Metrópole Magazine - Janeiro de 2016 / Edição 11

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Janeiro de 2016 – Ano 1 – nº 11 – Distribuição gratuita*

Esperança de cura A fosfoetanolamina pode ser uma aliada na guerra contra o câncer, mas nesse combate ainda existem outros grandes obstáculos

COMPORTAMENTO

ENTREVISTA

Três cidades do Vale do Paraíba não registraram divórcios em 2014, segundo o IBGE

“Temos pessoas que podem colaborar com o crescimento de Taubaté, mas os atuais grupos não deixam”

pág. 40

Polyana Gama (PPS), pré-candidata à Prefeitura de Taubaté

pág. 14


Fazer o bem nunca sai de moda. Adquira a camiseta exclusiva assinada por Dudu Bertholini e faça o bem para o Hospital do GACC. Assim, você contribui com centenas de crianças e jovens em tratamento contra o câncer.

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Isabeli Fontana

Anellyze, 5 anos

André, 9 meses


CrĂŠditos: Renam Christofoletti, Carlos Carrasco, Isabeli Fontana e Dudu Bertholini participaram gentilmente da Campanha para o Hospital do GACC.

Pedro Henrique, 9 anos

Samantha, 11 anos

Laura, 4 anos


Revista – Edição JoséMetrópole dos Campos, Julho 12 de 2015 4 | São

metr pole magazine

EDITORIAL

PÍLULA DA ESPERANÇA E O ANO QUE SE INICIA

Diretora-executiva

Regina Laranjeira Baumann

Editor-chefe interino

Eduardo Pandeló

Editor

Adriano Pereira

Revisão

Click Textos

Comercial

Alyne Proa Fabiana Domingos Fábio Amarante Jacqueline Ribeiro Priscilla Xavier Adeline Daniele João Pedro Teles

Repórteres

Encerrando o ano de 2015, um medicamento causou polêmica Moisés Rosa e exacerbou o debate sobre o direito do cidadão de consumir uma Rodrigo Ribeiro droga ainda não testada em seres humanos, fazendo aflorar o respeito à luta pela sobrevivência, convergindo à unanimidade. Adriano Pereira e Arte QUEM CONHECE,Diagramação CONHECE BDO Uma das Big 5

Reflete-se também a essência do ser humano, que experimenta Líder no middle market neste início de século, o que era esperado para a década do ano 21 escritórios no Brasil 2000, onde se imaginava que algo mágico poderia mudar a exisAudit | Tax | Advisory tência humana, como analisado na matéria que aborda a economia criativa, trazendo a lume a absorção do mercado à criatividade e inventividade, não mais como algo reservado para poucos gênios que mudaram o mundo e transformaram a vida das pessoas. O que assistimos hoje é um espetáculo criativo, é a interação entre povos, comunidades, pessoas de todas as crenças e idades, sucumbindo à tecnologia e à globalização, que fazem rejuvenescer e ter o desejo de participar.

Carol Tomba

Colaboradores

Flávio Pereira Idelter Xavier Pedro Ivo Prates

Arte

Gabriel Gaia

Mídias Sociais

Lucas Henrique / Usina 360

Departamento Administrativo

Elzeane da Rocha Gabriela Oliveira Souza Maria José Souza Tiragem auditada por:

Visite nosso site

Tel (55 12) 3941 4262 A proximidade das eleições também traz uma movimentação diferente dos anos anteriores em decorrência da crisewww.bdobrazil.com.br econômica, do retrocesso que maltrata o cidadão e da certeza de que mudanças só irão ocorrer com a participação da sociedade.

A Metrópole Magazine acredita no conhecimento e informação como forma de contribuir para uma sociedade mais justa, desejando a todos um feliz 2016!

Metrópole Magazine Avenida São João, 2.375 –Sala 2.010 Jardim das Colinas –São José dos Campos CEP 12242-000 PABX (12) 3204-3333 Email: metropolemagazine@meon.com.br

A revista Metrópole Magazine é um produto do Grupo Meon de Comunicação

Boa leitura.

Tiragem: 15 mil exemplares Distribuição Gratuita * Permitida Venda em Bancas por R$ 3,00

Regina Laranjeira Baumann Acesse: www.meon.com.br



6 | Revista Metrópole – Edição 12

FICHAS NA MESA Nossa equipe foi conhecer a luta diária para o pôquer se consolidar como esporte da mente no Brasil e no Vale do Paraíba.

58

54

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Pedro Ivo Prates

A INDÚSTRIA DA CRIATIVIDADE Você está preparado para a revolução? A economia criativa promete mudar o mundo.

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14

Adriano Pereira

ENTREVISTA Polyana Gama quer mudar os últimos 30 anos da história de Taubaté. Em entrevista exclusiva, fala em unir a sociedade, analisa a administração pública, e se prepara para as eleições.

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Pedro Ivo Prates

Você já pensou na possibilidade da cura do câncer ? A fosfoetanolamina sintética trouxe de volta o debate, e gerou repercussão entre pesquisadores, médicos e pacientes.

Pedro Ivo Prates

A pílula da polêmica

32 Espaço do Leitor Aconteceu& Frases& Cultura&

64 68 70 74

40

UM HELICÓPTERO NA CAPITAL DO AVIÃO Empresa de São José desenvolve helicóptero não tripulado. ANAC ainda avalia regulamentação da atividade.

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SEGREDO DA FELICIDADE Pedro Ivo Prates

PROFISSÕES DO FUTURO A Metrópole Magazine foi pesquisar para você quais as oportunidades, novas carreiras ou opções de recolocação no mercado.

DO YOU SPEAK ENGLISH? Não falamos Inglês. Brasil está entre os países com baixa proficiência em língua inglesa, atrás de nações como Equador, Chile, Peru e Argentina.

7 10 12 48

Sumário

MEIA FOLIA Desfiles de escolas de samba na RMVale ficam restritos a Taubaté; algumas cidades do Litoral Norte investiram na festa.

Conheça as histórias de casais que vivem felizes para sempre nas cidades do Vale que não registraram nenhum divórcio.

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VAI DAR PRAIA Nossa equipe traz as dicas para quem quer curtir as férias de verão e confirma, a maioria dos turistas prefere ir à praia.

Gastronomia& Social& Arquitetura& Crônicas&Poesia


São José dos Campos, fevereiro de 2016 | 7

Espaço do Leitor Edição 10 – Dezembro de 2015

QR CODE

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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Para dar mais dinamismo e interatividade entre Metrópole Magazine e Portal Meon, esta edição possui uma série de QR Code em que, por meio do celular, você, leitor, é direcionado para o Meon, seja para uma versão online ou o complemento das reportagens. O QR Code é um código de barras em 2D que é escaneado pela câmera fotográfica dos aparelhos celulares. Para que esse código possa ser lido é necessário que o usuário baixe um software de leitura. Esses

Dezembro de 2015 – Ano 1 – nº 10 – Distribuição gratuita

Corrente do bem Conheça histórias de pessoas que abriram mão das suas vidas para ajudar o próximo REGIÃO

ENTREVISTA

Quem vai cuidar dos nossos velhos? Fomos ver de perto a situação dos idosos

“Temos que respeitar a população, é ela que mora na cidade e é ela que vai ter que escolher” Claude Mary de Moura (PV), pré-candidata à Prefeitura de São José dos Campos

pág. 14

Fotos: Pedro Ivo Prates

pág. 26

NOTÍCIAS SOCIEDADE

Vivemos mais Mas não estamos preparados para cuidar de uma população que envelhece a cada dia Rodrigo Ribeiro SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

E

Veja mais fotos no www.meon.com.br ou acessando o QR Code ao lado

Clóvis Antônio Vieira, capixaba de 65 anos, que vive sozinho há seis anos na Vila Ema, em São José dos Campos

m dezembro de 2013, durante o POP (Planejamento Orçamentário Participativo) Setorial do Idoso, ficou definido como prioridade para São José dos Campos a ampliação de vagas e a criação de instituições públicas de longa permanência para idosos, hospital de retaguarda para tratar da terceira idade e ampliação do atendimento na área da saúde. No entanto, de acordo com a presidente da Comissão de Direito do Idoso da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São José, Pérola Melissa Vianna Braga, pouco foi feito em quase dois anos após o POP. “Nenhuma ILPI (Instituição de Longa Permanência para Idosos) foi criada. Nenhum novo convênio foi firmado, nenhum Hospital de Retaguarda foi criado e não foram providenciados setores ou leitos de retaguarda em hospitais públicos. O POP setorial não foi respeitado até agora”, afirma Pérola. Segundo Pérola, em dezembro de 2013, o déficit de vagas em ILPI era de 350 em São José. O número subiu para cerca de 450 a 500 em novembro do ano passado e, até o momento, não sofreu alteração. “Considerando que a SDS (Secretaria de Desenvolvimento Social) de São José não forneceu dados atualizados das quatro listas do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social)”, disse. “Houve uma regionalização dos Creas em São José. Agora, são quatro unidades (sul, leste, norte e centro) e quatro listas regionais. Quando surge uma vaga, os Creas se reúnem para definir qual o idoso elegível para a referida vaga”, diz Pérola. Procurada, a SDS, responsável pelas políticas públicas para a terceira idade na cidade, apresentou um número bem menor de idosos que aguardam por uma vaga em ILPI. “A colocação de idosos em instituição de acolhimento, conforme o Estatuto do Idoso é a última medida, considerando o direito do idoso em permanecer junto a sua família. Os abrigos são indicados nas situações de violência intrafamiliar, idoso sozinho ou sendo cuidado por outra pessoa idosa. Neste ano, foram inseridos 30 idosos em ILPI e há uma demanda de 6 já avaliados aguardando inclusão”, diz a secretaria em nota. Questionada sobre uma perspectiva de atendimentos para os idosos que estão na fila de espera, a secretaria informou que não existe prazo para encaminhamentos. “Conforme as vagas surgem eles são encaminhados de acordo com o grau de vulnerabilidade. Muitas vezes, o idoso não precisa ficar abrigado. Desta forma, acaba sendo encaminhado para um Centro Dia, por exemplo, onde passa o dia aos cuidados de uma equipe multidisciplinar da Prefeitura”, diz. De acordo com a pasta, existem cerca de 15 instituições regularizadas e em

aplicativos podem ser baixados gratuitamente. No iPhone, basta acessar a App Store e buscar pelo aplicativo Qrafter. No sistema Android, o software QR Droid está disponível no Android Market. A leitura de um QR Code é rápida e simples. Depois de instalado o aplicativo, posicione a câmera digital sobre o código para que ele seja escaneado. A partir daí, o aplicativo irá redirecioná-lo imediatamente para o link que está no código.

Edição Li a revista e tenho a declarar que é um documento muito bem feito, com paginaçao bem definida, bem impressa, com artigos muito bem escritos, assuntos importantes e inerentes ao momento que vivemos com entrevistas interessantes. Parabéns e continuem assim! Abraços. Roniel Soeiro de Faria, 54 anos, médico ortopedista

Intercâmbio Gostaria de parabenizar a todos pela qualidade da revista. Tenho dois filhos que estão decidindo sobre o futuro profissional e a matéria sobre intercâmbio foi muito importante para eles. De forma bem simples, a reportagem esclarece pontos importantes sobre a viagem e estadias. Parabéns! Luciana Martins Amâncio, 48 anos, comerciante Olá, muito boa a matéria relativa aos novos partidos políticos na Metrópole Magazine de Novembro. Os valores e programas do Partido NOVO foram muito bem explicitadas. Agliberto Chagas, 48, coordenador do núcleo São José dos Campos do Partido Novo

Espaço do Leitor: Envie email contendo, nome, idade, e profissão para: metropolemagazine@meon.com.br, ou por correio para - Av. São João, 2375 - sl 2010 - Jardim das Colinas - São José dos Campos - SP - CEP: 12.242-000. Em função de espaço, as mensagens poderão ser resumidas.

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8 | Revista Metrópole – Edição 12

Artigo&

É possível o judiciário ser mais rápido?

Q

ual a primeira ideia que vem à cabeça de uma pessoa que cogita ajuizar uma ação judicial? Seguramente, a maioria das pessoas pensa: “o Judiciário é lento”. E com razão. Na atual sistemática, os processos tendem a se arrastar por anos, algumas vezes até décadas, deixando aquele que teve um direito ameaçado/violado em situação desfavorável e com verdadeira descrença em relação ao Poder Judiciário. Não há dúvidas de que o número de ações que aguardam apreciação nos Tribunais é extremamente vultoso e que, muitas vezes, a máquina não dispõe de mão de obra suficiente, problemas esses agravados pela quantidade de recursos interpostos pela parte sucumbente que, em alguns casos, visam unicamente eternizar a demanda. No entanto, com a entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil, em 18/03/2016, as partes passarão a dispor de um mecanismo que pretende mudar a imagem negativa, que por vezes se atribui ao Judiciário, para uma imagem que reflita celeridade e eficácia. E, essa grande novidade está na Cláusula Geral de Negociação Processual, que ampliará sobremaneira a autonomia das partes na esfera processual, por meio de acordos procedimentais que poderão ser firmados antes ou durante o processo, sempre com o controle e validação do juiz. Com essa nova ferramenta, nos valendo da expressão do professor Luiz Rodrigues Wambier, as partes poderão

“criar procedimentos especialíssimos”, que melhor atendam às necessidades e peculiaridades do caso concreto. Com isso, a título de exemplo, durante as negociações de qualquer contrato, as partes, preferencialmente auxiliadas por um advogado, pois as convenções de procedimentos estarão sujeitas ao controle posterior do juiz, poderão estipular regras procedimentais que deverão ser seguidas na eventualidade do ajuizamento de uma ação judicial para discussão do referido contrato. Isso seguramente garantirá maior celeridade e eficácia ao provimento buscado junto ao Poder Judiciário, tornando os próprios negócios jurídicos mais atrativos, inclusive com a possibilidade de fixação de um calendário para prática de

atos processuais. Em outras palavras, as partes poderão no momento da assinatura de um contrato, ter uma visão real do prazo para resolução do negócio, seja pela forma ordinária, com cumprimento das obrigações de forma espontânea pelos contratantes, seja pela extraordinária, com a intervenção do Poder Judiciário, porém com prazos pré-fixados. É importante que o jurisdicionado se atente a essas regras que, inseridas no contrato, outorgam maior segurança jurídica nos negócios. Elzeane da Rocha é advogada, mestranda em Direito Constitucional na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo. Trabalha no escritório Laranjeira Baumann Advogados.


SEGUNDA

TERÇA

04 de Janeiro

05 de Janeiro

• Modelagem com argila • Gincana

• Brinquedos infláveis

QUARTA

QUINTA

SEXTA

06 de Janeiro

07 de Janeiro

08 de Janeiro

• Aqua desafio* • Day spa

• Circo • Ballet

Corpo de Bombeiros

*Atividade aquática

11 de Janeiro • Cinema

12 de Janeiro

13 de Janeiro

14 de Janeiro

• Festival de futebol • Tênis

• Culinária

• Picnic • Borboletário

Tirrel *Lanche

18 de Janeiro • Bowling Party

*Lanche

Parque da cidade

• Arts and games

15 de Janeiro • Zumba kids • Diversão molhada*

*Atividade aquática

19 de Janeiro

20 de Janeiro

21 de Janeiro

22 de Janeiro

• Golfe • Pintura

• Movies and songs

• Dia da luta • Cama elástica

• Corridinha kids Parque Vicentina Aranha

*Lanche

25 de Janeiro

• Visita aos Bombeiros

26 de Janeiro • Acqua Diversão com balões

27 de Janeiro

• Slackline Radical (piscina)* • Feira do livro

*Atividade aquática

28 de Janeiro

29 de Janeiro

• Dia do Brinquedo* • Treasure Hunt

• Festa à Fantasia • Acantonamento*

*Brinquedo não eletrônico

*Lanches

VERAOSEMPREGUICA.COM.BR Informações: Recepção e Professores KIDS. Consulte no verso o valor dos pacotes para os passeios e informações gerais.


10 | Revista Metrópole – Edição 12

Pedro Ivo Prates

Aconteceu& Comic Con mostrou que a crise passou longe da cultura pop O mundo da cultura pop conheceu a nossa batucada. Provou do molho da baiana e, agora, não arreda pé das terras tupiniquins. É essa a impressão que a equipe do portal Meon teve ao visitar a segunda edição da Comic Con Experience, que aconteceu de 3 a 6 de dezembro. A cobertura gerou uma série de reportagens especiais e galerias de fotos com personagens do mundo dos quadrinhos. O conteúdo pode ser conferido no site.

Acesse o QrCode ao lado e vá direto para a página com as fotos

Nike desmente fornecimento de uniformes para o São José EC

Estudantes desocupam escolas estaduais de São José dos Campos

Chuvas de verão causaram estragos em cidades do Vale do Paraíba

As Escolas Estaduais Moabe Cury e Miguel Naked, na zona sul de São José dos Campos, foram desocupadas pelos estudantes, depois de 17 dias de protestos contra a reorganização do ensino proposta pelo Governo Estadual. O portal Meon esteve presente nas duas escolas ocupadas, nos dias 5 e 6 de dezembro. A saída dos estudantes se deu após anúncio do governador Geraldo Alckmin, revogando a proposta que fecharia as duas unidades.

