do Brasil, e nos EUA. Foi dono do Grupo Delfin e reitor do Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro (UniverCidade). Veio para São José dos Campos em 1975 e foi sócio de Rodman Rockefeller no empreendimento Cidade Vista Verde. Levinsohn comprou o imóvel onde hoje estão localizados o condomínio Jardim Colinas, o Colinas Shopping e o Jardim do Golfe, e afirma: “Nada me detém”. Em cerca de duas horas de conversa, o dono do Colinas Shopping falou sobre São José dos Campos, empreendedorismo, política, corrupção, mercado, capitalismo, socialismo e tecnologia – tema pelo qual se diz atraído.

aplicativos podem ser baixados gratuitamente. No iPhone, basta acessar a App Store e buscar pelo aplicativo Qrafter. No sistema Android, o software QR Droid está disponível no Android Market. A leitura de um QR Code é rápida e simples. Depois de instalado o aplicativo, posicione a câmera digital sobre o código para que ele seja escaneado. A partir daí, o aplicativo irá redirecioná-lo imediatamente para o link que está no código.

Edição Gostaria de parabenizar a toda equipe do Meon pela apresentação e qualidade das matérias da edição Nº 9 da Metrópole Magazine. Todas as matérias foram muito bem focadas e conduzidas. Se tiver que escolher; a entrevista de Ronald Levinsohn foi insuperável. Temos que destacar também a excelente matéria, “A resposta está na ciência”. Entendo que todas as matérias alcançaram os objetivos da proposta de informar com conteúdos bem elaborados e importantes para a população. Jorge Ganuza, 67 anos, empresário

Maioridade penal Apesar de o assunto ter sido bastante comentado na época que estava em votação, a matéria mostra um ponto de vista que ficou de fora da maioria das discussões, mesmo sendo o mais afetado. É um tema que envolve muitos discursos prontos, então falar disso num veículo da região é legal para provocar uma movimentação na opinião pública local. É uma forma de abrir uma nova abordagem para esse tema e trazer o debate mais para fatos do que para preconceitos. Lucas Henrique de Siqueira, 21 anos, Analista de Marketing - Via Facebook Eu sou contra a diminuição da maioridade penal porque não vejo isso como solução. É só mais uma maneira de tapar o sol com a peneira. Ao invés disso, deveríamos investir mais na educação pública (o que é sempre deixado de lado pelos políticos) e também em meios de reabilitação desses jovens. Um jovem com educação não vai ver o crime como a única opção a seguir na vida. Barbara Rebelo Tebecherani, 25 anos, Desempregada - Via Facebook

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Artigo&

Você se considera uma pessoa resiliente?

S

abiamente, Carlos Drumond de Andrade escreveu: “A dor é inevitável. O sofrimento, opcional”. Em sua lucidez poética, Drumond já reverenciava uma das maiores competências do Ser Humano, atualmente muito discutida e valorizada no cenário organizacional: A Resiliência. O conceito de Resiliência na Física é a capacidade que um material possui de absorver energia ou pressão e retornar a sua forma original, quando não mais submetido à determinada pressão ou energia. Já nas Ciências Humanas, mais especificamente nas que estudam o Comportamento Humano, o termo

Resiliência é reconhecido em pessoas que possuem a capacidade de enfrentar e se adaptar diante de acontecimentos adversos vivenciados em suas vidas. Nesse sentido, é possível conceber a Resiliência como a capacidade de renovação e transformação das pessoas diante de desafios que, num primeiro momento, se pensa não haver solução. Uma pessoa resiliente possui a capacidade de manter seu equilíbrio emocional diante de situações de pressões e estresse. Todos nós podemos ser resilientes, ou seja, podemos desenvolver essa habilidade de lidar com situações difíceis e retornar mais rapidamente ao equilíbrio emocional.

Seguem alguns comportamentos que ajudam uma pessoa a desenvolver e potencializar sua resiliência: disciplina, determinação, alta autoestima, automotivação, otimismo. Ser resiliente é não focar no problema, e sim na solução. É ser um Empreendedor de ideias, correr riscos, enfrentar cada situação de tensão com o pensamento do que pode ser feito, e não estagnar na dor causada pela situação adversa... É não desanimar, é manter o autocontrole! Rosana Calobrisi é Mestre em Educação com enfoque em Neurociência, Pós-Graduada em Psicologia do Desenvolvimento Humano, Graduada em Letras. Atua como Consultora em Recursos Humanos há mais de 20 anos e como Coach há 8 anos. Professora de Graduação e Pós-Graduação.



10 | Revista Metrópole – Edição 10

Aconteceu& Novos representantes da OAB são eleitos

Divulgação

Os novos representantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) da região foram eleitos no último dia 18 de novembro. Em São José dos Campos, o novo presidente é Rodrigo de Moraes Canelas (foto), com mais de 100 votos de diferença para a segunda chapa. Já Taubaté, reelegeu Luiz Guilherme Paiva Vianna como presidente. Em Jacareí, foi eleita Ana Maria Ribeiro; em Ubatuba, Thiago Penha de Carvalho foi reeleito. Em Cruzeiro, Alexandre Louzada foi reeleito. Demais resultados podem ser consultados no site http://www.oabsp.org.br.

Com projeto inovador, estudante joseense ganha intercâmbio nos EUA

Adeline Daniele

No terceiro ano do ensino médio, a estudante joseense Ana Luíza Ribeiro, de 17 anos, aluna da Escola Estadual Ilza Irma Moeller Copio, foi um dos jovens selecionados para representar o Brasil no Programa Jovens Embaixadores, que levará 50 alunos com projetos inovadores para um intercâmbio de um mês nos Estados Unidos. Para ganhar a viagem, Ana apresentou uma iniciativa na área de saúde, projeto que criou junto com mais três colegas de sua turma. Pensando em ajudar as pessoas com deficiência visual a se locomoverem pela cidade, os alunos criaram um protótipo de uma bengala com GPS.

Divulgação

Cerca de 80 alunos ocuparam a Escola Estadual Miguel Naked Major, no Jardim Morumbi, zona sul de São José dos Campos. A movimentação dos estudantes começou por volta das 15h30, quando foi realizada uma assembleia entre os alunos para decidir pela ocupação. Com apoio da Anel (Assembleia Nacional dos Estudantes Livres) e da UEE (União Estadual dos Estudantes), os alunos decidiram que ficarão na escola em protesto às alterações previstas pelo governo do Estado, que pretende transferir os alunos do Ensino Médio da unidade. A Miguel Naked abrange do Ensino Fundamental 2 (6º ao 9º ano) ao Ensino Médio, na reformulação de ensino proposta pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Aeronáutica confirma explosão de foguete Pouco mais de doze anos depois da tragédia que matou seis profissionais no lançamento de um foguete fabricado no Brasil pela base de Alcântara, a sexta-feira de 13 de novembro marcou mais uma explosão de um foguete produzido pelo DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia). O foguete suborbital VS-40M V3 fazia parte da operação São Lourenço e levaria ao espaço o sistema de medição inercial e um GPS, desenvolvidos pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em colaboração com o IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço) de São José dos Campos. O foguete explodiu no início do movimento de ignição e foi perdido. Não houve feridos no incidente.

Divulgação

Alunos ocupam escola estadual na zona sul de São José dos Campos


São José dos Campos, Dezembro de 2015 | 11

Divulgação

Vale Sul apostou na decoração de Natal Divulgação

Divulgação

A moradora de Caçapava, Telma Rodrigues, 41 anos, já resgatou mais de 1 mil animais das ruas. Motivada pela vontade de ajudar os bichinhos, Telma disponibiliza um espaço em uma chácara que aluga na região rural da cidade para cuidar dos animais. Hoje, ela trabalha como assistente administrativo. Por mês, a protetora tem gastos em torno de R$ 10 mil, entre atendimentos veterinários, alimentação e outros.

Antigo prédio da Tecelagem Parahyba desaba Divulgação

A chegada do Papai Noel ganhou um glamour nos shoppings do Vale do Paraíba. A expectativa de vendas e geração de empregos também é otimista para os lojistas. O Vale Sul Shopping traz este ano muita tecnologia para a temporada de Natal. Desde o dia 12 de novembro o shopping traz a decoração de Natal, com o tema ‘Seja O Feliz Natal de Alguém’, que contou com a chegada do Papai Noel, realidade aumentada, sorteio de carros, filme de um minuto, livros exclusivos e decoração. O centro investiu aproximadamente R$ 4 milhões. A expectativa é de que as vendas tenham acréscimo de 15% e 11%, em relação ao ano passado. Cerca de 300 vagas de empregos foram abertas. “O Vale Sul fez grande investimento na campanha de Natal, o dobro do ano passado. Será realmente um momento especial para os nossos clientes. Por isso, estamos com expectativas muito positivas para este período, que sempre é o melhor para o varejo”, disse Robson Mikio, gerente de marketing do Vale Sul.

Moradora de Caçapava resgatou mais de 1 mil animais das ruas

No dia 2 de novembro, uma parte do prédio onde funcionava a Tecelagem Parahyba desabou em São José dos Campos. O incidente ocorreu por volta das 12h e ninguém ficou ferido. A antiga construção, que fica no bairro Santana, era usada como depósito de documentos, e perdeu paredes e uma parte de seu telhado. O prédio está interditado e a Defesa Civil ainda investiga as causas do desabamento.

Lucemir do Amaral (PSDB) é eleito novo prefeito de Canas Lucemir do Amaral (PSDB) foi eleito, no último dia 8 de novembro, o novo prefeito de Canas. Ele obteve 55,99% dos votos dos eleitores da cidade, com 1.574 votos. Amaral já ocupava o cargo de prefeito interinamente, após prefeito e vice terem os mandatos cassados pela Justiça Eleitoral. O segundo com mais votos foi Gustavo Lucena (PTB) com 24% dos votos (694 votos), seguido de José Francisco de Almeida (Solidariedade) com 372 votos e José de Castro Silva (PTdoB) com 171 votos. Amaral deve assumir o cargo em 1º de janeiro de 2016, sendo empossado pela Câmara Municipal de Canas.


12 | Revista Metrópole – Edição 10

Frases& Pedro Ivo Prates

A Câmara Municipal não é um balcão de negócios, não está aberta a negociatas, não tem espaço aqui para uma volta à velha política Shakespeare de Carvalho, presidente da Câmara Municipal sobre a votação da Lei de Zoneamento de São José dos Campos

Arquivo Pessoal

É o patrimônio de uma vida toda que, agora, graças a Deus, a gente sabe que não vai perder

Adriano Pereira

Sandra Maria de Souza Perez, de 52 anos, moradora de uma casa no bairro Torrão de Ouro, regularizado pela prefeitura de São José dos Campos

” “

Se nós não nos atualizamos, nós ficamos fora de sintonia com o mundo. Jamais seremos desenvolvidos sem melhorar a educação

Aloisio Mercadante, Ministro da Educação sobre a parceria assinada entre o ITA, a Prefeitura de São José dos Campos, e o MEC para capacitar professores e gestores da rede municipal na área de novas tecnologias


São José dos Campos, Dezembro de 2015 | 13

Divulgação CMSJC

O custo mensal é de R$ 10 milhões. Para que serve R$ 24 mil do governo federal? Esse tipo de divulgação do Ministério é só pra vender manchete

Ivã Molina, provedor da Santa Casa de São José. sobre o repasse de verbas do SUS

Divulgação

Tem que se virar, se reinventar, tem que lutar e matar cinco leões por dia e tem que ficar firme e forte pois é uma profissão como outra qualquer Joca Freire, compositor, cantor e violonista, nas comemorações do dia do músico

” “

Divulgação

Em votação histórica, o Senado também aprovou a obrigatoriedade do voto impresso pra conferir se por acaso tiver alguma tentativa de fraude nas urnas eletrônicas. Foi um processo difícil Eduardo Cury, Deputado Federal (PSDB) sobre a derrubada do veto da presidente Dilma Rousseff (PT) ao voto impresso para conferência na urna eletrônica


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ENTREVISTA

Eu tenho um sonho Pré-candidata à Prefeita, Claude Mary de Moura (PV), sonha transformar São José dos Campos Eduardo Pandeló SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

Metrópole Magazine esteve no apartamento que está provisoriamente servindo de escritório para Claude Mary de Moura, 53 anos, gestora pública, divorciada, mãe de quatro filhos, nenhum deles ligado à política (um biólogo, uma engenheira, uma designer de moda e um advogado). Fomos recebidos por nossa entrevistada em um ambiente agradável e muito bem decorado. Ao entrarmos, nossa anfitriã imedia-

Fotos: Pedro Ivo Prates


São José dos Campos, Dezembro de 2015 | 15

tamente nos convida para irmos da sala à varanda para contemplar a bela vista da região do bairro Esplanada e, até onde a vista alcança, o banhado e mais ao longe a Serra da Mantiqueira. Sorridente, vestindo uma camisa verde em alusão ao seu novo partido político, Claude observa que a vista privilegiada e a qualidade de vida na região precisam ser preservadas, lamentando que a lei de zoneamento possa permitir a construção de novos prédios no bairro. Inteligente, articuladora, agregadora e idealista; a recordista em permanência na Secretaria de Governo do município (foram oito anos nas duas gestões de Eduardo Cury) entende que a experiência política que adquiriu não poderia ficar guardada, mas precisa ser compartilhada com a sociedade em busca da construção de um município mais humano. Nascida em São José dos Campos, Claude viveu a efervescência cultural da cidade no final da década de 70. Segundo seu próprio relato, conviveu com os alunos do ITA e frequentou os barzinhos, o cinema do CTA, os bailes e os encontros da juventude, onde conheceu Emanuel Fernandes, Juana Blanco, Dário Rais, entre outros expoentes da política joseense. Nessa conversa Claude abriu o coração, falou de administração pública, de ideologia, desenvolvimento econômico, lei de zoneamento, meio ambiente e eleições. Depois de sua saída do governo, você ficou afastada da vida pública. Como foi sua volta à cena política de São José dos Campos? Foram 27 anos de filiação partidária e militância no PSDB e, antes disso, militância na juventude do PMDB. Depois das eleições de 2012, optei por me afastar um pouco da política, então fiquei dois anos apenas acompanhando de longe. Isso para pensar

um pouco sobre a minha participação, se eu queria participar, se não queria, e de que maneira eu queria continuar. Fui convidada para montar uma OS (Organização Social), o Instituto Empreendedor do Futuro, que atende jovens talentosos de baixa renda para que possam estudar. Foi um período sabático em matéria de política e administração pública. Recebi vários convites e, com bastante tranquilidade, avaliei que com essa experiência política de muitos anos em administração pública eu não devia parar. Ainda posso dar uma grande contribuição à sociedade, e foi nesse momento que recebi o convite para trabalhar na Câmara Municipal. Como foi sua experiência na Câmara e sua relação com os vereadores membros do “Centrão”? Foram muitos aspectos positivos. Conhecer a dinâmica da casa, como funcionam a parte administrativa, a comunicação, o envolvimento político com tudo isso. Foi interessante conhecer o outro lado da moeda, porque já conheço bastante do executivo, e conheço essa relação entre o executivo e o legislativo. Agora, confesso, eu sou uma pessoa do Executivo. Minha característica é de desenvolver projetos, tocar a administração, articular pessoas. Quando fui convidada havia uma proposta de independência da Câmara e de se criar uma relação nova entre o legislativo e o executivo, e isso é fundamental. Modelos anteriores que foram exitosos, como os que o PSDB praticou, estão se esgotando, não servem mais. Eu imaginei que fôssemos construir alguma coisa nova e, na verdade, passados alguns meses houve uma radicalização e o “centrão” se tornou uma oposição bastante agressiva, e aí politicamente eu entendi que nada de novo aconteceu. Romper com o governo e obstruir suas ações é normal, tem consequências positivas e negativas, mas é normal. O fato é que esse posicionamento trava a administração. Essa foi uma das razões que me levaram a tomar a decisão de sair da Câmara.

