Metrópole Magazine - Julho de 2017 / Edição 29

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Julho de 2017 – Ano 3 – nº 29




4 | Revista Metrópole – Edição 29

metr pole magazine

EDITORIAL

www.meon.com.br/revista Diretora Executiva Regina Aparecida Laranjeira Baumann

Estado de excelência e plenitude: 250 anos!

Editor-chefe Max Ramon Repórteres Eliane Mendonça Felipe Kyoshy Gabi Riemma João Pedro Teles Marcus Alvarenga Colaboradores Tânia Campelo Wagner Matheus

São José dos Campos completa 250 anos, em estado de exFotografia celência e plenitude, sinônimo de maturidade. De pessoas Pedro Ivo Prates que vinham tratar a saúde, pela qualidade do ar, àquelas Mídias Sociais Fernanda Melo que buscavam melhores condições de vida, prosperidade e Diagramação emprego, São José deixou de ser terra de forasteiro para se Adelson Gomes tornar lar, minha terra, porque quem chega não quer mais Arte Giuliano Siqueira deixar a cidade. Marketing Paloma Perlira O amadurecimento passou por governo imposto miQUEMpelos CONHECE, CONHECE BDO Diretor Comercial litares, eleições diretas, alternância no poderUma pordaspartidos Pablo Bavuso Big 5 políticos, mas preservando a determinação da população Líder no middleem market Executivos de Negócios Ana Florez buscar sempre o melhor para a cidade. O joseense sabe o que 21 escritórios no Brasil Dimas Ferreira Greice Kelly quer e não tem medo de errar. Audit | Tax | Advisory Zilma Cardoso Ao completar 250 anos, mostra-se apta a galgar espaço no Diretor de Relações Institucionais Eduardo Pandeló mundo, através de empresas que se concretizam a partir de Departamento Administrativo ideias e com o ambiente propício de um Parque Tecnológico Gabriela Oliveira Souza Larissa Oliveira focado em fomentar projetos que se espalham pelo planeta, Maria José Souza Roseli Laranjeira fomentando a economia e criando oportunidades para que os jovens se sintam motivados a acreditar que todo sonho é Tiragem auditada por: possível. Tel (55 12) nos 3941 4262 E com a palavra, o Engenheiro Ozíres Silva, que prewww.bdobrazil.com.br senteia com um artigo, inspirado no que o motivou em toda a existência: a educação. Meon Comunicação Ltda Há tanto o que falar. Da nossa Região Metropolitana, o tuAvenida São João, 2.375 –Sala 2.010 Jardim Colinas –São José dos Campos rismo, ainda inexplorado, é tema de matéria que mostra o CEP 12242-000 PABX (12) 3204-3333 quanto há de belo para se fazer por aqui. Email: metropolemagazine@meon.com.br Nesse clima de orgulho, pelos feitos já realizados e pelo muito que está por vir, a revista Metrópole Magazine parabeA revista Metrópole Magazine é um produto do Grupo Meon de Comunicação Tiragem: 15 mil exemplares niza a cidade com histórias, depoimentos, declarações, fotos, enfim, todo um acervo para abrilhantar ainda mais a festa Comemorem. Feliz Aniversário, São José dos Campos. Visite nosso site

Regina Laranjeira Baumann Diretora Executiva


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SUMÁRIO Pedro Ivo Prates

Matéria de Capa

23 Especial mostra histórias, personagens, imagens e desafios de São José dos Campos, a cidade que faz história há 250 anos

LEMBRANÇAS 14 ENTREVISTA 24 Qual Com 25 anos de trabalho em campaé a cidade guardada na nhas eleitorais no Brasil e no exterior, publicitária Gil Castillo conquista reconhecimento em um segmento tradicionalmente dominado por homens

DNA 60 Além dos institutos de pesquisa,

memória de quem nasceu há quase um século?

Pedro Ivo Prates

Pedro Ivo Prates

‘Capital da Tecnologia’ é polo de empreendedorismo e de grandes investimentos em inovação da iniciativa privada ESPORTES 68 Triatletas amadores de São José conseguem bons resultados em importantes campeonatos no Brasil e no exterior

MOBILIDADE URBANA 44 Após anos de estudos, vias Cambuí

Pedro Ivo Prates

e Banhado estão prestes a sair do papel, criando novas rotas para deslocamentos entre regiões

CULTURA 52 Chegada de estabelecimentos

Pedro Ivo Prates

MÍDIA 22 Grupo Meon adota novo modelo de

noturnos muda a cara da região central de São José

governança e reformula produtos, apostando em novidades para melhorar a experiência do leitor

4 8 10

Editorial Espaço do Leitor Aconteceu&

12 78 94

TURISMO 82 Roteiros rurais do Vale reservam belezas e descobertas a poucos quilômetros de distância

Frases& Social& Artigo



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Espaço do Leitor Edição 28 – Junho de 2017 RMVALE

Feedback A edição de junho da Metrópole Magazine trouxe uma reportagem especial sobre os cinco anos da Lei de Acesso à Informação. A legislação democratizou o acesso a dados públicos, mas ainda engatinha na região: a maioria das prefeituras e Câmaras da RMVale não cumpre integralmente as novas regras, inclusive nas maiores cidades. Outro destaque foi a comovente reportagem sobre a equipe de cuidados paliativos do Hospital Municipal de São José

dos Campos, que oferece conforto e afeto a pacientes sem possibilidade de cura –como aqueles em estágio terminal ou com doenças degenerativas. A edição de junho também falou sobre o crescente uso das mídias digitais pela polícia (como estratégia de combate ao crime e de aproximação com a comunidade) e fez um mergulho no universo dos ‘retrogamers’, uma turma animada que se reúne para cultuar jogos clássicos aqui na região.

Novo leitor

Conheci recentemente a Revista Metrópole e gostei muito do conteúdo e do material, muito bem feita! Roberto Ravagnani, consultor

Fã de carteirinha Recebi pela primeira vez a revista Metrópole Magazine. Gostei bastante e queria agradecer a equipe do Meon. Sou apaixonado por comunicação e, desde que cheguei em São José dos Campos, há seis meses, eu acompanho as notícias do portal. Parabéns! David Ferreira, estudante Envie email contendo: nome, idade e profissão para metropolemagazine@meon.com.br ou por correio para av. São João, 2375 - sl 2010 - Jardim Colinas - São José dos Campos - SP - CEP: 12.242-000. Em função de espaço, as mensagens poderão ser resumidas.

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Aconteceu& Pedro Ivo Prates/Meon

Protestos contra Temer afetam fábricas, bancos e comércio Protestos contra o governo Michel Temer afetaram o funcionamento de fábricas e bancos em São José. As manifestações, realizadas no dia 30 de junho, foram convocadas por centrais sindicais e fizeram parte de uma agenda nacional. Durante os protestos, comerciantes do centro da cidade foram forçados a baixar as portas, e três manifestantes acabaram detidos acusados de agredir lojistas --eles responderão por atentado contra a liberdade de trabalho (quando alguém é impedido de exercer seu trabalho mediante agressão ou ameaça), crime que prevê pena de até um ano de prisão. Liminares concedidas na véspera proibindo o bloqueio da via Dutra e a paralisação completa de serviços essenciais esvaziaram o movimento.

Pedro Ivo Prates/Meon

A General Motors iniciou em junho um novo layoff na fábrica de São José dos Campos. Acordo firmado entre a montadora e o Sindicato dos Metalúrgicos prevê a suspensão dos contratos de trabalho de até 1.500 trabalhadores da unidade por cinco meses (até novembro). Os funcionários afastados terão estabilidade de emprego até fevereiro de 2018. O layoff foi aprovado em maio após um impasse que se arrastou por quase três meses entre montadora e sindicato, incluindo até uma ameaça de demissões. A GM alega que a medida é necessária para equilibrar o volume de produção da unidade com a demanda do mercado. Durante o período de layoff, os funcionários irão participar de cursos de qualificação.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou em junho que as obras de prolongamento da rodovia Carvalho Pinto serão entregues só em março do ano que vem, com mais de dois anos de atraso. A previsão inicial de conclusão da obra era janeiro de 2016. “A obra agora está andando bem e em ritmo acelerado. Vamos aproveitar a seca desse período de inverno para adiantarmos o serviço de terraplanagem”, disse. A obra foi iniciada em janeiro de 2014, com prazo de conclusão de 24 meses e orçada, inicialmente, em R$ 79 milhões. No entanto, vai ficar bem mais cara que a previsão --segundo o governo do Estado, serão investidos R$ 322,8 milhões. O novo trecho, de 10,9 quilômetros de extensão, vai ligar a rodovia à Oswaldo Cruz e deverá ser uma alternativa mais rápida para os motoristas com destino a Ubatuba, desafogando o trecho urbano da via Dutra e na rodovia dos Tamoios. Até o mês passado, a obra tinha 53% de execução.

Pedro Ivo Prates/Meon

General Motors suspende contratos de trabalhadores da fábrica do Vale

Governo divulga novo prazo de entrega do prolongamento da Carvalho Pinto


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Lucas Ananias/Meon

Rede de farmácias é alvo de operação do MP por suspeita de sonegação Uma operação deflagrada em junho pelo Ministério Público, em parceria com o Fisco do Estado e a Receita Federal, cumpriu 67 mandados de busca e apreensão em empresas do grupo Farma Conde, acusado de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Os alvos da ação foram a sede do grupo, em São José, e casas de pessoas investigadas por suspeita de participação no suposto esquema (em Jacareí, Caçapava, Caraguatatuba, Ubatuba, Araçatuba, Campinas e São Paulo). Segundo o MP, a Justiça determinou o sequestro de 60 imóveis e o bloqueio de ativos financeiros de diversas empresas ligadas à Farma Conde. Em nota, o grupo negou as acusações e disse que a operação do Ministério Público foi arbitrária. Ninguém foi preso.

Reprodução

São José lança edital de R$ 140 milhões para construção da Via Cambuí O prefeito Felicio Ramuth (PSDB) anunciou em junho o lançamento do edital para a construção da Via Cambuí, que ligará as regiões leste e sudeste de São José dos Campos. Com custo estimado em R$ 140 milhões, a obra –classificada como a maior da história da cidade-- terá início em setembro e prazo de entrega de 20 meses. O projeto era discutido havia quase dez anos. Segundo a prefeitura, a Via Cambuí será construída com recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). A nova via terá 8,6 quilômetros de extensão, ligando o entroncamento das avenidas Juscelino Kubitscheck e Sebastião Gualberto ao acesso à região do Putim. Os envelopes da licitação serão abertos no dia 4 de agosto --a licitação será internacional e poderá receber propostas de concorrentes do exterior.

Pedro Ivo Prates/Meon

Câmara aprova lei que proíbe malabaristas nos semáforos Depois de muita polêmica, a Câmara de São José dos Campos aprovou em junho o projeto de lei que proíbe a apresentação de artistas de rua nos semáforos da cidade. A proposta, de autoria do prefeito Felicio Ramuth (PSDB), enfrentava resistência de representantes do movimento cultural da cidade, que consideravam a lei uma tentativa de censura à livre manifestação artística. Durante a sessão em que o projeto foi aprovado, duas alterações acabaram acrescentadas à proposta inicial. A primeira retirou a exigência de cadastramento prévio dos artistas junto à Fundação Cultural Cassiano Ricardo e a segunda estabeleceu um prazo de 60 dias para o início da aplicação da lei. A proibição de atividades nos semáforos também abrange vendedores ambulantes e pedintes.


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Frases&

Divulgação

A Câmara dos Deputados é mais rebelde que o Senado. Esse papel conservador da Câmara impediu uma ‘bolivarização’ da economia no governo passado, que vinha querendo aumentar juros porque a conta não fechava

Eduardo Cury (PSDB), deputado federal, enaltecendo o papel da Câmara dos Deputados no atual momento político do país.

É muito triste quando você é proibida de fazer o que te deixa mais completa como pessoa, o que, no meu caso, é cantar. Não conseguia nem falar sobre o assunto com meu ex, pois ele ficava exaltado

Dayane da Silva Martins, segurança, que se separou do marido para seguir em busca do sonho de se tornar cantora

Diante do precário estado de saúde desse preso, estar internado ou estar em casa não faz muita diferença. Ele alterna períodos de lucidez e de completa debilidade mental

“ ”

Sueli Zeraik, juíza da Vara de Execuções Penais de Taubaté, sobre o benefício da prisão domiciliar concedido ao ex-médico Roger Abdelmassih, condenado a 181 anos de prisão por estuprar pacientes .

O que eu comprava da JBS é irrelevante perto do que eles faturam. É uma mixaria. Mas se outras empresas suspenderem as compras e o boicote tiver também a participação dos consumidores, isso poderá servir de lição

Aref Farkouh, sócio do hotel Toriba, de Campos do Jordão, que excluiu produtos da marca Friboi do cardápio do estabelecimento em protesto contra o empresário Joesley Batista.


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O Ministério Público não julga ninguém, ele levou ao juiz as acusações e foram todas negadas. Agora, vão abrir os prazos para defesa. Foi uma denúncia completamente vazia

Felicio Ramuth (PSDB), prefeito de São José, acusado pelo Ministério Público de fraudar, junto com outras 12 pessoas, licitações em Praia Grande.

A gente quer mostrar um lado B da nossa cidade. A gente tem uma cultura muito tradicional, que é importante, mas não pode engessar. Nosso disco traz o subterrâneo taubateano

MC Ralph, rapper, sobre o novo álbum lançado em parceria com o amigo MC Rato

A mensagem foi passada, temos uma cena autoral ativa e criativa no Vale. Isso tem que ser contado

Diego Luz, cantor e compositor, sobre o primeiro lugar no Festival Nacional de MPB Celly Campello, realizado em Taubaté

Divulgação


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ENTREVISTA

Uma mulher no Clube do Bolinha Com 25 anos de trabalho em campanhas eleitorais no Brasil e no exterior, publicitária Gil Castillo fala do reconhecimento internacional e dos desafios do marketing político Max Ramon SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

G

il Castillo conseguiu respeito e reconhecimento em um universo tradicionalmente dominado por homens: o marketing político. Com 25 anos de trabalho em campanhas eleitorais no Brasil e no exterior, a publicitária --nascida em Santo André, mas radicada no Vale do Paraíba desde a adolescência-- ostenta importantes feitos. Primeira mulher a presidir a Alacop (Associação Latinoamericana de Consultores Políticos), foi escolhida no ano passado uma das 12 consultoras mais influentes da comunicação política em todo o mundo, prêmio concedido pelo Victory Awards, da Wapas (The Washington Academy of Political Arts & Sciences), uma espécie de ‘Oscar’ do marketing político. Recentemente, em junho, Gil e o marido, o também publicitário Marcelo Weiss, faturaram o prêmio Polaris, da Associação Europeia de Consultores Políticos, por um filme produzido para a campanha presidencial de São Tomé e Príncipe --a peça foi considerada a melhor do mundo na categoria Campanha Presidencial de TV. “A equipe toda, com exceção de uma menina, era daqui de São José. Levamos uma equipe pequena, enxuta, mas

bastante engajada no projeto”, conta. Em entrevista à Metrópole Magazine, Gil falou sobre a carreira, os desafios da comunicação política e a crise de representatividade vivida no país. Confira os principais trechos:

“A democracia representativa está em xeque no mundo, mesmo em países europeus, onde ela é mais consolidada. Mas lá existe um sistema mais sólido que o nosso, mais maduro. Aqui na América Latina, nossas democracias estão estraçalhadas, procurando uma identidade”