As tempestades de verão estão de volta, e a região chegou a receber em apenas uma hora o equivalente a 35% do volume de chuvas esperado para todo o mês de dezembro. Com uma cobertura completa das primeiras chuvas que trouxeram estragos para as cidades da região, nossa equipe mostrou que a tempestade que atingiu a RMVale no dia 16 de dezembro deixou diversos pontos de alagamentos e veículos submersos em Taubaté e Pindamonhangaba. Confira as fotos em www.meon.com.br Divulgação

Adriano Pereira

Divulgação

A Nike, fornecedora de uniformes para a Seleção Brasileira e o Corinthians, forneceria uniformes para o São José Esporte Clube? O portal Meon deu a notícia após evento para apresentação do novo uniforme do time joseense. Isso porque a diretoria da Águia do Vale comemorou um acordo com a empresa para o fornecimento de material esportivo. A repercussão foi tão grande que a Nike soltou um comunicado, no dia 2 de dezembro, informando que não havia nenhum tipo de acordo com o São José.

Acesse o QrCode abaixo e vá direto para a página com as fotos


São José dos Campos, fevereiro de 2016 | 11

Mês agitado na política

Desemprego

A leniência da Prefeitura

Rodrigo Ribeiro

Completou um ano a queda do muro que interditou uma via pública no Urbanova. A questão encontra-se sob análise judicial entre particulares (Associação de Moradores, proprietário do terreno e anterior proprietário) para se concluir sobre quem é o responsável pela queda. A Prefeitura, que constitucionalmente tem obrigação de intervir para obtenção do bem estar da coletividade, afirma que o caso encontra-se sub judice. Especialistas afirmam que o Poder Público tem o poder-dever de solucionar a questão, conforme insculpido na Constituição Federal, que estabelece que a intervenção do Estado na propriedade privada é a supremacia do interesse público sobre o privado. Não é admissível que uma via pública fique interditada, prejudicando centenas de pessoas. Os interesses coletivos representam o direito do maior número (direito da maioria) e através do poder de polícia, a Administração deve impor ao particular a solução, ainda que realizando eventuais obras e repassando os custos aos envolvidos. O portal Meon ao longo do ano publicou várias matérias sobre o caso, e continuará trazendo as informações até que a via pública seja liberada.

Divulgação

Divulgação

O ex-vereador e presidente do DEM em São José dos Campos, Jorley do Amaral, assumiu em primeiro de dezembro o cargo de Chefe de Gabinete no Governo Carlinhos Almeida. No mesmo dia, a Comissão de Ética da Câmara Municipal de São José dos Campos decidiu, por três votos a um, pelo arquivamento de representação contra o vereador Shakespeare Carvalho (PRB) por quebra de decoro parlamentar. O vereador Paulo Miranda (PP) foi eleito, no dia 14 de dezembro, o novo presidente do Legislativo de Taubaté. Com 11 votos, o parlamentar foi o preferido entre os candidatos. No último dia 17 de dezembro, vereadores rejeitaram o pedido de cassação contra o prefeito de Ubatuba, Maurício Moromizato (PT). No dia 18 de dezembro, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) adiou pela 3ª vez o julgamento do processo sobre a cassação do mandato do prefeito de Taubaté, Ortiz Júnior (PSDB), e do vice, Edson Aparecido (PSB). De acordo com o TSE, o julgamento foi postergado após pedido de vista do ministro Luiz Fux. E no mesmo dia, o prefeito de Caraguatatuba, Antônio Carlos da Silva (PSDB), e seu vice, Antônio Carlos da Silva Júnior (filho do prefeito), anunciaram que vão renunciar aos cargos. Esta é a segunda vez que os políticos anunciam o desligamento.

A equipe de reportagem do portal Meon mostrou que a RMVale fechou postos de trabalho na indústria. Somente em 2015, mais de 9 mil vagas já foram fechadas.As 39 cidades da região perderam, juntas, cerca 1.550 vagas de emprego apenas no mês de novembro. Segundo levantamento mensal realizado pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), aproximadamente 9.950 postos de trabalho foram perdidos pela região em 2015.

STF divide o Paraíba e juiz para a Lei de Zoneamento O portal Meon noticiou duas decisões judiciais que mexeram com a vida dos moradores das cidades da região. A primeira delas trata do abastecimento dos municípios pelo Rio Paraíba, e a segunda diz respeito à polêmica questão da Lei de Zoneamento em São José. Na decisão sobre o Rio Paraíba, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou, no dia 10 de dezembro, um acordo firmado entre os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais para que a gestão das águas do Paraíba do Sul seja compartilhada entre os três Estados, o Governo Federal e a Agência Nacional de Águas (ANA). A partir de agora, o rio será usado prioritariamente para abastecimento e consumo da população, e não mais para a geração de energia. Já em São José, o juiz Luiz Guilherme Cursino de Moura Santos, da 2ª Vara da Fazenda Pública, concedeu liminar suspendendo a tramitação da Lei de Zoneamento e determinando a realização de dez audiências públicas em 2016.

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12 | Revista Metrópole – Edição 12

Frases& Pedro Ivo Prates

Eu me sinto na obrigação, como prefeito, de recorrer ao tribunal de justiça e buscar reverter essa decisão. Respeitamos, mas deve haver um caminho melhor

Carlinhos Almeida, prefeito de São José sobre a decisão judicial que suspendeu a tramitação da nova Lei de Zoneamento de São José dos Campos

João Pedro Teles Arquivo Pessoal

Sou um nerd viciado em games, quadrinhos e animações. Sem falar dos filmes, é claro. Tem muita gente que eu quero conhecer aqui, mas especialmente a Evangeline Lilly (Lost, O Hobbit e Homem-Formiga). Sou fã do trabalho dela

Paulo Henrique Machado, , 48, sobre sua participação na Comic Con Experience 2015

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O PT e os comunistas que controlam a UNE (União Nacional dos Estudantes) que é um bando de vagabundo que não trabalha Eduardo Cury, Deputado Federal (PSDB), afirmou à uma emissora de rádio quando questionado sobre o episódio das ocupações das escolas.


São José dos Campos, fevereiro de 2016 | 13

Reprodução

Claro que queria casar com o Supla. Sempre fui muito fã. Mas não deu para arriscar naquele momento

Marina Rojas, produtora de eventos, depois de “abandonar” o cantor Supla no altar durante reality ‘Papito in Love’, exibido pela MTV

A universidade tem como obrigação social estar trabalhando junto com todos os projetos que têm como objetivo a melhoria da qualidade de vida da população

Prof. Dr. José Rui Camargo, reitor da Unitau, sobre o desenvolvimento de formas de combate ao mosquito da dengue pela universidade

” Divulgação

Eu gosto de comprar e vender veículos, fiz negócios assim, repassando dívidas de financiamento

Shakespeare Carvalho, presidente da Câmara de São José, sobre as denúncias de que ele não havia declarado a propriedade de carros de luxo Divulgação CMSJC


14 | Revista Metrópole – Edição 12

ENTREVISTA

Aprendendo e ensinando Professora Polyana Gama (PPS), pré-candidata à Prefeita de Taubaté, quer unir a sociedade para modernizar o município Eduardo Pandeló SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

Metrópole Magazine recebeu em sua redação a vereadora Professora Polyana Gama (PPS), única pré-candidata já definida para as eleições municipais desse ano em Taubaté. Muito simpática, ainda mantém o ar professoral de quem nasceu com o dom de ensinar. Aos 40 anos, casada com o Deputado Estadual Davi Zaia, mãe de Maria Júlia, de 15 anos, e nascida em Taubaté, a vereadora vem conquistando espaço na política de sua cidade, por manter uma postura combativa, voltada para o interesse público. Educadora, escritora, pós-graduada em Gerente de Cidades pela FAAP e vereadora por dois mandatos, destaca-se por seu trabalho pela educação e valorização de seus profissionais. Nessa entrevista, Polyana afirma que Taubaté precisa de renovação na administração municipal, fala sobre o ‘monopólio’ da administração com duas famílias - Peixoto e Ortiz, e explica quais seriam suas ações concretas de desenvolvimento para o município.

Sempre que pode, você critica o fato de Taubaté estar nas mãos de duas famílias - Peixoto e Ortiz - Por que? Eu vejo, ao longo da história recente de Taubaté, todos fazendo parte de um mesmo grupo. Nas eleições passadas, quem disputou e ganhou? Nós vemos o Peixoto sendo vice do Bernardo Ortiz, depois sendo apoiado pelo Bernardo e se elegendo prefeito. O Ortiz Júnior iniciou seu trabalho na prefeitura junto com o Roberto Peixoto, e depois de um tempo, eles brigaram, houve uma desavença, e a partir daí, é que vemos o Peixoto de um lado, e o Ortiz de outro. Mas quando se tem um olhar macro dos últimos 30 anos, percebe-se que tem hora que estão todos juntos, hora todos separados. É como a antiga política do Café com Leite, pois parece que tem certa combinação. Mas há uma polarização em Taubaté? Não sinto essa polarização. Existe um grupo, que praticamente domina a cidade há 30 anos, e que diante de qualquer dificuldade culpa as administrações anteriores, esquecendo-se da responsabilidade de ter colaborado para que isso acontecesse. Qual o cenário das eleições em Taubaté? Hoje, nós temos algumas possibilidades de candidatura. Eu sou pré-candidata à prefeita pelo PPS, me sinto muito honrada e encaro como um grande desafio. O povo taubate-

ano é trabalhador, e temos possibilidades de crescermos ainda mais. As pessoas querem novos rumos para a cidade. Sob o ponto de vista das eleições que se aproximam, como Taubaté tem televisão, uma das coisas que meu partido e eu como candidata temos que contemplar na estratégia é essa questão do tempo de TV no horário eleitoral. Com a situação do atual Prefeito Ortiz Júnior ainda indefinida, podemos dizer que a princípio, temos, no mínimo, três candidatos à Prefeitura. Nessa situação, estamos buscando aliados, conversando com todos os partidos. Como contornar a queda de arrecadação? Como resolver o desenvolvimento econômico em Taubaté e região? O setor que mundialmente mais cresce é o da inovação, da criatividade, e eu acredito que diante da crise é isso que nós precisamos: inovar. E inovar passa por uma reorganização dos setores aqui na região. A característica do Vale do Paraíba é industrial e vinculada ao setor automobilístico, que está em queda por uma série de fatores, gerando redução da produção e demissões, isso depois de um ciclo muito forte de facilidades de crédito para a venda de carros. As pessoas hoje estão endividadas e desempregadas. Diante disso, há um efeito cascata na arrecadação das cidades, que com a diminuição da atividade econômica, começa a cair, ao mesmo tempo em que crescem as despesas, pois a demanda nos serviços públicos vai crescer. É hora de começar a inovar, buscar outros segmentos, e não vai se colher resultados imediatos, temos que realizar ações de curto, médio e longo prazo. Um governo não pode pensar a cidade apenas em quatro anos. Ele tem a obrigação de planejar a cidade para os próximos 20 anos. Precisa reorganizar a cidade, ouvir mais os empresários. Precisamos olhar para o setor da inovação, trabalhando com quem atua no mercado com todos os outros segmentos, ouvindo quem faz. Esse pessoal pensa no lucro? Pensa! Só que é desse lucro que vem a arrecadação do município, que gera empregos para


São José dos Campos, fevereiro de 2016 | 15

as famílias da cidade. Penso que aumentar esse diálogo com os setores pode possibilitar a geração de renda e estabilizar o que sentimos hoje. Taubaté teve queda de arrecadação muito acentuada nos últimos anos, não fazemos superávit no município. A máquina administrativa da cidade não é informatizada, os sistemas não são interligados, as ações da prefeitura são muito morosas, precisa readequar a fiscalização. Temos que cuidar de vários setores ao mesmo tempo e equilibrar isso, para termos uma estrutura sólida e melhor para a cidade, mas que não seja só promessa. O setor de comércio e serviços foi o que mais cresceu na região. Diversificar é a solução? É essa visão que nós temos, quando digo que temos que sentar para conversar com vários segmentos juntos. Colocar essa necessidade do quanto a diversidade colabora numa situação de crise, porque se não houver essa diversidade, ficamos reféns de um único setor, grande responsável

pela arrecadação do município. Quanto mais diversificado, eu acredito que geramos mais oportunidades para todos. É impossível que numa cidade de 300 mil habitantes, não tenhamos pessoas capazes de colaborar com esses diversos segmentos. E para atrair novos investimentos o que uma

prefeitura precisa fazer? Doar área, isentar impostos? O que nós tivemos nos últimos anos foi um dos maiores crimes de responsabilidade, um grande engano para a população. Na década de 90, as administrações anteriores, principalmente a administração Ortiz, doou muitas áreas. Quando assumi a Câmara em 2005 retrocedemos ao município 75% das áreas doadas, só que essa volta significou uma perda de receita, que não foi trabalhada, estimulada, investida, um atraso de 10 anos. Todo esse processo de doar áreas tem um tempo para a empresa se estabilizar e investir, pelo menos quatro anos. Como a empresa não fez, para realizar o processo de retorno para a prefeitura são mais 8 a 10 anos. Só teve custo, e quem pagou isso foi o contribuinte. Muita gente criou expectativa de que empresas chegariam à cidade, muita gente se mudou para Taubaté com essa expectativa. Então o que faltou? Por


16 | Revista Metrópole – Edição 12

que não deu certo? Para mim, faltou responsabilidade, critério, planejamento e fiscalização. Mas não faltou incentivo. 25% empreenderam, mas 75% não fizeram nada. Tivemos um pedido de CEI na Câmara para investigar isso, mas fomos vencidos na época. Como está hoje? Qual a política de incentivo ou de atração de empresas? Se a Prefeitura doar a área não tem isenção de impostos. Se tem a área ou comprou terreno, aí pode pleitear a isenção de impostos por um período. Existem mecanismos, o que sentimos do setor é a falta de fiscalização ordenada, temos um caso recente de uma empresa que pleiteia a extensão de área, e não construiu nem na primeira área que recebeu. Mas passou com toda a documentação pela prefeitura para encaminhar para análise da Câmara, olhamos a documentação, e quando vamos ver ela já estava construindo em área que não era dela ainda. Então o que falta é a fiscalização, ordenação do setor, por mais que haja esforço dos membros da equipe da Secretaria de Desenvolvimento da cidade, é preciso modernizar. Nós não temos, por exemplo, um economista. Como vamos tratar de desenvolvimento econômico e não temos

um economista? Temos a universidade de Taubaté, com quadros excelentes de profissionais que poderiam ajudar, contribuindo com pesquisas e informações rápidas. Como podemos tomar uma decisão, uma cidade de 300 mil habitantes, no eixo Rio x São Paulo, extremamente estratégica, com uma série de serviços, sem uma pesquisa, sem um suporte? Temos uma universidade e não usamos. Percebo que falta uma visão mais ampla de que a cidade não pertence a um dono só. Falta uma percepção de que a cidade é formada por 300 mil pessoas, que tem famílias, sonhos e precisa se sustentar. É necessário o respaldo do poder público para estimular e fazer as coisas acontecerem. São José dos Campos vem patinando na Lei de Zoneamento. Como está a situação em Taubaté? Lá também está com problema. Logo no primeiro ano do atual prefeito, ele propôs a extensão da área urbana para a região das Sete Voltas, e eu votei contra, porque não foram feitas as audiências públicas, não ficou clar0 como ia ser feita a distribuição de água, a infraestrutura. Resultado: o Ministério Público acionou a justiça, pois não tinha como manter. Hoje, temos

o conselho urbanístico da cidade, que tem se reunido, tem feito apontamentos para podermos aperfeiçoar o que se tem. Temos problemas semelhantes a outras cidades, como os loteamentos clandestinos. Em Taubaté, comparando com São José, eu não percebo que a prefeitura tenha isso como um foco da administração. Isso é um problema, pois o abairramento de Taubaté é da década de 80/90, não foi feita atualização, a cidade está se expandindo, ela cresce, e tem uma legislação que não está acompanhando. Até o IBGE tem problema com relação a isso. Qualquer instituto de pesquisa terá problemas, pois existem lugares que não constam no mapeamento da cidade. Fazer uma nova lei de zoneamento moderna para a cidade, isso compõe nossa proposta. Fazer um estudo aprofundado disso junto com todos os setores da sociedade. Hoje na plataforma das cidades sustentáveis, ao invés de fazer toda a cidade migrar para um único centro comercial, é preciso estabelecer centros comerciais nos bairros, nas outras regiões da cidade para fortalecer a economia local e diminuir os deslocamentos. E para isso temos uma faculdade de arquitetura com profissionais que poderiam ajudar. Podemos contratar essa autarquia municipal, ao invés de contratar empresas de consultoria Como a população avalia seu trabalho na Câmara Municipal, e como você vê a política? As pessoas que conhecem meu trabalho há 11 anos sabem que sou coerente. Posso não ser da base do governo do prefeito, mas jamais deixei de votar a favor de projetos que favorecessem a população e que tivessem sustentação legal, porque eu penso na cidade. Para mim, política séria é isso, é analisar o projeto. Mas não concordo com isso que está acontecendo em nosso país. Já perdemos muito com essa política do Café com Leite, do morno. Isso faz com que muita coisa boa não aconteça, por pura picuinha, pura vaidade, chega disso. Temos pessoas que podem colaborar com o crescimento de Taubaté, mas, infelizmente, os atuais grupos não deixam. 