Como foi sua ida para o Partido Verde? E como está a preparação para as Eleições de 2016? Eu já tinha uma relação antiga com a militância histórica do Partido Verde, com o ex-presidente estadual do partido, o Marco Mroz, e assim que eu voltei e comecei a trabalhar na Câmara, me convidaram (já haviam me convidado antes). Aceitei com a ideia de resgatar minha origem ideológica em um partido novo, porque quando iniciei na política, minha participação foi puramente ideológica. Eu sentia falta disso no PSDB, porque o partido cresce muito, assume muitos compromissos e acaba perdendo um pouco a sua identidade. Me filiei ao PV há 3 meses, é pouquíssimo tempo, mas a gente se dedicou à formação e estruturação da chapa de vereadores. Hoje, temos uma chapa forte, um pessoal bacana, distribuído em todas as regiões da cidade, com representação em vários segmentos sociais. Agora estamos na segunda etapa, que é fortalecer o partido com novas filiações. Sou pré-candidata à Prefeita, o PV tem intenção de lançar candidatura própria a exemplo de 2012, mas isso não depende apenas da vontade do partido ou minha exclusivamente. O PV tem pouca estrutura, e com menos de um minuto de TV, é praticamente impossível se fazer uma campanha visando o executivo sem uma coligação que fortaleça e amplie o espaço de interlocução. Estamos conversando com vários partidos, algumas conversas bem avançadas, esperamos que até o começo do ano já tenhamos uma definição dos partidos que poderão compor com o PV, e vamos fazer o lançamento oficial dessa pré-candidatura. Houve uma frustração grande com o PSDB e com o processo de escolha do candidato nas eleições de 2012? Se eu disser para você que eu não fiquei chateada, frustrada com a decisão do partido (PSDB), estarei mentindo. Mas eu entendi e superei. Na política essas coisas acontecem. Havia toda uma estrutura interna do partido insuperável, não foi culpa


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minha, nem de quem me apoiava. As coisas se deram dessa forma e paciência. Na política é preciso entender que em alguns momentos você tem que recuar, passar por cima, tocar o barco e ir para frente, nem sempre as coisas são como você espera. Você vê semelhanças entre o PSDB de hoje e o PSDB de 2012. Porquê o partido está perdendo quadros históricos? Acho que tem alguma semelhança sim, acho que todos ali sentiram também uma saturação do partido, nas respostas e nas pessoas que são colocadas pela cidade como militantes. E eu sinto muito. Já se passaram 3 anos e parece que a situação é a mesma, se encontram na mesma encruzilhada, não conseguiram se renovar. Vemos hoje um cenário onde uma única pessoa, o Emanuel (Fernandes), é o divisor de águas. Por isso, nós optamos em afirmar a nossa pré-candidatura, porque parece que a cidade inteira está a reboque da decisão de um homem. Que é um grande líder! Que é uma excelente pessoa! Não tenho dúvida. Mas uma cidade inteira e um conjunto de vários partidos políticos não podem ficar na expectativa da decisão dessa única liderança, por mais querida e

respeitada que ela seja. Não é bom historicamente para a cidade, não é democrático e não há avanço nisso. Vamos construir nossa pré-candidatura no PV, independentemente do que outros partidos decidirem, até como uma demonstração de que as coisas precisam mudar na cidade. Você esteve no governo e participou da elaboração do Plano Diretor de 2006 e da Lei de Zoneamento de 2010. Como vê a nova Lei de Zoneamento? É lamentável que um governo que se dispôs a fazer uma nova lei de zoneamento, tivesse demorado tanto para propor a lei, e não tivesse observado que ia coincidir com o vencimento do Plano Diretor. Nosso Plano Diretor precisa ser revisto, ele é uma carta de intenções. O Plano Diretor deve ser muito mais do que isso, muito mais claro e preciso naquilo que deve nortear o desenvolvimento da cidade, para que se possa fazer as leis adjacentes com qualidade. Várias leis decorrem do plano diretor, e não é só a lei de zoneamento. Entendo que está tudo patinando, mas não vislumbro saída de curto prazo para esse ano. Temos que respeitar a população, é ela que mora na cidade e é ela que vai ter que escolher. Se a

população quer travar o desenvolvimento da cidade, e ela pode optar por isso, terá como consequência menos empregos. Se a população quiser, temos que aceitar, pois o modelo é democrático. Eu não acho que exista modelo pronto de cidade, que podemos copiar. Soluções são possíveis, e é possível atender todas as demandas. Agora, o exercício da democracia não é simples. Construir uma cidade de regras, que cresça, que avance, que mantenha a qualidade de vida, se fosse fácil, seria feito. Como você vê a cidade hoje e qual o seu ideal de desenvolvimento e qualidade de vida para São José ? Temos que atrair o setor produtivo e atrair a indústria. Uma cidade não vive só de comércio, no desenvolvimento da economia não existe um único setor, temos que ir atrás das indústrias, obviamente buscando as de menor impacto ambiental e maior valor agregado. Desenvolver e melhorar o setor de comércio e serviços é fundamental, principalmente para uma cidade que é polo regional. Precisamos de uma cidade sustentável com desenvolvimento econômico, social e ambiental. Temos que sempre olhar todos esses aspectos em cada


São José dos Campos, Dezembro de 2015 | 17

Se eu disser para você que eu não fiquei chateada, frustrada com a decisão do partido (PSDB), estarei mentindo. Mas eu entendi e superei. Na política essas coisas acontecem. Havia toda uma estrutura interna do partido insuperável, não foi culpa minha, nem de quem me apoiava

uma das ações que vamos tomar. Questões importantes como a recuperação do Rio Paraíba e fazer uma política séria de preservação das nascentes em áreas públicas e privadas, por exemplo. E o Partido Verde tem uma pauta extensa que nós pretendemos implantar em São José. Se pudesse tranformar a realidade o que faria ? Eu tenho um sonho. Não estou falando de projeto. Estou falando de sonho. Eu gostaria muito de transformar São José em um lugar que as pessoas visitassem no fim de semana ou que viessem passar férias, porque é uma cidade bonita, tem parques, restaurantes, cinemas, teatros, música, lugares para visitar. São José tem potencial para isso. Nós ficamos entre a Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar, nossa cidade é linda. Isso é um sonho de cidade, e para isso, não precisa de investimento gigante, precisa de planejamento e muita articulação com os atores

que vão promover isso. Precisamos chamar as pessoas e fazer com que brilhem os olhos delas. Tenho esse sonho e vou construir. Mas isso, por si só, não resolve o problema de desenvolvimento da cidade. Você não transforma do dia para a noite a vocação de uma cidade de polo industrial e tecnológico em cidade turística. Não é isso que estou dizendo, as coisas têm que andar juntas. O setor de entretenimento, comércio e serviços traz benefícios e não traz custos para a cidade, porque o turista vem, consome, mas não usa a estrutura de saúde, educação, etc. Esse é um jeito inteligente de trazer arrecadação para São José, que já tem infraestrutura, história, cultura, tem tudo. Precisamos resgatar a convivência entre as pessoas. Minha geração se encontrava com o pessoal do ITA pela cidade. Eu sou nascida aqui e vivi a vida da cidade. São José não é tão grande que não possa ter essa convivência, e nem tão pequena que não possa sonhar ter os projetos que São Paulo tem. Já articulei isso

com vários setores da sociedade, temos gente para isso, temos talento para isso, e existem investidores para isso. Precisa ter projeto! A política, a gestão pública não é só burocracia, é liderar gente, é contaminar as pessoas com um sonho, é articular pessoas em torno de um projeto. Qual sua mensagem para os Joseenses em 2016? Vejo duas coisas bacanas. Primeiro, a esperança não se pode perder jamais, e segundo não esperem tudo do governo, cobrem do governo, trabalhem junto, mas façam sua parte também. Uma cidade se constrói todo mundo trabalhando junto. Se eu tiver a oportunidade um dia de ser a prefeita da nossa cidade, não achem que vou só trabalhar e colocar minha equipe para trabalhar 10, 12 horas por dia. Vou cobrar da cidade também que faça sua parte. Porque o único jeito de se fazer uma transformação profunda é caminharmos juntos nessa transformação. 


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NOTÍCIAS REGIÃO

Enquanto outras cidades da RMVale planejaram seu crescimento com base na atração de empresas, São José derrapa na Lei de Zoneamento

São José dos Campos vive um dilema causado pela falta de uma Lei de Zoneamento

Eduardo Pandeló SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

P

erdendo empregos, com queda em novos empreendimentos da construção civil e com poucas empresas se instalando na cidade, São José dos Campos vive um dilema causado pela falta de uma Lei de Zoneamento. O debate da lei, somente sobre a questão do limite de altura dos prédios, travou a cidade para outros setores da economia, o que nos faz pensar que, na verdade, São José não quer crescer. Ao menos, essa é a opinião do empresário Ronald Levinsohn, proprietário do Colinas Shopping. “São José tem tudo, só não tem vontade. Parecem pessoas que querem viver bucolicamente, numa cidade com poucos mil habitantes”, disse em entrevista exclusiva à Metrópole

Magazine de novembro. Em São José dos Campos, o Gedesp – Grupo de Estudos do Desenvolvimento Econômico, Social e Político, que é formado por lideranças das instituições empresariais da cidade, lançou em novembro o movimento “Agenda Positiva Desenvolve São José”. O objetivo é propor e discutir políticas para a retomada do crescimento e desenvolvimento da cidade. Para o coordenador do Gedesp, Ivair de Paula, “Estamos propondo uma união do Legislativo e do Executivo em torno da Lei de Zoneamento, e outras medidas contra a crise”, resumiu.

Planejar Tanto o Plano Diretor quanto a Lei de Zoneamento são primordiais para a organização das cidades, não só sob o ponto de vista urbanístico, de mobilidade e qualidade de vida, mas também

para organizar e distribuir pelo município as atividades do comércio, indústria e serviços de forma a atrair novas empresas, gerar empregos e renda. Em São José, a Lei de Zoneamento acabou colocando a construção civil como vilã da qualidade de vida. Com a lei em análise na Câmara, as entidades chamaram a atenção para o tema. Paulo Cunha, presidente da Aconvap (Associação das Construtoras do Vale do Paraíba), afirmou que a Lei de Zoneamento é fundamental para a retomada do crescimento, principalmente atraindo indústrias. “A primeira pauta é a lei de zoneamento. Hoje não há uma legislação para que o empresário tenha garantia do retorno de seu investimento”, disse.

Exemplo de sucesso A cidade de Pindamonhangaba

Arquivo Meon

Síndrome de Peter Pan


São José dos Campos, Novembro de 2015 | 19

investiu no planejamento e, para isso, o plano diretor foi muito importante. Diversificar os distritos industriais em pontos estratégicos da cidade, criar polos industriais específicos, entre outras medidas, deram certo. O resultado disso é que Pinda está entre os melhores lugares do Brasil para se investir, segundo o ranking da agência de risco Austin Rating sobre o nível de desenvolvimento econômico de diversos municípios do país. Rubens Fernandes, secretário de Desenvolvimento Econômico de Pindamonhangaba, comemora os resultados alcançados por uma lei de incentivo fiscal simples. “Aqui em Pinda, a lei de incentivo era complicadíssima, e empresário não gosta de coisas complicadas. Então nós simplificamos, apuramos uma Lei já existente e a tornamos compreensível para o empresário”. Com essa lei simplificada, o município partiu para a Guerra Fiscal: Pinda oferece a doação de área, isenção dos tributos municipais em 100%, e ISS de 2%, tudo no período de 5 a 10 anos, conforme o investimento, e número de empregos gerados. Para Rubens Fernandes, o resultado poderia ter sido melhor se não fosse a crise: “Conquistamos alguns projetos, mas logo em seguida começou a crise. Eu e o prefeito Vito Ardito (PSDB), partimos para o setor de comércio e de serviços, porque a indústria já dava sinais de retração”, afirmou. A iniciativa deu certo e a diversificação atraiu um shopping center, uma rede atacadista, dois supermercados e três hotéis. “Diversificando, você tem alternativa para os setores em crise”, completou o secretário. Nos últimos 3 anos, Pinda recebeu 14 novos investimentos entre indústrias, comércios e serviços.

Longo prazo A política de incentivo de Jacareí foi mais ampla. Desde 2003, com a criação

O prefeito Vito Ardito e Rubens Fernandes, secretário de Desenvolvimento Econômico ao receberem o prêmio certificando que Pindamonhangaba está entre os melhores lugares do Brasil para se investir.

do plano diretor, a cidade passou a oferecer previsibilidade e segurança jurídica para os investidores. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Émerson Goulart, com o novo Plano Diretor, Jacareí iniciou seu programa de atração de investimentos. “Quando estabelecemos as áreas destinadas à indústria, ao comércio, etc, e definimos o parâmetro de ocupação de solo do município, iniciamos a atração de novos investimentos”, disse. Mas foi em 2010, quando a lei de incentivo foi reformulada, que Jacareí deu o salto na atração de empresas de todos os setores, muito pelos investimentos feitos em infraestrutura, mas também pelas vantagens em isenção de impostos, como explica o secretário: “Entendemos que a nossa Lei de Incentivo Fiscal não entra na Guerra Fiscal, porque ela prevê

isenção de IPTU apenas para empresas que criam mais de mil empregos e geram riqueza no município. Se ela não dá esse resultado, ela não tem a isenção”, disse. Jacareí oferece a novos investidores 100% de isenção do IPTU em até 20 anos, isso para a empresa que gerar mais de mil empregos diretos; isenção do ITBI em caso de compra de terrenos para construção de novos prédios ou ampliações, e um ISS de 3%. Para Émerson Goulart, a localização estratégica da cidade e a boa logística, com acesso a várias rodovias, são preponderantes para as empresas: “Temos muitas áreas bem localizadas com preços menores que outras cidades”, concluiu. Mesmo com o momento econômico adverso, Jacareí conseguiu atrair novos investimentos de longo prazo, com mais uma grande indústria chinesa, o parque

Divulgação

Arquivo Meon


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Alex Brito/PMJ

automotivo com as empresas fornecedoras para a indústria automobilística, metalúrgicas, comércio e serviços, como supermercados, hotéis e um novo shopping. “Fechamos alguns bons investimentos, mas não podemos esconder que estamos passando por momentos difíceis com demissões na indústria principalmente”, declarou o secretário. “Em 2014, fomos a única das principais cidades da RMVale que fechou o ano com saldo positivo nos postos de trabalho, mas esse ano o resultado é ruim”, disse.