Como foi a transição da publicidade comercial para a consultoria política? Ela não se deu da noite para o dia. Tinha um acordo operacional com a DPZ e, na época, conheci o Tom Eisenlohr, que era uma das poucas pessoas que tinham preparo para trabalhar com campanhas eleitorais no Brasil. Ele coordenou o pool de agências para a campanha das Diretas Já, tinha ido para os Estados Unidos acompanhar a campanha de George Busch... Era uma pessoa que, já naquela época, tinha uma bagagem fantástica. Foi o primeiro estrategista com quem eu tive contato, em 1992. Sempre gostei de política, mas, na época, esse não era um mercado maduro. Comunicação de governo, por exemplo, era algo que ninguém falava. Comunicação partidária também. Era tudo muito caseiro. O marketing político é um universo ainda dominado por homens. Você sentiu alguma dificuldade em relação a isso? Quando a gente é jovem, tem certas coisas que você acaba não percebendo. Tive a sorte de iniciar minha carreira trabalhando em uma agência onde as mulheres eram muito empoderadas. Esse ambiente foi muito favorável para, naquele momento, eu não ter a noção desse peso. Depois, quando vim para o Vale, tive a


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felicidade de trabalhar com uma equipe que também não tinha noção desse abismo que existe não só no mundo político, mas no corporativo também. Eu não tinha consciência disso até trabalhar com uma candidata a presidente em um país que não tem um verniz social como o nosso. Apareceu claramente nas pesquisas: quase 50% dos eleitores afirmavam que não votariam naquela candidata por se tratar de uma mulher. Reconheciam que era uma pessoa capacitada, preparada, mas mesmo assim não votariam nela. Isso foi muito gritante para mim. Os próprios ataques dos adversários nunca entravam no mérito da competência, e sim no fato de ela ser mulher. Quando você vai para a área de consultoria política, isso é um pouco mais pesado. De uma certa maneira, as pessoas aceitam que as mulheres sejam candidatas, apesar de todas as barreiras e do preconceito. Mas na hora em que você tem mulheres estrategistas, que precisarão dizer verdades ali... “Olha, você precisa melhorar isso ou aquilo.” Muitos homens não aceitam que isso venha de uma mulher. Mas, gradativamente, as coisas estão mudando. Fui a primeira mulher a presidir a Alacop, em 2014. Meu mandato acabou no ano passado, mas sigo como chairwoman. Hoje, nossa diretoria tem mais mulheres que homens. Você tem ideia de quantas campanhas já fez? Olha, eu nunca parei para contar, mas foram mais de 50. E como se deu essa internacionalização do seu trabalho? Nosso principal mercado externo hoje é a África, nos países de língua portuguesa. Isso se iniciou em 2000, quando ingressamos na Alacop, e nos permitiu um intercâmbio com profissionais de vários países. A Alacop não congrega apenas profissionais da América

Latina. Temos americanos, europeus. É uma associação de profissionais que atuam aqui. Com esse intercâmbio, você acaba indo para outros países, da mesma maneira que a gente acaba integrando profissionais aos nossos projetos, independentemente de onde forem. Isso depende muito, é claro, dos recursos disponíveis. No nosso trabalho mais recente, em São Tomé e Príncipe, a equipe toda, com exceção de uma menina, era daqui de São José. Levamos uma equipe pequena, enxuta, mas bastante engajada no projeto.

gente também tem um trabalho de formação de quadros, nos partidos, que é constante. Argentina, Colômbia... Estivemos recentemente no Uruguai, na Espanha. São focos sazonais, mas a gente tem um trabalho de comunicação permanente. Por exemplo, os nossos clientes em Moçambique. Nós tivemos o primeiro contato com esse grupo político em 2003 e seguimos com eles até hoje. O trabalho é continuado. Alguns candidatos aqui no Brasil, nós acompanhamos desde antes do primeiro mandato.

Em quantos países vocês já atuaram? Fora o Brasil, que é um continente, a gente já fez campanhas em dois países da América Latina [Equador e Venezuela] e três da África [São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique]. A

Nessas andanças, deve ser inevitável fazer uma comparação com o Brasil, com o nosso sistema político e eleitoral. Olha, a democracia representativa está em xeque no mundo todo hoje. Mesmo em países europeus, onde a democracia


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é mais consolidada, como a Inglaterra. Você tem o Brexit, a questão dos atentados, toda a discussão política que está acontecendo ali. Mas eles têm um sistema mais sólido que o nosso, mais maduro, mais desenvolvido. Aqui na América Latina, as democracias estão todas estraçalhadas, procurando uma identidade. No Brasil, há ainda questões que agravam muitíssimo toda a nossa estrutura social. Estamos vivendo uma crise institucional imensa, em todos os poderes, e uma reforma política seria vital. O problema é que, nesse momento de turbulência, isso seria um risco. Estão sendo discutidas questões tão absurdas, como recall de presidente... as pessoas começaram a tomar medidas desesperadas para se manter [no poder], e isso pode causar um problema muito

Veja o vídeo da agência Tupy Company, de Gil, que faturou o prêmio Polaris

“Uma campanha mais curta, associada a uma lei eleitoral muito engessada, não permite que as pessoas aprofundem o debate. Daí, [ganha] quem consegue aparecer mais na TV, ou às vezes quem é mais bizarro”

grande ao Brasil. Nosso sistema está ultrapassado. A questão do voto obrigatório, por exemplo, foi necessária durante um período, mas hoje já não se justifica. A maioria dos países não tem mais voto obrigatório. E campanhas eleitorais mais curtas, como a que tivemos no ano passado? O que você pensa sobre elas? Há prós e contras. Muitos políticos tiveram que sair da zona de conforto, ir para a rua, gastar sola de sapato. Isso é bom, porque nada substitui o contato direto do candidato com o eleitor. Por outro lado, um tempo menor, associado a uma lei eleitoral muito engessada, não permite que as pessoas aprofundem o debate. Daí, [ganha] quem consegue aparecer mais na TV, ou às vezes quem é mais bizarro. Isso limita a


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Parabéns São José dos Campos 250 anos

entrada de novas lideranças no debate político, o que não é saudável. O ideal seria elencar alguns pontos fundamentais, como a obrigatoriedade do voto, o financiamento de campanha, a questão do voto distrital ou distrital misto... alguma forma que o legislativo fosse responsável por uma região. Hoje, alguns puxadores de votos acabam levando consigo pessoas que não representam a sociedade. Aí você começa a criar uma ruptura entre o que as pessoas querem e o que, de fato, acaba acontecendo.

“Queremos parabenizar os profissionais que tornaram nossa querida São José reconhecida internacionalmente. São projetos como este que presenteiam a cidade e a qualidade de vida das pessoas.” Eng. Civil Carlos Vilhena Presidente AEA/SJCampos

Nos últimos anos, os marqueteiros sofreram um verdadeiro processo de demonização no Brasil na esteira de grandes escândalos de corrupção. Você sente essa rejeição? Quem comete crime é bandido, Foto: Pedro Ivo Prates

Gil Castillo durante entrevista na sede do Grupo Meon; publicitária nasceu em Santo André, mas é radicada no Vale desde a adolescência O ed. Infinity Trinity Tower da Construtora MVituzzo no Jd. Aquarius recebeu o Prêmio A´Design Award conhecido como um dos principais concursos do Design Mundial que todos os anos reconhece o trabalho dos melhores designers, engenheiros e arquitetos do mundo.


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Foto: Pedro Ivo Prates

Gil Castillo foi a primeira mulher a presidir a Associação Latinoamericana de Consultores Políticos (Alacop)

independentemente do setor em que atua. Mas a verdade é que o marketing político virou a ‘Geni’ do país, e por vários motivos. Primeiro: quando você está em crise, precisa encontrar um inimigo comum. E é fácil você demonizar. As pessoas que foram presas nos últimos anos não cometeram nenhum delito do ponto de vista do marketing político. Cometeram delitos de outra ordem, que não são restritos a uma categoria. Cid Pacheco sempre dizia: “Propaganda política livre e democracia são intrinsecamente ligados”. Quando você começa a engessar demais, colocar muitas regras no jogo da comunicação, começa a limitar as informações. Existe uma ilusão de que, se você diminuir o tamanho da faixa, limitar o outdoor, você vai reduzir o custo das campanhas. Isso não é verdade. As grandes campanhas do país continuaram enormes e milionárias. Por quê? Porque o Brasil é um país grande. Quando você fala de uma campanha eleitoral, isso

“Propaganda política livre e democracia são intrinsecamente ligados. Quando você começa a engessar demais, colocar muitas regras no jogo, limita as informações. Existe uma ilusão de que, se você diminuir o tamanho da faixa, limitar o outdoor, vai reduzir o custo das campanhas”

inclui desde a gasolina para chegar aos lugares até a propaganda de televisão de altíssimo nível que é produzida aqui no Brasil. Então, essa demonização vem a calhar para algumas pessoas como uma cortina de fumaça. O próprio termo “marketing político” se tornou uma expressão pejorativa. Virou sinônimo de falcatrua, de enganação. Marketing político, da mesma maneira que o marketing de mercado, é um estudo. Você vai entender o que pensa o público para desenvolver soluções em sintonia com essas expectativas. Marketing político elege poste? O marketing político precisa ter propostas consistentes. É isso o que difere os bons dos maus políticos. Qual é a parcela de responsabilidade de um consultor sobre as promessas não cumpridas? Costumo fazer uma analogia com a profissão de advogado. Existem


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advogados que não defendem determinados grupos por uma questão ética. Acho que o consultor político, e essa é uma visão muito pessoal, deveria ter sempre esse cuidado. Nossa agência já teve a oportunidade de prestar serviços para governos totalitários, por exemplo, e recusou. A gente prefere trabalhar com uma oposição que tem menos dinheiro, menos recursos, mas que, de alguma maneira, contribuirá para uma melhoria da democracia. Parece uma visão naif, mas é preciso que as pessoas tomem partido. Senão, se só o dinheiro falar, você não tem referencial ético. A Alacop, em parceria com a Universidade de Quito, criou um mestrado de consultoria política. E uma das disciplinas fala sobre a responsabilidade social do consultor. A ideia é que os profissionais façam essa reflexão. Qual a sua opinião sobre essa recente espetacularização dos mandatos no Brasil, com selfies e transmissões ao vivo pelas redes sociais? Estamos na era do diálogo. Agora, esse diálogo sempre deveria ter existido. Deveria ser uma constante, e não apenas no ano eleitoral. Os políticos que ainda são totalmente analógicos não conseguem entender que a comunicação não é mais de uma via só. [Néstor] Canclini fala que temos consumidores do século 21, mas cidadãos do século 18. Por que temos essa crise gigantesca atualmente? Porque existe um abismo enorme. A mesma pessoa que paga suas contas pelo smartphone, compra pela internet e tem respostas muito rápidas recebe do poder público, dos políticos e das instituições um tratamento do século 18. As pessoas não querem mais isso. Elas querem respostas rápidas, soluções para os seus problemas. Transportando isso para os políticos midiáticos: a política, de uma certa maneira, sempre foi um espetáculo. Você precisa da espetacularização da política para que as pessoas a vejam.


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E, em cada época da história, essa espetacularização se apropriou de um formato. Se eu falo de Napoleão, por exemplo, você lembra da pintura famosa em que ele aparece montado em um cavalo branco. Naquele momento, a arte serviu para espetacularizar uma ideia. No século 20, você começa a ter as mídias de massa: o rádio, o cinema, depois a televisão. E você nota que, a cada momento, a política se apropria desses meios para passar sua mensagem. Hoje em dia, com as mídias digitais, você tem uma flexibilidade maior. O grande erro é usá-las para fazer uma comunicação de mão única. Não adianta eu colocar um vídeo ali dizendo o quanto eu sou bom e não dialogar, porque todas essas mídias permitem que as pessoas dialoguem, compartilhem. Outro erro comum: a cada época, surge um modelo a ser seguido. Em 2008 era o Obama. Todos queriam ser Obama. E é impossível ser o Obama. Só existe um. Da mesma maneira, o Doria é o Doria. Se todo mundo começar a imitá-lo, não vai funcionar, porque cada local tem uma peculiaridade social, econômica, e cada político tem uma história. É um erro muito grande você pasteurizar. O marketing político não constrói ninguém. Você não pode simplesmente passar uma borracha no passado de uma pessoa ou transformá-la em algo que ela não é. O momento que vivemos, com uma grave crise institucional, uma desesperança generalizada, uma rejeição cada vez maior da política, oferece riscos para as eleições do ano que vem? Sim. Citando um outro estudioso da comunicação política, Manuel Castells, quanto mais uma sociedade é anestesiada por escândalos, mais distantes da política as pessoas ficam. E nós estamos vivendo esse momento. As pesquisas que temos feito mostram

um grande descontentamento da população com a classe política. Se a gente fosse definir um sentimento, seria raiva. As pessoas dizem que os políticos são todos iguais e que não adianta você pensar em política. Isso é grave. O segundo ponto é o enfraquecimento dos partidos políticos. Eles têm como papel representar setores da sociedade, ideias. Infelizmente, nossos partidos se deterioraram ao longo dos anos. Hoje, quase todos eles têm membros envolvidos em escândalos de corrupção. E o pior: não estão atuando de uma maneira severa com esses membros. O cidadão pensa: “Partido não serve para nada”. Quando você enfraquece os partidos, abre caminho para propostas populistas, e esse é um problema que vem crescendo no mundo inteiro. É difícil ver políticos mais centrados. Você acredita que as redes sociais agravam esse problema? Nas redes sociais, você acaba vivendo em bolhas ideológicas. Mas isso não é muito diferente da vida em sociedade. Você acaba se relacionando mais com pessoas que pensam como você. Agora, é claro que as redes sociais agravam isso, Gil junto com membros da Alacop em audiência com o ministro do Interior do Uruguai

porque o comportamento das pessoas na internet muda. Se você perguntar a uma pessoa na rua se ela é homofóbica, ela dirá que não. Mas, nas redes sociais, ela adota uma postura homofóbica. Então, as redes sociais permitem uma fermentação de determinados temas. Quais são as tendências para 2018 na comunicação política? O político que conseguir inspirar credibilidade sairá vencedor, o que será muito difícil. É importante entender que os políticos de cargos executivos e os de cargos legislativos são muito diferentes. Fala-se muito no [Jair] Bolsonaro, mas ele tem um nicho muito específico. Até que ponto a população se identificará com essas ideias é outra questão. Prevalecerá na próxima eleição o político que conseguir mostrar que é possível retomar o crescimento econômico e a credibilidade das instituições. Que as pessoas possam olhar e falar: “Essa pessoa é confiável. Ela está vindo para resolver os nossos problemas”. A sensação do eleitor brasileiro, hoje, é de completo abandono. A economia vai ditar o humor do eleitorado nas próximas eleições.  Foto: Arquivo pessoal



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NOTÍCIAS MÍDIA

Novidades consolidam presença do Grupo Meon Grupo adota novo modelo de governança e reformula produtos, apostando em novidades para melhorar experiência do leitor João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

pós completar três anos e se consolidar no cenário regional, o Grupo Meon de Comunicação lança um pacote de novidades para qualificar o conteúdo, oferecer novos serviços e se aproximar ainda mais dos leitores de seus dois produtos: o portal Meon, único veículo com DNA digital na região, e a revista Metrópole Magazine, maior e mais importante publicação do gênero na RMVale. As mudanças começaram há três meses com uma ampla reformulação do conteúdo, apostando em reportagens exclusivas e mais serviços ao leitor (especialmente informações sobre empregos, cursos e serviços públicos). A reestruturação continuou no mês passado, com a vinda do executivo Pablo Bavuso para o cargo de diretor Comercial do grupo. Com 25 anos de experiência na gestão e formação de equipes de alto desempenho, planejamento estratégico, gerenciamento de áreas comerciais e conquista de novos clientes, ele ocupou cargos de liderança em importantes empresas da região –foi CEO da Unimed São José dos Campos e, antes de aceitar o novo desafio, vinha

atuando como assessor de multinacionais e consultor de empresas da região. A reformulação administrativa incluiu ainda a criação da Diretoria de Relações Institucionais, sob o comando de Eduardo Pandeló, jornalista que já foi editor-chefe dos veículos do grupo. Com 30 anos de experiência em comunicação, ele já atuou em grandes empresas nas áreas de relações públicas, assessoria de imprensa e publicidade, tanto no setor industrial como em emissoras de rádio e TV. Eles integram o recém-criado

Grupo Meon de Comunicação completou três anos em fevereiro e projeta novos voos

Conselho de Administração, capitaneado pela diretora executiva, Regina Laranjeira Baumann, e terão a missão de definir os rumos do grupo.