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NOTÍCIAS POLÍTICA

2016: as eleições estão chegando Partidos se preparam para uma campanha eleitoral que promete ser acirrada Eduardo Pandeló SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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nove meses das eleições municipais, com um eleitor mais consciente e participativo, a política volta às rodas de conversa. Apesar de não existirem pesquisas sobre o tema, a atual situação da política nacional, com o possível afastamento do presidente da Câmara Federal e o impeachment da Presidente, reflete no eleitor o desejo de ouvir mais propostas e menos denuncismo. Para contribuir com a sociedade, a Metrópole Magazine, a cada edição, fará um balanço das candidaturas e do clima eleitoral nas cidades da região e, em breve, o Portal Meon realizará encontros entre os pré-candidatos e a população, através de representantes de cada setor, para ouvir propostas e sugestões para os municípios da RMVale. Neste início de ano, o quadro eleitoral nas principais cidades da região começa a se desenhar com as primeiras pré-candidaturas confirmadas. Em São José dos Campos, no Partido dos Trabalhadores, o prefeito Carlinhos Almeida deu sinais, em dezembro, de que vai em busca da reeleição. O petista reuniu a militância em um evento particular de prestação de contas do mandato, e antecipou as ações que vão nortear sua campanha. O encontro, realizado em um salão de eventos na Vila Maria, região central de São José, foi o registro do início da

caminhada rumo à tentativa de um segundo mandato. Com a presença de vários membros do atual governo, foi apresentado um vídeo e distribuído um informativo com as ações do prefeito. Nem o informativo, nem o vídeo carregam o logo ou o slogan da prefeitura. No PSDB, continua o mistério, pois o partido ainda espera a decisão de Emanuel Fernandes. Os tucanos começaram o processo de escolha do candidato, e o presidente da sigla em São José, Anderson Farias Ferreira, é o mais cotado. O Deputado Estadual, Hélio Nishimoto, é outra opção, e o Vereador Juvenil Silvério anunciou que também pretende apresentar seu nome ao partido. O PSDB encerrou uma série de reuniões que realizou em diversos bairros da cidade e anunciou que os trabalhos serão retomados este mês. Neste intervalo, os membros do partido se reúnem para definir o candidato da sigla. O Deputado Federal, Eduardo Cury, em entrevista a uma emissora de rádio, deu o tom da disputa: “O Emanuel está coordenando o processo em São José. Eu estou recebendo os partidos aliados que querem mudar esta situação. Vamos apresentar uma candidatura que represente este sentimento de mudança em relação à prefeitura de São José”, disse. No Partido Verde, a grande novidade é a pré-candidatura de Claude Mary de Moura, lançada oficialmente em 5 de dezembro passado. Já falando como postulante ao Paço Municipal,

Prefeito Ortiz Júnior espera decisão do TSE para definir se tentará a reeleição. Ao lado, Itamar (PMDB), Cury (PSDB), Shakespeare (PRB), Carlinhos (PT), Claude (PV) e Emanuel (PSDB). As coligações definirão as candidaturas. Carlinhos e Claude saem na frente e já são pré-candidatos. Claude concedeu entrevista exclusiva à Metrópole Magazine de dezembro e fez um balanço da situação do partido nessas eleições. “Sou pré-candidata à Prefeita. O PV é um partido pequeno, é praticamente impossível se fazer uma campanha sem uma coligação que fortaleça e amplie o espaço de interlocução. Estamos conversando com vários partidos, algumas conversas bem avançadas”, afirmou. O presidente da Câmara Municipal, Vereador Shakespeare Carvalho (PRB) lançou uma ofensiva para se apresentar como uma nova opção. Shakespeare vem distribuindo panfletos com o slogan “Uma nova atitude para São José”. Como presidente do Legislativo, também tomou frente em discussões sobre a Lei de Zoneamento, criou o projeto Câmara Presente, com reuniões em diversos bairros da cidade; e intensificou as visitas, junto com membros da Mesa Diretora, a diversas indústrias, como a Embraer e a Eaton. Shakespeare prefere não falar como candidato e admite que em uma eventual coligação com outros partidos, diferentes nomes podem surgir. “Não está nada definido, pode ser eu, o Antônio Alwan ou até a Marina de Fátima Oliveira”, disse.


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Fotos Arquivo Meon

No PMDB, o vice-prefeito, Itamar Coppio, pode sair candidato. Itamar afirma que seu partido trabalha para lançar candidatura própria. Mas dentro do PMDB não está totalmente descartada uma nova composição com o PT, tese defendida pelo vereador, Carlinhos Tiaca. Também na vizinha, Taubaté, a situação não está definida. Dois nomes são os mais fortes para a corrida eleitoral este ano. De um lado o atual prefeito, Ortiz Júnior, do PSDB, que luta para se manter no cargo e tentar a reeleição; e de outro a Vereadora Pollyana Gama (PPS). No TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o Prefeito Ortiz Junior (PSDB) espera o julgamento de um recurso do processo que já lhe custou a cassação do mandato em

duas instâncias e pode tirá-lo da disputa. O julgamento foi adiado, e só será finalizado em fevereiro. Se a cassação for mantida, o presidente da Câmara assumirá interinamente o comando do município até as eleições em outubro. A Vereadora Pollyana Gama (PPS) é pré-candidata à prefeita e, em função da indefinição da situação do PSDB, é o nome mais forte para ocupar o Bom Conselho. Vereadora atuante e presidente do diretório municipal do PPS, Pollyana busca apoio de outros partidos para aumentar o tempo de TV. “Muitos partidos têm anunciado seus pré-candidatos, mas estamos buscando aliados. Eu converso com o PSB, PTN, PCdoB, e temos tratativas com o PRB e com o PSD. Buscamos também o

apoio do PV com o Deputado Padre Afonso Lobato, que já tem um trabalho reconhecido na cidade”, disse. O PT anunciou que terá candidatura própria. Salvador Khuriyeh, que já foi prefeito de Taubaté, continua o nome mais forte. O PMDB está dividido; pode se coligar ao PT, ou lançar candidatura própria. O empresário Rubens Fernandes é pré-candidato pelo PRB, o Deputado Estadual Padre Afonso Lobato pelo PV, e Rubem Freire pelo PSD. Até outubro, muita coisa pode mudar, mas o fato é que os partidos e candidatos enfrentarão uma disputa acirrada, em meio a uma crise política e econômica, com novas regras eleitorais e com um eleitor mais crítico e mais atento a tudo. 


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NOTÍCIAS REGIÃO

De olho no futuro

Veja algumas profissões que têm grandes chances de continuar crescendo em 2016 mesmo com a crise Adeline Daniele SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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crise econômica trouxe um cenário desafiador para o mercado de trabalho brasileiro. Apenas no Estado de São Paulo houve aproximadamente 180 mil demissões até novembro de 2015, segundo o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). Já a taxa de desemprego em todo o país atingiu 7,5% no mesmo mês, deixando mais de 1,8 milhão de pessoas desocupadas. Em uma época em que os cortes de gastos e funcionários são cada vez mais frequentes e as chances de crescimento são baixas, fica difícil imaginar que o novo ano traga boas oportunidades nas carreiras de todos os setores. Mas, segundo o gerente regional da consultoria em recrutamento Randstad Professionals, Diego Rodrigues, este ano promete ser promissor para algumas profissões. “Quando olhamos para 2016, sem dúvida, os números e fatos demonstram que a situação irá piorar, a economia tende a ser mais desafiadora do que foi em 2015. Mas, ainda assim, sempre existem alternativas, negócios, produtos e

mercados que vão na contramão”, afirma o recrutador. De acordo com Rodrigues, pelo menos três áreas devem continuar apresentando maior demanda nos próximos meses, são elas: finanças, vendas e logística. Em um levantamento realizado pela consultoria, foi registrado um aumento de 30% na busca por profissionais que atuam em finanças e impostos. Na área de vendas, o crescimento foi de 18%, e de 15% para quem trabalha com logística e supply chain. E as remunerações oferecidas a esses candidatos não deixam a desejar: segundo o recrutador, cargos gerenciais de nível júnior podem faturar a partir de 15 mil reais por mês. “O mercado de trabalho terá maior movimentação nos negócios que atuam com exportação, e eles precisarão de mão de obra especializada que possa criar estratégias para enfrentar o mercado cambial”, explica o gerente. Foi justamente esse desafio econômico que levou o bacharel em ciências contábeis de 48 anos, Luís Rocha, a ser recrutado para trabalhar como gerente de controladoria em uma grande companhia em Jacareí.


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A área de Saúde, Segurança e Meio ambiente (SSMA), continuará apresentando crescimento em 2016


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Pedro Ivo Prates

Luís conta à Metrópole Magazine que sua profissão é uma das melhores para quem atravessa a fase de crise. Apesar de ter uma rotina frenética no trabalho, ele aposta nas oportunidades que o mercado pode proporcionar para criar estratégias de gestão financeira nas companhias. “Por meio dela podemos identificar os caminhos para melhorar e solidificar o posicionamento da empresa”, afirma. Para incrementar o currículo e atender melhor às demandas na companhia onde trabalha, ele ainda afirma que um de seus planos é iniciar uma faculdade de direito. “Acredito que seja a cereja do bolo para aprimorar minha carreira”, diz. Outro destaque no mercado de trabalho está nas profissões que atuam em Saúde, Segurança e Meio Ambiente. Gerente de SSMA para a América Latina em uma multinacional de Pindamonhangaba, o engenheiro ambiental de 40 anos, Douglas Souza, tem o trabalho de fiscalizar os setores da empresa e garantir a segurança, saúde e qualidade de vida dos funcionários. Para ele, a crise pode trazer mais oportunidades em sua área e ainda ajudar a reduzir custos nas companhias. Isso porque um dos maiores gastos para as organizações está relacionado aos casos de acidentes e doenças, que geram impactos na operação, aumento de custo com folha de pagamento, benefícios, perda de capacidade humana, entre outras questões. “Gerenciar custo é sobrevivência neste período de crise. Minha profissão tem esse papel de reduzir as despesas por meio de ações preventivas”, afirma Souza. E nem mesmo a situação econômica no país fará com que Douglas Souza deixe de investir em seu crescimento profissional. À Metrópole Magazine, o engenheiro afirma que pretende ingressar em um programa de mestrado ainda este ano. “Creio que esse é um importante passo para fortalecer minha carreira”, diz.

Luís Rocha: cursos para aprimotamento profissional e pessoal Aliás, uma grande dúvida de profissionais que enfrentam a crise no país é se ainda vale a pena continuar investindo na profissão, seja por meio de cursos, pós-graduações, MBAs ou doutorados. A resposta, segundo o recrutador Diego Rodrigues, é bem clara: o dinheiro usado para aprimorar a carreira, desde que seja bem planejado, nunca é desperdício. “O profissional deve ter consciência do objetivo que deseja alcançar e também calcular seu orçamento de modo que possa pagar o investimento até o fim”, explica. Ainda de acordo com Diego, aqueles que estão em dúvida ou ainda têm pouco tempo de experiência para iniciar outra especialização precisam focar primeiro em desenvolver seus conhecimentos em outros idiomas, principalmente o inglês e o espanhol, que são os mais pedidos pelas companhias. “As empresas buscam profissionais com característica transformadora e se preocupam se o funcionário saberá se comunicar no mundo globalizado”, afirma.

Novas oportunidades Quem busca uma oportunidade de crescer na carreira ou, até mesmo, uma recolocação no mercado durante a crise, deve considerar alguns fatores antes de aplicar seu currículo em vagas de interesse. O conselho de Diego Rodrigues é que antes o profissional faça uma autoanálise sobre suas qualificações e histórico de experiência para perceber em qual nível de segmento e especialização ele pode entrar em uma empresa. “Um dos maiores erros que a pessoa comete é aplicar seu currículo em uma vaga onde ela não necessariamente tem a técnica e conhecimento para suprir”, diz. Depois, é preciso que o candidato delimite seu raio de atuação, ou seja, até onde ele está disposto a viajar para chegar ao trabalho. Dessa forma, é possível listar em quais companhias da região ele precisará focar e onde ele deverá aquecer sua rede de relacionamentos. Sites como o LinkedIn e contato com consultores são ótimas ferramentas para manter o networking. 


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Artigo&

Hipertensão arterial: doença silenciosa

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“pressão alta” é uma doença caracterizada pela elevação anormal da pressão do sangue no interior dos vasos sanguíneos, mediada por um fenômeno chamado “aumento da resistência vascular periférica”, que, por sua vez, é marcado por alterações bioquímicas determinadas por vários pares de genes. Esta forma é chamada “Hipertensão Essencial” e corresponde a mais de 95% dos casos. Sabemos que em famílias onde o pai, a mãe ou ambos são hipertensos, a maioria dos descendentes irá desenvolver hipertensão em alguma época da vida. A ocorrência de Hipertensão na população tem preocupado os estudiosos. Estima-se que o número total de hipertensos na população brasileira seja de 30% ou 60 milhões para níveis pressóricos acima de 140x90. Alguns medicamentos como a cortisona e anti-inflamatórios não hormonais aumentam a pressão por retenção de sal. Em algumas pessoas, a ingestão de quantidades de álcool acima de 20 gramas diárias pode causar aumento grave da pressão (isso equivale a um copo médio de aguardente ou uísque). O diagnóstico de Hipertensão Arterial é muito simples, bastando aferir os níveis de pressão com equipamentos chamados “Esfigmomanômetros”. A maioria dos hipertensos não demonstra sintomas até que comecem a apresentar complicações da doença. Ela acomete também as crianças, porém tem uma prevalência maior conforme o avançar da idade.

Metade da população entre 60 e 69 anos é hipertensa, chegando a 75% na população acima de 70 anos. Alguns trabalhos demonstraram que apenas 31 dos 60 milhões de brasileiros têm conhecimento de que são portadores de hipertensão. No grupo que tem conhecimento, 67,3%, ou seja, 21 milhões fazem algum tipo de tratamento. O restante, 32,7%, 10 milhões, tem conhecimento, mas não faz tratamento, o que é um absurdo. Dos 21 milhões que fazem o tratamento, apenas 8 milhões têm controle adequado de seus níveis pressóricos. Para se ter uma ideia, dos 60 milhões de hipertensos, apenas 8 milhões estão potencialmente livres de complicações. Esta porcentagem de pacientes bem controlados, embora tímida, é o dobro em relação à década passada e em relação à média de 35 países estudados recentemente. Essa melhora se deve a ampla cobertura que o sistema SUS e as sociedades científicas realizam em todo o território Nacional.

Quanto ao tratamento, podemos afirmar, de acordo com nossa experiência, que toda hipertensão arterial pode ser controlada. Fazem parte da estratégia terapêutica medidas como: controle de peso, exercícios físicos, dieta com pouco sal, moderação no uso de álcool, supressão do fumo e controle do estresse na medida do possível. Os medicamentos existentes atualmente são muito eficazes, com baixos índices de efeitos colaterais e alto nível de proteção cardiovascular. Muitas vezes, é necessário o uso de associações de 2, 3 ou mais tipos de medicamentos com a finalidade de aumentar a eficácia terapêutica. A Hipertensão Arterial adequadamente controlada deixa de ser fator de risco de doenças cardiovasculares e neurológicas, permitindo que tenhamos uma vida normal. Jorge Zarur Júnior é médico cardiologista, e foi Secretário de Saúde de São José dos Campos entre 2009 e 2011.


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NOTÍCIAS REGIÃO

Aperte os cintos e programe as contas Momento é de planejar os gastos, desde o início do ano, e colocar na ponta do lápis o orçamento familiar para não acabar no aperto Carol Tomba

Moisés Rosa SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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om o início de ano, as contas e as dívidas aparecem e o bolso fica ‘mais apertado’. Entre os principais gastos e que pesam no orçamento estão o IPVA, IPTU, além das faturas do cartão de crédito com as compras de fim de ano. Com isso, o importante é equilibrar os custos. Entretanto, o planejamento econômico não é praticado na maioria dos casos. É o que mostra um estudo da CNC (Confederação Nacional do Comércio), que revela o endividamento de consumidores, cujo número chega a 22,7%. A Metrópole Magazine foi consultar o especialista e docente na área de negócios do Senac de São José dos Campos, Hugo Magalhães, sobre como planejar melhor as contas e o que priorizar na hora dos pagamentos. O educador financeiro afirma que o atual cenário econômico do país vai impactar diretamente nos rendimentos familiares. “Concordamos que efetuar os pagamentos de uma forma geral nos dias atuais está cada vez mais complicado, dado o momento econômico que o Brasil está passando, o desemprego de integrantes da família, baixos salários e, principalmente, o descontrole da família em relação as suas contas”, afirma. Ele comenta também que a maioria

O metalúrgico Jander Santos, que compartilha as contas com a esposa

dos consumidores enfrenta dificuldades para regularizar os débitos. “Em uma grande parte das famílias brasileiras existe uma dificuldade para efetuar os pagamentos do início do ano, principalmente pela falta de conhecimento do planejamento financeiro”, disse. Entre as preocupações estão as

despesas com matrícula escolar, compra de material escolar, compra de uniforme, seguro, etc. Uma das orientações do docente é para que toda a renda disponível seja levantada para este período (dinheiro que entrará) e que a organização das contas, despesas e rendas seja feita em ordem cronológica, ou seja, por datas.