Para o Positiva secretário de “Agenda Desenvolvimento Desenvolve São José”. Émerson O Econômico, objetivo é propor e Goulart, com opara novoa discutir políticas Plano Diretor, retomada do crescimento Jacareí iniciou seu e desenvolvimento programaede atração econômico de investimentos social da cidade

Incentivo ou Guerra Fiscal?

extremo sucesso” disse. Sebastião Cavalli, secretário de Desenvolvimento Econômico, diz que também é preciso pensar nas empresas que estão instaladas na cidade. “Temos trabalhado para criar um ambiente competitivo em São José, um ambiente em que as empresas que aqui estão possam ter a melhor opção, e para que possamos atrair grandes empresas”, afirmou. O vice-prefeito, Itamar Coppio (PMDB), entende que não é bom criar incentivo em momento de crise: “ Não podemos entrar na questão do incentivo. Temos que fazer avançar naquilo que cabe ao poder público. A Prefeitura tem que funcionar como catalisadora e agregadora para atrair novas empresas”. 

Pedro Ivo Prates

Em São José dos Campos quando se fala em Lei de Incentivo, só se pensa na isenção de impostos, o que causa arrepios nos administradores públicos e sindicalistas. Mas há empresários que enxergam a questão de outra maneira. Na opinião de Ronald Levinsohn, não é necessário incentivo, e sim investimento: “O empreendedor não precisa ter incentivo nenhum, ele precisa que não haja nenhum obstáculo. O trabalho das cidades deve ser: transformar algo que paga quase zero imposto em um negócio que pagará muito imposto. No Brasil, quando se fala em investimento pensa-se logo em algo nocivo“, declarou. Segundo o vereador Wagner Balieiro (PT), o atual programa de incentivo de São José é muito tímido e a legislação precisa ser revista para ser mais agressiva. “São José precisa trabalhar para cuidar das empresas instaladas aqui e aparecer como uma alternativa para atrair novos investimentos”. Sobre essas ações o vereador Shakespeare Carvalho, presidente da Câmara, considera “copiar” o exemplo de outras cidades: “As leis de incentivo há muito tempo não existem aqui. Outras cidades já fazem isso com

“Hoje não há uma legislação para que o empresário tenha garantia do retorno de seu investimento”, diz Paulo Cunha, presidente da Aconvap


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NOTÍCIAS SAÚDE

Luz para a memória Dispositivo desenvolvido por pesquisadores da Univap traz uma esperança para pacientes com Alzheimer Adriano Pereira SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

tualmente, cerca de 1,2 milhão de pessoas sofrem de Mal de Alzheimer no Brasil, e 35,6 milhões no mundo. A doença degenerativa, que afeta diretamente a memória dos pacientes, não tem cura, e o tratamento tenta, na maioria das vezes, apenas reduzir os danos cognitivos, não conseguindo regenerar o quadro. Foi com base em pesquisas feitas na Irlanda, que miravam combater a diabetes, que surgiu uma esperança nas mãos da jovem cientista de 24 anos, Geisa Nogueira Salles. Coordenada pelo professor Anderson de Oliveira Lobo, do Laboratório de Nanotecnologia Biomédica da Univap (Universidade do Vale do Paraíba), a pesquisa de doutorado está desenvolvendo um nanodispositvo que se mostra bastante promissor no tratamento da doença. Há pouco mais de dois anos, durante um programa de graduação na Irlanda pelo projeto Ciências sem Fronteiras, Geisa teve seu primeiro contato com a pesquisa do medicamento. “Inicialmente, o fármaco estava sendo usado para testes em pacientes com diabetes, mas foi

observado que poderia servir para o Alzheimer”, conta. Uma das maiores dificuldades no tratamento farmacológico do Alzheimer é a administração do medicamento, além da própria eficácia da droga. A diferença no trabalho dos pesquisadores joseenses é que, além do remédio ser mais eficiente - a absorção é mais rápida e prolongada -, um dispositivo 100 mil vezes mais fino do que um fio de cabelo é implantado embaixo da pele do paciente. “É um nanodispositivo biodegradável, que vai se desfazendo e entrando na corrente sanguínea. Dessa forma, o medicamento chega mais rápido ao cérebro, melhorando o funcionamento dos neurônios”, conta Geisa. Um dos grandes problemas causados pela doença de Alzheimer é a redução da capacidade de discernimento, isto é, o doente não consegue entender a consequência dos seus atos, não manifesta a sua vontade, não desenvolve raciocínio lógico por causa dos lapsos de memória e perde a capacidade de comunicação, impossibilitando que as pessoas o compreendam. Ou seja, além da falta de memória, que impede o paciente de lembrar de tomar um medicamento via oral, quem cuida dos pacientes também acaba enfrentando dificuldades para

Foi com base em pesquisas feitas na Irlanda, que miravam combater a diabetes, que surgiu uma esperança nas mãos da jovem cientista de 24 anos, Geisa Nogueira Salles


SĂŁo JosĂŠ dos Campos, Dezembro de 2015 | 23

Fotos: Adriano Pereira


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A expectativa é que em cinco anos o dispositivo esteja disponível no mercado medicá-los. Muitas vezes, quem tem Alzheimer não sabe que é doente e não aceita um tratamento por não entender que precisa dele.

Segunda fase A primeira fase da pesquisa acaba de ser finalizada. Financiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), a segunda fase prevê testes em camundongos. Toda a burocracia já foi aprovada e a expectativa dos pesquisadores é que em dois

anos os testes já comecem a ter seus resultados. “Por enquanto não há uma previsão exata, mas nós acreditamos que em cinco anos o medicamento pode estar disponível no mercado. Depende de uma terceira fase de pesquisas, de autorizações e do interesse da indústria farmacêutica”, explica a pesquisadora. Esta terceira fase seria de testes reais em pacientes com o Mal de Alzheimer. Apesar do longo caminho à frente,

o otimismo é evidente na equipe, afinal o custo do tratamento com o dispositivo pode ser menor do que os tratamentos convencionais atuais. Além disso, os benefícios são maiores, e há inclusive a chance do medicamento ser capaz de regredir a doença, já que os fármacos atuais apenas impedem sua progressão. “Ainda é cedo para afirmar isso, afinal cada paciente tem uma resposta, mas as pesquisas na Irlanda mostram uma melhora bastante significativa”. 


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Clóvis Antônio Vieira, capixaba de 65 anos, que vive sozinho há seis anos na Vila Ema, em São José dos Campos


NOTÍCIAS SOCIEDADE

Vivemos mais Mas não estamos preparados para cuidar de uma população que envelhece a cada dia Rodrigo Ribeiro SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

E

m dezembro de 2013, durante o POP (Planejamento Orçamentário Participativo) Setorial do Idoso, ficou definido como prioridade para São José dos Campos a ampliação de vagas e a criação de instituições públicas de longa permanência para idosos, hospital de retaguarda para tratar da terceira idade e ampliação do atendimento na área da saúde. No entanto, de acordo com a presidente da Comissão de Direito do Idoso da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São José, Pérola Melissa Vianna Braga, pouco foi feito em quase dois anos após o POP. “Nenhuma ILPI (Instituição de Longa Permanência para Idosos) foi criada. Nenhum novo convênio foi firmado, nenhum Hospital de Retaguarda foi criado e não foram providenciados setores ou leitos de retaguarda em hospitais públicos. O POP setorial não foi respeitado até agora”, afirma Pérola. Segundo Pérola, em dezembro de 2013, o déficit de vagas em ILPI era de 350 em São José. O número subiu para cerca de 450 a 500 em novembro do ano passado e, até o momento, não sofreu alteração. “Considerando que a SDS (Secretaria de Desenvolvimento Social) de São José não forneceu dados atualizados das quatro listas do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social)”, disse. “Houve uma regionalização dos Creas em São José. Agora, são quatro unidades (sul, leste, norte e centro) e quatro listas regionais. Quando surge uma vaga, os Creas se reúnem para definir qual o idoso elegível para a referida vaga”, diz Pérola. Procurada, a SDS, responsável pelas políticas públicas para a terceira idade na cidade, apresentou um número bem menor de idosos que aguardam por uma vaga em ILPI. “A colocação de idosos em instituição de acolhimento, conforme o Estatuto do Idoso é a última medida, considerando o direito do idoso em permanecer junto a sua família. Os abrigos são indicados nas situações de violência intrafamiliar, idoso sozinho ou sendo cuidado por outra pessoa idosa. Neste ano, foram inseridos 30 idosos em ILPI e há uma demanda de 6 já avaliados aguardando inclusão”, diz a secretaria em nota. Questionada sobre uma perspectiva de atendimentos para os idosos que estão na fila de espera, a secretaria informou que não existe prazo para encaminhamentos. “Conforme as vagas surgem eles são encaminhados de acordo com o grau de vulnerabilidade. Muitas vezes, o idoso não precisa ficar abrigado. Desta forma, acaba sendo encaminhado para um Centro Dia, por exemplo, onde passa o dia aos cuidados de uma equipe multidisciplinar da Prefeitura”, diz. De acordo com a pasta, existem cerca de 15 instituições regularizadas e em


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atendimento para idosos em São José, sendo três conveniadas com a secretaria. “O convênio de 2015 prevê o repasse de R$ 2,2 milhões para estas entidades sociais (Pio 12 - Recanto São João de Deus, Casa de Repouso Vó Laura e Unidade Vicentina)”, informa. A secretaria informou que em 2015, ampliou o número de vagas junto às entidades conveniadas, passando de 93 para 104 - 11 novas vagas. “Já em relação ao hospital de retaguarda, a Secretaria de Saúde disponibiliza vagas em unidades hospitalares de sua responsabilidade”, diz outro trecho. A secretaria evidencia, entre as principais ações realizadas pela prefeitura, as atividades nas quatro unidades da Casa do Idoso, que atendem uma média de 10 mil pessoas por mês, e os atendimentos através dos dois Centros Dia, localizados na Casa do Idoso Sul e Casa do Idoso Leste, que possuem 80 vagas, “cujo objetivo é evitar o asilamento”, diz a pasta. Ainda segundo a secretaria, foram incluídos 4.000 idosos no BPC (Benefício de Prestação Continuada), que prevê o repasse de um salário mínimo por mês para pessoas com mais de 65 anos com renda mensal familiar per capita inferior a um quarto do salário mínimo vigente. Segundo um levantamento do Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), a população de pessoas com mais de 65 anos em São José, deve mais que dobrar até 2030, saltando dos atuais 51 mil idosos para 108 mil, um aumento de 112%. Outra preocupação de Pérola Braga é o surgimento de instituições não regularizadas. “As instituições clandestinas estão proliferando e, por serem clandestinas, não passam por fiscalização a não ser que haja uma denúncia. Nestes lugares, idosos são maltratados e correm todo tipo de risco e violação de direitos”, afirma.

A opção para as famílias é o tratamento em clínicas particulares

Segundo a SDS, a Vigilância Sanitária, ligada à Secretaria de Saúde, é o órgão responsável pela fiscalização de todas as instituições, autorizando o seu funcionamento. “Quando é identificada uma instituição clandestina, o procedimento é de se efetivar uma ação junto às

mesmas, com prazo para regularização ou fechamento”, diz a pasta. Para Pérola, a prefeitura não está preparada para a demanda futura do público da terceira idade. “Falta implementar o que ficou definido no POP e integrar a Rede de Proteção ao Idoso, mapeando as demandas e


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divulgando claramente os atendimentos prestados”, diz.

Selva de pedra Em meio a vários prédios há uma casa com ar de abandonada, até aparecer pela janela Clóvis Antônio Vieira, capixaba de 65 anos, que vive há seis

anos na Vila Ema, em São José dos Campos. Ao nos avistar no portão de entrada – que fica aberto -, logo desceu, apoiado em sua bengala. A chegada até nós foi rápida para um senhor com uma aparência frágil. Já a recuperação do fôlego parece que só aconteceu

quando terminamos o bate papo, que durou cerca de uma hora. O senhor está bem? Perguntamos inicialmente. Não! Gesticulou com a cabeça. Ficamos ainda mais preocupados e sugerimos que nos deixasse chamar uma ambulância. “O quê? Ambulância?”, disse com um ligeiro sorriso. “Não precisa. Acontece sempre que ando, não posso ficar andando muito”, disse com uma voz ainda cansada. Clóvis nasceu no Espírito Santo e foi para o Rio de Janeiro, onde se casou. Pai de cinco filhos veio para São José para trabalhar como operador de máquina e também fez alguns bicos de pedreiro. Atualmente, não trabalha e vive sozinho com menos de dois salários mínimos de aposentadoria e muita ajuda, de amigos, “do patrão” e de Deus. “Essa casa é do patrão, que me deixa morar aqui e me ajuda de outras formas também. Não pago aluguel, então é ótimo. Se tiver que sair daqui, terei que pagar aluguel”, conta Clóvis. Infelizmente, a idade de Clóvis não condiz com sua aparência, envelhecida talvez, pelas condições em que vive, que são dignas, mas não ideais para um idoso. Barbudo, um pouco sujo e com as unhas grandes. Foi assim que o encontramos. Questionado sobre o futuro, se pensava em ir para uma casa de repouso, por exemplo, Clóvis foi enfático. “Só se for amarrado”, disse. Mas o senhor não se sente sozinho? Perguntamos. “Já estou acostumado. Sou eu e Deus”, respondeu. O idoso ainda não sabe o que irá fazer no Natal. “Se sobrar um dinheirinho vou tentar ir para o Espírito Santo, senão, fico por aqui mesmo”, diz Clóvis. Terminamos a conversa com uma última pergunta. E o senhor é feliz? Após uma pausa, Clóvis respondeu. “Sim, sou feliz, com Deus [apontando para o céu] e meus amigos”, concluiu  .


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NOTÍCIAS REGIÃO

Ilhas de tranquilidade Condomínios de alto padrão em São José dos Campos atraem público paulistano que busca um cotidiano mais calmo

João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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onhecida pela modernidade e planejamento, São José dos Campos vem se tornando um refúgio para interessados em fugir da agitação de São Paulo para realizar, em terras joseenses, o sonho de uma rotina com mais qualidade de vida, sem abrir mão da proximidade da capital paulista. A cidade do Vale do Paraíba faz parte de um fenômeno que engloba as cidades num raio de 100 km da capital: a fuga da pauliceia desvairada em busca de lotes de alto padrão, longe da violência e estresse de São Paulo.


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Pedro Ivo Prates

O estilista Ronaldo Souza cansou-se da badalação urbanóide

O grupo é formado por pessoas das classes A e B, dispostas a começar uma vida nova junto com a família, nem que, para isso, seja preciso empenhar sacrifícios como o de ir e voltar todos os dias para a capital paulista. Isso porque, a mudança para a cidade do interior não caracteriza, na maioria dos casos, um rompimento completo com as obrigações com São Paulo. Este é o caso do empresário Eduardo Nicheletti, que atualmente mora no bairro Santa Terezinha, na capital paulista. Proprietário de uma empresa no ramo da construção civil, Nicheletti adquiriu um lote no Jardim do Golfe, residencial de alto padrão na zona oeste de São José dos

Campos. “Tenho uma empreiteira que presta serviços em diferentes lugares do Brasil. Em São José, eu ficarei a uma horinha de São Paulo, no meio do caminho para o Rio de Janeiro, próximo da praia e da serra. Isso é fundamental. Outra coisa importante é o fato de a cidade ser bem planejada, oferecer uma estrutura muito boa, com quase tudo o que a gente tem na capital”, explica.