Experiência no portal As mudanças internas refletem na experiência do internauta na hora de acessar o portal. Entre as novidades, está a chegada de um novo time de colunistas, que, semanalmente, oferecerá reflexões sobre temas como economia, política, educação, tecnologia e mobilidade urbana, além de saborosas crônicas sobre o nosso cotidiano. Afinal, se a demanda por informações instantâneas nos move, é também dever do portal oferecer um panorama com opiniões de quem entende dos mais variados assuntos. Outra novidade é a Rádio Meon, uma ferramenta para que o portal te acompanhe durante o trabalho, estudo ou quaisquer outros afazeres. A programação conta com uma seleção sofisticada, baseada em ritmos como jazz, MPB e blues, e deverá ganhar em breve um conteúdo noticioso. Mais novidades vêm por aí, ratificando a vocação multimídia do portal e facilitando ainda mais a navegação. Tudo para que você continue bem informado com agilidade e credibilidade, onde quer que esteja. 


Especial

Histรณrias - Imagens - Personagens - Desafios


24 | Revista Metrópole – Edição 29

ESPECIAL

Algum lugar do passado Qual é a cidade guardada na memória de quem nasceu há quase um século? Quatro moradores reconstituem parte da história de São José

Tânia Campelo SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

I

magine uma São José dos Campos com cerca de 30 mil habitantes. A Vila Ema e o Jardim Maringá tomados por grandes chácaras. Nas regiões sul e leste, apenas sítios e fazendas. Agora tente imaginar peões tocando bois e vacas pelas ruas do centro da

cidade com destino ao matadouro público. Ao lado da Igreja Matriz, carros de boi carregados de lenha para vender. Nas áreas públicas, os homens sempre cobertos com seus elegantes chapéus. Na igreja, missas celebradas em latim. Difícil imaginar? Essas são imagens que estão vivas na memória de moradores de São José, lembranças do tempo em que eram crianças e viviam em

uma cidade tão pacata que as pessoas podiam sair de suas casas sem passar a chave na porta. “Dos meus oito anos em diante, lembro de muita coisa. A cidade era simples de tudo. Traziam gado tocado das fazendas, desciam a Siqueira Campos e iam para o matadouro, que ficava no final da rua”, relembra o Antônio Arantes Barbosa, que completou 88 anos de

Foto: Pedro Ivo Prates

Dona Ucha, de 101 anos, mantém vivas as lembranças do tempo em que São José era uma pacata cidade


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Foto: Arquivo Público Municipal

idade em março. “Nossa Virgem! Era um perigo! As vacas deitavam no chão, não queriam levantar e as pessoas tacavam a vara nela. Elas saíam bravas. As crianças que iam para a escola ficavam com medo, até eu tinha medo”, conta dona Laurentina Vieira Ferreira, 91 anos, conhecida como Dona Laura. Maria Monteiro de Almeida, conhecida como Dona Ucha, de 101 anos, lembra bem dos transtornos causados pelo gado. Nesta época, ela e o irmão estudavam no Grupo Escolar Olympio Catão (prédio construído em 1896). “Como não usava trancar a casa naquela época, eu empurrava a porta e entrava em qualquer uma, tinha que ser assim. Depois, os bois iam embora e a gente seguia pra escola. Era fogo, viu. Não tinha rua calçada, nenhuma. A Rua Quinze [de Novembro] era tudo de areinha e terra, o sapatinho preto ficava cinza”, relembra com humor. Filha de fazendeiro, Dona Ucha vai completar 102 anos no próximo dia 6 de agosto. Ainda pequena, a avó começou a chamá-la de Mariucha, dando origem ao apelido carinhoso pelo qual é conhecida até hoje. Ela nasceu na Fazenda Taquari, na zona norte de São José dos Campos, onde o pai cultivava café. Após a crise mundial de 1929, que arruinou os

Foto: Arquivo Público Municipal

A pacata São José de antigamente: Vicentina Aranha tinha criação de porcos (no alto) e carros de boi rodavam a cidade toda vendendo lenha para abastecer casas e pontos comerciais (acima)


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Desenvolvimento Apesar de já abrigar indústrias consideradas grandes, com penetração no mercado nacional, como as fábricas Cerâmica Santo Eugênio, Cerâmica Santa Lúcia, Tecelagem Parahyba, Cerâmica Conrado Bonádio e as Louças Irmãos Weiss, todas criadas entre as décadas de 1920 e 1940, foi somente a partir de 1950 que a cidade passou a se desenvolver com maior rapidez. Essa década é conhecida como a segunda fase industrial de São José, tendo como marco a construção do CTA (atual DCTA) e inauguração da rodovia Presidente Dutra. O setor de tecelagem é ampliado com a construção das fábricas Kanebo, Rodhosá (Rhodia) e Alpargatas (1961). A produção industrial se diversifica com outros tipos de indústria, como

Maria Ângela de Salles, de 95 anos, a Dona Filhinha, que veio para São José com o marido atraída pelas oportunidades de trabalho

PERSONAGEM

Um ilustre desconhecido Os pais e irmãos de Antonio Arantes Barbosa nasceram em São José, mas o destino quis que ele fosse paulistano. Nasceu em São Paulo, e quando estava com três meses de vida sua família retornou para a cidade que considera sua terra natal. Antonio lembra que a região da Vila Ema e do Jardim Maringá só tinha chácaras, uma delas do comendador Remo Cesaroni. “Mas ele não morava lá, não. Tinha um caseiro que cuidava do local. Depois, ele construiu um observatório ali”, conta. O empresário e astrônomo Remo Cesaroni inaugurou o Observatório Galileu Galilei em 1943, na Vila Ema --foi o único particular e um dos mais importantes da América do Sul. O acesso ao local já estava mais fácil: três anos antes, o então prefeito Francisco José Longo tinha inaugurado a avenida Dr. Adhemar de Barros.

Cesaroni, que hoje dá nome a uma rua na Vila Ema, não é a única figura ilustre da história de São José que Antonio conheceu durante sua infância e juventude. Também conviveu com o médico sanitarista Nelson D’Avilla e o mestre de obras Romeu Carnevalli, com quem construiu vários imóveis próximos à Santa Casa. “Muitas ainda estão de pé.”

Religiosidade Religioso, Antonio lembra que houve muitas mudanças nos costumes da sociedade nos últimos 70 anos. “As missas eram celebradas em latim. O padre ficava virado para o altar, de costas para as pessoas”, conta. Revelando uma memória surpreendente, ele declama em latim a benção do Santíssimo Sacramento.

Foto: Pedro Ivo Prates

cafeicultores do Brasil, a família de dona Mariucha passou a investir em pecuária e contratou mineiros para trabalhar em suas fazendas. “Ninguém sabia lidar com negócio de leite, queijo e manteiga. Daí vieram os mineiros, que sabiam lidar com gado, pecuária”, conta Dona Ucha. Naquela época, os fogões ainda eram a lenha. Para abastecer as casas e o comércio, diariamente um pouco mais de dez vendedores de lenha ficavam ao lado da Igreja Matriz à espera de encomendas, e um deles era o pai de Antonio Barbosa. “Eu era moleque nesse tempo, morava no Buquira [perto da represa, na zona norte] e às vezes vinha com meu pai. Ele ficava com o carro de boi, as pessoas vinham, escolhiam e mandavam entregar. Meu pai também entregou muita lenha no Sanatório Maria Imaculada, que naquela época era a Pensão da Dona Dulce. A dona Dulce, depois, resolveu entrar na Congregação Maria Imaculada e virou freira, a Madre Tereza, que agora pediram canonização”, lembra Antonio.



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Foto: Arquivo Público Municipal

Johnson & Johnson (1953), Ericsson (1954), Bendix (1957), General Motors (1957), Avibras (1957) e Eaton (1959). Quando começou a obra da fábrica Rodhosá na zona norte de São José, Antonio Barbosa era marceneiro e foi contratado para trabalhar na construção. “Isso foi em 1947. A Rhodia trouxe um pessoal francês para construir a fábrica de rayon aqui em São José. E como eles precisavam de marceneiro, fui lá. Trabalhei até a inauguração da fábrica. Depois fui ajudar na obra do CTA, que trouxe muita gente do Rio de Janeiro. Nesta época, o Jardim Paulista cresceu muito. Muita gente que vinha de fora ficava por ali, para ficar mais perto”, lembra Antonio. Segundo Dona Ucha, a Rhodia foi bem-vinda na cidade não apenas por gerar emprego. “A fábrica trouxe muitos rapazes para a região, várias moças que estavam encalhadas se casaram. É verdade!”, conta Ucha dando risadas.

Mineiros Com o crescimento, São José começou a ficar ainda mais atrativa para nossos vizinhos mineiros. Foi assim com Dona Filhinha, apelido de Maria Ângela de Salles, de 95 anos. Ela sempre sonhou morar no estado de São Paulo e havia escolhido Jacareí para morar, porém mudou de ideia na última hora. “Um amigo nosso que trabalhava na Tecelagem Parahyba disse que São José era uma cidade muito boa e estava crescendo muito, então decidimos vir para cá”, conta Dona Filhinha. Ela se instalou com o marido em um imóvel na avenida Rui Barbosa, perto do Cine Santana. Ali, construiu um bar com Snooker e logo depois um restaurante. “Compramos terrenos e construímos nossa casa e outros imóveis. São José era uma cidade muito boa. Eu fui a primeira da minha família, mas depois vários parentes vieram para cá”, disse Filhinha. 

Tratores durante as obras da praça da Igreja Matriz, apontada por historiadores como o marco-zero da cidade

ORIGEM

Monteiro, antiga Vila Buquira Dona Laura nasceu em Monteiro Lobato no dia 5 de fevereiro de 1926. Naquela época, o município era chamado de Buquira, e acabou sendo reduzido à condição de distrito de São José dos Campos em 1934, voltando a emancipar-se em 1948 --um ano após a emancipação, ganhou o nome de Monteiro Lobato. Em Monteiro, Dona Laura começou a trabalhar ainda criança. “Minha família era pobre, então minha mãe me deixava nas fazendas pra ajudar nos trabalhos de casa e poder comer”, recorda, com tristeza. Na adolescência, veio para São José e começou a trabalhar na casa da

família de José Benedito Monteiro, onde hoje é a rua Coronel José Monteiro. Nas horas livres, costumava passear na praça da Igreja Matriz. Ela se casou aos 22 anos e foi morar na Vila Guarani, perto da Tecelagem Parahyba, onde o marido trabalhava, e teve as duas filhas, em parto normal, dentro de casa. “Quando cheguei aqui, São José era muito feia, mas era tranquila. Hoje a cidade está bonita, cresceu muito, mas tem muito carro na rua, muita confusão, a gente não consegue nem andar direito”, lamenta.


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PARABÉNS SÃO JOSÉ 250 ANOS

Foto: Pedro Ivo Prates

Laurentina Vieira Ferreira, 91 anos, a Dona Laura, lembra dos transtornos causados pelo gado nas ruas do centro




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ESPECIAL

São José além do tempo Fotografias que compõem o Arquivo Público Municipal mostram a transformação da cidade nos seus 250 anos de história Marcus Alvarenga SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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á 250 anos nascia São José dos Campos, em um cenário de grandes campos e uma pequena aldeia bucólica nomeada, na época, de São José do Parahyba, com natureza predominante e características de uma vila pequena de interior. Já no início do século 19, a cidade começou a ganhar novas paisagens com a construção de praças, do Mercado Municipal e da Igreja São Benedito. Mas as primeiras grandes mudanças se deram somente na fase senatorial da cidade, que marca a vinda de muitas pessoas para São José em busca de tratamento para a tuberculose em sanatórios (como o Vicentina Aranha).

Também nessa época foram inaugurados o Teatro São José e a Santa Casa, que marcam o início dos anos de 1900. “São José era dividida antigamente em três regiões: residencial, no centro, industrial, na zona norte, e a região sanatorial, que corresponde aos bairros onde hoje estão o Parque Santos Dumont, o Parque Vicentina Aranha e a Faculdade de Direito”, diz Maria Aparecida Papali, doutora em história social da Univap (Universidade do Vale do Paraíba) e coordenadora do Núcleo de Pesquisa Pró-Memória.

Industrialização No decorrer dos anos seguintes, a partir da década de 50, o desenvolvimento do Brasil teve impacto direto em São José, com a construção da rodovia Presidente Dutra --um dos fatores para Foto: Arquivo Público de São José

a chegada de CTA e Inpe e grandes empresas como Embraer e GM, marcando o começo da fase industrial. “Quando estudamos a cidade, observamos que avenidas como São João e Nove de Julho, por exemplo, foram alteradas por causa do Vicentina Aranha e de outros sanatórios, se tornando mais largas”, diz o professor de história Donato Ribeiro. E a cidade foi crescendo para todos os lados, agregando novos distritos e bairros. “Era uma cidade muito interiorana, demorou para chegarem os prédios. Mas a cidade se desenvolveu e hoje é um polo universitário, tecnológico e industrial”, diz Maria Aparecida. Com apoio do Núcleo de Pesquisa Pró-Memória, a Metrópole Magazine traz uma seleção de fotos que mostra como eram algums dos principais marcos urbanos de São José. Confira! 

Avenida Adhemar de Barros Hoje, a avenida é uma das vias de maior fluxo de veículos da cidade e concentra um grande número de estabelecimentos de comércio e serviços, com lojas, padarias e bares. Devido ao grande movimento, a via passou a ser de mão única, no sentido centro-bairro.

Acima, foto da avenida Adhemar Barros, uma das principais da região central de São José, registrada em 24 de agosto de 1982. Na década de 80, a avenida ainda era de mão dupla.


Foto: Arquivo Público de São José

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Foto: Pedro Ivo Prates

Avenida São João Nos dias de hoje, a São João é de mão única e recebe cerca de xx veículos por dia, no sentido centro-bairro. Além disso, dá pra ver o Vicentina Aranha, agora transformado em parque, e a verticalização, com a presença de muitos prédios comerciais e residenciais.

A imagem acima, de 24 de agosto de 1982, registra o primeiro prédio da avenida São João e o Vicentina Aranha, ainda escondido pelos muros construídos após a época sanatorial. A via era de mão dupla e já ampla para comportar uma grande quantidade de veículos.

Foto: Pedro Ivo Prates

Foto: Arquivo Público de São José

Rodoviária Nas últimas décadas, a rodoviária passou por mudanças e hoje atende apenas os ônibus municipais, se tornando um ponto de referência para aqueles que acabaram de chegar à cidade. A frota também mudou e hoje atende exigências de acessibilidade.

Foto: Arquivo Público de São José

A foto acima, de 23 de julho de 1979, mostra os antigos ônibus que chegavam a São José vindos de cidades vizinhas. Na época, o terminal central ainda era o único que atendia toda a demanda da cidade.