São José dos Campos, fevereiro de 2016 | 25

Para ter o controle financeiro, o docente explica que é necessário manter algumas estratégias. O pagamento à vista, na avaliação de Magalhães, é o mais favorável para a organização financeira, reduzindo o impacto dos juros, e para aproveitar os descontos no caso dos impostos. Nesse caso, os consumidores deixam de gastar com as taxas. Para quem guardou o 13º salário, o dinheiro pode ser utilizado para as contas. Nos casos de empréstimos, o alerta é para as diversas tentações oferecidas, já que as agências financeiras garantem diversas possibilidades para sanar uma problemática no momento, mas podem ser ruins no decorrer do ano. Já nos casos de crédito e cheque especial, a atenção precisa ser redobrada. As opções mais fáceis são chamativas e, na maioria dos casos, pré-aprovadas. “Porém os juros normalmente são os mais altos do mercado e nos obrigam a cessar as compras no cartão de crédito de imediato, pois o pagamento do mínimo mensalmente, e com novas entradas de compras, pode até quintuplicar o valor devido no prazo de dez meses”, destaca. Dessa forma, a ordem da vez é planejar as contas. “Desenvolver um planejamento financeiro assertivo é mais do que ter somente disciplina, é pensar novo, inovar nos hábitos, é uma mudança de cultura que pode transcender e se tornar espetacular na vida familiar”, acrescenta Hugo Magalhães. Hugo Magalhães completa ainda que é essencial conhecer todos os gastos. “É muito importante que se conheça quais serão as dívidas para esse período do ano, e principalmente as dívidas acumuladas (parcelamentos) que já estavam encaminhadas no período anterior”, completa.

Na prática Jander Santos, 26 anos, morador de São José, é casado e afirma que no

início do ano as despesas ficam mais apertadas no bolso. “Início de ano sempre é complicado, pois tem vestígios do final do ano com os gastos das confraternizações, presentes, viagens e ainda somam-se os impostos, como IPVA e IPTU”. Ele comenta que já teve complicações com a organização financeira. Após essas experiências não tão agradáveis, Santos adotou novas metodologias. “É importante saber o que terá pela frente e a relação de mais ou menos quanto vai ter que gastar, o pensamento de ‘na hora a gente vê’ já me fez ter complicações algumas vezes. No ano passado e nesse ano, adotei fazer a declaração de IRPF nos últimos dias, pois assim receberia a restituição entre novembro e dezembro. É um dinheiro que teoricamente não estaria contando e que ajuda nessa época, pois pegando esse dinheiro durante o ano com certeza arrumaria

um jeito de gastá-lo”. Com a esposa, o metalúrgico Jander Santos também compartilha o planejamento das contas. “O compartilhamento tanto dos rendimentos quanto dos pagamentos é muito importante no meu relacionamento, ambos sabem o quanto temos e quanto podemos gastar, seja conosco ou com a casa. Tentar manter as contas em dia evita várias discussões”, complementa. O assistente de tesouraria, Bruno Banteli, de 26 anos, também opta por planejar os gastos para que não tenha surpresas no começo do ano. “Tento acertar as minhas contas o quanto antes, deixando para o começo do ano o mínimo. Guardo meu 13º salário e me planejo em dividir as contas e priorizar algumas, como o IPVA. Se começar a planejar corretamente, não teremos problemas, assim consigo pagar sem parcelar e evito novas dívidas”, ressalta Banteli. 

Fique atento - Entender seu padrão de renda; - Não superestimar o valor que ganha; - Considere somente o valor real percebido em cada mês; - Desconsiderar eventuais gratificações; - Analise para onde está indo seu dinheiro; - Reflita sobre a qualidade de seus gastos e reveja hábitos; - Use o crédito de forma consciente; - Faça um plano de ação e siga-o à risca; - Estabeleça sua estratégia de investimentos; - Mantenha-se informado e invista continuamente no seu aprimoramento..


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NOTÍCIAS REGIÃO

Voando alto Fotos: Adriano Pereira

Helicóptero não tripulado é fabricado por empresa de São José; ANAC ainda avalia regulamentação da atividade em território nacional

O protótipo começa a ser montado este mês e o valor do investimento é de R$ 4 milhões; na página ao lado, Nei Brasil, diretor da empresa, confia na vocação de São José para projetos de tecnologia

Moisés Rosa SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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m uma sala de apenas 600 metros quadrados, localizada dentro do Parque Tecnológico, em São José dos Campos, uma empresa joseense está se destacando pela metodologia usada na projeção de vants (veículos aéreos não tripulados) e drones. Com a crescente do mercado, a indústria brasileira domina a tecnologia para produzir aeronaves não tripuladas. Apesar do ‘boom’, a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) ainda estuda regulamentar a atividade. Entre os principais clientes da empresa joseense estão o setor civil e militar. A FT Sistemas promete revolucionar o segmento com o lançamento de um helicóptero, em

2016. O investimento é de R$ 9,3 milhões. A empresa ‘nasceu’ após se instalar na incubadora do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). Na época, ela possuía área de 20 metros quadrados e dois funcionários. Hoje, conta com mais de dez funcionários na atual estrutura.

Projeto O protótipo do helicóptero não tripulado começa a ser montado a partir do primeiro semestre de 2016, no laboratório da empresa em São José. A aeronave pesa 90 quilos e tem dois metros de comprimento, com potencial para ser usado em empresas privadas, instituições, setores de energia, agronegócios, monitoramento de rodovias, tráfego de lixo, fiscalização de obras, contrabando e tráfico de drogas,

além da inspeção de redes de energias, atendendo às exigências da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A ideia da produção surgiu a partir da necessidade dos setores em aplicarem estas ações. Uma das novidades é que a aeronave pode entregar cargas e chegar a 300 Km de alcance. Para a construção de cada helicóptero, o valor investido será de R$ 4 milhões. “A atuação na área militar será, principalmente, para a Marinha e o Exército. No setor privado, notamos que ele pode ser empregado para a agricultura, no setor elétrico ou, até mesmo, na entrega de cargas, como remédios, documentos, etc. Desenvolvemos todo o projeto em São José e diversas empresas já se interessaram”, diz o diretor-presidente da FT


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Sistemas, Nei Brasil. Para este ano, a empresa já recebeu duas solicitações para a produção do helicóptero -modelo FT-200FH-, que será fabricado na própria unidade.

Desenvolvimento O desenvolvimento dos protótipos é realizado de acordo com os pedidos. A projeção da aeronave é feita pelos engenheiros na sede da empresa e as peças são fabricadas em outras cidades ou, até mesmo, fora do país. É possível configurar o uso do helicóptero com base no pedido do cliente. Genuinamente joseense, o diretor-Presidente afirma que o potencial da cidade no ramo tecnológico contribuiu para sucesso do projeto. “Nascemos de um arranjo que contava com o empreendedorismo da cidade, no qual ganhamos posição no mercado, e isso só ratifica a vocação do município para o desenvolvimento desses projetos”, destaca Nei Brasil. Além da empresa joseense, outras instituições e administrações municipais também estão aderindo à aquisição dos veículos não tripulados, como por exemplo, a Prefeitura de São José dos Campos, que utilizou, em 2014, drones para a fiscalização de terrenos no combate à dengue. A utilização foi paralisada por falta de regulamentação, mas foi retomada. Um outro projeto de drone também foi desenvolvido por estudantes de engenharia da Univap (Universidade do Vale do Paraíba).

Regulamentação As principais empresas do ramo de aviação aguardam a liberação e regulamentação da atividade, que está em tramitação na Anac. “Estamos [mercado] aguardando a

liberação dos processos. Como a agência não tem condições de fiscalizações, a regulamentação está parada. Com essa autorização, o mercado terá capacidade de crescer ainda mais, criando oportunidades para toda a cadeia envolvida na formatação do projeto”, explica o empresário. “Um dos objetivos ao desenvolver o FT200FH é ampliar as exportações, com a meta de faturamento entre R$ 20 e R$ 30 milhões nos próximos dois anos”.

Liberação Por meio de nota, a Anac informa que o prazo da consulta pública se encerrou no início de novembro e as contribuições recebidas estão sendo analisadas pela equipe técnica da Agência. “Após essa análise, será elaborado o texto final da regulamentação para aprovação da Diretoria Colegiada da Agência e posterior publicação da norma, que só então entrará em vigor”, informa a nota. Hoje, só é permitido operar drones quem possui autorização expressa da Anac ou um Cave (Certificado de Autorização de Voo Experimental). À Metrópole Magazine, a Agência não soube estimar quantas pessoas possuem o equipamento, mas, no momento, são dez aeronaves remotamente pilotadas com autorizações emitidas, na Portaria nº 207/ STE/1999, que regula a operação de aeromodelismo no Brasil.

Propostas As autorizações serão divididas em três categorias, sendo: peso maior que 150 kg – as aeronaves deverão ser certificadas pela ANAC, registradas no Registro Aeronáutico

Brasileiro (RAB) e os pilotos deverão possuir Certificado Médico Aeronáutico (CMA), licença e habilitação. Todos os voos deverão ser registrados. Para peso menor ou igual a 150 kg e maior que 25 kg, as aeronaves não precisarão ser certificadas, mas os fabricantes deverão observar os requisitos técnicos exigidos e ter o projeto aprovado pela Agência. Os modelos também deverão ser registrados no RAB e os pilotos deverão possuir CMA, licença e habilitação. Os voos também deverão ser registrados. Nos casos de peso menor ou igual a 25 kg, as aeronaves devem ser operadas até 400 pés acima do nível do solo (aproximadamente 120 metros) e em linha visada visual. Serão necessários apenas cadastros (apresentação de informações sobre o operador e o equipamento). Não será requerido CMA, nem será necessário registrar os voos. Os pilotos devem ter mais de 18 anos. Nos casos de atividades ilícitas ou invasão de privacidade, as ocorrências serão tratadas pelas autoridades de segurança pública competentes. 


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Fotos Pedro Ivo Prates

NOTÍCIAS REGIÃO

Economia da criatividade Um modelo que está mudando o jeito como nos relacionamos, trabalhamos e até locomovemos

Creative Space - espaço concebido para lapidar talentos da economia criativa


São José dos Campos, fevereiro de 2016 | 29

João Pedro Teles

Conectados: blogueiros e youtubers transformam ideias criativas em negócio

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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m meio as onze empresas de tecnologia avançada incubadas no Cecompi (Centro para a Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista), em São José dos Campos, uma sala destaca-se pela excentricidade nas cores e mobília, além de um vai e vem inquieto de pessoas, na maioria jovens, carregando notebooks e câmeras e, vez em quando, contorcendo-se para atender o telefone. É assim, sem rotina mesmo, que o Creative Space - espaço concebido para lapidar talentos da economia criativa - vem promovendo uma pequena revolução conceitual na cidade. Sim, conceitual. Pois é neste ambiente avesso às linearidades da rotina tradicional que estes profissionais aprendem o princípio básico da economia criativa: utilizar sua criatividade e seu capital intelectual como matéria-prima para garantir o pão de cada dia. A economia criativa é um conceito abrangente, com 14 setores contemplados (confira quadro nesta reportagem), e que, cada vez mais, vem mudando a nossa forma de nos relacionarmos com o mundo. Cabeça criativa por trás da Comic Con, megaevento de cultura pop que aconteceu no início de dezembro, o empresário Pierre Mantovani afirma, em entrevista ao canal “Foras de Série”, do YouTube, que estamos presenciando a revolução preconizada na virada para os anos 2000. “Hoje você vê empresas quebrando os modelos tradicionais. Podemos, por exemplo, enfiar um Uber e falar: ‘cara, esse povo vai quebrar os taxistas’. Ou um Airbnb quebrar os hotéis. Um Waze, mudando a finalidade do uso do GPS. A hora em que a internet teve massa social, ou seja, todo mundo passou a ter acesso, aí começou, na minha opinião, o que muita gente esperava para o ano

2000, que é mudar completamente o modelo que está aí”, explica durante trecho da entrevista. O espaço situado no Cecompi incentiva futuros empresários a atuarem nessas novas plataformas. Na cidade da tecnologia, YouTube, Facebook, blogs e os mais diversos aplicativos são a área de interesse do criador do Creative Space, Armindo Ferreira. Professor universitário, empresário e entusiasta das redes sociais, Ferreira encara a empreitada como um empurrãozinho necessário para uma cidade que ainda não desenvolve seu potencial criativo. “Ao mesmo tempo em que São José tem essa marca de inovação,

nossa cultura do emprego tradicional, aquele de bater cartão, é muito forte. E estamos presenciando um momento em que essa relação de trabalho está mudando drasticamente. Eu ando bastante por aí e, numa dessas viagens, um amigo me fez a seguinte provocação: ‘como você colabora para despertar talentos que existem aí na sua cidade?’ Foi quando resolvi dar vida ao projeto. O Cecompi embarcou na ideia e nosso Creative Space começou a tomar forma. Hoje ajudamos pessoas que têm blog, que fazem vídeos na internet, que têm ideias para aplicativos ou que possuem uma página no Facebook a transformar esta atividade em um meio


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para ganhar a vida”, explica.

Valores Mas não basta apenas ganhar a vida. Na concepção de economia criativa, a questão mais importante é como ganhar a vida. Isso porque valores imateriais, como o relacionamento com o consumidor ou a sustentabilidade, são diferenciais para atrair um público que, além de produtos ou serviços, consome também os princípios adotados pela empresa. É o que acontece com a advogada e blogueira Stéphanie Brasil, de São José. A advogada é responsável pelo Maternólatra (www.maternolatra.com. br), blog especializado em maternidade. Criado em 2011, quando Stéphanie engravidou pela primeira vez, o espaço reúne não só notícias relacionadas ao tema, mas também discute o papel da maternidade em nosso contexto social. Seguindo esse compromisso, o blog promove encontros entre as mamães e ainda vai além, com uma rede de relacionamentos entre as mães empreendedoras, que prestam qualquer tipo de serviço. “O que eu faço é manter uma relação muito próxima de confiança com o público. Já temos mais de 1.200 curtidas na nossa página do Facebook, onde também mantenho um relacionamento direto com as mães. Quando fecho algum contrato de parceria com uma marca, é como se fosse uma indicação pessoal. Só falo do que acredito de verdade, se coloco qualquer coisa ali naquele espaço, perco o que mais prezamos no blog, que é a credibilidade daquilo que estamos dividindo com os leitores”, comenta. Essa relação de confiança com os leitores é campo fértil para o crescimento de uma relação publicitária mais justa. Afinal, para chegar a esse público segmentado, a marca precisa passar pelo crivo de uma mídia que só aceita o que for realmente vantajoso para seus seguidores. Daí nascem ações que evidenciam conceitos e não apenas o lucro.

Ganha-ganha Criar uma nova relação comercial, mais justa, integrada e capaz de promover conexões entre as pessoas é a contribuição revolucionária da economia criativa. Aplicativos como o Uber ou Airbnb estão abalando estruturas de setores (táxis e hotelaria, respectivamente) consolidados e obrigando-os a reestruturar seu relacionamento com os clientes. E não é só nos grandes mercados que os modelos de economia criativa estão mudando as relações com o público consumidor. Em São José dos Campos, a dupla Tiago Serrano e César Kawamura criaram a plataforma Quero.Lá (www. quero.lá), um programa de fidelidade

online que já possui mais de 60 estabelecimentos cadastrados na cidade. Mas não se trata de um programa comum. Funciona assim: o usuário cadastrado pode avaliar as lojas da rede. Atendimento, preço, localização, tudo pode ser especificado pelo usuário. A cada avaliação feita, o usuário ganha R$ 5 em pontos, que podem ser trocados nas lojas cadastradas. “O programa de fidelidade é uma forma de economia colaborativa, no qual a rede de estabelecimentos (formada por pequenas lojas) se beneficia aumentando suas possibilidades de clientela por estar em um mapa virtual que apresenta lojas com descontos para os usuários.


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César Kawamura criador da plataforma Quero.Lá, um programa de fidelidade online

com 102,8%, foi a que mais cresceu, seguida por Consumo (100% de crescimento), Mídias (58%) e Cultura (43,6%). Além de mais oportunidades, as áreas criativas também pagam melhor. No que se refere à remuneração, enquanto o rendimento médio mensal do trabalhador brasileiro era de R$ 2.073 no ano em que a pesquisa foi divulgada, o dos profissionais criativos chegou a R$ 5.422, quase três vezes superior ao patamar nacional.

Personalização

Outro benefício é o feedback dos clientes. Com as avaliações feitas sobre o seu estabelecimento, o empresário passa a ter mais ferramentas para entender onde precisa melhorar”, comenta Kawamura. O site já conta com cerca de 7,5 mil usuários cadastrados e oferece aos estabelecimentos descontos no plano à medida que o número de avaliações aumenta. O valor, que é de R$ 75 por mês para estar entre as empresas cadastradas, pode cair a R$ 25 caso a loja conte com mais de 100 usuários mensais.