Alta Costura As altas rodas da moda paulistana não foram atrativo suficiente para segurar o estilista Ronaldo Souza na capital. Depois de trabalhar para algumas das principais marcas da alta

costura em São Paulo, o profissional cansou-se da badalação urbanoide, juntou as malas e aportou no condomínio Eldorado, no Urbanova. Há praticamente 4 anos Ronaldo vive em contato com a natureza em uma casa arejada, sem portões e repleta de adornos artísticos. Foi lá que, bem longe de São Paulo, Ronaldo montou um atelier com vista para o verde, de onde manufatura disputadíssimos vestidos na cidade -- a agenda está cheia até metade do ano de 2016. “Da vida em São Paulo eu não tenho saudade de absolutamente nada. A vida aqui é completamente distinta de São Paulo. A princípio vim apenas para


Pedro Ivo Prates

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morar, mas trabalhar em home office aqui foi a melhor escolha que eu tomei. Trabalho com o som das aves, há várias árvores frutíferas quase no quintal de casa. É inacreditável”, comenta. Trabalhar dentro de casa deu ao estilista a possibilidade de cometer pequenas transgressões no expediente. Sem precisar dar satisfações aos patrões ou cumprir horários, Ronaldo aproveita para ir ao cinema e passear em parques da cidade. “É uma sensação de liberdade que a capital não te oferece”, explica.

Lotes No raio de 100 km da capital, São José dos Campos é, de acordo com o Graprohab (Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais do Estado de São Paulo), a segunda cidade com maior número de lotes aprovados em 2014. Foram 1.714, perdendo apenas para Indaiatuba, com 2.219. Itatiba, com 1.363; e Sorocaba, com 1.042, são outras cidades que completam o quadro. O diretor do Jardim do Golfe, Emerson Marietto, destaca que o número de pessoas que vem de São Paulo cresce também porque hoje em dia é muito mais fácil tocar os negócios da capital tendo residência fixa no interior. “É reflexo dessa mudança da relação que temos hoje com o trabalho. Cada vez menos precisamos ficar nos escritórios, ao passo que a tecnologia já permite fazer muita coisa de casa. Com isso, a ideia de ficar preso a um local de trabalho está se flexibilizando, permitindo que as pessoas possam realizar o sonho de deixar a capital para morar em uma cidade que ofereça mais qualidade de vida”, explica.

Ilhas de segurança O empresário Emerson Marietto destaca a evolução da conectividade como uma das razões que fazem as pessoas abandonarem a capital

Para “fisgar” os consumidores que vêm a São José atrás de melhor qualidade de vida, condomínios apostam alto para se transformarem em ilhas de tranquilidade. No Jardim do Golfe, por exemplo, os benefícios


São José dos Campos, Dezembro de 2015 | 33

incluem um sistema de segurança interesse de pessoas da capital com nada menos do que 110 câmedevido à distância reduzida entre ras Full HD interligadas entre si. É as cidades. Esses compradores, em praticamente o mesmo número de geral, são investidores ou pessoas câmeras do COI (Centro de Operações que buscam um conceito diferente de Integradas) de Taubaté, que conta qualidade de vida, com mais tranquicom 127. Entrada de visitantes por lidade e contato com a natureza. Ao cadastro biométrico, botão de pânico mesmo tempo em que elas preferem para avisar sobre sequestros, entre sair da rotina acelerada da metrópooutras tecnologias. le, querem estar num lugar com fácil Outro empreendimento de alto acesso aos grandes centros”, afirma padrão na cidade, o Alphaville vai o diretor comercial da Alphaville pelo mesmo caminho. A famosa grife Urbanismo, Klaus Monteiro. imobiliária trouxe a São José, além das soluções modernas de segurança, uma Lotes O presidente da Aconvap (Associação área de 28,5 mil metros quadrados de das Construtoras do Vale do Paraíba), clube privativo, com quadra poliesPaulo Cunha, vê com bons olhos o portiva, campo de futebol society, interesse dos paulistanos nos emprequadras de tênis, playground, piscina endimentos em São José dos Campos. e club house com espaço fitness, salão Anúncio_Meon_02b_20x13,3cm.pdf acordo com o empresário, além de jogos, bar e salão de festas. 1 27/11/15 De00:44 das questões da qualidade de vida, o “Notamos que existe bastante

custo na cidade é muito menor do que o de São Paulo. “A crise é uma oportunidade para quem vem de fora adquirir terrenos por um preço muito abaixo do mercado. E, atualmente, esse filão de consumidores é muito bem-vindo nos empreendimentos. Aliás, quem não se programar para atender o pessoal que vem de São Paulo vai perder vendas”, explica. Já o diretor regional do SindusconSP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), Mario Cezar de Barros, enfatiza a importância dos clientes da capital para ajudar a aquecer o mercado de trabalho da cidade. “As obras de alto padrão contratam mão de obra e movimentam o mercado da cidade. São pedreiros, armadores, marceneiros, telhadistas e azulejistas beneficiados com este movimento”, explica. 

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NOTÍCIAS REGIÃO

Quanto custa o trabalho deles

Pedro Ivo Prates

Enquanto o número de acidentes nas fábricas cresce na região, trabalhadores lutam para se reabilitar e obter opções dignas de carreira


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Adeline Daniele SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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m fevereiro de 2004, Marco Antonio Santos, de 42 anos, teve uma drástica mudança em sua rotina. Ele trabalhava como operador na linha de produção de revestimento interno da Tenaris Confab, de Pindamonhangaba, quando ficou prensado entre dois tubos, acidente que deixou sequelas em um de seus braços. Além de tomar diversos remédios para dor, ele não pode mais pegar pesos acima de cinco quilos, fazer movimentos repetitivos e tem dificuldade até para dirigir. Afastado da firma desde 2010, o ex-operário tenta se reintegrar na companhia após sua liberação pelo Núcleo de Reabilitação do INSS - serviço da Previdência Social que busca readaptar e reabilitar profissionais incapacitados por acidente ou doença para o retorno ao mercado de trabalho. A ideia é que depois de passar por esse programa o trabalhador com lesão permanente volte para a companhia para desempenhar uma atividade que não agrave seu quadro. No entanto, essa não foi a realidade de Marco: após precisar se afastar devido a fortes dores no ombro, a empregadora afirmou que não haveria mais função para ele na fábrica. “Eu precisei me afastar pois comecei a sentir muita dor no ombro. Quando voltei da reabilitação a companhia não quis mais me colocar na mesma área”, conta à Metrópole. Procurada por nossa reportagem, a Tenaris afirma que está cumprindo a determinação do INSS, atual responsável por conduzir o caso do funcionário. O caso de Marco é apenas um entre as centenas de acidentes de trabalho que vêm ocorrendo com frequência nas fábricas da região do Vale do Paraíba. Para se ter uma ideia, entre janeiro e agosto de 2015, a cidade de Pindamonhangaba registrou uma média


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de 20 ocorrências por mês, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do município. Durante os oito primeiros meses, foram emitidas 166 CATs (Comunicação de Acidente de Trabalho) para a Previdência, número 43% maior do que a média para o mesmo período do ano passado. Anderson Lopes, de 37 anos, também é parte dessa estatística. Ele trabalhava desde 2007 como auxiliar na Elfer, fábrica do ramo de alumínio, e, em 2009, uma das máquinas caiu sobre sua mão direita, impossibilitando-o de desempenhar diversas atividades e, até mesmo, de fazer o movimento de pinça com os dedos. Anderson chegou a ser demitido da companhia neste ano e foi reintegrado em 25 de setembro por decisão da justiça, em acordo pela Cláusula nº 40 (convenção que protege o emprego do colaborador lesionado até sua aposentadoria), mas ainda sem um cargo que respeite suas limitações. “Quando me demitiram, cheguei a falar sobre a lesão e, mesmo assim, precisei procurar a justiça para voltar ao trabalho”, afirma. Até o fechamento desta reportagem, nossa equipe não conseguiu contato com a companhia para saber o desfecho do caso. Mas, os acidentes com máquinas não são o único risco para quem trabalha em fábricas. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, por exemplo, conta com mais de 460 CATs enviadas até outubro deste ano, sendo que a maioria delas aponta como principal causa doenças adquiridas por esforço repetitivo das mãos, punhos, joelhos e coluna. O funcionário da GM de São José dos Campos, Jair*, de 44 anos, é um exemplo. Colaborador da montadora há cerca de 20 anos, ele conta à Metrópole que desenvolveu hérnia de disco e também chegou a operar as duas mãos, pois elas haviam começado a ficar dormentes. “Quando tive as dores na coluna fiz a reabilitação e fui encaminhado para outra área na empresa. Porém, depois, tive problema com as

minhas mãos por causa da nova atividade também”, afirma o metalúrgico. Atualmente, Jair* trabalha em função compatível, mas alerta que outros colaboradores ainda atuam na produção mesmo com problemas de saúde. Procurada pela Metrópole, a GM não se manifestou sobre o assunto até o fechamento da revista. Segundo o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Célio Dias, uma das maiores causas para o aumento no número desses incidentes é a própria crise econômica pela qual a indústria passa. Ao demitir funcionários ou colocá-los em layoff, os poucos operários que ficam na produção ganham mais responsabilidades e acabam ficando sobrecarregados. “A GM, por exemplo, está com cerca de mil funcionários a menos que nos outros anos e ainda produz 23 veículos por

hora. Isso faz com que o ritmo de trabalho se acelere muito, causando mais doenças ocupacionais”, explica. Outro agravante está na falta de fiscalização, setor também problemático para a região. Isso porque, segundo uma pesquisa divulgada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o Vale do Paraíba tem apenas um quarto do número de auditores fiscais recomendado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho). De acordo com o órgão, pelo menos 100 fiscais deveriam atuar na RMVale, enquanto há apenas 25 deles tentando dar conta das demandas das 39 cidades, o que dificulta o processo de auditoria nas dezenas de ocorrências registradas a cada mês. “Ao todo, faltam mais de mil auditores do trabalho no país, por isso não há como fazer uma grande fiscalização”, afirma o Procurador do Ministério Público do Trabalho de Campinas,


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existir essa situação de abandono, que é ruim para a dignidade do colaborador e para a empresa”, conclui. E esses trabalhadores, mesmo após serem lesionados, mostram que ainda querem continuar investindo em suas carreiras. Anderson Lopes, que foi demitido e reintegrado na fábrica onde era auxiliar de produção, deseja retornar ao trabalho para poder pagar uma faculdade. “A empresa não aceita que eu tenha voltado após a demissão, mas eu quero provar que posso ser útil. Ainda quero me formar em logística para crescer ali”, diz.

Projeto de Lei para prevenção

Ronaldo Lira. “Mas, é importante lembrar que as empresas têm a obrigação de cumprir as leis e normas de segurança, independentemente se o fiscal irá monitorar isso ou não”, explica.

Preconceito no trabalho Se apenas o acidente ou doença já muda completamente a vida e o psicológico de um trabalhador, um fator que intensifica os problemas gerados pela falta de segurança trabalho é o preconceito sofrido pelos funcionários que tentam retornar as suas rotinas na firma. “Quando a pessoa volta ela é vista com outros olhos. Ela deixa de ser produtiva para a empresa”, afirma Célio Dias, do Sindicato de São José dos Campos. “Os terceirizados são ainda mais prejudicados, pois acabam não tendo direito a benefícios como atendimento hospitalar e garantia de estabilidade no emprego”, lamenta o diretor.

Como em muitos casos o profissional não é transferido para uma vaga compatível com suas limitações, ele, muitas vezes, acaba apenas tendo de cumprir o horário de expediente sem nenhuma atividade que traga resultados para a companhia. “Quando retornei para a fábrica, antes de ser afastado, eles viram que eu não renderia o mesmo que antes e me tratavam como se eu não servisse mais para nenhuma função”, relata Marco Antonio Santos, que há cinco anos tenta voltar a trabalhar. Para o procurador Ronaldo Lira, a reabilitação desses funcionários deveria ser feita de forma mais especializada pelo estado. “O trabalhador deve ter contato com uma equipe de profissionais que analise suas capacidades e determine com o que ele poderia voltar a trabalhar”, diz. “O que não pode é

Para diminuir as estatísticas de acidentes em Pindamonhangaba, o Sindicato dos Metalúrgicos da cidade solicitou que um dos vereadores enviasse para a Prefeitura uma proposta de criação de uma lei que altere o Programa de Expansão Industrial e Incentivo Fiscal, com cláusulas que garantam a preservação da segurança nos ambientes de trabalho. A medida surgiu com o intuito de atrair empresas e mais investimentos para os municípios. A partir dela, as prefeituras oferecem benefícios como descontos no IPTU e redução de ISS, porém ela ainda não inclui o dever das firmas no âmbito da segurança e qualidade de vida de trabalhadores. Além das iniciativas e cobranças de sindicatos, o TST (Tribunal Superior do Trabalho) mantém, desde 2012, o Programa Nacional do Trabalho Seguro, que tem o objetivo de criar projetos e ações nacionais para prevenir acidentes de trabalho e também fortalecer a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho. Em 2015, o programa teve como principal tema a normativa regulamentadora NR 12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos, a qual busca diminuir o número de acidentes com trabalhadores e operadores de equipamentos industriais. 


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NOTÍCIAS ESPECIAL

Corrente do bem

Fotos Pedro Ivo Prates

Você pode tornar o mundo um lugar melhor para se viver

Fernando dos Santos, um dos moradores da Comunidade Divina Providência


Adriano Pereira SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

os cinco anos de idade, Fernando dos Santos foi separado dos cinco irmãos. Foi um para cada lado. Do colégio interno em São Paulo, para o qual foi mandado, ele tem poucas lembranças, quase nenhuma. Aliás, memórias existem há apenas 13 anos na vida deste senhor simpático, de 73 anos de idade. E elas apenas sobrevivem pela dedicação de quem resolveu abrir mão da própria vida pela do próximo. Fernando, assim como outras 33 pessoas, vive hoje na Comunidade Divina Providência, em Caraguatatuba. No pé da serra, ao lado da Rodovia dos Tamoios, a comunidade foi idealizada por Maria das Graças Oliveira. “Eu queria que as pessoas enxergassem o morador de rua. Comecei a entregar sopa e o padre da igreja onde eu fazia o trabalho me proibiu. Aquilo me doeu muito e eu resolvi fazer algo por minha conta”, diz. O problema da Comunidade Divina Providência, assim como o de tantas outras que se dedicam sem esperar nada em troca, é justamente o outro sentido da palavra “conta”. “Não temos parceria com o poder público, não temos ajuda financeira da igreja, sobrevivemos com doações e com os queijos e doces que vendemos, mas a conta nunca fecha”, explica Daniane de Oliveira, filho de Maria das Graças, que resolveu se entregar totalmente ao voluntariado. Há 13 anos, o local onde hoje fica uma sede simples e alguns alojamentos, estava abandonado. Era um sítio usado por ladrões de carga que desviavam caminhões da Tamoios para esconder o roubo. Maria e o filho tornaram o local habitável e começaram a resgatar pessoas que viviam nas ruas e não tinham nenhuma perspectiva de sair daquela condição. A luta para manter a comunidade é diária. Algumas empresas realizam doações esporádicas de produtos de limpeza, alimentos ou outras necessidades, mas a conta de luz, a gasolina para levar algum morador da comunidade ao médico ou qualquer coisa que envolva dinheiro fazem essa luta mais árdua a cada sol. “Precisamos de tudo. Nosso freezer queimou, precisamos melhorar nossa estrutura física com obras, mais alimentos e qualquer ajuda é necessária”, diz Daniane. “Aqui a gente usa a criatividade todos os dias, sem isso não tem como”.