Foto: Pedro Ivo Prates

Parque Santos Dumont Após 40 anos, as pessoas não deixam de visitar e aproveitar as tardes no parque, mas as opções já são outras, como atividades esportivas. No complexo também foi construída uma creche e uma escola infantil, além de manter as réplicas de aeronaves com o Bandeirante.

A foto acima, registrada em 16 de junho de 1977, relembra a diversão dos joseenses naquela época: um grande tobogã que conquistava de crianças a adultos nos primeiros anos do parque Santos Dumont. Na década de 40, o terreno era ocupado por sanatório judaico.


Foto: Arquivo Público de São José

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Foto: Pedro Ivo Prates

Rua Quinze de Novembro - Praça Afonso Pena A foto atualizada traz um novo visual da região, com predominância de comércios e bancos. A banca de jornais continua lá, mas agora a visão é parcialmente encoberta pelo ponto de táxi. A esquina da praça também ganhou pequenos jardins.

Foto: Arquivo Público de São José

O registro fotográfico acima mostra a praça Afonso Pena e parte da rua Quinze de Novembro, no coração de São José, em 30 de novembro de 1982. A banca de jornais já existia naquela época, mas ainda não havia o ponto de táxi.

Foto: Pedro Ivo Prates

Banhado Em 2017, o Banhado ainda preserva sua beleza natural e oferece uma paisagem que conquista a todos. Mas, no seu entorno, é notável o desenvolvimento da cidade.

Foto: Arquivo Público de São José

No início do século passado, a vista do Banhado era encoberta por casas. Sim, havia imóveis nos dois lados da avenida São José. Mas a foto acima, de 23 de julho de 1979, já traz um cenário mais semelhante ao atual.

Foto: Pedro Ivo Prates

Avenida Brigadeiro Faria Lima Hoje, em 2017, a avenida é uma das grandes vias da cidade e recebe milhares de motoristas todos os dias em direção às empresas aeronáuticas sediadas na região, bem como ao aeroporto de São José.

A foto acima, de 23 de agosto de 1979, mostra a via que levava os primeiros funcionários da indústria aeronáutica de São José para a Embraer, criada em 1969. A região ainda era pouco adensada e mantinha grandes terrenos.



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ESPECIAL

Ela sai bem na foto Rankings colocam São José dos Campos entre as cidades mais importantes e com melhor qualidade de vida do país Wagner Matheus SÂO JOSÉ DOS CAMPOS

C

omo não se apaixonar por São José? Nas redes sociais, grupos se dedicam a publicar imagens da cidade e não se cansam de destacar as suas belezas naturais, o seu desenvolvimento e a sua história. E não é para menos: a cidade ocupa posição importante nos mais diversos rankings de qualidade de vida. Uma das principais ferramentas para comparar as cidades brasileiras,

o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) avalia longevidade, educação e renda da população. O índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. Em sua última medição, feita em 2010, o IDHM de São José dos Campos é o 24º entre os 5.565 municípios do Brasil, com 0,807 pontos, o que classifica a cidade com um índice de desenvolvimento “muito alto”.

surpresa a divulgação, no início do ano, de um estudo da consultoria Macroplan que colocou São José em quarto lugar entre as melhores cidades para morar no Brasil. O estudo analisou os municípios brasileiros com mais de 266 mil habitantes e levou em consideração 16 indicadores divididos em quatro áreas distintas: saúde, segurança, educação e cultura e saneamento e sustentabilidade.

Quarta melhor para morar

Ótima para a terceira idade

Desenvolvimento humano significa qualidade de vida. Por isso, não foi

Após pesquisar 144 cidades, o Instituto de Longevidade Mongeral Foto: Pedro Ivo Prates

São José figura atualmente entre as 50 melhores cidades do país para idosos


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Parabéns, São José dos Campos, pelo seu aniversário. A Anhembi Morumbi tem orgulho de agora fazer parte dessa história.

anhembi.br

Uma universidade de fronteiras e mentes abertas.


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Aegon/FGV (Fundação Getulio Vargas) posicionou São José em 34º lugar no ranking das melhores para a população idosa. O Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade avalia cuidados de saúde, bem-estar, finanças, habitação, educação e trabalho, cultura e engajamento e outros indicadores gerais para dois grupos de idosos, entre 60 e 75 anos, e com mais de 75 anos.

Inteligente e conectada Após estudo realizado em mais de 500 cidades, São José ficou em 37º lugar no ranking deste ano das mais inteligentes e conectadas do Brasil. Elaborado pela empresa Urban Systems, o trabalho usou 70 indicadores nas áreas de mobilidade, urbanismo, meio ambiente, energia, tecnologia e inovação, economia, educação, saúde, segurança, empreendedorismo e governança. O resultado, apesar de ser

considerado muito bom, pode ser ainda melhor, pois em 2016 a cidade ocupou a 24ª colocação nesse mesmo ranking.

Responsabilidade social O Índice Paulista de Responsabilidade Social, feito em parceria entre o Instituto do Legislativo Paulista (ILP) e a Fundação Seade, mede a qualidade de vida nos municípios paulistas. São considerados dados sobre riqueza, longevidade e escolaridade da população. Na edição de 2012, São José dos Campos classificou-se entre os municípios com “bons indicadores” nessas três áreas. Ficou no grupo formado por 10,9% das cidades do estado com melhores resultados.

Campeã em saneamento Com 100% de abastecimento de água, 99% de coleta de esgotos e 100% de tratamento de esgotos coletados,


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o município é considerado o melhor do Brasil em saneamento básico entre os com mais de 600 mil habitantes. Também ocupa a terceira posição no ranking do Instituto Trata Brasil, que avalia o saneamento nas 100 maiores cidades do país.

Ranking ambiental Em sua versão de 2016, o Ranking Ambiental dos Municípios Paulistas coloca São José em 74º lugar em eficiência da gestão ambiental, entre 645 cidades. A avaliação faz parte do Programa Município VerdeAzul, da Secretaria do Meio Ambiente do Estado. As ações propostas pelo PMVA abrangem os seguintes temas estratégicos: esgoto tratado, resíduos sólidos, biodiversidade, arborização urbana, educação ambiental, cidade sustentável, gestão das águas, qualidade do ar, estrutura ambiental e conselho ambiental. 

São José dos Campos. Bons olhos o vejam. São José completa 250 anos e comemorar é olhar pra frente. É cuidar dos que mais precisam, melhorando a vida das pessoas em todas as regiões da cidade. É criar oportunidades e valorizar os que fazem de São José um dos melhores lugares para se viver. Uma cidade que acolhe a todos. Comemorar é acreditar num futuro melhor, renovando as esperanças em cada amanhecer.

É assim que a gente celebra os 250 anos de São José.

Foto: Pedro Ivo Prates

São José ocupa a terceira posição no ranking do Instituto Trata Brasil, que avalia o saneamento nas 100 maiores cidades do país

Programação aniversário: www.sjc.sp.gov.br


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ESPECIAL

De olho no futuro

Lívia Toledo, arquiteta e urbanista do Ipplan, vê muito espaço para São José crescer sem perder qualidade de vida Foto: Pedro Ivo Prates

Wagner Matheus

Estudos estimam uma densidade desejável em torno de 450 habitantes por hectare; em São José, os bairros mais densos não chegam a 100 habitantes por hectare

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O

s números e rankings que identificam São José dos Campos não surgiram do nada. Eles são o resultado das opções adotadas pelos responsáveis pelo planejamento urbano da cidade. Ou seja, a cidade é hoje o resultado do que foi planejado para ela há 30, 50, 100 anos. E o futuro também será o resultado do que os urbanistas decidem, hoje, para garantir uma cidade melhor para todos. Em entrevista à Metrópole Magazine, a arquiteta e urbanista Lívia Toledo, mestre em planejamento urbano e regional pela USP, procura fazer um desenho de como será São José dos Campos daqui a 30 anos, por volta do ano 2050. Lívia é gestora de projetos do Ipplan (Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento), uma associação civil sem fins lucrativos com sede no município que atua em planejamento urbano, entre outras áreas, e se define como tendo “o propósito de construir o futuro das cidades para as pessoas”. Um dos clientes do Ipplan é a Prefeitura de São José dos Campos, para quem o instituto desenvolve estudos de planejamento voltados ao funcionamento da cidade e sua preparação para o futuro. Como imagina o nível de qualidade de vida em São José em 2050? Como a cidade poderá ser descrita? A velocidade das mudanças no mundo é exponencial, portanto é muito difícil

precisar um único cenário para tão longo prazo. Nós que trabalhamos com planejamento de cidades costumamos explorar alguns cenários possíveis para nos prepararmos amplamente para as mudanças. No estudo Cenários Futuros SJC 2035, que o Ipplan elaborou, dentre inúmeras variáveis que determinam o futuro e que influenciam a qualidade

de vida, a questão urbana é essencial neste debate. Dois caminhos extremos podem ser visualizados para o futuro de São José, e o futuro provável é uma combinação deles. No primeiro, visualizamos uma cidade vibrante, integrada e inclusiva. A cidade irá se desenvolver de forma compacta, possibilitando a implantação de



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Foto: Pedro Ivo Prates

transportes coletivos sustentáveis e modos suaves de deslocamento. Diversas centralidades se consolidam ao longo da cidade, com ampliação de acesso a emprego e atividades de lazer. No caminho oposto, iremos reforçar um crescimento disperso da cidade, com oferta de trabalho, estudo e lazer apenas no centro, obrigando as pessoas a fazerem grandes deslocamentos e gerarem congestionamentos. A sociedade será ainda mais fragmentada e com maior sensação de insegurança. Quais são as principais vantagens competitivas de São José em relação a outras cidades médias quanto ao planejamento urbano e à qualidade de vida? Ao analisar os oito maiores municípios da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, vê-se que São José dos Campos é o local com menor fluxo de trabalhadores atuando fora do município [6,1%], o que pode ser explicado pela sua atratividade regional. Isto minimiza a necessidade de deslocamentos para outras cidades e amplia a qualidade de vida. Embora a questão da mobilidade urbana seja percebida como um problema por parte da população, analisando os dados de pesquisas em São José, 60% da população gasta menos de 30 minutos no deslocamento entre casa e trabalho, o que de modo comparativo está abaixo de Taubaté [72%], mas acima de Sorocaba [57%]. Quais são os riscos que os planejadores devem evitar para garantir uma boa cidade para viver nos próximos 30 anos? Diversos estudos alertam para os inconvenientes que a dispersão urbana traz. A especulação urbana pressiona pela ocupação de áreas rurais ou ambientalmente frágeis e, ao mesmo tempo, pessoas com baixo poder aquisitivo se veem pressionadas a morar em áreas irregulares, muitas vezes em áreas

Especialista alerta para o problema da especulação urbana, que pressiona pela ocupação de áreas rurais ou ambientalmente frágeis

de preservação ambiental. Além dos prejuízos ambientais que esse modelo proporciona, aumenta a necessidade de deslocamentos e a vitalidade do espaço urbano é prejudicada pela predominância do transporte automotivo. Para garantir uma boa cidade nos próximos 30 anos, precisamos rever o nosso modelo mental e promover uma cidade compacta. Existe um limite para o crescimento de uma cidade? Se sim, qual seria ele no caso de São José? Não existe um limite para a população de uma cidade. O que se discute

tecnicamente é a densidade desejada para garantir vitalidade nas ruas, viabilidade de implantação de infraestruturas e de serviços. Estudos estimam uma densidade desejável em torno de 450 habitantes por hectare, e em São José estamos muito distantes disto, sendo que nossos bairros mais densos não chegam a 100 habitantes por hectare atualmente. Portanto, a questão é pensar em como distribuímos nossas atividades na cidade, usamos os modos de transporte e os espaços públicos, ou seja, o modo como vivemos, e não o volume total de pessoas. 



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ESPECIAL

Novas obras redesenham a malha viária da cidade Após anos de estudos, vias Cambuí e Banhado estão prestes a sair do papel, criando novas rotas para deslocamentos entre regiões

Foto: Pedro Ivo Prates

O secretário de Mobilidade Urbana, Paulo Guimarães Junior, durante entrevista à Metrópole Magazine

Eliane Mendonça SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

construção de dois grandes corredores, que devem redesenhar a malha viária de São José dos Campos, é a principal aposta da prefeitura para melhorar

a mobilidade urbana em São José dos Campos nos próximos anos. O primeiro deles é a Via Cambuí, que vai ligar as regiões leste e sudeste da cidade e já teve o edital lançado pela prefeitura. O investimento será de R$ 140 milhões, com obras previstas para começar já em setembro e prazo de entrega de 20 meses.

A outra é a polêmica Via Banhado, que vai ligar a região norte ao bairro Urbanova, na região oeste, com a promessa de desafogar o trânsito na região central da cidade. O projeto ficou parado por mais de um ano e foi retomado pela administração neste mês. A previsão é que o projeto executivo seja concluído até dezembro e as obras


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comecem no próximo ano. Segundo o secretário de Mobilidade Urbana, Paulo Roberto Guimarães Júnior, a prefeitura vai utilizar recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) nas duas obras. “São obras pontuais que vão melhorar a fluidez do trânsito em áreas específicas da cidade, que têm registrado grande crescimento”, disse o secretário.

‘Não tem mágica’ Apesar das duas grandes obras, que vão conectar regiões importantes da cidade e devem diminuir consideravelmente o tempo de viagem nesses deslocamentos, tanto o secretário, quanto os especialistas ouvidos pela Metrópole Magazine são unânimes em afirmar que os investimentos vão apenas solucionar um problema momentâneo. “Estou há 20 anos na secretaria e acompanhei o desenvolvimento de muitos projetos. O que a gente conclui hoje, até pela experiência de outras cidades, é que essa mentalidade de correr para abrir rua, abrir via ou alargar avenida para dar fluidez no trânsito não é a saída. Não adianta, porque é como enxugar gelo. Você abre mais uma faixa hoje, daqui um tempo essa faixa vai estar saturada”, disse o secretário. O arquiteto e urbanista Marcos de

“Estou há 20 anos na secretaria e acompanhei o desenvolvimento de muitos projetos. O que a gente conclui hoje, até pela experiência de outras cidades, é que essa mentalidade de correr para abrir rua ou alargar avenida para dar fluidez no trânsito não é a saída. Não adianta, porque é como enxugar gelo” Paulo Guimarães Junior

SECR. DE MOBILIDADE URBANA

Oliveira Costa, que também é coordenador do curso de arquitetura da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado) e especialista em mobilidade urbana, concorda. “A única saída para resolver as questões de mobilidade, não só em São José dos Campos, mas em todas as grandes cidades brasileiras, é uma só: gerar alternativas ao transporte individual. Não existe mágica. Já assistimos o esgotamento desse modelo como transporte urbano”, disse. A jornalista Federica Fochesato, que é conhecida na cidade por seu ativismo nas discussões sobre mobilidade urbana, recorre a uma famosa frase do urbanista Enrique Peñalosa: “País desenvolvido não é aquele onde pobre anda de carro, mas aquele em que rico anda de transporte público”. “São José dos Campos não tem ainda um plano para diminuir o fluxo de carros nas vias. E essa discussão é urgente. O poder público precisa começar a fazer ações com o objetivo de mudar a mentalidade das pessoas sobre a importância de se ter uma visão do espaço compartilhado, promover a consciência de que o público deve sempre ter mais importância do que o privado”, disse.

Frota cresce a cada dia Se olharmos para os números da frota da cidade, entendemos a urgência das discussões sobre mobilidade urbana. Segundo dados do Denatran


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(Departamento Nacional de Trânsito), só nos últimos dois anos, mais 10 mil veículos se juntaram à frota da cidade, mesmo com a crise econômica. Em 2015, a frota era de 327.469; hoje, esse número é de 337.532 carros, o que corresponde a praticamente um carro para cada dois moradores da cidade. E esse número não para de crescer. Segundo Federica, o número de carros em São José está acima da média nacional. “Há estudos que mostram que nas cidades uma média de 31% da população utiliza o automóvel como meio de transporte. Em São José, esse percentual é de 42%, ou seja, 11% acima da média nacional. A cidade precisa começar a se preocupar em fazer essa correção”, disse.