Mercado Este tipo de negócio ainda é incipiente no país. Corresponde a apenas 2% das

empresas abertas no Brasil. Mesmo assim, o jogo está virando. De acordo com o Mapeamento da Indústria Criativa do Brasil, documento publicado pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) em dezembro do ano passado, de 2004 para 2013 o PIB (Produto Interno Bruto) criativo do país subiu de R$ 74,3 bilhões para R$ 126,1 bilhões. De acordo com o levantamento, a indústria criativa, até 2013, era composta por 892,5 mil profissionais formais, alta de 90% se comparado a 2004, dez anos antes de o mapeamento ser realizado. Nesses dez anos, houve crescimento em todas as áreas criativas. Tecnologia,

Outra grande diferença da economia criativa para a tradicional passa pela personalização dos produtos e serviços. Uma alternativa para a produção em massa. Na prática, trata-se de oferecer às pessoas opções que se encaixem em suas rotinas. Utilizando o exemplo do iPhone: apesar de vir de fábrica um igualzinho ao outro, cada pessoa irá personalizar o aparelho como lhe convém, com planos de telefonia e internet diferentes, com aplicativos diferentes, proteção de tela, capa, fonte. Ao atender a demanda específica de um grupo de pessoas, inverte-se a lógica tradicional da indústria como é hoje, que padroniza seus produtos para que as pessoas se adequem a eles. O coordenador da área de negócios do Senac São José dos Campos, Jair Gustavo de Mello, é um estudioso desta nova vertente da economia. Ele defende a economia criativa como um modelo dos tempos modernos, mais inteligente e igualitário. “É uma forma de usar a tecnologia a favor do bem comum, e não com essa lógica exploratória de mercado. A economia criativa é sustentável, constrói redes, estimula o contato e a colaboratividade. Dá voz aos consumidores, aumenta as opções e ajuda a melhorar os serviços oferecidos. Então imagine que você quer promover um jantar em sua casa. Pode entrar num aplicativo, escolher um chef de cozinha bem avaliado e ter uma comida de restaurante em casa”, comenta. 


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NOTÍCIAS SAÚDE

Esperança para a cura do câncer A fosfoetanolamina pode ser uma aliada na guerra contra a doença, mas nesse combate ainda existem outros grandes obstáculos Rodrigo Ribeiro SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

V

ocê já pensou na possibilidade da cura do câncer ou pelo menos de alguns tipos da doença? A fosfoetanolamina sintética foi responsável pelo retorno da discussão em 2015 e gerou repercussão entre pesquisadores, classe médica e principalmente, pacientes oncológicos. Um grupo de pesquisadores afirma ter encontrado a solução, mas que falta interesse da indústria farmacêutica no composto desenvolvido, já que a intenção é distribuir gratuitamente a “pílula do câncer”, como ficou popularmente conhecido. Além disso, a ausência de testes com seres humanos tem sido a principal rejeição ao composto, que agora, enquanto pacientes aguardam uma resposta, está a mercê de uma burocrática legislação e da boa vontade de empresas, instituições e do poder público, para ter sua eficácia comprovada. A pesquisa com a molécula de fosfoetanolamina para o combate ao câncer foi iniciada há mais de 20 anos, por Gilberto Orivaldo Chierice, professor aposentado do IQSC (Instituto de Química de São Carlos) da USP (Universidade de São Paulo). Estudos foram feitos em animais

com alguns tipos da doença, como de pele, leucemia e rim, com resultados promissores. No entanto, o composto não foi testado em seres humanos e mesmo sem passar pelos testes clínicos necessários para ser considerado um medicamento pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), foi distribuído para algumas pessoas. O próprio Chierice distribuiu gratuitamente pílulas com o composto na universidade, que em 2014, proibiu a produção e distribuição do produto, devido à ausência dos testes clínicos. A decisão fez com que os usuários da substância acionassem a Justiça para conseguirem a pílula. O STF (Superior Tribunal Federal) e o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) concederam liminares para que a USP continuasse a distribuir o composto. Mas no início de novembro do ano passado, a Justiça caçou as liminares no Estado de São Paulo e desde então, os pacientes não estão recebendo a pílula, considerada a última esperança para algumas pessoas. O cancerologista Dr. Renato Meneguelo, mora em São José dos Campos e integra a equipe de Chierice. O receio de Meneguelo, é que o composto “caia na banalidade”, disse, já que o grupo quer distribuir gratuitamente a pílula e não liberar a patente para algumas empresas.

“Temos que lutar para que o composto vire um remédio potencialmente eficaz e não caia na banalidade porque não cedemos às grandes indústrias para a venda da patente e resolvemos distribuir gratuitamente. Não é um bolo, que é só distribuir a fórmula e qualquer um sai fazendo”, diz Meneguelo. “Onde estaria nosso país em relação à comunidade científica internacional se fizéssemos uma coisa dessas? Existem parâmetros a serem seguidos; como posso garantir que estariam fazendo a síntese corretamente?”, questiona Meneguelo. Segundo o médico, desde 2009, nenhum centro de pesquisa procurado pela equipe se interessou pelo composto, devido ao fato do grupo ter a intenção de fazer doações das cápsulas para pacientes em fase de câncer terminal “ou por um preço mais acessível e que não interfira no orçamento familiar”, diz. O médico credita as dúvidas de algumas pessoas, pelo composto ser uma novidade. “Tudo que é novo gera receio e o que estamos tentando provar vai contra tudo que está escrito na literatura atual, portanto, as dúvidas são compreensíveis. O que não cabe no discurso de alguns que se dizem especialistas é a falta de informação por preguiça de ler o que


Divulgação

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está publicado, criticam nosso trabalho sem fundamento científico”, afirma Meneguelo. Ainda de acordo com Meneguelo, somente a liberação da Anvisa para os testes clínicos poderá provar a eficácia do composto. “Assim teremos uma definição de quem está com a razão: a sociedade médica e os grandes doutores ou nossa pequena e teimosa equipe de pesquisa”, diz. “Nunca falamos que a fosfoetanolamina seria uma troca de terapia em relação aos tratamentos convencionais na medicina atual. Mas que seria para pacientes em cuidados paliativos e quem sabe em um futuro próximo possa ser mais uma arma na luta contra o câncer”, conclui Meneguelo. A reportagem entrou em contato com algumas instituições e hospitais da RMVale, mas teve retorno apenas do IOV (Instituto de Oncologia do Vale). A Dra. Fernanda Navarro Loiola, médica oncologista do instituto, defende a realização de todos os testes clínicos antes do composto ser distribuído. “Para uma droga ser liberada para uso ela precisa passar por vários processos de pesquisas para comprovação de sua eficácia, segurança, perfil de toxicidade, contra indicações, posologia, enfim, é necessário que se conheça tudo isso de uma medicação para que ela seja prescrita com segurança. Acho que a fosfoetanolamina deve passar por todas as etapas necessárias e exigidas pelos órgãos controladores”, afirma. Segundo Fernanda, o IOV não recomenda o uso da fosfo, como é popularmente abreviada a substância, aos seus pacientes. “Não recomendamos o uso até que os estudos necessários sejam realizados”, conclui. O GACC (Grupo de Apoio a Criança com Câncer) de São José, o departamento de medicina da Unitau (Universidade de Taubaté) e o setor oncológico do Hospital Frei Galvão, de Guaratinguetá,

não quiseram comentar o assunto. O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) e o CFM (Conselho Federal de Medicina) não retornaram até o fechamento desta reportagem.

Estado de São Paulo

Procurada pela Metrópole Magazine, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, informou que o governador Geraldo Alckmin (PSDB), apoia os avanços dos estudos da substância e seu uso compassivo no tratamento do câncer. Na última semana de novembro,

Alckmin entregou um ofício ao ministro da Saúde, Marcelo Castro, solicitando o uso compassivo da fosfo, conforme resolução RDC nº 38/2013, do Ministério da Saúde, que abre exceção para que substâncias possam ser utilizadas até que tenha aprovação final do Governo Federal. No documento, o governador também informou que pretende dar início a testes clínicos em hospitais da rede pública estadual para avaliar a eficácia da fosfoetanolamina sintética em até mil pacientes. A pesquisa clínica será liderada pelo pesquisador Dr. Paulo Rolf.


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Carol Tomba

Ida Renata Miguel Simões da Cunha, de 51 anos, acionou a Justiça para conseguir a fosfo

Finalizada esta etapa e com aprovação da Anvisa e do Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa), o Estado começa os testes clínicos no Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo). “Na reunião, a USP cedeu ao Estado o direito à pesquisa e produção da substância para que seja utilizada nos testes. O Governo do Estado também solicitou ao ministro da Saúde que libere o laboratório Furp para que produza o medicamento a fim de atender a demanda da pesquisa”, conclui a nota. O objetivo do governo estadual é liberar o uso compassivo da fosfo antes

do fim dos testes clínicos da substância -após os ensaios de fase 1-, para pessoas que já tenham usado todas as drogas disponíveis e estejam em estado terminal. A fase 1 deverá durar seis meses.

Governo Federal Paralelo à ação do Estado de São Paulo, o Ministério da Saúde criou um grupo de trabalho para apoiar os estudos clínicos e a produção da fosfo, e passará a apoiar as etapas para o desenvolvimento clínico do medicamento. “Estamos colocando à disposição do professor responsável pela síntese

dessa molécula a possibilidade de submeter a fosfoetanolamina a todos os protocolos para verificar se a substância é ou não eficaz e por fim a essa celeuma. Por isso, a recomendação do Ministério da Saúde é que as pessoas não façam uso dessa substância até que os estudos sejam concluídos”, orienta o ministro Marcelo Castro. O grupo terá o apoio da Anvisa para orientar os pesquisadores na elaboração dos protocolos clínicos e documentações necessárias e deverá contar com o apoio do Inca (Instituto Nacional do Câncer) para a realização de estudos clínicos e da Fiocruz. Para isso será elaborado um plano de trabalho que prevê desde a caracterização da molécula, passando pelo desenvolvimento da formulação, produção de lotes de medicamentos experimentais seguindo as BPF (Boas Práticas de Fabricação) da Anvisa e realização de estudos pré-clínicos, ensaios clínicos e estudos de farmacovigilância. “A grande preocupação do Ministério da Saúde é que as pessoas deixem de realizar o tratamento adequado e que tem sua eficácia comprovada, e passem a usar um medicamento que não tem cientificamente uma comprovação de benefícios e efetividade comprovada”, alertou o ministro.

Anvisa A Anvisa garantiu apoio à iniciativa do Governo de São Paulo de realizar testes em mil pacientes. “Agora, com esse posicionamento, que visa avaliar a eficácia e a segurança da substância em seres humanos, a Agência se prontifica a prestar todo o suporte técnico necessário e priorizar a análise de um eventual processo para o registro da chamada ‘pílula do câncer’”, informou a agência em nota. Segundo a Anvisa, dentro dos critérios da agência, os medicamentos desenvolvidos no Brasil ou destinados a


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Divulgação

A Anvisa possui em sua página na internet explicando o passo-a-passo que um novo medicamento deve passar para ter seu registro concedido

uma doença que não disponha de alternativa terapêutica são encaminhados diretamente para o começo da fila de pedidos de registros. A Anvisa possui em sua página na internet explicando o passo a passo que um novo medicamento deve passar para ter seu registro concedido e sua consequente disponibilidade no mercado.

USP – São Carlos Devido à repercussão sobre a distribuição de fosfo, o IQSC emitiu um comunicado oficial em outubro informando que a substância foi estudada de forma independente pelo professor Chierice. Em junho de 2014, foi editada uma portaria IQSC, determinando que tais tipos de substâncias só poderão ser

produzidas e distribuídas pelos pesquisadores do IQSC mediante a prévia apresentação das devidas licenças e registros expedidos pelos órgãos competentes determinados na legislação. ”A USP, ademais, não possui o acesso aos elementos técnico-científicos necessários para a produção da substância, cujo conhecimento é restrito ao docente aposentado e à sua equipe e é protegido por patentes”, diz um trecho da nota. O IQSC está produzindo e fornecendo a fosfoetanolamina em caráter excepcional e em atendimento a demandas judiciais individuais. “Ainda que a entrega seja realizada por demanda judicial, ela não é acompanhada de bula ou informações sobre eventuais contraindicações e efeitos colaterais”, diz outro trecho.

Segundo o IQSC, as pessoas que obtiverem a liminar não deverão ir ao Instituto para retirar a substância. Após ser notificado, o IQSC encaminhará o composto pelo correio, que avisará sobre a chegada da remessa em uma de suas agências. “O Instituto de Química de São Carlos lamenta quaisquer inconvenientes causados às pessoas que pretendiam fazer uso da fosfoetanolamina com finalidade medicamentosa. Porém, o IQSC não pode se abster do cumprimento da legislação brasileira e de cuidar para que os frutos das pesquisas aqui realizadas cheguem à sociedade na forma de produtos comprovadamente seguros e eficazes”, conclui o comunicado. A moradora de São José dos Campos, Ida Renata Miguel Simões da Cunha, de 51 anos, acionou a Justiça para conseguir a fosfo. Em setembro de 2012, Ida descobriu um tumor na barriga, operou e foi detectado que se tratava de um tumor maligno no ovário. Infelizmente, a luta de Ida terminou na madrugada do último dia 3, cerca de 20 dias após a família ter conversado com a reportagem. “Começou a quimioterapia em dezembro de 2012, fez radioterapia em março de 2013 no tórax e em seguida, foi descoberto metástase óssea. Continuou com a quimioterapia até 5 de novembro de 2015, quando o médico avaliou que o tratamento não estava mais surtindo efeito e que teríamos apenas que tratar a dor e dar qualidade de vida a ela”, conta Laís Freire, filha de Ida. A família descobriu a fosfo pela internet. “Vi postagens de pessoas pedindo para ser liberado e comecei a pesquisar sobre. Fiquei muito desesperada quando o médico disse que o tratamento convencional já não resolvia e comecei a pesquisar advogados que estavam entrando na Justiça para obter as liminares”, conta Laís. “Somos a favor da fosfo, porque somos a favor da vida. Se o tratamento


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convencional foi encerrado pelos médicos, tudo que temos a fazer é esperar pela morte de quem amamos. Qualquer possibilidade de tentar, de ter uma melhora que seja já é valida. É direito de todos lutarem pela vida e mesmo que não haja efeitos, queríamos o direito de tentar”, afirma Laís. Também de São José, Maria Luzinete de Freitas, de 67 anos, vem enfrentando uma leucemia desde novembro de 2014. “Estou em tratamento desde a descoberta da doença”, conta Maria que conheceu a fosfo por telejornais. “Nunca tive a oportunidade de usar e ainda não pensamos em entrar com ação judicial. Mas somos inteiramente a favor da liberação da fosfoetanolamina porque teremos esperança de cura da doença. Quanto mais opções melhor né?”, conclui. No fim de novembro do ano passado,

um grupo de moradores de São José realizou um ato na cidade, assim como aconteceu em vários estados do país, e coletou assinaturas para um abaixo-assinado a favor do composto. Segundo Fabiano Porto, responsável pelo ato em São José, a ação coletou 1.430 assinaturas na RMVale (Região metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte) em 17 dias. “Agora vamos enviar para o diretor da Anvisa, com cópia para o governador de São Paulo”, conta. Motivos para toda a repercussão em torno da fosfoetanolamina sintética é o que não faltam. Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), mais de 12 milhões de pessoas no mundo são diagnosticadas todo ano com câncer e cerca de 8 milhões morrem. A estimativa do instituto em 2015

no Brasil foi de 580 mil novos casos. Segundo o Inca, se medidas efetivas não forem tomadas, haverá 26 milhões de novos casos e 17 milhões de mortes por ano no mundo em 2030. Talvez seja esse o cenário que faça com que toda uma família “abrace” a causa quando a doença aparece. Prova disso, são as respostas das entrevistadas pela reportagem, quase sempre, na primeira pessoa do plural. A intenção dos pesquisadores que desenvolveram o composto é nobre e dos críticos, principalmente da classe médica, sensata. Agora, a mais nova esperança para a tão sonhada cura do câncer fica à espera do resultado dos testes clínicos, que, se tudo der certo, poderá dar um novo capítulo na história da medicina e na vida dos pacientes. 