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Nem sempre é o que parece Encontrar uma entidade que precise de ajuda e que seja idônea nem sempre é tarefa fácil. Uma boa dica para começar é procurar em redes sociais, sites de buscas e até por indicações de amigos. Outra questão é que às vezes quem parece não precisar de nada pode necessitar mais do que qualquer outra. O caso do Gaac (Grupo de Assistência a Criança com Câncer) é um exemplo. Justamente por ter uma estrutura enorme, inclusive com um hospital, acabe sendo referência e trabalhando no limite o tempo inteiro. Então, antes de começar a mudar o mundo ao seu redor, visite, se informe e seja solidário com consciência.

Abrir mão Jeremias Santos Silva, 30 anos, era fotógrafo, vivia em um apartamento numa área nobre de São José dos Campos com a esposa e a filha. Sua pequena experiência com solidariedade despertou uma vontade de fazer algo maior e mais efetivo. “Minha sogra achava que era loucura”, diz. Jeremias abriu mão de tudo. Vendeu equipamento fotográfico, apartamento e passou a sobreviver com o que havia de mais simples e pobre. Fundou a Comunidade Missionários da Misericórdia, na zona leste de São José, com o objetivo de ajudar quem precisasse, sem credo, cor ou tipo de problema. Há quase três anos, ele se coloca em confronto com a realidade de quem tem menos ainda do que ele, de quem não tem ninguém. Dois grupos foram formados por

pessoas que simpatizaram com a causa de Jeremias. “Eles dão o apoio que conseguem, mas sempre falta alguma coisa. Por exemplo, nunca temos mistura, é raro. Precisamos de tudo, mas são tantas coisas que se você me perguntar o que precisamos agora, não sei te dizer”, conta. A comunidade tem três frentes. Em duas casas no Jardim Santa Inês, 12 ex-moradores de rua se dividem e recebem abrigo e o que for recebido de doação. No Jardim São José II, Jeremias e a esposa fazem um trabalho com crianças, para que elas não sejam seduzidas pelo tráfico de drogas. Já na Fundação Casa, o foco é a evangelização. Entre os moradores das casas, Fabiano Barbosa, de 39 anos, hoje consegue fazer planos para sua vida. Mas até ser levado por um colega

para a comunidade, foram 20 anos vivendo entre a rua e a prisão. “Meu pai era alcoólatra, batia na minha mãe. Eu não tenho irmãos porque todas as vezes que minha mãe engravidou, meu pai bateu nela até ela perder o bebê”, conta. A comunidade transformou tanto a vida dele que, agora, sua intenção é trabalhar como voluntário, tentando mudar a vida de outras pessoas. “Sabe de uma coisa? A hora mais triste é quando escurece, quando você vê que não tem onde dormir, não tem horizontes. Hoje eu tenho a oportunidade de pensar em mim e nos outros”, diz.

Máscaras Uma empresa de São José resolveu fazer uma ação solidária. Entrou em contato com a Associação Nossa Casa de Acolhida, na região central


São José dos Campos, Dezembro de 2015 | 43

Como ajudar? Comunidade Divina Providência Rua Benedita Maria das Dores, 355 Rio do Ouro, Caraguatatuba Tel: (12) 3883 4547 prodivina@gmail.com http://divinap.wordpress.com/ Comunidade Missionários da Misericórdia (12) 98823 4172 contato@missionariosdamisericordia. com.br www.facebook.com/ comunidademissionariosdamisericordia Tel: (12) 98136.1448 Casa de Missão São José: (12) 98854 3610 Márcio: (12) 3204 4356 (12) 7812 9065

A maioria das entidades vive apenas de doações

de São José dos Campos, para propor uma entrega de brinquedos para as crianças portadoras do vírus HIV. A doação aconteceria com a condição de que os funcionários que participassem pudessem tirar fotos ao lado das crianças. “Expliquei que era uma situação delicada e que expor as crianças nesta situação em fotos não era algo bom de se fazer. A senhora da empresa me fez então uma proposta: por que não colocar máscaras nas crianças?”, conta Alex Prado, gestor da associação. Fundada há 24 anos, quando a AIDS era um bicho de sete cabeças e os doentes invariavelmente morriam e sofriam muito preconceito, a Associação nasceu com o objetivo de cuidar dessas pessoas. A única condição imposta é que o usuário não deixe de se tratar com médicos, mesmo que

no sistema público. “Mas nós passamos a entender que a família também precisa de ajuda, não só o portador do vírus”, explica Alex. Atualmente, são 700 pessoas atendidas direta ou indiretamente (150 famílias de 162 portadores). O orçamento da associação é mantido parte pelo poder público, parte por doações. Mas, no mês de dezembro, por exemplo, eles ainda não sabem como vão arrumar 150 cestas básicas. “Nós precisamos sempre de ajuda e não precisa ser dinheiro. Aprendi que as maiores necessidades da vida estão nas coisas mais simples”, diz Alex. Descendo novamente a Serra, Daniane Oliveira consegue resumir a recompensa de entregar a vida para ajudar ao próximo. “O que eu ganho em troca? Amor”. 

Associação Nossa Casa de Acolhida Av. Rui Barbosa, 124 Centro, São José dos Campos Tel: (12) 3204 6867 GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer Av. Possidonio José de Freitas 1200 Urbanova Tel: (12) 3949 6020 http://www.gacc.com.br Associação Felix Rua Minas Gerais, 133, Rio Comprido, Jacareí, SP, Brasil Tel: (12) 3958 8130 http://www.associacaofenix.com associacaofenix7@gmail.com Associação de Apoio ao Fissurado Lábio Palatal Rua Alfredo Vieira de Moura, nº 41 São José dos Campos/SP Tel: (12) 3942 6533 Fax: (12) 3942-5059 http://www.aaflap.org.br/ aaflapsjc@yahoo.com.br

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NOTÍCIAS EDUCAÇÃO

Muito além da brincadeira Lei que obriga as escolas a desenvolverem medidas de conscientização, prevenção e combate ao bullying entra em vigor em 2016 Idelter Xavier SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

s famosas brincadeiras de mau gosto, geralmente acompanhadas de apelidos pejorativos, sempre existiram nas escolas e nunca receberam a devida importância. Tratada por muitos pais, professores e alunos como algo normal, essa prática atualmente recebe um nome: bullying. A palavra é de origem inglesa, onde “bully” significa valentão. Segundo o SOE (Setor de Orientação Educacional), bullying é todo comportamento consciente através da violência física ou psicológica, que visa humilhar, agredir, intimidar, dominar, apelidar de forma pejorativa ou abusar sexualmente. Até o último dia 9 de novembro não havia em nosso país nenhuma lei nacional que tratasse do bullying. Sancionada pela presidente Dilma Rousseff, essa lei entra em vigor a partir de fevereiro de 2016, e define que as escolas, clubes e agremiações recreativas desenvolvam medidas de conscientização, prevenção e combate ao bullying. “É fundamental que essa seja uma política nacional. A lei Federal sancionada pela presidenta Dilma levará estados e municípios a enfrentarem essa realidade”, disse a Secretária-Adjunta

de Educação de São José dos Campos, Márcia Vanzella. A lei, intitulada de Programa de Combate à Intimidação Sistemática, determina que a punição aos agressores seja evitada, privilegiando mecanismos e instrumentos alternativos que promovam a mudança de seu comportamento hostil. Entre os objetivos do programa está a capacitação de docentes e equipe pedagógica para a implementação eficaz das ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema. Porém, existem as leis municipais e estaduais que tratam do assunto. Em São José dos Campos, por exemplo, foram criados projetos para debater e combater o bullying nas 45 escolas que abrangem a rede municipal. O tema é tratado em sala de aula, em um programa chamado ‘Círculos da Paz’, onde os alunos têm a oportunidade de dizer ao grupo o que não lhes agrada e como os colegas podem contribuir para resolver os conflitos. Na escola municipal Maria Ofélia Veneziani Pedrosa, no bairro Limoeiro, além do projeto ‘Círculos da Paz’, a Orientadora Pedagógica Iraci de Almeida Corrêa Alfredo, em parceria com a professora de matemática Cibele Alves Genes Silveira, desenvolve um trabalho especial com os 389 alunos do colégio, utilizando um livro distribuído pela Câmara Municipal, onde todos os

artigos do ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) são explicados de forma mais prática e com diversas ilustrações. “Fizemos uma grande roda de conversa na sala de aula e discutimos todos os regulamentos do ECA. Quando chegamos na questão do bullying, ressaltando a importância de respeitar o próximo, os alunos começaram a se abrir. Surgiram vários relatos, deles mesmos terem passado pela situação ou cometerem o bullying e depois terem se arrependido. Eles respeitaram o depoimento de cada um, e ouvindo todos os casos foram percebendo que certas brincadeiras não eram legais”, diz a professora Cibele. Para o aluno do 6º ano, Cauã, de 12 anos, a oportunidade de conhecer mais


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Pedro Ivo Prates

Até o último dia 9 de novembro não havia em nosso país nenhuma lei nacional que tratasse a respeito do bullying a respeito desse problema foi muito importante. “Antes eu não sabia que uma brincadeira podia machucar tanto alguém. Hoje eu sei que o bullying acontece em todos os lugares. Depois que fizemos a roda e discutimos sobre o tema, prometemos mudar nossa postura e pensar mais no próximo”.

Taubaté Em Taubaté não existem leis ou projetos de combate direto ao bullying, porém, a situação é mais ou menos parecida. Coordenadores e professores das 52 escolas da rede municipal de ensino sempre procuram uma forma de debater o assunto dentro das salas de aula. Como na Escola Sítio Santo Antônio II, com

mais de 1300 alunos, onde a diretora, Ila Teresa de Moraes Santos Pinto, trabalha há 8 anos e desenvolve diariamente o diálogo com seus alunos. “O que eu venho fazendo é tentar me aproximar cada vez mais dos alunos. Eu mesma entro na sala e converso com eles. Já tivemos casos de bullying que foram parar na polícia inclusive”, explicou Ila. O professor de língua portuguesa, Ivan Barreto dos Santos, acredita que os resultados são positivos nos últimos anos. “O trabalho do diálogo acontece no dia a dia. Acredito que os números vêm caindo devido a este trabalho intensivo de palestras e bate papo diário. Procuramos sempre trazer gente de fora para falar também, gente jovem, que

possa falar de forma mais clara, utilizando o mesmo linguajar dos alunos”. Nas escolas particulares também existe essa preocupação. Para a diretora e mantenedora do Colégio Opção de São José dos Campos, Janaina Dias, a diminuição dos casos de bullying só acontece quando o ambiente se torna um local humanizado e harmonioso. “Nós trabalhamos a cultura da paz. Os alunos interagem diariamente, e nós buscamos sempre trabalhar o respeito ao próximo. Nós educadores temos uma missão muito importante, de formar cidadãos que respeitem o próximo. Isso começa dentro da escola, e se for feito de maneira efetiva, os casos de bullying, racismo, machismo ou qualquer outro tipo de intolerância irão diminuir na sociedade em geral”, disse Janaina. É possível notar que, mesmo sem leis de âmbito nacional, profissionais da educação nunca deixaram de debater a respeito do bullying nas escolas. Trata-se de um problema real, com danos que podem ser irreversíveis se não identificados a tempo. O que se espera é que essa nova lei possa dar força as vozes dos educadores que nunca deixaram de lutar por salas de aula cada vez mais prósperas e seguras.

Causas e danos Segundo a psicopedagoga e orientadora de ensino, Alexandra Rost Xavier, o bullying pode trazer várias consequências para a criança e o adolescente. “A humilhação e discriminação vivenciadas podem levar a mudanças de comportamento e atitudes, problemas emocionais como inibição, agressividade e introspecção”, destaca. A especialista ainda afirma que no caso do agressor, ele, muitas vezes, também já foi vítima do bullying. “O fato de não se aceitar e apresentar algumas dificuldades de relacionamento faz com que o jovem desenvolva atitudes constrangedoras e repetidamente com o outro”, disse 


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Pedro Ivo Prates

NOTÍCIAS EDUCAÇÃO

Durante a data, a ordem é esvaziar as A consultora prateleirasdee educação internacional entrar comLígia Fiorotto afirma queestoque optar pelo intercâmbio pode ser umapara nova forma do renovado estudante agregar as compras de conhecimento Natal

Oportunidade de crescimento Intercâmbio pode ser um passo importante na vida estudantil Moisés Rosa SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

D

esenvolver aptidões e conhecer culturas de diversos países. O intercâmbio estudantil é uma porta para experimentações de vivências e desenvolvimento para outros idiomas. Esta qualificação também

pode ser o diferencial para o mercado de trabalho. Pensando nisso, a estudante joseense Natália Cordeiro Chicarino, 21 anos, decidiu investir em um tour por vários países. A vontade de conhecer outras culturas foi motivada pelo contato que teve com estrangeiros que se hospedaram em sua casa. “Como meu pai participava de atividades do Rotary, sempre

recebíamos pessoas de outros países. Eles ficavam hospedados em casa e essa era a oportunidade de ter contato com outra nacionalidade”, conta. Entre os destinos preferidos pelos estudantes brasileiros para a realização do intercâmbio estão Alemanha, Suíça, Espanha e Argentina, segundo dados da Abipe (Associação Brasileira de Intercâmbio Profissional e Estudantil).


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A justificativa para a procura desses locais é a facilidade do idioma. Outros países também se destacam, como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Austrália, Nova Zelândia e França. Cerca de 80% dos estudantes que fazem o intercâmbio estão concentrados na região sudeste, principalmente Minas Gerais e São Paulo. De acordo com um levantamento da CI Intercâmbio e Viagem, cerca de 80 mil estudantes foram para o exterior, somente em 2014. Natália é uma das estudantes que endossa as estatísticas de intercâmbio. A última experiência dela aconteceu no ano passado, quando ela foi ao Canadá para intensificar os estudos. Antes, aos 15 anos, ela partiu para República Tcheca, em uma estadia por 20 dias. Dois anos após, ela decidiu fazer um mochilão pela Dinamarca e conhecer a cultura do lugar por 20 dias. À Metrópole Magazine, Natália diz que o intercâmbio contribuiu em vários aspectos para a sua vida. Ela já programa a próxima viagem. “O intercâmbio me ajudou na área profissional e isso foi um diferencial para a minha carreira. Eu precisei tomar decisões nas viagens e aprendi a me virar”. Ela pretende retornar ao Canadá em dezembro. Outro exemplo de quem ousou sair do país para buscar conhecimento é Felipe Monteiro, 25 anos, que agarrou a oportunidade de ser recrutado por uma universidade nos Estados Unidos. O jovem joseense ganhou uma bolsa de estudos, em 2010. Em paralelo, ele jogava pelo time da instituição no interior de Ohio, com 90% de bolsa, que incluía alimentação, moradia e estudos. “A experiência que ganhei lá me ajudou a amadurecer bastante. No mercado de trabalho eu concorro com pessoas que se formaram nas melhores universidades do Brasil, tanto públicas quanto privadas. Claro que só o currículo não garante nada, mas ajuda bastante por

que chama a atenção dos recrutadores”. Monteiro atua na área de consultoria de tecnologia, na área de risco financeiro, e aproveitou a viagem para se dedicar aos estudos. “Conheci muita gente e abri minha cabeça por ter conhecido outras culturas. Os EUA têm gente de todo lugar. Então, conheci gente do mundo todo. Quando fui, escrevia bem, mas falava e ouvia mal o inglês. Tive que aprender na marra”. “Tenho vontade de conhecer a maioria dos países da América do Sul e da Europa”, planeja.