Novos conceitos A Secretaria de Mobilidade Urbana conhece os números e sabe do grande

desafio que isso representa. “A consequência disso, a gente já sabe. Aquela expressão que sempre ouvíamos falar das outras cidades, já ouvimos também por aqui: ‘Trecho congestionado por excesso de veículos’. Então, a saída é apostar em novos conceitos”, disse o secretário. Segundo ele, esse novo olhar para a mobilidade passa pelo incentivo ao uso do transporte público, da bicicleta, do compartilhamento de veículos. “O que vemos na cidade hoje é 1,1 ou 1,2 pessoas em cada carro. Na média, não dá nem uma pessoa e meia por carro. É nisso que temos de focar e temos de trabalhar, não tem outra saída mágica”, disse o secretário, que admite que o caminho “é longo e difícil” pela cultura brasileira de ainda priorizar o carro. Segundo ele, para o brasileiro, o carro ainda é um objeto de status. “Quebrar essa cultura numa sociedade

que ainda não evoluiu é um caminho difícil. E não dá pra falar: ‘Ah, mas na Europa funciona’. Os países da Europa já passaram por muita coisa e a mentalidade é diferente. Aqui, o trabalho vai ser lento”, disse. O arquiteto e urbanista Marcos de Oliveira Costa também defende que a solução passa invariavelmente pela criação de alternativas ao transporte individual. “Então, investir em todo e qualquer modal que ofereça alternativa ao automóvel é a saída”, disse. Para ele, alargar e construir novas vias na cidade é um incentivo para que a população compre mais carros. “Mas há uma resistência muito grande para essa mudança. A luta não é fácil, mas espero que um dia as pessoas entendam que o que a gente fala faz sentido.”

Pontos críticos Na avaliação da prefeitura, a cidade Foto: Pedro Ivo Prates

A futura via Cambuí ligará as regiões leste e sudeste da cidade, acompanhando o curso do córrego que leva o mesmo nome Divulgação



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tem alguns pontos críticos no trânsito, com grande concentração de tráfego, que estão sendo monitorados pela secretaria. Mas a solução para eles, pelo menos neste momento, não passa por novas obras viárias. Uma delas é a rotatória do Colinas. “Hoje, estimamos que cerca de 140 mil a 150 mil veículos passam por ali todos os dias”, disse o secretário. Segundo ele, a região central, principalmente aos sábados, na rua Quinze de Novembro, é outro ponto crítico. E o próprio Anel Viário que já está com excesso de trânsito, principalmente nos horários de pico. “Percebemos que os maiores gargalos existem onde a cidade já está adensada. Pensar em alargar uma via na zona urbana ou construir nova via significa, necessariamente, desapropriar vários prédios e áreas. É uma solução inviável economicamente”, disse o secretário. Como obra viária em área adensada onera demais os cofres públicos, a saída, por hora, é apostar em outras medidas. “Tem muita coisa que conseguimos fazer para aproveitar melhor o sistema viário. Estamos retomando as questões de modernização, por exemplo, dos controles semafóricos. Coordenando os semáforos da cidade já dá um ganho significativo no trânsito, se for bem feito. E isso vai ter custo zero para a prefeitura”, disse o secretário. Segundo ele, criar as chamadas “ondas verdes” é um artifício que pode ser usado nos grandes corredores para diminuir o congestionamento, o tempo de viagem, a poluição e, de quebra, gerar segurança. “Essa é uma coisa que já estamos estudando e que devemos colocar em prática em breve”.

Urbanova O trânsito do Urbanova também vem sendo encarado pela prefeitura como um problema que precisa ser resolvido. Afinal, vários loteamentos surgiram na

Foto: Pedro Ivo Prates

Segundo a prefeitura, expansão da malha cicloviária da cidade, interligando regiões, é uma prioridade

região e não é preciso ser um especialista em trânsito para saber o tamanho do problema que vai aparecer em breve, caso não sejam criadas novas alternativas de acesso ao bairro. “A região do Urbanova já está loteada, mas ainda não está totalmente adensada. Então, ainda não temos o problema instalado. Na nossa

avaliação, temos um período curto para que possamos viabilizar alternativas, que precisam ser iniciadas ainda nesta administração”, disse o secretário. Uma das apostas é a Via Banhado. “Estamos estudando uma alternativa com um acesso que já conecte na parte nova do Urbanova, lá por trás do Alphaville. A primeira versão


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do projeto previa a conexão ali no [Jardim] Esplanada, criando um novo acesso paralelo à [avenida] Lineu de Moura. Nossa avaliação é que isso seria mais do mesmo. Então, precisa ter uma saída sem passar pela região do Esplanada. Aí sim será uma nova alternativa”, disse. Outro ponto do Urbanova com grande concentração de trânsito é nos semáforos do Thermas do Vale. Mas nesse ponto, segundo o secretário, o problema ocorre em um período curto de tempo, por conta da grande concentração de escolas. “A escola é um polo gerador de trânsito muito difícil de trabalhar na investigação de impacto, porque o tráfego fica muito forte em um período muito concentrado. Se você passar 10 minutos antes do pico, passa tranquilo. Mas se passar no horário de pico das escolas, você fica preso lá. Dez minutos depois, já está tranquilo de novo”, disse. Uma obra que já está em andamento e que também vai contribuir para a melhor fluidez do trânsito, segundo a prefeitura, é a ampliação da terceira faixa da avenida Lineu de Moura, que deve terminar até o final de julho. A obra compreende um trecho de 720 metros de extensão no sentido bairro-centro –da rotatória de acesso ao Clube Santa Rita até o Colégio Moppe. Neste local, haverá o encaixe da extensão com a faixa já existente. A obra não tem custo para o município e está sendo feita por empreendedores da região, como contrapartida aos impactos gerados no trânsito em razão da instalação e expansão dos estabelecimentos.

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que já desfrutam das melhores condições de vida. “Quando a administração, no planejamento da cidade e do espaço público, beneficia o transporte privado em detrimento do transporte público, favorecendo, portanto, os que circulam de automóvel, isso se traduz em total falta de democracia na mobilidade urbana”, disse Federica. Segundo ela, os moradores mais pobres que vivem na periferia são os mais prejudicados. “Obras viárias são necessárias, mas é preciso discutir o que é mais importante. Construir uma via por onde só vão passar carros, que é um bem privado, ou construir a ligação cicloviária das regiões centro-sul, por exemplo, que também mudaria a cara da cidade e criaria, de fato, uma nova

alternativa de locomoção para as pessoas?”, questiona. Segundo ela, um levantamento feito pelo coletivo de ciclistas da cidade em 2015 revelou que cerca de 650 moradores da zona sul se arriscam e fazem o percurso até o centro de bicicleta, mesmo sem segurança adequada. “Esse número hoje deve ser ainda maior, o que mostra que, mesmo sem infraestrutura, tem gente que ainda se arrisca. Isso nos leva a acreditar que, com uma malha cicloviária segura, mais pessoas poderão optar por esse tipo de transporte.”

Prioridade Segundo o secretário de Mobilidade Urbana, a conexão cicloviária entre as

Rotatória do Jardim Colinas é um dos pontos mais críticos da malha viária de São José; prefeitura aposta em ‘ond


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regiões é uma das metas da secretaria. “A conexão da região central com a região sul é o trecho que mais tem sido demandado pelos grupos de ciclistas e está sendo encarada como prioritária pela secretaria”, disse. Segundo ele, o prefeito Felicio Ramuth (PSDB) tem insistido em um conceito que defende, que é “não privilegiar um em detrimento do outro”. “O prefeito sempre diz que o nosso olhar deve ser sempre de compartilhamento, trabalhar para harmonizar a convivência. O que, em outras palavras, significa não sair prejudicando quem anda de carro para poder privilegiar quem anda de bicicleta. Nem o contrário. O grande desafio é harmonizar tudo isso”, disse.  Foto: Pedro Ivo Prates

das verdes’ para dar melhor fluidez ao trânsito na região


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ESPECIAL

Um sopro de vida para as noites do centro Chegada de estabelecimentos noturnos muda configuração do centro, tradicionalmente deserto após o fim do expediente do comércio Foto: Pedro Ivo Prates

Roda de samba na Casa de Jorge, que abriu caminho para a nova vida noturna do centro de São José


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João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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ares e casas noturnas estão, aos poucos, promovendo uma reconfiguração do centro de São José dos Campos. A região, historicamente deserta no período noturno, vem ganhando ares de renovação com a chegada de novos empreendimentos, atraídos por algumas características da região --há vagas de estacionamento de sobra, o aluguel é mais barato que a média de lugares mais badalados, como a Vila Ema ou Jardim Aquarius, e, o melhor de tudo, não há problemas com a vizinhança. Há tempos a vida noturna tem sido

apontada por especialistas e representantes do poder público como caminho para a revitalização do centro da cidade. No entanto, sucessivos projetos, de diferentes gestões, não alcançaram esse objetivo. Agora, por meio da iniciativa privada, as ruas começam a se movimentar. O grande símbolo desta mudança é a Casa de Jorge, espaço dedicado à apresentações de samba, que funciona na rua Humaitá, a poucos metros da praça Afonso Pena. O local abre de terça-feira a domingo, sempre com uma programação noturna. Embora sejam seis dias por semana de funcionamento, há noites em que é preciso chegar cedo para garantir um lugar lá dentro.

Proprietário da casa, o empresário Bruno Santos afirma que a escolha pelo centro da cidade foi uma aposta, mas daquelas muito bem calculadas. A liberdade de não contar com vizinhos nas proximidades e o charme da região central foram os principais fatores para a escolha do local. “O samba tem dessas coisas de boemia, de saudosismo. Por isso o centro nos pareceu um lugar charmoso para que a gente abrisse a casa. Aqui sabemos que não vamos incomodar os vizinhos e que podemos dar um conforto maior para os clientes”, diz. Se o charme da região central é um dos atrativos da casa –cuja fachada de cobogós na cor branca lembra mesmo


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um botequim tradicional– o preço do aluguel foi outro atrativo na hora de escolher o espaço. “Pesquisamos vários lugares antes de escolher este. Não encontramos nada parecido com o custo benefício que tivemos aqui. De longe foi o lugar mais vantajoso que encontramos para alugar e também o que mais tinha a cara que queríamos dar à Casa de Jorge”, afirma.

Expansão De fora, o lugar parece acanhado, mas basta passar pela porta estreita para dar de cara com um amplo ambiente interno, com espaço para o bar, mesas, palco e pista de dança. Mais adiante, o ‘quintal’ da casa é ainda mais espaçoso, com mais mesas, área kids e espaço para shows que acontecem entre as atrações do ambiente interno. Mas o sucesso da casa foi tanto que o local já passa pela sua primeira ampliação, que levará para o espaço externo mais um bar, uma bilheteria e novas dependências. O movimento do local também

“O samba tem dessas coisas de boemia, de saudosismo. Por isso o centro nos pareceu um lugar charmoso para que a gente abrisse a casa. Aqui sabemos que não vamos incomodar nenhum vizinho” Bruno Santos

DONO DA CASA DE JORGE

animou outros estabelecimentos nos arredores: os estacionamentos. São dois abertos na mesma rua e que se mantêm cheios durante todo o período de funcionamento da casa. “As pessoas perguntavam porque a gente veio para cá, diziam que seria difícil movimentar o local. Agora, o que vemos são empresários nos procurando para saber qual a viabilidade de montar negócios nas proximidades. Torcemos para dar certo, porque quanto mais movimentado fica o centro, mais valorizado fica o local”, afirma.

Na Tonga da Mironga Um dos versos mais emblemáticos da MPB, que dá título à música ‘Tonga da Mironga do Kabuletê’, de Toquinho e Vinicius de Moraes, também dá nome à casa aberta no fim de 2016 na rua Sebastião Humel. Trata-se de um estabelecimento criado para ser espaço aberto aos artistas da região. O local remete mesmo a uma casa, adaptado para receber festas esporádicas, com música ao vivo no Foto: Pedro Ivo Prates Divulgação Movimento em espaços como a Casa de Jorge ajudou também os estacionamentos, agora com clientes também no período noturno



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Divulgação

quintal, além de exposições de arte, sarau e outras manifestações artísticas. A decoração é toda voltada para o fazer artístico. No quintal, o muro se transformou num grande painel que o artista Renato Pontello, de São José, usou para grafitar uma obra de grandes proporções. Redes, quadros, uma jabuticabeira e pés de amora completam uma decoração que remete ao que é de fato: um quintal. A casa, que nas ‘horas vagas’ é um restaurante com ares de espaço cultural, é a realização de um sonho do engenheiro Felipe Peneluppi Mariano, morador da região central da cidade desde a infância. A ideia, de acordo com ele, é que a programação seja mais frequente com o passar do tempo. “Começamos aos poucos, mas queremos estabelecer uma programação cultural que envolva diferentes manifestações artísticas, com eventos todos os finais de semana. Essa é uma demanda

“Começamos aos poucos, mas queremos estabelecer uma programação cultural que envolva diferentes manifestações artísticas, com eventos todos os finais de semana” Felipe Mariano

DONO DO TONGA NA MIRONGA

antiga do público de São José que gosta de cultura. Todo mundo reclama da escassez de espaços, então pensamos: ‘Por que não a gente se juntar para criar esse lugar?’ Temos tido uma boa resposta dos frequentadores”, afirma. Quem toca a empreitada junto com Peneluppi são o pai, Pedro Mariano, e o amigo argentino, Mathias Bancalari. O pai, aliás, é o cozinheiro do local. Foi ele quem negociou o aluguel da casa, adaptada para receber o empreendimento. “O centro da cidade foi uma escolha natural para a gente. Todo mundo mora aqui perto, então temos uma identificação afetiva com o lugar. Fora isso, acho que todo mundo quer uma região central que seja movimentada. É de fácil acesso, podemos trabalhar com bandas sem problemas com a vizinhança e ainda contribuímos para a revitalização de uma área que deveria ter muito mais vida durante a noite. Acho que pode ser uma tendência”, explica Peneluppi.


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Concorrência saudável A chegada de novos estabelecimentos para a região central não incomoda a administração do Bar do Coronel, maior referência da boemia no centro da cidade. Os donos da casa, que completa 25 anos em 2018, inclusive incentivam a chegada dos ‘concorrentes’ em nome de melhores condições para a região central. De acordo com João Paulo Córdoba, gerente administrativo do Coronel, uma vida noturna ativa na região seria uma boa notícia para todos os estabelecimentos e turbinaria a revitalização do centro. “Um cinturão gastronômico aqui no centro, com novos bares e baladas, seria ótimo para todo mundo. A gente precisa de ideias novas. É um ambiente onde você consegue brincar com os conceitos, trazer uma coisa mais tradicional, como é o nosso caso. As pessoas têm receio de vir, mas apenas com

Foto: Pedro Ivo Prates

Centro da cidade oferece atrativos como aluguéis baratos, ampla oferta de vagas de estacionamento e o melhor: não enfrentam conflitos com vizinhos


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mais estabelecimentos é que conseguiremos trazer mais segurança e tranquilidade para a região. O centro não pode ser tão esquecido”, afirma o gerente. Filho de Benê Córdoba, fundador do tradicional boteco, João Paulo explica que o segredo para se estabelecer em um local como o centro da cidade, que ainda é preterido pela maioria dos estabelecimentos, é apostar nos serviços de ótima qualidade. “Com a gente, essa receita tem dado certo. Desde o início do bar, a nossa aposta é na excelência nos produtos e no nosso atendimento. Tudo o que a gente oferece precisa ter, obrigatoriamente, um ‘padrão Coronel’. Desse jeito conseguimos o nosso público, mesmo estando no centro da cidade, e acredito que o boteco não seria o que é hoje caso estivéssemos em outro lugar”, conclui o

gerente do bar.