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NOTÍCIAS ESPECIAL

O segredo da felicidade Em 2014, três cidades do Vale do Paraíba não registraram nenhum divórcio e nós fomos conferir o que elas têm de diferente Adriano Pereira SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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Fotos Pedro Ivo Prates

eu Chico e Dona Didi enfrentaram a descida da serra até Caraguatatuba em estrada de terra dentro de uma lotação. A lua de mel, em 25 de janeiro de 1952, era para durar uma semana e acabou em três dias. Mas não pensem que esse era o fim do casamento dos dois. O casal voltou porque Dona Didi ficou com medo das chuvas e quedas de barreiras na estrada e não queria viver para sempre no litoral, até porque já são 63 anos juntos desde aquela viagem. Francisco Pereira Rodrigues, de 88 anos, e Benedita de Carvalho Rodrigues, de 84 anos, vivem em Areias, uma das três cidades da RMVale que não registraram nenhum divórcio em 2014, segundo pesquisa do IBGE

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada no final de 2015. Monteiro Lobato e Canas fecham essa lista rara na região. Os três municípios seguem contra a correnteza neste assunto. No Brasil, a pesquisa mostra que em 10 anos (de 2004 a 2014) o número de divórcios subiu 160%, saindo de 130,5 mil para 341,1 mil. Em São José dos Campos, por exemplo, o aumento foi de 510% no mesmo período, de 364 para 2.219. Em Taubaté e Jacareí também houve aumento de divórcios, de 64,5% e 11,4% respectivamente. “A mulher não é inferior nem superior ao homem. É diferente. No dia em que compreendemos isso a fundo, muitos mal entendidos desaparecerão da face da terra”. É impossível saber de onde veio a inspiração para que o escritor Monteiro Lobato escrevesse essa

frase, mas da janela da promotoria de Areias, onde ele foi promotor, dá para ver a casa aconchegante de Seu Chico e Dona Didi. Os dois moram no centro da cidade, mas nem sempre foi assim. “Quando a gente casou a coisa ficou feia. Não tinha dinheiro para comprar nem um par de botinas e vivíamos na roça, com luz de lampião. E mesmo assim a gente vivia bem feliz”, conta Seu Chico. Nestes 63 anos juntos, o que os manteve unidos, segundo o casal, foi o respeito mútuo e a confiança. “Tem que ter respeito. Nunca levantei a voz para ela”, diz. “Tem que ter muita confiança, ele sempre veio para a cidade jogar futebol. Se chovia muito, ele ficava por aqui e não tinha como me avisar. Eu confiava e não me preocupava. Mas tem uma coisa também, as mulheres não têm que querer se igualar ao


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homem. No meu tempo, o homem era o provedor, hoje a mocidade não pensa desse jeito”, conta Dona Didi. Márcia Rosalia Schwarzer é a chefe do cartório de Areias. A gaúcha vive no município há seis meses e já registrou pelo menos 20 casamentos. “Aqui é diferente, uma cidade calma e tranquila na qual alguns valores ainda persistem”, conta. Pode até ser que entre os casais mais antigos, essa teoria sobre os valores ainda seja válida. Mas a informalidade nas relações amorosas em Areias também não é rara. “Ah! Não tem divórcio no cartório! Aqui tem internet, né moço?”, diz a vendedora Amanda Batista, de 28 anos, casada há seis, sugerindo que as redes sociais são uma armadilha para os casamentos. “Separa, volta, termina, encontra... Eu mesma não vivo junto com meu marido há 16 anos e não sou divorciada. Tem muita gente que vive junto há muito tempo e não é casado, depois se separa e mais tarde volta a viver junto. Porque aqui é sossegado, mas está cheio de tentação”, revela Regina Carmem Pinheiro da Silva, de 60 anos, proprietária do Bar Sant’Anna.

Seu Chico e Dona Didi: 63 anos de um casamento feliz


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Nilza e Renner, de Monteiro Lobato: o segredo está no amor

Canas “O povo não tem dinheiro para pagar o divórcio! E outra, aqui ninguém casa no papel!”, brinca Tânia de Freitas, de 60 anos, proprietária de uma banca de jornal bem em frente ao cartório de registro civil de Canas. Tânia ficou viúva e nunca mais se casou. Essa é uma outra característica comum às três cidades, quando o cônjuge morre, dificilmente quem fica se envolve em outro casamento. “As pessoas respeitam isso”, completa. Canas, diferentemente de Areias, fica

às margens da Rodovia Presidente Dutra em vez de estar incrustada no pé da Serra da Bocaina. A tranquilidade na cidade é mais aparente do que real, já que a “rota de fuga” está logo ao lado. “Olha moço, eu sei que tem muita gente que foge do casamento por essa estrada aí, mas nunca chega a se divorciar de verdade”, conta Maria de Jesus Ferreira, de 58 anos. Ela é casada há 30 anos, dos quais 16 foram na “informalidade”. “Só registrei meu casamento muito tempo depois, e muita gente vive assim aqui”, conta.

Apesar de Canas aparecer na pesquisa do IBGE, a cidade registrou 13 divórcios em 2014. O que causa essa discrepância é que o município não possui fórum, e todos os processos são feitos na comarca de Lorena. “Existem duas maneiras de entender: em 2014 não houve nenhuma entrada de processo de divórcio na cidade de Canas, isso é verdade. Por outro lado, quem se divorciou em 2014, e é morador de Canas, optou por entrar com a ação diretamente em Lorena”, explica Maristela Aparecida Campos, chefe interina no


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Nas três cidades, a ‘informalidade’ das uniões contribui com as estatísticas

cartório no período da pesquisa.

Monteiro Lobato “Somos casados há 49 anos e 10 meses”, conta Nilza Sene dos Santos, de 69 anos. Ela e o esposo, Rener dos Santos, de 77 anos, se casaram em Monteiro Lobato e vivem lá até hoje. Tiverem um único filho do casamento e mais seis de criação. Os dois já tiveram que passar por cirurgias no coração, mas se a parte física dá sinais de cansaço, a simbologia do órgão vital ainda é pulsante. “É o amor, né meu filho? Se não tiver amor, não tem respeito, não tem confiança e nada vai dar certo”. Para a história ser mais curiosa ainda, Rener é juiz de paz em Monteiro Lobato. Na primeira vez que ele foi registrar um casamento na função, a união dos noivos acabou na porta do cartório. “Eles começaram a discutir sobre onde seria a festa, a coisa engrossou e de repente o noivo deu um tapa na cara da noiva. Ele foi preso e ela foi pra casa do pai”, lembra o juiz, que também é músico. Nilza acredita na mesma linha de pensamento de Dona Didi, apesar de não se conhecerem. “Sempre fui criada para ser dona de casa, e acho que a maioria das mulheres aqui da cidade ainda é criada assim”, repete a receita. Mas nesse mundo no qual as redes sociais pulsam a qualquer sinal de algum “ismo”, seria quase um crime sugerir que a receita de um casamento feliz fosse o modelo de casal no qual o homem trabalha fora e a mulher cuida da casa. Há quem ataque isso no primeiro sinal de fumaça, acusando a esposa de submissão. “Eu sou uma mulher livre! Eu posso ir e vir, fazer o que eu gosto e tudo mais. Fui estudar quando já tinha 27 anos de idade, depois de casada e trabalhando. Eu faço cursos até hoje, tenho mais de 60 cursos profissionalizantes feitos. E sempre que ele saía para tocar as músicas dele eu ficava cuidando do que é nosso. Não tem

problema nenhum”, explica Nilza. As opiniões de especialistas que convivem com a outra face da moeda - a quantidade crescente de divórcios também poderiam explicar o sucesso das três pequenas cidades da RMVale. Hoje, por exemplo, terminar um casamento já não carrega a mesma conotação pesada e preconceituosa do tempo de Dona Didi e Nilza. As transformações

sociais vindas da tecnologia, que facilitaram o contato entre desconhecidos, também contribuem para esse aumento no número de divórcios, além da facilidade atual para se começar um processo de separação. Em tempo, no dia em que nossa reportagem esteve em Areias, o cartório recebeu a primeira averbação de divórcio em dois anos. 


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NOTÍCIAS EDUCAÇÃO

Do you speak english ?

Idelter Xavier SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

S

im, está comprovado que o povo brasileiro não domina a língua inglesa. Uma pesquisa divulgada no último mês de novembro, realizada pelo grupo de educação internacional EducationFirst, em 70 países, mostra que o Brasil tem um nível de proficiência baixo. O 41º lugar no ranking só comprova a precariedade do ensino de línguas estrangeiras em nosso país, fazendo jus à famigerada frase: “Na escola só se aprende o verbo to be”. O estudo ouviu mais de 900 mil pessoas pelo mundo, todas acima de 18 anos

e com o ensino médio completo. Foram avaliados domínio de gramática, vocabulário, leitura e compreensão de moradores de países que não têm a língua inglesa como dialeto oficial. Para grande surpresa de muitos, países vizinhos ao nosso, como Equador (38º), Chile (36º) e Peru (35º) ficaram em colocações acima do Brasil no ranking. O maior destaque foi a Argentina (15º), com nível de proficiência considerado alto, ficando na frente de países como Bélgica (16º), Suíça (19º) e Espanha (23º). O topo da lista é liderado pelos europeus, com Suécia (1º), Holanda (2º) e Dinamarca (3º) nas primeiras colocações. É de senso comum que o ensino da língua inglesa em nossas escolas é fraco.

Brincadeiras e piadas como “Inglês é só the book is on the table”, são amplamente compartilhadas na internet e até pela mídia. Uma triste realidade que só vem piorando, tendo em vista que o Brasil caiu duas posições no ranking desde a última pesquisa, realizada há um ano. Atualmente, os alunos da rede pública de São José dos Campos têm aulas de inglês duas vezes por semana, com duração de 50 minutos cada, a partir do 6º ano do ensino fundamental. “Há muito pouca repetência, porém não podemos dizer que são proficientes, tendo em vista a pouca carga horária”, afirma Nirlene Pereira Alvim Fernandes, 50, professora de inglês na rede municipal há 18 anos, e há 12 na função de


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Divulgação / Usp Imagens

Brasil está classificado entre os países com baixa proficiência em língua inglesa, atrás de nações como Equador, Chile, Peru e Argentina

orientadora de ensino. Algumas cidades da Região Metropolitana do Vale do Paraíba, como Taubaté e Caraguatatuba, incluem a matéria de língua inglesa já no primeiro ano do ensino fundamental, o que não é obrigatório. O objetivo desta medida é justamente preparar os alunos para o que será exigido mais para a frente, do 6º ao 9º ano, e, consequentemente, no ensino médio também. O material didático utilizado nas escolas públicas é ofertado pelo PNLD (Plano Nacional do Livro Didático). Os professores se baseiam nos Parâmetros Curriculares Nacionais, estipulados pelo Governo Federal, que nada mais são que orientações a respeito do que se espera

do ensino fundamental no país, para que a aprendizagem seja significativa. “O PNLD não traz e nem poderia trazer, um rol de conteúdos que deva ser trabalhado por todos. O documento traz orientações bastante pertinentes, na minha opinião. Quanto ao material, nenhum livro em si garante aprendizagem. O que pode garantir a aprendizagem é o uso que o professor fará desses materiais, sejam eles quais forem. Os livros ofertados são, em regra geral, bons”, conclui a orientadora Nirlene. Segundo o aluno Clayton Rodrigues, 14, estudante do 9º ano do ensino fundamental da rede pública em São José dos Campos, é preciso ter mais interesse pelo assunto por parte dos próprios

alunos. “Eu sempre consegui passar de ano, mas confesso que não é uma matéria que eu me interesse muito. Acho legal quando a professora leva alguma música ou filme, mas nas aulas em geral eu vejo que não só eu, mas muitos colegas não levam muito a sério”. Para a professora de inglês Amanda Prado Gonzalez, 23, especialista em ensino de línguas estrangeiras para crianças, é primordial despertar o interesse delas desde cedo, para que se acostumem com o vocabulário e criem gosto pela aprendizagem. “Fazer a criança se interessar pelo assunto é o primeiro passo. A criança gosta de brincar e interagir, então é necessário ter aulas voltadas para o universo delas, com jogos, brincadeiras e


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Pedro Ivo Prates

músicas”, afirma Amanda. “Outro fator que deve ser levado em consideração é a qualificação do professor. Que a educação em nosso país é precária, todos sabemos, e por isso é importante entender que aprender línguas não é como aprender outras matérias. Professores devem estar atentos aos métodos de ensino utilizados e sempre se adaptar às dificuldades do aluno”, conclui Amanda.

Ana Maria Dumitrascu, professora de inglês em São José dos Campos

Outra realidade Uma pesquisa realizada pelo setor de marketing da DN&A Publicidade, em maio de 2015, apontou que 90% das escolas particulares do Vale do Paraíba incluem a língua inglesa na grade curricular já no maternal. Três delas são consideradas bilíngue, ou seja, metade das disciplinas é lecionada exclusivamente em inglês pelos professores. “Eu sempre estudei em escolas particulares, tenho contato desde sempre com a língua inglesa. As aulas de inglês que tenho agora no ensino médio são muito voltadas para o Enem e vestibulares, então eu considero um nível intermediário”, disse Giordan Moraes, 15, aluno do Colégio Elo, de São José dos Campos. Ainda de acordo com a pesquisa feita nas cidades da região, mais de 60% dos entrevistados afirmaram ter aprendido inglês sozinhos, sem frequentar escolas, apenas pela internet, assistindo filmes, seriados, jogando games e ouvindo música. “Confesso que aprendo muito mais jogando games na internet do que nas aulas. Tenho um nível bom de inglês, talvez as aulas desde cedo tenham facilitado isso, mas sem dúvidas na internet, assistindo filmes e ouvindo música eu aprendo muito mais”, conclui Giordan.

Escolas de inglês Com uma proposta bem mais eficiente de aprendizado, o número de alunos, tanto de instituições públicas como particulares, que procuram escolas de inglês para

aprenderem melhor a língua é enorme. A quantidade de alunos em sala de aula é reduzida, sendo no máximo dez por classe. “O aluno tem diversos exercícios para fazer todo dia durante a aula, além de tarefa para casa. Cada um tem seu tablet, onde são feitas todas as suas atividades. A professora permanece na sala, onde realiza conversação e tira dúvidas”, explica Rodrigo Louzas, 26, proprietário de três escolas de idiomas, em São José dos Campos. Para a orientadora da escola, Ana Paula de Siqueira, o motivo de tantos jovens procurarem escolas de inglês é o fato de que o conteúdo ensinado nas escolas de ensino fundamental e médio

não segue uma sequência didática. “É tudo meio jogado, não há cronologia, é um sistema que não faz muito sentido. Aqui na escola de inglês, nossas apostilas seguem uma sequência, tem toda uma estrutura que deve ser respeitada, começando pela base, mais simples, e depois aumentando a dificuldade do conteúdo gradativamente”, disse. “Aqui o acompanhamento é de perto. Temos uma sala de estudos, sala kids com didática especial para os pequenos, sala de vídeo e áreas para que os alunos possam fazer suas atividades e trocarem experiências. O ideal é proporcionar o melhor ambiente para aprendizagem”, afirma Louzas 


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Gravado ao vivo na Universidade Federal de Minas Gerais, Maria Bethânia interpreta obras literárias e musicais de grandes escritores, poetas e músicos brasileiros e portugueses, incluindo nomes como Guimarães Rosa, Dorival Caymmi, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e vários outros.

CINEMA&

LITERATURA&

O Quarto de Jack

Uma Garrafa No Mar de Gaza Valéria Zenatti

Preço: R$26

Um dos indicados ao Oscar de melhor filme em 2016, “OQuarto de Jack” estreia neste mês nos cinemas brasileiros. O drama conta a história de uma mãe sequestrada e abusada, que tenta garantir a segurança do filho dentro do cativeiro onde é mantida como refém. Neste processo, ela cria um mundo imaginário que só existe

ali dentro, fazendo a criança acreditar que além das paredes, não existe nada. A readaptação de ambos ao mundo real é o foco principal do filme. A reflexão do espectador é inevitável sobre questões do cotidiano que nos passam desapercebidas. Vale também a atuação impécável de Brie Larson.

História extremamente atual e reflexiva. Personagens que vivem o terror de viver numa região onde uma bomba pode explodir a qualquer minuto, e não há nada que se possa fazer contra isso. No livro, mensagens são transmitidas e recebidas por personagens que não se conhecem e não se encontram, mas todos vivem seus dramas pessoais por cont5a da guerra.

SOM&

Coldplay A Head Full Of Dreams (Warner Music)

Preço: R$42,90

O álbum, gravado em Malibu, Los Angeles e Londres, foi produzido pela dupla norueguesa Stargate junto com o colaborador de longa data da banda, Rik Simpson, tem mais participações que qualquer outro álbum da banda, como; Beyoncé, Noel Gallagher, Tove Lo e Merry Clayton, dentre as 11 faixas (12, se você contar com o tesouro enterrado da faixa escondida: X Marks The Spot). Diferente do projeto anterior que tinha uma atmosfera mais intimista e melancólica, o novo álbum é uma explosão de energia, cores e grandes momentos cheios de vida como já indica o efervescente single de abertura “Adventure Of A Lifetime” e o enérgico “Hymn For The Weekend”.

David Bowie Nothing Has Changed

(Warner Music) Preço: R$72,90

É claro que depois da morte de David Bowie, o mercado ganhou uma avalanche de coletâneas. Nem todas tão boas como essa, que teve a participação do músico e do produtor Tony Visconti na escolha das faixas. Cada formato de distribuição tem sua capa específica (CD e vinil) e a seleção de faixas realmente não deixa nenhuma lacuna na carreira genial deste músico. Se é para iniciar em Bowie a escolha é essa.