Os estudantes buscam a experiência internacional para incrementar o currículo, ter uma melhor visão do mundo globalizado e aperfeiçoar o idioma. O benefício principal é trazer uma melhor bagagem cultural, além de aperfeiçoar a fluência em outro idioma e aumentar o network Fabiana Fernandes

GERENTE DE PRODUTOS DA CI – INTERCÂMBIO E VIAGEM

Consultoria A consultora de educação internacional Lígia Fiorotto afirma que optar pelo intercâmbio pode ser uma nova forma do estudante agregar conhecimento. As opções de intercâmbio custam a partir de US$ 1,8 mil. “A vida social do estudante que viaja é ativa, com contato com outros alunos de diversas línguas. O intercâmbio agrega um novo olhar sobre o mundo. Além disso, ele também tem a possibilidade de conhecer a área de trabalho que pretende atuar, dependendo da opção da viagem”, explica. Intercâmbios em países cujo idioma é o espanhol e que não exigem tanta burocracia para entrada têm sido bastante requisitados. “Países como Argentina e Chile também estão sendo procurados pelos estudantes, por conta da facilidade e de não ter a exigência do visto”, destaca. Lígia aconselha os estudantes a se informarem sobre as condições e os serviços que serão oferecidos. “É importante que todas as dúvidas sejam tiradas. Procurar um consultor de viagem seria uma boa opção para evitar qualquer surpresa”, acrescenta.

Primeiro passo Geralmente, os intercâmbios são realizados por meio de universidades, clubes ou empresas particulares. Por isso, é importante ficar atento aos pacotes oferecidos e às acomodações. Muita gente não sabe, mas é possível cursar no exterior o ensino médio, além de algum curso profissionalizante ou até uma pós-graduação. Para quem já está na faculdade, uma boa oportunidade para estudar lá fora é oferecida pelo “Ciência Sem Fronteiras”, do governo federal. O programa foi criado em 2011 e oferece bolsas de estudo para estudantes de graduação e pós-graduação, nas áreas de Ciências Exatas e Biológicas. 


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Cultura& Fotos: divulgação

Com a cabeça cheia de sonhos

Redação SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

H

á muito tempo o Brasil se transformou em passagem obrigatória para as turnês mundiais de grandes bandas. O que já tinha ficado bom pode ter ficado melhor ainda, afinal, antes dos países europeus, o Coldplay vem pra cá com disco novinho na mala que acaba de ser lançado. “A Head Full Of Dreams” que foi

lançado no dia 4 de dezembro, é a continuação do último álbum, “Ghost Stories”, que foi o sexto trabalho consecutivo da banda a chegar entre os primeiros nas paradas de todo o mundo. Mesmo com esse sucesso, o grupo escolheu não sair em turnê com este disco para poder gravar o “A Head Full Of Dreams”. “Eu acredito que não termos saído em turnê com o ‘Ghost Stories’ foi uma das melhores decisões que nós já fizemos, porque isso fez com que

tivéssemos tamanha energia acumulada no estúdio que reacendeu completamente o desejo de todos de tocar e fazer uma turnê pelo mundo. ‘A Head Full Of Dreams’ foi escrito e gravado para ser apresentado ao vivo. Nós mal podemos esperar por isso”, diz Chris Martin, vocalista do Coldplay. No Brasil os shows acontecerão em São Paulo no dia 7 de abril e no Rio de Janeiro no dia 10 de abril. Os ingressos estão à venda desde o dia 10 de dezembro pela Tickets For Fun.


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DVD&

Roger Waters The Wall Preço: R$99,90

O filme “The Wall Live” foi escrito e dirigido por Roger Waters e Sean Evans, e traz a performance ao vivo complete da turnê “The Wall” (2010-2013) idealizada e realizada pelo próprio Waters. O show foi grandioso assim como esse pack, que traz vários extras e material exclusivo com entrevistas e performances com o resto do Pink Floyd.

CINEMA&

LITERATURA&

Califórnia

Como Conversar Com Um Fascista Marcia Tiburi

Dirigido por Marina Person, e com tons autobiográficos, o filme é ambientado no início dos anos 1980, e acompanha o “coming of age” de Estela, uma adolescente como outra qualquer, unida com duas amigas, dividida entre dois meninos, que idolatra o tio, Carlos (Caio Blat), jornalista que mora na Califórnia.

“Diferente”, como qualquer outro adolescente, ela troca a festa de 15 anos por uma viagem para encontrar o irmão da mãe nos Estados Unidos. Fragilizado pela AIDS, no entanto, é ele quem está de malas prontas para o Brasil. “Califórnia” cativa pela ambientação. Do figurino à direção de arte e a excelente seleção musical.

Preço: R$31,50 Com sua rara capacidade de explicar temas filosóficos para o leitor comum, Marcia Tiburi alcançou o sucesso de público e de crítica como uma filósofa pop. E nesses tempos de nervos à flor da pele e agressivos embates políticos, Marcia traz em “Como conversar com um fascista” um propósito filosófico-político: pensar com os leitores sobre questões da cultura política experimentada diariamente.

SOM&

Vários The Art of Paul McCartney (Sony)

Preço: R$34,90

Todas as gravações incluídas em “The Cutting Edge 1965-1966: The Bootleg Series Vol. 12” são registros imaculados que foram mixados a partir das fitas originais das gravações de estúdio. Importante notar que o lançamento é uma rara exploração sobre o processo de criação de Dylan dentro do estúdio e permite que os fãs experimentem outra face do artista através da evolução de suas músicas e gravações daquele período altamente marcante e inovador. Geralmente vistos como três dos mais importantes e influentes discos da era de ouro do rock, eles foram todos gravados em um período de apenas 14 meses.

Garbage Garbage - Deluxe Edition

(Voice Music) Preço: R$39,90

Em comemoração ao 20º aniversário de seu disco de estreia aclamado pela crítica, auto-intitulado, Garbage, está relançando em CD Duplo Deluxe , remasterizado a partir das fitas analógicas originais. Entre as faixas estão: “Supervixen”, “As Heaven Is Wide”, “Stupid Girl”, “Fix Me Now”, “#1 Crush (Early Demo Mix)”, “My Lovers Box (Early Demo Mix)”, e“Only Happen When It Rains (Early Demo Mix)”.


Arquivo Meon

NOTÍCIAS CULTURA

Nem tudo é assombração Pesquisas revelam que o Vicentina Aranha teve uma ligação mais forte com a vida do que com a morte em sua fase sanatorial


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Fotos: Arquivo AJFAC

Adriano Pereira SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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s prédios antigos, as sombras das árvores e o imaginário popular funcionando a todo vapor. A receita já criou uma dezena de lendas sobre assombrações no Parque Vicentina Aranha. Mas, diferentemente do que a maioria pensa, o local que abrigou um sanatório tem uma história mais ligada à vida do que à morte. Fosse essa a razão da fama de mal-assombrado, alguns hospitais públicos teriam mais chances de abrigar fantasmas. É o que garante as pesquisas feitas pelos historiadores David de Albuquerque e Hebert Shimada Leal, responsáveis pelos estudos do projeto “Ladeira da Memória”, da AJFAC (Associação Joseense para o Fomento da Arte e da Cultura), organização social que administra o Vicentina Aranha. “As taxas de mortalidade aqui eram bem baixas, em alguns anos não ultrapassavam 8%”, conta Albuquerque. Se considerarmos que em alguns hospitais públicos a taxa atual ultrapassa os 15% anualmente, o sanatório em São José era um lugar de cura, e não de morte. “As pessoas tendem a imaginar que aqui era um lugar de sofrimento, mas o que os documentos e depoimentos mostram é o contrário disso. Tem gente que vem caminhar aqui à noite e não tem coragem de olhar para as janelas”, conta Albuquerque. Pensando em desmistificar essa visão sobre o Parque Vicentina Aranha, o historiador foi atrás de informações mais exatas sobre os anos sanatoriais do prédio. Nesse caminho, encontrou arquivos com informações valiosas, mas, além disso, e mais importante ainda, encontrou pessoas que passaram por lá e se curaram. Foram realizadas entrevistas com vários ex-pacientes do Sanatório Vicentina

Registro do pavilhão central do Vicentina Aranha em sua fase sanatorial Aranha. A maioria dos relatos lembra um lugar bastante calmo, com enfermeiros atenciosos com os pacientes e um clima de solidariedade entre todos. Vale lembrar que São José não tinha só o Vicentina Aranha como ponto de tratamento da tuberculose, outros nove sanatórios e 38 pensões sanatoriais transformavam São José numa referência no tratamento da doença. Aliás, não fosse a tuberculose, não teríamos nem a vista do principal cartão-postal da cidade. O lado par da Avenida São José, mais conhecido como orla do banhado, era repleto de casas que desfrutavam da vista dos seus quintais. Para que o ar puro pudesse circular no centro da cidade, todas as casas foram derrubadas. Mais do que isso, foi a migração de familiares de pacientes para São José que tornou possível a transformação seguinte.

Foi essa a mão de obra que ocupou a industrialização da cidade. Aliás, a imprensa da época retrata um quadro bastante curioso. Uma parcela da população não queria ver o município deixar de ser referência no tratamento da tuberculose para se tornar o polo industrial que é hoje. Ou seja, não só o Vicentina Aranha se mostra como um lugar com uma quantidade maior de curas do que de óbitos, como a fase sanatorial foi de suma importância para o desenvolvimento da cidade.

Saudades Renata Carvalho nasceu no dia 7 de novembro de 1945, em Guiratinga, no Mato Grosso. Se mudou para São José acompanhando o pai que veio para se tratar no Vicentina Aranha. Foram anos de tratamento, cura e depois o falecimento de causa natural, só em 1981. “Olha, eu só tenho saudade, porque


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aqui era muito bonito, a infância foi muito boa, eu fui muito acarinhada pelas freiras, elas tinham um carinho especial, então eu só tenho saudades disso aqui. Eu vejo assim, quando eu falo ‘sou de São José dos Campos’, eles falam: ‘a cidade do progresso’, ‘a cidade do avião’, ‘do ITA’, ‘do CTA’. Então eu não vejo falar: ‘a cidade que tinha um clima bom, que curou muita gente’. Porque muita gente se curou, não é que todo mundo que veio para cá doente morreu, muita gente saiu curada, voltou a trabalhar”, diz Renata. A história dela com o Vicentina Aranha não é solitária. Entre os relatos da enfermeira Doroty de Almeida*, hoje com 101 anos, há a lembrança de uma moça que veio para São José acompanhando o pai e um primo. O pai se curou e o primo faleceu em 1938. Mas em suas visitas ela conheceu um rapaz que estava internado. Esse encontro se transformou num casamento de mais 50 anos. Outra passagem “picante” das histórias de Doroty pode assombrar os mais religiosos. “É pecado falar isso. Eu fui na cozinha buscar água quente para a bolsa, ia entrar pro refeitório e passei pela cozinha, né? Quando eu entrei, cheguei no refeitório e quase caí para trás, porque estavam os dois de boca-boca (se beijando), uma freira com um garçom”, conta. Na época, o garçom era a figura de uma espécie de supervisor de cada pavilhão. “É, nós não podíamos, mas eles podiam”, completa. Talvez Doroty tenha a melhor explicação sobre as “assombrações” que causam tantas histórias. “Nós dormíamos no quarto de cima em quatro pessoas, tinha quatro camas e a freira dormia com a gente no meio. Tinha uma outra que dormia de lado com o biombo, não sei quem era. E quando chegava de noite, assombração era nós que fazíamos mesmo. A gente amarrava a meia, pé de meia um com outro e depois amarrava no lençol para puxar e assustar as freiras”  .

O local sempre foi tranquilo e silencioso durante sua fase sanatorial



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NOTÍCIAS TURISMO

Ainda dá tempo de viajar

Descubra opções para o Ano Novo, mesmo que de última hora Roberto Torrubia/ divulgação

Ainara Manrique SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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urante o ano, muitas famílias não têm tempo para planejar a tão sonhada e merecida viagem de Ano Novo e, como todos sabem, as opções de última hora costumam oferecer preços exorbitantes em lugares que não se encaixam nesse sonho. Para quem deseja que essa data tão especial seja comemorada com muita alegria, existem algumas opções no Litoral Norte, ótimas praias, casas noturnas e festas para os turistas. Mas, e para quem procura tranquilidade, atividades em família e um preço que se encaixe no orçamento, o que fazer? Descubra destinos na Serra da Mantiqueira que, além de serem ótimas opções, oferecem preços justos, mesmo que de última hora. Uma das charmosas estâncias climáticas do Vale do Paraíba, Cunha oferece atividades que exploram a natureza e o clima fresco da cidade. Contemplada com duas áreas naturais legalmente protegidas, as belas trilhas cercadas pela Mata Atlântica são ótimas opções para qualquer época do ano. Já para quem prefere um pouco mais de aventura, é possível optar por uma caminhada de dois quilômetros morro acima até chegar à Pedra da Marcela, um morro de 1.840 metros de altitude, que oferece como presente para os aventureiros uma visão periférica da Serra da Mantiqueira de um lado e da baía de Angra dos Reis, Paraty e Ilha Grande do outro. Além de toda a beleza natural, a cidade ainda possui gastronomia rica em sabores caipiras e um artesanato

Gonçalves (MG): cercada de araucárias e lindas cachoeiras, sendo um refúgio ideal para casais, mas sem deixar de oferecer atividades para a família típico que encanta qualquer turista. A cidade possui chalés e pousadas com preços acessíveis, que variam entre R$ 190 e R$ 900, se tornando uma ótima opção para o fim do ano.

Radical Para quem ama esportes radicais ao ar livre, mas não abre mão do aconchego, São Bento do Sapucaí é a opção ideal. A famosa Pedra do Baú é uma das

principais atrações da cidade, que, além de proporcionar uma vista incrível para os curiosos, permite a prática de esportes como alpinismo e voo livre. Um dos inúmeros pontos positivos de São Bento é que o local fica próximo a outras cidades turísticas, como Campos do Jordão, Santo Antônio do Pinhal e Gonçalves, permitindo que os turistas circulem pela Serra da Mantiqueira. Os visitantes podem escolher entre as


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Divulgação

Para quem ama esportes radicais ao ar livre, mas não abre mão do aconchego, São Bento do Sapucaí é a opção ideal Roberto Torrubia/ divulgação

Cunha oferece atividades que exploram a natureza e o clima fresco da cidade Divulgação

Mesmo no verão, Santo Antonio do Pinhal guarda seu charme na serra

várias opções de chalés, apartamentos e pousadas da cidade pagando um preço acessível, que varia entre R$ 150 e R$800 nesse Ano Novo. Para as famílias que desejam se conectar à natureza e desfrutar de uma culinária caipira, o melhor destino é Santo Antônio do Pinhal. A cidade, que tem altos índices de turismo durante o inverno, continua oferecendo durante todo o ano seus deliciosos pratos à base de pinhão e truta, além do ecoturismo, que permite que os turistas realizem passeios por lugares marcantes como o Pico Agudo e a Cachoeira do Lageado, uma queda d’água que forma uma piscina natural entre as pedras. As produções locais chamam a atenção por sua simplicidade e qualidade. Entre os produtos artesanais, as cachaças e licores se destacam e sempre ganham um lugar na mala dos visitantes. O Ano Novo nessa simpática cidade agrada não só aos olhos como o bolso, já que possui pousadas, hotéis e chalés com preços entre R$ 150 e R$ 800. Já para os que desejam que as festas de fim de ano tenham um toque intimista, mas também querem conhecer um lugar fora do Vale do Paraíba, uma ótima opção é o belo município de Gonçalves, que está localizado na Serra da Mantiqueira, ao sul do estado de Minas Gerais. Mesmo sendo uma microrregião, a cidade encanta turistas de todo o Brasil por ser cercada de araucárias e lindas cachoeiras, sendo um refúgio ideal para casais, mas sem deixar de oferecer atividades para quem vai ao passeio com toda a família, como a pesca de truta, a escalada de picos, a exploração de cavernas, os passeios a cavalo, o rapel e o turismo fotográfico. Gonçalves é um delicioso destino, que oferece pousadas e chalés entre R$ 150 e R$ 900, o que permite levar toda a família para esse passeio deslumbrante. 