Discussão com a sociedade Para o secretário de Urbanismo e Sustentabilidade, Marcelo Manara, a vida noturna é parte importante na discussão para a revitalização do centro. Segundo ele, até outubro a pasta vai ouvir comerciantes e sociedade para retomar o projeto Centro Vivo, idealizado ainda durante a gestão do ex-prefeito Eduardo Cury (PSDB). O secretário afirma que este é o momento ideal para que o assunto seja colocado em debate, já que a cidade está às portas de uma discussão sobre o novo Plano Diretor e acaba de aprovar a revisão da Lei de Zoneamento. “Estamos nos reunindo com comerciantes, com a ACI [Associação Comercial e Industrial de São José

dos Campos] e com representantes da sociedade para estabelecer um parâmetro que vai nortear esse processo de revitalização. Queremos que todos fiquem estimulados nesse momento especial que envolve a discussão do Plano Diretor.” Outra questão que gerou polêmica em 2016, a construção dos quiosques da orla do Banhado, também deverá entrar na pauta. De acordo com o secretário, ainda é incerto o destino dos espaços – são três, ao todo. “Dentro dessa discussão maior, os quiosques da orla entram nas especificidades que serão identificadas e precisarão de atenção especial. Quiosques, Mercado Municipal, Calçadão... todos esses pontos serão analisados dentro de um todo, mas levando em consideração suas especificidades”, conclui. 

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ESPECIAL

DNA tecnológico Além dos institutos de pesquisa, ‘Capital da Tecnologia’ é polo de empreendedorismo e de grandes investimentos da iniciativa privada Foto: Pedro Ivo Prates

Fachada do Parque Tecnológico de São José, instalado na antiga fábrica da Solectron, às margens da via Dutra; polo é considerado um dos centros de excelência do país em inovação

João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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ão é à toa que São José dos Campos carrega a alcunha de ‘Capital da Tecnologia’. A cidade traz o desenvolvimento em seu DNA e, além de sediar os mais importantes polos aeroespaciais do país, ainda desenvolve, dentro da iniciativa privada, soluções tecnológicas avançadas, responsáveis não só por

desenvolver novos produtos, mas também por promover melhorias na qualidade de vida no município. O desenvolvimento da tecnologia genuinamente joseense vai ainda além do que é elaborado em institutos como o DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeronáutica) e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Aeroespaciais). O polo tecnológico atrai altos investimentos da iniciativa privada, com empresas que fixam, aqui, seus laboratórios.

Somente a Embraer investe anualmente cerca de 10% de sua receita em pesquisa, desenvolvimento e inovação. E as principais iniciativas de pesquisa da empresa estão concentradas nas unidades Faria Lima e Eugênio de Melo, em São José. A tecnologia desenvolvida na cidade é responsável por manter a Embraer em alto nível de competitividade no restrito mercado da indústria aeronáutica. Quase metade desse montante retorna para a empresa em inovações ou


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melhorias significativas que, de acordo com a assessoria de imprensa da fabricante, foram implementadas nos últimos cinco anos. A gigante ainda está envolvida em parcerias com universidades e centros de pesquisa da cidade. A ideia é formar redes de conhecimento colaborativas que tenham em São José o epicentro de suas atividades. Uma das parcerias, por exemplo, é com a americana Boeing. Em 2015 foi inaugurado o Centro Conjunto de Pesquisa em Biocombustíveis Sustentáveis para a Aviação, sediado no Parque Tecnológico de São José. De acordo com a empresa, “um esforço colaborativo para consolidar o estabelecimento da indústria de biocombustíveis de aviação no Brasil”. No centro de pesquisa, as empresas coordenam e financiam estudos com universidades e outras instituições brasileiras. As pesquisas, de acordo com a Embraer, têm como foco o desenvolvimento de tecnologias para preencher lacunas na criação de uma indústria de biocombustíveis sustentáveis para a aviação no país, com destaque para a produção de “matérias-primas, análises técnico-econômicas, estudos de viabilidade econômica e tecnologias de processamento”.

Locomotiva A intensidade com que a gigante da indústria aeronáutica investe em novas tecnologias dá o tom para que as centenas de pequenas e médias empresas da cidade, que também atuam no setor aeronáutico, acompanhem esse ritmo. Fornecedoras da Embraer, empresas instaladas no Parque Tecnológico e em outros polos da cidade também desenvolvem um importante trabalho de inteligência que ajuda a transformar a cidade numa referência mundial quando o assunto é tecnologia. O diretor-geral do Parque


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Tecnológico, Marco Antonio Raupp, ex-ministro da Ciência e Tecnologia, exalta a vocação de São José para o setor aeroespacial. De acordo com ele, a empresa é, indiretamente, responsável por um avanço tecnológico da cidade. “As empresas que têm essa missão de dar sustentação para a posição da Embraer são beneficiadas com a imposição de uma política ostensiva de avanço tecnológico. A cidade ganha muito com isso. E esse ganho acontece em diferentes esferas”, explica. Mas o avanço tecnológico joseense vai muito além. O Parque Tecnológico de São José é considerado o maior do país em número de empresas. Ao todo, são mais de 300 vinculadas ao polo. Mesmo assim, Raupp afirma que os números, apesar de importantes, não contemplam a principal contribuição do complexo à cidade. De acordo com ele, os trabalhos desenvolvidos e o alto nível do que é gerado em novos produtos e conhecimentos são os trunfos que, de fato, fazem do Parque um projeto especial para São

“Temos um ambiente que permite às empresas testarem e desenvolverem produtos com leveza e resistência ideais não só para a indústria aeronáutica, como também para a automotiva” Marco Antonio Raupp

DIRETOR-GERAL DO PARQUE TECNOLÓGICO DE SÃO JOSÉ

José e o país. O diretor cita, como exemplo, o aumento no número de vagas para as universidades públicas que ocorreu depois da abertura do polo, há 10 anos. “O Parque tem a capacidade de atrair para São José várias universidades de grande valor científico e tecnológico, que se somam às que já existiam. Para se ter uma ideia, antes existiam somente 200 vagas em universidades públicas anualmente. Hoje, esse número é de 1.390”, afirma. Raupp se refere à chegada da Fatec (Faculdade de Tecnologia) e da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que abriram unidades em São José e mantêm sede nas proximidades do núcleo do Parque Tecnológico. Entre facilidades que o polo oferece atualmente às empresas incubadas ou ligadas de qualquer forma ao seu complexo está um laboratório, único do gênero na América Latina, que desenvolve componentes estruturais para peças de aviões. “É um ambiente que permite às


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empresas testarem e desenvolverem produtos com leveza e resistência ideais não só para a indústria aeronáutica, como também para a automotiva”, conta o diretor-geral.

Excelência O engenheiro de telecomunicações Daniel Gil Monteiro é um dos exemplos de empreendedores em tecnologia na cidade. Taubateano de nascimento, Monteiro encontrou em São José terreno fértil para tirar o sonho do empreendedorismo do papel. Monteiro é proprietário de duas empresas de base tecnológica: a Engtelco Telecomunicações e a Anova Sistemas. A primeira delas está encubada no Parque Tecnológico e desenvolve produtos para qualificação técnica de antenas de TV via satélite. Com tecnologia 100% joseense, a empresa já acumula clientes por todo o Brasil e em países como México, Luxemburgo, Alemanha, Estados Unidos, Espanha e Taiwan. “É um nicho de mercado muito Foto: Pedro Ivo Prates

Galpão da Embraer na zona leste de São José; fabricante de aviões impulsiona investimentos em tecnologia em toda sua cadeia produtiva


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específico e grande parte dos clientes é estrangeira. É essencial que a gente siga aperfeiçoando o serviço prestado ao longo dos anos. Mas, como resultado, posso dizer que hoje a empresa é uma referência dentro e fora do país”, afirma o empreendedor. Já a Anova Sistemas está prestes a lançar no mercado um novo produto, também baseado em tecnologia de ponta: um simulador de direção para autoescolas. “O serviço é totalmente feito com tecnologia daqui e permite aos donos dos estabelecimentos concluírem, com exatidão, quais são os principais vícios de pilotagem dos motoristas ou futuros motoristas, a fim de corrigir estas falhas”, comenta. Uma das inovações do sistema é a inclusão de retrovisores no simulador, permitindo uma experiência muito mais realista.

Software A Johnson & Johnson mantém um

centro de desenvolvimento de softwares na planta de São José dos Campos, o LatAm Development Center, criado para suprir a demanda tecnológica da empresa na criação de aplicativos de alta qualidade. O foco é a automatização, padronização e reutilização de ativos digitais. “Dentro das entregas que o LDC realiza, a área de mobile lida diretamente com o usuário final. Nossos apps contribuem com a vida das pessoas e possuem impacto direto com o consumidor final.”, explica Vinicius Machuca, analista sênior de IT da Johnson & Johnson. A iniciativa ajuda a empresa a, entre outras inovações, contar com um programa de sustentabilidade que acabaram se transformando num diferencial competitivo financeiro. De acordo com a empresa, a fábrica em São José trabalha com 100% dos resíduos gerados na área produtiva. Desse montante, 91% é reciclado, outros 7% são destinados ao aterro e 2% vão para a incineração.

Vocação Para o secretário de Inovação e Desenvolvimento, Alberto Alves Marques Filho, o Mano, a vocação da cidade para a tecnologia vem de berço. Ele destaca que, desde a infância, os alunos são estimulados por um ambiente de empreendedorismo e tecnologia. “Isso nasce com os pequenos já na pré-escola. A cidade tem essa vocação e é importante estimular isso, já que nos últimos tempos é inegável que a tecnologia, principalmente na questão que envolve a Tecnologia da Informação, está presente em praticamente tudo o que fazemos”, explica o secretário. Mano ressalta que, no quesito inovação, a cidade é considerada a número um do país. “E a tendência é a gente explorar essa questão, atraindo talentos para a nossa cidade. Vamos incentivar a abertura de startups e soluções inovadoras na área de tecnologia e economia criativa”, conclui.  Foto: Pedro Ivo Prates

O recém-inaugurado laboratório de robótica da Gerdau é um dos polos de formação de obra para empresas de base tecnológica


parabéns

São José dos Campos

250 anos Temos orgulho de fazer parte dessa história


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Foto: Pedro Ivo Prates

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3 1 - A super dentista Carla Sayuri Shibata com familia – comemorando mais um ano de vida – que seus 4.0 continuem com toda luz, energia, inteligência, profissionalismo, amizade e carinho de sempre .... Vida longa e feliz Carla !!!! U deserve !

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2 - Embarque de Intercambio de Férias para Londres, na excelente escola Stafford House ... na foto diversos da região como : Davi Oliveira, João Victor Martins, Lucas Oliveira, Nayara Luzio, Thiago Horta - CVC Intercambio SJC !! Enjoy it !

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4 - The DIAS Family – Na foto em USS Midway em San Diego CA – USA – todos intercambistas desse colunista, organizador de intercambio ... essa,jormada iniciou pelo pai Roberto, High School na California 1988/89, Jonathan, High no Michigan 2007/08, Dona Vilma – Idiomas em Victoria – BC - Canada junho/julho 2017 e Thomas Dias High School no Iowa 2016/2017 – na foto tirada em 17/06 a família que foi buscar Thomas no Iowa ao termino do Programa de HS e aproveitou para visitar outras host families nos States a fora – INTERCAMBIO TUUUDO DE BOM e PRA SEMPRE !

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1) Antonina Reis ladeada por Tatiana / Pedro Bacha 3 - Francisco Gomes Neto, extremamente feliz e Aline / Raphael Reis I Sempre com entusiasmo e por poder presenciar as 3 gerações iniciadas na coragem contagiante! Maçonaria, ladeado pelo filho Fabiano Mario 2) Beatriz Porto - recebeu no final do programa de Gomes e o neto Pedro Henrique Nader Gomes – Intercambio, a visita dos pais em New Orleans ao fundo algo inédito na Maçonaria Brasileira !! Liberté, o Rio Mississipi com um Steamboat ! Egalité, Fraternité 4 ever !! 3) Daqui do EEPG João Feliciano para Goiânia, o Assessor Parlamentar Samuel Amaral ao lado da esposa Cristina 5 - Miguel Neif nasceu numa linda data 7/7/17 – comemorando mais um ano de vida ! Vida longa amigo ! Saúde, DEUS para vc sempre e Parabéns aos pais 4) Comemoração animadíssima do aniversario de Natalia e Guilherme, na foto com o Bisavô Fauzi RaAlcemir Salvador – o Gaucho do Colinas Veiculos ! chid e o Vovô e meu amigão Fauzi Rachid Filho !! Alegria alegria sempre ! 5) Cinira e Geraldo do Prado completaram no ultimo dia 6 - Thiago Bimestre curtindo as férias no lindo ar12 de maio a Boldas de Crizo – a melhor definição quipélago de Fernando de Noronha – Ele é pas“33 anos de casamento é Bodas de Crizo ou Crizopala, sageiro e amigo da CVC Buriti Shopping Guara !! Bodas quer dizer promessa. Crizo é uma cor cinza ou que sortudo – um dos lugares mais lindos do mundo ! cinza de fogo ...” Já que significa cinzas, que sejam como7a -Fênix, que renasceu das próprias cinzas .... Vida Nos últimos dias 24/06 e 08/07 o Circolo Itallongaiano com amor ao casal Happyorganizou Anniversary !! Leonardo da - Vinci workshops, o 6) Os passageiros Ferrari e seucom esposo primeiro Patricia de Gastronomia o Chef Domenico Frederico Morais, dadecidade de Pindamonhangaba, e o segundo Ceramica e queima RAKU, ambos fizeram tour Angela pela Europa comna seus familiares, noum Ateliê Cestari cidade de Sta Branca passando por Amsterdan, Bruxelas, Edam, Voledam, as margens do Rio Paraiba, também o Circolo InAntuérpia, e na foto na romântica Paris.no mesmo formaBrugge que agora estará com sua -sede 7 /8/9) Juliana Maximo momento Basketball , João espaço da FEB na Praça dos Expedicionários na Carderelli – momento PROM e João Bertoncello cidade de Jacarei ... na foto Lucas membros do Circolo momento curtição seu host Dad WayneBrasileira T Cook ... Italiano e da com Força Expedicionária Intercambio High School – tuuudo de bom!