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NOTÍCIAS TURISMO

Prepare as malas

Principais destinos escolhidos são localidades com praias; Litoral Norte é um dos roteiros preferidos pelos turistas no verão Moisés Rosa LITORAL NORTE

R

elaxar do estresse do trabalho, ler um bom livro debaixo de uma sombra e apreciar paisagens maravilhosas. Você deve estar se programando ou até ter escolhido o seu roteiro de férias. Na RMVale, o destino mais procurado é o Litoral Norte. As quatro cidades – Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba – possuem belas paisagens, sendo uma das rotas preferidas pelos turistas durante esta temporada, que espera cerca de 4 milhões de visitantes. Mas para quem não gosta do calor ou quer aproveitar as férias para descansar longe da badalação, a Serra da Mantiqueira é o melhor destino. Qualquer que seja sua preferência, a Metrópole Magazine traz as opções para você aproveitar a temporada de Verão. Em Caraguatatuba, o turista pode escolher entre mais de 60 shows de diversos artistas que passarão pela cidade até o final de fevereiro. Na programação, Nando Reis (22 de janeiro), Luana Camarah (25 de janeiro), Ludmilla (30 de janeiro) e Paula Lima (4 de fevereiro), além de outras atrações. Veja programação completa no portal meon.com.br . Outra dica para os turistas -que preferem locais calmos-, são as praias Capricórnio, Cocanha e Mococa. Elas possuem belos cenários, sendo que a do Capricórnio tem uma lagoa de água doce. Vale a pena visitar. Ir a Caraguá é também conhecer o ‘calçadão’ e

toda a sua agitação. “Esta é a temporada mais curta deste ciclo e, por isso, investimos antecipadamente em eventos para que o turista se programe para vir a Caraguá desde dezembro. O objetivo é promover Caraguá como um destino turístico, no qual as famílias se hospedem aqui e desfrutem o balneário”, disse o secretário de Turismo, André Procópio. Estima-se que cada turista gaste, por dia, em média R$ 350,00, de acordo com a Secretaria de Turismo. Em outro roteiro pelo Litoral, Ilhabela é uma das mais fascinantes atrações. O turista que escolher o arquipélago poderá ser ‘agraciado’ com praias paradisíacas. Entre as preferidas estão a do Bonete, Castelhanos, Feiticeira e Oscar. Isso sem falar nas mais de 300 cachoeiras. Durante o período de Verão, é possível praticar vela, mergulho, pesca e surf. No quesito acomodação, os hotéis e pousadas de Ilhabela também encantam, pelo charme e sofisticação, além de lojas com grifes famosas. A gastronomia é outro item que merece destaque, com opções de cardápio tailandês, italiano, português, peruano, além do bom hambúrguer e frutos do mar. Já em São Sebastião, os turistas poderão conferir o centro histórico da cidade. Lá, é possível conhecer as construções dos séculos 17 e 18, a antiga cadeia e a Capela São Gonçalo, que atualmente abriga o Museu de Arte Sacra. Para atrair os visitantes, há uma exposição no bairro São Francisco, que traz fragmentos de cerâmicas, intitulada ‘Marcas da Alma’.

Em São Sebá, como é carinhosamente chamada, praias de ondas fortes e fracas chamam a atenção. Barra do Sahy é uma boa opção, com sossego para os banhistas. Para quem procura balada, Maresias é o roteiro certo, com ondas e festas após 22h. “São Sebastião neste verão, certamente será um dos destinos mais procurados do Litoral Norte paulista, devido às belezas e toda a excelente infraestrutura de hospedagem e alimentação”, comenta a secretária de Cultura e Turismo, Marianita Bueno. Já em Ubatuba, os turistas poderão


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Luis Daniel Molinari/ GESP / Divulgação

Praia de Castelhanos, em Ilhabela, uma das mais procuradas pelos turistas durante o verão

aproveitar uma das 70 praias, ‘emolduradas’ pela Serra do Mar. A praia da Fazenda, uma reserva ecológica, com águas claras e tranquilas, é perfeita para relaxar e se acomodar. Lá, você encontra banheiros e chuveiros. Outra opção é a Ilha Anchieta, protegida pelo Parque Estadual da Ilha Anchieta, que possui trilhas, passeios pelas ruínas do antigo presídio, além de atividades de mergulho. “A expectativa é a melhor possível. A procura por imóveis, leitos e o movimento nos fins de semana estão acima do normal, sobretudo pelo fato do dólar

estar alto, o que fortalece o turismo interno em todo o país. Ao mesmo tempo, estamos nos preparando para receber os turistas, com reforço na segurança, na coleta de lixo, na organização do trânsito e na programação artística e cultural”, explica o secretário de Turismo, José Lindolfo Candinho. Durante a ‘Operação Verão’, o policiamento será reforçado por 701 policiais militares nas cidades do Litoral Norte, com rondas ostensivas e de radiopatrulhamento. O helicóptero Águia da Polícia Militar será um dos instrumentos utilizados visando

potencializar a segurança dos turistas e moradores.

Importância

À Metrópole Magazine, o secretário de Turismo do Estado de São Paulo, Roberto de Lucena, destaca o potencial turístico do Vale do Paraíba e Litoral Norte. “Estamos em meio a um cenário positivo para o fomento da atividade turística paulista. Este estratégico ambiente que dispomos deve-se, em grande parte, à organização do turismo regional que, agregando diversos itens desta cadeia produtiva, torna-se mais atraente para as demandas dos turistas. As praias são exemplos consagrados quando o verão se instala, e assim, os serviços aprimoram-se e a possibilidade do visitante retornar é imensa”, ressalta Lucena. A mesma opinião é compartilhada pelo Ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, que afirma estar empenhado para firmar parcerias e fomentar as rotas turísticas. “Diante do cenário econômico do Brasil, o turismo surge como oportunidade para o fortalecimento da geração de emprego e renda. A alta do dólar também contribuiu para aquecer o mercado interno e, assim, foi possível registrar um aumento considerável na demanda dos viajantes por destinos nacionais. Tenho trabalhado para sensibilizar parceiros estratégicos sobre a importância do nosso setor. O turismo reúne hoje as qualidades para alavancar um novo ciclo de desenvolvimento no país. Além disso, o turismo potencializa a economia ao impactar 52 setores econômicos, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento no qual o Ministério do Turismo tem um papel importante”, disse o Ministro..

Quer fugir do movimento? Uma boa opção para quem quer fugir da movimentação das praias é visitar a Serra da Mantiqueira, que possui clima mais ameno. Campos do Jordão, a ‘suíça brasileira’, pode ser o refúgio para os



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Divulgação

O

carnaval começa no dia 5 de fevereiro, mas para a maioria das escolas de samba da RMVale, o clima já é de quarta-feira de cinzas. Samba na avenida mesmo, só em Taubaté e olhe lá. A folia na Avenida do Povo acontece só no domingo (7), ou seja, um corte pela metade nos habituais dois dias de desfiles. Na cidade, duas escolas do Grupo de Acesso e cinco do Grupo Especial farão o Carnaval de avenida. Para sobreviver à crise financeira, as agremiações contaram com uma estrutura para arrecadação de verbas que dura todo o ano. De acordo com a prefeitura, a subvenção municipal para as escolas este ano será 25% menor do que em 2015. Para driblar esta realidade, o cronograma conta com eventos e parcerias com grandes escolas de São Paulo, que ajudam a viabilizar os desfiles. Entretanto, a realidade é bastante diferente no Carnaval de avenida mais suntuoso do Vale, o de Guaratinguetá. Pelo segundo ano consecutivo, as tradicionais escolas de samba da cidade não desfilam. O motivo continua sendo o corte de verbas das prefeitura. Para se ter uma ideia, em 2014, último ano dos desfiles em Guará, o investimento foi de R$ 1,5 milhão na festa. Mas não é só a crise financeira que inviabiliza o desfile. A Oesg (Organização das Escolas de Samba) faz mea culpa e já corre para viabilizar a reformulação de seu estatuto para viabilizar o recebimento de verbas. De acordo com o presidente Distefano Bastos, empossado há pouco mais de três meses, o trabalho da organização é de adequar as seis agremiações do grupo para que se enquadrem na lei 13019, que regulamenta parcerias entre a administração pública e as organizações da sociedade civil. “Atualmente as agremiações não se enquadram nos termos desta lei, o que

Ilhabela terá desfiles e será homenageada pela escola de samba Unidos da Vila Maria, em São Paulo dificulta ainda mais o repasse das verbas públicas para o nosso Carnaval. Por isso é muito importante que a gente se reformule para garantir os próximos Carnavais”, explica o presidente. Apesar de não desfilarem as escolas

de Guaratinguetá devem manter uma programação para o Carnaval deste ano. Segundo Bastos, a Oesg ainda decide quais serão as alternativas. O mais provável é que tanto as agremiações quanto os blocos se apresentem nas


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quadras e nos bairros. “Isso vai ser discutido. O principal é, já a partir de janeiro, montar um convênio com a prefeitura e abrir a discussão sobre esse patrimônio da cidade que é o nosso Caranaval”, explica.

Sem acordo Em São José dos Campos, a falta de entendimento entre prefeitura e escolas de samba faz com que o Carnaval de avenida da cidade não aconteça desde 2012. Naquela ocasião, foram pouco mais de 40 mil pessoas acompanhando os três dias de desfile, que aconteceu na avenida Teotônio Vilela. Na cidade, o desfile virou caso de Justiça. O convênio entre a Liga Independente das Escolas de Samba e FCCR (Fundação Cultural Cassiano Ricardo) em 2012 foi rejeitado pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). A liga

Ubatuba tenta resgatar a tradição de desfiles de blocos


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NOTÍCIAS ESPORTES

Fichas na mesa

Desconhecido por muitos e considerado jogo de azar, o pôquer segue na luta diária para se consolidar como esporte da mente Thiago Fadini SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

C

Simples jogo ou esporte? O pôquer já foi reconhecido como esporte em países como Canadá, Espanha, França, Grécia, Itália, Noruega e Reino Unido. A exemplo do xadrez e das damas, foi considerado um desporto mental em 2010 pela Associação Internacional dos Esportes da Mente. A IFP (Federação Internacional de

Poker), com sede em Lausanne, na Suíça, teve seu estatuto assinado pelas confederações filiadas em 2011. Hoje, 58 entidades dos cinco continentes estão ligadas à IFP. “Esse negócio de sorte não existe. O americano Phil Hellmuth ganhou 14 vezes o campeonato mundial. Ele vai ter sorte 14 vezes em um campeonato onde tem mil jogadores?”, ironizou Matheus Prince, atleta joseense. No Brasil, a CBTH (Confederação Brasileira de Texas Holden) é quem rege as atividades ligadas às modalidades do Pôquer. A confederação, fundada em janeiro de 2009, tem 17 federações afiliadas, e está registrada oficialmente no Fotos: Pedro Ivo Prates

asas escuras e discretas, quase que escondidas. Dentro, mesas compridas e arredondadas tomadas por homens fumando charutos, bebendo uísque, apostando cifras, propriedades e bens de alto valor em um jogo de cartas. O script foi, e ainda é, usado para produzir uma cena cinematográfica envolvendo um jogo de pôquer. Em pleno século XXI, o roteiro é quase de ficção científica. No entanto, é essa a imagem que muita gente tem a respeito desse esporte. “Jogar pôquer não é só jogar cartas, é mais além. Você tem que se preparar fisicamente, mentalmente, boa alimentação ajuda muito. Quem joga pôquer não bebe na mesa”, afirma Matheus Prince, 32, jogador regular há sete anos, de São José dos Campos. “O defeito está na imagem que muitos têm do pôquer por causa de um parente que perdeu carro, casa, ou do faroeste em que jogam bebendo uísque, fumando charuto e tirando carta da manga”, reforça Lucas Iglesias, 27, profissional de Caçapava, campeão do Circuito Suzano 2014 e terceiro colocado no BSOP Millions de 2014. Frequentemente televisionado por canais de TV pagos, os torneios de pôquer estão caindo no gosto dos brasileiros e do público da RMVale. Reconhecido mundialmente como um

‘esporte da mente’, a modalidade vem reunindo adeptos em todo o país e tem como embaixadores celebridades como o jogador de futebol Neymar. Mas afinal, o que tem o pôquer, que tanto atrai estrelas mundiais e valores exorbitantes em premiações?

Thiago Paschoa, 36, proprietário de casa de poquer que promove torneios diários


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Ministério do Esporte. O presidente da CBTH é Igor Tadeu Trafane, e o diretor de relações públicas é André Akkari, um dos únicos brasileiros a conquistar um bracelete da WSOP, – Las Vegas, 2011. A entidade organiza oficialmente dois torneios no país: o BSOP (Brazilian Series of Poker) e a etapa brasileira do LAPT (Latin American Poker Tour). “O jogo de azar é aquele que não depende da sua tomada de decisão, é aquele que depende da sorte, e o pôquer não é assim. O pôquer é um esporte da mente, você tem que estudar, tem estratégias, assim como o xadrez. Não é por acaso que você chega numa reta final de torneio grande”, disse Thiago Paschoa, diretor de um clube de pôquer de São José dos Campos. Para quem compete e encara o jogo como um estilo de vida, a rotina tem que ser rigorosamente respeitada e está baseada em um ‘tripé’ de virtudes, além da simples sorte. “É difícil essa vida maluca de jogador. Você fica final de semana fora, longe da família e tem que manter o foco. Pôquer é disciplina, estudo e psicológico, sorte é cinco por cento”, opina Matheus Prince. “Tem que estar preparado, porque a evolução é lenta. Mas o ideal é ter disposição e não precisar jogar pra ganhar dinheiro, começar por prazer e procurar a evolução”, falou Lucas Iglesias.

Rota regional do pôquer Seguindo a onda de visibilidade, surgiu em São José dos Campos, há três meses, um clube de pôquer que se tornou ponto de encontro dos amantes do esporte, o Arena Poker Club. Mantido por empresários de São Paulo e de São José, o espaço atrai centenas de jogadores por semana. O número de sócios é mantido em sigilo. “Já conhecia de muito tempo de pôquer, mas sempre como diversão e não como negócio. Com os brasileiros se dando bem lá fora e fazendo com que o

Na região, alguns jogadores buscam um lugar ao sol nas mesas brasileiras e internacionais

pôquer cresça no Brasil, surgiu a ideia de vir para cá”, contou Thiago Paschoa, 36, um dos paulistanos que resolveu apostar no público da RMVale. O clube promove torneios diariamente, de segunda-feira a sábado, com buy-ins (taxa de entrada nas mesas) que variam de freeroll (gratuito) até R$ 150. As premiações podem chegar a R$ 20 mil no total. Nos torneios profissionais, geralmente a mesa é composta por 12 integrantes, sendo um deles o dealer, responsável por distribuir as cartas e organizar o jogo. Atualmente, a região possui o Circuito Vale de Texas Hold’em, competição que conta com oito etapas por ano e envolve também torneios de xadrez. As vagas para o circuito também são disputadas em torneios satélites. Em 2015, a última etapa foi realizada em dezembro, no salão de eventos de um hotel, em Taubaté. Para o diretor do Arena Poker Club, a RMVale tem potencial para ser um polo do esporte no Estado de São Paulo. “Está

crescendo. Não há como comparar cidades, mas o Vale do Paraíba tem um potencial muito grande, só não está sendo muito difundido. A gente não achou uma maneira ideal de chegar às pessoas”, analisou Thiago Paschoa. O preconceito e a imagem controversa que as pessoas têm do esporte que utiliza o baralho atrapalham também na busca por novos profissionais do ramo, como recepcionistas, atendentes, garçons e garçonetes. “É um ambiente familiar, vem marido, esposa, filho. É um ambiente de esporte mesmo”, explicou Paschoa, que fez questão de frisar que as mulheres também estão tomando o seu próprio lugar nas mesas. “Tem muitas mulheres que frequentam aqui”, completou.

Vida de atleta Os grandes astros do mundo do pôquer, em grande parte, iniciaram na modalidade por curiosidade ou apenas como um hobby. Phil Hellmuth, americano



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que detém o recorde de 14 braceletes conquistados da WSOP, começou a praticar quando iniciou os estudos na Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA, que deixou após três anos para se profissionalizar. Na região, alguns jogadores buscam um lugar ao sol nas mesas brasileiras e internacionais. Lucas Iglesias, considerado uma revelação do esporte, viu o pôquer como forma de relaxamento após se dedicar inteiramente para se tornar um servidor público. “Quando resolvi dar um tempo dos concursos, minha vida era estudar, aí comecei a jogar mais online, nos clubes e comecei a procurar material para evoluir. Comecei a me perguntar por que eram sempre os mesmos caras nas mesas finais e que ganhavam dinheiro. Aí escolhi o Circuito Suzano para tirar como base de treino. Acabou que fui campeão do Circuito”, contou Iglesias, que fez oito finais de 11 etapas do circuito. Já Matheus Prince teve uma influência ‘familiar’. A responsável por introduzi-lo no pôquer foi a mãe da pequena Laís, de 3 anos. “Comecei por curiosidade. Quando comecei a namorar a minha esposa, meu cunhado falava que ia jogar pôquer e aí ela me ensinou a jogar. Fui aprendendo, li mais de 15 livros até hoje, estudo todo dia pela internet, vendo vídeos e tutoriais”, relatou. E a vida da dupla não se resume apenas a sentar nas mesas e apostar. Prince tira, em média, duas horas por dia para estudar artigos e fazer revisões de torneios, seja online com especialistas, ou sozinho. Lucas aposta na prática. Segundo ele, é possível jogar de dez a 20 torneios online, simultaneamente. Para aprimorar o feeling, Matheus Prince deu a dica. “(É preciso) estudar para poder adquirir algumas técnicas, procurar ler bastante, conversar bastante com amigos e frequentar os clubes. Tem torneios baratinhos de 10, 15 reais e são bons para você sentar e sentir o clima

da mesa. O principal para aprender a dinâmica do jogo é o online”. Com o processo de profissionalização do pôquer perante a sociedade brasileira, passos mais largos são dados a um futuro em que os jogadores sejam tratados como atletas por sindicatos e pelo sistema, que de acordo com Thiago Paschoa é o que falta para que o esporte tenha o seu devido valor. “O pôquer precisa de uma classe, que defenda a categoria de quem trabalha; dos diretores de torneio, jogadores, dealers, etc. Formalizar dentro das leis trabalhistas para que a pessoa tenha um respaldo. Precisa ser considerado uma prof i s s ão”, expôs. “Precisa de mais apoio e mais reconhecimento. Temos grandes nomes que estão lutando para estar, no ano que vem, cem por cento regulamentados e com os atletas pagando os devidos impostos ao governo”, opinou Lucas Iglesias. Enquanto o processo de divulgação e regulamentação trabalhista corre nos meios legais, jogadores de todo o país lutam para manter vivo o sonho de poder viver única e exclusivamente do pôquer, além de terem, ao menos, o mínimo do reconhecimento que outras estrelas recebem no mundo esportivo. “Minha intenção é daqui um ou dois anos viver só de pôquer. Para o pôquer ficar mais lucrativo vou ter que me dedicar mais um pouco”, concluiu Matheus Prince. 