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NOTÍCIAS CINEMA

A força está de volta Fãs explicam o que torna “Star Wars: o Despertar da Força” o filme mais aguardado de todos os tempos Pedro Ivo Prates

João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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força vai despertar nos cinemas no dia 17 com o longa mais esperado da história. “Star Wars: o Despertar da Força” já é um arrasa-quarteirões mesmo antes de sua estreia. O filme dirigido por J.J. Abrams, maior estandarte da cultura nerd de nossos tempos, vai continuar a saga da galáxia tão tão distante décadas depois dos episódios que levaram Luke Skywalker a derrotar o Império liderado por seu pai, Darth Vader. Por que tanta comoção? “Por ser simplesmente o retorno da maior saga que o cinema já viu”, responderia o fã e criador do site Claquete Virtual, Carlos Campos, de São José dos Campos. Realmente, não dá para ficar alheio à história protagonizada por siths, jedis, princesas e habitantes de planetas fantásticos. É, ao mesmo tempo, um universo à parte e que está em toda parte. “’Star Wars’ é icônico por tudo o que representa para a Sétima Arte e pela riquíssima mitologia apresentada em cada capítulo. Esses longas foram um divisor de águas e, praticamente, criaram a Hollywood que conhecemos atualmente (com seus grandiosos filmes de verão e muitos efeitos especiais). O mercado mudou radicalmente desde então, o merchandising introduzido por (George) Lucas virou a norma e um negócio bastante lucrativo para os estúdios, os efeitos especiais ganharam cada vez mais espaço e

Fãs da série esperam ansiosamente pela estreia da nova sequência destaque (para o bem e para o mal)”, leciona Campos.

Resenha nerd Entre os ecos desta revolução iniciada em 1977, quando o primeiro filme da saga (“Star Wars: Uma Nova Esperança”) foi lançado, está uma legião de fãs espalhados pelos cinco

continentes. São pessoas que consomem de tudo um pouco do universo Star Wars. Não basta assistir os seis filmes já lançados, é preciso estar atento ao que acontece no universo estendido da série: livros, HQs, desenhos, jogos, entre tantas outras coisas. Vestidos a caráter, o empresário Gilson A. Santos e o youtuber Alan


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Tadini deixam os sabres de luz de lado para, juntos do engenheiro aeronáutico Guilherme Torres, confabularem sobre os rumos do novo filme da saga. É sempre assim quando os três se juntam, ao invés de comentários sobre a rodada do futebol, política ou qualquer outro desses assuntos corriqueiros, o gancho para o início das conversas é, invariavelmente, Star Wars. A loja GeekxTreme, na região central da cidade, é o cenário perfeito para horas e horas de divagações sobre tudo o que faz parte deste universo. Cercados por artigos que fazem alusão aos personagens dos quadrinhos e games, os três vão discorrendo sobre suas teorias a respeito do novo título. “O mais legal do material promocional do filme é que a gente já viu algumas cenas, mas elas não revelam absolutamente nada sobre o filme.

Assim, a expectativa só cresce. A boataria está pesada por aqui. Já se falaram de duas Estrelas da Morte, uma do lado luminoso e outra do lado escuro, já falaram que o Kylo Ren -vilão deste título -- não é sith, que o Finn não é jedi. Olha, a conversa vai longe”, explica Torres. Mas se as teorias são discutidas com fervor, uma coisa é unanimidade entre os nerds assumidos: J.J. Abrams é o cara para assumir a responsabilidade de tocar para frente a maior saga de todos os tempos. “Sem dúvida. Ele é fã, gente como a gente. Não está caindo na preguiça de usar computação gráfica em tudo, mas reconstruiu cenários, mandou fazer uma Millenium Falcon (mítica nave comandada por Han Solo) em tamanho real. Deu vida ao droide BB-8, que só de ver no trailer já arrepia os fãs, e,

como se não bastasse, já tem no currículo o fato de levantar outra franquia, a ‘Star Trek’”, conta Santos.

Sucesso Maior pré-venda da história do cinema, o filme já arrecadou U$ 6,5 milhões só nos Estados Unidos. Na região, encontrar um ingresso para a pré-estreia do filme, em sessão que acontece à meia-noite do dia 17, é tarefa praticamente impossível. Nos cinemas, somente em São José dos Campos, cerca de 2 mil pessoas já garantiram a entrada tanto no Cinemark, do Shopping Colinas, quanto no Kinoplex, do Vale Sul Shopping. Em Taubaté, os cinemas Moviecom, do Taubaté Shopping, e Cinemark, do Via Vale Garden, também exibem sessões da madrugada. Que a força esteja com você!

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NOTÍCIAS ESPORTES

Em família

Fotos: Carol Tomba

Enfermeira, mãe e árbitra, Cintia Saccomanno descobriu no rúgbi o prazer e a melhor maneira de estar próxima dos filhos

Cintia, Marcos e Lucas, juntos em casa e no campo em torno do rúgbi


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Arquivo Pessoal

Equipe de árbitros durante treinamento na Confederação Brasileira de Rugby

Thiago Fadini SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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esde muito cedo, é comum os pais incentivarem os filhos à prática desportiva. Na maioria das vezes, o incentivo tem aquele empurrãozinho dado pelo apreço dos mais velhos por alguma modalidade, e é completado pelo apoio fora da quadra, campo, piscina, seja qual for o ambiente. Mas e quando o gosto dos filhos se sobressai e influencia o dos pais? No rúgbi isso não é muito difícil de acontecer. Diversas famílias, principalmente as dos atletas do São José Rugby, sofrem uma mudança em toda a rotina por conta do esporte. Na família Saccomanno o cenário não é diferente. No entanto, há algo de especial nessa história, que ultrapassa o limite dos gritos da torcida e das linhas do gramado. Cintia, 41, é mãe de Marcos, 16, e Lucas, 19, atletas dos elencos M17 e M19 do time joseense, respectivamente. Natural de São Paulo, a família viveu na Nova Zelândia, onde o rúgbi é como o futebol no Brasil, e em 2012 se mudou para São José dos Campos, onde Cintia trabalha como enfermeira do GACC (Grupo de Assistência à Criança com Câncer). Foi

do outro lado do planeta que o interesse pela modalidade nasceu, mas no Vale do Paraíba o apetite pela bola oval foi realmente alimentado. “Moramos por três meses na Nova Zelândia e lá o rúgbi é forte. Vimos um pouco, estava na época de Copa (do Mundo), mas não demos muita bola. Aí quando mudamos para cá o Lucas falou ‘mãe, aqui tem rúgbi’. Fomos atrás para ver, perguntei para o presidente o que precisava para entrar e ele disse que era ser picado pelo bichinho. Realmente é bem isso, ser picado e ficar doente”, disse Cintia, em tom de descontração. A intensidade da ‘doença’ do rúgbi foi tão alta que fez o filho mais velho de Cintia mudar a concepção sobre o esporte de uma maneira geral. O mais novo tinha uma certa resistência, mas não demorou a entrar na onda.

Brigar com argumento Com a dupla no mundo da bola oval, restou à Cintia viajar e acompanhar os jogos dos filhos pelo São José. Entretanto, para ela, os típicos gritos dos nomes dos meninos das arquibancadas não eram suficientes. Entender os lances, reclamar do juiz, incentivar... Como fazer tudo isso sem saber o principal, as regras? Foi

assim que nasceu a vontade da enfermeira em conhecer a fundo o rúgbi. “(A vontade nasceu) como torcedora. Ficava lá vendo, não entendia nada e aí surgiu a oportunidade do curso de arbitragem. Até brincava dizendo que aí posso brigar com os árbitros com argumento, né?”, relatou. Uma vez tomada a decisão, Cintia Saccomanno buscou o curso de arbitragem inicial disponibilizado pela CBRu (Confederação Brasileira de Rugby) e, após a conclusão, foi atrás do treinamento da World Rugby, entidade que rege o rúgbi no mundo, que habilita o candidato a participar do quadro de arbitragem de partidas oficiais no próprio país. Tanto engajamento deixou os filhos surpresos. E o que os jogadores acharam de ver a mãe que, um dia estava nas arquibancadas, agora à beira do gramado? “Foi bom até, porque na hora de sair do campo a gente acaba conversando sobre as atitudes de cada um, eu jogando e ela bandeirando. Achei que cada um acaba tendo uma visão e passando uma dica”, opinou Marcos Saccomanno, que recentemente foi convocado para a seleção brasileira juvenil. “Primeiro foi estranho, porque não imaginava que ela fosse fazer isso. Mas foi legal, eu gostei. É um apoio a mais para continuar no rúgbi, por ter mais uma pessoa dentro do rúgbi e ajudar na parte de árbitros, que está começando a evoluir”, falou Lucas, o mais velho e que acompanhou a mãe no primeiro curso.

Mesa de casa Além de conversar sobre comportamento, notas na escola e assuntos pessoais, o tema rúgbi virou uma das pautas diárias de debate em casa para os Saccomanni. E se a curiosidade e a troca de informações viraram constantes, naturalmente a união do trio floresceu ainda mais. O esporte, segundo a matriarca da casa,


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virou ‘prioridade’ para todos. “A gente ficou muito mais próximo, então em tudo o que a gente vai fazer a nossa prioridade é o rúgbi, principalmente no fim de semana. Uniu muito mais a nós três”. O amor em torno do rúgbi foi tão impactante que proporcionou surpresas que nem a árbitra paulistana imaginava que poderiam acontecer. “Estava num evento, em Sorocaba, e o Marcos me disse (por telefone) ‘chega logo, tenho uma surpresa’. Cheguei em casa às 11 horas da noite, e quando fui deitar, senti algo debaixo do travesseiro. Era uma caixa com uma chuteira que ganhei de presente deles com uma declaração. São essas atitudes que falam por si”, recordou. Com os laços familiares ainda mais fortes, a emoção se sobrepõe, de longe, à razão, certo? Só que não. Com uma escala flutuante, Cintia já teve que apitar jogos de Lucas e Marcos e, claro, o profissionalismo sempre esteve à frente, mas sabemos como é coração de mãe. “O coração dispara, o estômago dói, tem que fazer cara de paisagem, não pode reagir, mas tem que ser assim. É difícil, mas você tem que segurar a onda”, descreveu com um ar cômico. Fora o ‘trabalho’ de mãe, a enfermeira tem que se manter focada para não misturar as outras duas profissões que têm. “Quando estou no campo tenho que fazer vista grossa na minha função de enfermeira. Em grande parte dos jogos

eles acabam tendo alguma lesão e, às vezes, você fica naquilo de ‘não posso, não posso’”, disse, com tom de descontração.

Preconceito Como em qualquer trabalho, nada é um mar de rosas, ainda mais se você for mulher em uma modalidade esportiva dominada, ao menos em quantidade, por homens. Sim, é óbvio que existe preconceito e Cintia já sentiu na pele o que é ser atormentada por esse mal. “Tive um problema no Super 8 (Campeonato Brasileiro). Aonde eu esperava ser mais acolhida pela torcida foi aonde eu fui mais xingada. Teve um torcedor que me tratou muito mal, ficou dez minutos atrás de mim, correndo pela arquibancada me ofendendo. Foi bem desagradável”, relembrou.

O jogo não pode parar Consolidada no quadro brasileiro, os planos de Cintia no rúgbi são ambiciosos. Experiente como auxiliar de linha, a meta agora é se fixar como árbitra central e subir de nível na escala dos juízes da CBRu. Para que ela chegue um dia a arbitrar confrontos internacionais é necessário que ela evolua do ‘nível 1’ no ranking da Confederação e, assim, possa chamar a atenção dos responsáveis por competições continentais. “Quero apitar mais jogos, porque comecei como quarta árbitra, aí criei

coragem e fui bandeirar. Graças a Deus já passou a fase do medo e agora estou enfrentando ser árbitra central”, afirmou. Reconhecida profissionalmente, Cintia recebeu um prêmio na Câmara Municipal de Vereadores de São José dos Campos, em novembro, pelo engajamento no esporte e por ser a primeira mulher a apitar jogos de rúgbi na cidade. Superando barreiras, do medo ao preconceito, ela espera que mais mulheres se interessem e não se acanhem diante do desafio de entrar num meio onde o esporte é bruto, mas que, ao mesmo tempo, exala um respeito quase sempre mútuo, dos jogadores à arbitragem. “Se você gosta e tem interesse, vá, que tem lugar. Eu, com 41 anos, nunca imaginava que estaria na beira do campo apitando e bandeirando e consegui”, concluiu Cintia Saccomanno. 



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Gastronomia&

Fotos: Adriano Pereira A receita exclusiva do entremet da Sweet Mel para você fazer bonito no Natal

Requinte de Natal Adriano Pereira SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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uando o talento encontra o sabor é quase impossível a receita dar errado. A confeiteira Melissa Toffani consegue aliar as duas coisas, mas ainda coloca sofisticação e delicadeza em suas sobremesas. Melissa é proprietária da Sweet Mel, em São José dos Campos. Na loja, ela coloca o conhecimento adquirido em Paris a serviço da gastronomia, com ingredientes de primeira qualidade e um perfeccionismo típico da culinária francesa.

O carro-chefe da casa são os macarrons, de vários e inusitados sabores. Mas os doces mais “encorpados” também merecem atenção. Um deles é o entremet, um doce feito em camadas separadas pelo sabor e pela textura. A regra é partir de uma camada menos densa para uma mais densa, assim você consegue cortar o doce com facilidade. O entremet é um tipo de sobremesa que precisa ser feito em várias etapas, e que requer, depois de montado, 24 horas de congelamento. Uma dica e fazê-lo uns três dias antes de consumir. Para a montagem do entremet são necessários alguns itens essenciais, como aros de inox com dois tamanhos

diferentes, na receita apresentada usamos os tamanhos 15 cm (recheio) e 17 cm (biscuit e montagem). A sobremesa deve ser montada em etapas e todas devem ser congeladas. Pela primeira vez, em anos de confeitaria, Melissa resolveu revelar com exclusividade para a Metrópole Magazine como fazer um entremet de Natal e nós acompanhamos a receita. A mistura leva mel, nozes, mousse de chocolate e um cremoso de morango. Pode parecer complicado e exige atenção, mas a gente tem certeza que, se você conseguir fazer em casa, vai impressionar todo mundo na ceia deste ano. Então, mãos à obra e Feliz Natal!