Onde os sonhos viram conquistas


na planta de São José dos Campos, o LatAm Development Center, criado para suprir a demanda tecnológica da empresa na criação de aplicativos de alta qualidade. O foco é a automatização, padronização e reutilização de ativos digitais. “Dentro das entregas que o LDC realiza, a área de mobile lida diretamente com o usuário final. Nossos apps contribuem com a vida das pessoas e possuem impacto direto com o consumidor final.”, explica Vinicius Machuca, analista sênior de IT da Johnson & Johnson. A iniciativa ajuda a empresa a, entre outras inovações, contar com um programa de sustentabilidade que acabaram se transformando num diferencial competitivo financeiro. De acordo com a empresa, a fábrica em São José traba-


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ESPECIAL

Amadores de elite Triatletas amadores de São José conseguem bons resultados na modalidade em campeonatos no Brasil e no exterior Felipe Kyoshy SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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rbanova, zona oeste de São José dos Campos, 7h de uma terça-feira. Um grupo de 10 pessoas se reúne em um ponto de encontro para pedalar. É dia de treino de ciclismo para os praticantes de triatlo, modalidade que também inclui natação

e maratona. Apesar de não serem profissionais e não viverem do esporte, essa turma leva a modalidade muito a sério, e uma prova disso são os resultados conquistados pelos atletas em competições. A fotógrafa Ana Luiza Mendes, 44 anos, começou no triatlo há dois anos, mas já praticava natação e participava de corridas de rua. Ela é uma das atletas da cidade que conseguiu vaga para

Triatleta amadores de São José chegam a gastar R$ 1.200 por mês em despesas com acompanhamento médico e nutricional, academia, treinamentos e alimentação

uma etapa do Campeonato Mundial, a ser realizado em setembro, em Roterdã, na Holanda. O direito de disputar o torneio veio após o vice no Brasileiro, disputado em João Pessoa (PB). “Eu não esperava essa classificação para o Mundial e foi realmente uma surpresa muito boa, mas foi com muita dedicação”, conta Ana. “Treinamos todos os dias e é muito legal, nessa minha idade, disputar um


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torneio desses. Estou muito feliz.” O Campeonato Mundial reúne vários dos melhores triatletas do mundo. São campeões mundiais e olímpicos que os amadores têm oportunidade de conhecer e competir lado a lado, situação quase inimaginável em outros esportes. “É muito emocionante e inspirador ver os melhores do mundo em Roterdã. É uma experiência única poder estar ali no meio de tudo, muito bacana. Espero ser uma inspiração para os meus dois filhos também”, comenta. “Em cada competição aprendemos muito, apesar de ter uma diferença muito grande entre os profissionais, tanto no treino, como nas provas. Tem pessoas que são muito mais fortes, já experientes, e a cada detalhe que reparamos, vamos aprimorando”, diz Victor Mora, que concilia atualmente a carreira de DJ com o triatlo. Pedro Ivo Prates


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A dedicação aos treinos é grande. A programação semanal tem de 200km a 300km de ciclismo, 30km a 40km de maratona e de 6km a 8km de natação, com apenas uma folga durante a semana. A intensidade na preparação, de acordo com o gerente de sistemas Jeferson Silva, é o que mais impressiona para quem está de fora. “A grande surpresa que as pessoas têm é o volume de treino, pois acabam não entendendo muito bem como conseguimos nos dedicar ao trabalho, à família e ainda assim reservar um tempo para treinos, que é o grande desafio para nós que somos amadores. Temos que conciliar quase um segundo ofício, pois treinos fazem parte da rotina, e são relativamente duros”, declara Mora.

Novo estilo de vida O triatlo, além de proporcionar bons resultados aos atletas de São José, tem feito mudanças na vida de algumas

“Eu não esperava essa classificação para o Mundial e foi realmente uma surpresa muito boa. Treinamos todos os dias e é muito legal, nessa minha idade, disputar um torneio desses. Estou muito feliz” Ana Luiza Mendes

FOTÓGRAFA E TRIATLETA AMADORA

pessoas. Ana Luiza, por exemplo, perdeu quase dez quilos e viu a família toda se envolver com ela no esporte. O empresário Daniel Parodi, 43 anos, diz que, após começar a praticar a modalidade, contrariou até uma previsão dos médicos. “Comecei porque tive uma fratura exposta no tornozelo jogando futebol, e o médico disse que eu não poderia mais correr, mas que eu poderia nadar e pedalar. E, por incrível que pareça, pelo movimento da bicicleta, a articulação na região onde machuquei começou a melhorar. Eu voltei até a correr”, ressalta, entusiasmado. “Fiz uma prova olímpica em Santos, fiz três Irons [Iron Man], um na Argentina, um em Miami, outro no Peru. Faz dois anos que estou fazendo isso e é um esporte apaixonante, porque você faz três modalidades”, diz. Parodi conta que não treina para conseguir apenas resultados em Divulgação

Além de proporcionar feitos esportivos aos seus praticantes, triatlo também tem contribuído para um estilo de vida mais saudável


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provas, mas também como uma forma de superação pessoal. “O legal do triatlo é colocar objetivo, pois se treinar em vão não tem o mesmo sentido. Se você começa de olho em alguma coisa, você já treina pensando em condições específicas. Esse é o grande barato do triatlo”, diz. “A cada dia você vê mais praticantes. O esporte está crescendo muito e o Vale tem sido uma referência. Tem gente que mora em outras cidades e só vem aqui para treinar.”

Preparando o bolso Amadores, os triatletas de São José precisam tirar tudo do próprio bolso para competir e treinar. O instrutor Lucas Vilhena, 38 anos, é um dos principais incentivadores do esporte na região. Para ele, o fato de os amadores não terem apoio impede de terem resultados ainda melhores. Atualmente, os principais incentivadores da modalidade são as Forças Armadas. “Patrocínio é tudo no esporte. É bem complicada essa questão, pois não temos apoio de ninguém. O pouco que tem está com os atletas da seleção olímpica”, afirma. A advogada Ana Cláudia Joma, 28 anos, também vai participar do Mundial em Roterdã. Somente a inscrição para o torneio custa R$ 1.741,26. O pacote completo da viagem para a Europa deve ficar em torno de R$ 8.800. Além disso, ela afirma que gasta, ao menos, R$ 1.200 mensalmente em despesas com acompanhamento médico e nutricional, academia, treinamentos e alimentação, entre outros. O seguro da bicicleta, avaliada em R$ 10.000, é de R$ 227 por mês. Mas a advogada garante: todo o esforço vale a pena. “O investimento é o preço que pagamos pelo amor ao esporte, que por ser três em um fica um pouco mais caro”, brinca a advogada. 


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Gastronomia&

A receita que conquista paladares há meio século Na contramão dos pratos gourmetizados, pintado na brasa do restaurante mais antigo de São José prova que ‘menos é mais’ Foto: Pedro Ivo Prates

Prato segue exatamente a mesma receita desde a inauguração do restaurante, em 1968

Gabi Riemma SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

U

ma receita de família conquista os mais exigentes paladares joseenses há quase cinco décadas. Na contramão dos pratos gourmetizados que ditam as regras na

gastronomia contemporânea, o pintado na brasa do restaurante Villa Velha é feito com poucos ingredientes, seguindo exatamente a mesma receita desde sua inauguração, em março de 1968. O peixe acompanhado de arroz à grega e molho tártaro é o prato mais pedido do restaurante, que permanece no mesmo endereço nestas quase

cinco décadas, na praça Cândido Dias Castejon, no centro. Segundo Antonio Ferreira Junior, atual proprietário do restaurante, o segredo do sucesso é a excelência em fazer o pintado há tantos anos e com a mesma equipe. “Compramos o peixe inteiro, limpamos um a um no restaurante, separamos os filés e cortamos em cubos



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grandes para colocar na brasa de carvão”, conta Junior. “A receita em si não sofreu muitas alterações com o passar do tempo, mas a maneira de preparar, sim” diz. Segundo ele, na década de 70, quando o pai e um tio eram donos do restaurante, os tempos eram outros e o pintado era preparado mais na “raça” do que com técnica. “O tamanho dos peixes variava muito. Hoje em dia, eu só compro pintados de no mínimo oito quilos”, conta. O sucesso é tanto que são consumidos cerca de 600 quilos de peixe por semana no restaurante.

Segredo de família A maneira de temperar o pintado é mantida em segredo, mas Junior afirma que hoje em dia os ingredientes são

Na receita clássica do Villa Velha, peixe vem acompanhado de arroz à grega e molho tártaro


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Foto: Pedro Ivo Prates

batidos no liquidificador para ficarem mais homogêneos, sendo que nos primórdios não era assim. Os temperos são: sal, limão, alho, colorau e óleo de milho. Sem revelar mais detalhes, o proprietário do restaurante conta que os filés do peixe são temperados um dia antes do preparo para terem o sabor realçado. Na hora de assar o pintado na brasa, não é usado nenhum sistema de automatização. “É o olho do churrasqueiro que sabe o ponto do peixe”, diz. O molho tártaro que acompanha o prato é feito artesanalmente no restaurante. Junior garante que esse é o segredo do sabor diferenciado. “Fazemos aqui a maionese e o picles, é tudo muito saudável”, afirma. Ele conta que mesmo que passe a receita, ninguém consegue reproduzir,

porque o segredo está em fazer a própria maionese, e não comprá-la pronta. Apenas a alcaparra está em conserva e passa por um processo de dessalga para ficar com o sabor mais suave. O arroz à grega é feito com pedaços pequenos de pimentão, cenoura e uva passa branca. Uma delícia!

Funcionários Além da receita, Junior conta que o segredo do sucesso também está em manter o padrão de atendimento e qualidade, ensinado por seu pai e consolidado pela equipe que trabalha unida há muitos anos. “O churrasqueiro que trabalha aqui há menos tempo tem 12 anos de casa”, conta Junior. O mais experiente já está no restaurante há 25 anos. E não é só o ambiente e o cardápio


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Foto: Pedro Ivo Prates

que são tradicionais no Villa Velha. Os garçons também são velhos conhecidos dos frequentadores. O mais antigo de todos é o senhor Sebastião Osório de Oliveira, mais conhecido como “Guaxupé”, que trabalha no restaurante desde a década de 60. Entre idas e vindas, Gaxupé completou 42 anos servindo as mesas no Villa Velha. “Já me aposentei, mas não consigo parar de trabalhar. Eu gosto muito do que faço”, diz.

Arquitetura O restaurante fica num casarão colonial de esquina e chama atenção por suas cores e estilo, que se destacam em meio a prédios modernos e comércios na região central de São José. A simplicidade do ambiente é proposital para manter as tradições. Até hoje as comandas são escritas à mão. Todos móveis são de madeira, assim como as portas maciças que estão lá desde a inauguração do restaurante. Até as garrafas de água e refrigerante são à moda antiga, todas de vidro. “Só usamos latas em produtos que não

Sebastião Osório de Oliveira, o Guaxupé, garçom mais antigo do restaurante, serve o prato mais famoso da casa


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Cerca de 600 quilos de peixe são consumidos por semana no Villa Velha, segundo o proprietário

nos dão opção, mas faço tudo para resgatar as tradições”, conta Junior.

História O restaurante Villa Velha foi inaugurado em 1968 por Amauri Fernandes e Orlando Veiga, na época executivos da GM. Apaixonado por pescaria, Amauri sempre acompanhou de perto a cozinha e foi ele quem vendeu o restaurante em 1975, para Antonio Ferreira e o irmão Francisco Antonio Bertoni --respectivamente, pai e tio de Junior, o atual proprietário.

“Meu pai comprou o restaurante numa oportunidade que surgiu de uma hora para outra. Ele não tinha experiência no ramo, mas era muito comunicativo. Era o relações-públicas do restaurante”, conta Junior. Já o tio trabalhava mais na parte administrativa. Uma parceria de sucesso, que foi passada para os filhos. Junior frequenta o restaurante desde que tinha 15 anos de idade, e foi com o pai que aprendeu tudo o que sabe hoje. “Já passamos por muitas fases. No início da década de 90, quando surgiu

a moda dos self-services, tentamos introduzir, mas nosso público é outro. São pessoas que gostam de pratos exclusivos e tradicionais”, conta Junior.

Serviço O Villa Velha fica na Praça Cândido Dias Castejon, 27, no centro de São José dos Campos. Abre todos os dias para almoço. Nos dias de semana, das 11h às 15h e das 18h às 23h. Aos sábados, das 11h às 15h30 e das 18h às 23h. Aos domingos, das 11h às 16h. 

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Social& Por Gabi Riemma

Quatro personalidades e um sentimento A convite da ‘Metrópole’, joseenses de nascimento ou de coração declaram seu amor à cidade que faz história há 250 anos

Divulgação

Virei gente em São José. A vida em república, a inovadora Faculdade de Arquitetura e Urbanismo com suas provocações e o libertador movimento hippie Guto Lacaz, artista multimídia, ilustrador, designer e desenhista

São José é uma cidade grande, mas muito aconchegante. É boa em tudo: o trânsito flui, tem bastante natureza, o povo é acolhedor. É a cidade que aprendi a amar Talis, da dupla Talis & Welinton

Divulgação

” “

Paula Marina/Divulgação

O Banhado é uma paisagem única. Muito bonito de observar, um elemento poético, principalmente à noite e no inverno, com a bruma e a serração. Quem vê pela primeira vez, diz que parece o mar. Lembro que há 35 anos, num dos meus primeiros encontros com o Caetano Veloso, a primeira coisa que ele se lembrou de São José foi dessa paisagem Carlos Rennó, letrista e escritor


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Não abandono a cidade por nada, meu lugar é aqui. Sou apaixonada pelo bairro que vivi a vida inteira, o Novo Horizonte. É lá que tenho muitos amigos e estão as pessoas que amo. Carrego São José no peito aonde quer que eu vá

Noite de gala para entrega do prêmio Absollut Gerson Fujiki/Divulgação

Pâmela Rosa, campeã mundial de skate

Eduardo Braz/Divulgação

Benny e Danny Lima comandaram em junho a cerimônia de entrega do Prêmio Absollut Top, festa mais aguardada do ano na região. Com direito a trajes de gala, tapete vermelho e muito jazz, 20 personalidades de destaque da região (entre empresários e profissionais liberais) foram homenageadas, incluindo Regina Laranjeira Baumann, diretora-executiva do Grupo Meon de Comunicação. O ponto alto da noite ficou por conta da apresentação da cantora lírica Carmen Monarcha, solista da orquestra internacional Andre Rieu. Pela primeira vez no Vale, ela tem 15 anos de carreira internacional. “Eu brinco que encomendei essa noite, está tudo perfeito. Até o tempo ajudou”, disse Benny. O evento aconteceu no dia 28 de junho no Interactive Hall, em São José dos Campos.




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Turismo&

Uma voltinha pelo nosso ‘quintal’ Roteiros turísticos rurais do Vale reservam belezas e descobertas a poucos quilômetros de distância


Pedro Ivo Prates

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João Pedro Teles RMVALE

S

eja numa viagem sensorial pelo lavandário de Cunha, seja nos sabores da roça em um café da manhã caprichado ao melhor estilo caipira em algum cantinho de Paraibuna, a cultura valeparaibana é um convite irresistível para pegar a estrada e conhecer cada cantinho da nossa região. Roteiros não faltam. Além de ser recheado de estâncias turísticas, o Vale ainda conta com destinos que, só pela preservação das heranças imateriais, já valem uma demorada visita. A prosa no Mercadão, a colheita de frutas da época na roça, lendas e os ritmos populares. Está tudo vivíssimo mesmo nos destinos menos badalados da região. Cidades como Paraibuna reservam intactos alguns desses tesouros da nossa cultura popular. Sem vergonha de se assumir caipira, a cidade é um presente para os olhos e para o paladar. As receitas de família das broas, afogados ou galinha caipira ganham ainda mais sabor quando acompanhados da paisagem bucólica da contemplativa zona rural da cidade. Nas propriedades, o ambiente onde se produz de geleias à cachaça recebe a visita de turistas curiosos por experimentar os produtos frescos e seus sabores acentuados pela produção artesanal, sem aditivos de agrotóxicos ou estimulantes. As roças são o destino de um roteiro turístico que atrai os admiradores da vida caipira a Paraibuna, o Vale da Fartura. A viagem é elaborada pela ONG de preservação ambiental H&H Fauser, que atua no município. “Primeiro o grupo toma um café caipira. Depois, dá uma passadinha pelo mercado municipal, para provar o nacionalmente famoso pastel do Manezinho, que já foi até matéria do

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programa Mais Você, de Ana Maria Braga, e, então, vamos para um passeio pela roça da cidade”, explica Susi Fauser, coordenadora de projetos da ONG. E é bom preparar o estômago porque, dessa parte do passeio adiante, fica difícil resistir às guloseimas da área rural. Por lá, é hora de almoçar a comida preparada no fogão à lenha. Afogado, galinha caipira, carne seca na moranga e outras delícias estão no cardápio. Depois do almoço, o roteiro parte para o Sítio do Belo, que cultiva nada menos que 60 tipos diferentes de frutas. Lá, os visitantes podem se esbaldar com as frutas da época colhidas diretamente do pé, incluindo aí alguns tipos bem difíceis de encontrar por essas regiões, como seriguela e araçá. A fazenda produz sucos e geleias, que são oferecidas aos visitantes. Quem

quiser, pode levar sua amostra para casa, já que todos os produtos estão à venda. “Na verdade, depois do almoço, o grupo escolhe se vai para o sítio das frutas ou se vai para o Sítio J.J., onde são produzidos melado, cachaça, rapadura e açúcar mascavo”, diz Susi. O passeio termina com moda de viola, cachaça e um café da tarde, com todos os itens da culinária caipira. De acordo com a coordenadora de projetos da ONG, o difícil nessa hora é convencer os visitantes voltarem para a cidade. “A gente precisa ter um pouquinho de paciência para conseguir trazer todo mundo de volta. Mas é muito legal saber que o pessoal está satisfeito”, comenta. Para realizar o passeio é preciso fechar um grupo de, no mínimo, 10 pessoas. Outra opção, de acordo com a coordenadora, é se informar sobre a agenda de grupos já fechados para conseguir se

incluir no passeio. O custo por pessoa é de R$ 150. “Além da culinária e das paisagens lindas que visitamos durante o passeio, uma das coisas mais legais desse roteiro é o contato com os produtores. O cotidiano na roça, os ‘causos’, tudo isso complementa a experiência”, explica.