Matheus Prince que dedica duas horas por dia para estudar artigos e fazer revisões de torneios


PODE COMPARAR, NENHUMA OUTRA RÁDIO TOCA TANTA MÚSICA COMO A ANTENA 1.


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Gastronomia&

Curry, abacaxi, lombo, pimenta, enfim, um passeio por sabores em um único prato


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Cores, texturas e contrapontos Es-sência, em Ubatuba, traz a riqueza de temperos e contrastes dos sabores da cozinha original asiática em ambiente moderno Fotos: Adriano Pereira

Adriano Pereira UBATUBA

S

e você leu o título e espera encontrar um yakissoba ou um rolinho primavera no cardápio do Es-sência, em Ubatuba, você precisa rever seus conceitos sobre cozinha asiática. Há muito mais entre o sushi e o frango xadrez que nosso paladar pode imaginar. Nessa torre de Babel, cujos proprietários são uma uruguaia e um britânico, o barman é argentino e o chef é joseense, o cardápio pode te mostrar um novo universo repleto de contrastes e sabores extremanente únicos. No tempo livre que Andrew Markham tinha enquanto trabalhava na Ásia, seu hobby era conhecer a gastronomia local de rua. Entre diversas viagens pela Tailândia, Singapura, China, Vietnã e Japão, Andrew conheceu e fez até cursos nos quais aprendeu alguns segredos das receitas originais desse continente. A rotina de viagens começou a cansar e a esposa dele, a uruguaia Dafne Meyer, lembrou do tempo em que viveu em Ubatuba e que a cidade poderia encantar o marido e fazê-lo ancorar por mais tempo em um único porto. Bastou um final de semana. Andrew e Dafine, dois apaixonados pela gastronomia asiática, resolveram então montar o Es-sência, um restaurante que tem como conceito a imersão na experiência que essa cozinha pode oferecer. Nesse caminho, encontram o chef joseense Ricardo Felizardo, que já tinha muita experiência com comida de rua e um pouco de conhecimento sobre

O chef Ricadro Felizardo comanda os temperos no Es-sência cozinha asiática. Não demorou para que ele também se encantasse pelos sabores e mergulhasse de avental nas receitas tradicionais desses países. A principal característica dessa gastronomia é o contraponto. Receitas que misturam doce, salgado, azedo, apimentado, às vezes tudo junto, em outras com contrastes bastante presentes e definidos, fazem parte deste universo. Para quem nunca experimentou essas receitas, a melhor forma de começar é pelos satays. Para simplificar, satay é um “espetinho”, que apesar de ser uma comida de rua na Ásia, é bem diferente do nosso espetinho de estádio, aliás, seria até uma comparação ofensiva. Por exemplo, os Singaporean Satays são espetos de frango e cordeiro marinados em ervas frescas e especiarias por 24h, grelhados e servidos com um molho quente doce e apimentado de

amendoim torrado, acompanhado de pepino e cebola. Consegue imaginar a mistura exótica de sabores? Ou o satay vietnamita Chao Tôm, bolinhos de pasta de camarão grelhados em espetos de cana de açúcar, acompanhados do molho Nuoc Cham, um sweet chilli que combina perfeitamente com o sabor do bolinho. Você pode também escolher a versão de camarão rosa médio marinado em lemongrass (capim limão), molho de Sriracha, alho e molho de peixe, grelhados e servidos com molho Nam Plah Prik, bastante picante e perfeito para acompanhar uma cerveja.

Surpresa Uma das surpresas mais interessantes no entanto pode estar com um passo adiante. Imagine a receita do tailandês Kaeng Kari Moo, que leva um curry


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Chocolate amargo e calda de tamarindo, a combinação rende uma boa experiência

amarelo (um tipo de curry mais seco com influência da India) com fatias de porco, abacaxi, batatas, baby milho, e pimentão amarelo, cozidos num caldo de leite de coco, servidos com arroz jasmin e ajat (fatias finas de pepino, pimentas frescas, e echalotes, marinados em vinagre e açúcar). A experiência impressiona. O caldo mostra um sabor assim que entra em contato com a boca e termina com outro sabor depois de passear pelas papilas gustativas. Começa doce e termina apimentado. Os pepinos causam a refrescância final. Há ainda a possibilidade de chegar próximo de um yakissoba, mas de novo, sem querer comparar os pratos. O Singapore Mei Fun “Mai Fun”, é o preferido na casa. Leva porco grelhado chinês, camarão, legumes crocantes, e ovos com noodles (macarrão) vermicelli,

e uma leve fragância de curry indiano com um molho chinês cozidos no wok. Pimentas marinadas em um molho de soja servido como acompanhamento. A surpresa está nas texturas e nos sabores. E daí você pensa: não dá pra inventar tanto assim na sobremesa. Bom, poderia ser assim se o chef Ricardo Felizardo não resolvesse inovar a partir do conceito de cozinha asiática. Ele misturou chocolate meio amargo com um toque de cachaça, uma calda de tamarindo doce, amendoim e decorado com folhas de hortelã. O sabor azedo da calda com o doce amargo do chocolate vão te fazer pensar duas vezes em tudo. O Es-sência tem seis meses de existência. Não é um restaurante de temporada e a intenção é clara: causar no cliente uma experiência inesquecível e nova. Se você busca isso, a opção é certa em Ubatuba. 

Noodles de arroz quase transparentes numa mistura de texturas e temperos


Escola Grilo Falante. Matrículas abertas para 2016.

Oficina de Arte e Cultura (Musicalização e Teatro) | Expressão Corporal | Prevenção Odontológica | Inglês ATIVIDADES COMPLEMENTARES Educação Física | Capoeira de Angola | Projetos Tecnológicos, Ambientais e Sociais | Lego ® Education Dança | Acompanhamento Nutricional e Psicopedagógico INCLUÍDAS:

Com uma filosofia que destaca a ética e a moral, a Escola Grilo Falante constrói com as crianças um ambiente de carinho e respeito, onde o cuidar e o educar estão sempre em equilíbrio. E, para os pequenos, o método funciona de um jeito muito simples: todos aprendem se divertindo e se divertem aprendendo.

Unidade 1 (Berçário e Educação Infantil): Rua Santa Elza, 218, Vila Adyana ( (12) 3911.4367 Unidade 2 (Berçário): Av. Barão do Rio Branco, 78, Jd. Esplanada ( (12) 3322.7488 www.escolagrilofalante.com.br /escolagrilofalante Aqui é divertido aprender.


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Social&

Arquivo Pessoal

Piruetas para manter a boa forma O começo de ano é o período em que as pessoas fazem as famosas resoluções para o Ano Novo. Fazer uma viagem, se casar e, até mesmo, perder uns quilinhos são desejos que muitas pessoas mantêm. Larissa Berlato (25) é administradora de empresas, e sempre teve um grande cuidado com o corpo. Cansada com a mesmice da academia, Larissa conheceu, através de uma amiga, o tecido acrobático, em uma escola de acrobacias da região. Logo, se apaixonou pela técnica originária de apresentações circenses. Flexibilidade, força, terapia e resultados para o corpo: esses são os benefícios que as acrobacias trouxeram para Larissa ao realizar as aulas duas vezes por semana. A modalidade vai além das “piruetas” feitas no ar, é necessário aquecimento no solo e roupa especial para evitar os machucados causados pelo contato do tecido com o corpo. “Quando estou no tecido me desligo de tudo. Por exigir muita concentração para a realização dos “truques”, é preciso me desligar do mundo”, ressalta Larissa. Qualquer pessoa pode realizar a prática das acrobacias, de crianças a adultos com mais de 40 anos de idade. Além do tecido, existem também o trapézio e a lira, acessórios que exigem muito preparo físico do atleta.


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Fotos: Carol Tomba

La Petit chef Já foi o tempo em que lugar de criança era longe da cozinha e que mexer com faca e fogo era proibido. Em São José dos Campos, uma menina, de 9 anos, tem a cozinha como o seu cantinho preferido para brincar. Carol Yuan começou a se interessar pela cozinha aos 7 anos, e sua primeira receita foi um cupcake. A inspiração que a levou a trocar as bonecas pelas panelas foi o pai, que sempre gostou de assumir a cozinha. Carol já fez um curso de gastronomia para crianças e está começando a ver a cozinha com outros olhos. Conhecer temperos e descobrir combinações de sabores, comer agora ficou mais divertido! A Petit Chef não sabe se a gastronomia é a profissão que pretende seguir, já que também gosta muito de pintura, desenhos e artes em geral. Para a mãe, Ana Paula Yuan, o que importa é que a filha faça aquilo que a deixa feliz. “Se um dia ela quiser mudar para outra atividade diferente, a família toda irá apoiar”, concluiu.

O sucesso vem de carro cor-de-rosa Ver um carro de luxo cor-de-rosa no trânsito chama a atenção de qualquer um. Uma marca internacional de cosméticos é conhecida por oferecer as suas representantes esse veículo inusitado como forma de prêmio. Na região, a primeira representante da marca a conquistar o tão sonhado carro rosa é de Jacareí. Com o sonho de ser dona do próprio negócio, Gisele Varga (32) abandonou a carreira em São Paulo e resolveu se entregar a um novo desafio: começar a vida profissional do zero. Formada em administração de empresas e pós-graduada em comércio exterior, Gisele foi apresentada por uma amiga, em 2011, à marca de produtos de beleza Mary Kay. Após cinco anos na nova fase profissional, Gisele se sente realizada. Hoje ela atingiu o posto de diretora de vendas, lidera uma equipe com clientes no Rio de Janeiro, Ceará, Minas Gerais, Santa Catarina e cidades da região. Para conquistar o sonhado carro cor-de-rosa foi preciso manter uma produção de trabalho. Após dois anos como diretora, Gisele conquistou o cobiçado veículo, que serve como um ótimo meio de divulgação de suas vendas. Agora, ela já sonha com o próximo modelo de luxo a ser conquistado.


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Arquitetura& Por Adeline Daniele

Lazer para todos os dias Com ampla área de lazer, apartamento de cobertura traz conforto para acalmar dias agitados de trabalho de empresária

A arquiteta Juliana Donzelli, responsável pelo projeto que focou em proporcionar lazer ao espaço


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Fotos: Divulgação

Natália Traunmüller e Lucas Sonnewend – ARQUITETOS


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V

ida de empresária não é nada fácil. Por isso, proporcionar um lugar aconchegante para relaxar depois de um dia de trabalho foi o principal desafio de Juliana Donzelli, arquiteta da Rharis e Donzelli Associados, ao reformar um apartamento em São José dos Campos. E espaço é o que não faltou para explorar áreas de lazer: em um apartamento de cobertura de 294 metros quadrados localizado no bairro Vila Ema, o projeto dedicou o andar de cima inteiro do duplex para uma ampla área com piscina, salão para encontros e festas, espaço de descanso e até mesmo um estúdio musical, projetado para os dois filhos da moradora que gostam de tocar instrumentos. “Além de integrar a área da piscina com o resto do piso, nós incluímos um ofurô para que a dona do apartamento pudesse relaxar após chegar do trabalho”, afirma Juliana. Apesar de ter uma boa área para trabalhar, o desafio para transformar a planta padrão da cobertura em um ambiente ideal para lazer foi bem grande. Como a piscina ficava em uma parte mais elevada da cobertura, a arquiteta precisou remover o parapeito de vidro que envolvia a piscina e, no lugar ele, incluiu um deck e uma escada de madeira com iluminação. O espaço de lazer inclui também churrasqueira e uma mesa de demolição para jantares e festas, além de lareira de biofluído, que é totalmente ecológica. Em um dos cantos da cobertura ainda foi instalado um pergolado em madeira. Embaixo dele, duas poltronas foram colocadas, transmitindo conforto para quem quer ficar ao ar livre e protegido do sol. “As poltronas são feitas de material de alumínio bem leve e podem ser movidas caso seja necessário”, explica Juliana. “Trabalhamos também com vasos para dar mais cor ao ambiente, com iluminação indireta para valorizar o verde das plantas e ao mesmo tempo dar um toque mais aconchegante”, afirma a arquiteta. No andar de baixo, o projeto também incluiu a integração da área externa com a interna. E nos demais cômodos do apartamento os tons discretos conduzem o ambiente: os, pisos em porcelanato Portobello, revestimento de MDF para a sala de estar e o rebaixamento de gesso criam o clima perfeito para quem quer se livrar do estresse e ainda curtir o lazer no dia a dia. 


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Cobertura ganhou um canto para descanso com poltronas confortáveis e plantas. A escada da piscina foi refeita em madeira e conta com iluminação própria. Ainda na área externa, um ofurô foi instalado para os momentos de descontração


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Crônicas & Poesia

Afortunados por Alexandre Correa Lima

Sim, era ela o motivo de tamanha excitação. A Mega-sena da virada, e seu prêmio estimado em mais de 200 milhões de reais. Dinheiro que não acaba mais. Se bem que o Mike Tyson tinha mais que isso, e segundo a lenda, está falido. Dizem que o mesmo se sucedeu a Michael Jackson, embora tenha deixado o mundo antes que o Oficial de Justiça penhorasse sua Neverland. Nevermore. Nevermind. Sempre me intrigo com esse frenesi coletivo toda vez que a Mega-sena acumula e os prêmios passam dos 50 milhões. Porque essas hordas só se interessam quando o prêmio ultrapassa essa cifra? Numa apuração normal, de meros 10 milhões, pouca gente se movimenta. Ninguém comenta no escritório ou faz bolão. As TV’s ignoram. Passou de 50 milhões e isso monopoliza a atenção do país. Por que? Se for 10 milhões não vale a pena? O curioso é que nessas ocasiões, quando você conversa com as pessoas elas dizem: – “Ahh… eu nem sei o que faria com tanto dinheiro. Para mim, 5 milhões já tava louco de bom”… Se tava louco de bom 5 milhões, por que só joga quando passa de 50? Suas chances de ganhar são rigorosamente as mesmas, ou seja, praticamente nenhuma. Segundo o site da Caixa Econômica Federal, a chance de você ganhar na Megasena com uma aposta simples é de uma em mais de 50 milhões. A proporção é tão ínfima que é até difícil se abstrair. É como se você fosse disputar esse prêmio com toda a população dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Isso mesmo, toda a população, incluindo bebês,

idosos, psicopatas e encarcerados. Aí um avião sobrevoa esses dois Estados e solta lá de cima, num ponto aleatório qualquer, um único bilhete premiado. Se cair na sua mão, você é o ganhador. Fácil, não? Estatisticamente falando, há 50 vezes mais risco de um raio cair na sua cabeça no caminho para a lotérica do que faturar a bolada com uma aposta simples. Se você for um neurótico do tipo advanced, sugiro sair de casa munido de umas 70 apostas diferentes, só para ter a sensação de que a estatística nefasta dos raios será menor do que a chance do prêmio. Mesmo assim as pessoas não dão bola, só pensam na bolada. O site da Caixa não

traz essas estatísticas, mas eu apostaria R$3,50 que mais da metade dos apostadores acredita piamente que vai ganhar. Mulheres brigam com sogras, antecipando uma partilha improvável. Ferraris e viagens de luxo são cobiçadas. Casais combinam em que cidade retirar o prêmio, em que banco abrir conta. Um em 50 milhões? Quem liga para as teorias probabilísticas? Números, quando muito fora da nossa realidade cotidiana, se tornam uma abstração incompreensível. Conheço a história de um operário humilde que ganhou um prêmio da Loteria Federal, algo como uns R$30 mil. Chamou o patrão (que devia ganhar isso por mês), mandou-o à mierda e disse que não precisava mais daquele emprego de buesta. Cabra macho. Aliás, a julgar pelas entrevistas, uma ideia recorrente dos apostadores é parar de trabalhar. O que você faria se ganhasse a mega sena da virada sozinho? 200 milhões de reais! Pararia de trabalhar? Não, não responda ainda. Imagine que você ganhasse sozinho de novo. Mais 200 milhões. E de novo. E de novo. E assim sucessivamente, zilhares de vezes, bilhões de reais. Estaria trabalhando? Esse é o tamanho do patrimônio do Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, que anunciou que vai doar 99% de toda sua fortuna pra projetos sociais. E pelo que consta, continua trabalhando. Alexandre Correa Lima, 44 anos, é administrador de marketing e pesquisas, palestrante e escritor diletante. Está em fase de compilação de suas crônicas e contos para futuro lançamento em livro. Nasceu em Curitiba, mas já mora no Vale do Paraíba há 3 décadas, atualmente na cidade de Cruzeiro. Escreve por prazer e pelo desafio milenar de preencher páginas em branco. Porque quem é capaz de encher páginas jamais terá a alma vazia.




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