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Primeira etapa: fazer o recheio Creme de morangos Ingredientes 250 gramas de morangos frescos ou congelados (pode substituir por qualquer outra fruta) 1 colher de sopa de raspas de limão 45 gramas de açúcar refinado 2 gramas de pectina 5 gramas de gelatina em pó dissolvidas em 30 gramas de água Em uma panela, amorne os morangos, as raspas de limão, acrescente a pectina dissolvida no açúcar e misture bem. Cozinhe até engrossar e, caso queira um recheio liso, passe o creme em um processador ou mixer (foto 1). Forre com papel filme o aro menor (15cm) e despeje a mistura. Congele.

Segunda etapa: base do entremet Biscuit de nozes e mel Ingredientes (foto 2) 15 gramas de nozes + 15 gramas de açúcar refinado (processe essa mistura e reserve) 13 gramas de açúcar refinado 42 gramas de gemas 42 gramas de claras 25 gramas de farinha de trigo 12 gramas de manteiga derretida 12 gramas de mel Em uma batedeira com o batedor de pá, bata a mistura de nozes e açúcar com as gemas e reserve (foto 3). Bata as claras em neve e acrescente o açúcar aos poucos, bata até atingir picos duros, misture suavemente com o creme de gemas e nozes, aos poucos junte a farinha de trigo e, por último, acrescente a manteiga derretida e o mel. A mistura de todos os ingredientes deve ser cuidadosamente feita para que o biscuit

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mantenha a aeração das claras, para que fique fofinho depois de assar. Em uma assadeira reta e forrada com papel manteiga, coloque o aro maior de 17 cm e despeje a mistura em seu interior, (foto 4) leve para assar por 5 minutos em forno preaquecido a 210 graus. Ele deve ficar levemente dourado. Deixe esfriar, desenforme com cuidado e leve para congelar.

A chef Melissa Toffani, especialista em sobremesas francesas

Terceira etapa: mousse e montagem do entremet Antes de começar essa etapa, certifique-se de que o creme de morango e o biscuit estão congelados (foto 5) Ingredientes Mousse de chocolate 45 gramas de creme de leite fresco 45 gramas de leite integral 26 gramas de mel 1 fava de baunilha (ou extrato, não use essência) 47 gramas de gemas 125 gramas de chocolate com 50% de cacau (ou mais) picado. 225 gramas de creme de leite fresco gelado (mantenha refrigerado até utilização) Ferva o creme de leite, o leite, o açúcar e a baunilha, tempere as gemas, verta as gemas na mistura e cozinhe até começar a engrossar. Caso tenha um termômetro, não deixe passar de 84 graus. Retire rapidamente do fogo e despeje sobre o chocolate picado, não raspe o fundo da panela do creme (foto 6). Espere um minuto e incorpore o creme ao chocolate delicadamente. Quando essa mistura amornar, pegue o creme de leite fresco gelado e leve à batedeira. Bata chantilly em ponto mole, junte a mistura de chocolate e incorpore (foto 7). Reserve para a montagem do entremet, que deve ser imediata quando a mousse estiver pronta.

Quarta etapa: montagem Organize seu espaço: Forre o aro de 17 cm com papel filme e coloque sobre uma bandeja ou prato. Retire do congelador o creme de morango e com a ajuda de uma faquinha retire do aro. Retire o biscuit do congelador. Coloque dentro do aro o biscuit e aperte suavemente com a mão, coloque um pouco de mousse e raspe nas laterais do aro, cubra o biscuit com um pouco de mousse, pegue o recheio e coloque no centro, cubra com o restante da mousse. Congele por, pelo menos, 24 horas.

Quinta etapa: finalização Essa etapa deve ser feita no dia de servir o entremet.

Glaçagem fina (fotos 8 e 9) Ingredientes 125 gramas de água 150 gramas de açúcar 150 gramas de glucose de milho (Karo) 100 gramas de leite condensado 10 gramas de gelatina em pó + 60 gramas de água para dissolver 150 gramas de chocolate branco Corante vermelho quanto baste. Ferva a água, o açúcar e o corante, despeje sobre o leite condensado, com o chocolate e a gelatina.Passe essa mistura no mixer, peneire algumas vezes para diminuir as bolhas de ar, use quando atingir 35 graus. Retire o entremet do congelador, desenforme com a ajuda de um maçarico e verta a glaçagem sobre ele.



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Social& Com as festas de fim de ano se aproximando, muita gente fica na dúvida na hora de dar um presente. Para aqueles que ainda estão no processo de escolha, uma opção que agrada tanto aos homens quanto às mulheres, é o vinho. A bebida é ideal para aqueles que se arriscam a dar palpites de Sommelier e também para aqueles que não entendem nada sobre vinho e se preocupam apenas com o sabor que agrada em cheio ao paladar. Há quatro anos em São José dos Campos, Tércio Raddatz, chef de cozinha e proprietário do Villa Lobos Espaço Gastronômico, dá a dica do vinho certo para não errar e fazer bonito na hora de presentear alguém nas festas de fim de ano. Para acertar no presente, vale apostar para as mulheres em vinhos mais fáceis de beber, leves e adocicados, com uvas do tipo Merlot ou Pinot Noir. Já para os homens, a dica é investir em vinhos e acessórios que façam bonito na hora de servir e degustar uma boa safra. “Dá para beber bem com preço acessível”, ressalta o chef. “Devido à crise, muita gente deixou de viajar e está propenso a gastar com produtos de boa qualidade”, afirma. É importante lembrar que, além de ser um presente sofisticado e delicioso, o vinho também faz bem à saúde, com suas propriedades antioxidantes. .

Carol Tomba

Opção certeira e que faz bem à saúde

Presente que alegra e aproxima Cada vez mais, as pessoas estão inovando na hora de presentear um ente querido. Uma das opções que dificilmente decepciona o presenteado é o chocolate. Ainda mais quando há a possibilidade de personalizar o presente em todos os detalhes. A confeiteira e proprietária da Le truque Chocolateria, Cristina Carvalho, de São José dos Campos, diz que o natal é a segunda páscoa. Este é o período em que ela precisa buscar as tendências de sabores para poder inovar a cada ano. Entre as novas delícias estão as Trufas de caramelo salgado, Amarula com pimenta rosa e Champanhe com nibs de cacau. A confeiteira, apaixonada assumida por chocolate, criou diversos sabores novos e irresistíveis para oferecer aos seus clientes que querem presentear de uma forma especial. “O chocolate trás o afeto, trás felicidade e é um presente universal”, afirma Cristina.


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Fotos: Carol Tomba

A loucura que está dando certo Sempre ligada no que se refere à moda, a joseense Gabriela Iwamoto Garcia (21), comemora o sucesso de sua loja. Aos 19 anos, Gabriela decidiu do dia para a noite que queria abrir sua própria loja de roupas. Após um período como sacoleira, assumida, Gabriela arriscou e, com a ajuda da família, hoje ela comemora o sucesso de seu negócio. Mesmo depois de ouvir que seria loucura abrir um estabelecimento diante da crise que estava por vir, Gabriela não teve medo e decidiu correr atrás de seu sonho. Hoje a Muruah (que significa ouro em Latim de trás para frente) comemora um pouco mais de um ano de sua abertura. Com o comando da dona e o apoio de sua família, o objetivo agora é crescer. Com muitos seguidores nas redes sociais, a loja tem atraído consumidoras de outras cidades da região, como Caraguatatuba e Taubaté. Situada na zona Sul de São José, a loja está sempre repleta de novidades. Gabriela procura ir com frequência a São Paulo em busca de tendências para manter a loja abastecida.

Tradição de família passada por gerações Maria Auxiliadora Pinho, mais conhecida como Doia, adora o clima natalino. Nascida em São José do Rio Preto, Doia veio para São José dos Campos com o objetivo de trabalhar. Aqui, ela se casou, teve um casal de filhos e fez sua carreira como professora, lecionando em escolas tradicionais da cidade.O gosto pelo natal veio logo na infância, quando ajudava sua avó a decorar a casa para celebrar o nascimento de Jesus Cristo. A preparação para o natal começa bem antes de dezembro, e a cada ano a decoração recebe um toque exclusivo. “Gosto da casa cheia e enfeitada. Fazemos todos os anos o amigo secreto, minha mãe me ajuda na ceia e toda a família está sempre reunida”, ressalta Maria Auxiliadora. Além de toda a preparação, Doia não se esquece também de destacar a grande importância do natal: o lado religioso.


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Arquitetura& Por Adeline Daniele

Experimentar antes de comprar

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omprar um imóvel para viver com a família é um processo caro e burocrático, e nem sempre o novo lugar agrada a todos depois de um tempo de moradia. Foi pensando nisso que uma construtora trouxe para um condomínio em Taubaté, o conceito de “experience house”. Nessa modalidade, os clientes podem viver no condomínio por 30 meses, antes de decidir se realmente querem adquirir o imóvel. E a entrada fica praticamente garantida: 70% do valor pago nos aluguéis durante esses meses são convertidos para a compra da casa. Com uma proposta assim fica difícil se arrepender da aquisição. Projetadas para acomodar de quatro a cinco pessoas, as casas contêm desde área gourmet até lajes preparadas para receber placas de energia solar. O teto tem acabamento em forro rebaixado com gesso e a escada é revestida em mármore travertino, além de pisos em porcelanato, cerâmico, cubas, torneiras e azulejos para as

áreas molhadas. “Como o próprio nome do condomínio diz, nossa intenção era criar algo moderno e com estrutura familiar”, afirma Fábio Lamim, um dos arquitetos responsáveis por assinar o projeto pela Spazio Arquitetura e Decoração. E a ideia deu certo: depois de visitar a casa decorada, pelo menos, quatro novos clientes do Contemporâneo Residencial já contrataram o escritório para mobiliar suas novas moradias. “Como temos uma parceria com a Tetus, caso a pessoa compre a casa, ela não precisa pagar pelo projeto de decoração”, explica Lamim. O condomínio vem com duas opções de plantas prontas para morar – uma com 119,42 metros quadrados e outra com 121,47 metros quadrados. São 64 unidades ao todo. Todas elas contam com três dormitórios, sendo uma suíte; duas vagas de garagem e área externa com churrasqueira. Também há segurança 24 horas e monitoramento de vídeo local e à distância.

Projeto usou materiais sofisticados para transmitir ambiente moderno e familiar, com pisos em porcelanato e mármore travertino


Fotos: Arnaldo Kikuti

São José dos Campos, Dezembro de 2015 | 69

Fotos: Divulgação

Natália Traunmüller e Lucas Sonnewend – ARQUITETOS


70 | Revista Metrópole – Edição 10

Área externa da residência tem área gourmet com churrasqueira e até ofurô. Condomínio também tem piscina, salão de festas, academia e campo de futebol para moradores


São José dos Campos, Dezembro de 2015 | 71

Com três dormitórios, casa possibilita uso de um dos cômodos como escritório ou quarto de criança

Opção de decoração para dormitório do casal com painel de fotos e parede decorada


Vai construir, ampliar ou reformar? Contrate sempre um engenheiro ou arquiteto com registro válido no CREA ou CAU.

Exija do profissional: 1. Projetos arquitetônico e estrutural completos; 2. Projetos de instalações elétricas e hidrosanitárias; 3. Memoriais descritivo e quantitativo contendo todas as especificações de materiais e quantidades relativas à obra; 4. Acompanhamento da obra.

Para sua segurança e garantia exija sempre o documento de responsabilidade técnica (ART ou RRT). Se você é um profissional registrado no sistema CREA/SP ou CAU/SP, seja um associado AEA e aproveite os benefícios! Av. Anchieta, 551 - Jd. Esplanada (12) 3921-6259 atendimento@aeasjc.org.br www.aeasjc.org.br

Desde 1958 trabalhando para a Valorização e Qualificação Profissional

Engº Civil Carlos Vilhena - Presidente



74 | Revista Metrópole – Edição 10

Crônicas & Poesia

Presépio Yuguiô por Ludmila Saharovsky

Neste Natal resolvi montar, além da árvore, um presépio para meus netos. Aproveitando a ocasião, enquanto retirava as figuras da caixa, didaticamente comecei a contar-lhes um pouco da história daquele menino que renascia a cada dezembro: o porquê da Estrela de Belém, da manjedoura, dos Três Reis Magos. Nicolas e Alecsia ouviam-me atentos, enquanto surgiam no cenário os camelos, o burro, a vaquinha, os pastores e seus carneiros. “E havia o rei Herodes, que, por medo de que nascesse outro rei e o destronasse, mandou matar todas as criancinhas da Judeia”. Nicolas, injuriado, saiu da sala, voltando daí a pouco com toda a coleção de seus Cavaleiros do Zodíaco, que perfilou ao lado do menino: “Vó, problema resolvido! Olha aqui: meus cavaleiros vão proteger o bebê! O Saga, de Gêmeos, o Aldebarã, de Touro, e o Ayorus, de Sagitário. Doko tem uma espada dourada e bbzzzzzzttttt! Esse Erodes nem vai chegar perto”, dramatizava, introduzindo novos personagens na história e materializando mais uma vez a eterna luta do Bem contra o Mal. Alecsia, querendo participar também, foi buscar o urso, o dragão e o dinossauro: “Ó, vó! Eles são muuuuiiiitto grandes, e o “dissonauro” ELE VOA!” enfatizou. “E ele pega o neném e leva lá longe, pro ninho dele, viu? E aí ele fica escondidinho! Ninguém acha ele não”, ela ponderava com toda a autoridade de seus quatro anos, buscando com os olhos o ponto mais alto da sala. Eu sei que, aos poucos, nosso presépio foi adquirindo uma nova e

inusitada perspectiva: surgiu a cerca do Forte Apache, com soldados e índios fraternalmente dispostos nas guaritas. A Arca de Noé foi estrategicamente ancorada no laguinho de espelhos, para uma possível fuga da família pelo meio de minha sala; e até o Batman e o Homem-Aranha foram convocados para atuarem em qualquer emergência. “Vó, o bebê vai sentir frio” e a manjedoura recebeu o cobertor do enxoval da Barbie! “O burro e a vaquinha vão ter fome à noite!” Está certo! Grama para eles! “Posso trazer meu fogãozinho, para esquentar a mamadeira do neném? E as fraldas para trocar? E a banheira? E o talco?”

Amigos, vocês precisam ver nosso presépio! Ficou lindo! Ficou enorme! Está certo que Maria e José quase não aparecem em meio a tantos outros figurantes, mas que Jesus está quentinho, bem protegido e alimentado... Ah, ele está! Fazer o quê, se os tempos e as crianças vão se modificando? Feliz Natal para todos nós! Ludmila Saharovsky é radicada em Jacareí desde 1965. Escreve crônicas, contos e poemas. Dentre suas obras publicadas destacam-se: “A pedra e o lago”(teatro); “Tempo Submerso”(ficção) e “Jacareí: Tempo e Memória”. No prelo, está a obra “Cem crônicas escolhidas e alguns contos clandestinos”, que será lançado em 2016.


Temos diversas aTividades para você acabar com essa preguiça e ficar pronTo para curTir o verão: Low Pressure Fitness (a técnica da barriga negativa), MuscuLação, esPortes, Lutas, natação, ginástica, danças e muiTo mais.



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