Das lavandas à cerâmica Já em Cunha, o ambiente rural ganha o colorido e o perfume das plantações de lavandas. Tomada de roxo clarinho, a cultura é atração para os turistas que vão à cidade em busca do sossego e de paisagens inspiradoras. A parada é obrigatória. A guia turística Edna Abreu, credenciada para atender os turistas da estância, explica que são duas as opções para os visitantes: os lavandários e os contemplários. Ambos permitem o contato com a Divulgação

Distrito de São Francisco Xavier, em São José, reserva trilhas, cavalgadas e um passeio por suas tranquilas ruas



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Roteiros rurais da região também são uma viagem no tempo, com antigos casarões e capelas históricas

Foto: Pedro Ivo Prates

cultura da lavanda. “Além de poder visitar as plantações, o turista também pode comprar produtos feitos com a lavanda em lojinhas e cafés que ficam no local. Tem de tudo um pouco: sorvete de lavanda, café, vinho e os produtos estéticos feitos com base na planta”, diz Edna. Depois da lavanda, a dica da guia é visitar os ateliês de cerâmica que se agrupam na região da Vila Rica. No local, os visitantes podem acompanhar o trabalho dos artistas, além de adquirir as tradicionais peças da cidade. São mais de 20 ateliês que utilizam diferentes técnicas: forno a lenha, a gás e fornos elétricos. Para visitar os ateliês em grupos maiores, é preciso avisar com antecedência. Já para casais e pequenos grupos, não é necessário o aviso prévio. A guia turística ainda destaca os ateliês que produzem joias. Assim como as cerâmicas, esses ateliês também permitem a visitação de turistas e contam com lojinhas para a venda dos materiais produzidos pelos artistas. “São peças de prata e de outros materiais, cujo design é todo confeccionado pelos artistas. É legal a gente frisar que também existe esse tipo de arte aqui na cidade, porque as cerâmicas acabam sendo mais procuradas, mas a arte por aqui é bastante rica e vale a visita para procurar outros objetos que são frutos do trabalho de artistas da cidade”, explica. Para quem ainda tiver fôlego, o roteiro da guia turística ainda inclui uma opção que exige um pouco mais de esforço: os dois quilômetros de trilha que terminam no alto da pedra da Macela, um dos cartões postais da cidade. Com uma das vistas mais impressionantes do Vale do Paraíba, o local permite admirar o mar de morros até a Serra da Mantiqueira, a Bahia de Angra dos Reis e, inclusive, a cidade de Paraty. “É bem íngreme, mas vale a pena justamente pela vista. A cidade ainda tem

o atrativo de ser uma das que compõem a rota do ouro, que vai de Diamantina até Paraty. Por isso, o visitante ainda pode passear por igrejas do período imperial, sendo que a mais antiga delas é de 1731 e tem altares talhados à madeira, além de um acabamento em ouro”, afirma.

Cavalgada pela Mantiqueira Mesmo quem não tem intimidade com os bichos pode aproveitar as

cavalgadas oferecidas pelo casal José Marcos Silva e Karim Nascimento, do aras MK, em São Francisco Xavier, distrito de São José dos Campos. Os donos do local promovem todo o tipo de passeio, desde os mais ‘lights’, com duração de uma hora, até aqueles preparados para quem está acostumado com a montaria. “Entre estes que exigem mais conhecimento está a cavalgada da lua cheia, que acontece sempre que temos um céu



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limpo e enluarado. Nesta experiência, a gente leva os participantes para um morro aqui da propriedade, com uma ótima vista do horizonte. Promovemos uma fogueira, jantar e moda de viola”, conta Silva. Os passeios custam R$ 70 a hora e não é preciso fechar um grupo muito grande para participar. “Basta avisar com um pouquinho de antecedência, porque às vezes todos os cavalos estão participando de outras cavalgadas”, diz. José Marcos Silva é de Umbuzeiro, cidade próxima à Chapada Diamantina, na Bahia. Karim Nascimento é paulistana. Os dois se encontraram em São Francisco e se apaixonaram em dose dupla: um pelo outro, os dois pelo distrito. “Tudo aqui me encanta, a temperatura, as belezas naturais, a preservação do meio ambiente. Existe uma energia que só encontrei aqui. E olha que

venho de um dos lugares mais bonitos do país”, brinca o baiano, que durante a vida toda teve na criação de cavalos o seu sustento.

“Além da culinária e das paisagens lindas que visitamos durante o passeio, uma das coisas mais legais desse roteiro é o contato com os produtores. O cotidiano na roça, os ‘causos’, tudo isso complementa a experiência” Susi Fauser

COORDENADORA DE PROJETOS DA ONG H&H FAUSER, DE PARAIBUNA

Queijo de cabra Em Pindamonhangaba, a roça também reserva bons passeios para os turistas. Na zona rural da cidade, o Capril Sítio Algodão Doce é, apesar do nome, uma ótima opção também para os adultos. A propriedade é uma das referências no turismo rural da região. O sítio já criou gado, mas agora se dedica à caprinocultura (nome dado à criação de cabras) e é um dos grandes produtores de leite do Estado. E é o próprio dono da fazenda, Paulo França, quem orienta as visitas pelos cenários da propriedade. Lá, os visitantes podem ver de perto como funcionam todas as etapas de produção do que é feito na fazenda. Processamento industrial, Foto: Divulgação

Em Bananal, fazendas históricas de café oferecem uma aula de história e muito contato com a natureza



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alimentação, vacinação e todos os cuidados com a higienização dos processos são explicados para grupos de familiares e, principalmente, de escolas, que levam os alunos em excursão. Mas não é só de aprendizado sobre a produção de leite e queijo de cabra que se trata o passeio. Para o público infantil, há peças teatrais e contação de histórias sobre temas ligados à vida no campo e às tradições caipiras. Os grupos são recebidos logo cedo, com um café da manhã farto, preparado ali mesmo na fazenda. Tudo é feito como manda o roteiro: no fogão a lenha. As delícias matinais são servidas em um charmoso carro de boi. Ali, tem de tudo um pouco: bolinho de chuva, pães caseiros, doces de compota e, como não poderia ser diferente, diversas variações do queijo de cabra. Depois do café e de conhecer todo o processo de produção do queijo de cabra, é hora de almoçar para, depois,

passear pela fazenda a bordo de charretes e carros de boi. Para quem não conhece, a fazenda produz os queijos da marca Real Capri, requisitada por estabelecimentos gourmets, principalmente de São Paulo. O sítio também recebe a visita de profissionais e interessados de outros países.

Orquidário A zona rural de Pindamonhangaba ainda reserva outras belezas aos visitantes. Entre as mais coloridas e delicadas delas estão as orquídeas do Orquidário Feiticeira, um dos maiores produtores dessa espécie de flor do Vale do Paraíba. As estufas ficam na Fazenda Ogaporã, na zona rural da cidade. São mais de 20 anos de produção de flores para colecionadores, atacadistas e cooperativas. A fazenda produz orquídeas das espécies Deudrobium e Cattleya. São dois tipos de estufas de produção e

uma de berçário, onde as mudinhas são selecionadas, qualificadas e identificadas de acordo com a sua família. Ao entrar em uma das estufas do orquidário, os visitantes têm a impressão de estarem ingressando num verdadeiro mar de flores. As cores e perfumes são um convite sensorial para quem escolhe passar a tarde na fazenda. Cada estufa tem pouco mais de 300 metros quadrados de extensão. Nesse espaço, comercializam-se cerca de 70 mil vasos. A maioria desses vasos são da espécie mais nobre entre as orquídeas, a Dendrobium. Flores deste tipo levam, em média, sete anos para dar a primeira florada e exigem estufas climatizadas. O passeio no orquidário pode ser agendado para qualquer dia da semana. O local fica no km 97 da Rodovia Dutra, sentido São Paulo-Rio, a um quilômetro do viaduto de acesso à cidade de Pinda. São aceitos tanto visitantes individuais, Foto: Pedro Ivo Prates

Pedra da Macela, em Cunha, oferece vista panorâmica da bahia de Angra dos Reis e de Paraty


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quanto grupos organizados. As visitas são guiadas por monitores e acontecem das 8h às 16h, com agendamento prévio. Para os admiradores das orquídeas, também vale a pena ficar ligado aos cursos que são oferecidos periodicamente no local, em parceria com o Sindicato Rural.

Viagem no tempo Visitar os pontos turísticos do Vale do Paraíba também pode ser uma viagem ao século 19, quando os barões do café formavam o grupo mais forte da economia do país e os escravos ainda trabalhavam nas fazendas. Nesta época, a região foi um importante polo de produção cafeeira. Da grandiloquência dos séculos passados, sobraram como resquícios os grandes casarões e as fazendas, principalmente nas cidades que atualmente formam o Vale Histórico. As propriedades que resistiram ao tempo abrigam atualmente hotéis e museus que preservam a memória do período colonial. Em fazendas preservadas nos municípios do São José do Barreiro, Bananal ou Silveiras, os visitantes podem não só conhecer a riqueza arquitetônica dos séculos passados, como também

os hábitos e costumes que faziam parte do cotidiano da época –alguns que até hoje são preservados. Mobiliário, objetos, jornais da época, documentos, literatura e até a gastronomia da época estão à disposição dos visitantes nos antigos casarões do Vale do Paraíba. Para quem vai à Bananal, a fazenda São Francisco é uma das mais antigas ainda em atividade. São 203 anos de história e muitos resquícios do período colonial. No local, os visitantes ainda podem participar de cavalgadas e passeios pelas antigas plantações, além de se hospedarem no casarão. Já em São José do Barreiro, a Fazenda da Barra proporciona também uma experiência histórica e cultural para os visitantes. O local ainda conta com resquícios das senzalas, tanques de lavagem e terreiros de café. Os visitantes também podem participar de trilhas guiadas e aproveitar a beleza natural das cachoeiras dos arredores. Para conhecer a nossa história, a história do nosso país, ou desligar-se da correria do cotidiano, não precisa ir muito longe. Basta uma boa olhada para o nosso ‘quintal’, escolher o roteiro, e boa viagem!  Foto: Divulgação

Nos lavandários de Cunha, turista pode experimentar uma série de produtos feitos com lavanda, como sorvete e até vinho


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Artigo Uma cidade transformada pela Educação Divulgação

Por Ozires Silva O mundo é diferente e, no futuro, será bem mais, pois, os avanços, das tecnologias e das ciências, em todos os campos, têm sido incrivelmente rápidos. Nosso comportamento de consumidores confirma isso, pois não é raro que na próxima compra levemos para casa algo que seja novo, diferente do que pretendíamos adquirir, seja qual for sua marca ou origem de produção. O constante lançamento de novos produtos, de aperfeiçoamentos e de empresas absolutamente novas, em tudo –estratégia, produtos e funcionamento-- criam expectativas, mesmo não se imaginando sobre o que poderá vir depois. Há pouco, quem pensaria que poderíamos nos comunicar com o mundo simplesmente digitando o endereço num dispositivo, ainda chamado de celular? Essas realizações são bastante recorrentes e, podemos perguntar, como será o futuro de tudo que nos cerca hoje? Existem pessoas que são praticamente especialistas nesses “vislumbres”. São como nós, não utilizam bolas de cristal nem possuem poderes sobrenaturais. Eles apenas utilizam parâmetros atuais e os projetam para os próximos anos, tentando responder às expectativas do consumo, ou melhor, conquistar espaços simplesmente “diferentes”. Caro Leitor, olhe em sua volta e imagine o que poderia ser modificado para ser melhor, mais fácil de manusear, mais simples, direto e suprindo algo que preencha algum espaço, ainda vazio! Tudo isso nos enseja a falar de São José dos Campos, nos seus primeiros 250 anos – cidade antiga nos padrões brasileiros – mas moderna nos seus resultados e atributos atuais! De atividades basicamente agrícolas,

alimentadas por trabalho escravo, hoje mostra-se como residência da Terceira Maior fábrica de aviões comerciais do mundo, além de uma quantidade de outras iniciativas que, certamente, crescem, crescerão e se desenvolverão! Os contatos com a juventude local são surpreendentes, pelo comportamento, atitude, vontade de empreender, criar seu próprio negócio e gerar seus próprios empregos. São centenas de iniciativas, pouco percebidas pela população e mesmo pelo Poder Público que, infelizmente no Brasil, ainda exerce uma liderança distante das expectativas de uma sociedade emergente e ávida pelo futuro! Nos meados do século 20, tudo começou com a visão diferente do Poder Público Municipal que abriu espaços para novas empresas e pela aceitação da iniciativa do antigo Ministério da Aeronáutica de criar em São José, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), hoje reconhecido, com prestígio nacional e mesmo internacional! Ao lado de outros, foi um dos pontos de partida para a moderna produção e para a transformação pela Educação. Assim, tudo passou por bases de uma educação diferenciada e eficaz. Temos

de seguir na mesma linha pois são as pessoas que fazem as diferenças. Elas, competentes e ousadas é que nos ajudarão a não correr os riscos de ficar fora das transformações possíveis e necessárias. Convido a cada um abrir os olhos vendo o nosso entorno e constatar o quanto recebemos, como contribuições anônimas, prestadas não sabemos por quem, mas que muito nos ajudam. Essas são as coisas boas no mundo moderno, cuja globalização trabalha, sem pedir retorno, para ajudar pessoas que não conhece. Todos precisamos sobreviver na sociedade humana, o que nos leva às necessidades de coletar ganhos materiais. Mas sempre há mais, ou seja, sentimentos de alegria interior quando se distribui benefícios ajudando a muitos. Isto parece ser a força interior que impele os cientistas e os criadores das muitas das maravilhas de produtos ou de serviços que não existiriam se não houvesse essa propulsão da vontade de ser útil. Parabéns São José dos Campos! Que os próximos anos sejam ainda melhores! Ozires Silva é engenheiro aeronáutico, palestrante e reitor da Unimonte. Foi fundador da Embraer.


PODE COMPARAR, NENHUMA OUTRA RÁDIO TOCA TANTA MÚSICA COMO A ANTENA 1.



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